perfil clínico de pessoas laringectomizadas submetidas à

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
Coordenadoria de Pesquisa – CPES
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PERFIL CLÍNICO DE PESSOAS LARINGECTOMIZADAS SUBMETIDAS À
TRAQUEOSTOMIA DEFINITIVA EM UM HOSPITAL DE ONCOLOGIA EM
TERESINA-PI
Lana Karyna de Sousa Sales (voluntária do ICV), Maria Helena Barros Araújo Luz
(Orientadora, Depto de Enfermagem – UFPI)
INTRODUÇÃO: No Brasil, as neoplasias ocupam o segundo lugar dentre as doenças com maior
morbimortalidade, com 130 mil óbitos anuais, número superado somente pelas doenças
cardiovasculares. Dentre essas, os tumores de laringe ocupam posição de destaque, por representar
25% dos tumores de cabeça e pescoço e cerca de 2% de todos os cânceres (MACIEL, 2013).O
paciente laringectomizado é o indivíduo que foi submetido à cirurgia de laringectomia total, ou seja, à
ablação da laringe e seus anexos, com ou sem ressecção ganglionar (esvaziamento cervical). É
indicada, principalmente, para os pacientes com câncer de laringe e após a cirurgia, passam a
respirar pela traqueostomia. OBJETIVO:
Geral: Caracterizar os aspectos clínicos de pessoas
laringectomizadas submetidas à traqueostomia definitiva e, específicos: Analisar os fatores de risco
associados ao Câncer de laringe, as opções terapêuticas realizadas e as complicações cirúrgicas
apresentadas pelos pacientes laringectomizados com traqueostomia, participantes do estudo.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, retrospectivo e de abordagem
quantitativa de uma amostra composta por
80 prontuários de pacientes laringectomizados com
traqueostomia, atendidos no período de 2000-2014, em um hospital de referência em oncologia, em
Teresina-PI. RESULTADOS: Observou-se que dentre os 80 prontuários dos pacientes participantes
da pesquisa, o câncer de laringe e de base da língua foram as causas determinantes para a
realização da laringectomia total com traqueostomia definitiva, os quais representaram 49(61,3%) e
31(38,8%) respectivamente. O tempo de internação dos pacientes para o procedimento cirúrgico
variou do mínimo de um dia e o máximo de 30(trinta) dias, permanecendo em média 5,76 dias
hospitalizado. No que se refere a terapêutica adjuvante, observou-se que 79(99,9%) associaram a
cirurgia com a radioterapia e 41(51,2%) realizaram as 3 modalidades terapêuticas: a cirurgia, a
radioterapia e também à quimioterapia. Quanto ao tempo de permanência com a laringectomia e
traqueostomia definitiva, variou entre menos de um ano (0,8 meses) e a máxima de 15,3 anos,
perfazendo uma média de 9,72 (±3,4) anos. No que se refere ao surgimento de complicações
relacionadas à laringectomia/traqueostomia, 68(85%) dos participantes não as desenvolveram,
entretanto, 12(15%) as apresentaram, dentre esses, houve predominância da dor 5(6,3%), seguido de
hiperemia 4(5%), sangramento 2(2,5%) e fístula 1(1,3%). No tocante à profissão/ocupação, observouse que houve bastante diversificação com predominância de agricultores 29 (36,3%), seguido
pedreiros7(8,8%), comerciantes 4(5,0%), porém vale ressaltar que, em 38 (47,5%) dos prontuários
não havia registrado sobre esta informação. Quanto ao consumo de álcool e uso de tabaco, foi
identificada que 46 (57,5%) eram etilistas e a mesma proporção foi identificada para os tabagistas 46
(57,5%). DISCUSSÃO: A pesquisa mostra que a realização do procedimento cirúrgico de ressecção
total da laringe com a traqueostomia associa-se ao diagnóstico médico de câncer de laringe e
neoplasia maligna de base da língua, as quais foram as causas determinantes da indicação cirúrgica.
A incidência do câncer de laringe no Brasil é expressivamente maior quando comparada a outros
países da América Latina, anualmente, cerca de 8000 brasileiros são acometidos por esta neoplasia
(SBCCP, 2011). Dentre os fatores de risco apontados na literatura, relacionados a estas patologias,
como contato com sílica, pó de madeira, fuligem e óleo combustível, há concordâncias com aspectos
encontrados neste estudo, relacionados à profissão e com a condição de fumante e etilista. Neste
sentido, Santos (2012), em estudo desenvolvido no Espírito Santo encontrou iguais profissões como
incidentes porém em ordem inversa. De outro modo, encontra-se conformidade com o estudo de
Hortense; Camargnani e Brêtas (2008), ao afirmar que o álcool possui grande influência na
carcinogênese, principalmente no que se refere ao câncer de boca, laringe e faringe. A média do
tempo de internação encontrada foi de 5,76 dias com desvio padrão igual 4,37. De acordo com
literatura, o tempo de internação está associado ao surgimento de complicações, que podem atrasar
a reabilitação, a terapia adjuvante e a reintrodução de alimentação por via oral (SOUSA et al, 2012).
