Qual o significado do juzu (rosário budista)?

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1- Recitar Nam-myoho-rengue-kyo é a maior das alegrias
O Daimoku é o meio fundamental para a transformação interior.
Quando o assunto é Daimoku...
A melhor maneira para compreender o significado do Daimoku é recitá-lo corretamente. A
forma certa depende de uma fé correta. Mais do que isso, é fazê-lo com uma “mente de fé”. O
Buda Nitiren Daishonin escreveu que “Não há felicidade mais verdadeira para os seres
humanos que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo”. Nesta frase curta, ele define o sentimento
correto de um praticante que possui uma “mente de fé”. A seguir, alguns trechos da explanação
do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, a respeito dessa frase:
O porquê de praticarmos
Praticamos a fé para desfrutar a vida ao máximo e para tornar nossa existência a mais feliz de
todas.
O que deve estar claro?
Em qualquer caso, o fato de nos sentirmos felizes ou infelizes depende de nós próprios. Se não
transformarmos nosso estado de vida, nunca conseguiremos sentir a verdadeira felicidade. Mas
quando realmente mudamos nossa condição interior, o mundo se transforma. A recitação do
Daimoku é o meio fundamental para tal transformação interior.
Que nada o perturbe
Em épocas de sofrimento, recite Daimoku. Em horas alegres, recite Daimoku. Poder realizar a
prática é um motivo de felicidade. Na vida, sempre há situações alegres e tristes. Todas essas
cenas são insubstituíveis na epopeia da vida. Se não houvesse sofrimento, como a alegria
poderia ser valorizada? Sem conhecer o sabor da tristeza e do regozijo, a vida jamais poderia
ser desfrutada em toda a sua plenitude.
Exemplificando
Pode haver duas pessoas que trabalhem na mesma empresa, realizem funções idênticas e têm a
mesma situação econômica e social. Apesar disso, uma se sente feliz e a outra vive
desesperada. Isso está relacionado à condição de vida interior, ao sentimento de cada uma.
O que é “maior alegria”?
Experimentar a “ilimitada alegria da Lei” significa saborear plenamente a Lei Mística,
eternamente imutável, e desfrutar a força e a sabedoria originadas nessa Lei.
O que não é
Em oposição a essa alegria, está a “alegria que se origina da concretização de vários tipos de
desejos”. Apesar de parecer verdadeira, tal alegria é apenas passageira e superficial, pois não
surge das profundezas da vida e logo se transforma em insatisfação e infelicidade.
Em termos práticos
Viver feliz e tranquilo neste mundo significa apreciar o próprio trabalho, o ambiente famíliar e
os esforços em prol das outras pessoas por meio das atividades budistas. Se cultivarmos um
estado de vida verdadeiramente elevado, mesmo quando nos acontecem coisas desagradáveis,
podemos considerá-las como um ingrediente que torna a vida mais interessante, assim como
uma pitada de sal apura o sabor de um prato doce. Podemos sentir verdadeira alegria na vida
independentemente do que aconteça.
O responsável pela nossa felicidade
A fé nos permite experimentar a alegria eterna proveniente da Lei. Vamos gravar em nosso
coração que somos nós mesmos que manifestamos essa alegria. Por isso, nossa felicidade não
depende de outras pessoas. Ninguém mais pode nos fazer felizes; somente por meio de nossos
próprios esforços é que podemos conquistar a felicidade.
Elevando nosso estado de vida
Deixar-se influenciar pelos demais ou pelo ambiente não é o modo de viver ensinado pelo Sutra
de Lótus. A verdadeira felicidade não consiste em sentir alegria num momento e angústia no
outro. Quando superarmos a tendência de culpar os outros ou o nosso ambiente por nossos
sofrimentos, podemos elevar de maneira extraordinária nosso estado de vida.
O maior beneficiado
Além disso, a fé existe essencialmente para o nosso próprio benefício, não para os outros.
Apesar de certamente praticarmos para nós mesmos, para os outros e para concretizarmos o
Kossen-rufu, basicamente somos nós os principais beneficiados de toda nossa dedicação na fé.
Tudo se reverte em fonte para o próprio crescimento e contribui para aprimorarmos a condição
de vida e para estabelecermos o estado de Buda em nossa vida. Quando praticamos com essa
determinação, todas as lamentações desaparecem. O estado de Buda que estava coberto pela
poeria de lamentações começa a brilhar e, então, podemos desfrutar plena e livremente a alegria
originada na Lei.
A chave para desenvolver
o estado de Buda
Assim como indica a frase “ilimitada alegria da Lei”, a chave encontra-se em desenvolver tal
força interior que nos permita observar tudo ao nosso redor sob a perspectiva do estado de
Buda, a condição de suprema felicidade. E, conforme Daishonin afirma, recitar o Daimoku
constantemente é o que nos permite desenvolver essa condição.
A importância da fé no Daimoku
Jossei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, explicou que o Gohonzon é uma reserva
interminável de benefícios. A extensão com que poderemos “obter” e “utilizar” a vasta e
profunda ilimitada alegria da Lei depende totalmente de nossa fé. O que escolhem: encher
apenas uma tigela de água do oceano ou uma grande piscina até a borda? Podemos obter e usar
livremente uma quantidade ainda maior? Isso é totalmente determinado por nossa fé.
A mente de fé domina tudo
A boa sorte e os benefícios que acumulamos nas profundezas de nossa vida tornam-se visíveis
no plano material e também em nosso ambiente. A mente de fé — que é invisível — influencia
nosso corpo e nossa mente, nossa vida e nosso ambiente, direcionando tudo com imenso poder
e força para o melhor caminho: para a felicidade e a conquista de todos os nossos desejos.
