especialização em gestão pública

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1
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
NEUSA GONÇALVES BORGES
O GESTOR EDUCACIONAL DEMOCRÁTICO
Maringá
2011
2
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
NEUSA GONÇALVES BORGES
O GESTOR EDUCACIONAL DEMOCRÁTICO
Trabalho de Conclusão de Curso do
Programa Nacional de Formação em
Administração Pública, apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
especialista
em
Gestão
Pública,
do
Departamento
de
Administração
da
Universidade Estadual de Maringá.
Orientador: Profª, Drª. Anair Altoé
Maringá
2011
3
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
Programa Nacional de Formação em Administração Pública
NEUSA GONÇALVES BORGES
O GESTOR EDUCACIONAL DEMOCRÁTICO
Trabalho de Conclusão de Curso do
Programa Nacional de Formação em
Administração Pública, apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
especialista
em
Gestão
Pública,
do
Departamento
de
Administração
da
Universidade Estadual de Maringá, sob
apreciação da seguinte banca examinadora:
Aprovado em ___/___/2011.
___________________________________________________
Professora ..........................Dra.
Assinatura
__________________________________________________
Professor ..........................Dr.
Assinatura
__________________________________________________
Professora ..........................Dra.
Assinatura
Maringá
2011
4
O GESTOR EDUCACIONAL DEMOCRÁTICO: AS AÇÕES DO GESTOR
EDUCACIONAL ENFATIZANDO A DEMOCRACIA EM SUA PRÁTICA
RESUMO
Este artigo visa analisar as ações do Gestor Educacional enfatizando a democracia
em sua prática, diante das necessidades de mudanças ocorridas nas relações
sociais, que afetam a área educacional. O Gestor Educacional, teve de atualizar
seus conhecimentos e implementar novas competências e habilidades em sua
prática pedagógica. O presente estudo justifica-se pela necessidade de
conhecimento e compreensão acerca das complexas abrangências em que atua o
gestor escolar. Para tanto, propõe-se a analisar a gestão como processo de
democratização para a busca pela qualidade educacional. Na nova gestão escolar, o
gestor não deve se ater simplesmente a questões administrativas, distanciando-se
do processo do planejamento pedagógico. Sendo assim, o gestor deve colocar em
ação elementos do processo organizacional, planejamento, organização e avaliação
de forma integrada e articulada. A metodologia foi realizada por meio de estudos
bibliográficos, de autores renomados, fazendo uma comparação entre suas ideias.
Espera-se demonstrar ações que descrevem como um gestor democrático é
essencial na gestão escolar e pode ajudar a avançar a qualidade do ensino e,
conseqüentemente, a qualidade de vida dos alunos, para uma sociedade mais
humana e justa.
Palavras-chave: Gestão escolar. Democracia. Gestor democrático.
5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 06
2 A GESTÃO ESCOLAR NO PROCESSO
DEMOCRÁTICO ...................................................................................... 08
2.1 ATUAÇÃO DO GESTOR NA ESCOLA DEMOCRATICA .............. 11
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................ 15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 16
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 18
6
1 INTRODUÇÃO
Os
princípios
humanistas
que
regem
a
Constituição
Brasileira
em
consonância com a Escola Democrática foi instituída como ícone do processo
educacional, transformadora da sociedade, promovedora de cidadania, aptidões e
competências, garantidora da qualidade de ensino que provesse ao indivíduo plena
capacitação para vida pessoal, social e profissional.
A temática sobre a melhoria da qualidade do ensino das escolas é algo que
se discute e se rediscute, há algum tempo. A reflexão acerca da gestão escolar
relativa ao processo docente e o papel democrático do gestor, tendo como pano de
fundo o impacto nos resultados docente educativos, pode ser considerado uma
discussão mais atual.
O conceito de Gestão Escolar, advinda da Reforma de Estado dos anos de
1990, apresenta significativa importância para que se tenha uma visão de escola
que atenda às atuais exigências da vida social, tais como: formar e oferecer
possibilidades de apreensão de competências e habilidades necessárias à inserção
social do cidadão. Para tanto, o gestor democrático atua objetivando conquistar
sucesso na instituição que gerencia com liderança administrativa e pedagógica,
visando à valorização e ao desenvolvimento de todos que fazem parte do contexto
escolar.
