CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 1- Epidemiologia A constipação intestinal em adultos tem uma prevalência média de 14,8% na América do Norte. O problema ocorre mais em mulheres e em pessoas de mais de 65 anos. No Brasil, ainda faltam estudos avaliando os casos existentes, mas, se estes projetos forem realizados, ao que tudo indica, deverão confirmar que a prevalência de constipação em nosso país é muito elevada. 2- O que é? Conhecida como ‘intestino preso” ou “prisão de ventre”, a constipação intestinal é um sintoma e não uma doença. O hábito intestinal varia entre as pessoas, sendo difícil o estabelecimento de padrões de normalidade. E é variável também o que cada paciente denomina constipação. Muitos definem utilizando-se de um ou mais dos sintomas: fezes endurecidas, evacuações infreqüentes (tipicamente menos de três vezes por semana), necessidade de esforço excessivo para evacuar, sensação de evacuação incompleta, tempo excessivo ou insucesso na defecação.Outra definição para constipação refere-se à freqüência de evacuações por semana relatada pelo paciente, considerando-se como constipados aqueles que referem menos de três evacuações por semana. Uma forma padronizada internacionalmente de diagnosticar constipação baseiase nos critérios de Roma II compostos por seis sintomas: menos de três evacuações por semana, esforço ao evacuar, presença de fezes endurecidas ou fragmentadas, sensação de evacuação incompleta, sensação de obstrução ou interrupção da evacuação e manobras manuais para facilitar as evacuações. São considerados constipados aqueles que apresentam dois ou mais desses sintomas. Em condições alimentares e de vida normais, um indivíduo evacua fezes formadas a intervalos que variam entre 06 e 72 horas. O início da constipação intestinal pode ser insidioso ou abrupto, e, na evolução, pode ocorrer piora progressiva. Embora a constipação intestinal seja um sintoma relativamente freqüente na população geral, o diagnóstico nem sempre é fácil, pois devem ser levados em conta vários fatores, não só a freqüência das evacuações, mas também as características e quantidade de fezes eliminadas. É importante o conhecimento das circunstâncias ligadas ao início do sintoma, a história alimentar, quanto ao volume, tipo de alimento ingerido, a ingestão de fibras, e o volume de água consumido por dia. 3- Fatores de risco associados As causas da constipação podem ser: funcional, efeito de medicamentos, obstrução mecânica (câncer do cólon), estreitamento (diverticulite, megacólon, fissura anal), metabólica (diabete, hipotireoidismo, hipercalcemia, hipercalemia, hipomagnesemia, intoxicação com metais pesados), neuropatias (doença de Parkinson, lesão da medula, tumor na medula, doença cerebrovascular, esclerose múltipla); outras condições (depressão, doença articular, degenerativa, prejuízo cognitivo, imobilidade, doença cardíaca). Pode estar associada, sem que se possa estabelecer a relação causaefeito, com infecção urinária, enurese noturna e incapacidade de contrair a bexiga. A sua causa mais freqüente é a funcional, mas, para ter certeza desse diagnóstico, as outras causas devem ser excluídas. Está diretamente relacionada aos hábitos alimentares e ao padrão de vida modernos, que acompanharam a evolução do processo industrial de produção de alimentos, a falta de tempo para realizar refeições adequadas e os modismos culturais, contribuintes principais da redução da quantidade de fibras insolúveis dos alimentos. O sedentarismo e a limitação das atividades físicas decorrentes dos hábitos de vida moderna, como o uso de controle remoto, computadores, televisão, elevador, etc., que contribuem para a diminuição de esforços do ser humano na realização de suas tarefas diárias, também podem ser responsáveis pela diminuição da motilidade intestinal. É sabido que o sintoma é mais freqüente nas mulheres do que nos homens, sem que haja explicação para isso. Além disso, sua incidência é maior em indivíduos obesos do que na população com peso normal. Os mais idosos também têm maior freqüência de constipação do que os mais jovens, o que pode ser associado à menor ingestão alimentar, perda da mobilidade, fraqueza das musculaturas abdominais e pélvica e medicações. A presença de constipação está associada à falta de resíduos dentro do intestino, perda de sensibilidade dos órgãos que desencadeiam os mecanismos da defecação, perda das contrações dos músculos envolvidos com a defecação e obstrução mecânica. 4- Complicações A constipação intestinal pode levar a complicações como distensão abdominal, vômitos, agitação, obstrução intestinal, perfuração intestinal e até câncer de intestino. Não é incomum que os constipados vejam seu estado de saúde prejudicado mais por causa da distensão abdominal e suas conseqüências que são caracterizadas regionalmente pela sensação de plenitude abdominal, dor contínua ou em pontadas, cólicas, desconforto psicológico, complacência retal aumentada e, não raramente com sintomas em outros segmentos do tronco, como no tórax. Incômodos esses, aliviados quando a evacuação ocorre, seja provocada pelo laxante ou purgante – que é de uso crônico – seja por causa de uma diarréia. 