Como fazê-lo de maneira prática
Cultivar essa mente de fé significa se temos a convicção em nós mesmos, independente da
circunstância que nos encontramos no momento. Se lá no fundo do seu coração, decidimos:
“Pelo fato de ser como sou, jamais poderei ser feliz” ou “Eu sou incapaz de me tornar feliz”,
“Eu sou o único incapaz de conquistar a felicidade”, “Não há solução para os meus
sofrimentos”, então é exatamente esse pensamento ou itinen que o impedirá de receber
benefícios.
Nem todos os dias são rosas
Diz um provérbio: “Um coração fraco acostuma-se à miséria e torna-se submisso, mas um
coração forte eleva-se acima do infortúnio.” A verdadeira felicidade não significa ausência de
sofrimento; não se pode esperar que todos os dias sejam um mar de rosas. Conquistar um estado
de “paz e segurança nesta existência” não significa ter uma vida livre de quaisquer adversidade,
mas, sim, poder armar-se de convicção e coragem absolutas diante de qualquer dificuldade, sem
se abalar, para lutar e vencê-la completamente.
A poderosa força vital
Para podermos estabelecer uma vida assim, precisamos cultivar uma poderosa força vital. E
conseguimos isso recitando Daimoku e enfrentando os desafios do cotidiano.
O mais importante nas horas difíceis
Quando as pessoas se desesperam por coisas que o desespero não resolve, acabam tendo um
grande sofrimento. Não é preciso se preocupar com assuntos que não se resolvem por meio da
preocupação. O importante é construir dentro do coração um palácio de alegria que nada possa
abalar, um estado de vida tão límpido como o céu azul acima das tormentas, como um oásis no
deserto, como uma fortaleza que observa do alto as ondas embravecidas.
Identidade profunda e invencível
Na vida existe tanto sofrimento como alegria, mas o importante é cultivar uma identidade
profunda e invencível que não se deixe influenciar pelas ondas. Consegue-se viver assim
quando se recebe “a ilimitada alegria da Lei”.
Sempre juntos
“Sofremos juntos, alegramo--nos juntos, e também juntos fazemos nossa vida florescer.
Consideramos o sofrimento e a alegria como fatos da vida e continuamos a recitar o Nammyoho-rengue-kyo aconteça o que acontecer. Manter esse companherismo, essa dedicação pura
e sincera à fé, é a diretriz eterna de pessoas como nós, que propagamos o Kossen-rufu. Vamos
avançar sempre com essa firme união na fé!
Fortaleça sua fé
O Buda Nitiren Daishonin afirmou: “Fortaleça a sua fé mais do que nunca”. Não interessa o que
se fez no passado, o que conta é o que se faz a partir de agora. Tudo se resume à força de nossa
fé. A fé é a força; a fé é o maior poder que o ser humano possui.
De acordo com a força da nossa fé e da nossa prática, recebemos a força do Buda e a força da
Lei que estão incorporados no Gohonzon. A fé é a “arte secreta” para fazer nossa vida
transbordar com a mesma força que pulsa no Universo.
2 - Recite um revigorante Gongyo “de luta”
Edição 2040 - Publicado em 19/Junho/2010 - Página A5
Gongyo significa prática assídua. Na SGI, é uma alegre batalha e uma canção que faz surgir o
sol do estado de Buda no coração
O que é?
O Gongyo é a cerimônia diária na qual um praticante budista faz três coisas: lê os trechos
essenciais do Sutra de Lótus, reconfirma seus “desejos” por meio das orações silenciosas e
preparar o espírito para a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
O que é?
Prática realizada duas vezes ao dia, pela manhã e à noite. Consiste na leitura de passagens
do 2º capítulo (Hoben, “Meios”) e 16º capítulo (Juryo, “Revelação da Vida Eterna do
Buda”) do Sutra de Lótus, seguida da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
A base de tudo!
Imagine que você tenha a oportunidade de, todas as manhãs e noites, revitalizar o corpo e a
mente a ponto de experimentar uma sensação de profunda alegria, sabedoria, liberdade,
harmonia, coragem. Essa oportunidade existe: é a recitação do Gongyo.
Gongyo para revitalizar
“O Gongyo é uma refrescante ‘cerimônia do tempo sem início’ que nos revitaliza a partir de
nossas próprias profundezas. Portanto, o mais importante é fazer o Gongyo a cada dia cheio de
harmonia e cadência — como o galopar de um corcel branco pelos céus. Espero que
desempenhem a prática do Gongyo até sentirem plena satisfação e até ficarem revigorados tanto
em mente como em corpo.” (Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, pág. 45).
Gongyo é um juramento
O Gongyo é o juramento de um Buda. É onde se estabelece seu modo de agir! Ao recitar o
Gongyo, você está tomando a mesma atitude que um Buda. Você se senta diante do Gohonzon
com uma fé ativa e determinada, exatamente como um Buda.
A mesma mente de um Buda
O Gongyo iguala a sua mente com a mente do Buda. Com isso, adquiri-se o poder de tornar
realidade tudo aquilo que estiver na mente, ou seja, os desejos.
Revigore-se
Fé é acreditar e agir. Ou seja, sinta-se bem e recite o Gongyo com a disposição e a energia de
um Buda. É a hora que você vai emprestar seu corpo para materializar a intenção do Buda. Para
isso, é preciso uma postura digna, pois seu comportamento reflete suas intenções. “O que
importa é que o Gongyo refresca e revigora nossas vidas. Assim como uma caminhada pela
manhã ou fazer jogging pode ser agradavelmente alegre tanto para o corpo quanto para a mente.
Por favor, façam um Gongyo que seja pessoalmente satisfatório para si próprios, um Gongyo
que essencialmente os faça sentir-se refrescados e revigorados tanto mental quanto
fisicamente.” (Brasil Seikyo, edição no 1.219, 27 de março de1993, pág. 5).
