ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 UTILIZAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS COMO INSTRUMENTO CONSTRUTIVISTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA Arlete Cherobini Orth1 Carmen Lucia de Oliveira Melo2 RESUMO Este trabalho de pesquisa surgiu a partir de observações e questionamentos acerca do assunto exposto “UTILIZAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS COMO INSTRUMENTO CONSTRUTIVISTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA”, instrumentos utilizados ou não como métodos facilitadores do ensino/aprendizagem aos educandos, que expõem algumas teorias que podem ser utilizadas como suporte teórico para compreender tal método. Diante deste interesse pelo tema, despertou-nos a percepção de que o ensino da matemática deve ser mais dinâmico, significativo, através da crescente ludicidade, considerando que a matemática tem múltiplas relações com jogos lúdicos e permite ao professor realizar também múltiplas atividades empíricas para favorecer ao educando a compreensão da lógica matemática e, que a visão tradicional das aulas fique tão somente no passado. A presente pesquisa exercerá estudo de caráter exploratório, de cunho bibliográfico descritivo, em que se fundamenta em autores como: Castro, Friedmann, Giansanti, Goleman, Machado, Martins, Piaget e Vygotsky, que defendem a aplicação de jogos lúdicos como método de ensino de Matemática. A caracterização dos sujeitos da pesquisa se compôs na delimitação de alunos do 5ª ano do Ensino Fundamental, objetivando identificar as formas de inserção dos jogos lúdicos como recurso pedagógico para as aprendizagens e, a partir dos métodos de análises das pesquisas bibliográficas, tendo como base diversas correlações com a teoria construtivista para a realização de um estudo interpretativo e analítico. Que o professor seja o articulador, bem como o estimulador de seus alunos à curiosidade, contribuindo para com a compreensão e construção de seus conhecimentos de forma coerente e significativa. Palavras-chave: Jogos Lúdicos. Ensino. Investigação. Educação Matemática. 1 2 Arlete Cherobini Orth - Instituição/Afiliação: La Salle. Matemática e Física. Carmen Lucia de Oliveira Melo - Instituição/Afiliação: Secretaria de Educação. Pedagoga ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 148 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 1 INTRODUÇÃO A Matemática tem múltiplas relações com os jogos lúdicos e permite ao professor realizar múltiplas atividades empíricas para favorecer ao educando a compreensão da lógica Matemática. Os professores precisam pensar os jogos, ajudando as crianças a escolhê-los, modificá-los e mesmo inventar novos jogos. É importante também durante o jogo a intenção social da criança entre seus colegas para poder construir sua lógica, seus valores sociais e morais. As crianças aprendem com mais facilidade através de jogos em grupos do que em muitas lições e folhas digitalizadas ou impressas. O professor não é um transmissor de conhecimentos e sim um ser que pode mediar a qualquer momento a aprendizagem de seus alunos, fazendo da escola um ambiente propício para a relação professor-aluno ser mais criativa. Paulo Freire diz que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (2001, p.52). É fundamental criar em sala de aula situações onde o aluno possa fazer indagações, permitindo-se assim construir o seu conhecimento, ser um ser crítico, aberto a sugestões, valorizando também o ponto de vista de seus alunos e não somente o seu próprio. Friedman (2000) considera que os jogos lúdicos se encontram na gênese da construção do conhecimento, da apropriação da cultura e da constituição da criança como sujeito humano, como aspecto fundamental do processo de formação. Os jogos aumentam a capacidade de fruição e criação das alegrias culturais e pode recriar cotidianamente a realidade na escola. A escola utiliza pouco os jogos lúdicos, porque o modelo tradicional de ensino enfatiza de forma mais abrangente os conteúdos que os esquemas de aprendizagem construtivos com brinquedos e brincadeiras na organização pedagógica do tempo e do espaço escolar. Na visão tradicional, o jogo na educação de crianças tem uma conotação negativa, por ser entendida apenas como atividade recreativa. A investigação em educação matemática tem mostrado que, a nível nacional, as práticas de ensino da Matemática no Ensino Fundamental continuam a ser dominadas por uma visão tradicionalista. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 149 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 O objetivo deste trabalho de pesquisa foi identificar as formas de inserção dos jogos lúdicos como recurso pedagógico para as aprendizagens em Matemática na 5ª ano do Ensino Fundamental. Pretende-se analisar a utilização desses recursos numa perspectiva construtivista correlacionando os jogos lúdicos aos conteúdos de forma teórico-prática no ensino da Matemática. Neste estudo considerar-se-á a relação entre os jogos lúdicos e o conhecimento lógico-cognitivo no ensino fundamental, com o intuito de contribuir com indicações para integrar o ensino da Matemática aos jogos lúdicos. 