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Sérgio Moreira dos Santos, www.informacaoutil.com.br
TRABALHO SOBRE
Resumo da
história da
Filosofia
Matéria: Filosofia
Professor: Drº
Aluno: Sérgio Moreira dos Santos,
RA: 304395781.
___º do Curso de Direito, período noturno.
UNIBAN
Data: 08/04/2003.
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ÍNDICE:
Os primeiros filósofos .............................................. 3
Definição da história da filosofia .............................. 4
Método da história da filosofia ................................. 7
Utilidade da história da filosofia ............................... 22
História da história da filosofia ...............................
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ENCICLOPÉDIA
SIMPOZIO
(Versão em Português do original em Esperanto)
© Copyright 1997 Evaldo Pauli
COMO PENSAVAM
OS PRIMEIROS FILÓSOFOS
INTRODUÇÃO GERAL À HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
A filosofia, como qualquer outro saber, é um acontecer, que um dia teve
seu início, e depois uma duração, e portanto uma história.
Tal como as coisas físicas e ações humanas em geral, também o saber é
objeto estudado pelo historiador.
No campo da história do saber importa particularmente o da história da
filosofia, a qual aqui é abordada introdutoriamente, apresentando logo a seguir
também a história dos primeiros a fazerem filosofia, de acordo com o título
Como pensavam os primeiros filósofos.
Dali resulta o sequencial didático seguinte:
Introdução geral à história da filosofia (texto aqui em andamento);
Cap. 1. Pensamento pré-helênico;
Cap. 2. Origem propriamente dita da filosofia;
Cap. 3. Escola jônica antiga;
Cap. 4. Escola jônica nova;
Cap. 5. Escola pitagórica;
Cap. 6. Escola eleática;
Cap. 7. Escola atomista.
Uma introdução a uma ciência é meramente formal, quando se limita a
mostrar como o fluxo dos conhecimentos se desenvolve do ponto de vista apenas
logístico. Nada decide conteudisticamente a introdução sobre o que a referida
ciência se propõe pesquisar, retendo-se apenas no como deva fazê-lo.
Os temas que se propõem numa introdução se concentram de costume na
definição da ciência em questão e no método que utiliza.
No final a introdução costuma acrescer uma consideração sobre a
utilidade da referida ciência e um pouco de sua história. Estes aspectos já são
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conteudísticos, mas são apresentados apenas como adiantamentos de efeito
didáticos e pedagógico.
Insistindo sobre os itens introdutórios indicados, compete, pois, à lógica, ciência meramente formal, - definir e determinar o método, ou seja, dividir,
compor, classificar, e mostrar como argumentar. Por acréscimo, advertir para a
utilidade da história da filosofia e para a história desta história da filosofia.
Dali resulta que a presente introdução à história da filosofia oferece os
seguintes artigos introdutórios:
1. Definição da história da filosofia;
2. Método da história da filosofia;
3. Utilidade da história da filosofia.
4. História da ciência da história da filosofia.
ART. 1-o. DEFINIÇÃO DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
A história da filosofia como ciência positiva. Busca a história mostrar,
por meio de dados do presente, a existência de um passado.
Seu ponto de vista formal, ou seja essencial, é a temporalidade. Portanto, a
história é sempre cronológica.
As coisas que se temporalizam não são o tempo, e por isso se dizem
apenas o objeto material da história. Considerando que os objetos materialmente
se multiplicam, enquanto o ponto de vista formal da temporalidade se mantém o
mesmo, resulta que a história se divide materialmente em muitas historias
especiais, dentre as quais uma é a história da filosofia, conservando-se uma só
grande ciência da história.
Prova-se a existência de um passado a partir de algo presente, que tenha
alguma possibilidade de advertir sobre aquele passado. Podem falar do passar os
documentos, e ainda qualquer outro objeto no qual tenha ficado o referido sinal.
Chama-se monumento aquilo que de algum modo exprime documentalmente o
passado.
Diz-se que a história é uma ciência positiva, porque os documentos são
operados a nível da experiência. Assim, pois, é a história da filosofia um provar,
a partir do presente, de um pensamento filosófico se desdobrando desde um certo
momento do passado.
12. Definição de filosofia. Não se confunde a história da filosofia com a
própria filosofia historiada. É a filosofia apenas o objeto material historiado.
Contudo, não é possível historiar a filosofia sem conhecer a esta
primeiramente. Eis uma condição prévia a que o historiador da filosofia se deve
submeter. Na história de coisas mais concretas, como por exemplo, a história dos
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acontecimentos políticos, é mais fácil entender este objeto. Mas, quando se trata
da historia de uma coisa mais abstrata, como a ciência, todo o conhecimento
prévio do objeto se apresenta como uma preliminar importante. Importa esta
preliminar sobretudo no caso das ciências da filosofia.
Como se define a filosofia? É a filosofia o estudo das coisas, pela sua
natureza intrínseca. Eis a filosofia pela sua definição essencial.
Diz-se definição essencial a que indica o objeto pelos elementos
principais que compõem o definido. A definição essencial é, pois, a que
apresenta ao objeto pela sua natureza intrínseca, ou natureza profunda, ou
natureza última, ou natureza fundamental, ou causas últimas, ou causas
primeiras, ou mesmo causas intrínsecas.
Diferentemente, a ciência positiva somente atinge o experimentável;
deste sorte não vai além das relações extrínsecas, as quais são capazes de ser
dimensionadas e expressas matematicamente.
Apreciável é também a definição descritiva, que define pelo que a coisa
tem de mais característico. Então, a filosofia é o estudo das coisas pelos seus
elementos meramente inteligíveis e não alcançáveis diretamente pela experiência.
No mesmo sentido, a filosofia é o estudo do residual. Define-se agora a
filosofia pelo que resta, após a investigação experimental da ciência positiva. A
experiência constata, por exemplo, que umas coisas vêm depois das outras, mas
não consegue constatar diretamente se efetivamente ocorre causalidade; eis um
assunto típico da filosofia, a qual pergunta por estas causalidade, que se colocou
por conseguinte como o residual a ser indagado.
Em decorrência de uma e outra modalidade de definição, a filosofia
estuda os mais variados temas, mas sob um ângulo que lhe é próprio.
O caráter eminentemente racional do seu método não permite à filosofia
alcançar aquela segurança peculiar aos conhecimentos mais objetivos da ciência
positiva, a qual se encontra mais próxima dos fatos, podendo sempre testar seus
resultados.
Compreende-se então que o pensamento filosófico, ainda que também
testável na coerência interna de sua logicidade, varie bastante de indivíduo para
indivíduo, sobretudo de tempo para outro tempo, e ainda de uma região do
mundo para outra, as vezes até de cidade para cidade, de indivíduo para
indivíduo.
Por isso tudo, a história da filosofia não é apenas a história do sistema
filosófico como tal, e sim ainda acidentalmente também a história da filosofia
por filósofos individualmente e a história da filosofia por países.
Distinção entre filosofia da história e história da filosofia. É a filosofia da
história simplesmente uma filosofia, ou seja, uma filosofia sobre o tempo.
Diversamente a história da filosofia não é uma filosofia, mas uma ciência
positiva. Neste sente sentido se pode falar em história da filosofia da história.
Colocada a advertência sobre a diferença entre filosofia da história e história da
filosofia, chegamos às seguintes definições:
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Filosofia da história é o estudo da temporalidade vista em sua mesma
intrinsecidade, ou seja em sua essência; pode, portanto, tentar considerações
específicas, acima do nível meramente experimental. Eis um campo vasto e até
curioso, mas que se desenvolve como setor da filosofia natural, com ligações
com a metafísica, inclusive com a religião.
Diferentemente, a história, - quer geral, quer especial como a história da
filosofia, - trata da temporalidade verificada apenas experimentalmente,
mostrando por exemplo, com dados presentes, que existiu um passado. Então se
pratica a ciência positiva da história; esta é a história como se a entende
ordinariamente, e como se pratica na assim chamada história da filosofia.
Como ciência positiva, a história tende a medir matematicamente os
fenômenos explorados. Então a linguagem se expressa com termos abstratos,
como hora, dia, semana, mês, ano, século, milênio.