Como orar?
Com alegria. Um Gongyo realizado corretamente começa antes, com uma entusiasmada
expectativa de que você recitará um solene juramento diante do Gohonzon. Não é uma
cerimônia de súplica e desespero. Pelo contrário, é um alegre juramento que irá inspirar a
manifestação prática do potencial máximo em meio a qualquer circunstância. Por isso, não é
necessário entender o que está escrito. Afinal, no Gohonzon está contido e no Sutra está
revelado a essência real de todos os fenômenos. A fé convicta faz a cerimônia ser entendida
pela Lei.
Precisa entender para funcionar?
Não. O que conta é a alegria, a fé e o ritmo harmonioso com que se recita. A sonoridade da voz
faz com que o corpo produza uma canção nobre e revitalizadora que harmoniza e funde sua
vida com o Universo. O Gongyo estabelece a ponte de fusão do microcosmo com o
macrocosmo. O desejo ardente de recitar o Gongyo diante do Gohonzon é a chave para essa
fusão. Assim, encare o Gongyo como a oportunidade de recitar as frases e os pensamentos
essenciais de um Buda.
Mesmo sem entender o seu significado
“E mesmo que a fé e a alegria das pessoas sejam fracas, frágeis como uma criança de dois ou
três anos, ou mesmo que ela seja incapaz como uma vaca ou um cavalo, que não sabem
distinguir o que está adiante e o que está atrás, os benefícios que obteria seriam centenas,
milhares, dezenas de milhares, milhões de vezes maiores dos que os obtidos pelas pessoas de
grande capacidade e de elevada sabedoria que estudam outros sutras.” (END, vol. 1, pág.174)
Gongyo e Chakubuku
O Gongyo prepara você para a batalha da propagação. Recitar o Gongyo é apenas o início da
verdadeira luta de um praticante budista. A oração não se encerra em si mesma, ela continua
nas ações. O Gongyo conecta você com a Lei e, ao receber essa energia, você está preparado
para propagar por meio do Chakubuku. Recitar o Gongyo sem complementar com a batalha
pela concretização do Chakubuku é uma prática ineficiente.
Concluindo
“Por mais que uma pessoa tenha fé na Lei Mística e conduza sua prática de Gongyo e Daimoku,
será impossível fortalecer e solidificar o estado de Buda em sua vida se evitar o trabalho árduo
necessário para propagar o Kossen-rufu.” (Brasil Seikyo, edição no 1.515, 17 de julho de 1999,
pág. 3).
3 - Deus e Buda
As religiões do mundo variam de acordo com as diferenças entre as nações e as culturas. No
entanto, a origem da religião pode ser encontrada em sentimentos compartilhados por todas as
pessoas. A mais primitiva forma de religião era a adoração de um deus ou deuses que
representavam as forças da natureza. Enquanto a natureza passava por uma mudança “normal”
e previsível, os seres humanos podiam desfrutar sua força criativa e benefícios. Porém, quando
o ritmo da natureza tornou-se imprevisível, as pessoas não tinham mais lugar para aonde ir. Os
povos antigos acreditavam que as calamidades naturais eram uma expressão da ira dos deuses
ou obra de um deus diabólico e destrutivo que se opunha ao seu deus benevolente. Graças a
uma contínua especulação, alguns postularam um deus principal que reinava sobre todos os
outros e controlava todos os vários fenômenos naturais. Em muitos casos, o deus principal
originariamente governava um fenômeno específico. Por exemplo, nas mitologias grega e
nórdica,
o
deus
principal
era
originariamente
o
deus
do
trovão.
Diz-se o mesmo a respeito de Javé ou Jeová. Javé era originariamente o deus do trovão e
tornou-se posteriormente o deus principal dos ancestrais dos hebreus. Conseqüentemente, ele
foi considerado um deus absoluto e transcendental pelos judeus e por fim o único deus, e seus
seguidores passaram a negar a existência de qualquer outro deus. Foi isso o que levou à crença
de que a vontade e as palavras de Deus criaram o Universo e todos os seres que nele vivem.
Seja um único deus apenas ou muitos, acreditava-se que a divindade, ou as divindades, tinham
poder de controle sobre a natureza e a humanidade. Com o estabelecimento de comunidades,
alguns deuses tornaram-se símbolos do poder ou da supremacia de grupos específicos, sendo
usados
para
fortalecer
a
autoridade
do
grupo.
Em contraste, um Buda é um ser humano, uma pessoa que desenvolveu uma sabedoria
introspectiva nas profundezas de sua vida e descobriu nela a verdade eterna. Ao passo que no
cristianismo um ser humano nunca pode tornar-se completamente Deus, no budismo o ser
humano pode tornar-se um Buda. O estado de Buda é um ideal, mas um ideal que os seres
humanos podem atingir. O budismo é um conjunto de ensinos que o Buda expôs a fim de
capacitar todas as pessoas a também se tornarem budas. Ensina que o estado de Buda é o
objetivo máximo para todos os seres humanos; no entanto, não nega nem exclui o conceito de
um deus por si. O que caracteriza o Buda é a sabedoria que permeia a verdade máxima da vida
e do Universo. O budismo descreve os deuses como forças benéficas inatas no meio social e
natural e que atuam protegendo os seres humanos, especialmente aqueles que praticam o
budismo corretamente. As forças inerentes ao meio ambiente são chamadas “boa sorte”, as
ações dos deuses budistas que as pessoas ativam para extraírem sua própria sabedoria do Buda.
Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora
Brasil Seikyo, © 2004. Direitos reservados. É proibida a
reprodução de texto e imagens contidos nesta publicação
4-
UMA COMPARAÇÃO ENTRE O BUDISMO E O CRISTIANISMO
O cristianismo expõe o ideal do amor por toda a humanidade, especialmente pelos menos
afortunados e infelizes. O amor cristão tem muito em comum com a compaixão budista. Por
causa de seu amor, Jesus de Nazaré é comparável a um bodhisattva. No que diz respeito ao seu
amor universal, o cristianismo está mais próximo dos ideais do budismo do que do judaísmo.
Há duas correntes históricas do budismo — a do norte e a do sul. A primeira originou-se na
região norte da Índia, propagando-se então através da Ásia Central pela China, indo até a
Coréia e chegando finalmente ao Japão, ao passo que o budismo do sul encontrou seu caminho
até o Ceilão (Sri Lanka), Mainmá e Indochina. Essas duas correntes também são conhecidas
como
Budismo
Mahayana
e
Budismo
Hinayana.
Muito pouco se conhece sobre a propagação budista no ocidente. No entanto, alguns registros
históricos comprovam que o Rei Asoka da Índia enviou mensageiros budistas para lugares tão
distantes quanto a Grécia. Alguns eruditos ocidentais crêem haver alguma influência budista no
cristianismo.
Alguns teólogos cristãos modernos interpretam Deus não com um aspecto humano, mas sim
como uma “lei”, imaterial e universal, que influencia os fenômenos em todo o Universo. Esta
visão tem muito em comum com os conceitos budistas, e o fato de ter-se desenvolvido indica
que pode ter alguma ligação profunda entre as duas correntes de pensamento.
Esta possibilidade ainda aguarda para ser provada objetivamente, mas a semelhança dos ensinos
das duas religiões é importante. Por exemplo, o reino de Deus é surpreendentemente similar à
descrição do Paraíso Ocidental nos ensinos mahayanas provisórios expostos antes do Sutra de
Lótus. Além disso, os ensinos e mandamentos cristãos parecem igualmente descrever o modo
como um bodhisattva ocidental deve viver.
Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora
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5 - O significado da felicidade
Quando as necessidades ou desejos de uma pessoa são realizados, ela sente felicidade, mas a
simples realização dos desejos não pode sustentar este sentimento de felicidade. Mesmo apesar
de não estar totalmente satisfeita com sua vida atual, pode sentir que é mais feliz do que antes.
Porém, ninguém é continuamente feliz. Por melhor que seja a situação, há também momentos
ruins.
Tal felicidade é essencialmente relativa. Uma felicidade mais profunda e duradoura não
depende do objeto do desejo ou da necessidade, nem do próprio passado, nem da vida do
vizinho, tampouco de qualquer outro fator externo. O principal ingrediente para essa felicidade
encontra-se na própria vida. A felicidade está diretamente relacionada ao grau em que se pode
extrair a própria força vital e à esperança no futuro. De maneira contrária, se uma pessoa não
tem essas qualidades, ela compara o seu presente com o passado ou com o seu ambiente. A
felicidade por comparação é, na verdadeira essência do termo, a “felicidade relativa”.
Para compreender a diferença que pode fazer a própria força vital, imaginemos dois alpinistas.
Escalar um pico escarpado infligiria uma dor insuportável a uma pessoa comum, mas pode
proporcionar um prazer inesquecível a um alpinista. Quanto mais alto, escarpado e difícil for o
penhasco, maior a alegria e satisfação de desafiá-lo e conquistá-lo. As dificuldades na vida são
como uma montanha escarpada. Se a pessoa encontra a felicidade apenas no conforto, evitará
muito do que vale a pena na vida. Tal atitude é essencialmente negativista e escapista. Quando
chegamos a tal ponto, o conforto é um período de descanso e não é acompanhado por uma
grande
dor
nem
por
uma
profunda
alegria.
Todas as atividades humanas objetivam a felicidade. O budismo, assim como as outras
religiões, ensina às pessoas como viver para conquistarem uma vida feliz. No entanto, muitas
religiões encorajam seus crentes a orarem para que algo místico, uma força transcendental,
elimine os problemas da vida. Então, se as pessoas são religiosas ou não, também tentam com
freqüencia evitar as dificuldades e os problemas. O budismo mostra o caminho para uma nova
vitalidade e uma profunda sabedoria, ensinando que os seres humanos devem inspirar-se a
desafiar, e não a evitar, quaisquer dificuldades que enfrentarem e transformá-las em felicidade
com o desenvolvimento de sua própria força vital. Superar o sofrimento em vez de fugir dele é
uma atitude criativa de desafio e coragem, e é essa atitude que leva à felicidade absoluta.
Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora
Brasil Seikyo, © 2004. Direitos reservados. É proibida a
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6 - Linhagem do Budismo - Mahayana e Hinayana
O budismo originou-se na Índia e lá se dividiu em duas principais correntes. Uma delas seguiu
o caminho até o atual Sri Lanka, Mainmá, Tailândia e Indonésia, ao passo que a outra corrente
se espalhou do Hindu Kush à Ásia Central e então para a China, a Península Coreana e o Japão.
A primeira corrente foi denominada Hinayana, e a segunda, Mahayana.
De acordo com as doutrinas Hinayana, os sofrimentos são causados pelos desejos e egoísmo
inerentes na vida humana. A fim de erradicar os sofrimentos, os ensinos Hinayana pregam que
as pessoas devem extinguir todos os seus desejos. Por isso, aqueles que seguem os ensinos
Hinayana têm como objetivo o estado de completo vazio, e esse ideal é o nirvana. Contudo,
extinguir os desejos significa extinguir a própria existência neste mundo, pois o desejo é uma
parte
intrínseca
da
vida
humana.
