MARIANNE YUMI NAKAI AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM CÂNCER DE LARINGE SUBMETIDOS À TRATAMENTO CIRÚRGICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Comissão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal, para obter o título de Residência Médica. Área: Cirurgia Geral Orientadora: Profa. Dra. Renata Regina da G Lorencetti Mahmoud São Paulo 2012 FICHA CATALOGRÁFICA Nakai, Marianne Yumi Avaliação da qualidade de vida dos pacientes com câncer de laringe submetidos à tratamento cirúrgico / Marianne Yumi Nakai – São Paulo 2012. 35 fls. Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Comissão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal, para obter o título de Residência Médica, na área de Cirurgia Geral. Descritores: 1. QUALIDADE DE VIDA; 2. CÂNCER DE LARINGE; 3. LARINGECTOMIA ii AUTORIZO A DIVULGAÇÃO PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. São Paulo, 15 de setembro de 2012 ____________________________________________________ MARIANNE YUMI NAKAI [email protected] iii DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho à minha mãe, Setsuco Miyake Nakai. Minha inspiração, meu exemplo de pessoa, mãe e médica. iv AGRADECIMENTOS À Dra. Renata Regina da G. Lorencetti Mahmoud por ter me guiado na elaboração desse trabalho, por seu ensinamento e amizade durante minha residência. Aos meus mestres pelos ensinamentos e incentivo em minha vida acadêmica. À minha família pelo apoio, carinho e dedicação durante toda minha vida. Ao meu companheiro, melhor amigo e cúmplice Rafael Thiago Nakamura que esteve presente em todas as etapas dessa residência me apoiando, ajudando e incentivando. Obrigada v SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................................... 2 ABSTRACT ............................................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 4 OBJETIVO ................................................................................................................................................. 8 CASUÍSTICA E MÉTODOS .................................................................................................................... 9 RESULTADOS ........................................................................................................................................11 ANÁLISE DESCRITIVA DO QUESTIONÁRIO SÓCIO DEMOGRÁFICO.................................................................11 ANÁLISE DESCRITIVA DO QUESTIONÁRIO EORTC C-30 .............................................................................16 ANÁLISE DESCRITIVA DO QUESTIONÁRIO EORTC H&N 35.......................................................................18 DISCUSSÃO ............................................................................................................................................20 CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................24 ANEXOS ..................................................................................................................................................26 ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................................................26 ANEXO 2: QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA EORTC QLQ-C30 ...................................................27 ANEXO 3: QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA EORTC QLQ-H&N35 ............................................29 ANEXO 4: FICHA SÓCIO DEMOGRÁFICA ..........................................................................................................31 RESUMO Introdução: O câncer de laringe representa cerca de 25% das neoplasias malignas da região de cabeça e pescoço sendo um importante representante das doenças malignas no país. O câncer de laringe é uma doença cujo tratamento acarreta impacto significante na qualidade de vida dos pacientes. Sua região anatômica concentra funções como fala e deglutição que são essenciais para o convívio social do ser humano. Objetivo: Avaliar qualidade de vida dos pacientes com câncer de laringe submetidos à