informe econômico

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INFORME
ECONÔMICO
Ano 17 ● Número 35 ● 31 de agosto de 2015
A conta da recessão já custou 2,1% de queda no PIB em 2015
Resultado da produção brasileira refletiu a piora dos dados econômicos registrados até junho, e não há
perspectivas de melhora até o final do ano.
Podemos ter a recessão mais longa dos últimos 23 anos
A recessão atual já dura 5 trimestres e pode ser a mais longa desde 1992.
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A conta da recessão já custou 2,1% de queda no PIB em 2015
Resultado da produção brasileira refletiu a piora dos dados econômicos registrados até junho, e não há
perspectivas de melhora até o final do ano.
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PIB a preços de mercado – Brasil – 2º Tri. 2015
PRODUÇÃO
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Dentre as atividades que mais contribuíram para o
resultado desse segmento estão Veículos automotores,
reboques e carrocerias (-2 p.p.) , Equipamentos de
informática, produtos eletrônicos e ópticos (-0,8 p.p.),
Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (-0,7
p.p.), Máquinas e equipamentos (-0,6 p.p.) e Alimentos
(-0,5 p.p.).
A análise dos componentes da Despesa mostra a
extensão do quadro recessivo. Apenas duas contas
apresentaram crescimento na comparação trimestral:
Consumo do Governo (+0,7%) e Exportações (+3,4%).
Contudo, o resultado das Importações compensaram
essa expansão com forte queda (-8,8%) nessa base de
comparação.
Por fim, o resultado do Consumo das Famílias
manteve-se em queda (-2,1%), sendo esse o segundo
trimestre consecutivo nessa comparação – algo que não
ocorria desde os últimos dois trimestres de 2002. Pelo
lado da Produção, o desempenho dessa variável foi
acompanhado pela queda do segmento de Comércio
(3,3%) dentro do setor terciário.
Os dados de Investimento, por sua vez, mantém a
preocupação de que a economia brasileira terá pouco
espaço para expansão nos próximos meses. A queda de
8,1% foi a oitava seguida nessa medição, e reduziu a
Taxa de Investimento de nossa economia para 17,8%
do produto no trimestre, a menor para esse período
desde 2006.
Os resultados do PIB mostram que o custo das
decisões equivocadas de política econômica do passado
recente não são desprezíveis. Não só isso, o
desempenho dos Investimentos segue aquém do
necessário para entrarmos em uma trajetória de
crescimento sustentável, dificultando a saída, no curto
prazo, não só da recessão em termos de produção, como
também da recessão econômica como um todo.
DESPESA
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Os resultados das Contas Nacionais Trimestrais
apontaram para uma recessão em termos de produção
no Brasil. Conforme o IBGE, o PIB do país caiu 1,9%
no 2º trimestre em comparação ao 1º trimestre do ano –
livre de efeitos sazonais. Na comparação com igual
período do ano anterior o desempenho foi ainda mais
negativo: -2,6%, contribuindo para uma queda
acumulada em 2015 que já atinge 2,1%.
Pela ótica Produção, o quadro não se altera quanto à
direção da variação trimestral na comparação entre os
três setores econômicos. Tanto a Agropecuária (-2,7%),
a Indústria (-4,3%) e os Serviços (-0,7%) apresentaram
quedas frente ao primeiro trimestre. No acumulado de
2015 o quadro só se altera para o setor primário
(+3,0%) influenciado pela contabilização da safra
agrícola, enquanto os demais seguem negativos (-4,1%
e -1,3%, respectivamente).
Considerando o setor industrial e seus segmentos,
apenas a Indústria Extrativa apresentou desempenho
positivo na comparação trimestral (+0,3%) e no
acumulado do ano (+10,4%). Esse resultado destoa
bastante dos demais segmentos do setor pela influência
da extração de minério de ferro (+12,3%) e produção
barris de petróleo (+11,9%, na média diária) em 2015.
Na Indústria de Transformação o cenário de queda
completou seu oitavo trimestre consecutivo (-3,7% na
comparação com período imediatamente anterior),
contribuindo para reduzir o crescimento acumulado em
12 meses do segmento para -6,1%. Considerando
apenas 2015, o segmento já acumula queda real de
7,6% no produto.
A Construção Civil e a produção industrial de
Energia e Saneamento (também denominados Serviços
Industriais de Utilidade Pública) caíram na comparação
trimestral (-1,5% e -8,4%, respectivamente),
demonstrando que a contração da produção foi
disseminada em quase toda a Indústria.
Ainda que o PIB não permita abertura em atividades
industriais sem seus microdados, é possível inferir as
principais contribuições para essa queda através dos
dados da produção industrial.
No acumulado do primeiro semestre, considerando o
desempenho e os pesos de cada atividade, a produção
da indústria extrativista foi positiva em 1,1% no
acumulado de 2015 - em linha com os resultados do
PIB.
Na Transformação, contudo, a queda de 7,3% nessa
medição foi bastante disseminada, uma vez que apenas
duas das 25 atividades não tiveram desempenho
negativo – sendo que a de maior crescimento (Produtos
diversos) apresentou apenas contribuição positiva em
0,1 ponto percentual (p.p.) na mesma base.
Variação (em % )
Trim.
