Iniciação Científica Curso de Enfermagem Artigo de revisão bibliográfica PRÁXIS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM HANSENÍASE NURSING PRAXIS IN PATIENTS WITH LEPROSY Ingrid Brenda de Azevedo Milhomens Coelho¹, Judith². 1 Aluna do Curso de Enfermagem 2 Coordenadora do Curso de Enfermagem Resumo Introdução: A Hanseníase, conhecida desde os tempos bíblicos como Lepra (Levítico 14, Bíblia Sagrada), era uma doença desconhecida na sua origem, diagnóstico e tratamento, e por isso, tratada como uma punição da parte de Deus por algum ato pecaminoso. O que se sabe realmente é que a Hanseníase é uma doença muito antiga, sendo considerada infectocontagiosa através da ação do bacilo Mycobacterium Leprae. A história obscura de sua origem e seu alto grau de estigma social vigente despertou o interesse em pesquisar sobre a práxis da enfermagem em pacientes com Hanseníase. Objetivo: Descrever a importância da atuação do profissional da enfermagem na assistência ao paciente com Hanseníase. Materiais e Métodos: Revisão de literatura de caráter descritivo, com levantamento das principais informações sobre o fenômeno, nas principais obras do Estado da Arte sobre Hansen íase. Os artigos foram retirados das bases de dados SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO, BIREME e LILACS, utilizando os descritores: Hanseníase, processo de cuidar, enfermagem, tratamento e prevenção. Revisão de Literatura: Devido à falta de informações, pessoas com Hanseníase não têm procurado assistência no início da doença, e quando estão em tratamento, muitas vezes desistem por se tratar de um processo demorado. A Hanseníase possui um aspecto determinante de algumas consequências sociais e psicológicas resultantes das incapacidades físicas que podem ocorrer na evolução da doença e que é a grande causa d o estigma e do isolamento do paciente na sociedade. Conclusão: Foi possível observar que a Enfermagem é essencial na assistência à saúde da comunidade e participa do trabalho coletivo dentro do posto de saúde lutando contra a hanseníase, contribuindo no controle da doença, individualmente, com as famílias e com a povoação. Palavras-Chave: Hanseníase; processo de cuidar; enfermagem; tratamento; prevenção. Abstract Introduction: The Hansen’s disease (leprosy), known since the Bible Times as (Leprosy) (Leviticus chapter 14, Holy Bible) it was an unknown disease in its origin, diagnosis and treatment, for this reason it was treated as a punishment from God’s part for an act of sin committed. What is really known is that leprosy is a very old disease as being considered infectious through the action of the bacillus Mycobacterium Leprae. Its dark history of its origin and its high level of current social stigma, created the interest for rbesearching about the nursing practice in patients with leprosy. Goal: to describe the importance of the nursing professional practice in the assistance of the patients with leprosy. Materials and Methods: Revision of the literature of descriptive feature, with the arousal of the main information about the phenomena , in the main works (literature) from the State of Art about leprosy. The articles were collected as based in data from: SCIELO, GOOGLE ACADEMIC,BIREME and LILACS, using the describers: Leprosy, taking care process, nursing, treatment and prevention. Revision of literature: Due to the lack of information, people who have leprosy haven’t looked for assistance in the beginning of the disease, and as they go through treatment , many times they give up on because it’s a long process which takes a lot of time. Leprosy has some determining aspects of some psychological and social consequences resulted from the physical inability that might happen in the disease’s evolution and which is the big stigma cause and the patient isolati on in the society. Conclusion: It was possible to observe that nursing is essential in the assistance of the health community and participates in the collective work inside the health center, fighting against leprosy, contributing for the disease control, individually, with the families and with the people. Key - words: Leprosy, Process of Taking Care, Nursing, Treatment, Prevention. ____________________________________________________________________________________________________________ Contato: [email protected] Introdução: Na antiguidade a medicina era fundamentada na magia, concordava que sete demônios eram os culpados das doenças, entre elas a Hanseníase. Os sacerdotes, respeitados como médicos, vendiam talismãs com orações usadas contra avanços dos demônios. Acreditavam na dependência de milagres de Deus para a cura da Lepra, como está escrito na Bíblia sobre o banho no rio Jordão: ‘’Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará limpa’’ (BRITTON; LOCKWOOD, 2004). Um conceito mais recente diz que a Hanseníase é considerada uma infecção provocada pelo Mycobacterium Leprae, que possui um alto poder de causar infecção numa grande quantidade de pessoas, o que não quer dizer que todos desenvolverão a doença. Isso acontece em decorrência de seus aspectos internos que envolvem o relacionamento que o indivíduo tem com o hospedeiro e o nível de contaminação do local onde está inserido. A residência na qual esse indivíduo mora é apontada como uma causa importante e propícia que pode favorecer a transmissão da doença (MENDES, 2009). Ainda hoje, discute-se se a hanseníase é de origem asiática ou africana. Foi o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, notável pesquisador sobre o tema, que identificou, em 1873, este bacilo como o causador da lepra, a qual teve seu nome trocado para hanseníase em homenagem ao seu descobridor (DINIZ, 2005). A Hanseníase é uma doença muito antiga, comumente conhecida por lepra. Pode se manifestar de várias formas no organismo humano, acometendo a pele ou os nervos periféricos. Além de ser uma doença infectocontagiosa, a Hanseníase traz, na sua história, uma bagagem de preconceito e discriminação que evolui para a segregação