DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL POR ESTÍMULOS OLFATIVOS EM CACHORRO DO MATO (Cerdocyon thous) EM CATIVEIRO Milene de Paula Figueira; Vinicius Herold Dornelas e Silva; Fernanda de Fátima Rodrigues da Silva; Vanner Boere Universidade Federal de Viçosa [email protected] Comportamento; Enriquecimento ambiental; Cerdocyon thous; Introdução. O estudo do comportamento e o enriquecimento ambiental (EA) podem ajudar no aumento do bem-estar já que em cativeiro, os animais podem não ter a motivação, a oportunidade, ou a necessidade de apresentar alguns comportamentos naturais (1). Os canídeos em geral, são considerados animais com grande capacidade cognitiva e se orientam por pistas olfativas, mas pouco se sabe sobre os estímulos olfativos que podem influenciar o comportamento destes em cativeiro (2). A falta de conhecimento da biologia das espécies e o enriquecimento ambiental feito sem o devido estudo podem diminuir os níveis de bem-estar (3). O objetivo do estudo foi investigar a reação instantânea a estímulos olfativos em 22 cachorros do mato (Cerdocyon thous). Métodos. Os estímulos olfativos atrativos (carne moída, ovo, queijo e urina de roedor) foram colocados na parte externa dos recintos e a reação dos animais foi filmada e analisada pelo método animal focal e registro de todos comportamentos. As respostas comportamentais foram classificadas em positivas (brincadeira, interação social, automanutenção, tentar pegar EA e farejar ou apontar EA), negativas (agonístico, morder a grade, bocejar, coçar-se, estereotipias, subir na grade e espirrar) e outras (movimento, descanso, alerta portão, alerta fundo, vocalização, farejar; fora de vista e outros). Foram calculadas as médias dos tempos totais registrados para cada conjunto de comportamentos. Analisou-se as diferentes respostas antes do estímulo, durante o enriquecimento e após a retirada do estimulo olfativo, através do teste de Wilcoxon. Resultados e discussão. Os estímulos olfativos alteraram as respostas comportamentais dos cachorros do mato deste estudo. Houve aumento das respostas positivas (p<0,01) e negativas (p<0,01) durante a exposição ao estímulo e o comportamento positivo permaneceu aumentado (p<0,01) após a retirada do enriquecimento. A técnica de alterar os comportamentos de animais cativos através da inserção de enriquecimentos ambientais visa o aumento do bem-estar destes, não sendo efetivo caso o estímulo aumente os níveis de apreensão e ansiedade (4). Conclusões. O EA olfativo não satisfez as condições para aumentar o bem-estar desses animais já que estimulou o aparecimento de comportamentos negativos. Tais comportamentos, apesar de naturais e estimulantes de um estresse saudável, não são comportamentos interessantes para a vida em cativeiro, já que podem levar a lesões físicas pelo espaço restrito. Este estudo esboça com clareza a necessidade de se conhecer aspectos da ecologia e do comportamento de cada espécie para se adequar os estímulos enriquecedores. Referências: 1. Young, R. J., (2003) Environmental enrichment: an historical perspective. En: Young, R. J. Environmental enrichment for captive animals. Great Britain: Universities federation for animal welfare. 2. Wells, D. L., (2004). A review of environmental enrichment for kennelled dogs, Canis familiaris. Applied Animal Behaviour Science. (85), 307-317. 3. Wells, D.L., (2009). Sensory stimulation as environmental enrichment forcaptive animals: A review. Applied Animal Behaviour Sciece. (118), 1–11. 4. Watters, J.V., (2009). Toward a predictive theory for environmental enrichment. Zoo Biology. (26), 609-622.