16ª Jornada de Controle de Infecção Hospitalar de Ribeirão Preto Sexta-feira à tarde com o BIP da CCIH Dra Luci Corrêa A vida como ela é Casos que Nelson Rodrigues não pensou em escrever... Caso 1 17:00h: chamada do Centro Obstétrico • O neonatologista relata que houve a poucos minutos um parto normal de paciente com lesão herpética genital em atividade – A gestante com 35 e 2/7 sem. deu entrada com ruptura espontânea de membranas há 6 horas, TPP e não foi possível a realização de parto cesárea. – Não estava em uso de aciclovir e não relatava episódios anteriores de herpes genital – O RN prematuro, com síndrome do desconforto respiratório, foi encaminhado para UTI Neonatal • Ele indaga se: – Seria necessário adotar algum tipo de precaução para o RN na UTI neonatal? – E para a mãe na Maternidade? – Qual deve ser a conduta para o recém-nascido? Iniciar ou não antiviral? Resposta inicial: Posso ligar para você em 10 minutos com uma resposta mais precisa? Seria necessário adotar algum tipo de precaução para o RN na UTI neonatal? E para a mãe na Maternidade? Consultando as recomendações do Centers for Disease Control and Prevention (CDC)... Siegel J, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, and the Healthcare Infeection Control Practices Advisory Committee. http://www.cdc.gov/ncidod/pdf/isolation2007.pdf Precaução Padrão Recomendação neste caso, mãe com lesão Precaução de Contato para o RN mesmo que asintomático Qual deve ser a conduta para o RN? Iniciar ou não antiviral? Assunto controverso e difícil para responder... Vamos buscar as respostas na literatura Será que consigo fazer isto em 10 minutos??? Epidemiologia Soroprevalência na população Estados Unidos - 3° National Health and Nutrition Examination Surveys (1988 – 1994): 22% pop. HSV-2+ (>12 a) – aumento de 30% em relação a 1976; 63% pop. USA HSV-1 +; 13% pop. HSV-1 e HSV-2 + (atualmente: 50 milhões); 28% pop. são soronegativas HSV-2: África Sub-Saariana (30-80% mulheres vs 10-50% homens; > 80% das profissionais do sexo) HSV-2: América do Sul (20 – 40% mulheres) HSV-2: Ásia (população geral: 10 – 30%) Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E, et al. Virol J. 2009; 6:40-51 Corey L, Wald A. N Engl J Med. 2009; 361: 1376 – 1385 Wilson SS, et al. Expert Ver Anti Infect Ther. 2009; 7: 559 – 568 Gardella C, Brown Z. BJOG. 2011; 118: 187 – 192 Workowsky K. MMWR Recomm Rep. 2010; 59(RR-12): 1 - 110 Kriebs JM. Midwifery Womens Health. 2008; 53: 202 – 208 Tita AT, Grobman WA, Rouse DJ. Obstret Gynecol. 2006; 108: 1247 – 53 Freij BJ. Indian J Pediatr. 2004; 71: 921 – 6 Kimberlin DW, Whitley RJ. Semin Pediatr Infect Dis. 2005; 16: 7-16 Sauerbrei A, Wutzler P. Med Microbiol Immunol. 2007; 196: 89 – 94 Kimberlin DW. Semin Perinatol. 2007; 31: 19 – 25 Epidemiologia 2% gestantes soronegativas adquirem herpes durante a gestação > 90 % desconhecem sobre a infecção: assintomáticas Dos casos de herpes genital recorrente 70% transmitem durante períodos assintomáticos 4 milhões de partos / ano 1500 casos de herpes neonatal/ano (Estados Unidos) Taxa de ocorrência de herpes neonatal (Estados Unidos) 1/3200 – 1 / 20.000 (incidência estável nos últimos 20 anos) 10% de gestantes soronegativas e parceiros discordantes – risco de soroconversão: 3,7 - 20% < 1% RN desenvolverão herpes neonatal após parto vaginal de gestantes soropositivas assintomáticas com antecedente de herpes recorrente vs risco entre 25 – 50% no caso de infecção primária no terceiro trimestre Kriebs JM. Midwifery Womens Health. 2008; 53: 202 – 208 Tita AT, Grobman WA, Rouse DJ. Obstret Gynecol. 2006; 108: 1247 – 53 Freij BJ. Indian J Pediatr. 