social dos sujeitos que são vitimados por ela (BAIALARDI, 2007). Estudos mostram que o Brasil apresenta muitos casos de Hanseníase, entretanto, o tratamento não mais exige internação, pois existem medicamentos altamente eficazes no controle dessa doença crônica. Anteriormente, ao ser diagnosticado com Hanseníase, o indivíduo era mantido num leprosário, onde era submetido ao tratamento desumano, se mantendo longe da família e do convívio social (BORENSTEIN et al. 2008). Em outro estudo, consta que, se a Hanseníase for diagnosticada rapidamente, e o indivíduo for submetido ao tratamento correto, existe uma grande possibilidade de obter a cura, e consequentemente, evitar alguma alteração de ordem física e social. Para tanto, faz-se necessário que a intervenção feita pelo profissional da saúde tenha um suporte adequado para promover a identificação, diagnóstico e tratamento da doença (FILHO; SANTOS; PINTO, 2010). O estudo de Júnior et al. (2008) ressalta a importância da assistência de enfermagem ao portador de Hanseníase. Fundamentados na Teoria Transcultural de Madeleine Leininger, em que se afirma, com relação à práxis desses profissionais, ser o cuidado o cerne dessa atuação e do saber, englobando ações de suporte que facilitem a realização das demandas que surgem nesse processo. Para tal, o objetivo do trabalho foi descrever a importância da atuação do profissional da enfermagem na assistência ao paciente com Hanseníase. O tema justifica-se pela relevância de demonstrar à comunidade acadêmica a diferença que ocorre, na vida do paciente Hanseniano, se este tiver acesso à assistência correta individualizada e em grupo. Como a Hanseníase é uma doença que necessita de tratamento específico, é importante demonstrar, nas literaturas existentes, que as ações empreendidas pela enfermagem fornecem subsídios fundamentais que auxiliam de maneira eficaz na promoção de saúde desse paciente e, consequentemente, atuam como instrumentos humanos no controle e combate à Hanseníase, propondo uma educação básica, para conscientização do paciente, familiares e toda comunidade na qual o indivíduo estiver inserido. Materiais e Métodos: Trata-se de uma pesquisa do tipo bibliográfica e descritiva. Utilizou-se informações de obras já existentes do estado da arte sobre Hanseníase, principalmente, de artigos científicos presentes em sites de busca, como SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO, BIREME, LILACS, os quais se encontram nas referências. A busca foi em literaturas históricas de 1982 a 2016, sendo que a revisão com os artigos foram de 2001 á 2016, contendo apenas uma referência do ano de 1982, mostrando que houve uma evolução na definição da doença, assim como nos métodos utilizados na identificação, no diagnóstico e tratamento da Hanseníase, principalmente, no que tange a práxis da enfermagem em paciente de Hanseníase. Dessa busca foram selecionados 60 artigos a partir das palavras-chave: Hanseníase, processo de cuidar, enfermagem, tratamento e prevenção. Após a análise, foram utilizados 38 (trinta e oito) artigos. A pesquisa ocorreu de agosto de 2015 a março de 2016. Os dados foram tratados de forma metodológica por meio de leitura e explanação dos resultados dentro da revisão. A pesquisa seguiu as normas do NIP (Núcleo Interdisciplinar 2016), e ABNT 2012. Revisão de Literatura: A Hanseníase é uma doença que existe há muito tempo na história da humanidade, pois há informações que descrevem a doença desde antes do nascimento de Cristo. De acordo com menções feitas na Bíblia, a Lepra era bem comum e alguns personagens bíblicos foram acometidos pela doença. Principalmente nas Escrituras do Velho Testamento, há indicações sobre a descoberta e as medidas que se tomavam para alcançar a cura da Hanseníase. Todo esse processo, no entanto, era mediado pelo sacerdote que avaliava os casos e a gravidade da manifestação da doença, e consequentemente, encaminhava o paciente para os rituais de purificação (DA CUNHA, 2002). Seguindo esse parâmetro, Eidt (2004) assinala que a origem da hanseníase é datada de milhares de anos em países asiáticos (Índia, China e Japão) e africano (Egito) e existem alguns que acreditam que a doença tenha se originado na África. Isso só comprova que a origem da Hanseníase ainda é um fato obscuro. O certo é que ela era conhecida comumente como Lepra, sendo uma das doenças mais antigas que acomete o ser humano. Existem registros concretos da doença em ossadas encontradas no Egito, provavelmente dois séculos antes de Cristo. No estudo de Filho, Santos e Pinto (2010), a Hanseníase é conhecida como uma doença infecciosa e altamente contagiosa, de longa duração, provocada pelo bacilo de Hansen. Provavelmente foi descoberta em 1868, na Noruega, e desde então essa doença é considerada infectocontagiosa, tendo a sua origem relacionada com fatores hereditários e castigo divino. O perfil desse bacilo, que vive no interior das células necessariamente, é que ele tem uma preferência de ação nos nervos periféricos e nas células cutâneas, provocando uma probabilidade maior de causar incapacidades motoras na pessoa contaminada. EIDT (2004) cita que existem várias narrativas que remetem à origem da doença. Contudo, segundo a literatura, foi em 1873 que um grande pesquisador chamado Gerhard Armauer Hansen identificou a ação do Mycobacterium leprae, no organismo humano, como o agente causador da Lepra. Após algum tempo, a doença passou a se chamar Hanseníase em homenagem ao pesquisador. Os resultados dessas pesquisas revelaram ser a Hanseníase uma grave doença infectocontagiosa. Suas manifestações clínicas surgem, sobretudo, em lesões na pele com alterações de sensibilidade. Um dos aspectos que a Hanseníase apresenta é que se trata de uma doença crônica. No seu histórico de origem, já recebeu vários nomes como: morféia, mal de pele e doença lasarina, entretanto, foi a denominação lepra que provocou muito preconceito aos indivíduos acometidos pela doença. “Lepra é uma terminologia atualmente evitada por ser