O estudo da gestão escolar, entendida como os princípios e os processos da
direção e organização escolar, põe em destaque, estrutura do poder, dentro da qual
se move certas exigências de racionalidade do processo organizador e de
coordenação do trabalho conjunto, que se realiza na escola. Desse modo, destacase o papel de gestor da escola, como agente integrador e articulador das ações
encaminhadas, com vistas a atingir os objetivos pedagógicos e sociais da instituição
escolar.
O presente estudo sobre gestão escolar, justificado pela necessidade de
conhecimento e compreensão acerca das complexas abrangências em que atua o
gestor escolar democrático, propõe-se analisar a gestão como processo de
democratização e busca pela qualidade educacional.
7
Os procedimentos metodológicos necessários à realização da pesquisa
proposta partem da abordagem qualitativa, permitindo descrever, analisar,
objetivando compreender efetivamente o processo de gestão democrática da escola
pública. A opção pela abordagem qualitativa refere-se a facilidade que ela apresenta
na descrição do conhecimento a ser produzido na área educacional. Por meio de
auxílio de fontes bibliográficas que tratam da temática, é possível efetivar a
construção do conhecimento proposto para a investigação, gerando conhecimentos
científicos que podem auxiliar os educadores no estudo do tema.
A pesquisa proposta visa produzir conhecimentos a partir de fontes
bibliográficas que expressem a atuação do gestor democrático, objeto de estudo de
nosso artigo.
8
2 A GESTÃO ESCOLAR NO PROCESSO DEMOCRÁTICO
O mundo encontra-se na era da globalização da economia e da comunicação.
A escola, inserida neste contexto, enfrenta desafios a serem superados. Esses
desafios
geram
necessidades
de
reconstrução
do
conhecimento
e,
por
consequência, geram nova postura do gestor escolar. A teoria da administração
escolar, em uma perspectiva democrática, vem se reproduzido no Brasil, no sentido
de explicar a sua fundamentação, indicando a gestão paritária como uma das
condições necessárias para o desenvolvimento da sociedade democrática.
A Gestão Democrática esboçada na Constituição Federal tem sua origem
justificada pelo esgotamento do modelo de gestão baseado no poder centralizado e
no controle técnico-burocrático. Assim, mudanças institucionais de descentralização
da educação e de deslocamento do poder de decisão para os níveis de execução,
pela autonomia das escolas, foram adquirindo força no debate sobre a gestão
democrática, amparadas pelas leis maiores.
A Constituição de 1988 refere-se à educação como «direito de todos e dever
do Estado e da família [...] promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho» (Art. 205).
Por sua vez a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada
em 1996, além de anunciar os princípios constitucionais, ampliou-os, incorporando o
respeito à liberdade e o apreço à tolerância, a coexistência das instituições públicas
e privadas de ensino, a valorização da experiência extra-escolar e a vinculação entre
a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (Art. 3º).
A Constituição Federal de 1988 expressou os fundamentos da autonomia ao
determinar no artigo 206 onde há a:
[...] liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino, gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
(BRASIL, 1988).
Ao estabelecer no inciso VI desse artigo, a gestão democrática, envolve não
somente o entendimento do recurso das eleições para diretores de escolas pela
9
comunidade escolar, mas a participação de todos os interessados na tomada de
decisões sobre os aspectos fundamentais da vida da escola: seu planejamento
mediante
a
elaboração
do
projeto
pedagógico,
do
plano curricular, seu
acompanhamento e avaliação, a constituição de conselhos escolares, o controle e
previsão de contas, dentre outros mecanismos que favorecem a participação da
comunidade na gestão da escola.
A gestão escolar democrática e descentralizada, prevista pela Constituição
Federal de 1988, ganhou legislação própria com a promulgação da Lei n. 9.394, de
20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB,
cuja redação pautada no princípio democrático do ensino público, descreve a escola
como uma instituição autônoma. Autonomia no sentido de descentralização da sua
administração e com uma respectiva devolução de poderes em áreas relevantes de
decisão. Considerando que a escola é muito mais que uma instituição reprodutora
das relações sociais, ela deve experimentar novas posibilidades organizativas que
ampliem essa autonomia por meio do intercâmbio e da cooperação, envolvendo a
participação de todos. Sendo assim:
[...] formadora de um corpo de entendimentos, estabelecidos através
do consenso interno, gerado pela própria comunidade escolar,
mediante a participação de diretores, pais, professores, funcionários
e alunos, vinculando a construção social de novas realidades à
cultura local”. (BOTLER, 2003, p. 121).
