distúrbios tireoideanos e paratireoideanos mais

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Trabalho 440
DISTÚRBIOS TIREOIDEANOS E PARATIREOIDEANOS MAIS PREVALENTES
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE SINOP – MT ENTRE FEVEREIRO E JULHO
DE 2010
Autores: Roberta Krause Romero1, Karenine Maria Holanda Cavalcante2, Fernanda Caroline Corrêa
Guedes3, Pacífica Pinheiro Cavalcanti 4, Ana Lucia Sartori2, Raquel Santos Brito 5.
INTRODUÇÃO: Ao longo dos últimos dois séculos, com os processos de transição epidemiológica e
demográfica, ocorreu uma mudança importante no perfil de morbimortalidade da população mundial,
com predomínio de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Entre essas patologias estão inclusas
doenças cardiovasculares, neoplasias, distúrbios endócrinos e metabólicos e doenças respiratórias
crônicas. Os distúrbios endócrinos são comuns e têm como diferencial a capacidade de afetar a função de
todos os sistemas orgânicos do corpo. De acordo com a Distribuição da Morbidade Hospitalar no SUS por
Grupos de Causa, o número de habitantes acometidos, por alguma doença endócrina, nutricional ou
metabólica no Brasil é de 283.671(2,51%), sendo, dentre esses, 29.103(3,17%) na região Centro-oeste, e
desses, 4.013(2,19%) no estado do Mato Grosso 1. OBJETIVO: Identificar os distúrbios tireoideanos e
paratireoideanos mais prevalentes entre fevereiro e julho de 2010 no Sistema Único de Saúde (SUS) da
cidade de Sinop-MT; e identificar dados demográficos da população acometida pelas patologias
prevalentes identificadas. METODOLOGIA: Pesquisa descritiva, quantitativa, que foi realizada
inicialmente por meio da identificação das doenças tireoideanas e paratireoideanas nos ROA’s (Registro
Obrigatório de Atendimento) de Sinop-MT, e posteriormente foram coletados dados adicionais dos
prontuários dos pacientes identificados, que se encontram no Pronto Atendimento Municipal (PAM) de
Sinop, com a finalidade de realizar uma análise retrospectiva dos referidos dados. Destarte, parte da
pesquisa foi realizada na Secretaria de Saúde da cidade de Sinop e parte no PAM. Constituíram amostra,
os prontuários de pessoas com doenças tireoideanas e paratireoideanas que realizam consultas na cidade
de Sinop, custeadas pelo SUS, entre fevereiro e julho de 2010, e que foram encontrados nos arquivos do
PAM, resultando em 115 prontuários. Esta incluiu prontuários de pessoas em qualquer faixa etária e sexo,
e não foram excluídos prontuários de pessoas que possuem outra patologia paralelamente. A coleta de
dados foi realizada no período de abril a julho de 2010, guiada por um questionário, a fim de obter
informações como: dados de identificação e demográficos do paciente, classificação do distúrbio e
tratamento utilizado. Contudo, obteve-se grande dificuldade na coleta das informações devido à falta de
dados registrados nos prontuários, somado à dificuldade na compreensão da caligrafia do médico
endocrinologista. Outro empecilho encontrado foi a não padronização na classificação das causas dos
distúrbios tireoideanos dos pacientes, além disso, a maioria dos prontuários não apresentava a etiologia da
patologia. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e organizados em tabelas e
gráficos. A pesquisa respeitou todos os preceitos éticos descritos na Resolução 196/96 determinada pelo
Ministério da Saúde. O estudo foi desenvolvido após ser analisado e deliberado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos (protocolo Nº 785/CEP-HUJM/10). RESULTADOS: As limitações das
pesquisas que utilizam dados secundários devem ser consideradas na leitura desta pesquisa, ressaltando-se
o sub-registro em prontuários médicos. Na literatura, há referências de que o hipertireoidismo é o segundo
distúrbio endócrino mais prevalente, perdendo apenas para o diabetes mellitus2, porém, neste estudo, foi
demonstrado o contrário, mas sem contradizer tal informação, visto que apenas 12,28% dos distúrbios
tireoideanos pesquisados eram hipertireoidismo. No entanto, nove prontuários que indicavam
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Enfermeira. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Mestre. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Doutora. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. 1895
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. E-mail:
[email protected].