No que se refere ao tempo de traqueostomia, observou em média 9,72 anos, o que mostra um longo
período de sobrevida com a respiração por via artificial, o que é pode ser concretizado com a
execução de cuidados específicos com o traqueostomo. Quase a totalidade (99,9%) dos pacientes
realizaram a radioterapia associada ou não a quimioterapia no tratamento adjuvante à cirurgia. Estes
resultados são ratificados com os de Paula e Gama (2009), em que 50% dos pacientes realizaram a
cirurgia associada a radioterapia e 42% a quimioterapia. A radioterapia tem impactos negativos na
qualidade de vida de laringectomizados com traqueostomia, pois ocasiona a diminuição do paladar
dos pacientes e a xerostomia como principal consequência. O enfermeiro durante o tratamento
radioterápico tem papel fundamental na avaliação clínica minuciosa das áreas que estarão
diretamente expostas à radiação, tais como: pele, boca e garganta, pois o acompanhamento da
enfermagem durante a aplicação da radiação visa favorecer o tratamento subsequente e a melhor
qualidade de vida do paciente, minimizando sequelas (LENZA, 2013). Na revisão sistemática de
Santana, et al. (2008), dos 37 artigos analisados, 10 constavam a fístula como a complicação mais
grave e freqüente nos laringectomizados traqueostomizados. Esta freqüência contribui para o
prolongamento no período de internação, consequentemente, elevação dos custos. Neste cenário a
Enfermagem pode atuar na manutenção do estado clínico geral do paciente submetido à
laringectomia total através de condutas que evitem infecções na ferida pós-operatória; como a
limpeza, troca de curativos conforme a necessidade, avaliação rigorosa da pele e da presença de
secreções. A fístula está diretamente relacionada aos cuidados específicos de enfermagem, daí a
importância do investimento da equipe para o gerenciamento da lesão no intuito de prevenir ou
minimizar a necessidade do tratamento cirúrgico adicional (LENZA, 2013). CONCLUSÃO: O presente
estudo apontou as principais características clínicas dos pacientes laringectomizados com
traqueostomia definitiva dentre elas destaca-se que a realização deste procedimento cirúrgico tem
como causa básica o câncer de laringe e de base da língua, ao qual se associa a terapêutica
adjuvante da radioterapia e/ou a quimioterapia. No que diz respeito às possíveis complicações, foi
identificada a hiperemia, sangramento, a dor e fístula, as quais ocorreram no período pós-operatório
e prolongaram o tempo de internação. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer
de laringe, língua e boca encontrou-se neste estudo o etilismo, tabagismo, atividades profissionais
relacionadas ao contato e manuseio de substâncias carcinogênicas. Observa-se que estas condições
clínicas apresentam características semelhantes com as que são definidas pela literatura nacional e
internacional. A caracterização dos aspectos clínicos são primordiais para a evolução do processo
saúde e doença do indivíduo, pois através destas informações a enfermagem realiza o planejamento,
a implementação e a avaliação a assistência prestada ao paciente durante o perioperatório, o
acompanhamento ambulatorial e no domicílio na perspectiva do trabalho em equipe multidisciplinar e
da reabilitação da pessoa laringectomizada com traqueostomia.
Palavras-chave: Laringectomia. Traqueostomia. Cuidados de Enfermagem.
REFERÊNCIAS:
HORTENSE, F.T.P.; CARMAGNANI, M.I.S.; BRETAS, A.C.P., Rev Bras Enferm, Brasília 2008 janfev; 61(1): 24-30.
MACIEL, C. et al. Análise da qualidade de vida dos pacientes com câncer de laringe em hospital de
referência na região Sudeste do Brasil. Rev. CEFAC, Juiz de Fora, v.15, n.4, pp. 932-940. 2013.
PAULA, C.F; GAMA, R.R. Avaliação da qualidade de vida em laringectomizados totais, Rev. Bras.
Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, nº 3, p. 177 - 182, julho / agosto /setembro 2009.
SANTANA, M.E.; SAWADA, N.O. Fístula faringocutânea após laringectomia total: revisão sistemática,
Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.16, n.4, 2008.
SOUSA, A.A.; et al. Laringectomia de resgate: utilização do retalho miocutâneo de peitoral maior na
prevenção de fístulafaringocutânea. Brazilian Journal Otorhinolaryngology. 78(4) julho/afosto 2012.
SBCCP, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Câncer de Laringe: Tratamento.
2011.
LENZA, N. F. B., et al.; Fístula Faringocutânea em Paciente Oncológico: Implicações para a
Enfermagem, Revista Brasileira de Cancerologia, 59(1): 87-94. 2013.
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