laringectomia no Hospital do Servidor Público Municipal. Casuística e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo transversal no qual foram incluídos os pacientes com câncer de laringe tratados no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) no período de 2002 a 2012. A qualidade de vida foi avaliada através dos questionários EORTC C30 e H&N35. Resultados: Foram incluídos um total de 14 pacientes. A qualidade de vida global foi de 89,9. No domínio funcional a principal função acometida foi a emocional. No sintomático do questionário C30, os sintomas que mais pontuaram foram insônia e dispneia. Na avaliação do questionário específico os principais sintomas foram ganho de peso, uso de analgésico, fala e sexualidade. Conclusão: Os pacientes com câncer de laringe submetidos a tratamento cirúrgico no Hospital do Servidor Público Municipal apresentaram uma boa qualidade de vida. Palavras chaves: Qualidade de vida, Câncer de Laringe, Laringectomia. 2 ABSTRACT Introduction: Laryngeal cancer represents about 25% of malignancies of the head and neck is an important representative of malignant diseases in the country. Cancer of the larynx is a disease whose treatment entails significant impact on quality of life of patients. His anatomical region focused as speech and swallowing functions that are essential for the social life of human beings. Objective: To evaluate quality of life of patients with laryngeal cancer who underwent laryngectomy at Hospital do Servidor Público Municipal. Methods: This was a cross-sectional study which included patients with laryngeal cancer treated at Hospital do Servidor Público Municipal in the period from 2002 to 2012. Quality of life was assessed through questionnaires EORTC C30 and H&N35. Results: We included a total of 14 patients. The overall quality of life was 89.9. In the functional domain, emotinal functioning was the most affected. In symptomatic of C30 questionnaire, the symptoms that scored more were insomnia and dyspnea. In assessing the specific questionnaire the main symptoms were weight gain, use of analgesics, speech and sexuality. Conclusion: Patients with laryngeal cancer who underwent surgery at the Hospital do Servidor Público Municipal had a good quality of life. Keywords: Quality of life, Cancer of Larynx, Laryngectomy. 3 INTRODUÇÃO O câncer de laringe representa cerca de 25% das neoplasias malignas da região de cabeça e pescoço sendo um importante representante das doenças malignas no país. No Brasil, em 2010 houveram 3.618 mortes por essa causa e a estimativa de incidência em 2012 para os homens é de 7,56 casos novos/100.000 habitantes 1, 2. Essa doença se concentra predominantemente nas regiões Sul e Sudeste e atinge mais o sexo masculino. No estado de São Paulo, a estimativa de incidência em 2012 para os homens é de 9,37 casos/100.000 habitantes 1, 3 . A laringe pode ser dividida anatomicamente em 3 partes: supraglote, glote e subglote. A supraglote compreende a região da epiglote, espaço pré-epiglótico, as duas cartilagens aritenóides e as bandas ventriculares, tendo como limite superior, a face laríngea da epiglote, e como limite inferior, uma linha imaginária que passa pelo teto dos ventrículos laríngeos. A glote se estende a partir daí, inferiormente, até a outra linha que passa 1 cm abaixo do teto dos ventrículos, sendo constituída pelas pregas vocais verdadeiras e as comissuras anterior e posterior. Já a subglote é defina como a região que se estende desde abaixo da glote, até o início da traquéia, na borda inferior da cartilagem cricóide 4. Aproximadamente 2/3 dos tumores de laringe surgem na corda vocal verdadeira que se localiza na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica 4. O carcinoma espinocelular (CEC) é seu principal representante histológico (90% casos). O tabagismo e o etilismo são os principais fatores de risco sendo os pacientes acima dos 50 anos a faixa etária mais acometida 2, 4-6 . 