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hipotireoidismo eram em decorrência de uma tireoidectomia realizada para tratamento de
hipertireoidismo. Em pesquisa realizada no Nordeste Brasileiro 3, o hipotireoidismo também foi mais
prevalente, e os dados demográficos encontrados no hipertireoidismo foram semelhantes aos encontrados
nessa pesquisa, sendo as mulheres (85,7%) na faixa etária entre 24 e 59 anos (57,14%) as mais afetadas.
O hipotireoidismo apareceu em 87,72% dos prontuários que apontavam distúrbios tireoideanos. Houve
registro de distúrbio paratireoideano em apenas um prontuário, sendo o hipoparatireoidismo. A
concentração sérica de TSH é o melhor teste de função tireóidea devido à sua elevada sensibilidade e, em
decorrência disso, foi o exame mais solicitado para acompanhamento e diagnóstico dos distúrbios
tireoideanos. Apesar do nível do T3 ser um indicador mais exato do hipertireoidismo de acordo com a
literatura2, ele foi solicitado em apenas um prontuário de um paciente com hipertireoidismo. Os testes por
imunoensaio para anticorpos antitireóideos são identificados como positivos em 100% dos casos de
tireoidite de Hashimoto, e nesse estudo, foram solicitados nos cinco pacientes que apresentaram tal
patologia. A ultrassonografia (ou ecografia) de pescoço, pode ser utilizada para confirmar os resultados de
outros exames diagnósticos, ficando em terceiro lugar dentre os exames mais solicitados nessa pesquisa,
sempre estando associado à outros exames. Pode ocorrer tanto hipotireoidismo quanto hipertireoidismo
na tireoidite, por isso a mesma etiologia se repetiu nos dois distúrbios da pesquisa. Apesar de raro, como
consta na literatura4, o adenoma hipofisário apareceu registrado em dois prontuários, porém um deles
apresentou hipotireoidismo devido à realização de duas exéreses do tumor, de acordo com os registros.
Ambos os pacientes eram do sexo masculino e adultos. Os nódulos de tireóide normalmente não são
capazes de captar iodo e produzir hormônio tireóideo, que foi o caso do paciente registrado, pois ele
apresenta hipotireoidismo. O PAAF (punção biópsia com agulha fina) é fundamental para detectar se o
nódulo é canceroso, e no prontuário do paciente havia registro da solicitação desse exame. Para
tratamento do hipertireoidismo, os antitireoideanos são muito utilizados, pois diminuem a produção de
hormônio pela tireóide, enquanto que os beta-bloqueadores são utilizados para amenizar os sintomas, sem
alterar a produção dos hormônios. Na pesquisa, a medicação mais utilizada foi o propranolol
(betabloqueador) e o tapazol (antitireoideano). Como tratamento definitivo, a literatura aponta a
tireoidectomia e o iodo radioativo. De acordo com os registros, dois pacientes com hipertireoidismo
fazem o tratamento com radioiodoterapia, e um outro paciente já fez e hoje possui, por conseqüência,
hipotireoidismo. Nove pacientes realizaram tireoidectomia e hoje tratam hipotireoidismo. Concordando
com a literatura3, o hipotireoidismo foi mais prevalente entre as mulheres (94%) com faixa etária entre 24
e 59 anos (77%). Apesar de não haver registro de altura nos prontuários para que se pudesse verificar o
IMC (Índice de Massa Corporal) dos pacientes e identificar sobrepesos, no geral, 65,2% apresentaram
peso maior ou igual à 65kg. Conforme já abordado anteriormente, alguns pacientes com Doença de
Graves ou Bócio Multinodular Tóxico são submetidos à tireoidectomia ou radioiodoterapia a fim de
reverter o quadro de hipertireoidismo, e acabam por desenvolver um hipotireoidismo. Nessa pesquisa,
verificaram-se dez pacientes que se encaixam nesse quadro. Uma criança e sete adolescentes
apresentaram hipotireoidismo, sendo um número considerável em uma amostra relativamente pequena, o
que reforça a importância do Teste do Pezinho descrito na revisão literária. De acordo com a literatura 4, a