estigmatizante, pejorativa e marginalizante, em especial para os doentes e seus familiares” (DOS SANTOS et al. 2012, p. 117). Toda falta de informação que envolvia as principais questões em torno da Hanseníase, ou seja, sua forma de transmissão, controle e tratamento da doença formaram um cenário de medo e segregação social desde o período medieval. Durante muito tempo, os indivíduos infectados eram fadados ao isolamento em leprosários localizados longe das cidades. Os portadores de Hanseníase eram impedidos do convívio social e geralmente essa condição resultava em morte. Além do medo que as pessoas possuíam da contaminação, havia também um estigma social muito forte em decorrência das mutilações físicas ocasionadas pela doença (BAIALARDI, 2007). De acordo com Cunha (2002), é difícil saber sobre as condições de salubridade que as pessoas da idade medieval dispunham, contudo, o certo é que a perspectiva de vida das pessoas não ultrapassava os trinta anos. O entendimento sobre a forma de transmissão da doença era de que esta acontecia mediante contato direto com um doente. Também acreditavam que a Hanseníase tinha causa genética, condições climáticas e questões relacionadas com a alimentação. “Portanto, a Hanseníase teria se tornada endêmica devido a associações de fatores como as más condições de higiene, alimentação e moradia” (DA CUNHA, 2002, p. 236). Segundo Eidt (2004), o surgimento da Hanseníase, no continente da América do Sul, foi favorecido pelo processo de colonização realizado provavelmente pelos conquistadores oriundos da Europa. Ademais, há relatos de que os primeiros indivíduos contaminados pela Hanseníase na Colômbia eram oriundos da Espanha. Dentre alguns fatores importantes de transmissão da Hanseníase nessa ocasião, o comércio ilegal de escravos, trazidos em navios, foi o que determinou o avanço da doença nesse continente. Nesse sentido, há registro de que a história da Hanseníase no Brasil começou coincidentemente no Brasil Colônia. Foi realizado o levantamento das autoridades da época e ficou evidenciado um número absurdo de casos de Hanseníase em terras brasileiras. O crescimento de casos se deu principalmente pela entrada de estrangeiros trabalhando nas propriedades brasileiras, principalmente os escravos oriundos da África. Como já existia um preconceito grande em relação aos escravos, o estigma em relação aos negros aumentou em decorrência das deformidades geradas pela Hanseníase nos corpos desses indivíduos (SANTOS; FARIA; MENEZES, 2008). Entretanto, para Eidt (2004), essa visão de que os escravos foram os agentes responsáveis pela grande disseminação da Hanseníase no Brasil pode ser contestada diante do fato de que um escravo doente não representava nenhum interesse comercial. Principalmente se esse indivíduo apresentasse lesões visíveis na pele. Polêmicas à parte, o certo mesmo é que os primeiros casos de Hanseníase registrados aqui no Brasil são datados do século dezesseis, época em que foi criado o primeiro leprosário para abrigar os indivíduos infectados. Marzliak et al. (2008) apresentam estudo que demonstra haver um avanço de casos da Hanseníase em terras brasileiras. Essa demanda exigiu a implementação de algumas políticas públicas de saúde visando atender os acometidos pela doença. Essa situação fomentou o surgimento de organizações de proteção ao portador de Hanseníase. Na ocasião, surgiram com força os locais para exclusão de pessoas com diagnósticos de Hanseníase, instituindo o isolamento do doente da vida em sociedade. Entretanto, segundo Cunha (2002), a exclusão das pessoas infectadas para locais afastados da cidade, resultou num mal necessário, pois a situação poderia fugir do controle da vigilância sanitária. Afinal, a Hanseníase ainda era uma doença cuja origem, diagnóstico e tratamento, eram praticamente desconhecidos. Num primeiro momento, os doentes foram afastados como uma medida de caráter biológico. Era preciso de uma atitude drástica para conter o progresso da doença. A doença realmente diminuiu, porém não o seu fim. Considerando essas características, é possível entender por que a Hanseníase tem um estigma social persistente condenando o doente a viver totalmente marginalizado da sociedade. A pessoa com diagnóstico de Hanseníase era vedada a realização das atividades mais simples da vida social. Eram proibidas de frequentar os grandes centros, de tocar objetos expostos no comércio. Tarefas simples como lavar roupas em locais públicos, não lhes eram permitidas. Os portadores de Hanseníase eram duramente punidos caso não cumprissem as normas. Sem falar que eram proibidos de trabalhar em locais onde fosse necessário manipular qualquer alimento ou objeto que pudesse ser tocado por um indivíduo saudável (EIDT, 2004). Nesse sentido, Filho, Santos e Pinto (2010), relatam que esse preconceito transmitido pela doença compromete decisivamente a disposição desses doentes na busca de informações, na adesão e manutenção do tratamento até alcançar o controle ou a cura. Atualmente o preconceito ainda existe, principalmente, em torno das questões concernentes às incapacidades físicas e mutilações ocasionadas pela Hanseníase. Esse quadro se perpetua, pois a sociedade ainda apresenta um comportamento cultural e moral que fazem com que o portador da Lepra se sinta ainda um ser humano inferior. No estudo de Araújo (2003) sobre a Hanseníase no Brasil, está o registro de como ocorre o processo de identificação do Mycobacterium leprae. Ou seja, acontece através da resposta sequenciada da polimerase – PCR em pesquisas que são realizadas diante de demandas específicas. Uma das categorias mais usadas aqui no Brasil é a de Madri. Nessa classificação são considerados os polos virchowiano e tuberculóide e dois grupos instáveis (indeterminado e dimorfo), que se direcionam para um dos polos, no progresso natural da doença. Em outro estudo de Filho, Santos e Pinto (2010), os autores demonstraram que a Hanseníase é considerada uma questão de saúde pública aqui no Brasil. Entretanto, apesar da classificação como