4 Existem diversas formas de tratamento, como microcirurgia endoscópica, cirurgias parciais, cirurgias estendidas e protocolos de radioterapia e quimioterapia. Entretanto, normalmente o tratamento é através de ressecção cirúrgica: isolada nos casos iniciais (estádio 1 e 2); e associada a radioterapia adjuvante nos casos avançados (estádio 3 e 4). Atualmente, o câncer de laringe é considerada uma doença com alto índice de cura nos estádios iniciais e com boa taxa de controle local nos estádios mais avançados 4. Apesar dos bons resultados na sobrevida desses pacientes, o câncer de laringe ainda representa uma doença de alto impacto nos aspectos psicossociais 7-9. A laringe é responsável por três importantes funções do corpo humano: deglutição, respiração e fonação. Os pacientes com câncer de laringe, mesmo quando submetidos a tratamento, geralmente apresentam comprometimento dessas funções. Além disso, a laringe se localiza no pescoço, local habitualmente exposto potencializando a repercussão da doença sobre a autoimagem 7-9. Segundo a OMS qualidade de vida é: uma percepção individual da posição do indivíduo na vida, no contexto de sua cultura e sistema de valores, nos quais ele está inserido e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Trata-se de um conceito de alcance abrangente afetado de forma complexa pela saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais e relações com as características do meio ambiente do indivíduo. Até o final dos anos 80, o tratamento do câncer visava maximizar a sobrevida do paciente, dando pouca ênfase ao aspecto psicossocial de cada indivíduo. O 5 impacto do tratamento era avaliado primordialmente através dos dados biológicos do paciente, como tamanho do tumor, estadiamento, controle do crescimento local e sobrevida. Havia pouca preocupação com as conseqüências do tratamento na qualidade de vida do doente. Por outro lado, nos últimos anos, o interesse pelos aspectos psicossociais do pacientes tem aumentado e a reabilitação funcional do doente tornou-se fator importante no tratamento dos pacientes oncológicos 9-12. Não existe um consenso único e claro sobre quais são e como avaliar os fatores que compõe a qualidade de vida como um todo, no entanto é aceito que no mínimo quatro aspectos devem ser considerados: queixas físicas, efeitos do tratamento, interação social, estado psicológico e funcional 13, 14 . Atualmente diversos questionários buscam de formas diferentes obter uma avaliação adequada da qualidade de vida dos pacientes, no entanto é consenso que a associação de questionários genéricos, com questionários específicos permite uma visão mais ampla e fidedigna da real situação de vida do doente 13, 14. Avaliar a percepção de saúde do ponto de vista do paciente permite ao médico escolher um tratamento que vise não somente a sobrevida, mas também atenda as suas necessidades psicossociais, garantindo uma melhor qualidade de vida e consequentemente uma maior satisfação do paciente com o tratamento 7-11, 15, 16. Ainda não existe consenso sobre o real impacto do câncer de laringe na vida desses paciente. A literatura é pobre em dados que avaliam de maneira objetiva a qualidade de vida dos pacientes laringectomizados, limitando-se a 6 estudos abertos que analisam simultaneamente procedimentos cirúrgicos em diversas áreas na região da cabeça e pescoço 15 . 7 OBJETIVO Avaliar qualidade de vida dos pacientes com câncer de laringe submetidos à laringectomia no Hospital do Servidor Público Municipal. 8 CASUÍSTICA E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo transversal no qual foram incluídos os pacientes com câncer de laringe tratados no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) obedecendo os seguintes critérios. Critérios de Inclusão: Pacientes submetidos a tratamento cirúrgico do câncer de laringe no período de 2004 a 2012 Idade acima 18 anos Pós operatório de no mínimo 6 meses Critérios de exclusão: Deficiência mental grave, demência ou psicose Deficiência auditiva grave Doença neurológica que cause distúrbio à deglutição Não compreensão das instruções e dos objetivos do presente estudo Os pacientes foram selecionados a partir do levantamento da relação de cirurgias realizadas