As medidas se expressam mais concretamente, quando se dizem em
função à variações realizadas na mesma realidade histórica. Então as medidas
mais conhecidas são as que dizem fase, período, época, era (vd 0335y018).
A história é genética quando seu objeto em si mesmo é dinâmico, com
fluxo de causa e efeito, e este fluxo é historicamente determinado.
O pensamento não é apenas uma ordenação de fenômenos. Ele se
apresenta com operações em interação. Neste sentido a história investiga os
fatores que operaram os fenômenos; no caso da história da filosofia, ela investiga
os fatores que operam no seu desenvolvimento.
A história não se limita nem só aos fenômenos; mas também estes têm sua
história. Nem cuida apenas da genética causal dos fenômenos. Ambos os
elementos constituem a história, como duas partes importantes, e é preciso saber
manipular uma e outra destas partes, dando destaque, ora a uma, ora a outra,
conforme o principal interesse oferecido.
Os fatores da história se distinguem em internos (ou intrínsecos) e
externos (extrínsecos). Agem os fatores internos a partir de dentro das mesmas
operações, no caso das operações; as idéias poderão influenciar, neste sentido,
todo o pensamento de uma época, ou mesmo fundar uma nova época.
Os fatores externos agem na história do pensamento filosófico, pela
alteração das circunstâncias; a presença de um grande filósofo, a fundação de
uma universidade, a mudança do quadro político dominante, as imposições de
uma guerra santa, o aparecimento da Inquisição Romana, a descoberta de novos
continentes, descobertas tecnológicas, a globalização da economia, etc.,
constituem fatores extrínsecos capazes de influenciar o desenvolvimento
histórico da filosofia.
Didaticamente, a história escrita exaustivamente, - como mega e hiper
história, - tem a mesma seriedade da história elaborada em dimensão resumida, como em microhistória, e também na hipermicro-história. Geralmente quando a
exposição se torna vasta, ela procura ser exaustiva, completa, tanto nos
argumentos, como ainda se estendendo a um campo maior historiado.
No caso da microhistória a preocupação se dirige à seleção, advertindo
para o que mais importa na argumentação, como ainda para a realidade mais
importante.
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É notório que não podemos historiar tudo, porquanto a vida é curta e os
acontecimentos, bem como os sujeitos por eles atingidos são imensamente
numerosos; em consequência há a aceitar a imposição de um limite. Neste
sentido, a história feita pelos homens é eminentemente seletiva, ainda que não o
seja ela por si mesma. Se as moscas soubessem fazer a ciência histórica, ocuparse-iam primeiramente de suas ninharias, depois passariam aos estábulos, e nunca
iniciariam na pré-história do homo-sapiens.
Na presente megahiper-história a intenção é contudo exaurir o tema da
história da filosofia em escala considerável. Por isso, em contrapartida se
procedeu ao outro texto, em dimensão micro.
Concluindo sobre a definição, - ficou, portanto, firme, que a história da
filosofia é o estudo do pensamento filosófico, enquanto se desenvolve
temporalmente.
Também ficou esclarecido que a matéria da história da filosofia é o
pensamento filosófico, ou seja, da filosofia simplesmente como sistema
temporalizado.
Neste sentido, não inclui, senão acidentalmente, a história biográfica dos
filósofos e a história dos seus países.
Em vista da solidariedade das coisas, que mutuamente se influenciam, a
história da filosofia muitas vezes se relaciona com estas outras circunstâncias
exteriores à ela mesma. Estes outros elementos, embora secundários, ilustram e
esclarecem a história total das doutrinas.
ART. 2-o. MÉTODO DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
Do ponto de vista meramente formal, o método da história é relativamente
simples, porquanto prova com dados presentes a existência do passado. O
método integral divide e compõe, - analisando e sintetizando, - revelando os
componentes e definindo os todos.
Mas o passado importa em ser medido ao longo do curso do tempo. É
quando a história passa a complicar-se metodologicamente, tanto na análise,
como na síntese.
A determinação da temporalidade dos fatos se complica quando se trata de
medir o tempo ao longo do seu curso. Medir o tempo, eis o lado mais trabalhoso
da história, a qual não se contenta em provar a existência do passado, e quer
ainda determinar a que distância ele fica.
Numa técnica mais concreta o tempo é determinado por épocas, períodos,
fases. Em uma outra técnica, mais abstrata, o tempo é medido em números
matemáticos, que determinam segundos, horas, dias, semanas, meses, séculos,
milênios.
§1. Divisão da história da filosofia.
20. Tudo começa pela divisão da história. O ordenamento dos elementos
da história se procede atendendo separadamente à divisão meramente formal da
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temporalidade e à divisão material dos acontecimentos. para somente depois
compor e advertir para o geral.
Assim sendo, há a dividir, tanto no campo no formal da temporalidade, onde está o objetivo principal, porquanto situa os elementos ao longo do seu
passado, - como no campo material das coisas historiadas. Não fica, então, a
história apenas um amontoado de fatos conhecidos, mas ainda um ordenamento.
Sobretudo o ordenamento material dos fatos se apresenta complexo e
difícil. A dispersividade da imensidão dos fatos da história obriga à uma
trabalhosa divisão material dos seus fatos.
Então a divisão material distingue entre história geral e história especial.
Destaca-se a divisão: história universal (de todos os países) e história por países
(de uma região).
Também pode ocorrer a divisão por pessoas, como a dos filósofos,
considerados ,ora em grupos, ora individualmente.
I - Diretrizes a atender na divisão da história da filosofia.
23. A divisão meramente formal, ou seja essencial, da história é a que
divide a própria temporalidade. Se formalmente o objeto da história da filosofia é
a temporalidade das idéias filosóficas, sua divisão formal se dá, portanto, por
espaços temporais. Estes espaços temporais podem ser denominados, ou mais
abstratamente, por denominações mais abstratas e matematizadas como século e
milênio, ou por denominações mais concretas como época, período, fase.
As divisões históricas formais podem dar-se simplesmente, indicando o
tempo em absoluto, ou já combinadas com a divisão material, para dizer que
ocorrem em tal e tal objeto, por exemplo, da filosofia, da arte, da política, etc..
24. Ainda que queiramos principiar pela divisão formal da história da
filosofia, - porque ali se encontra a essência da história, - temos de advertir
imediatamente também que a mesma história da filosofia já é uma divisão
material da história em geral.
Assim sendo, já participa a história da filosofia do que se diz da história
em geral. Por isso é que falamos, por exemplo, em filosofia ao tempo do Império
Romano, e não apenas na filosofia daqueles séculos.
É aliás importante conhecer a integração total da história, até porque a
história de umas coisas esclarece a de outras.
Prossegue em seu próprio campo a divisão material da história da
filosofia. Destaca-se a divisão dimensional: história geral da filosofia, história
especial da filosofia, por temas filosóficos.
Ordinariamente, a história da filosofia se divide materialmente (pelos
objetos ou temas estudados) e formalmente pelo tempo percorrido (épocas,
períodos, fases). Esta divisão, que já vem da história em geral, adquire algumas
características no campo das idéias.
Todas as historias especiais da divisão material se unem formalmente,
pelo seu ponto de vista essencial, a temporalidade. Procuram todas medir seu
objeto, do ponto de vista da duração e da alteração temporal.
26. Materialmente, a história da filosofia se redivide. Eis quando importa
atender primeiramente divisões mais na base da mesma filosofia e divisões de
ordem menos profunda.
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Mais substancialmente, a divisão material da filosofia se procede por seus
sistemas, escolas, correntes.
Mais acidentalmente, se divide em história da filosofia por filósofos e
história da filosofia por países.
Esta ordenação material, como já se disse, não é a história formalmente,
por não se referir diretamente à temporalidade mas à matéria historiada.
Todavia esta divisão material é de frequente uso didático, por que ela
administra os temas em conjuntos disciplinares adequados à possibilidade de
abordagem por parte do estudioso, bem como ainda atende aos interesses
regionalizados das pessoas.
A divisão material evidentemente importa, porque, - como se disse, ordena o material histórico e interessa diferentemente ao estudioso.