uma doença altamente infecciosa, ela é totalmente tratável e com uma adesão completa ao tratamento, pode-se obter a cura. Não obstante, a Hanseníase possui um aspecto determinante de algumas consequências sociais e psicológicas resultantes das incapacidades físicas que podem ocorrer na evolução da doença e que é a grande causa do estigma e do isolamento do paciente na sociedade. Estudos mais recentes demonstram que, no Brasil, foi elaborado um plano estratégico no combate à Hanseníase. A meta era que pudesse chegar à marca de um caso de Hanseníase numa amostra de cem mil pessoas. Entretanto, esse objetivo não foi alcançado mesmo diante da diminuição do índice de prevalência e o aumento de pacientes que foram submetidos ao tratamento poliquimioterápico (PQT). O motivo para o não alcance das metas estabelecidas pode ter sido o fato de que ainda existam muitos pacientes que não foram diagnosticados ou haja a prevalência oculta do fenômeno (LIMA et al. 2013). De acordo com Backes et al. (2008), é justamente nesse cenário de preconceito e estigma social, apresentado durante o processo de descoberta e trajetória da Hanseníase até os dias de hoje, que se discute a prática da enfermagem no tratamento dos indivíduos infectados. A atividade desenvolvida pelo profissional da saúde envolve dois aspectos fundamentais, sendo que o primeiro engloba ações de preservação, respeito, reconhecimento da diversidade humana, idiossincrasia, as diversas situações e demandas de cada paciente. O segundo aspecto, não menos importante, é fazer com que essa prática esteja em consonância com as regras estabelecidas, princípios essenciais em interface com outras áreas de assistência à promoção de saúde. O paciente tem um desenvolvimento de percepção negativa sobre seu próprio valor em resposta a situação atual, por que a hanseníase ataca também o psicológico do paciente, portanto o enfermeiro tem que da o apoio para esse paciente, identificar o sentimento básico de valor próprio do paciente, a imagem que ele tem de si próprio, físicos e psicológicos (NANDA, 2009) Numa visão mais global sobre a práxis da enfermagem, Júnior et al. (2008) destacam que, “nessa perspectiva, para uma assistência adequada, o enfermeiro pode avaliar os comportamentos dos cuidados assistenciais que são prestados, decidindo com a pessoa se esses cuidados podem ser mantidos ou se há a necessidade de buscar outras formas de tratamentos que não venham ferir à dignidade de cada um.” Para Dos Santos et al. (2012), esse cuidado tem como objetivo alcançar a cura do paciente, independente de não obter êxito no que foi traçado. Por isso, é preciso que esse cuidado seja contínuo e global, abarcando as várias dimensões da vida do paciente. Formas Clínicas da Doença (Segundo a Classificação de Madri, 2000): Abordando a temática sobre a hanseníase no Brasil, Araújo (2003) apresenta as formas clínicas da doença: Hanseníase Indeterminada (HI), Hanseníase Turbeculóide (HT), Hanseníase Virchowiana (HV) e Hanseníase Dimorfa (HD). A HI é considerada uma manifestação inicial da doença, pois apresenta algumas alterações de sensibilidade em área inespecífica da pele. Geralmente, decorridos alguns meses o quadro pode evoluir ou para cura ou para outra manifestação clínica da doença. Para Souza (1997), a HT se caracteriza por uma manifestação das lesões bem definidas e diminuídas, onde há ausência de dor, acometendo a pele de maneira bem desigual, comprometendo filetes nervosos e anexos cutâneos. A HV é uma forma clínica comum em indivíduos que possuem imunidade baixa em relação ao Mycobacterium Leprae. Essa forma de hanseníase é bastante grave e crônica, pois compromete a pele, órgão genital masculino, nervos, fígado e baço e produz outras sequelas sérias no indivíduo. Essa manifestação clínica demonstra uma susceptibilidade ao bacilo, o que ocasiona a multiplicação e disseminação da doença. Por último, a Hanseníase Dimorfa é uma forma que apresenta bastante variação principalmente quanto aos sinais que aparecem na pele, nos nervos e implicação sistêmica. Esta forma clínica é bastante parecida com a tuberculóide, pois as lesões são aumentadas e em maior quantidade. A HD é considerada indeterminada, correspondendo aos casos que não podem ser classificados em nenhum dos tipos polares e nem nos respectivos grupos satélites (OPRAMOLLA 2000). Transmissão: Em um estudo sobre os fatores de riscos para a transmissão da Hanseníase, Santos, Castro e Falgueto (2008) explicam que a convivência com indivíduo Hanseniano acometido pelos tipos virchowiano ou dimorfo apresenta grande possibilidade de transmissão, principalmente, se a doença ainda não tiver sido descoberta e o tratamento iniciado. “Esses indivíduos possuem carga bacilar suficiente para favorecer a transmissão através das vias aéreas superiores” (p. 739). Filho, Santos e Pinto (2010) demonstram que um dos fatores que favorecem a transmissão da Hanseníase e dificultam o controle dos casos em tratamento pode ser as péssimas condições sanitárias de indivíduos que vivem em locais de baixa renda social e econômica. É preciso considerar o fato de que essa doença seja altamente contagiosa, podendo se desenvolver principalmente em grandes centros urbanos que apresentam infraestruturas e políticas públicas em saúde inadequadas ao desenvolvimento humano. Estudos de Duarte, Ayres e Simonetti (2009) revelam que os cuidados em relação à hanseníase são primordiais como medidas de enfrentamento à doença, a qual se apresenta como um problema de saúde pública. Inicialmente o tratamento prevê impedir a transmissão e disseminação da doença. Nesse processo, o trabalho da enfermagem deve ser realizado de forma integrada e organizada junto aos doentes e familiares. Ações específicas desse tratamento requer uma consulta de enfermagem, realização de exames, testes e aplicação da vacina BCG, atendendo a necessidade de cada caso. Sintomas: Para um diagnóstico de Hanseníase, de acordo com Cunha (2002), é preciso compreender que, após o desenvolvimento da doença, ocorre o