2004; 71: 921 – 6 Kimberlin DW, Whitley RJ. Semin Pediatr Infect Dis. 2005; 16: 7-16 Sauerbrei A, Wutzler P. Med Microbiol Immunol. 2007; 196: 89 – 94 Kimberlin DW. Semin Perinatol. 2007; 31: 19 – 25 Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E, et al. Virol J. 2009; 6:40-51 Corey L, Wald A. N Engl J Med. 2009; 361: 1376 – 1385 Wilson SS, et al. Expert Ver Anti Infect Ther. 2009; 7: 559 – 568 Gardella C, Brown Z. BJOG. 2011; 118: 187 - 192 HSV-1 vs HSV-2 Herpes neonatal: 1/3 HSV-1 vs 2/3 HSV-2 Qual recorre mais? HSV-2 Qual causa mais infecção após exposição? HSV-1: 31% vs HSV-2: 3% (OR 34,8 – IC95 3,6 – 335) Qual é o tipo de infecção mais freqüente? HSV-1 (SEM) vs HSV-2 (SNC) Excreção viral assintomática mais freqüente? 7% HSV-2 vs 2% HSV-1 Transmissão intra-útero: 90% HSV-2 Transmissão peri-parto: 70 – 85% HSV-2 Seqüelas neurológicas na manifestação em SNC: 55% HSV-2 vs 25% HSV-1 Seqüelas neurológicas ou óbito na manifestação disseminada: 70% HSV-1 vs 50% HSV-2 Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E. Virol J. 2009; 6:40-51 Gardella C, Brown Z. BJOG. 2011; 118: 187 - 192 Transmissão Intra-útero: 5% 90% HSV-2 50% dos casos: herpes disseminado materno) ocorrência durante as 20 primeiras semanas: aborto, natimorto, herpes congênito: lesões vesiculares na pele, coriorretinite, microftalmia, catarata, microcefalia, calcificação intra-craniana, encefalomalácia, convulsões) Peri-parto: 85% (70 – 85%: HSV-2) – 40% prematuros Pós-natal: 10% Kimberlin DW, Whitley RJ. Semin Pediatr Infect Dis. 2005; 16: 7-16 Sauerbrei A, Wutzler P. Med Microbiol Immunol. 2007; 196: 89 – 94 Kimberlin DW. Semin Perinatol. 2007; 31: 19 – 25 Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E, et al. Virol J. 2009; 6:40-51 Gardella C, Brown Z. BJOG. 2011; 118: 187 - 192 Definição Herpes neonatal: diagnóstico de infecção por herpes durante os primeiros 28 dias de vida Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Gardella C, Brown Z. BJOG. 2011; 118: 187 - 192 Manifestações do herpes neonatal SEM (Skin, Eyes and Mucous Membranes) doença localizada em pele, olhos e mucosas PI: 10 – 12 dias (45 – 59%) Sistema nervoso central (SNC) PI 16 – 19 dias (30 – 35%) 60 – 70% com lesões cutâneas Disseminada PI: 10 – 12 dias (17 - 25%) SNC 60 – 75% > 20% sem lesão cutâneo-mucosa Freij BJ. Indian J Pediatr. 2004; 71: 921 – 6 Kimberlin DW, Whitley RJ. Semin Pediatr Infect Dis. 2005; 16: 7-16 Sauerbrei A, Wutzler P. Med Microbiol Immunol. 2007; 196: 89 – 94 Kimberlin DW. Semin Perinatol. 2007; 31: 19 – 25 Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E, et al. Virol J. 2009; 6:40-51 Corey L, Wald A. N Engl J Med. 2009; 361: 1376 – 1385 Diagnóstico laboratorial Padrão: cultura do vírus PCR: líquor e sangue total / plasma Sorologia: não indicado pela transferência materna de IgG Resposta imune no RN Detecção de imunidade celular (linfócitos T): 2 a 4 semanas após a infecção Detecção de imunidade humoral: anticorpos IgM HSV específicos - 3 semanas após a aquisição da infecção Elevação dos níveis de anticorpos: 2 a 3 meses (permanecem até 1 ano) Kimberlin DW, Whitley RJ. Semin Pediatr Infect Dis. 2005; 16: 7-16 Kimberlin DW. Semin Perinatol. 2007; 31: 19 - 25 Cultura de vírus D: MRC-5 sem inóculo E: MRC-5 com CMV Efeito citopático lise arredondamento vacuolização formação de sincícios inclusões Limitações: dificuldade de manutenção das linhagens; contaminação por vírus, bactérias, fungos, Mycoplasma; tempo J: HEp-2 sem inóculo K: HEp-2 com VRS Fatores de risco Primeiro episódio durante o terceiro trimestre da gestação (60 – 80% dos casos de herpes neonatal) risco de herpes neonatal: 30 – 50% primo-infecção vs 3% nos casos recorrentes Risco de transmissão em soropositivas assintomáticas: 1/4500 Presença de excreção viral no trabalho de parto (RR 300) Idade materna < 21 anos Ruptura de membranas > 4 horas Baker DA. Curr Opin Infect Dis. 2007; 20: 73 – 6 Tita AT, Grobman WA, Rouse DJ. Obstret Gynecol. 