2 REVISÃO DE LITERATURA Conforme Piaget (1984, p. 44), o jogo lúdico é formado por um conjunto linguístico que funciona dentro de um contexto social; possui um sistema de regras e se constitui de um objeto simbólico que designa também um fenômeno. Portanto, permite ao educando a identificação de um sistema de regras que permite uma estrutura sequencial que especifica a sua moralidade. Friedman (2000, p. 41) considera que “os jogos lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo”. Assim, nesta perspectiva, os jogos lúdicos se assentam em bases pedagógicas, porque envolve os seguintes critérios: a função de literalidade e não literalidade, os novos signos linguísticos que se fazem nas regras, a flexibilidade a partir de novas combinações de ideias e comportamentos, a ausência de pressão no ambiente e a ajuda na aprendizagem de noções e habilidades. Desta forma, existe uma relação muito próxima entre jogo lúdico e educação de crianças para favorecer o ensino de conteúdos escolares e como recurso para motivação no ensino às necessidades infantis. Os jogos lúdicos oferecem condições ao educando de vivenciar situações-problemas, a partir do desenvolvimento de jogos planejados e livres que permitam à criança uma vivência no tocante às experiências com a lógica e o raciocínio, permitindo atividades físicas e mentais ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 150 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 que favorecem à sociabilidade e estimulam as reações afetivas, cognitivas, sociais, morais, culturais e linguísticas. Machado (1966 p. 29) salienta, que a interação social implica transformação e contatos com instrumentos físicos e/ou simbólicos mediadores do processo de ação que são possíveis no contato direto com o jogo. Esta concepção reconhece o papel dos jogos para formação do sujeito, atribuindolhe um espaço importante no desenvolvimento das estruturas psicológicas do raciocínio rápido e estruturado nas atividades operacionais. De acordo com Vygotsky (1984 p. 27): É na interação com as atividades que envolvem simbologia e brinquedos que o educando aprende a agir numa esfera cognitiva. Na visão do autor a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às regras. Quando os alunos não se habituam ao processo de abstração lógica na Matemática, situando a problemática, na constante reclamação dos professores de que a criança não realiza as tarefas em sala de aula, é fundamental que o professor possa diagnosticar o problema, quando não se tratar de alguma disfunção da criança. Cabe também o professor observar a sua atuação em outras disciplinas. É fundamental perceber, por exemplo, se a criança gosta de música, de leitura animada, de teatro etc., e se consegue desenvolver satisfatoriamente outras atividades educativas. O professor deve oferecer formas didáticas diferenciadas, como atividades lúdicas para que a criança sinta o desejo de pensar logicamente. Isto significa que ela pode não apresentar predisposição para gostar da disciplina e por isso não se interessa por ela. Daí, a necessidade de programar atividades lúdicas na escola. Os jogos não são apenas uma forma de diversão, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter o seu equilíbrio com seu mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Os jogos tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, porque através da manipulação de materiais variados, ela poderá reinventar coisas, reconstruir objetos. Os jogos são uma ótima proposta pedagógica na sala de aula, porque proporcionam a ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 151 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 relação entre parceiros e grupos, o que é um fator de avanço cognitivo, pois durante os jogos a criança estabelece decisões, conflita-se com seus adversários e reexamina seus conceitos. Goleman (1999, p. 203) desenvolveu o conceito de inteligência emocional e salienta: “A preparação da criança para a escola passa pelo desenvolvimento de competências emocionais – inteligência emocional – designadamente confiança, curiosidade, intencionalidade, autocontrole, capacidades de relacionamento, de comunicação e de cooperação”. 3 METODOLOGIA DA PESQUISA O estudo bibliográfico centrar-se-á nas contribuições teóricas de vários autores que realizaram artigos, dissertações e teses sobre as formas de utilização do lúdico em sala de aula, em situações de jogos. Conforme Martins (2000, p. 28): “trata-se, portanto, de um estudo para conhecer as contribuições científicas sobre o tema, tendo como objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas existentes sobre o fenômeno pesquisado”. A pesquisa tem caráter exploratório e , segundo Martins (2000, p, 30) “se constitui na busca de maiores informações sobre o assunto com a finalidade de formular problemas e hipóteses”. O estudo tem base descritiva das características apresentadas pelos vários autores sobre a importância dos jogos lúdicos, bem como o estabelecimento de relações entre variáveis e fenômenos educativos em uma análise correlacional. Conforme Martins (2000, p. 28), “a análise correlacional busca a identificação de fatores em relação a outro, a partir de comparações entre os diversos estudos com a finalidade de estabelecer parâmetros de análises”. A caracterização dos sujeitos da pesquisa se compôs na delimitação de alunos do 5ª ano do ensino fundamental, a partir dos métodos de análises das pesquisas bibliográficas, tendo como base diversas correlações com a teoria construtivista para a realização de um estudo interpretativo e analítico. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 152 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 4 PROBLEMATIZAÇÃO O problema de socialização das crianças nas redes da escola pública reflete-se na diversidade cultural, fazendo com que o trabalho pedagógico do professor se torne ainda mais difícil quando seus alunos são oriundos das classes populares. Aos educadores de bairros periféricos que se deparam com imensas diversidades culturais, o ensino qualitativo requer uma visão da necessidade de novas experiências educativas que tenham por base os componentes socializadores e integradores para situar a criança no espaço da escola. O índice de evasão escolar é explicado por Castro (1992) como uma falta de capacidade da escola de constituir um universo escolar socializado, participativo e interativo, pelo contrário, o modelo educativo escolar é seletivo e fragmentário nas atividades educativas. Neste sentido, o jogo lúdico pode ser considerado como uma estratégia de interação social em situações diversas para a promoção de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a autoestima. 5 JUSTIFICATIVA Nos últimos dez anos, os debates sobre o construtivismo têm fomentado discussões e reflexões sobre o jogo lúdico na escola. As análises apontam para a necessidade de utilizá-los porque está diretamente ligado às necessidades da criança. Apesar de alguns construtivistas apresentarem razões diferentes para a introdução do jogo lúdico na educação de crianças do ensino fundamental, existem concepções consolidadas em amplas experiências pedagógicas que comprovam que os jogos lúdicos favorecem a construção das representações internas do conhecimento, e no processo da aprendizagem da Matemática, contribui para o benefício combinatório no comportamento, conforme Vigotski (1994), na ativação da zona de desenvolvimento proximal. Com os problemas de aprendizagem e dificuldades dos educandos no raciocínio lógico matemático, poucos educadores se arriscam a trabalhar pedagogicamente com os jogos ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 153 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 lúdicos no ensino da Matemática porque desconhecem as formas de correlacionar conteúdos e ações aplicadas de experiências. Assim, acredita-se que com a inserção dos jogos lúdicos como recurso didático para a criação de um ambiente acolhedor e interativo, oportuniza buscar soluções mais adequadas para as situações de dificuldades no aprendizado da Matemática, para que os educandos possam ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos, dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de perguntas e respostas, da construção de objetos e brinquedos etc. Para isso, justifica-se a realização deste Projeto de Pesquisa, com a hipótese de que os jogos lúdicos podem favorecer as singularidades entre as crianças de diferentes idades em suas diversidades de hábitos, costumes, valores, crenças e etnias ampliando suas experiências de socialização. Nessa perspectiva, os jogos lúdicos e a mediação do professor poderão propiciar espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e as capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento da Matemática. 6 CONCLUSÃO Observa-se atualmente que os espaços escolares estão explicitamente mudando suas concepções nas etapas de ensino/aprendizagem, considerando a responsabilidade da mediação do professor para que de fato ocorra a aprendizagem significativa, e, que o aluno por sua vez, possa apoderar-se do conhecimento, em se tratando da “Utilização dos jogos lúdicos como instrumento construtivista no ensino da Matemática”, mesmo que ainda alguns educadores relutem para se adequarem. Ao explorarmos os pressupostos teóricos dos autores para este trabalho, vê-se que a ludicidade é de fundamental importância para e na compreensão, mudança de atitudes, comportamentos, cooperação, costumes, entre outros, complementando as capacidades cognitivas de crianças nas mais diversas idades, respeitando o tempo, espaço e entendimentos singulares de cada um em suas especificidades. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 154 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 148-155 ISSN 18094589 Considera-se que a forma tradicional de ensinar está praticamente ultrapassada, e não proporciona uma aprendizagem satisfatória, mudando assim a concepção de ensinar e aprender, fomentando o interesse por parte do professor/aluno, e, que possam interagir com mais prazer, em aprender e ensinar, nas mais diversas áreas do conhecimento no ensino de Matemática utilizando jogos. Dessa forma, podem-se utilizar vários recursos metodológicos que contemplem resultados significativos em se tratando de aprendizagens, que propiciem motivação, interesse e participação de ambas as partes. E trabalhar com jogos lúdicos, significa aguçar não só o raciocínio lógico, bem como para uma nova construção de conhecimentos, favorecendo a vivência de situações de forma crítica e que aprendam a lidar uns com os outros, provocando-os a novos desafios construtivistas e concretos. Para tanto, acredita-se que evidenciará o encorajamento do aluno, para gostar de e aprender a Matemática em todos os sentidos, e dar sentido aos seus conhecimentos adquiridos. 7 REFERÊNCIAS CASTRO, C. M. E quem avalia os professores? .Belo Horizonte: Ciência e Cultura, 1992. FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. GIANSANTI, Carlo. Matemática e jogos lúdicos. Campina, São Paulo: Martins Fontes, 1988. GOLEMAN, Daniel. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. São Paulo: Graffex, 1999. MACHADO, Nílson José. Matemática e educação: alegorias, tecnologias e temas afins. São Paulo: Cortez, 1966. MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2 ed,. São Paulo: Atlas, 2000. PIAGET, J. A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1959. VIGOSTKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 155