27. Como já se advertiu, a divisão material do acontecer filosófico poderá
ter diferentes níveis de importância, em que uns são mais substanciais e outros
mais acidentais.
A divisão pelos resultados obtidos no plano da verdade, - eis um ponto de
vista apreciável. Ainda que seja um ponto de vista extrínseco ao aspecto
meramente histórico, o resultado obtido influencia a ordenação material da
história da filosofia.
Aquilo que se considera errado, ou que se manifesta superficial e sem
qualificação apreciação, menos atrai ao historiador, do que o pensamento
vigoroso de um grande filósofo. Todavia, por mais importante que seja a questão
da verdade, esta, na história, é apenas um ponto de vista de divisão material.
Não tem a história como objeto formal dizer se, quem filosofou, atingiu
como resultado a verdade, ainda que indiretamente diga algo a respeito; o objeto
formal da história continua sendo sempre o de mostrar, por meio de dados
presentes, a existência de um passado; por isso as história da filosofia permanece,
mesmo no caso dos sistemas, indagando, o que efetivamente neste sentido se
filosofou no passado. A seletividade dos fatos mais proeminentes da história da
filosofia, sob o critério de uma melhor verdade dos mesmos, não pertence já à
mesma história.
Entretanto já lhe pertence mostrar que houve idéias que mais
influenciaram sobre o filosofar no curso do tempo, ou sobre a formação de um
sistema filosófico. Precisamos não confundir esta outra seletividade dos fatos,
com a seletividade meramente valorativa, que faz escolher materialmente entre o
muito, o que a nós se apresenta com mais mérito de verdade.
Ainda ligada ao resultado no plano da verdade, a história da filosofia se
divide em correntes de pensamento, aderindo alguns a esta, outros àquela, outros
ainda a outras e outras correntes.
Eis uma divisão material muito útil e vastamente usada na distribuição
material dos temas historiados.
Corrente se refere simplesmente à identidade de direção doutrinária. Com
vistas a exemplificar, dizemos que, através dos tempos, sobretudo nos tempos
modernos, se destacaram duas correntes - a do empirismo e a do racionalismo.
Importa ao historiador advertir, quando foram estas as correntes dominantes, e
quando foram outras, por exemplo políticas, sociais, religiosas.
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Eventualmente em certas épocas as divisões materiais, em filosofias
especiais, podem oferecer maior ou menor significação. A filosofia social, por
exemplo, é típica dos tempos modernos, e não tanto da Idade Média, quando
dominaram as preocupações metafísicas. Adverte-se também com referência à
filosofia clássica, a tendência dos estudos da natureza, pelos pré-socráticos, dos
estudos morais, pelos socráticos e pós-socráticos.
Circunstâncias extrínsecas menos significativas do ponto de vista
meramente filosófico, - como a divisão por filósofos e a divisão por países, podem, por tais razões merecer destaque.
A divisão que diz História universal da filosofia, em contraste com
história especial da filosofia por países, vê a história da filosofia, ora como um
fenômeno ocorrido internacionalmente, ora com acontece em cada pais
regionalmente.
É muito especial a divisão da história da filosofia abordada por filósofos
individualmente.
São também especiais as divisões da história por escolas, quando ocorre a
coesão de um grupo de filósofos.
Entende-se por escola um grupo de pessoas de pensamento homogêneo
com alguma relação entre si, como de mestre para discípulo. Acidentalmente a
homogeneidade é reforçada pela unidade geográfica com as antigas escolas présocráticas.
Dados os diferentes interesses nacionais aos quais serve a filosofia,
importa acautelar nos contra deformações capazes de ocorrer nas histórias da
filosofia. A filosofia, tal como a ciência, se destina a transformar a realidade.
Entretanto, pode ao mesmo tempo ser manipulada, inclusiva sua história está
sujeita a esta deformação.
Consciente e inconscientemente a deformação da história da filosofia tem
sido obra de organizações ideológicas, como de partidos, religiões, ordens
religiosas, grupos sindicais, editoras interessadas em vender.
Em princípio a ideologia importa muito, pois este é o objetivo central da
filosofia em si mesma. É próprio do homem desenvolvido ter uma ideologia
criticamente desenvolvida, como sistema sustentado em argumentos. Todavia,
não pode o interesse ideológico deformar a história como um fato acontecido.
Há um evidente interesse subjetivo maior do leitor para com os filósofos e
as filosofias do país e da língua a que pertence; ali ocorre uma seleção avaliativa.
Mas esta seleção subjetiva, ainda que válida, não significa que uma história
objetiva da filosofia possa colocar simplesmente em destaque aos filósofos de
seu país e língua; importa sempre estar consciente de que se trata de uma seleção
a partir de um critério externo.
Uma história da filosofia com visão nacionalista, ou mesmo patriótica,
tem como primeiro resultado a deformação da informação, e cria a impressão de
que em filosofia determinado país e respectiva língua se destacaram mais do que
a realidade acontecida.
Com frequência os verbetes de enciclopédias em língua nacional têm sido
maiores para os filósofos nacionais, que para os de outra nação. Se formos aos
verbetes das enciclopédias das nações prejudicadas, vamos verificar o mesmo
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fenômeno pela inversa. Em vez de formarem aos seus consulentes com o padrão
da humanidade, o fazem com padrões entre si opostos. Resulta finalmente a
deformação mental, quando não as condições para o conflito.
Assume caráter especial, porque tem caráter temporal, a divisão
valorativa: formação, apogeu, decadência.
Costuma-se com esta divisão determinar a época como um todo; para
distinguir cada período pela atribuição de um destes valores, e que não
significando diretamente a temporalidade, parecem denominar apenas
materialmente. Todavia, trata-se de referências ao tempo concreto.
Finalmente, fase é parte do período. De novo se trata efetivamente de uma
divisão da temporalidade por meio de uma referência concreta importante, e
capaz ainda de ser anotada.
Entretanto, apesar de todos os demais aspectos de caráter material, deve o
método da história da filosofia prestigiar em primeiro lugar a sequência
formalmente histórica, isto é, da especifica sequência temporal, advertindo para
épocas, períodos, fases, tudo dentro do rigor cronológico.
II - Uma divisão formal (temporal) para a história da filosofia.
31. Pertence ao historiador descobrir a cronologia dos fatos. Ainda que
outros já tenham feito este trabalho, compete a cada historiador aprender como
isto se faz.
A divisão cronológica do passado é um fato não diretamente conhecido,
mas que se estabelece a partir de dados conhecidos no presente, de onde se parte
para o passado.
Colocada a divisão formal em primeiro plano, as demais divisões
materiais costumam ser subordinadas a ela.
32. Eventualmente, a divisão cronológica da historia geral da filosofia
obedece mais ou menos a sequência temporal da história política e da civilização
em geral.
Há pois uma filosofia da época antiga, outra da época medieval,
finalmente outra da época moderna, do mesmo modo como há uma história
política antiga, outra da Idade Média, outra moderna.
Trata-se de uma coincidência verificada como fato. Não se trata de uma
coincidência resultante de simples imitação. Nem é uma coincidência inventada
por motivo de comodidade didática.
Este acordo sincrônico acontece por causa da costumeira interação dos
procedimentos do homem. Evidentemente quando ela não se mostra rigorosa, é
advertida pelo bom historiador.
Esta unidade formal entre as ciências históricas se deve ainda a uma certa
unidade material contextual entre os objetos. Dali resulta a solidariedade entre a
história geral dos acontecimentos sociais e a história das idéias.
Pelo visto a unidade formal dos acontecimentos, se fundamenta na própria
coerência total da realidade das coisas. Resulta, que as épocas, períodos e fases
da história da filosofia podem coincidir mais ou menos com as mesmas medidas
acontecidas na história de outros fatos, sobretudo os políticos.
Não obstante o sincronismo dos acontecimentos, há uma interação entre
eles, em que as idéias assumem uma ligeira liderança. Nas grandes mudanças da
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história, as idéias costumam ir um tanto à frente, sobretudo na cabeça dos líderes,
dos inventores de técnicas, dos filósofos mais sutis.