2006; 108: 1247 – 53 Sauerbrei A, Wutzler P. Med Microbiol Immunol. 2007; 196: 89 – 94 Gardella C, Brown ZA. Clev Clin J Med. 2007; 74: 217 – 224 Anzivino E, et al. Virol J. 2009; 6:40-51 Wilson SS, et al. Expert Rev Anti Infect Ther. 2009; 7: 559 - 568 Prevenção Parto cesárea no caso de lesões genitais presentes no momento do parto; Gestantes com antecedente de herpes recorrente: evitar ruptura de membranas artificial, fórceps Coleta de cultura de vírus / PCR em conjuntiva ocular, nasofaringe, orofaringe e reto Coleta de cultura de vírus / PCR da secreção vaginal em gestantes sem lesão ativa + fatores de risco Tratamento do RN sem sinais de herpes neonatal + lesão ativa na gestante (parto cesáreo com ruptura > 4 horas ou parto normal) Após coleta de exames, iniciar aciclovir 60mg/kg divididos 3x/d; Tratamento do RN sem sinais de herpes neonatal sem lesão ativa na gestante + antecedente de herpes recorrente ou primário + sem profilaxia antiviral da gestante (36ª semana) Após coleta de exames, iniciar aciclovir 60mg/kg divididos 3x/d; Manter até resultado do PCR da secreção vaginal (se não tiver lesão ativa): negativa (suspender o tratamento) Positivo (14 dias após exclusão das manifestações: SNC / disseminado) Freij BJ. Indian J Pediatr. 2004; 71: 921 - 6 HERPES NEONATAL Abordagem da gestante e do RN A gestante apresenta lesão herpética ativa? Sim Não Não O parto foi cesárea? Não Se o parto foi normal e/ou houve ruptura prematura de membranas >4h Sim Antecedente de Herpes Genital Primário durante a gestação? Sim Fim Realizar avaliação laboratorial do RN: −HMG −AST, ALT, BTF, gamaGT, FA −Uréia, creatinina e urina 1 −PCR HSV1/2 DNA sangue total (real time) −Líquor: quimiocitológico e PCR −HSV 1/2 DNA (real time) −Rx de tórax −PCR: orofaringe, nasofaringe, conjuntiva e reto −Lesão cutâneo-mucosa presente: raspado, imunofluorescência direta HSV ou PCR −Avaliação oftalmológica (avaliar ceratite) Iniciar terapia antiviral após a coleta dos exames Duração do tratamento Exames negativos: suspender o antiviral Se PCR positivo de oro / nasofaringe, conjuntiva e reto: 14 dias SNC e disseminada: 21 dias (PCR HSV1/2 negativo – SNC) SEM: 14 dias Possui antecedente de herpes genital recorrente durante a gestação? Não Não Realizou profilaxia antiviral a partir da 36ª semana? Não Sim Colher PCR HSV1/2 da secreção vaginal PCR negativo Suspender antiviral (após excluir doença) Fim PCR positivo Antiviral por 14 dias (após excluir infecção SNC/disseminada) Fim Retornando a ligação... 1. Instituir Precauções de Contato para o RN e Precauções Padrão para a mãe 2. Colher exames do RN HMG, AST, ALT, BTF, gamaGT, FA, uréia, creatinina e urina 1 Rx de tórax PCR HSV1/2: sangue total PCR HSV1/2 :orofaringe, nasofaringe, conjuntiva e reto Se houver lesão cutâneo-mucosa : raspado, imunofluorescência direta HSV ou PCR Líquor: quimiocitológico e PCR HSV1/2 Avaliação oftalmológica (avaliar ceratite) 3. Iniciar aciclovir 60mg/kg divididos 3x/d Caso 2 Às 16 horas de uma sexta-feira a secretária do SCIH lembra-se que houve um telefonema próximo a hora do almoço de uma enfermeira de um outro hospital para nos comunicar algumas infecções e pediu para que entrássemos em contato o mais breve possível A comunicação da enfermeira foi a seguinte: • Cinco casos de infecção pós-operatórias por Burkholderia cepacia (quatro bacteremias e uma ITU) ocorreram em pacientes submetidos à RTU de próstata em