Sabe-se que a Lei 9394/96, de Diretrizes e Bases da Educação, no artigo 3º,
inciso VIII, possibilita às escolas muita flexibilidade e abertura no processo
educacional brasileiro. Essas mudanças expressam o momento histórico que a
sociedade brasileira está vivendo. E como instituição fundamental no processo de
transformação social, a escola não pode ficar ausente deste processo.
O propósito inicial de uma gestão democrática é do próprio gerenciamento em
substituir o paradigma autoritário pelo democrático dando oportunidade às pessoas
de liberarem seu potencial, ajudando-os a usarem seus talentos e sua criatividade,
para resolver os problemas que a instituição enfrenta, embasado no trabalho
democrático participativo e descentralizado, com ênfase na delegação de poderes.
Na gestão democrática, a participação de cada sujeito é fundamental e o
reconhecimento de suas ideias e sua contribuição é independente do nível
hierárquico. O gestor, por sua vez, torna-se um líder eficaz quando valoriza o
10
trabalho dos indivíduos, estimula o ambiente e acredita no potencial de seus
auxiliares.
A escola democrática e descentralizada busca, concomitantemente, a sua
autonomia. Para tanto, busca a independência para gerir sua variedade de
abrangências, mediante o compromisso de promover a participação de todos os
elementos envolvidos no contexto educacional (direção, professores, pais,
profissionais e demais elementos interessados, pertencentes à comunidade local), e
a responsabilidade de prestar contas de seus atos. Ou seja:
A descentralização favorece a gestão com responsabilidade, na
medida em que envolve muito mais atores na decisão final dos
resultados. Propicia a quebra de colocar nos outros a culpa pelo fato
de que as coisas não vão bem. Num sistema educacional
centralizado cada qual coloca no outro a culpa do insucesso.
Ninguém é responsável. Há uma sensação que a educação vai mal
porque todos se sentem sem poder para fazer mudanças que julgam
necessárias. O diretor da escola culpa os professores, estes os pais
dos alunos, que por sua vez culpam o Ministério da Educação, que
vai jogar a culpa na situação sócio-econômica das famílias e vai se
formando uma cadeia que não termina nunca. Na medida em que
esta situação é rompida e se entrega a cada um a responsabilidade
compartilhada pelos resultados, cada qual se sente comprometido
com o que pode fazer para reverter a situação. (MACHADO, 2000, p.
4).
Nesse contexto, segundo Machado (2000), a escola democrática só se torna
eficaz quando a autoridade é transferida às localidades e a responsabilidade acerca
das prestações de contas lhes é atribuída.
Os mecanismos da Gestão Democrática compreendem: realização e
participação em conferências da educação, existência de conselhos, orçamento
participativo, eleições para diretores, associação de pais, entre outros.
Um aspecto de entrave à efetiva implementação de uma gestão democrática
diz respeito à centralização administrativa. Existe ainda uma excessiva centralização
administrativa dos sistemas de ensino nas instâncias centrais (Secretarias de
Educação municipais e estaduais). Estas demandam, de forma vertical, muitas
atividades (implantação de projetos, respostas a requerimentos etc.) para as escolas
que, geralmente, com quadro de funcionários reduzido, têm que responder a essas
exigências e dar conta de sua principal função que é a produção do saber.
11
Visando à transformação de um sistema educativo autoritário, que perpetua
as diferenças de classes e mantém os indivíduos pertencentes às classes menos
privilegiadas em meros objetos de alienação e submissão, em um sistema
democrático, cujo intento compreende a participação da sociedade como um todo,
no processo transformador que busca a integração social, a conscientização e a
cidadania de seus membros, a Carta Magna em seu Art. 214 previu que a lei
estabeleceria “o plano nacional de educação, de duração plurianual” (BRASIL,
1988), que visasse a articulação e o desenvolvimento dos diferentes níveis de
ensino. Dessa forma,
A gestão democrática implica primeiramente o repensar da estrutura
de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização
do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o
individualismo da reciprocidade, que supera a expressão da
autonomia, que anula a dependência, de órgão intermediário que
elaboram políticas educacionais tais quais a escola é mera
executora. (VEIGA, 2001, p.18).