Ambas as escolas filosóficas acreditam que os desejos mundanos, o egoísmo e outros são a
causa dos sofrimentos. Nesse sentido, não há diferença entre o Budismo Hinayana e o
Mahayana. Entretanto, o ensino Mahayana nega a prática de extinguir os desejos. Em vez disso,
encoraja as pessoas a manifestar em seu interior a vida universal de forma que sejam capazes de
controlar os desejos e direcioná-los positivamente. Dessa maneira, os sofrimentos são
erradicados. Nesse ponto, o Budismo Mahayana difere decisivamente do Hinayana.
Os ensinos do Budismo Mahayana são subdivididos em duas partes. A primeira parte ensina
que as pessoas devem acreditar em um ser transcendental. Essa crença está contida na divisão
conhecida como Mahayana provisório, ou ensinos expostos antes do Sutra de Lótus. A idéia de
um ser transcendental no Mahayana provisório possui certa semelhança com as idéias do
cristianismo ou do islamismo; porém, ainda assim são diferentes. O Mahayana provisório
ensina que o Buda da perfeita iluminação existe em um paraíso distante em outra parte do
Universo e que os seguidores poderão ir para o lugar onde está o ser transcendental após
morrerem. No cristianismo e no islamismo, o ser supremo, que transcende as dimensões deste
mundo
fenomenal,
controla
e
governa
esse
Universo.
Em contraposição a um ser transcendental, a outra divisão do Budismo Mahayana, que consiste
do Sutra de Lótus, identifica um ser universal que existe simultaneamente inerente na própria
vida, neste mundo fenomenal e no Universo todo. No cristianismo e nos ensinos pré-Sutra de
Lótus, esse ser universal, ou realidade suprema, é visualizado em termos de uma
“personalidade”. Porém, o Sutra de Lótus considera essa realidade como uma “lei” que governa
tudo.
Nitiren
Daishonin
identifica
essa
lei
como
Nam-myoho-rengue-kyo.
Se os seguidores são leais aos ensinos do Budismo Hinayana e agem de acordo, eles têm de
negar a própria existência neste mundo. Até as pessoas que praticam os ensinos do Budismo
Mahayana provisório certamente tentarão escapar da vida diária e da sociedade em vez de fazer
parte dessa realidade. Em contraste, o Sutra de Lótus, conforme a interpretação de Nitiren
Daishonin, estabeleceu o caminho para desafiar os sofrimentos e problemas da sociedade a fim
de reformar este mundo repleto de tormentas, não por meio da fuga, mas por meio da
convivência positiva em meio às pessoas. Os ensinos do Sutra de Lótus mostram o caminho
para que as pessoas possam se libertar do egoísmo e da arrogância e também o caminho para a
genuína realização humana fundamentada no ser universal.
Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora
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7 - Gohonzon
A fonte transbordante de felicidade e benefícios
Introdução
Na primeira parte dessa série (BS 2.034, pág. A4) foi abordado o tema benefício. Abaixo, um
estudo sobre a fonte dos benefícios: o Gohonzon.
O que é o Gohonzon?
Gohonzon é o objeto de devoção para a observação profunda da mente. Para quem não tem fé, é
apenas um papel comum. Mas para nós, que desejamos a felicidade e apaixonadamente
promovemos o Kossen-rufu, é o ponto central da vida. Saber o que está escrito nele não é
condição essencial para se obter benefícios. O importante é a fé pura e resoluta. Esse tipo de fé
faz com que os efeitos surjam imediatamente, pois o Gohonzon é o objeto que representa a Lei
contida na essência de todas as leis da natureza. Recitar o Nam-myoho-rengue-kyo diante do
Gohonzon com sinceridade dá acesso livre e rápido à fonte inesgotável de benefícios.
Como surgiu o Gohonzon
O Gohonzon é fruto da benevolência, seriedade e sabedoria de Nitiren Daishonin. O Buda
viveu com o único e sério voto de tornar cada pessoa ciente do próprio poder benéfico da
revolução humana. Mais que isso, exigiu de si mesmo uma solução para que todos viessem a
atingir o mais alto grau de felicidade que um ser humano pode experimentar: o estado de Buda.
Sua inovadora e sábia solução foi impregnar a própria condição de vida num objeto de devoção
formatado para que qualquer ser humano ache em si mesmo a fonte do estado de Buda ao orar o
Nam-myoho-rengue-kyo. Sua resposta para isso é o Gohonzon.
Embasamento
Duas frases explicam esse conceito: “O Gohonzon é a cristalização da promessa de Nitiren de
possibilitar às pessoas atingirem a iluminação”. e “Eu, Nitiren, inscrevi minha em sumi, assim,
creia no Gohonzon com todo o seu coração”. (END, vol. 1, pág. 276.)
O que ele conseguiu
Daishonin conseguiu a proeza de condensar a Lei essencial do Universo num pergaminho. “Eu
agora faço desta Lei, que é a fonte de todos os fenômenos, o objeto de devoção.” (Gosho
Zenshu, pág. 366). Ele perpetuou um ensino que conduz as pessoas a atingirem o estado de
Buda.
Simplificando
Daishonin tinha benevolência à prova de todas as coisas e foi capaz de representar a própria
Cerimônia do Ar descrita por Sakyamuni na forma de Gohonzon para que pessoas comuns,
como nós, possam acessar rapidamente a mesma condição iluminada que a dele. Se diariamente
recitar corretamente o Nam-myoho-rengue-kyo diante do Gohonzon, naturalmente o estado de
Buda passa a tornar o estado básico de vida.