janeiro e fevereiro de 2009, tendo como possível fonte a contaminação da solução de manitol manipulada pelo laboratório X. Em uma análise por um laboratório especializado houve crescimento da mesma bactéria nesta solução • Ela sabia que utilizamos esta mesma solução e queria saber se havíamos identificado infecções semelhantes? O que fazer? A. Responder que não, desligar o telefone e deixar para verificar na segunda-feira B. Demitir a secretaria, pois é inadmissível o que ela fez C. Responder que não, verificar se realmente não houve casos e se há riscos para os próximos pacientes a serem submetidos a RTU de próstata D. Optar por realizar as alternativas A e B Optamos pela alternativa C Desde janeiro de 2009, confirmamos com a Farmácia, que utilizávamos no hospital o manitol deste mesmo fornecedor. Foram verificados, por meio de contato telefônico, que os lotes eram diferentes dos envolvidos no surto do outro hospital Revisamos as ITUs identificadas na vigilância epidemiológica realizada nas unidades críticas Não havia nenhuma ITU por B.cepacia nos últimos 6 meses Porém não realizamos a vigilância de ITUs associadas a SV em todo o hospital Estávamos ou não tendo um surto por Burkholderia cepacia em cirurgias urológicas? Realizamos uma revisão junto com o laboratório de Microbiologia dos pacientes nos quais houve isolamento em sangue e urina de B.cepacia em janeiro e fevereiro de 2009. Dentre estes houve apenas um paciente que poderia ser considerado possível caso: Tratava-se de um paciente masc., de 69 anos, internado em 10/02 e submetido a RTU de próstata e de bexiga em 11/02 Este paciente evoluiu com febre e leucocitose no 2º PO, sendo colhida urocultura e a cefazolina profilática foi substituída por ceftriaxona. Nesta amostra houve crescimento de B.cepacia >105ufc. O paciente teve alta hospitalar após 2 dias, com melhora, em uso de ceftriaxona Foram utilizadas 14 bolsas de manitol no intra-operatório deste paciente Quem é este agente? É um bacilo Gram negativo, anteriormente denominado Pseudomonas cepacia Amplamente distribuída no meio ambiente, cresce no solo e água, sendo pouco exigente em termos nutricionais É um importante agente de infecções em pacs com fibrose cística Freqüente resistência a anti-sépticos, desinfetantes e antimicrobianos No ambiente hospitalar: ICS associada a CVC e PAV Infecções de pele e partes moles em queimados e feridos de guerra com antec. de imersão prolongada em água Relatos de ITU em pacs submetidos a biópsia transretal de próstata e instrumentação uretral por meio de exposição a solução contaminada Maschmeyer G, Göbel UB. Stenotrophomonas maltophilia and Burkholderia cepacia complex. In: Mandell GL, ed. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious diseases. ChurchilLivingstone, Philadelphia, 7th ed, 2010, vol 2, chap 220, 2861-8 Revisão da literatura Alguns relatos de Burkholderia cepacia e contaminação de soluções Nosocomial outbreak of two strains of Burkholderia cepacia caused by contaminated heparin. J Hosp Infect. 2008 Aug;69(4):398-400 Outbreak of Burkholderia cepacia bacteremia caused by contaminated chlorhexidine in a hemodialysis unit. Infect Control Hosp Epidemiol. 2008 Apr;29(4):377-8 Investigation of an outbreak of central venous catheter-associated bloodstream infection due to contaminated water. Infect Control Hosp Epidemiol. 2008 Apr;29(4):364-6 Hospital-acquired Burkholderia cepacia infection related to contaminated benzalkonium chloride. J Hosp Infect. 2008 Mar;68(3):280-2 Multistate outbreak of Burkholderia cenocepacia colonization and infection associated with the use of intrinsically contaminated alcohol-free mouthwash. Chest. 