Quaisquer que sejam os arranjos institucionais para a implementação de
reformas descentralizadoras e democratizadoras, eles exigem alto grau de ousadia
dos atores envolvidos. A solução está na participação popular. Somente com o
fortalecimento da organização social e na democratização do Estado é possível
torná-lo um instrumento de satisfação das demandas da sociedade. Os princípios
regimentais devem deixar claro que a escola pública pode ser menos estatal e mais
do público ao qual atende, sem prescindir, obviamente, das responsabilidades do
Estado para com a educação. Sendo assim, deve interferir na formulação das
políticas educacionais e no planejamento. Uma gestão democrática é, portanto, um
processo que envolve as fases de pensar, planejar e fazer as políticas públicas no
campo educacional assegurando, em todos esses momentos, a participação da
comunidade educacional.
Nesse sentido, Mendonça (2000) afirma que:
A gestão democrática deve ser abordada no seu sentido amplo,
como um conjunto de procedimentos que inclui todas as fases do
processo de administração, desde a concepção de diretrizes de
política educacional, passando pelo planejamento e definição de
programas, projetos e metas educacionais, até as suas respectivas
implementações e procedimentos avaliativos (MENDONÇA, 2000, p.
96).
12
A gestão democrática da educação se inscreve nesse movimento necessário
de voltar à escola para a produção do saber num ambiente regido por relações
democráticas.
2.1 Atuação do gestor na escola democrática
Repensar a escola como espaço democrático de troca de produção e
conhecimento é o grande desafio. Os professores necessitam enfrentar, neste início
de milênio, especificamente o gestor escolar, por ser um elemento significativo e
articulador de uma prática capaz de romper com as relações competitivas,
autoritárias e corporativas que permeiam as relações internas da escola.
Em se tratando de educação, a qualidade é resultado de uma organização
voltada à “produção dos resultados esperados, por meio do melhor uso dos recursos
existentes e do desenvolvimento de soluções criativas e eficazes para a superação
de desafios: novos ou antigos” (SEED-PARANÁ, 2002, p. 9).
Entretanto, a qualidade educacional está intimamente ligada à atuação do
gestor, pois a boa qualidade é resultado da gestão eficaz. Não existe boa qualidade
da educação, se não existirem profissionais competentes, que organizem
eficazmente todas as dimensões escolares de forma a se articularem em prol de um
objetivo maior: o alcance dos resultados almejados. Assim, para atingir o adequado
desempenho da sua função, o gestor escolar deve possuir conhecimento e
compreensão das múltiplas atribuições que compõem a sua posição/função; e
desenvolver harmonicamente competências que lhe permitam ter visão sistêmica,
manter o foco nos resultados, planejar, analisar e acompanhar os resultados, liderar,
articular, de todos os atores envolvidos (equipes, redes de relacionamentos,
parcerias), e organizar satisfatoriamente todos os processos de trabalho (SEEDPARANÁ, 2002).
O gestor escolar tem um papel primordial no funcionamento da escola. A sua
atuação pode
determinar a
qualidade do
desenvolvimento
dos trabalhos
administrativos e pedagógicos no interior do estabelecimento em que atua.
Para Pazeto (2000), o gestor escolar deve ter sua qualificação pautada em
uma formação básica, sólida em educação e no domínio das ciências, possibilitando
dessa forma, fundamentação; qualificação científica e técnica em gestão de
13
instituições; e formação continuada, que permita a associação de conhecimentos e
experiências, aprimorando, assim, seu desempenho pessoal e institucional.
É de fundamental importância na realização do planejamento escolar a ação
do gestor, assim, cabe a ele dar os esclarecimentos teóricos necessários a toda a
comunidade no que se refere a planejar coletivamente, e que o encontro de
pessoas, o diálogo e o próprio debate, onde discutem e decidem, provoque
crescimento pessoal e comunitário, tornando possível uma educação mais humana
e democrática, deve incentivar as potencialidades possíveis e estas tornarem-se
ações criativas e inovadoras. Para Gandin, “participação é construção em conjunto”
(GANDIN, 1994, p. 24). No processo participativo, todos têm sua palavra a dizer.
O gestor eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma equipe
composta por pessoas que conjuntamente são responsáveis por garantir o sucesso
da escola. A ênfase principal da liderança está no papel de ensino, pois o líder deve
ajudar a desenvolver habilidades nos outros, para que compartilhem a gestão da
unidade. A equipe modelo de liderança se assenta em três pedras fundamentais: a)
a criação de uma equipe com responsabilidade compartilhada; b) desenvolvimento
contínuo de habilidades pessoais; c) a construção e a determinação de uma visão
de conjunto. (LÜCK, 2000, p.45).
