Artigo Original Grampeador no fechamento da faringe após laringectomia total: experiência de 7 anos Stapler device at the closure of the pharynx after total laryngectomy: 7 years of experience Resumo Nicolas Galat Ahumada 1 Cleydson Lucena Andrada de Oliveira 2 Roberto Massao Takimoto 3 Renata Ferraz 4 Abstract Introdução: Desde a primeira laringectomia total por câncer em 1873, realizada por Theodor Billroth, até os dias de hoje, a história da laringectomia total revela a busca pelo melhor método de fechamento da faringe. A primeira laringectomia com uso do grampeador foi realizada em nosso serviço em 2004. Realizamos esse procedimento de rotina sempre que a lesão é endolaríngea e há indicação de laringectomia total. Objetivo: Avaliar a incidência de fístulas faringocutânea e infecção pós-operatória em pacientes submetidos à laringectomia total com fechamento da faringe utilizando grampeador, tratados em nosso serviço nos últimos sete anos. Delineamento: Estudo observacional descritivo transversal retrospectivo. Pacientes: Pacientes submetidos à laringectomia total por carcinoma espinocelular com uso de grampeador linear para fechamento da faringe em um hospital escola. Método: Revisão de prontuário médico ambulatorial e hospitalar. Resultados: 36 pacientes foram estudados. 85% (31) deles homens, com idade média de 61.8 anos (40-77). 97,22% (35) dos pacientes apresentavam-se em estádio clínico III e IVA. 3 pacientes (8,67%) apresentaram fístula pós-operatória e 1(2,78%) apresentou infecção do sítio cirúrgico. Todas as fístulas fecharam com tratamento clínico sem necessidade de re-operação. A sobrevida média em 5 anos foi de 45,46%. Conclusões: O uso do grampeador linear no fechamento do defeito faríngeo pós laringectomia total é um método seguro, que apresentou taxas de fistula e infecção de sitio cirúrgico em nosso serviço compatíveis com dados da literatura. Introduction: Since the first laryngectomy for cancer in 1873, performed by Theodor Billroth, the history of total laryngectomy reveals the search for the best method of pharyngeal closure. The first use of the stapler device in a laryngectomy was performed in our institution in 2004. We carry out this routine procedure when the lesion is endolaryngeal and there is indication of total laryngectomy. Objective: To evaluate the incidence of pharyngocutaneous fistulas and postoperative infection in patients submitted to total laryngectomy with closure of the pharynx using stapler device, treated in our hospital during the past seven years. Design: Observational cross-sectional retrospective study. Patients: Patients who were submitted to total laryngectomy for squamous cell carcinoma using a linear stapler device for pharyngeal closure in a teaching hospital environment. Method: Review of outpatient and inpatient medical records. Results: 36 patients were studied. 85% (31) of them men, mean age of 61.8 years (40-77). 97.22% (35) of the patients were in clinical stage III and IVA. 3 patients (8.67%) had postoperative fistula and 1 (2.78%) had surgical site infection. All fistulas closed with clinical treatment without the need of a re-operation. The median survival at 5 years was 45.46%. Conclusions: The use of linear stapler device in closing the pharyngeal defect after total laryngectomy is a safe method, which had rates of fistula and surgical site infection in our service compatible with literature data. Keywords: Laryngectomy; Laryngeal Neoplasms; Cutaneous Fistula; Surgical Wound Infection. Palavras-chave: Laringectomia; Neoplasias Laríngeas; Fístula Cutânea; Infecção da Ferida Operatória. Introdução Com o aumento da expectativa de vida, o câncer vem crescendo em importância. Em 2005, de um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer foi responsável por 7,6 milhões, o que representou 13% de todas as mortes. Neste mesmo ano, nos Estados Unidos da América (EUA), o câncer foi a segunda causa de mor- te mais freqüente, totalizando 559.312 óbitos, perdendo apenas para doenças cardiológicas (652.091 óbitos), sendo a principal causa de óbito em mulheres entre 40 e 79 anos e em homens entre 60 e 79 anos.1 Estimou-se que, em 2000, o número de casos novos de câncer em todo o mundo teria sido maior que 10 milhões. Já em 2020, o número de casos novos anuais estimados é da 1) Cirurgião Geral. Médico Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2) Otorrinolaringologista. Médico Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço . 3) Mestre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Médico Assistente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 4) Residente de Otorrinolaringologia. Instituição: Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina. São Paulo / SP - Brasil. Correspondência: Nicolas Galat Ahumada - Rua Coronel Lisboa, 958 - Vila Clementino - São Paulo / SP - Brasil - CEP: 04020-040, Recebido em 18/06/2011; aceito para publicação em 21/09/2011; publicado online em 30/09/2011. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. 144 R�������������������������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.40, nº 3, p. 144-147, julho / agosto / setembro 2011 Grampeador no fechamento da faringe após laringectomia total: experiência de 7 anos. ordem de 15 milhões, sendo que cerca de 60% desses novos casos ocorrerão em países em desenvolvimento. 2 O câncer da laringe incide principalmente em homens, entre 50 e 70 anos, fumantes e etilistas crônicos 3. O tratamento do câncer da laringe sempre representou um desafio. Sua evolução foi diretamente influenciada pelos progressos da laringologia, da radioterapia e da quimioterapia. Desde a primeira laringectomia total por câncer em 1873, realizada por Theodor Billroth 4, até os dias de hoje, a história da laringectomia total revela a busca pelo melhor método de fechamento da faringe e pelos melhores métodos de reabilitação. Arriaga et al. (1990) classificaram as complicações das laringectomias em maiores e menores 5, segundo sua severidade. Dentre as maiores, uma das mais freqüentes e temidas são as fístulas faringocutâneas, cuja incidência varia entre 2 e 66%, sendo sabido que as cifras mais elevadas são encontradas num grupo de pacientes cada vez mais comum, os de resgate. O fechamento do defeito faríngeo criado após uma laringectomia total é umas das etapas mais importantes da cirurgia e que exige especial atenção do cirurgião, uma vez que o seu sucesso ou insucesso altera a evolução do paciente. A sutura a ser aplicada deve idealmente seguir os seguintes princípios: ausência de tensão nos bordos, impermeabilidade a fluidos, hemostasia adequada e preservação da viabilidade da mucosa 6 . Com o incremento dos grampeadores cirúrgicos, na década de 60 e o seu uso em uma laringectomia total por Lukyanchenko em 1971 7, cada vez mais a sutura mecânica vem sendo empregada. As principais vantagens descritas sobre uso do grampeador são a diminuição do tempo cirúrgico, contaminação mínima do campo por secreções faríngeas e redução das taxas de fístula faringo-cutânea, especialmente em pacientes com irradiação prévia 8. As limitações do método de grampeamento fechado é a restrição a tumores com extensão faríngea e a impossibilidade de obtenção de margens histológicas do tecido residual 6. A primeira laringectomia com uso do grampeador foi realizada em nosso serviço em 2004. Realizamos esse procedimento de rotina sempre que a lesão é endolaringea e há indicação de laringectomia total. O objetivo deste estudo e avaliar a incidência de fístulas faringo-cutânea e infecção pós-operatória em pacientes submetidos à laringectomia total com fechamento da faringe utilizando grampeador, tratados em nossa disciplina nos últimos 7 anos. Delineamento: Estudo observacional descritivo transversal retrospectivo. Pacientes: Pacientes submetidos à laringectomia total por carcinoma espinocelular com uso de grampeador linear para fechamento da faringe em um hospital escola. Período avaliado: Fevereiro de 2004 a Maio de 2011. Método Foram revisados os prontuários dos pacientes encontrados. A classificação dos tumores foi feita pelo sis- Ahumada et al. tema TNM AJCC/UICC (2005) 9. Os dados epidemiológicos foram obtidos da ficha de primeira consulta padrão do ambulatório de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. O estadiamento foi baseado na última consulta ambulatorial antes da cirurgia associando-se a dados tomográficos, de laringoscopia e anatomopatológicos. Estes foram revisados através de prontuário eletrônico da instituição. A busca por evidência de fístula ou infecção de sítio cirúrgico foi realizada por leitura de prontuário hospitalar e ambulatorial. A confirmação do uso do grampeador linear foi feita através da revisão da descrição cirúrgica. A avaliação de sobrevida e seguimento foi feita com base na última consulta registrada no ambulatório. Resultados De