34. Épocas da história da filosofia. A divisão temporal da história da
filosofia em épocas, estabelecida pela ciência da história, como é geralmente
admitida pelos historiadores, acompanha de perto as grandes maneiras de dividir
a história dos acontecimentos em geral. Isto mostra um certo relacionamento
entre os acontecimentos e as idéias. Eis uma descoberta importante, e que
valoriza a filosofia. Atenda-se para o quadro, a seguir:
I - Filosofia antiga (século 6 a.C. ao século 5-o d.C., ou queda de Roma,
em 476). É denominada também filosofia grega e romana, ou simplesmente
greco-romana.
A expressão filosofia antiga contém literalmente a filosofia oriental, persa,
hindu e chinesa. Mas, não havendo esta filosofia oriental se constituído em ponto
de partida linear definido, não expressa o início histórico propriamente dito da
filosofia ocidental, e que foi a que primeiro se globalizou posteriormente.
Adequadamente se inicia pela história da filosofia grega e esta como tendo
um período pré-helênico tão só no Ocidente asiático (Ásia Menor, Mesopotâmia,
Pérsia) e Egito (África).
II - Filosofia medieval (séc. 6 a séc. 15, ou seja, da queda de Roma (476) à
queda de Constantinopla (1453).
III - Filosofia moderna (séc. 16 aos nossos dias).
Periodização das épocas antiga, medieval e moderna da história da
filosofia. Redivide-se cada época em períodos e os períodos em fases.
Didaticamente, pode-se estudar estas redivisões à maneira de rápida
antecipação, para depois aprofundar o tema, quando cada parte for estudada em
separado. Nesta antecipação didática os períodos mais antigos e respectivas fases
poderão ser mais destacados.
Redivide-se a filosofia antiga, ou seja da época antiga, em função a
Sócrates, em pré-socrática (de quando só restam fragmentos e referências
doxográficas), Socrática, Pós-socrática (vd 0335y141).
No período pré-socrático se desenvolveram escolas filosóficas em
diferentes regiões do mundo grego, bordado em todo o contorno do Mediterrâneo
antigo.
Mas, antes que ditas escolas pré-socráticas surgissem, houve um
pensamento, ao qual se pode tratar, como pré-helênico, de caráter mítico e que
deixou heranças culturais, com efeitos que perduraram nas religiões e mesmo na
filosofia. Havendo, pois, deixado efetivamente alguns traços, no evolver histórico
da filosofia, o pensamento pré-helênico deve ser também estudado.
Com referência às escolas pré-socráticas, estas se dividiam entre si
materialmente, mas cada uma teve um desenvolvimento cronológico, geralmente
de duas fases. Mencionam-se:
Escola jônica antiga, - de que o primeiro filósofo foi Tales de Mileto (c.
624 - 548 a.C.);
Escola jônica nova, - com seu principal representante em Heráclito;
Epígonos da escola jônica, - entrando já no período socrático;
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Escola eleática, - na qual se destacou Parmênides;
Escola itálica (ou pitagórica), - marcada pela figura de Pitágoras;
Escola atomista, do norte da Grécia, - com o erudito Demócrito;
Sofistas, - grupo de transição.
Enquanto os primeiros pré-socráticos se concentraram nos estudos da
natureza, os sofistas, como Demócrito e Górgias, encaminharam os estudos
humanos, peculiares ao período seguinte.
No período socrático a filosofia alcançou o esplendor, com as figuras
notáveis de Sócrates (469 - 399 a.C.), Platão (427-347 a.C.), Aristóteles (384-322
a.C.). Cada um dos três filósofos como que representa uma fase, que termina com
a morte dos respectivos em 399 ; 347; 322 a.C.
Ao mesmo tempo continuaram as escolas pré-socráticas remanescentes,
cujos epígonos conviveram com os três grandes nomes – Sócrates, Platão,
Aristóteles.
No período pós-socrático se desenvolveu a filosofia em todo o mundo
helênico-romano. Com mais propriedade, houve uma fase pós-socrática
exclusivamente helênica, seguida de uma fase pós-socrática helênico-romana.
No período tiveram inicialmente destaque as escolas epicurista (de
Epicuro), estóica (de Zenão), cética (de Pirro). Continuaram, como
remanescentes, os platônicos (da Academia) e os peripatéticos (do Liceu).
Na fase helênico-romana ocorreram, além das precedentes, as escolas
neopitagórica (continuadores do antigo Pitágoras) e neoplatônica (esta de
Plotino), ambas com profundas conotações religiosas.
Manifestam-se na fase helênico-romana já uns primeiros filósofos judeus,
- com destaque Filon, - e uns primeiros filósofos cristãos (chamados também
patrísticos), - de que o mais expressivo foi Santo Agostinho (354-430).
Aplicada a classificação em termos de período de formação, de período de
desenvolvimento (ou apogeu) e período de decadência (ou final), a periodização
da filosofia grega se deu da seguinte forma, dizendo-se:
o primeiro, - o pré-socrático, - como período de formação;
o segundo, - o socrático, - como período de apogeu;
o terceiro, - o pós-socrático, - como período de decadência.
No período de formação dominaram os problemas cosmológicos; no
segundo os metafísicos; no terceiro os de ética e religião.
Todavia não se deve exagerar a fisionomia decadente do terceiro,
porquanto o período helênico foi, sob muitos aspectos, progressivo e
especializante. Foi gerador mesmo das novas formas de judaísmo, inclusive de
suas variantes, o cristianismo e, ainda que tardiamente, o islamismo.
Nem se deve exagerar a diferenciação quanto à distribuição dos temas.
Sobre o primeiro período quase tudo desapareceu, ficando o historiador sem
informações precisas. No segundo também se explorou o social, o estético, a
história, que foram peculiares do terceiro período.
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A redivisão da filosofia medieval (476-1453) oferece uma clara distinção
entre seu período de formação, de seu apogeu (século 13 e início do 14), de seu
final.
Materialmente ocorreu a nítida divisão em filosofia latina, bizantina,
árabe.
A Europa Ocidental, à base de um povo novo, especulou em torno do
pensamento grego e a herança cristã. Dali resultou a escolástica latina.
No Oriente grego se desenvolveu uma filosofia continuadora quase direta
da antiga, dada a facilidade de acesso aos textos de sua mesma antiguidade.
Nos países maometanos cultivou-se o transcendentalismo platônico,
todavia muito próximo de Aristóteles.
O Ocidente latino se aristotelizou mais tarde, já sob influência árabe. O
primeiro grande aristotélico do Ocidente cristão foi Tomás de Aquino (12251274).
Entre os bizantinos se destacou Pseudo-Dionísio (séc. 6-o), com reflexos
logo no Ocidente.
Um grande árabe foi Averróis (1129-1198), que atuou na Espanha dos
mouros, e foi sobretudo um aristotélico.
A filosofia moderna diferenciou-se da medieval pela atenção dada aos
problemas gnosiológicos. A solução destes tomou rumos subjetivistas, em função
de cujos desenvolvimentos se dividiu em dois períodos, o cartesiano e o
kantiano.
Também se destaca a divisão em duas correntes paralelas, a do
racionalismo e a do empirismo.
Além disto o desenvolvimento das ciências positivas, impulsionadas por
Galileu (1564-1542) e outros cientistas, libertou o homem de falsas
conceituações em física, biologia, psicologia, religião, que haviam lesado
profundamente a filosofia anterior.
O primeiro período da filosofia moderna teve como fase de formação a
Renascença, e que se caracterizou pelo tumulto criado pela novidade dos
métodos e dos temas, muitos deles tomados aos autores clássicos.
Ainda aconteceu a partir da Renascença o contato com as filosofias do
Extremo Oriente, e que os missionários e filósofos do Ocidente não conseguiram
abalar. Convém tratá-las primeiramente como pensamento pré-moderno oriental;
o que segue havendo cabe historiar sincronicamente, quer mostrando o que no
Oriente continua acontecendo, em interação com o Ocidente, quer no mesmo
Ocidente, como sobre este atua, em interação, o Oriente.
Segue-se a fase principal do primeiro período moderno, caracterizado pela
ênfase no problema gnosiológico, do qual se fez depender sistematicamente o
sistema filosófico como um todo. Trata-se da fase cartesiana do primeiro período
moderno da filosofia; em vista da influência de Renato Descartes neste novo
impulso de idéias, passou-se a dar ao todo o nome de Período cartesiano. O
marco ficou sendo seu Discurso do método, 1637.