alojamento do bacilo nos nervos periféricos, causando manchas e nódulos, ulcerações nas plantas dos pés e nas palmas das mãos, perda de pêlos do corpo, inclusive dos cílios e sobrancelhas, insensibilidade das extremidades, dentre outras lesões. Esses são os principais sintomas. Igualmente, de acordo com o estudo de Duarte, Ayres e Simonetti (2009), a Hanseníase se expressa, principalmente, lesionando as estruturas dermatológicas e neurológicas do ser humano. “O comprometimento dos nervos periféricos é sua característica principal e lhe confere um grande potencial incapacitante” (p. 101). No estudo de Filho, Santo e Pinto (2010), no que concerne a identificação para casos de Hanseníase, destacou-se a importância da ação do profissional de enfermagem diante da queixa da doença, para a realização de testes específicos em busca do diagnóstico. “A não realização de testes para suspeita diagnóstica sugere a existência de dificuldade para a realização da consulta de enfermagem dirigida aos doentes e seus comunicantes” (p. 615). Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas: Nos primeiros estudos sobre a prevenção das incapacidades na Hanseníase, Cristofolini (1982) já enfatizava a necessidade de implementação de medidas de prevenção propostas pelas políticas de saúde visando o controle da doença. As ações para contenção da Hanseníase buscavam diminuir a morbidade, prevenir as incapacidades, manter a união da família e encorajar a reinserção na sociedade. Todas essas medidas são relevantes, pois é grande o número de casos de incapacidades motoras em pacientes Hansenianos. É preciso também fazer uma adaptação dos instrumentos que esses indivíduos usam para fazer suas tarefas diárias (CRISTOFOLINI, 1982). As medidas de prevenção da Hanseníase, visando o seu controle, estão fundamentadas na identificação de novos casos, no tratamento com poliquimioterapia, na fiscalização dos comunicantes de cada domicílio, no cuidado de incapacidades físicas e na recuperação do paciente. Essas são medidas básicas e essenciais (LIMA et al, 2013). As ações de prevenção e contenção da Hanseníase estão fundamentadas na identificação precoce de novos casos, assim como na adesão do tratamento poliquimioterápico (que impede a transmissão do bacilo), no monitoramento dos outros membros da família, no cuidado das incapacidades e na recuperação desse paciente. (LANZA; LANA, 2011). Em relação à prevenção de incapacidades e deformidades físicas, o estudo de Virmond e Vieth (1997), esclarece que havia uma contradição no significado do termo prevenção em Hanseníase, pois o conceito de prevenção era utilizado para representar as ações que prevenissem o aparecimento dessas incapacidades ou, na pior das hipóteses, diante do surgimento delas, que se apresentassem medidas de controle. “Entretanto, os esforços das políticas de saúde concentraram-se quase que exclusivamente no diagnóstico precoce e no seu tratamento” (p. 358). O estudo de Gonçalves, Sampaio e Antunes (2009) explica que a prevenção das deformidades e limitações motoras ocasionadas pela Hanseníase no paciente é feita por meio de um rápido diagnóstico e adesão ao tratamento. “O monitoramento por meio de exame neurológico sistemático possibilita diagnóstico e intervenção precoce em quadro de acometimento neural, reduzindo as chances de desenvolverem incapacidades” (p. 268). Segundo a literatura de Rodini et al. (2010), a consequência da incapacidade física para o paciente com Hanseníase, considerando as dimensões físicas e sociais, é bastante mutável, pois varia de indivíduo para indivíduo. Ou seja, “uma pessoa com incapacidade grave pode continuar realizando suas atividades de vida diária sem maiores problemas, e, para outras, uma mínima incapacidade dificulta a vida social” (p. 160). Ainda em relação à prevenção e tratamento das incapacidades físicas, é preciso adotar medidas simples para serem realizadas diariamente. A adesão ao tratamento medicamentoso e o cuidado com os nervos do corpo são importantes para evitar as deformidades. O autocuidado é essencial, pois, mesmo após o uso dos remédios, podem surgir algumas complicações. Por isso, é fundamental estar atento ao cuidado com o corpo (olhos, nariz, mãos, braços, pés, pernas). Diante desses problemas, a educação básica em enfermagem orientará o paciente no aprendizado dos exercícios que deverão ser feitos visando à recuperação (OLIVEIRA et al. 1998). De todos os problemas causados pela Hanseníase, as incapacidades motoras apresentam alto grau de comprometimento da vida desse paciente nas esferas social e psicológica. Daí a importância da intervenção do enfermeiro que deve estar apto a fazer uma avaliação diagnóstica clínica, a identificar as prováveis variações e apontar as complicações manifestadas pela doença. Também é atribuição do enfermeiro coordenar as ações assistenciais de cuidado, a fazer prescrição para os pacientes e seus familiares sobre o estigma que envolve a doença, conscientizando-os do perigo de serem vítimas de preconceito e discriminação por causa da doença. Não obstante, a Hanseníase é uma doença tratável e tem cobertura completa das políticas públicas de saúde (LIMA et al. 2013). Tratamento Quimioterápico: A Hanseníase tem cura, pois o tratamento é feito pela poliquimioterapia (PQT), que são as combinações dos seguintes medicamentos: RIFAMPICINA e DAPSONA para o caso Paucibacilar (PB) e RIFAMPICINA, DAPSONA e CLOFAZIMINA para o caso Multibacilar (MB). Esses medicamentos são supervisionados pela equipe de enfermagem, nos postos de saúde, sendo feita uma dose única mensal e entregue a cartela das doses auto administradas. O paciente que inicia o tratamento, já na primeira dose, não oferece mais riscos para a sociedade. São considerados curados aqueles que cumprem o ciclo de 6 doses supervisionadas, em um período de 9 meses para o estágio Paucibacilar, e 12 doses supervisionadas em um período de 18 meses para o estagio Multibacilar. (PINHEIRO, 2009). Segundo Pereira (1999), a PQT mata o bacilo tornando-o inacessível, evitando