CÂNCER DE PÊNIS Epidemiologia Neoplasia relativamente rara. Predomina o tipo Carcinoma epidermóide(95%): maus hábitos de higiene, fimose. Ocorre por agressão contínua Outros carcinomas: verrucoso, basocelular, melanomas, sarcomas, metástases, etc. Acomete mais na 6a década de vida Crescimento lento, porém invasivo (corion, glande e corpos cavernosos) Rara invasão uretral, raro comprometimento visceral e metástase hematogênica Comportamento Ca uniforme Pênis é raramente sede de metástase (1o sinal: priapismo) Priapismo: ereção sem excitação sexual e dolorosa (emergência medica; >6h = fibrose) Carcinoma verrucoso e condiloma acuminado = HPV - Fimose (fibrose, com impossibilidade de exposição da glande) - Excesso prepúcio (excesso de pele retrátil, com possibilidade de exposição da glande) Etiologia Má higiene Baixo nível sócio econômico Infecções Esmegma NÃO há em postectomizados (retirada da fimose) próximos ao nascimento Disseminação (linfática) Linfonodos inguinais superficiais linfonodos inguinais profundos linfonodos pélvicos disseminação hematogênica Diagnóstico Exame físico (lesão ulcerada ou vegetante rebelde ao tto local, inicialmente sobre glande e/ou prepúcio) Biópsia (preferencialmente na porção central da lesão e em profundidade) Avaliação da extensão local: Exame físico (melhor método), RNM, USG Avaliação do comprometimento linfonodal: Exame físico (difícil diferenciar entre inflamatório e metastático), outros métodos de baixa sensibilidade (PAAF, biópsia do linfonodo sentinela, linfocintilografia) e linfanedectomia regional (permite estadiamento e cura lesões mínimas) Avaliação de metástase à distancia: Rx tórax, TC abdome e pelve Diagnóstico diferencial Lesões benignas – papilomas penianos perolizados, papilomas com pilificação, papilomas coronais, balanite de Zoom Lesões pré-malignas – balanite xerótica obliterante, condiloma acuminado, leucoplasia, corno cutâneo, balanite cerótica, fibroepitelioma pré maligno, tumor de buschke-lowestein Ca in situ – Doença de bowen, papulose bowenóide, eritroplasia de Queyrak, balanite xerótica obliterante, corno peniano Estadiamento (TNM) Tx – tumor primário não avaliado T0 – sem evidência de tumor Tis – carcinoma in situ Ta – tumor verrucoso não-invasivo T1 – tumor invade tecido conectivo subepitelial T2 – tumor invade corpo cavernoso ou esponjoso T3 – tumor invade uretra ou próstata T4 – tumor invade estruturas adjacentes Nx – linfonodos não avaliados N0 – sem metástases em linfonodos N1 – metástase única em linfonodo inguinal superficial N2 – metástases múltiplas ou bilaterais em linfonodos inguinais superficiais N3 – metástase em linfonodos inguinais profundos ou ilíacos Mx – metástases não avaliadas M0 – sem metástases à distância M1 – metástases à distância Estadiamento (Jackson) EI – tumor limitado à glande ou ao prepúcio EII – tumor invadindo corpos cavernosos EIII – tumor com metástase inguinal ressecável EIV – tumor invadindo estruturas adjascentes, metástases linfonodais irressecáveis ou à distancia Prognóstico Inicial: bom Fator mais importante: comprometimento linfonodal Linfanedectomia: apos 6 semanas de ATB de largo espectro (para descartar infecção e não retirar LN à toa) Tratamento 1. Lesão primária Postectomia Penectomia parcial ou total Cirurgia micrográfica de Mohs: análise das bordas da lesão no momento da cirurgia RT (externa ou braquiterapia): lesões superficiais. Radioresistência ou recorrência de 20% Tratamentos com laser: pré-malignas, malignas Tis, Ta, T1 (recidiva local 10-20%) Criocirurgia: carcinoma verrucoso Tratamento cirúrgico convencional Margem negativa de 1cm (T1 e T2) e 1,5cm (T3). Tradicionalmente a margem é de 2cm Carcinoma verrucoso (Ta), In situ (Tis) ou T1 no prepúcio excisão da lesão ou postectomia T1 na glande ou T2 de local favorável penectomia parcial T4 penectomia total com ressecção de todas as estruturas envolvidas 2. Linfonodos Tumores de alto grau histopatológico (II e III) Estadiamento local avançado (T2 ou superior) Invasão microscópica linfovascular Linfonodos inguinais palpáveis após tratamento local e antibioticoterapia Linfonodos inguinais palpáveis que surgiram no acompanhamento sem evidencia de doença à distancia Ressecção de lesão ulcerada para paliação de sintomas Momento da abordagem inguinal: Precoce tem melhores taxas de sobrevida, Intervalo de 4 a 6 semanas sob antibioticoterapia após o tratamento da lesão primaria Linfadenectomia convencional tem alta morbidade (40%) Biópsia de linfonodo sentinela e biópsia com auxilio de linfocintigrafia: não são recomendadas Abordagem é bilateral Linfadenectomia inguinal superficial (congelação) inguinal profunda Cirurgia videoendoscópica 3. Cirurgia paliativa higiênica Metástases região inguinal ou a distancia Ressecar linfonodos fixos e ulcerados juntamente com a pele. 4. Sistêmico Doença locorregional avançada:RT e QT (resultados semelhantes ao da cirurgia) Recidiva após tratamento primário: QT paliativa QT neoadjuvante: linfonodos inguinais fixos ou T4 (70% resposta clinica, 65% regressão tumoral). QT adjuvante: comprometimento linfonodal bilateral, disseminação extracapsular, linfonodos >2cm, linfonodos pélvicos ou mais de 2 linfonodos 1. O tratamento mais indicado para a lesão primária do carcinoma epidermóide é a amputação parcial ou total. 2. Em casos selecionados (Tis, Ta, T1G1 no prepúcio), a lesão primária pode ser tratada por métodos mais conservadores. 3. Linfadenectomia inguinal bilateral está indicada nos casos de linfonodos palpáveis. 4. Nos pacientes com linfonodos impalpáveis, a linfadenectomia inguinal bilateral está indicada nos casos de alto risco de comprometimento linfonodal (T1G2, T1G3, T2, T3, T4). 5. Pacientes com carcinoma verrucoso (Ta) não necessitam de linfadenectomia. 6. Existe indicação de radioterapia nas regiões inguinais com finalidade paliativa, em casos de tumores inoperáveis. 7. Quimioterapia pode ser utilizada na doença metastática ou loco-regional avançada, associada ou não ao tratamento cirúrgico para pacientes selecionados. 8. Em casos de neoplasia incurável, a associação de modalidades terapêuticas pode ser indicada com finalidade paliativa ou higiênica.