O gestor escolar tem um papel primordial no funcionamento da escola. A sua
atuação pode
determinar a
qualidade do
desenvolvimento
dos trabalhos
administrativos e pedagógicos no interior do estabelecimento em que atua. Acreditase que o conhecimento das leis que regulamentam a gestão escolar é um requisito
essencial para o bom desempenho desse profissional.
Os maiores desafios do gestor democrático são: reordenar a gestão e
fomentar a autonomia escolar. Introduzir a gestão estratégica alicerçada no
diagnóstico situacional, na definição de metas, objetivos e formas de avaliar, bem
como, modernizar os procedimentos administrativos, criar condições para a
autogestão. Essas ações exigem concentração de esforços, aperfeiçoamento
contínuo e acompanhamento sistemático.
Deve abordar a legislação escolar não de forma aplicada, mas como um
conjunto de orientações para o ordenamento e fundamentação de uma prática
profissional. Entendemos que, conhecendo os processos que constituem a evolução
da legislação da educação e refletindo sobre o conselho escolar e o regimento
escolar, os atores envolvidos no processo educacional assumam papel ativo no
14
aprimoramento da legislação e no fortalecimento da gestão democrática da escola e
da educação escolar.
É preciso destacar que a gestão escolar democrática extrapola a dimensão
pedagógica, englobando também a gestão financeira e administrativa, ou seja, os
recursos necessários à sua implementação e as formas de gerenciamento.
Esperamos, também, que conhecendo os processos que constituem a evolução da
legislação da educação e refletindo sobre o conselho escolar e o regimento escolar,
os atores envolvidos no processo educacional assumam papel ativo no
aprimoramento da legislação e no fortalecimento da gestão democrática das
instituições escolares.
Em suma: gestão escolar significa enfrentar o desafio da transformação
global da escola, tanto na dimensão pedagógica, administrativa, como na sua
dimensão política.
O papel do gestor pode ser definido ou conduzido intencionalmente de fora
para dentro, mas não pode ser determinado. Quem determina o papel do gestor é
ele mesmo, podendo ser reprodutor da intencionalidade exterior ou crítico em
relação a ela, dependendo das circunstâncias e do comprometimento político que
tem em relação à escola e a educação.
De acordo com Beno Sander (1995), o gestor escolar não é mais o
profissional preocupado com a ordem, a disciplina, os horários, os formulários e as
exigências burocráticas. Ele “é um líder intelectual responsável pela coordenação do
projeto pedagógico da escola, facilitando o processo coletivo de aprendizagem”
(SANDER, 1995, p.45). Ou seja, hoje, o gestor – na figura do diretor – é o primeiro
responsável pela implementação do processo educacional, bem como pela
articulação das ações necessárias ao desenvolvimento do processo gestor no
âmbito escolar.
Para o gestor escolar capaz e atuante é imprescindível que obtenha
conhecimento sobre a dimensão do conjunto organizacional, isto é, veja a escola
como realidade global de tal modo a ser capaz de atender às novas exigências da
comunidade. Essas exigências são identificadas tanto pelo olhar da escola como
pelo olhar da sociedade.
15
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia é o caminho do pensamento e a prática exercida na
abordagem da realidade (MINAYO, 1998). Inclui as concepções técnicas de
abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade.
Enquanto abrangência de concepções teóricas de abordagem, a teoria e a
metodologia caminham juntas.
A
pesquisa
está
relacionada
diretamente
com
a
produção
de
conhecimento e decorre da capacidade de raciocínio do homem, no enfrentamento
de inúmeros problemas e desafios. A curiosidade e a necessidade de conhecer e
explicar o novo faz com que a investigação científica se enriqueça e evolua
constantemente.
Cervo e Bervian (2002 p.26) afirmam que o método concretiza-se como
conjunto das diversas etapas ou passos que devem ser dados para a realização da
pesquisa. Esses passos são as técnicas.
Fundamentado nesses pressupostos, o presente trabalho foi realizado por
meio de pesquisa do tipo bibliográfica. É necessário reconhecer que a atualização
do profissional da área de educação é possível por intermédio do ato de pesquisar.
Justifica-se a pesquisa bibliográfica por possibilitar ao pesquisador
aproximar-se do pensamento dos estudiosos, tornando possível a reflexão sobre a
análise de um fato novo que resulta na redação final. Sob esta perspectiva enfatizase a importância da pesquisa bibliográfica, pois se entende que por meio desses
referenciais teóricos foi possível a análise e a descrição de uma nova ação.