Trim.
ano
Acum. Acum.
anterior anterior ano
4 trim.
Agropecuária
-2,7
1,8
3,0
1,6
Indústria
-4,3
-5,2
-4,1
-2,9
Extrativa
0,3
8,1
10,4
10,4
Transformação
-3,7
-8,3
-7,6
-6,1
Const. Civil
-1,5
-4,7
-8,5
-7,4
Energia e saneamento
-8,4
-8,2
-5,5
-4,6
Serviços
-0,7
-1,4
-1,3
-0,5
PIB
-1,9
-2,6
-2,1
-1,2
Consumo
-2,1
-2,7
-1,8
-0,6
Governo
0,7
-1,1
-1,3
-0,3
Investimento
-8,1
-11,9
-9,8
-7,9
Exportações
3,4
7,5
5,6
1,0
Importações
-8,8
-11,7
-8,2
-4,7
Fonte: IBGE.
Unidade de Estudos Econômicos – FIERGS
www.fiergs.org.br/economia
Podemos ter a recessão mais longa dos últimos 23 anos
A recessão atual já dura 5 trimestres e pode ser a mais longa desde 1992.
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Popularmente se considera uma recessão técnica
quando ocorrem dois trimestres consecutivos de queda
no PIB. Nesse caso, entramos em recessão apenas no
segundo trimestre de 2015, apesar das quedas no
emprego, nas concessões de crédito, nos investimentos
e no mercado de capitais já apresentarem retração desde
o ano passado.
Levando em conta outras variáveis além do PIB, é
possível fazer uma abordagem mais ampla com relação
aos ciclos da economia e a data de início e término das
recessões. Para isso, em diversos países há instituições
que realizam a datação dos ciclos econômicos com uma
abordagem multidimensional. No Brasil, há o Comitê
de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE –
IBRE/FGV), que busca fazer a identificação dos
períodos de recessão e expansão econômica.
Segundo o CODACE, a recessão econômica
brasileira já dura mais tempo do que os dois trimestres
de queda que aponta os dados das contas nacionais. A
recessão atual começou no segundo trimestre de 2014 e
persiste há 5 trimestres. Nesse período, a economia
brasileira encolheu 3,5%. Esta pode ser a recessão mais
longa dos últimos 23 anos. A recessão mais longa antes
dessa ocorreu entre o 3º trimestre de 1988 e o 1º de
1992, quando o ritmo do PIB foi em média -1,2% ao
trimestre.
A atual recessão tem previsão de durar, conforme as
previsões do Boletim Focus do Banco Central, 8
trimestres, ou seja ele iniciou no 2º trimestre de 2014 e
deve acabar, na melhor das hipóteses, apenas no
primeiro trimestre de 2016.
O crescimento médio da economia brasileira entre
1996 e 2014 foi de 3% ao ano, mas pode ser divido em
três período distintos. Entre 1996 e 2003, o crescimento
da nossa economia foi de 2,3% ao ano. Durante esse
período o país passou por uma reformulação econômica
profunda, o que preparou para o ciclo de crescimento
seguinte.
Entre 2004 e 2010 a média de crescimento subiu
para 4,4% ao ano. No período seguinte, 2011 a 2015, o
crescimento caiu para 2,1% ao ano e deve ser menor,
caso se realizem as previsões para 2016. Com exceção
do período 2004-2010, a história econômica recente
mostra que o Brasil cresce pouco e a expectativa é que
teremos o período de menor crescimento desde a
estabilização econômica.
A crise atual tende a ser longa, pois decorre de
fatores estruturais da economia brasileira e não apenas
de uma conjuntura desfavorável. Esse crise difere
daqueles ocorridas a partir dos anos 90 e durante os
anos 2000, em que havia um elemento desencadeador
externo e bem identificável. Esses foram os casos das
crises dos tigres asiáticos, da sucessão presidencial de
2002 e da crise financeira de 2008. Essas recessões
tiveram duração de cerca de 2,8 trimestres e um queda
anualizada de 2,8% no PIB. A economia conseguia se
recuperar relativamente rápido, pois uma ligeira
correção de rota foi suficiente.
Atualmente, a expectativa de uma recessão
prolongada traz alguns elementos que lembram aquelas
crises que enfrentamos nos anos 80. O cenário atual
decorre da necessidade de mudanças mais profundas
nos fundamentos da economia e a taxa de sacrifício
tende a ser maior. Sair de uma crise que nós mesmos
geramos requer um reconhecimento da necessidade de
correção que ainda não tomamos consciência.
As crises dos anos 80 tiveram recessões que duraram
em média de 8,3 trimestres e queda -1,1% do PIB ao
trimestre. O ponto mais negativo desse processo é que
parece que optamos por um tratamento com alguns
elementos que também lembram os anos 80. Submeter
um orçamento para 2016 deficitário foi a prova mais
recente de que o País se nega a realizar os ajustes
necessários. As consequências dessas políticas também
tem um sabor de anos 80 e são bem conhecidas:
inflação, desemprego e empobrecimento relativo ao
resto do mundo.
PIB – Brasil
(var. % real acum. 4 trim.)
Fonte: CODACE. IBGE
Unidade de Estudos Econômicos – FIERGS
www.fiergs.org.br/economia
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