Diretamente com a Lei
Uma prática religiosa correta precisa colocar o indivíduo em contato direto com a Lei. E Nitiren
tinha o desejo de dialogar, compartilhar e ensinar pessoalmente o caminho da iluminação para
todas as pessoas de todas as épocas. Ele não aceitava que a felicidade absoluta precisasse de
intermediários e queria mostrar um caminho direto e certeiro. “O Buda é uma pessoa que luta
continuamente para abrir os olhos das pessoas e conectá-las diretamente com a Lei.” O
Gohonzon é, então, como uma carta preparada pelo Buda diretamente para você. É como se o
próprio Buda estivesse na sua frente, ensinando a ser um buda e a jamais desistir de lutar. “O
presidente Toda reverenciava o Gohonzon como se o próprio Nitiren Daishonin estivesse diante
dele.” .
Sendo direto
Jossei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, dizia de maneira direta: “O que vem a ser a
iluminação nos Últimos Dias da Lei? É acreditar sinceramente no Gohonzon. A própria fé no
Gohonzon é o mesmo que atingir a iluminação.” Mas que fé é essa? “É aquela fé na qual não
importando o que aconteça se mantém firme sempre.” (Brasil Seikyo 1472, 8/8/1998, pág. 3).
Por que o Gohonzon é representado pela escrita?
A escrita é a melhor maneira de expressar e transmitir o sentimento do coração. “O atributo
invisível do coração ou da mente pode ser melhor expressado por meio das palavras. Daishonin
diz: ‘As palavras expressam e transmitem, por meio da voz, os sentimentos que abrigamos no
coração.’ (Gosho Zenshu, pág. 563.) As palavras podem ser registradas e transmitidas por meio
da escrita também. Os sutras registram e transmitem na forma escrita a vida do Buda.”
Emprestar a voz
A forma gráfica é a única capaz de representar o Buda em sua totalidade. Segundo os escritos,
um buda é dotado de 32 características. Dentre elas, a “voz pura e de longo alcance” é a única
invisível e permanece latente até que o praticante empreste o som da sua própria voz para dar
forma concreta à voz do buda. Ao recitar o “Daimoku de juramento”, emprestando a voz, é a
chave para entrar em fusão com Gohonzon.
O Gohonzon poderia ser uma pintura, uma estátua ou imagem?
Não. O efeito não seria o mesmo. O presidente Ikeda explica: “A forma de apreciar uma
pintura ou uma escultura é muito subjetiva, difere de pessoa a pessoa. É uma tendência do
ser humano deixar-se atrair pela forma ou expressão estética que tem ante os olhos, e isso
é um obstáculo para entender a verdade que essa forma representa. Os sutras registram e
transmitem na forma escrita a vida do Buda.”
O comportamento diante do Gohonzon
É fundamental orar com fé de que você tem poder igual ao do Buda e com o sentimento de
promover o Kossen-rufu, isto é, propagar o budismo para a felicidade de outras pessoas. O
Kossen-rufu é a representação concreta do Nam-myoho-rengue-kyo como centro da vida,
porque se reconhece o estado de Buda na vida de todas as pessoas. Kossen-rufu é o viver, o
exercício diário de um buda, é executar o conteúdo do Gohonzon, é manifestar o poder do
Gohonzon na vida diária.
Orar com a mesma intenção do Buda
Recitar Daimoku sem a intenção do Kossen-rufu é como acumular uma grande riqueza sem
usufruí-la. Dedicar-se ao Kossen-rufu é empregar a força do Gohonzon de forma máxima na
vida diária. Apegar-se unicamente às questões pessoais é limitar esse poder.
Ações concretas
“O Gohonzon incorpora a benevolência do Buda. Porém, se orarmos diante dele sem agir
concretamente em prol do Kossen-rufu, a imensa benevolência de Nitiren jamais permeará
nossa vida. Somente quando manifestamos o “mesmo espírito de Nitiren” e nos tornamos
“discípulos de Nitiren”, ou seja, quando nos levantamos com a mesma determinação de Nitiren
pelo Kossen-rufu, é que essa imensa benevolência flui em nossa vida como um grande rio.”
Fé ideal
Orar diante do Gohonzon com uma fé ideal abre os canais dos benefícios e da energia vital
abundante. A fé ideal é acreditar que todas as pessoas são a manifestação do Nam-myohorengue-kyo. É acreditar que todos têm o estado de Buda! Isso gera um comportamento natural
de respeito máximo, assim como Nitiren. Praticar assim amplia a vida ao não permitir uma
prática restrita a si mesmo. É tal como assumir um comportamento coerente com o que está
escrito no pergaminho. “A configuração do Gohonzon sugere a igualdade e a nobreza de todas
as pessoas. O Gohonzon tem o poder de gerar harmonia e cooperação, e de acabar com divisões
e conflitos.”
Fonte que jamais seca
“O benefício do Gohonzon é inesgotável. É tão ilimitado e absoluto que não dá sequer para
compará-los aos benefícios que recebemos ao longo de nossa prática até o presente momento. A
mudança do destino da humanidade é o benefício supremo do Gohonzon, e o que torna isso
possível é a fé da Soka Gakkai. Chegou o momento de nossa rede de Bodhisattvas da Terra, que
hoje se estende a 192 países e territórios, revelar o extraordinário poder benéfico do Gohonzon
e dissipar a escuridão e a ilusão que envolvem o mundo.”