medicação mais utilizada para tratamento do hipotireoidismo é a levotiroxina, sendo que há três nomes
comerciais para ela: Puran T4, Euthyrox e Synthroid. Dos 100 pacientes que apresentam hipotireoidismo,
66 tratam com Puran T4, dois com Euthyrox, dois com Synthroid e dois com radioiodoterapia. Em 24
prontuários não havia registro do tratamento. Dentro da amostra estudada, apenas um prontuário
apresentou distúrbio da paratireóide, sendo o hipoparatireoidismo. O paciente é do gênero feminino,
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Enfermeira. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Mestre. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Doutora. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. 1896
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. E-mail:
[email protected].
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apresenta 53 anos e faz tratamento com Puran T4 e Cálcio. De acordo com o Ministério da Saúde, não
existem dados epidemiológicos brasileiros de incidência ou prevalência desta doença1. CONCLUSÃO: A
tireóide é uma das mais importantes glândulas do corpo humano, pois esta é responsável pelo controle de
diversas funções do organismo. Em decorrência disso, merece atenção especial, pois quando não tratadas,
suas disfunções afetam muito a qualidade de vida dos pacientes. Pôde-se observar, nos resultados e
discussão, que a pesquisa apresentou dados compatíveis com os da literatura, reafirmando principalmente,
a faixa etária e o gênero mais acometidos pelos distúrbios descritos. O enfermeiro encontra-se em uma
posição privilegia na saúde coletiva, podendo proporcionar o diagnóstico precoce dos sinais e sintomas
das discutidas patologias por meio da realização de um exame físico eficaz durante a consulta de
Enfermagem. Portanto, o desenvolvimento deste estudo, entre outras contribuições, proporciona
conscientização para ser dada uma maior atenção às disfunções tireoideanas e paratireoideanas na
Atenção Básica, diagnosticando-as mais precocemente, contribuindo para um maior sucesso no
tratamento e evitando possíveis complicações. Através dessa pesquisa, espera-se estimular o enfermeiro a
cada vez mais conquistar sua autonomia por meio do conhecimento e da assistência de qualidade.
REFERÊNCIAS:
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Distribuição da Morbidade Hospitalar no SUS por Grupos de Causa,
na UF, Região a que pertence a UF e no Brasil – 2006. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/CadernoDF.pdf>. Acesso em: 5 set. 2009.
2. SMELTZER, S. C.; BARE, B.G. Brunner & Suddarth, tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Pág
1282-1317. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
3. Pontes, A.A.N et.al. Prevalência de doenças da tireóide em uma comunidade do Nordeste Brasileiro.
Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46/5:544-549. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abem/v46n5/13400.pdf Acesso em: 5 set. 2009.
4. HALPERN, A. Endocrinologia e metabolismo. Vol.2.Seção 17. pág 3362-3611. In:LOPES, A.C.
(editor) Tratado de Clínica Médica.São Paulo: Roca, 2006.
Descritores: Doenças da Glândula Tireóide; Prevalência; Enfermagem
Área temática: Políticas e práticas em Saúde e Enfermagem
Eixo temático: Interfaces da ciência de enfermagem, em tempos de interdisciplinaridade, com a
transculturalidade e a cidadania.
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Enfermeira. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Mestre. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop.
Enfermeira. Doutora. Professora. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. 1897
Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso/Campus de Sinop. E-mail:
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