Smartphones: Herói ou Vilão?

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Smartphones: Herói ou Vilão?
Smartphones: Herói ou Vilão?
Por Aline Jessica M.de Queiróz Roque*
Sabemos que hoje em dia existe um companheiro que toma um
espaço de tempo imensurável em nossas vidas, o chamado
smartphone. Ele é inseparável, indissociável e, muitas vezes,
responsável por ser aliado ou substituto dos antigos
relacionamentos convencionais. Os smartphones tornaram-se, há
pouco tempo atrás, uma novidade para as pessoas, trazendo
consigo a antiga função de telefone atrelado à outras funções,
como câmeras e acesso a internet.
Ao reportarmos historicamente quanto aos recursos criados para
sociabilidades veremos a chegada do aparelho telefônico que,
em primeira instancia, sua função era apenas de transações
comerciais no “mundo dos negócios”. Porém, a facilidade desse
tipo de comunicação prosperou levando o telefone para dentro
das casas: “Neste âmbito, passou a ser usado para fins de
sociabilidade e manutenção de relacionamentos interpessoais.”
(NICOLACI-DA-COSTA, 2005 p.53).
Há aproximadamente uma década a rede mundial que interliga
computadores passou tanto a ser um meio importante de relações
de trabalho quanto de relações sociais informais. O abandono
gradativo do telefone fixo e a ampliação do uso de celulares
notamos a união de ferramentas de comunicação com a de
entretenimento. Isso, e outros fatores, fizeram com que seu
uso passasse de eventual para constante.
A comunicação por meio de signos verbais e não verbais sempre
foi um recuso utilizado pelo ser humano em suas comunicações.
O falar face a face remete uma interação entre locutor e
interlocutor, entretanto, mesmo este “ritual” ainda existindo,
os aparelhos celulares, tablet´s e smartphones tornaram um
meio de comunicação virtual que viabilizam os relacionamentos
interpessoais mesmo a distancia. Entretanto surge a questão: e
quando estes tipos de relacionamentos se tornam tão vigentes
que, muitas vezes, substituem os antigos rituais
conversacionais de comunicação?
A internet conectada aos computadores, smartphones e tablet’s
vem promovendo a substituição, de certo modo, dos
relacionamentos mais próximos, que exigiam uma maior interação
face a face, pelos relacionamentos online. Se formos levar
esta crítica ao nível mais profundo, diria, de acordo com o
pensamento de Zygmunt Bauman (2004, p. 14), que os novos
relacionamentos se tornaram mais frios e “descartáveis”,
portanto de maneira mais simples de serem ignorados e
desfeitos.
Em um artigo publicado em 2005, Ana Maria Nicolaci-da-Costa,
pesquisadora do departamento de Psicologia da PUC do Rio de
Janeiro, trava uma discussão com os temas apontados por
Zygmunt Bauman. Lá a pesquisadora critica a tese do sociólogo
afirmando que sua ideia em relação aos relacionamentos
virtuais são radicais e não necessitam ser levados em âmbitos
gerais. De certa forma, Bauman exagera em alguns argumentos.
De acordo com ela, ele enfatizou de uma forma apocalíptica o
fato dos relacionamentos virtuais serem padrões para os não
virtuais.
Levando por sua lógica, Nicolaci-da-Costa (2005) não deixa de
ter razão. Pois a internet, como ela surgiu, dentre outras
funções, substitui os relacionamentos via telefone, isto é
“inaugurou uma era em que contatos interpessoais podiam ser
travados virtualmente” (p.53). Isso evidencia, em sua ideia,
que a internet apenas auxilia pessoas distantes a se
conhecerem e relacionarem.
Com evidencia nos celulares, a pesquisadora também defende a
antítese ao pensamento de Bauman mostrando que os celulares é
apenas uma forma modernizada do antigo aparelho telefônico e a
junção da internet+celular se configura num suporte moderno de
manutenção dos relacionamentos. Sendo assim, conclui seu
pensamento desmistificando a visão catastrófica do sociólogo,
afirmando que os relacionamentos virtuais antes de tudo,
começaram fora de tal ambiente: “uma mensagem é uma
confirmação de pertencimento a um grupo […] o que levava à
solidificação e intensificação de seus relacionamentos.”
(idem).
Este breve texto expôs divergentes opiniões de autores
renomados, entretanto, a visão dos aparelhos smartphones e
tablet´s serem vilões ou não, podem ir muito além destas
considerações. Como toda tecnologia criada pela inteligência
humana, estes aparelhos surgiram de necessidades variadas e
com intenção de alcance global. Como futura socióloga e
pesquisadora, vejo grande importância em medir o comportamento
dos indivíduos em âmbito coletivo, pois é através disso que
percebemos o devir de uma nova sociedade e as necessidades de
intervenções positivas para a manutenção de nossa
sobrevivência. Os diagnósticos sociais são importantes para
medirmos o que a sociedade em que nós vivemos precisa para se
desenvolver positivamente.
A existência do smartphone como suporte de trabalho e
relacionamentos pode ser de grande ajuda no decorrer dos
processos sociais. Entretanto, o que cabe a cada possuidor é
sua sobriedade. Todos nós precisamos interagir comunicar ou
dialogar e a distancia não é mais um empecilho, porém o “aqui
agora” (BENJAMIN,1955, p. 15); isto é, o que pode ser um
momento único das interações sociais vale apena ser
preservado, afinal um gesto, um olhar também expressa tão bem,
ou mais do que uma simples frase escrita pode dizer.
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços
humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2004.
BENJAMIN, W. A Obra de arte na Era de Sua Reprodutibilidade
Técnica (Org. e Prefácio –Márcio Seligmann-Silva), Tradução:
Gabriel Valladão Silva, 1ª Edição, Porto Alegre, RS: L&PM, 201
Nicolaci-da-Costa, A.M. “Sociabilidade virtual: separando o
joio do trigo” In Revista Psicologia & Sociedade; 17 (2):
50-57;
mai/ago.2005.
Disponível
em
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v17n2/27044.pdf. Acesso em
Janeiro de 2016.
* Acadêmica do curso de Ciências Sociais da Universidade
Federal de Rondônia
Como citar esse texto:
QUEIRÓZ, Aline Jessica
M.de.
Smartphones:
Herói
ou
Vilão? Blog Café com Sociologia. 2016. Dipsonível em:
linkaqui. Acesso em: dia mês ano.
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