INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA

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INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE
PAIS E AMIGOS DOS DEFICIENTES VISUAIS – APADEVI
CANTERI, Larissa Caroline (estágio II), e-mail: [email protected]
ROSA, Regina Rosa Pedrozo (supervisora), e-mail: [email protected]
NADAL, Isabela Martins (orientadora), e-mail: [email protected]
Palavras-chave: APADEVI, deficiência visual, assistente social.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar as atividades realizadas na
Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual – APADEVI, em especial as
relacionadas ao Serviço Social. A deficiência visual pode ocorrer desde o
nascimento ou ser adquirida ao longo da vida, tal deficiência pode significar a perda
total ou parcial da visão. Buscando atender a essas pessoas, a instituição surge em
1985, buscando
orientá-los, fomentando sua autonomia e independência,
auxiliando-os nos aspectos pedagógicos, sociais e profissionais. A instituição
também atende aquelas pessoas que além de possuir a deficiência visual, possuem
outros tipos de deficiência, não tendo limite de idade. A respeito do Serviço Social, a
instituição conta com uma assistente social e uma estagiária, que realizam
atividades como cadastro de usuários, mapeamento social, projetos, visitas
domiciliares, com o objetivo de promover o acolhimento e a emancipação do
usuário, para que sejam conhecedores de seus direitos e deveres, incentivando-os a
profissionalização e buscando fortalecer seus vínculos familiares e comunitários.
Como espaço físico, há uma sala destinada ao uso do psicólogo, da pedagoga e do
assistente social, onde os trabalhos são realizados todos em conjunto, ou seja, a
APADEVI conta com o trabalho interdisciplinar desses profissionais que atuam e
discutem as ações, as metas e os resultados conjuntamente, cada um colaborando
a partir dos conhecimentos da sua área específica e das experiências vivenciadas
na Instituição.
Introdução
Este trabalho apresentará o campo de estágio da APADEVI, que se trata de
uma Organização não governamental – ONG que atende pessoas que possuem
deficiência visual, apresentando a contextualização do campo, os objetivos, a
metodologia dos trabalhos realizados, resultados e referencias teóricos do campo de
estágio. Logo, a apresentação deste trabalho tem por objetivo contextualizar o
campo e, principalmente, a prática do assistente social.
A Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual – APADEVI – foi
fundada no dia 22 de junho de 1985, cujas atividades foram iniciadas em uma
pequena sala da Escola Estadual José Elias da Rocha. A APADEVI é uma
Instituição filantrópica que surgiu com a finalidade de atender pessoas com
deficiência visual, é uma Organização Não Governamental – ONG sem fins
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lucrativos, mantenedora da “Instituição Especializada Nova Visão na Modalidade
Educação Especial com Apoio Pedagógico Multidisciplinar, na Área da Deficiência
Visual e Múltipla Associada à Área Visual” e do “Centro de Atendimento
Especializado para o Deficiente Visual – CAEDV”. Sua manutenção também é
garantida com recursos advindos da comunidade, fruto de promoções, venda de
artesanatos e doações em espécies. A APADEVI também é reconhecida como
Utilidade Pública com inscrições Federal, Estadual e Municipal mantendo convênio
de amparo técnico nas três esferas: Federal, Estadual e Municipal, como a
Fundação PROAMOR da Secretaria Municipal de Assistência Social para garantir a
manutenção do atendimento dos usuários. É inscrita nos Conselhos Municipal de
Assistência Social – CMAS, Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –
CMDCA e Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência – CMDPD. (APADEVI –
Relatório ao Proamor, 2012)
A Instituição oferece atendimento à pessoas com deficiência visual, sendo
eles comprometidos de forma total e parcial, sem limites de idade. Atualmente
atende 192 usuários nos mais variados programas: estimulação precoce, período
preparatório, ensino do sorobã (aprimora o raciocínio lógico previamente adquirido
através dos conceitos básicos no intuito de resolver cálculos e operações
matemáticas), alfabetização em Braille e tinta com letras ampliadas, orientação e
mobilidade, atividade de vida diária, preparação para o mercado de trabalho, aulas
de educação física e jogos adaptados, apoio pedagógico ao ensino supletivo e
ensino fundamental, atendimento itinerante, educação musical, noções de