no período de 2004 a 2012 no HSPM, cujo procedimento foi registrado como laringectomia total, laringectomia total com esvaziamento cervical ou laringectomia parcial. Todos os pacientes foram devidamente esclarecidos sobre a pesquisa e concordaram em participar da mesma sob assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 1). A qualidade de vida foi avaliada com a utilização de um questionário autoaplicável desenvolvido pelo Grupo de Estudo de Qualidade de Vida da European Organization for Research and Therapy of Cancer 17 . O protocolo é 9 validado transculturalmente, sendo composto de 30 questões generalizadas (QC-30 versão 3.0) (Anexo 2) e de 35 questões específicas relacionadas aos sintomas em cabeça e pescoço – H&N35 versão 1.0 (Anexo 3). Foi projetado para avaliar a função física, papel funcional, função cognitiva, função emocional, função social, dor, fadiga, emese e qualidade de vida pela forma de escalas de multi-itens 13. Foi aplicada uma ficha sócia demográfica para obter dados sobre idade, gênero, escolaridade, ocupação, religião, moradia, filhos e informações relativas à doença e tratamento (Anexo 4). As respostas obtidas do questionário EORTC QLQ-C30 e seu complemento H&N 35 foram utilizadas para gerar um score representativo da qualidade de vida de cada paciente. Esse score foi calculado seguindo as instruções contidas no EORTC QLQ – C30 Scoring Manual 14. O software SPSS for Windows versão 15 foi utilizado para realizar a análise descritiva dos dados da ficha sócio demográfica, do EORTC QLQ-C 30 e do complemento H&N35. 10 RESULTADOS No levantamento das cirurgias realizadas por procedimento haviam 54 pacientes no total, sendo que; 22 pacientes evoluíram a óbito, 4 apresentavam tumor primário em outro sítio, 15 não foi possível obter contato e 2 não aceitaram participar do estudo. Restando 14 pacientes, que foram incluídos no estudo. Desses, treze pacientes são do sexo masculino (92,85%) e uma do sexo feminino (7,14%). Quanto à cirurgia, quatro foram submetidos à laringectomia total (28,57%) e dez à laringectomia parcial (71,42%) e em relação ao estadiamento, a maioria apresentava estádio inicial (estádio I e II) quando submetidos ao tratamento cirúrgico (64,28%). O resultado do questionário sócio demográfico se apresenta abaixo. Análise descritiva do questionário sócio demográfico Tabela 1. Tipo de cirurgia Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Frequência Porcentagem Fronto Lateral 8 80,0 Horizontal Supraglótico 2 20,0 Total 10 100,0 Total 4 100,0 11 Tabela 2. Estadiamento Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Estádio Frequência Porcentagem 1 7 70,0 2 2 20,0 3 1 10,0 Total 10 100,0 3 1 25,0 4 3 75,0 Total 4 100,0 Tabela 3. Sexo Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Sexo Frequência Porcentagem Feminino 1 10,0 Masculino 9 90,0 Total 10 100,0 Masculino 4 100,0 12 Tabela 4. Faixa etária Cirurgia Faixa etária Frequência Porcentagem Laringectomia Parcial 51 a 60 anos 1 10,0 61 a 70 anos 6 60,0 mais de 71 anos 3 30,0 Total 10 100,0 51 a 60 anos 2 50,0 61 a 70 anos 2 50,0 Total 4 100,0 Laringectomia Total Tabela 5. Escolaridade Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Escolaridade Frequência Porcentagem 1 grau 3 30,0 2 grau 6 60,0 3 grau 1 10,0 Total 10 100,0 1 grau 2 50,0 2 grau 1 25,0 3 grau 1 25,0 Total 4 100,0 13 Tabela 6. Estado civil Cirurgia Estado Civil Frequência Porcentagem Casado 8 80,0 Separado 1 10,0 Viúvo 1 10,0 Total 10 100,0 Casado 3 75,0 Separado 1 25,0 Total 4 100,0 Cirurgia Religião Frequência Porcentagem Laringectomia Parcial Não tem 2 20,0 Católica 6 60,0 Evangélica 2 20,0 Total 10 100,0 Não tem 1 25,0 Católica 2 50,0 Evangélica 1 25,0 Total 4 100,0 Laringectomia Parcial Laringectomia Total Tabela 7. Religião Laringectomia Total 14 Tabela 8. Situação profissional Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Situação Profissional Frequência Porcentagem Trabalha fora 2 20,0 Aposentado 8 80,0 Total 10 100,0 Trabalha em casa 1 25,0 Trabalha fora 1 25,0 Aposentado 2 50,0 Total 4 100,0 Tabela 9. Tempo que levou para procurar ajuda médica após perceber algo diferente. Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Tempo Frequência Porcentagem Menos de 1 mês 4 40,0 3 a 6 meses 4 40,0 Mais de 1 ano 2 20,0 Total 10 100,0 3 a 6 meses 3 75,0 Mais de 6 meses 1 25,0 Total 4 100,0 15 Em relação à avaliação da qualidade de vida, as tabelas abaixo mostram os resultados da aplicação dos questionários EORTC C-30 e H&N 35. Análise descritiva do questionário EORTC C-30 Tabela 10. Domínio funcional Mediana Erro Valor padrão Desvio Padrão Cirurgia Função Mínimo Máximo Laringectomia Parcial Global 50,0 100,0 89,167 5,1295 16,2209 Físico 40,0 100,0 80,667 6,6258 20,9526 Geral 33,3 100,0 88,333 7,0492 22,2916 Emocional 0,0 100,0 76,667 9,4444 29,8660 Cognitivo 33,3 100,0 81,667 6,7814 21,4447 Social 66,7 100,0 96,667 3,3333 10,5409 Global 83,3 100,0 91,667 4,8113 9,6225 Físico 93,3 100,0 98,333 1,6667 3,3333 Geral 66,7 100,0 87,500 7,9786 15,9571 Emocional 50,0 100,0 75,000 12,2663 24,5327 Cognitivo 100,0 100,0 100,000 0,0000 0,0000 Social 83,3 100,0 95,833 4,1667 8,3333 Laringectomia Total 16 Tabela 11. Domínio sintomático Cirurgia Laringectomia Parcial Laringectomia Total Mediana Erro Valor padrão Desvio padrão Sintomas Mínimo Máximo Fadiga 0,0 55,6 13,333 5,9259 18,7394 Náusea ou vômitos 0,0 33,3 5,000 3,5573 11,2491 Dor 0,0 50,0 15,000 5,8002 18,3417 Dispnéia 0,0 100,0 26,667 10,8866 34,4265 Insônia 0,0 100,0 26,667 13,8778 43,8854 Falta de apetite 0,0 33,3 10,000 5,0918 16,1015 Constipação 0,0 100,0 13,333 10,1835 32,2031 Diarréia 0,0 33,3 3,333 3,3333 10,5409 Dificuldades financeiras 0,0 0,0 0,000 0,0000 0,0000 Fadiga 0,0 22,2 8,333 5,3190 10,6381 Náusea ou vômitos 0,0 16,7 4,167 4,1667 8,3333 Dor 0,0 16,7 8,333 4,8113 9,6225 Dispnéia 0,0 66,7 16,667 16,6667 33,3333 Insônia 0,0 66,7 33,333 19,2450 38,4900 Falta de apetite 0,0 33,3 8,333 8,3333 16,6667 Constipação 0,0 33,3 8,333 8,3333 16,6667 Diarréia 0,0 0,0 0,000 0,0000 0,0000 Dificuldades financeiras 0,0 0,0 0,000 0,0000 0,0000 17 Análise descritiva do questionário EORTC H&N 35 Tabela 12. EORTC H&N 35 Cirurgia Laringectomia Parcial Mediana Erro Valor padrão Desvio padrão Sintoma Mínimo Máximo Dor 0,00 8,33 1,6667 1,11111 3,51364 Deglutição 0,00 16,67 1,6667 1,66667 5,27046 Sensibilidade 0,00 66,67 10,0000 6,66667 21,08185 Fala 11,11 77,78 40,0000 7,06622 22,34534 Comer em público 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Contato social 0,00 33,33 9,3333 4,46661 14,12467 Menor sexualidade 0,00 100,00 30,0000 12,86204 40,67334 Problemas na dentição 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Dificuldade para abrir a boca 0,00 33,33 3,3333 3,33333 10,54093 Xerostomia 0,00 66,67 10,0000 7,11458 22,49829 Saliva espessa 0,00 66,67 10,0000 7,11458 22,49829 Tosse 0,00 100,00 13,3333 10,18350 32,20306 Sentir-se doente 0,00 100,00 10,0000 10,00000 31,62278 Uso de analgésicos 0,00 100,00 50,0000 16,66667 52,70463 Uso de suplementos 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Uso de sonda para nutrição 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Perda de peso 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Ganho de peso 0,00 100,00 80,0000 13,33333 42,16370 18 Laringectomia Total Dor 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Deglutição 0,00 16,67 8,3333 4,81125 9,62250 Sensibilidade 16,67 33,33 29,1667 4,16667 8,33333 Fala 22,22 55,56 38,8889 7,17219 14,34438 Comer em público 0,00 8,33 2,0833 2,08333 4,16667 Contato social 0,00 13,33 5,0000 3,19142 6,38285 Menor sexualidade 0,00 100,00 29,1667 23,93568 47,87136 Problemas na dentição 0,00 66,67 16,6667 16,66667 33,33333 Dificuldade para abrir a boca 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Xerostomia 0,00 33,33 8,3333 8,33333 16,66667 Saliva espessa 0,00 33,33 8,3333 8,33333 16,66667 Tosse 0,00 66,67 33,3333 13,60828 27,21655 Sentir-se doente 0,00 0,00 0,0000 Uso de analgésicos 0,00 100,00 Uso de suplementos 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Uso de sonda para nutrição 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Perda de peso 0,00 0,00 0,0000 0,00000 0,00000 