5- Tratamento Nutricional O tratamento da constipação crônica funcional inclui o acompanhamento médico e nutricional, havendo necessidade de incorporar hábitos alimentares que forneçam quantidades adequadas de fibras e de água. Uma dieta rica em fibras forma um bolo fecal volumoso, o que estimula a evacuação. As fibras insolúveis são a celulose, a lignina e algumas hemiceluloses. Elas s aumentam a absorção de água, acelerando o tempo de trânsito intestinal. Estão presentes no farelo de trigo, grãos integrais e verduras. Já as fibras solúveis, que são representadas pela pectina, gomas e mucilagens, retardam o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal, alteram o metabolismo do cólon e aumentam o bolo fecal, estimulando a evacuação. Suas principais fontes são frutas, verduras, leguminosas e o farelo de aveia. A recomendação de fibras diária é de 25-30g para adultos saudáveis. A ingestão de líquidos também ajuda no aumento do trânsito intestinal e na expulsão do bolo fecal, de maneira facilitada, pois hidrata o bolo fecal e o deixa amolecido. É recomendado pelo menos 2L de água por dia. Para quem tem quadro de constpação instalado deve-se evitar o consumo de alimentos constipantes: Alimentos constipantes (“prendem” o intestino): Amido de milho, batata inglesa, banana, cream cracker, cará, caju, cenoura cozida, cevada, chá preto, creme de arroz, fécula de batata, goiaba, limonada, maçã, maisena, farinha de arroz. Aliemntos laxativos (“soltam” o intestino): Abacate, abacaxi, abobrinha, avegetais folhosos, ameixas, avelã, berinjela, castanhado-pará, cereais integrais, farelo e farinha de aveia, leguminosas, fubá, mamão, laranja, kiwi, manga, uva, figo, sapoti, ihame, tangerina, pimentão. As atividades físicas na forma de exercícios diários e o ato da defecação obrigatoriamente posto em prática de forma sistemática, são também elementos importantes na reconquista da função intestinal normal. O novo paradigma de atividade física para a promoção da saúde recomenda que os indivíduos devam realizar atividade física de intensidade moderada, por pelo menos 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da semana, de preferência todos, de forma contínua ou acumulada, sob orientação médica. O hábito de reprimir o desejo de evacuar ocupa destaque na instalação da constipação. Quando se ignora repetidamente o reflexo da evacuação, após a chegada das fezes ao cólon e reto, o resultado é que a adaptação dos mecanismos sensitivos fica alterada, de modo que a chegada de mais fezes, ou, como parece mais provável, a chegada de novas ondas propulsoras, é incapaz de determinar uma adequada sensação de vontade de evacuar ou de iniciar a defecação. Todas estas recomendações também são importantes para a prevenção da constipação intestinal para as pessoas que não possuem o quadro. 6. Uso de Laxantes Os laxantes são usados com frequencia para tratar a constipação intestinal, no entanto, devem apenas ser usados para evacuação intestinal abrupta, em casos de preparo pré-operatório e procedimentos endoscópicos ou radiológicos, e, o mais importante, sempre sob orientação médica. Na verdade, podem piorar ainda mais o quadro de constipação Isso porque seus efeitos iniciais, que aliviam os sintomas da constipação, causam dependência com a ingestão de doses crescentes. As substâncias que compõem os laxativos alteram as funções motoras, absortivas e secretórias do trato gastrintestinal, produzindo efeitos diarréicos, desidratação e má-nutrição. Existe, ainda, a possibilidade de que o uso de laxantes altere a inervação da musculatura do intestino, diminuindo os movimentos peristálticos. Os riscos e inconvenientes do uso rotineiro de laxativos, por tempo prolongado, resultam com freqüência em complicações graves. Assim, após anos de uso freqüente e vigoroso de laxantes, as evacuações espontâneas e satisfatórias podem não ocorrer devido à atuação do ciclo vicioso. Desta maneira, está mais do que comprovado que os laxativos e purgativos são maléficos a nossa saúde e a mucosa do trato gastrintestinal, devendo ser evitados. 6- Referências Bibliográficas http://www.fmrp.usp.br/revista/2004/vol37n3e4/8diarreia_constipacao_intestinal.pdf http://www.bra.ops-oms.org/medicamentos/site/UploadArq/HSE_URM_CIC_1205.pdf http://www.spsp.org.br/revista/24-13.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010305822009000100006&lng=en&n rm=iso&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103507X2009000300014&lng=en& nrm=iso&tlng=pt http://sbcp.org.br/pdfs/25_1/14.pdf MONSORES DE SÁ, C. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL NA TERECIRA IDADE: O PAPEL DE FATORES ALIMENTARES E DO ESTILO DE VIDA. Monografia apresentada à Escola de Nutrição da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição. 2006