Destacaram-se duas correntes filosóficas, as quais, - como já se adiantou, dividiram materialmente as filosofias modernas em duas direções, - o
racionalismo de Descartes (1596-1650), dito pai da filosofia moderna, seguido
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por Espinosa (panteísta) e Leibniz; o empirismo de Francisco Bacon (15611626), seguido por Hobbes, Locke, Hume e enciclopedistas franceses.
A fase final do primeiro período da filosofia moderna coincide mais ou
menos com o século das luzes, acontecido entre 1688 (Gloriosa Revolução) e
1789 (Revolução Francesa). Esta fase final do primeiro período vai portanto
desde o fim do século de Descartes, até a maturidade de Kant, ao publicar a
Preleção de 1770.
Neste espaço aconteceu a evolução da filosofia racionalista, com
Malebranche, Spinoza, Wolff, Leibniz, e a evolução do empirismo de F. Bacon,
com Hobbes, Locke, Hume, Enciclopedistas franceses, Rousseau.
No segundo período moderno da filosofia, denominado kantiano, se
projetam primeiramente o idealismo, de Kant (1724-1804), seguido por Fichte,
Schelling, Hegel, que levaram ao extremo o racionalismo cartesiano.
Sem demora, também o empirismo anterior assume novas formas no
positivismo de Comte (1798-1857), que deu novas feições ao empirismo. A este
início se reduz a fase de formação do segundo período da filosofia moderna.
Sucedem-se com mais rapidez novas fases do segundo período da filosofia
moderna, além de muito variadas. Dentro de cada corrente se desenvolveram
fases independentes em relação às fases de outras. É só advertir para as filosofias
de Karl Marx (materialismo dialético), Bergson (intuicionismo), Husserl
(fenomenologia), Scheler (filosofia dos valores), James e Dewey (Pragmatismo),
Dilthey (historicismo), Georg Simmel (relativismo), Bertrand Russel
(positivismo), Heidegger, Sartre, Jaspers, Marcel (estes três, existencialistas), a
que tudo se deve juntar também a escolástica renovada.
III – Em especial sobre a história da filosofia por filósofos.
47. Não existe ciência senão em cabeças individuais. Ainda que o enfoque
específico da história seja essencialmente o cronológico, situando os fatos ao
logo do tempo, o condicionamento acidental das idéias filosóficas é muito
grande. A consequência é que a história da filosofia se prende muito aos mesmos
filósofos e aos países.
Uma enciclopédia de história da filosofia é quase dominada pelos verbetes
de filósofos e países onde a filosofia mais foi cultivada. Não obstante, - apesar da
dominância da nominata dos filósofos e dos seus países na enciclopédia de
história da filosofia, - é preciso ver tudo principalmente sob a perspectiva
cronológica das idéias em si mesmas, enquanto elas mesmas fizeram história.
Os filósofos são como os poetas. Uns e outros são melhor entendidos a
partir de suas biografias. Para entender adequadamente ao poeta, importa saber
algo de suas vivências; e assim para compreender o filósofo é importante atender
às influências que determinaram seu pensamento.
É a filosofia uma ciência rigorosa, tanto quanto a ciência experimental.
Surpreende dizer isto, porque a filosofia costuma apresentar-se com grande
divergência em seus resultados, quando a ciência experimental caminha por
veredas as quais progridem com muito mais determinação. Também a ciência
experimental se exerce com limitações. Só que, na ciência experimental a
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limitação costuma ser a simples ignorância, enquanto na filosofia a limitação é o
erro, que é uma ignorância maior.
Se todos os filósofos filosofassem com rigor, deveriam chegar a um
resultado único, o que entretanto não acontece por causa de acidentes de percurso
no seus respectivos modos de pensar. O trabalho do filósofo é meramente
racional, podendo facilmente desviar sua atenção das conexões lógicas entre os
elementos sobre os quais pondera, e então se desvia. Cada qual dos filósofos tem
seus motivos pessoais de desatenção: limitações da capacidade de pensar,
influências da imaginação, preferências temperamentais, pressões culturais,
tradições religiosas, interesses pessoais, etc.
Ora, por uma solicitação, ora por outra, e assim por outras e outras, vai se
perdendo o filósofo no enredado descaminho da grande cidade do espírito. Este
fato desacredita bastante aos filósofos, profissionais ou não profissionais (pois
todo o ser humano é um filósofo), mas não deve desacreditar a filosofia em si
mesma, porquanto sem ela não é possível viver.
A história da filosofia em geral e dos filósofos individualmente mostra
como em cada momento a luta do pensamento racional tentou caminhos. Sobre a
mesma questão somente um poderá ser o caminho verdadeiro, e muitos os falsos.
Mas antes de se decidir sobre qual o verdadeiro, todos os caminhos se
apresentam como hipóteses a examinar.
Tanto o caminho verdadeiro, como os caminhos falsos, tiveram todos o
seu momento de importância. Por isso, por mais desencontrados caminhos se
apresentem ao historiador, todos eles oferecem um instante útil. Mesmo depois
de se definir a diferença entre a hipótese verdadeira e as falsas, estas outras
continuam tendo a condição de históricas. Tudo aquilo que hoje se considera
definitivamente reduzido ao mito, continua tendo sua validade histórica, porque
algum dia foi tomado como verdade.
Cada um de nós, ao tentar o seu próprio caminho, andará mais seguro, se
perguntar como têm andado os outros, que em nosso tempo, quer no passado.
Neste sentido útil - conhecer aos caminhos dos outros para saber caminhar
melhor, - uma Enciclopédia de História da Filosofia apresenta aos filósofos
individualmente, cuidando de suas biografias, orientando-as no sentido de
facilitarem a compreensão do seu pensamento. Neste sentido, coloca em primeiro
lugar a biografia propriamente dita do filósofo, para imediatamente nomear seus
escritos.
Finalmente, visando já a filosofia em si mesma, o filósofo tem de ser
enquadrado dentro de um sistema de pensamento, ao qual ele seguiu e ao qual
promoveu.
Seleção. Dado o grande número de filósofos,- porquanto todos devemos
ser filósofos, e os que chegam a um certo destaque são numerosos, - impõe-se
uma seleção ao se tratar de uma história da filosofia a partir deles.
Os critérios então se apresentam os mais variados, porque os filósofos se
destacam pelos mais diferentes motivos, - uns pelo valor da verdade atingida,
outros pela quantidade de escritos, outros pela influência eventual, outros pela
aceitação subjetiva dos seus apreciadores, e assim por diante.
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Portanto, a seleção far-se-á pela eliminação pura e simples de nomes
menos significativos, com a manutenção de outros, chamados principais.
Dadas as dimensões de uma enciclopédia, poderá ela apresentar um
número considerável de filósofos, devendo pois discriminá-los entre si pela
maneira como são apresentados.
Os critérios de seleção deverão ser, antes de tudo objetivos, mas não sem
alguma atenção aos subjetivos. Entre os critérios objetivos coloca-se em primeiro
lugar o valor intrínseco do pensamento conduzido pelo filósofo.
O tratamento da filosofia se condiciona bastante pelo sucesso com que os
próprios filósofos a conduziram, quer pela força do valor intrínseco de suas
ponderações, quer por outras eventuais forças de influência para levar os leitores
ou ouvintes a convicção. Dali a importância da história individual de cada
filósofo, e com isso da história da filosofia em geral.
Também é critério objetivo a influência que um filósofo exerceu, qualquer
seja o seu valor intrínseco. Esta influência no desenvolvimento da filosofia
poderá ter ocorrido apenas em seu país e então é suficiente para determinar sua
inclusão. Entretanto o valor intrínseco é sempre o maior.
Eventualmente, a importância dominadora de uma língua e o poder
propagandístico de suas editoras poderá ter dado maior destaque e influência a
filósofos de pensamento inferior; ainda então sua influência foi também objetiva,
mesmo que o valor intrínseco seja menor ao de filósofos menos propagados.