informática adaptada, artesanato e atendimento social. (APADEVI – Projeto Político
Pedagógico, 2001). No atendimento do serviço social, são realizados os
encaminhamentos dos alunos e seus familiares aos oftalmologistas voluntários, para
exames e encaminhamentos a cirurgias, assegurando a doação de armação de
óculos, projetos profissionalizantes, orientação e encaminhamento da documentação
do Benefício da Prestação Continuada - BPC, triagem nas escolas e creches, visitas
domiciliares para orientação aos familiares. Esses atendimentos visam dar total
cobertura a pessoa com deficiência visual, e para que esses atendimentos sejam
realizados, é necessário o trabalho em equipe. E dessa forma o Serviço Social atua
juntamente à equipe interdisciplinar, tendo como visão a inclusão do usuário no
exercício de seu papel como cidadão de direitos e deveres. (APADEVI – Projeto
Político Pedagógico, 2001)
Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 22371362
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Relato da Prática Profissional
O Serviço Social trabalha na Instituição em várias frentes como: o primeiro
atendimento, triagem, buscando proporcionar a cada usuário acolhimento e
orientações, informando-os de seus deveres e direitos. Dentre as atividades
realizadas, estão os encaminhamentos médicos, orientação aos familiares do
usuário, cadastro dos novos usuários, acompanhamento, preenchimento dos
documentos para Passe Livre Interestadual/Municipal, encaminhamentos para
cursos e empregos através da Agência do Trabalhador e empresas que solicitaram
encaminhamento respeitando cotas para pessoa com deficiência. A assistente social
participa de Conselhos, Conferências, onde realiza a discussão da formulação das
políticas para esse segmento. Trabalha com grupos e realiza projetos para captação
de recursos para a Instituição. Realiza também a análise da realidade social,
podendo assim melhor intervir na realidade do usuário, utilizando-se de
instrumentais
como:
visitas
domiciliares,
reuniões,
cadastro
dos
usuários,
entrevistas, anamnese, análises sociais, relatórios, levantamento de recursos,
encaminhamentos, pareceres sociais, contatos institucionais. À estagiária, cabe
acompanhar a assistente social em suas atividades diárias e realizar juntamente
com ela.
Entendemos também como chave o trabalho interdisciplinar realizado na
Instituição pela assistente social, psicólogo e pedagoga, onde estes discutem as
ações, as metas e os resultados conjuntamente, cada um colaborando a partir dos
conhecimentos da sua área específica e das experiências vivenciadas na Instituição,
tendo-se com isso um amplo olhar sobre os casos.
Para se executar as ações descritas acima, se faz necessário obter aportes
teóricos quanto à definição de deficiência visual e alguns dos direitos básicos dos
usuários da APADEVI.
Deficientes visuais são aqueles que têm perda total ou parcial da visão,
podendo existir desde o nascimento ou ser adquirida. Dentro da deficiência visual
estão dois grupos: a cegueira, onde não há visão, e a baixa visão, que é o
comprometimento do funcionamento dos olhos (APADEVI – Projeto Político
Pedagógico, 2001). Conforme a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes,
pessoas com deficiência, têm também total direito ao respeito por sua dignidade
humana, aos seus direitos fundamentais, civis e políticos, a medidas que busquem
capacitá-las, a tratamento médico, a educação, a treinamento vocacional, a
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assistência e outros serviços que lhes auxilie no desenvolvimento de suas
habilidades. Ainda conforme a mesma declaração, a pessoa com deficiência obtém
ainda o direito a segurança econômica e social, a obter um emprego, a viver com
sua família, à proteção contra qualquer tipo de exploração e abusos, à assistência
legal qualificada. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – Declaração dos
Direitos das Pessoas Deficientes, s/a)
O decreto 3.298 de (1999) regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de
1989 e garante ao deficiente visual o direito a atendimento educacional
especializado, bem como a oferta da educação especial em escolas públicas e o
acesso do deficiente à materiais escolares adaptados, transporte, merenda e bolsas
de estudo. Segundo ainda o mesmo decreto, a pessoa com deficiência “tem direito
às prestações de habilitação e reabilitação profissional para capacitar-se a obter
trabalho, conservá-lo e progredir profissionalmente”. (BRASIL, decreto 3.298, 1999).