2007 Dec;132(6):1825-31 An outbreak of Burkholderia cepacia associated with contamination of albuterol and nasal spray. Chest. 2006 Nov;130(5):1346-53 Intrinsically contaminated alcohol-free mouthwash implicated in a nosocomial outbreak of Burkholderia cepacia colonization and infection. Infect Control Hosp Epidemiol. 2006 Nov;27(11):1281-2 Outbreak of Burkholderia cepacia bacteremia in immunocompetent children caused by contaminated nebulized sulbutamol in Saudi Arabia. Am J Infect Control. 2006 Aug;34(6):394-8. Sustained endemicity of Burkholderia cepacia complex in a pediatric institution, associated with contaminated ultrasound gel. Infect Control Hosp Epidemiol. 2006 Apr;27(4):362-6 Ralstonia pickettii and Burkholderia cepacia complex bloodstream infections related to infusion of contaminated water for injection. J Hosp Infect. 2005 May;60(1):51-5. Burkholderia cepacia infections associated with intrinsically contaminated ultrasound gel: the role of microbial degradation of parabens Infect Control Hosp Epidemiol. 2004 Apr;25(4):291-6 Fonte: Medline. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ http://www.outbreak-database.com Sim, estávamos envolvidos neste surto. Havia risco para os próximos pacientes? Tendo em vista a ocorrência deste possível caso e as informações do outro hospital, os lotes de manitol a 3% em estoque foram interditados na noite de sexta-feira Não havia outro fornecedor no mercado Contato com o CC: havia 5 RTUs de próstata e mais 3 outras cirurgias urológicas agendadas para o sábado Foi realizado contato telefônico com os urologistas com cirurgias agendadas para a manhã seguinte e oferecido a opção de uso de outra solução (glicina a 1.5%) As próximas ações foram: – a busca de outro fornecedor de manitol pela Farmácia – manter a vigilância de novos casos de infecção por B.cepacia Depois daquela sexta-feira... A solução de glicina a 1.5% foi mantida por mais algumas semanas Foi encontrado novo fornecedor O SCIH manteve a vigilância por meio dos relatórios de microbiologia de infecções (ITUs e ICS) por B.cepacia por mais 30 dias Não houve mais nenhum caso novo Infecções hospitalares relacionadas a substâncias contaminadas Vonberg RP, Gastmeier P. J Hosp Infect 2007;65:15-23 • Revisão sistemática • Pub med, outbreak database www.outbreakdatabase.com • 261 descrições de IHs por substâncias contaminadas foram encontradas excluídas 133 publicações antes de 1990 128 foram avaliados 101 eram surtos A maioria dos relatos eram da Europa (45 surtos) ou nos EU (43 surtos) Vonberg RP, Gastmeier P. J Hosp Infect 2007;65:15-23 Vonberg RP, Gastmeier P. J Hosp Infect 2007;65:15-23 Pode estar associada a elevada mortalidade O uso de multidose foi reportado em 64 relatos (49.2%) ocorreram 592 infecções Vonberg RP, Gastmeier P. J Hosp Infect 2007;65:15-23 Caso 3 Numa sexta-feira às 20h Ligação do Centro Obstétrico (outra dúvida do neonatologista) Mãe de um RN com exames do pré-natal: HBsAg negativo, antiHBs negativo. O parceiro sexual atual é portador de hepatite B crônica Dúvida: faço vacina para hepatite B e imunoglobulina hiperimune para o RN? Lembrando da Hepatite B... Qual é a dimensão do problema? 1/3 pop.mundial = evidência de infecção prévia 350 milhões de infectados no mundo 30% casos de cirrose 53% casos de hepato-carcinoma (HCC) Brasil: prevalência de HBsAg 1,2 – 20% Região amazônica: hiperendêmica Chen CJ et al. J Gatroenterol Hepatol. 2000; 15(suppl):3 – 6 Wong VC, et al. Lancet. 1984; 1(8383):921-926 Miranda AE, et al. Sex Transm Dis. 2001; 28(12): 710 - 713 Lembrando da Hepatite B... Qual é a dimensão do problema na gestação? Mãe HBsAg + e HBeAg + s/ prevenção do RN = 90% de transmissão Uso de imunoglobulina hiperimune = redução da transmissão vertical para 27% Combinação de vacina + imunoglobulina = redução da transmissão vertical para 3 a 7% Chen CJ et al. J Gastroenterol Hepatol. 