Ganho de peso 0,00 100,00 0,00000 0,00000 25,0000 25,00000 50,00000 75,0000 25,00000 50,00000 19 DISCUSSÃO O câncer de laringe é uma doença cujo tratamento acarreta impacto significante na qualidade de vida dos pacientes. Sua região anatômica concentra funções como fala e deglutição que são essenciais para o convívio social do ser humano 7, 11, 12, 15, 16 . Além disso, no caso dos laringectomizados totais, a traqueostomia definitiva configura-se como um verdadeiro estigma de sua doença, permanecendo comumente em local visível, pois é dificilmente encoberta pelos trajes tradicionais de nosso clima 7. A radioterapia normalmente acarreta efeitos colaterais como xerostomia, diminuição de paladar e olfato, e perda da dentição corroborando para diminuição do prazer em comer desses paciente 7. Observamos que a qualidade de vida global dos nossos pacientes foi alta 89,9. Isso pode ser explicado parcialmente por nossa casuística se constituir principalmente de pacientes submetidos a laringectomia parcial. Entretanto, é interessante observar que em relação aos resultados de referência do EORTC para câncer de laringe e hipofaringe 10 , nossos pacientes apresentaram ganho em todos os aspectos do domínio funcional (físico, geral, emocional, cognitivo e social) e no domínio sintomático perderam somente para os sintomas constipação e insônia. A mesma comparação pode ser feita para o questionário específico H&N35, no qual todos os sintomas pontuaram menos em nossa casuística, exceto o ganho de peso, que se mostrou mais presente. Mesmo se compararmos nossos resultados aos valores de referência dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço em estádio inicial 10 , ainda observamos esse ganho. Tanto a qualidade de vida global (89,9 versus 66,8) 20 quanto todos os aspectos do domínio funcional foram superiores na nossa casuística. No questionário específico H&N35 os sintomas mais pontuados foram: ganho de peso (78,57), uso de analgésico (42,85), fala (39,68) e sexualidade (29,76). O ganho de peso corrobora com a hipótese de nossos pacientes apresentarem uma qualidade de vida melhor em relação à média esperada, mostrando qualidade do serviço tanto no tratamento quanto na reabilitação dos pacientes laringectomizados. A fala é um sintoma esperado de maior pontuação, uma vez que todos os pacientes apresentaram algum grau de rouquidão pós-operatória. O uso de analgésicos e menor sexualidade talvez possa ser explicada pela faixa etária de nossos pacientes, predominantemente acima dos 60 anos. Na avaliação do C30 é importante observar que a principal função acometida foi o emocional. Os pacientes com câncer de laringe comumente apresentam distúrbios de ansiedade e depressão, tanto pelo impacto do tratamento na qualidade de vida, quanto por outras causas inerentes à epidemiologia da doença como faixa etária, tabagismo e etilismo. Ao receber o diagnóstico de câncer de laringe todos os paciente são encorajados a interromper esses hábitos, gerando alto grau de ansiedade. Vários autores já descreveram o impacto do tratamento do câncer de cabeça e pescoço, em especial o câncer de laringe, na função emocional desses pacientes 5, 6, 8, 9, 13 . Entretanto uma comparação se torna difícil, pois os métodos e principalmente as ferramentas de avaliação de qualidade de vida diferem muito entre os artigos. 21 No geral, ao analisar nossos resultados observamos que o domínio social e em especial o comer em público e o convívio social não apresentaram grandes perdas, o que difere dos achados da literatura 7, 11-13, 16 . Dificuldades na deglutição, que era um sintoma esperado, também se mostrou pouco presente em nossos pacientes. A abordagem multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo e cirurgião) é essencial para prevenir e tratar os distúrbios emocionais além de melhorar a eficácia da reabilitação desses pacientes. Ajudando a diminuir o impacto do tratamento na qualidade de vida. E tendo em vista o impacto do câncer de laringe na vida do doente. Avaliar a qualidade de vida dos pacientes laringectomizados permite ao médico e ao serviço conhecer melhor os aspectos biopsicossociais de seu paciente ajudando a encontrar as deficiências e necessidades específicas de sua população, dessa maneira sendo possível elaborar medidas no sentido de tratar o paciente de forma global. 