um total de 227 pacientes submetidos à laringectomia total no período de 2002 a 2011, 36 pacientes foram selecionados. As características epidemiológicas encontram-se no Quadro 1. Disfonia (92,37%) e dispnéia (57,77%) foram os sintomas mais prevalentes. Os dados sobre estadiamento clínico dos pacientes, segundo normas da AJCC 2005 9, estão apresentados no Tabela 1. Dois pacientes (5,55%) receberam tratamento radioterápico pré-operatório. O esvaziamento linfonodal seletivo (II-IV) bilateral foi o mais comumente realizado, 26(72,22%) pacientes. O esvaziamento seletivo unilateral foi feito em 3 (8,33%) pacientes, a associação de seletivo e radical em 5 (13,89%) e radical bilateral em 2(5,55%). Foi utilizado o grampeador linear cortante de Tabela 1. Estadiamento TNM 7. Critérios de Estadiamento n (%) T – Tumor primário T1 T2 T3 T4a T4b 0 1 (2,78%) 13 (36,11%) 22 (61,11%) 0 N – 26 (72,23%) 3 (8,33%) 3 (8,33%) 1 (2,78%) 3 (8,33%) 0 Linfonodos regionais N0 N1 N2a N2b N2c N3 M – Metástases à distância M0 M1 EC – Estádio Clínico I II III IVA IVB IVC 36 (100%) 0 0 1 (2,78%) 11 (30,55%) 24 (66,67%) 0 0 Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.40, nº 3, p. 144-147, julho / agosto / setembro 2011––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 145 Grampeador no fechamento da faringe após laringectomia total: experiência de 7 anos. Ahumada et al. Quadro 1. Dados Epidemiológicos n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Sexo Idade (anos) IMC (kg/m²) Tabagismo 0=Masc 1=Fem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 70 65 77 74 63 62 67 53 72 60 57 67 57 71 64 72 57 47 56 54 77 70 59 57 56 75 61 67 52 50 47 51 66 63 62 40 Carga acumulada (anos.maço) 0=Não 1=Sim 23,8 21,4 ND ND 21,46 ND 24,7 ND 22,94 31,9 22,3 28,76 16,76 22,3 27,7 20 26,7 ND 28,3 28,3 19,04 ND ND ND ND ND 27,15 ND ND 26,5 ND ND ND 23,7 21,03 20,8 1 1 ND ND 1 1 1 ND 1 1 1 1 ND 1 1 1 1 ND 1 1 ND 1 1 1 1 ND 1 1 1 ND ND ND ND 1 1 1 50 75 ND ND 46 50 60 ND 52 60 45 75 ND 50 40 50 20 ND 100 40 ND 30 40 37 20 ND 20 46 20 ND ND ND ND 45 25 12 Etilismo 0=Não 1=Sim 1 1 ND ND 0 1 1 ND 0 1 1 1 ND 0 1 1 1 ND 1 1 ND 0 1 1 1 ND 1 1 0 ND ND ND ND 1 1 1 *ND=Dado Não Disponível 80 mm(GHIA DST 80 – Covidien®) ou 75 mm (TA-75 Ethicon®) e o trajeto do grampeamento realizado foi longitudinal (Figura 1), exceto em 1 caso no qual foi realizado grampeamento transverso. Três (8,67%) pacientes apresentaram fistula salivar pós-operatória. O dia do diagnóstico da fístula e o dia do fechamento estão expostos no Quadro 2. Nenhum dos pacientes necessitou de re-abordagem cirúrgica para correção da mesma. Destes, 1 apresentou infecção de sítio cirúrgico no sexto dia pós-operatório. Dos 34 pacientes sem tratamento radioterápico prévio 30 foram encaminhados a este em esquema de adjuvância e 90% destes receberam quimioterapia concomitante. Quatro pacientes não realizaram nenhum tipo de tratamento adjuvante. O tempo médio acompanhamento pós-operatório foi de 24 meses (1 a 66 meses). A sobrevida média em 5 anos foi de 45,46%. 146 R�������������������������������������������������������� Figura 1. Acoplamento do grampeador. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.40, nº 3, p. 144-147, julho / agosto / setembro 2011 Grampeador no fechamento da faringe após laringectomia total: experiência de 7 anos. Ahumada et al. Quadro 2. Pacientes com Fístula Faringocutânea n Diagnóstico (Dia Pós-operatório) Fechamento (Dia Pós-operatório) Re-abordagem Infecção Débito Estadiamento 6 21 34 17 6 14 64 47 25 Não Não Não Não Sim Não Baixo Baixo Baixo T4aN0M0 T3N0M0 T3N0M0 Discussão Em nosso serviço por padrão a laringectomia é feita por médicos residentes em cirurgia de cabeça e pescoço sob orientação dos respectivos preceptores. Ao avaliar dados de pacientes operados em hospitais escola deve-se sempre considerar o viés do treinamento incompleto de membros da equipe cirúrgica, a exceção do orientador, conforme já demonstrada diferença de desempenho por Holena et al. 10 Médicos residentes tendem a realizar as mesmas cirurgias em tempo mais prolongado quando comparados aos seus orientadores. Este aumento do tempo cirúrgico, assim como a natural curva de aprendizado de uma técnica cirúrgica diferente devem ser levados em conta ao avaliarmos os resultados. Neste trabalho notamos que ao longo de 7 anos a laringectomia com uso de grampeador no momento do fechamento da faringe foi um procedimento facilmente