2000; 15(suppl):3 – 6 Wong VC, et al. Lancet. 1984; 1(8383):921-6 Primeira pergunta: Faço vacina para hepatite B? Essa é fácil... O PNI Brasileiro recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B a partir do nascimento Redução de transmissão vertical está relacionada à aplicação nas primeiras 12 a 24 horas após o nascimento Lee C,et al. BMJ. 2006; 332:328-36 Hou J, et al. Int J Med Sci. 2005; 2(1): 50-7 Poland GA et al. N Engl J Med. 2004; 351: 2832-8 Ministério da Saúde. Manual dos Centros de Imunobiológicos Especiais. 2006 E a segunda pergunta... Ele deve administrar a imunoglobulina hiperimune? Indicação: prevenção da infecção perinatal pelo vírus da hepatite B Mas nesta situação: A presença do parceiro HBsAg positivo é suficiente para dizer que a mãe é portadora de hepatite B, lembrando que a mesma é anti-HBs negativa no exame realizado no pré-natal? Recomendação da Advisory Committee on Immunization Practices – ACIP / CDC, Atlanta Recomendação do Programa Nacional de Imunização, MS Mães com perfil sorológico desconhecido: apenas vacina nas primeiras 12 a 24 horas Mães HBsAg positivas: nas primeiras 12 a 24 horas de vida = vacina + imunoglobulina hiperimune para hepatite B A imunoglobulina tem sua eficácia até, no máximo, 7 dias após o parto Dose única 0.06 mg/kg, lactentes 0.5 ml (1 ml = 200 UI) Caso 4 Às 19 horas da sexta-feira, toca o telefone celular do SCIH A enfermeira de plantão do PS avisa que uma menina de 8 anos com diagnóstico de osteosarcoma, teve alta hospitalar há 2 dias e está sendo atendida com quadro de varicela. É proveniente de outro Estado e por isso está com a mãe em uma casa de apoio Esta casa de apoio abriga crianças com neoplasias e pós TCTH A criança está com 1500 neutrófilos e será internada para receber aciclovir EV Dúvidas: O que fazer com as demais crianças da casa de apoio? É preciso fazer algo na unidade onde ela esteve internada? Varicela zoster Vírus da família Herpesviridae, DNA virus Causa infecção primária - varicela (catapora) infecção latente vitalicia nos ganglios nervosos infecção recorrente - herpes zoster recrudescência em virtude de imunodepressão A maioria das crianças é infectada até os 15 anos de idade e <5% dos adultos permanecem susceptíveis Feldman, Berezin. Varicela zoster. In: Veronesi R, Focaccia R.Tratado de Infectologia. Atheneu, São Paulo. 2005, 3ed. Cap 32:685-94 Varicela - Patogênese Transmissão: secreções respiratórias e liquido das lesões cutâneas A infecção primária (varicela) é resultante da inoculação do virus na mucosa do trato resp. sup ou conjuntiva Inicialmente o vírus se replica nas vias aéreas sup. e depois há uma viremia subclínica breve (em geral 11 dias antes do rash cutâneo) As lesões cutaneo-mucosas estão associadas a uma segunda viremia PMN no sg periférico transportam os virus infectantes, causando mais lesões e voltam para a mucosa resp. Tb são transportados para outros órgãos: gânglios nervosos Estimula a imunidade humoral e celular esta resposta limita a replicação viral e facilita a recuperação da infecção No pac. pmunodeprimido pode haver replicação continuada do virus nos pulmões, fígado, SNC, etc Varicela – Quadro clínico Doença eruptiva febril, com gravidade variável, mas geral/e auto-limitada Período de incubação: em média, de 14 a 16 dias, variando de 10 a 21 dias – até 28 dias em pacs que receberam VZIG Período prodrômico: de horas até 3 dias – febre baixa, cefaléia, anorexia, vômitos, com bom estado geral