O critério se torna subjetivo quando o eventual redator de uma
enciclopédia, situado em determinado país, ou no campo de uma determinada
língua, se interessa por isso mesmo pelos filósofos de seu país e de sua língua.
Importante critério subjetivo é o pedagógico, em virtude do qual cada país
dá maior texto aos filósofos de seu país e de sua língua nacional; neste campo se
colocam a maioria das enciclopédias filosóficas, as quais, portanto, não são antes
de tudo objetivas.
Também é subjetivo o critério que elege em função a ideologias, que são
frequentes no plano político e religioso. Por último, importa ainda o critério
subjetivo, pelo qual se tornam presentes filósofos de todos os países.
Uma enciclopédia, ao tratar dos filósofos individualmente, obedece antes
de tudo a um critério objetivo, evitando portanto as acomodações pedagógicas e
os interesses ideológicos. Procura aos filósofos pelo seu valor intrínseco e pela
sua atuação no desenvolvimento da filosofia. Por menos significativos que sejam
os pensadores de alguns países, importa lembrar alguns deles, para que o
panorama dos filósofos se apresente universal.
O modo de apresentar aos filósofos variará, a fim de que se revele a
diferença entre o grande filósofo e o pequeno; este modo de apresentar pode
revelar-se na maior extensão de notícias para os mais significativos e mais breve
para os que o são menos. Mas este procedimento nem sempre se torna adequado,
sobretudo quando a vida do filósofo foi menos complexa, ou as notícias a seu
respeito são poucas.
Para avaliar se podem usar expressões que expressamente digam: "filósofo
notável", "psicólogo famoso", "historiador criterioso da filosofia", "principal
filósofo de seu país", ou ainda "chefe de escola".
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Com referência a colocação doutrinária merecerá destaque o situamento
gnosiológico do autor, porquanto ela condiciona o restante.
IV – Em especial sobre a história da filosofia por países.
Com referência à história da filosofia por países, ela importa porque as
circunstâncias destes influenciaram a própria filosofia, como também
inversamente a filosofia os influiu.
Além disto, a filosofia é um interesse dos respectivos países, e então
importa mais uma vez conhecer qual o efetivo desenvolvimento alcançado em
cada um.
Assim sendo, uma Enciclopédia de história da filosofia introduz verbetes
especiais para a filosofia por país, e em casos especiais examina os sistemas
filosóficos referenciando-se aos países em que tiveram maior desenvolvimento.
Ainda que a história universal da filosofia seja o objetivo final pleno, todo
o universal se justifica a partir das unidade concretas dos países e finalmente dos
indivíduos que filosofam.
Dentro desta maneira de ver, a história universal da filosofia supõe a
história especial, por países, inclusive por filósofos tratados individualmente.
Sobre o desenvolvimento didático da história da filosofia de um país há a
atender como criar os artigos introdutórios, e depois como desenvolver a mesma
história da filosofia deste país.
Artigos introdutórios. Didaticamente é possível distinguir entre
exposições introdutórias (ou artigos) à filosofia de um país, e a história efetiva da
filosofia deste país.
São introdutórios artigos de caráter geopolítico mais gerais, depois
geopolíticos mais específicos:
- 01. Generalidades: denominação, índice, bibliografia, mapas, figuras, aspectos
geopolíticos mais gerais;
- 02. Línguas usadas no país pela filosofia.
- 03. etnia
- 04. religião;
- 05. Estado independente e história.
- 06. Universidade e instituições filosóficas;
- 07. Historiadores do pensamento e filosofia do país e da filosofia em geral;
- 08. Resumo da história da filosofia do país].
- 09. Nominata numerada de filósofos;
Antecipam-se os artigos introdutórios ao texto pleno sobre a filosofia do
país, o qual atende ao desenvolvimento sistemático do todo; para este fim utiliza
a numeração de -10 em diante; mas até -039 para o desenvolvimento sistemático
da história da filosofia do país em geral; dali para a frente, até -99, quando for o
caso, para o desenvolvimento por região, Estado e cidade.
Alguns detalhes sobre os artigos, começando pelos introdutórios, merecem
atenção.
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Generalidades: denominação, índice, bibliografia, mapas, figuras,
aspectos geopolíticos.
Neste quadro importa particularmente o texto geopolítico, porque
apresenta preliminarmente o panorama geográfico (dimensão territorial) e
humano (população), dentro do qual a filosofia aconteceu e continua
acontecendo, dele sofrendo externamente as influências.
Este texto tem ainda o objetivo didático de ordenar a linguagem,
integrando o país tratado, sobretudo seus nomes topográficos, no cotidiano de
quem passa a estudar sua filosofia.
Idioma. Certamente o idioma influencia o pensamento filosófico, as vezes
para personalizá-lo, outra vez para prejudicá-lo.
É o idioma geralmente uma criação da sabedoria popular. Todo o idioma
nacional costuma ser folclórico. Com o evolver da cultura, emerge do idioma a
linguagem científica e o vocabulário filosófico. Finalmente a língua pode ser
racionalmente planejada, como é o caso do Esperanto.
O termo idioma se refere melhor ao fenômeno folclórico da fala
regionalizada, do que o de língua; por isso o texto geopolítico usa dizer idioma
oficial e não língua oficial.
Adverte-se para a língua, ou línguas em que, no país, se escreve a
filosofia. Por exemplo, a filosofia em francês no Canadá, ao lado da filosofia em
inglês; ou ainda o exemplo da Bélgica, com filosofia em francês e em flamengo.
Ocorre ainda a presença do latim, ao lado da língua nacional.
Crescerá o uso da língua internacional Esperanto, e que em diferentes
países já conta com textos filosóficos.
Etnia de muitos modos influenciou, no passado, a estrutura cultural de um
povo, inclusive de sua agressividade e estupidez, não raro confundida com
patriotismo.
Pode a etnia predeterminar o idioma, a religião, o Estado nacional; decorre
dali dever-se estar atento à etnia, quando se estuda a filosofia de um país. Estas
atenção deve ir sobretudo para o passado, que ficou sendo um fato histórico
definitivo. Mas no futuro já não terá a mesma importância, dada a globalização
da humanidade, inclusive das etnias.
Religião. No passado a religião resultou da crença fácil em interpretações
deficientes de fenômenos não bem conhecidos. Mais uma vez nos encontramos
diante de um fenômeno folclórico, porque resultante da limitada sabedoria
popular.
Todavia, a partir da religião popular emerge a progressão teológica e
finalmente parte considerável da filosofia. A história da filosofia de qualquer país
sempre foi condicionada pela religião, sobre a qual importa por conseguinte uma
informação geopolítica.
Estado independente e história nacional. Completa-se a informação
geopolítica, advertindo para o país como unidade independente, isto é, como
Estado, e que tem uma história no curso do tempo, mais acidentada para alguns
povos, mais longa e estável para outros. Importa atender a partir de quando as
nações atuais vivem e crescem com independência política e esforço de
desenvolvimento, inclusive no campo da filosofia.
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No passado, quando se punha o conceito de nacionalidade acima do de
humanidade, prevaleceu o maquiavelismo das razões de Estado, provocando-se
as guerras de conquista. A mentalidade colonialista fez com que os países melhor
sucedidos subordinassem outros, em vez de operarem pela cooperação. Muitos
povos tiveram sua independência interrompida e o seu desenvolvimento afetado.
Paradoxalmente, o colonialismo, apesar dos efeitos negativos da
interrupção da independência, provocou quase sempre também o
desenvolvimento, o qual continua depois da independência com impulso ainda
maior. Isto aconteceu principalmente quando o povo dominador era notoriamente
mais evoluído, e portanto capaz de transferir algo.
Quando se faz história pura e simples, se evita quanto possível o
julgamento valorativo; evita-se também aqui, quanto possível, vituperar as ações
dos poderosos agentes do colonialismo.
Aliás todos os povos, ora na posição de vencidos, ora na de vencedores,
têm tido um passado de vilania. Mesmo quando vencidos, tenderam voltar para o
que eram, - vilões predadores uns dos outros. O que importa saber na história do
desenvolvimento, é a diferença de que uns têm sido mais capazes que outros em
dar ao seu colonialismo algum progresso ao país colonizado.