reprodutível, que não impôs grandes dificuldades de aprendizado aos 16 residentes que passaram pelo serviço nestes 7 anos e o material esteve amplamente disponível em nosso meio. Dados epidemiológicos do presente estudo foram compatíveis com aqueles já descritos na literatura, confirmando o perfil de um homem de 50 a 70 anos com história prévia de tabagismo e etilismo 3 . Quando analisados os índices de massa corporal dos pacientes não encontramos perda ponderal significativa, uma vez que os tumores com extravazamento faríngeo são os que costumam cursar com esse sintoma pela disfagia ocasionada, ao mesmo tempo este extravazamento é a causa da não aplicação do grampeador. De forma semelhante o estadiamento local avançado (T3/ T4) presente em 97,22% (35) dos pacientes se justifica pela abordagem endoscópica ou radioterápica indicada para lesões em estádios iniciais (T1/T2). O paciente em estadio clínico II era portador de CEC de glote que comprometia ambas as pregas vocais e a comissura anterior, sem comprometer a mobilidade das pregas vocais, ele não apresentava condições clínicas de cirurgia parcial (69 anos e portador de DPOC) então foi optado por tratamento cirúrgico após discussão com a equipe. A incidência de fístula de 8,67% está dentro dos resultados publicados, o que ratifica o bom resultado do grupo com o uso do grampeador. Enquanto que o achado de 1 caso de infecção pós-operatória, provavelmente decorrente da fístula, também se enquadra em valores esperados para cirurgias potencialmente contaminadas como a laringectomia aberta. Os pacientes 6 e 21 que mantive- ram a fístula por 47 e 41 dias respectivamente não foram abordados cirurgicamente, pois a equipe optou por inicio precoce da radioterapia frente a uma fístula de baixo débito. Estudos comparativos entre os dois métodos de sutura sem randomização acabam por ter pouco significado uma vez que tumores com invasão local extensa com pior prognóstico muitas vezes não são passíveis de tratamento pelas duas técnicas. A sobrevida média em 5 anos também se mostrou adequada frente a casuísticas semelhantes já publicadas11, 12. Conclusão O uso do grampeador linear no fechamento do defeito faríngeo pós laringectomia total é um método seguro, que apresentou taxas de fistula e infecção de sitio cirúrgico em nosso serviço compatíveis com dados da literatura. Referências 1. Jemal A, et al. Cancer statistics, 2008. CA: a cancer journal for clinicians, 2008;58(2):71-96. 2. Parkin DM, et al. Estimating the world cancer burden: Globocan 2000. International journal of cancer. Journal international du cancer, 2001;94(2):153-6. 3. Wunsch Filho V. The epidemiology of laryngeal cancer in Brazil. Sao Paulo medical journal = Revista Paulista de Medicina, 2004;122(5):18894. 4. Stell PM. The first laryngectomy. The Journal of Laryngology and Otology, 1975; 89(4):353-8. 5. Arriaga MA, et al. Medical complications in total laryngectomy: incidence and risk factors. The Annals of Otology, Rhinology, and Laryngology, 1990;99(8):611-5. 6. Bedrin L, et al. 25-year experience of using a linear stapler in laryngectomy. Head & Neck, 2005;27(12):1073-9. 7. Lukianchenko AG. [Suturing of a laryngeal defect in laryngectomy]. Vestnik otorinolaringologii, 1971;33(6): 29-31. 8. Altissimi G and Frenguelli A. Linear stapler closure of the pharynx during total laryngectomy: a 15-year experience (from closed technique to semi-closed technique). Acta otorhinolaryngologica Italica : organo ufficiale della Societa italiana di otorinolaringologia e chirurgia cervicofacciale, 2007;27(3):118-22. 9. Patel SG and Shah JP. TNM staging of cancers of the head and neck: striving for uniformity among diversity. CA: a cancer journal for clinicians, 2005;55(4): 242-58; quiz 261-2, 264. 10. Holena DN, et al. Teaching status: the impact on emergency and elective surgical care in the US. Annals of surgery, 2011;253(5):101723. 11. Ganly I, et al. Predictors of outcome for advanced-stage supraglottic laryngeal cancer. Head & Neck, 2009; 31(11):1489-95. 12. Papadas TA, et al. Survival after laryngectomy: a review of 133 patients with laryngeal carcinoma. European archives of oto-rhinolaryngology: official journal of the European Federation of Oto-RhinoLaryngological Societies, 2010;267(7):1095-101. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.40, nº 3, p. 144-147, julho / agosto / setembro 2011––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 147