22 CONCLUSÃO Os pacientes com câncer de laringe submetidos à tratamento cirúrgico no Hospital do Servidor Público Municipal apresentaram uma qualidade de vida considerada boa. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Instituto Nacional Câncer Estimativa 2012. Brasil. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/>. Acesso em: 10/05/2012, 2. Ministério da Saúde, Secretaria Vigilância em Saúde, Departamento de Análise da Situação em Saúde Sistema De Informações Sobre Mortalidade (Sim). Brasil. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br>. Acesso em: 10/04/2012, 3. Epi Info Version 6.02. A Word Processing, Database, and Statistics System for Epidemiology on Microcomputers. Geneva: World Health Organization, 1994. 4. Laccourreye H. [Evolution of Surgical Treatment for Cancer of the Larynx in the 20th Century]. Ann Otolaryngol Chir Cervicofac, v. 117, n. 4, p. 237-247, 2000. 5. Lopez-Abente G et al. Tobacco Smoking, Alcohol Consumption, and Laryngeal Cancer in Madrid. Cancer detection and prevention, v. 16, n. 5-6, p. 265, 1992. 6. Muscat JE, Wynder EL. Tobacco, Alcohol, Asbestos, and Occupational Risk Factors for Laryngeal Cancer. Cancer, v. 69, n. 9, p. 2244-2251, 1992. 7. Babin E, Blanchard D, Hitier M. Management of Total Laryngectomy Patients Over Time: From the Consultation Announcing the Diagnosis to Long Term Follow-Up. Eur Arch Otorhinolaryngol, v. 268, n. 10, p. 1407-1419, 2011. 8. Johansson M, Ryden A, Finizia C. Mental Adjustment to Cancer and Its Relation to Anxiety, Depression, Hrql and Survival in Patients With Laryngeal Cancer - a Longitudinal Study. 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[Quality of Life Assessment in Laryngectomized Patients: A Systematic Review]. Cad Saude Publica, v. 18, n. 1, p. 81-92, 2002. 16. Terrell J, Fisher S, Wolf G. Long-Term Quality of Life After Treatment of Laryngeal Cancer. The Veterans Affairs Laryngeal Cancer Study Group. Arch Otolaryngol Head Neck Surg, v. 124, n. 9, p. 964-971, 1998. 17. Aaronson N et al. The European Organization for Research and Treatment of Cancer Qlq-C30: A Quality-of-Life Instrument for Use in International Clinical Trials in Oncology. J Natl Cancer Inst, v. 85, n. 5, p. 365-376, 1993. 25 ANEXOS Anexo 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa chamada “AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA”. O objetivo deste trabalho é ver como está a sua qualidade de vida depois de ter sido operado para tratamento do câncer de laringe. Caso você concorde em participar dessa pesquisa, você terá que preencher alguns questionários com perguntas sobre sua saúde em geral, seu dia a dia e dados pessoais. Sua participação é voluntária e pode ser interrompida a qualquer momento, sem que esta decisão venha prejudicar o seu tratamento atual ou futuro neste hospital. O material oferecido a partir dos questionários será mantido em local seguro e a identificação só será realizada pelos autores do estudo. Caso o material venha a ser utilizado para publicação científica ou atividades didáticas, sua identificação será preservada. Caso deseje, poderá a qualquer momento entrar em contato com os pesquisadores pelo telefone (011) 3397-7000 Pesquisadores: Dra Renata Regina da G. Lorencetti Mahmoud (assistente Cirurgia Cabeça e Pescoço HSPM) – CRM 113.164 Dra Marianne Yumi Nakai (residente Cirurgia Geral HSPM) – CRM 141.080 Nome do paciente: ________________________________________________ Assinatura: ______________________________________________________ Pesquisador: ____________________________________________________ 26 Anexo 2: Questionário de qualidade de vida EORTC QLQ-C30 EORTC QLQ-C30 (version 3.0) 27 EORTC QLQ-C30 (version 3.0) 28 Anexo 3: Questionário de qualidade de vida EORTC QLQ-H&N35 EORTC QLQ-H&N35 29 EORTC QLQ-H&N35 30 Anexo 4: Ficha Sócio Demográfica 31