16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo foi importante para a compreensão do pesquisador uma
vez que possibilitou a oportunidade de aprofundar os conhecimentos em relação à
competência e ações do gestor escolar, especialmente no que se refere à gestão
democrática.
Percebe-se que a partir do momento em que a escola abre as portas a
participação dos sujeitos na elaboração de suas ações, efetiva-se na prática da
gestão democrática. Concebida como perspectiva de promover a inclusão, a gestão
democrática propõe uma nova perspectiva à escola.
Necessita-se refletir sobre
quem são os sujeitos que estão no interior do contexto escolar.
O desafio de materializar a autonomia delegada às escolas públicas pela LDB
mediante instrumentos de participação coletiva que decorre da intencionalidade de
fatores e elementos preponderantes, dentre os quais estão: o aspecto legal; o
trabalho do professor e a atuação do gestor. Se o papel da escola for encarado
como mecanismo de construção de uma nova realidade social, é possível prever sua
orientação a partir de suas próprias divergências, em prol de um objetivo
democrático maior, que compreenda e enfrenta a natureza de seus conflitos
cabendo ao gestor orientar as ações gestoras na direção dessa construção.
(BRASIL,1996).
A implantação da gestão democrática implica em uma ruptura com modelos
tradicionais de gerenciamento e impõe mudanças no âmbito das escolas e dos
sistemas de ensino. Imprime uma nova filosofia gerencial orientada para a
descentralização das decisões, recriando o padrão de planejamento, as formas de
organização do espaço educativo e vai enfatizar a necessidade da participação dos
pais. (LUCK, 2000).
Assim sendo, acredita-se que as práticas construídas na área da gestão
escolar e da educação se constituem em caminhos possíveis em direção à
superação do tradicionalismo autoritário, como por exemplo, a consolidação do
conselho na escola, e a construção do projeto político pedagógico. Essas ações
reafirmam que o caminho da transformação constrói sua força a partir da base.
Portanto, lutar pela gestão democrática da educação é lutar pela gestão democrática
da escola. Contudo, pensar ou construir uma gestão da escola pautada em relações
democráticas passa, necessariamente, pela ação de seu gestor. Desta forma, na
17
expressão de Paro “gestor é a autoridade máxima dentro da escola” (PARO, 2000,
p. 23), tanto para manter as relações autoritárias como para construir um caminho
que se propõe romper com a forma como se constrói ou como se processam essas
relações autoritárias.
Vemos que a partir da democratização das decisões, o gestor estará dando
um passo positivo para que a função dele seja repensada e até mesmo
aperfeiçoada, porque no momento em que ele permite que a comunidade dê sua
opinião e avalie os resultados de um processo que resulta, em parte, da sua
atuação, muitos fatores positivos para o seu desempenho profissional promoverão o
suporte para que assuma uma postura revolucionária, repensando que tipo de
homem deseja que a escola forme, para que assim, os alunos sejam inseridos no
contexto social. Esta é a dimensão política da função dele.
O homem deve ser o sujeito de sua própria educação, e não objeto dela.
Concordamos plenamente com a afirmativa de Paulo Freire, quando diz que
“ninguém educa ninguém, nós nos educamos” (FREIRE, 1983, p.28). Para ele, o
homem é um ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira absoluta. Pensar em
uma administração correlacionada ao desejo de transformação, promover a
cidadania, poder demonstrar que é possível mudar e isto reforça a importância de
sua tarefa político-pedagógico, é contrapor-se ao autoritarismo, a centralização, e
resgatar o verdadeiro sentido da administração.
Concluí-se que apesar das dificuldades impostas ao processo de gestão
democrática, é possível se construir um ambiente em que cada membro da
comunidade educacional sinta-se parte importante do mesmo. Por meio da ação
verdadeiramente político-pedagógica o gestor escolar deve atuar como um
incentivador, um líder democrático que ouve que dá oportunidade a todos os
componentes de opinarem e decidirem as soluções adequadas às problemáticas
surgidas. Ao assumir o cargo deve ter a consciência de que a educação brasileira
sofre com os mais diversos problemas e carências, portanto tem o dever de realizar
uma ação comprometida, crítica e, acima de tudo, democrática.
Acredita-se que pensar a democracia no âmbito escolar não deve significar
apenas a introdução de mecanismos participativos nas decisões da escola. Este
processo deve ir além, permeando todas as ações e relações que se produzem
nestes espaços. Isto significa encarar a democracia como um modo de vida e não
apenas como regime político.
18
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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19
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