Os grandes conglomerados colonialistas foram sucessivamente sendo
implodidos uns pelos outros. Quando implodiram os últimos, as nações modernas
adquiriram sua independência, ao mesmo tempo que passaram a cuidar de sua
interdependência com instrumentos mais democráticos.
As regiões de um país (Estados, Províncias, Territórios) e grandes cidades
poderão receber também seus respectivos artigos, em que as informações
seguirão o caminho similar ao que foi seguido pela unidade nacional.
A abordagem da filosofia em um Estado federado, ou e uma província, ou
em uma cidade terá apenas variações didáticas secundárias, mas que podem ser
suficientemente significativas, para serem consideradas pelo historiador.
Universidade e instituições filosóficas. É na universidade que se ensina a
filosofia. Foi pela Universidade que a filosofia rapidamente se instalou, a partir
do século 19, em todos os países do mundo, e o respectivo pensamento nacional
passou do seu estágio folclórico ao nível crítico.
Em cada país a universidade teve uma origem e desenvolvimento que
determinaram profundamente a historia de sua filosofia e do pensamento crítico
em geral.
As instituições filosóficas se configuram na forma de academias e
sociedades de filosofia, revistas de filosofia e edições de livros de filosofia, nos
eventos como congressos de filosofia. Por estes instrumentos se mantêm a
filosofia, que se torna fermento catalisador do pensamento em geral.
Importa ainda abordar a legislação sobre o ensino da filosofia no país.
Historiadores da filosofia. Em filosofia por países importa uma alusão
aos historiadores da filosofia nele praticada.
Adicionalmente, ainda, se pergunta por aqueles que, pertencendo à
comunidade filosófica do país, também trataram da história da filosofia em geral.
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Resumos. São úteis os resumos de filosofia, porque informam
didaticamente sobre um todo maior a ser alcançado por etapas.
Nominata numerada dos filósofos de cada país. O conhecimento
perfeito é claro com referência ao objeto em si mesmo e distinto, enquanto
distingue dos demais. Assim sendo, importa, no estudo da filosofia por países,
quais foram os filósofos de uns e de outros.
Neste sentido, didaticamente, convém formar a nominata numerada dos
filósofos de cada país. Importa ainda apresentar estes nomes completos (nome e
sobrenome), ordenados também em sequência puramente cronológica de
nascimento.
Os nomes dos filósofos podem aleatoriamente ser acompanhados de
títulos, como rei, papa, conde, dom, frei, professor (prof.), denominação da
ordem religiosa (por exemplo SJ, OP. OFM), - o que tudo pode sugerir do
contexto em que se encontram.
Na sequência cronológica em que os filósofos se encontram, é possível
também redividi-los por milênio, século e mesmo por década. Importam
sobretudo os séculos que se ligam à divisão por época: antiga, medieval,
moderna.
A nominata numerada dos filósofos pouco se refere à qualificação na
ordem da importância.
Sobre a história efetiva de um país. Concluído o trabalho introdutório à
história da filosofia de um país, vem finalmente a sua efetiva história.
O texto de uma história da filosofia por país tratará da mesma como um
acontecimento geral, e logo a seguir como se regionaliza.
No início de cada caso importa um título costumeiro Origens da filosofia
no país... e respectivamente Origens da filosofia na região...
Com referência à capital do país, terá ela ordinariamente primazia no
tratamento regionalizado.
Um grande Estado federado (por exemplo, Estado de Nova Iorque), é
tratado no mesmo molde como um país: generalidades, Universidades e
Instituições filosóficas, etc.
O estudo regionalizado poderá ser omitido quando o país é de extensão
reduzida.
Com referência aos movimentos filosóficos em um país, eles se
distinguem uns contra os outros, por exemplo, entre racionalistas e empiristas,
entre realistas e idealistas.
Cada um destes movimentos possui uma história interna, a qual importa
também determinar. Por exemplo assim, o kantismo no Brasil; o cartesianismo
em Portugal; o krausismo na Espanha.
Outra vez citados nominalmente, os filósofos não são agora destacados
pela sua posição cronológica, mas pelo que defenderam.
Quando o filósofo nasce em um país e atua em outro, poderá ser arrolado
na lista dos filósofos do seu país do nascimento; mas quando o filósofo teve
especial atuação em outro país, poderá arrolado mais uma vez neste outro país.
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Transformações geopolíticas podem obrigar à referências especiais. Se for
o caso de uma cidade suficientemente conhecida, poderá bastar o nome desta.
Por exemplo, Heráclito de Éfeso, em vez de Turquia. Kant, nascido em
Koenigsberg, em vez de nascido na Rússia, país para o qual foi passada esta
cidade depois da guerra de 1939-1945.
Dada a proximidade entre a filosofia por países e a filosofia por filósofos
individualmente, a flexibilidade dos arranjos didáticos e editoriais permite
ordinariamente duas formas fundamentais de filosofia por país:
- Filosofia de um país, sistematicamente (sem os filósofos individualmente);
- Filosofia de um país, acrescida dos filósofos individualmente.
A primeira forma, a sistemática, se refere aos filósofos apenas
eventualmente, conforme forem operando no processo de desenvolvimento da
filosofia em seu país. Neste caso aparecem principalmente quando indicados
como representantes de escolas e correntes filosóficas.
A segunda forma destaca aos filósofos, os quais são por isso tomados
individualmente.
Importa advertir ainda para o caráter acumulativo da filosofia por países.
Ordinariamente os países se justapõem, quase sempre como se um nada tivesse a
ver com o outro.
Concluído o estudo da filosofia em determinado país, segue logo o de
outro, como se fosse outro livro.
Em cada modalidade, distinguem-se ainda as dimensões: o mesmo texto,
ora em resumo, ora em redação ampla.
Finalmente a filosofia se torna um fenômeno globalizado.
Descentralizada, passou a ser universal, cada vez menos européia, ainda que
também européia e com mérito europeu.
O fenômeno da globalização teve início com a descoberta das novas vias
marítimas, mas ocorreu principalmente quando as comunicações se tornaram
muito frequentes, sobretudo rápidas, pela via eletrônica.
Contudo, apesar da globalização homogeneizante, a filosofia de cada país
é ainda a filosofia daquele país. Assim como os indivíduos humanos,
praticamente iguais, são pessoas distintas, também os países, mesmo depois de
totalmente unificados, são os respectivos países.
Continua pois sempre válida no futuro a história da filosofia por países.
ART. 3-o. UTILIDADE DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
Para que serve a história da filosofia? Efetivamente o saber também pode
ser útil, mesmo a filosofia, muito mais que de ordinário estamos habituados a
julgar.
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Importa considerar a questão primeiramente sob o ponto de vista
meramente temático, portanto do objeto, ou da matéria tratada; esta, na filosofia,
e portanto também na história da filosofia, é certamente eminente.
Depois importa considerar também a filosofia, e assim também sua
história, no contexto geral de todas as ciências.
Por último há ainda a considerar a história da filosofia sob o ponto de vista
subjetivo, como mestra da vida.
Eminência do tema. Do ponto de vista meramente temático, a filosofia, e
portanto também a história da filosofia, é certamente eminente, - conforme já foi
proposto.
Decorre, evidentemente, a importância da história da filosofia
diretamente da natureza de seu objeto material, ou seja, da natureza daquilo que
ela trata, a filosofia.
O pensamento filosófico é efetivamente muito significativo, não podendo
ser colocado em nível inferior ao pensamento científico, apesar da importância
prática também deste para o desenvolvimento humano.
E nem é a história da filosofia inferior à história dos acontecimentos
políticos, não obstante à relevância destes últimos.
Validade como saber absoluto e como saber em relativo às demais
ciências. Do ponto de vista meramente formal de ciência, a história da filosofia é
interessante em si mesma (como saber absoluto) e interessante para as demais
ciências (como saber relativo, em função às outras ciências).
Primeiramente importa destacar que, a história da filosofia é útil como
saber absoluto. Sem a história nada se saberia do túnel do tempo, no qual desde
sempre teria existido algo, sem se sabermos disto.
Como é interessante saber como nós mesmos pensávamos antes.