Em 1993, a lei 8.742 que refere-se a LOAS a qual regulamenta o Benefício
de Prestação Continuada estabeleceu o direito de um salário mínimo para aqueles
que possuem renda mensal menor que um quarto do salário mínimo e são
incapazes de vida independente (VANHONI, 2005). E de acordo com a Constituição
de 1988, no artigo 244, serão adaptados “logradouros, dos edifícios de uso público e
dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso
adequado às pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, Constituição, 1988).
Resultados e Discussão
As atividades oferecidas pela APADEVI visam à ampliação na qualidade de
trabalho e buscam atingir como resultado a independência e emancipação dos
deficientes visuais, mantendo-os bem informados quanto aos seus direitos e deveres
promovendo sua maior inclusão na sociedade. Dentre as atividades desenvolvidas
junto ao usuário, têm-se as reuniões informativas estendendo-se a seus familiares.
Tais reuniões tem como tema assuntos que são escolhidos através da equipe em
conjunto com os próprios usuários, como por exemplo, direitos e deveres, saúde e
segurança. E tem como objetivo informar o aluno e sua família a respeito de
questões que surgem através da demanda observada, haja necessidade de maior
aprofundamento. Ao final de cada reunião, são respondidas todas as questões
levantadas pelo usuário abrindo a possibilidade de sugestões para reunião seguinte,
respeitando assim a participação ativa do mesmo.
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A conquista de recursos obtidos pelos projetos organizados pelo Serviço
Social, como o da Brinquedoteca “Brincar e Aprender” e o da Musicalização
“EnCanto” irão proporcionar as crianças e adolescentes da Instituição um melhor
aprendizado, aprimorando os dons daqueles que já o tem, ensinando aqueles que
ainda não conhecem, proporcionando mais lazer a eles e mostrando que é possível
aprender brincando. Assim como também, mostrar para os usuários que eles tem
autonomia suficiente para fazer e realizar o que bem entenderem.
Considerações/Notas Conclusivas
As potencialidades que impulsionam a viabilidade da realização da
intervenção do Serviço Social na entidade é a abertura da diretoria em possibilitar as
ações atribuídas ao profissional. Já os desafios existentes são a restrita participação
por conta dos familiares junto ao desenvolvimento do usuário, em relação a postura
apática que muitos desses se comportam com relação ao desempenho dos
atendimentos e atividades aos inscritos. Sendo esse um dos grandes desafios
enfrentado pelo profissional. Lembrando que estamos trabalhando com mudanças
de comportamento que muitas vezes perpassam por histórias de vidas, sofridas. A
cada “feedback” (retorno) realizado pela equipe traçamos conclusões técnicas para
futuras intervenções. (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2013)
Referências
APADEVI. Projeto Político Pedagógico. Ponta Grossa, 2001.
APADEVI. Relatório ao Proamor. Ponta Grossa, 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF, Senado, 1998
BRASIL. Decreto nº 3.298, de 20 de Dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no
7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras
providências.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm> . Acesso em: 30 set. 2013
DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA. Feedback. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/feedback>. Acesso em: 03 de out. 2013.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração dos Direitos das Pessoas
Deficientes. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec_def.pdf>. Acesso em: 30 set. 2013.
VANHONI, Angelo. E Por Falar em Direitos: Guia dos direitos do cidadão especial.
Curitiba: Nelson Bond, 2005. 95 p.
Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 22371362
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