Complicações: superinfecção bacteriana, pneumonia hemarrrágica, hepatite, transtornos hemorrágicos (trombocitopenia, dor abdominal, necrose de retina, infecção congênita Pacs de maior risco para complicações: imunossuprimidos e gestantes VZV entre profissionais de saúde 4-15% dos PS susceptíveis desenvolvem VZV a cada ano 2-5% não são imunes a VZV 28% dos que desconhecem história prévia de VZV são susceptíveis Taxa de ataque pós exposição 17% Dembry LM, Holley S, Herwaldt LA. Exposure workups. In: Lautenbach E at al. Practical healthcare epidemiology.2010, 3rd ed, chap 23:291-318 Transmissão hospitalar do VZV Paciente imunossuprimido exposto a um individuo com infecção por VZV Antiviral: aciclovir na dose de 10 mg/kg EV a cada 8h por 3 a 22 dias após a exposição associado ou não a: Imunoglobulina hiperimune específica (VZIG) dentro de 96 horas da exposição 1 dose 125 UI/10kg (dose máx. 625 UI); 1.25 = 125 UI Para pacs que não podem receber VZIG ou tem >72h pós exposição antiviral até 22º dia pós exposição Geralmente o VZIG não é recomendada para pacs sorol. +, mas terapia antiviral é recomendada, mas deve ser avaliado o tipo de exposição, o tempo pós transplante (no caso de TCTH), o nível de imunossupressão Para pacs considerados de bx risco valaciclovir 1 g VO 3x/d pode ser apropriado PalmoreTN, Henderson DK..Nosocomial herpesvirus infections. In: Mandell GL, ed. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious diseases. Churchil-Livingstone, Philadelphia, 7th ed, 2010, vol 2, chap 307, 3771-80 Como investigar... Diagnóstico confirmado de infecção por VZV Investigação relacionada a exposição de pacientes Investigação relacionada a exposição de profissionais de saúde PalmoreTN, Henderson DK..Nosocomial herpesvirus infections. In: Mandell GL, ed. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious diseases. Churchil-Livingstone, Philadelphia, 7th ed, 2010, vol 2, chap 307, 3771-80 Investigação relacionada a exposição de pacientes Investigue a trajetória do paciente índice Considerando o contágio até 3 dias antes das erupções Listagem dos possíveis contatos Determine o estado imune dos possíveis contatos Imunocompetentes Imunossuprimidos Exposição confirmada ou suspeita Exposição descartada Exposição confirmada ou suspeita FIM FIM Colher sorologia Determinar grau de imunossupressão Aciclovir com ou sem VZIG História prévia de VZV Neg. ou desconhecida Imunizado Colher sorologia Se possível alta hospitalar Se internado isolamento Determinar de acordo com o resultado da sorologia * do 10º dia da primeira exposição ao 21º dia da exposição mais recente Exposição descartada Susceptível Manter isolamento por 21 dias* Imune Suspender isolamento Positiva FIM Investigação relacionada a exposição dos profissionais de saúde Investigação epidemiológica dos PS, incluindo estado imune, gestação Considerando o contágio até 3 dias antes das erupções Avaliação da exposição Exposição confirmada ou suspeita Exposição descartada História prévia de VZV Neg. ou desconhecida Imunizado Colher sorologia Se possível alta hospitalar Se internado isolamento Determinar de acordo com o resultado da sorologia Susceptível Transferir para uma área de menor risco e seguir por 21 dias pós exposição Se não for possível a realocação afastamento Considerar vacinar Imune FIM FIM Positiva FIM Médica de 32 anos com antecedente de varicela aos 5 anos de idade e sorologia + aos 30 anos, desenvolveu reinfecção. Contato prévio, 14 dias antes do inicio dos sintomas, com pac. imunocompetente com herpes oftálmico por 20 minutos. Exame das lesões: Tzanck +, biópsia compatível, IF+ Sorologia com elevação de IgM Obrigada! [email protected]