Gohonzon e benefícios
A SGI possui mais de 12 milhões de membros, pessoas encantadas diante das ilimitadas
possibilidades que surgem quando se recita, em sintonia com o Mestre, o Daimoku diante do
objeto de devoção de Daishonin. E é natural o desejo ardente de propagar a Lei para cada vez
mais pessoas. Afinal, “o Gohonzon (Nam-myoho-rengue-kyo) tem o poder de revelar em todas
as pessoas a natureza de Buda; contém todos os benefícios e abarca todas as capacidades; e,
além disso, tem o poder revitalizador de libertar todas as pessoas de seu carma negativo e
sofrimentos. Em síntese, tem a capacidade de possibilitar cada pessoa a manifestar seu máximo
potencial. É o ensino da vitalidade e da própria vida.”Introdução
Na primeira parte dessa série (BS 2.034, pág. A4) foi abordado o tema benefício. Abaixo, um
estudo sobre a fonte dos benefícios: o Gohonzon.
Histórico do Budismo
O budismo foi fundado na Índia há aproximadamente 2.500 anos por Siddharta Gautama ou
Sakyamuni (560–480 a.C.). Nascido como príncipe, nas colinas ao sopé do Himalaia,
Sakyamuni renunciou à vida secular para buscar respostas sobre as questões fundamentais da
existência humana, ou seja, a razão dos chamados quatro sofrimentos da vida: nascimento,
velhice, doença e morte. Durante anos, ele praticou austeridades, submentendo-se a uma
disciplina rigorosa por acreditar que o caminho da iluminação estaria no desapego aos desejos
mundanos que seriam a causa dos sofrimentos da vida.
Entretanto, com essas práticas não conseguiu encontrar respostas. Assim, acabou rejeitando-as
e começou a dedicar-se à meditação até que finalmente chegou à iluminação, tornando-se Buda.
Logo após ter atingido o estado de Buda, a primeira preocupação de Sakyamuni foi sobre a
compreensão das pessoas em relação ao seu ensino ou à Lei da vida. Durante cinco semanas,
ele permaneceu sentado sob a árvore bodhi, onde atingira a iluminação, refletindo se deveria ou
não ensinar o que havia descoberto aos outros.
A felicidade da humanidade era o principal objetivo de Sakyamuni. Seu maior desejo era
mostrar o caminho da iluminação a todas as pessoas. Mas hesitava em fazê-lo porque percebia a
ameaça de diferentes interpretações sobre a verdade a que havia chegado, e o ensino precisava
ser preservado em sua essência.
Após o falecimento de Sakyamuni, o budismo foi primeiramente propagado em toda a Índia e
depois nos países vizinhos, tomando duas direções distintas. Uma corrente propagou-se para o
atual Sri Lanka, Mainmá, Camboja, Indonésia e outras regiões sul asiáticas. Essa corrente ficou
conhecida como Budismo do Sul. A outra corrente difundiu-se pela Ásia Central até a China,
passando depois para a Península Coreana e o Japão. Os ensinos que se propagaram nesses
países são coletivamente denominados de Budismo do Norte.
Mesmo tendo sofrido certa influência cultural em seus costumes, o Budismo do Sul
basicamente seguiu e transmitiu os princípios e rituais dos primeiros ensinos budistas
desenvolvidos na Índia. Em contraste, o Budismo do Norte não somente sofreu influências
culturais e nacionais como também teve grandes alterações no desenvolvimento de sua doutrina
e de seus rituais.
A Índia e a Ásia Central foram os principais palcos de propagação do budismo durante os
primeiros mil anos após a morte de Sakyamuni.
Nos primeiros quinhentos anos desse milênio, a crença no budismo foi praticada
particularmente por monges e freiras indianos e seu ensino tinha como fundamento os sutras
que enfatizavam a fidelidade aos preceitos. A segunda metade do milênio foi um período em
que a propagação do budismo centralizou-se na região de Gandhara, nas proximidades da Ásia
Central. Nessa região, os budistas davam ênfase à busca filosófica, estabelecendo complexos
sistemas de teoria budista tais como o conceito da Não-Substancialidade (Kuu) e a doutrina da
Somente Consciência. Esses budistas denominaram seus ensinos de Budismo Mahayana
(grande veículo) e criticaram as escolas tradicionais, que centralizavam seus ensinos em
preceitos, tachando-as de Hinayana (pequeno veículo).
Acredita-se que a história do budismo na China iniciou-se por volta de quinhentos anos após a
morte de Sakyamuni. (Segundo a tradição budista, o budismo foi introduzido na China
aproximadamente mil anos após o falecimento de Sakyamuni, pois se considera como o período
de seu advento os quinhentos anos anteriores aos da data sugerida por estudiosos
contemporâneos.) Mais ou menos quinhentos anos após a época em que o budismo foi
introduzido na China, o Grande Mestre Tient’ai fez seu advento e estabeleceu a doutrina de
Itinen Sanzen com base no Sutra de Lótus. Pouco tempo após o advento de Tient’ai, o budismo
foi introduzido no Japão e, em seu período inicial de propagação, o Sutra de Lótus foi altamente
reverenciado, mesmo ocupando uma posição inferior em relação aos outros ensinos budistas. O
Grande Mestre Dengyo seguiu os passos de Tient’ai e esforçou-se para propagar a doutrina de
Itinen Sanzen. Entretanto, após seu falecimento, a linhagem da escola que estava fundamentada
no Sutra de Lótus foi interrompida e abandonada.
Segundo a tradição budista, acreditava-se que os Últimos Dias da Lei, que são os dois mil anos
após o falecimento de Sakyamuni, iniciaram no século XI.
Como muitos seguidores esqueceram-se de que Sakyamuni era o fundador do budismo, novas
escolas apareceram em sucessão, louvando os poderes de budas imaginários ou negando a
necessidade de estudar a doutrina ou de realizar a prática do budismo. O verdadeiro espírito do
budismo havia sido totalmente esquecido por volta do início do século XIII no Japão. Em meio
a essa confusão, Nitiren Daishonin fez seu advento.