Igualmente assim é interessante sabermos de como outros pensaram, até mesmo
porque seu pensamento atuou sobre nós, em termos de aprendizado.
A erudição dos homens chamados sábios se manifesta pelos muitos
conhecimentos na área da história da filosofia.
A história da filosofia é também útil em relativo, porque umas ciências
completam as outras. Ainda que em primeiro lugar tenha que ser vista como um
saber absoluto, em si mesmo, determinando simplesmente como se filosofou no
passado, - a história da filosofia admite ainda, tal como acontece com qualquer
outra ciência, ser apreciada por uma série de outras vantagens, e que determinam
sua utilidade, inclusive força de mercado.
Considerando globalmente a utilidade do saber, importa advertir para a
utilidade funcional de qualquer uma de suas espécies. Considerando que as
ciências separam por abstração aquilo que em concreto forma um só todo, cada
ciência tem como utilidade a de comparecer como uma em meio de muitas. Neste
sentido, as ciências filosóficas completam as ciências positivas, como estas, as
positivas, completam as filosóficas.
Pela sua utilidade funcional, umas ciências completam as outras.
Efetivamente, as ciências se dividem por abstração. Mas não devem no plano
concreto do saber as partes abstratas se manter sempre isoladas.
23
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As diferentes soluções alcançadas pelo pensamento, e que a história da
filosofia apresenta, servem também como hipóteses, que no presente se podem
continuar a examinar, com novos recursos e novas atenções.
Metodologicamente, o saber sobre coisas complexas, ocultas e difíceis
tenta o caminho da hipótese mais provável. Ora, cada filosofia apresentada pelos
muitos filósofos poderá ser vista como diferente hipótese a examinar. Muitos
filósofos divergentes entre si são, sob este ponto de vista, representantes também
das correspondentes hipóteses.
O conhecimento, de que historicamente houve muitas opiniões
divergentes, nos adverte que importa mais cuidado. Assim procedendo a partir da
história, a filosofia metodicamente conduzida poderá ter mais chances de
finalmente alcançar uma conclusão efetivamente conclusiva.
A consequência da diversidade de opiniões faz com que se conheça de
cada opinião a sua contrária, ou mesmo contraditória, com os respectivos
argumentos. Saber o contrário já um começo do conhecimento.
Didaticamente o estudo da filosofia se tem valido muito de uma
introdução histórica ao tema.
Já usou Aristóteles vastamente o método. Considerando ainda que muitos
textos citados e informações das se perderam, o hábito didático de Aristóteles
ainda salvou aqueles textos, além da informação.
Através do tempo se tornou cada vez mais utilizada a introdução histórica
aos temas postos em discussão.
Mestra da vida. Há ainda uma razão subjetiva pela qual a história da
filosofia se apresenta muito importante, - a dificuldade do filosofar. Quem
portanto, como um grande filósofo, conseguiu este alto pensamento, - tem algo
importante, que somente a história adequadamente transmite.
Geralmente a história é vista como mestra da vida, isto é, como capaz de
mostrar onde efetivamente se encontra a verdade. Eis uma vantagem peculiar da
ciência da história.
No caso da história da filosofia também ocorre o fenômeno de mestra da
verdade, todavia não tão fácil de perceber quanto acontece em outros setores das
realidade, como por exemplo acontece na tecnologia, logo aprovada pelos bons
resultados.
Distinguindo entre filosofia e história da filosofia, vamos à constatação
que sobretudo para o estudo da filosofia serve bastante a história. Ainda que a
história da ciência experimental muito ajude à mesma ciência experimental, não
há proporção desta vantagem, com a imensa vantagem que a história da filosofia
oferece à mesma filosofia, por causa do caráter particular desta, muito abstrata e
de fácil erro por inadvertência.
O pensamento é variável, criando um desenvolvimento mais oscilante que
a ciência positiva, o que lhe dá mais historicidade. Para desenvolver a ciência
positiva talvez não seja tão importante conhecer o seu passado, do que para
entender a filosofia. Muito mais que na ciência, o estudo da filosofia depende de
sua história. Para compreensão mais profunda da razão subjetiva pela qual
importa a história da filosofia, passemos ao conceito mesmo de filosofia,
definindo24
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ART. 4-o. HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
Por acréscimo didático e pedagógico é uso fazer-se um pouco de história
da ciência à qual se faz uma introdução. No caso, o que se faz aqui é uma história
da ciência da história da filosofia .
Paradoxalmente, a história da história da filosofia não é história da
filosofia, mas a história de uma outra história.
O objeto da história da filosofia é a filosofia, a qual é de ordem meramente
racional. Diferentemente, a história da história da filosofia tem por objeto uma
outra ciência, a qual é positiva e não filosófica.
Através do tempo se acumularam os fatos da filosofia, como também os
estudos sobre estes fatos se acumularam. Em consequência a historiografia da
filosofia teve razões para atingir grande vulto.
A história da história da filosofia como disciplina oferece destaques desde
a antiguidade, mas sobretudo nos tempos modernos. Mesmo que a filosofia
antiga tenha uma grande história, esta foi feita sobretudo pelos modernos, ao
sujeitarem os seus fragmentos e livros a uma análise mais exaustiva.
O Pai da história em geral foi o grego Heródoto, do 5-o século a.C., e o foi
também do pensamento pré-helênico de seu tempo.
Especificamente sobre a filosofia pré-socrática restam os fragmentos e
doxografias (vd), muitos dos quais estão diretamente citados já por Platão e
Aristóteles. Mas, foi Teofrasto, sucessor deste último, que principiou uma
história; mais sistemática da filosofia antiga (vd 131).
No curso do período pós-socrático muitos escreveram Vidas dos filósofos,
de que resta sobretudo a coleção de Diógenes Laércio (vd), da primeira metade
do terceiro século.
Passaram estes escrevinhadores a ser conhecidos como doxógrafos (=
escritores de opiniões), e que tiveram seu nome formado a partir de uma obra de
M L F 4 6 ä < * ` > " 4 (= Sobre as opiniões dos físicos).
Do reexame de todos estes elementos, realizada por Hermann Diels (18481922), resultou o livro que serve como texto básico para citações Doxografi
graeci (= Doxógrafos gregos, 1879).
Na Idade Média ocorreram mais alguns desenvolvimentos da história da
filosofia. Mas ainda não o foi deste tempo o estudo da história. Os escritores
antigos continuaram ainda a ser lembrados mais ou menos ao modo das
sucessões biográficas realizadas pelos antigos, sem maior aprofundamento e
visão de sínteses gerais.
Cita-se como principal realização deste gênero, uma obra de G. Burleigh,
realizada na primeira metade do século 14, e por isso já no período final da Idade
Média, quando já ocorre a tendência para as ciências positivas, - De vitis et
moribus philosophorum (Da vida e dos costumes dos filósofos).
O livro de Diógenes Laércio, que serviu aos modelos medievais, foi
impressa em 1497, a primeira vez.
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Sérgio Moreira dos Santos, www.informacaoutil.com.br
Sobretudo os modernos passaram ao estudo da história da filosofia como
saber didaticamente organizado e metodicamente conduzido.
Já adentradamente nos tempos modernos surgiram os trabalhos
significativos do alemão Jacob Brucker, nascido e falecido em Augsburgo (16961770), professor em Iena, e finalmente Pastor em sua cidade natal.
Publicou: História philosophica doctrinae de ideis, 1723; Historia critica
philosophiae a mundi incunabilis ad nostra usque aetatem deducta, em 5 vols.,
Leipzig,1742-1744.
Em consequência foi considerado o iniciador da propriamente dita história
da filosofia.
Em função à Brucker e outros fatores de desenvolvimento das ciências,
novos tratados de história da filosofia apareceram, inclusive com outras e outras
diretrizes.
Umas são mais idealistas, inspiradas em Hegel, outras mais empiristas ou
positivistas, sob o signo de Comte, ou ainda sob a influência do filósofo dos
valores, Wilhelm Windelband.
Mas todas buscam sínteses gerais, mostrando esquemas que comandam
história temporal das idéias filosóficas. Consolidou-se assim definitivamente a
história da filosofia.
Bibliográfica:
1. www.cfh.ufsc.br,
2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
3. www.filosofia.com.br
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