a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e a deformidades causadas pela a hanseníase, levando à cura. Para cada paciente que começa o tratamento é preenchida uma ficha de acompanhamento da PQT a fim de controle desses pacientes. São oferecidas também a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) para familiares que convivem com pacientes Hansenianos, pois essa vacina serve para reforça a imunidade e não para o tratamento da Hanseníase. Além disso, ela só pode ser aplicada se o paciente não possuir a marca da vacina ou se estiver apenas uma ( BRASIL, 2001). Função do Enfermeiro Multidisciplinar Frente à Paciente Hanseniano: e da Equipe Assistência ao A Hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa, transmitida em baixas condições sociais e econômicas, determinando, dessa forma, o avanço da doença e seu controle. Além do estigma social, a Hanseníase tem poder incapacitante prejudicando o trabalho e a vida em sociedade do indivíduo. Diante desse quadro, é preciso que o tratamento da Hanseníase seja multidisciplinar. Nesse contexto o papel da enfermagem tem a ação de planejar e propor ajuda no controle do paciente, de sua família e da comunidade, realizando pesquisa de campo para identificar as condições de saúde do local, e posteriormente, propor tratamento adequado e eficaz. (COSTA, 2010). No estudo de Lima et al. (2013), no que tange a casos de Hanseníase, o primeiro passo seria realizar um diagnóstico da doença, pois quanto mais cedo encaminhar o paciente para o tratamento maior a probabilidade de interromper a sequência de sua transmissão. “O diagnóstico clínico da Hanseníase baseia nos exames dermatológico e neurológico, pesquisa de nervos periféricos, à procura de espessamentos; seguindo das provas de sensibilidade superficial, da histamina ou policarpina” (LIMA, et al. 2013, p. 10). Outro estudo mais contemporâneo relata que são grandes os benefícios desse diagnóstico inicial da Hanseníase na promoção de saúde desse paciente, pois, de acordo com Rodrigues et al. (2015), é provável que “as incapacidades físicas podem ser evitadas ou reduzidas, se as pessoas afetadas forem identificadas e diagnosticadas precocemente, tratadas com técnicas adequadas e acompanhadas pelos serviços de saúde de atenção básica” (p. 298). O papel do enfermeiro, na ação da atenção básica, de acordo com Lima et al. (2013), representa uma dimensão basilar na distinção desses indivíduos com características típicas para essa doença. Para tanto, é necessário que esse profissional faça parte de um programa de assistência à saúde que esteja inserido na comunidade, e consequentemente, tenha acesso direto com esses indivíduos, possibilitando uma ação interventiva que promova mudanças ambientais e nos fatores transformáveis. Nesse sentido, Rodrigues et al. (2015) afirmam que a atuação da enfermagem é primordial no desempenho do papel assistencial em prol da saúde das pessoas, fazendo parte de um trabalho em grupo no combate à Hanseníase, agindo pontualmente em medidas estratégicas visando, controlar a doença, de maneira individual, atendendo os infectados, seus parentes e comunidades em que estão inseridos. No estudo de Souza, Nóbrega e Silva (2002), consta que a educação em saúde é uma das atribuições de enfermagem que exerce uma função fundamental nesse contexto de adoecimento por Hanseníase, pois representa uma atividade renovadora reforçando a estabilidade emocional do doente. Alguns conflitos são comuns resultantes das interações entre pacientes e familiares por conta de fatores estressores. “É importante que o enfermeiro tenha conhecimento desses problemas, para que possa intervir junto aos familiares, individualmente ou em grupo” (p. 91). Em estudo de Rodrigues et al. (2015), a literatura enfatiza que uma das mais importantes atribuições da enfermagem é a consulta realizada entre enfermeiro e paciente. Nesse momento podem ser detectadas dificuldades relacionadas com a Hanseníase, assim como a descobertas de outras enfermidades. Nessa consulta o paciente recebe orientações e cuidados de enfermagem visando a qualidade de vida por meio de atividades que busquem a recuperação e reabilitação das principais demandas do doente. Na visão de Lima et al. (2013), a consulta de enfermagem é significativa tanto para o enfermeiro quanto para o indivíduo portador de Hanseníase, pois representa um verdadeiro encontro viabilizando etapas importantes, compreendendo o registro da história de vida desse paciente: o exame físico, o diagnóstico, a prescrição e o progresso da enfermagem. “O processo de escuta perpassa por essas fases e, dependendo da qualidade realizada, ela poderá reconhecer uma série de condições que fazem parte da vida das pessoas e constituem-se nos determinantes dos perfis de saúde e da doença” (p. 10). De forma mais específica, Junior et al. (2008) são incisivos quando afirmam que é função do enfermeiro, no manejo de pacientes com Hanseníase, promover uma formação contínua dos componentes de sua equipe de enfermagem. A consulta de enfermagem deve apontar os elementos de riscos e de anuência no tratamento da Hanseníase. “É imprescindível que a enfermagem relacione o cuidado e sua influência na assistência, sendo suporte na facilitação e capacitação a indivíduos ou grupos, para manter ou reaver o seu bem-estar ou ajudá-los a enfrentar dificuldades ou a morte” (p. 714). O estudo de Oliveira (2008) sobre o papel estratégico do enfermeiro, no controle da Hanseníase no Brasil, mostra um crescimento notável na participação desse profissional quanto ao combate à doença, coordenando ações em saúde que apresentam complexidade. Esse avanço foi possível com a introdução do tratamento poliquimioterápico (PQT). Dessa atividade surgiu a demanda de monitoramento e aplicação de técnicas inéditas realizadas pela enfermagem. Diante das dificuldades físicas apresentadas pelos pacientes, passou a ser atribuição da enfermagem as ações que envolvem a prevenção e tratamento dessas incapacidades. De maneira mais generalista, Costa (2010) afirma que as atividades realizadas pelo profissional da enfermagem resultam numa diminuição da prevalência oculta por meio de uma redução de espaço entre a apresentação dos primeiros sintomas e o diagnóstico propriamente dito. Esse resultado pode ser obtido através de um trabalho em equipe, sistematizado e com planejamento de ações. Os resultados desse trabalho virão em longo prazo no que se refere ao controle da Hanseníase. Conforme estudo de Souza et al (2013), a prática da enfermagem é essencial no tratamento de Hanseníase, pois as ações implantadas devem ser capazes de evitar o abandono do tratamento que pode ocasionar implicações sérias, aumentando o risco de transmissão dos casos diagnosticados e não cuidados adequadamente, permitindo que a sequência de transmissão continue devido à interrupção da ação medicamentosa. Tal situação pode potencializar o desenvolvimento de problemas físicos e deformidades pelo corpo, assim como manter o estigma social vigente, segregando os doentes e seus familiares. A literatura de Dos Santos et al. (2012) destaca a importância da prática da educação em saúde no cuidado ao paciente do programa de Hanseníase. Essa deve ser uma ação transformadora em interface com os pacientes, familiares e comunidade. “Portanto, cabe ao enfermeiro estender o seu olhar para os problemas sociais, históricos e culturais. É fazer com que indivíduos resgatem sua cidadania, colocando-a em evidência na promoção da saúde” (p. 123). Também nesse sentido, Lima et al. (2013) afirmam que a assistência prestada pelos profissionais da enfermagem precisa estar centrada para as ações que envolvem a educação com o objetivo de aumentar o conhecimento de portadores de Hanseníase. Essas ações educativas podem aumentar o nível de consciência desses pacientes e também o grau de adesão ao tratamento. “O enfermeiro deve estar atento às mudanças que estão ocorrendo no país e no mundo, para que possa adequar seu conhecimento teórico-prático às reais necessidades de saúde da população” (p. 14). Diagnósticos de enfermagem, NANDA, NOC E NIC. Tabela de diagnósticos, conforme NANDA, 2009. Diagnóstico Resultado Intervenção Baixa Autoestima Situacional: Desenvolvimento de percepção negativa sobre seu próprio valor em resposta a uma situação atual. Diagnóstico Resposta adaptativa a um desafio funcional significativa devido a uma deficiência física. Resultado Melhora da autoestima; Aconselhamento; Melhora do sistema de apoio, identificar o sentimento básico de valor próprio do cliente, a imagem que ele tem de si próprio: aspectos existentes, físicos e psicológicos. Intervenção Controle Familiar Ineficaz do Regime Terapêutico: Padrão de regulação e integração aos processos familiares de um programa de tratamento de doenças e sequelas de doenças que é insatisfatório para atingir objetivos específicos de saúde. Diagnóstico Extensão da compreensão sobre determinado regime de tratamento, ações da família para controlar estressores que consomem recursos familiares. Resultado Ensino: processo de doença; Controle de medicamentos; Orientação antecipada; Orientação quanto ao sistema de saúde promoção do envolvimento familiar. Intervenção Desesperança: Estado subjetivo no qual um indivíduo não enxerga alternativas ou escolhas pessoais disponíveis ou enxerga alternativa limitada e é incapaz de mobilizar energias a seu Ações pessoais para minimizar a melancolia e manter o interesse pelos eventos de vida; Vontade e energia para manter as atividades de vida Controle do humor, promoção da capacidade de resiliência, assistência na automodificação; Aconselhamento; Grupo de apoio. favor. diária, a nutrição segurança pessoal. Diagnóstico e Resultado a Intervenção Distúrbio na imagem corporal: Confusão na imagem mental Resposta adaptativa a um do eu físico de uma pessoa. desafio funcional significativo devido a uma deficiência física; Julgamento sobre o próprio valor; Resposta de adaptação psicossocial de um individuo a uma mudança de vida importante. Diagnóstico Resultado Melhora da imagem corporal; Melhora da autoestima; Aumento da socialização; Melhora do sistema de apoio. Intervenção Integridade da pele prejudicada: Estar em risco de a pele ser Gravidade do alterado de forma adversa. comprometimento das funções fisiológicas devido a prejuízo da mobilidade física; Integridade estrutural e função fisiológica normal da pele e das mucosas. Diagnóstico Resultado Cuidado com lesões; Cuidado com o local; Controle da nutrição; Cuidado com a pele; Tratamento tópicos. Intervenção Intolerância a atividade: Estar em risco de experimentar energia fisiológica ou psicológica insuficiente para suporta ou completar as atividades diárias requeridas ou desejadas. Diagnóstico Ações pessoais de controle da energia necessário para iniciar e manter uma atividade; Capacidade de sustentar atividades. Resultado Realização de exercício/treino para fortalecimento; Controle de energia; Assistência no autocuidado; Controle da dor; Controle do ambiente. Intervenção Interação social prejudicada: Quantidade insuficiente ou excessiva ou qualidade ineficaz de troca social. Apoio ambiental caracterizado pelo relacionamento e pelos objetivos dos membros da família. Manutenção do processo da família; Promoção da integridade familiar; Aconselhamento. Diagnóstico Resultado Intervenção Manutenção ineficaz da saúde: Incapacidade de identificar, Ações pessoais para promover Grupo de apoio melhorado do controlar ou buscar ajuda para um ótimo bem – estar, sistema de apoio promoção do manter a saúde. recuperação e reabilitação. envolvimento familiar; Avaliação da saúde; Educação para a saúde, identificação de risco; Melhora da autorresponsabilidade. Diagnóstico Resultado Intervenção Medo: Resposta à ameaça percebida Ações pessoais para eliminar que é conscientemente ou reduzir sentimentos reconhecida como um perigo. incapacitantes de apreensão; Tensão ou desconforto despertados por uma fonte identificável. Diagnóstico Resultado Aumento da segurança; Melhora do enfrentamento; Apoio