Por volta dessa mesma época, o budismo da Índia acabou sofrendo o impacto do islamismo da
região oeste e desapareceu, embora esse budismo já viesse mantendo uma subsistência conjunta
com o esoterismo desde a extinção dos sucessores de Sakyamuni no século VI. De forma
semelhante, após a morte de Tient’ai, o budismo da China entrou em decadência, sendo
corroído pela influência do esoterismo indiano e pela predominância da devoção do Buda
Amida, que era uma derivação do próprio budismo. Além disso, a invasão da China pelos
mongóis ocorrida no século XIII causou o total declínio do budismo. Durante esse período de
gradativo declínio do Budismo do Norte, Nitiren Daishonin fez seu advento e estabeleceu os
verdadeiros ensinos do budismo que viriam a iluminar a escuridão dos Últimos Dias da Lei.
Fonte:
Fundamentos do Budismo, pág. 116; Síntese do Budismo, pág. 10
Qual o significado do juzu (rosário budista)?
Edição 1848 - Publicado em 17/Junho/2006 - Página A6
Utiliza-se o juzu na prática do Gongyo e do Daimoku diante do Gohonzon. A palavra “juzu”
significa “um número de contas”, ou ainda os Três Tesouros (do Buda, da Lei e do Sacerdote).
A forma circular desse objeto significa grande espelho da sabedoria. Revela também o princípio
místico da natureza essencial da Lei.
É costume colocar o juzu entre o dedo médio de cada mão — deixando o lado com as três
borlas na mão direita e o de duas borlas na mão esquerda — torcendo-o para que cruze no meio
entre as duas mãos. Diz-se que o juzu representa o corpo humano: as três borlas do lado direito
são a cabeça e os braços; o cruzamento no meio indica o umbigo; e as duas borlas do lado
esquerdo são as pernas.
O juzu tem um total de 108 contas, que representam os 108 desejos mundanos, as fontes do
sofrimento. As quatro contas menores representam os quatro bodhisattvas, que são os líderes
dos Bodhisattvas da Terra no Sutra de Lótus (Bodhisattvas das Práticas Superiores, das Práticas
Ilimitadas, das Práticas Puras e das Práticas Firmemente Estabelecidas.)
A verdadeira identidade do Bodhisattva das Práticas Superiores é Nitiren Daishonin. Os quatro
bodhisattvas representam o poder de se empenhar eternamente pela felicidade de toda a
humanidade.
Portanto, o juzu simboliza o fato de que, ao fazermos o Gongyo diante do Gohonzon, podemos
transformar todos os problemas e sofrimentos em combustível para nos impulsionar para a
felicidade.
Além disso, as palmas das mãos juntas representam a fusão da realidade e da sabedoria — a
fusão da nossa vida com a Lei Mística — ao passo que o encontro dos dedos das duas mãos
representa a possessão mútua dos Dez Estados. Isso significa que nenhum dos Dez Estados —
isto é, Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção,
Bodhisattva e estado de Buda — está separado do outro. É exatamente por isso que o poder do
estado de Buda se manifesta nos outros nove estados na nossa vida diária.
O comprimento do cordão entre o repositório e o pingente revela o desejo do praticante pelos
benefícios.
Os benefícios que transbordam do repositório passam pelo cordão e enchem o pingente. Isso
significa que os benefícios ficam retidos, ou seja, ficam acumulados.
Quanto ao ato de esfregar o juzu, não há significado. Algumas pessoas fazem isso por
ansiedade, para manter a concentração ou apenas por hábito.
Em relação à posição para colocar o juzu nas mãos é apenas uma convenção, ou seja,
colocamos o juzu com o cordão com três pingentes na mão direita e com os dois pingentes na
mão esquerda por formalidade. O importante é realizar a prática de forma correta e prazerosa,
utilizando seus acessórios sem mistificá-los.
Devemos lembrar, no entanto, que objetos como o juzu, o oratório, o incenso, entre outros,
fazem parte do aspecto “ritual” da fé. Essas formalidades estão sujeitas a mudanças dependendo
da época ou do lugar, e em muitos casos isso é perfeitamente aceitável.
Fontes de Consulta:
• Brasil Seikyo, edição no 1.484, 14 de novembro de 1998, pág. 4.
• Ibidem, edição no 1.700, 17 de junho de 2003, pág. C4.
Qual a importância dos oferecimentos ao Gohonzon?
Os oferecimentos ao Gohonzon são importantes expressões da fé na prática budista e
representam a sinceridade e a gratidão ao Gohonzon. Portanto, o que importa não é a
quantidade oferecida, mas a forma como está sendo feita.
Limpar o oratório, oferecer água diariamente, frutas e folhas verdes, acender velas e queimar
incenso durante a recitação do Gongyo e do Daimoku são formas de externar sinceridade e
gratidão ao Gohonzon e dignificar o local onde ele está consagrado.
Esses oferecimentos representam ainda devoção aos Três Tesouros: Tesouro do Buda (Nitiren
Daishonin), Tesouro da Lei (Objeto de Devoção do Verdadeiro Budismo, o Gohonzon) e o
Tesouro do Sacerdote (Nikko Shonin, sucessor imediato de Nitiren Daishonin).
1.
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4.
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6.
Água por ser indispensável a vida, é oferecida todas as manhãs e significa pureza.
Frutas e alimentos são oferecidos em forma de gratidão por não nos faltar comida.
Shikimi representa a eternidade da vida por durar muito.
Velas representam a sabedoria do Buda ou a Iluminação
Incenso por ter fragrância agradável simboliza a purificação do ambiente.
Sino seu som é um louvor aos budas. Quando batido de maneira agradável é como se fosse uma
música que transmite paz e tranquilidade para as pessoas. Quando se faz o gongyo em grande número
de pessoas, o sino também é utilizado para indicar o inicio e fim das orações.
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