à tomada de decisão; Assistências em exames, procedimento/ tratamento. Intervenção Sentimento de Impotência: Estar em risco de falta de controle percebida sobre uma situação ou sobre a capacidade de uma pessoa de afetar significativamente um resultado. Atividades pessoais de um indivíduo competente para exercer a organização das próprias decisões da vida; Convicção pessoal de que uma pessoa pode influenciar um resultado de saúde. Roteiro para as consultas: A consulta de enfermagem é um fator determinante no atendimento ao paciente de Hanseníase. Inicialmente, esse primeiro encontro pode ser realizado com o objetivo de conhecer e propor intervenção sobre as dificuldades e quadro geral de saúde de manifestação da doença. Essa consulta tem uma forma determinada. Ou seja, ela pode proporcionar um benefício eficaz sendo realizada por um profissional capacitado provocando um impacto nas condições de saúde populacional, o que resultará em transformações Esclarecimento de valores; Orientação quanto ao sistema de saúde; Suporte emocional; Intervenção na crise. no panorama epidemiológico (MENDES, 2009). Enfatizando a importância da prática da consulta de enfermagem, Duarte, Ayres e Simonetti (2008), afirmam que a entrevista é considerada pioneira nesse processo de escuta e visa, dentre outras ações, o controle da Hanseníase. A consulta é caracterizada por ações ágeis que objetivam o cuidado desse paciente, envolvendo os seguintes passos: “Histórico de enfermagem, prescrição de enfermagem e implementação da assistência e evolução de enfermagem. A consulta de enfermagem é proposta como exemplo de aplicação individual no processo de enfermagem” (p. 768). Na visão de Silva et al. (2009), a consulta de enfermagem para pacientes de Hanseníase pode ser compreendida a partir do cumprimento de cinco fases importantes e sequenciais: a história de vida do paciente, o exame de contato, o diagnóstico, a orientação e o progresso de enfermagem. “Tal prática é uma atividade independente, realizada pelo enfermeiro, objetivando propiciar condições na melhoria da qualidade de vida por meio de uma abordagem contextualizada e participativa” (p. 293). Considerações Finais: Diante disso, e do que foi exposto sobre o histórico de dificuldade e preconceito que envolve a Hanseníase desde o seu surgimento até os dias atuais, faz-se importante pesquisar os principais aspectos do trabalho que envolvem a práxis da enfermagem em pacientes com hanseníase, a partir do diagnóstico inicial e durante o processo de tratamento. As pesquisas nessa área poderão resultar em melhorias que promoverão mudanças significativas no manejo e cuidados não só ao paciente portador de hanseníase, mas também aos outros usuários da saúde de maneira geral. Concluiu-se que a enfermagem é essencial na assistência à saúde da população, pois representa o trabalho coletivo dentro do posto de saúde, lutando contra a Hanseníase, atuando no controle da doença, individualmente, com as famílias e a povoação. A consulta de enfermagem é feita inicialmente pelo profissional de saúde, o enfermeiro; nesse primeiro atendimento ao paciente, realizando os testes necessários para elaboração dos diagnosticados a fim de se identificar os problemas de saúde. Nesse processo são aplicadas medidas de enfermagem com o objetivo de promover a promoção de saúde, auxílio, recuperação e regeneração do doente. Para tanto, verificou-se a importância da Educação Básica nesse processo de prescrição ao portador de Hanseníase sobre o conhecimento que o paciente precisa obter para aderir ao tratamento de maneira global, para realizar a prática do autocuidado e ser um indivíduo ativo na busca da cura dessa doença. A entrevista realizada pela consulta de enfermagem deve refletir a capacidade desse profissional da saúde na realização de ações que promovam a evolução de enfermagem na busca pela cura. A revisão de literatura que fundamentou esse estudo possibilitou potencializar o entendimento sobre a relevância que o profissional de enfermagem desempenha no trabalho multidisciplinar que é realizado no tratamento da Hanseníase. As ações de cunho educativas são de suma importância para envolver tanto o paciente quanto os familiares a uma adesão consciente ao tratamento da doença, contribuindo para eliminar a Hanseníase do nosso país. Verificou-se também que as ações da enfermagem na implementação de medidas preventivas e intervenções adequadas no processo de tratamento em indivíduos portadores de Hanseníase podem reduzir as incapacidades físicas apresentadas por essas pacientes, assim como potencializar a chance de uma rápida integração social, a partir de uma conscientização de pacientes e familiares sobre as questões de estigma que envolvem a doença. A realização desse trabalho proporcionou compreender que a falta de capacitação profissional da enfermagem pode trazer sérias implicações na qualidade de serviços prestados aos portadores de Hanseníase. O conhecimento teórico é de suma importância para fundamentar uma prática competente e eficaz. Esse estudo não foi exaustivo, sendo necessária a realização de novas pesquisas abordando a temática, pois a área da enfermagem necessita de uma formação continuada, e também está sujeita às frequentes atualizações de novos conhecimentos que se apresentam no mundo globalizado, tanto no que diz respeito à práxis da enfermagem, quanto ao que concernem os principais fatores que envolvem a Hanseníase. Agradecimentos: Agradeço a Deus primeiramente por te me dado força durante esse percurso que não foi fácil, a Judith minha orientadora e coordenadora do curso de enfermagem que me ajudou muito, a minha mãe Andrea, ao meu esposo Fernando e a Jandira, que foram essenciais na minha formação talvez eu não conseguisse sem a ajuda deles, a toda equipe da Faculdade Icespe Promove, e a todos que me ajudaram direto e indiretamente, o meu muito obrigado. REFERÊNCIAS 1. ARAÚJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 36 (3):373-382, 2003. 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