Barbados cria laboratório para combater crimes cibernéticos Barbados criará um laboratório para lutar contra os crimes cibernéticos, um problema crescente no país caribenho. O laboratório ajudará a polícia a evitar a clonagem de cartões de crédito e outros crimes. Julieta Pelcastre | 24 abril 2015 O ministro do Comércio de Barbados, Donville Inniss, fala durante o seminário "O impacto do Comércio Eletrônico sobre os Empresários e as Pequenas Empresas", em 8 de abril, em Barbados. O país caribenho está tomando medidas para melhorar sua segurança cibernética. (Foto: A. Miller/Governo de Barbados) Barbados está criando um laboratório para combater crimes cibernéticos, como a clonagem de cartões de crédito – um problema crescente no país caribenho. Será um esforço de cooperação entre a Polícia Real de Barbados e uma força de segurança internacional. “Estamos trabalhando com uma agência internacional para estabelecer um laboratório de cibernética e um centro de formação para treinamento e talvez ampliar nossa atual unidade contra o crime”, disse o subcomissário Polícia Erwin Boyce durante o seminário “A Internet, a Lei e o Público: Como Está Nossa Segurança Cibernética?, realizado em 26 de março no Banco Central de Barbados, segundo o site Barbados Advocate em 29 de março. O subcomissário Boyce não estabeleceu uma data para a abertura do laboratório, mas indicou que a Unidade de Crimes Cibernéticos da Polícia Real de Barbados enfrenta vários desafios, incluindo as táticas constantemente atualizadas usadas pelos cibercriminosos para driblar os esforços das autoridades. Centro protegerá a informação e as crianças Quando for inaugurado, o centro de segurança cibernética cobrirá quatro áreas principais: proteção de informações de segurança, maior vigilância sobre os fluxos financeiros que entram e saem do Caribe, proteção de dados pessoais e proteção online de menores para que não estejam vulneráveis à exploração por redes de pornografia infantil, diz Armando Rodríguez Luna, analista de segurança da Cidade do México. O laboratório também protegerá os sistemas de computação do governo e fornecerá melhores ferramentas à polícia para o combate a organizações do crime organizado que usam a tecnologia em uma série de atividades ilegais, como lavagem de dinheiro. As atuais soluções de segurança deixam “um buraco na cobertura das análises que realizam”, diz Doug Clare, vice-presidente de soluções em segurança cibernética da FICO, uma empresa de software sediada na Califórnia que mede o risco do consumidor para credores. “É como ter um alarme contra roubo que só dispara depois que o ladrão já foi embora da sua casa. Essa lacuna deve ser preenchida com o uso de tecnologia analítica para detectar e impedir atividades maliciosas que ocorrem na rede no momento em que são produzidas”, afirma Clare. As empresas também têm interessem em resolver o problema e buscam os melhores métodos para se proteger contra os cibercriminosos. As autoridades esperam que o marco para a legislação sobre crimes cibernéticos seja implementado neste ano, disse o ministro do Comércio, Donville Inniss, em 8 de abril, na conferência “O Impacto do Comércio Eletrônico sobre os Empresários e as Pequenas Empresas”, segundo o site Gisbarbados . “Todos os dias, há histórias de empresas que precisaram interromper suas operações ou tiveram perdas milionárias porque alguém hackeou seu servidor”, afirmou Inniss. Por isso, é importante que as empresas façam o máximo para proteger seus dados, sua infraestrutura de tecnologia da informação e as informações de seus clientes, completou. Combate aos crimes cibernéticos por meio da cooperação internacional Garantir essa segurança exige um esforço de cooperação. Barbados participou recentemente de um workshop promovido pelo Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM) sobre Comando, Controle, Comunicações, Sistemas de Computação e Segurança Cibernética. Dezoito países parceiros das Américas compartilharam lições aprendidas e os seus planos para frustrar as ameaças à segurança cibernética e da informação. Erskine Wickham, oficial de segurança da informação responsável pelo Sistema de Segurança Regional de Barbados, participou das apresentações de grupo e dos painéis de discussão no evento de três dias no SOUTHCOM. Os participantes concordaram que a colaboração conjunta é fundamental para continuar avançando nesse campo. Barbados também trabalha com outros países da região, além da União Caribenha de Telecomunicações (UCT) – com sede em Trinidad e Tobago – e a Organização de Telecomunicações da Commonwealth (CTO) – sediada em Londres – para organizar um modelo de governança cibernética com o objetivo de criar normas compartilhadas. Segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Unidade de Telecomunicações do país está coletando dados sobre ataques cibernéticos e incidentes em órgãos do governo. Relatórios indicam que incidentes de segurança cibernética afetaram vários órgãos do governo no início de 2014 e foram informados ao escritório do primeiro-ministro. Os novos dados levarão a uma análise crítica sobre os tipos de ataques e sua frequência, além das técnicas de mitigação usadas e sua eficácia. Em agosto de 2013, Barbados uniu-se à União Internacional de Telecomunicações (ITU) como parte de uma iniciativa global para fortalecer a cibersegurança, detectar ameaças de ataques cibernéticos e coordenar uma resposta oportuna, de acordo com o Jentel . Sediada em Genebra, a ITU fornece serviços e recursos aos seus 193 estados-membros, além de prestar assistência a agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger as estruturas de tecnologia da informação. Países caribenhos dependem muito da cooperação internacional. Segundo Rodríguez Luna, é provável que o Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) ofereça os recursos humanos, financeiros e de infraestutura para o laboratório de segurança cibernética. Sediado em Paris, o GAFI é uma agência intergovernamental criada em 1989 pelo Grupo dos Sete (G7), que emite recomendações sobre prevenção e combate a lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e financiamento da proliferação de armas de destruição em massa. Atualmente, o GAFI conta com 34 membros de 34 jurisdições e dois grupos regionais (o Conselho de Cooperação do Golfo e a Comissão Europeia). A oferta de segurança cibernética é importante para Barbados, já que a ampla maioria de sua população está conectada à internet. Com cerca de 276.000 habitantes, o país tem uma taxa de cobertura de internet em torno de 73,3%, sendo que 23% dos usuários utilizam banda larga, de acordo com o relatório “Tendências em Segurança Cibernética na América Latina e no Caribe”, divulgado pela Organização dos Estados Americanos (OAS) em junho de 2013. Copyright 2017 Diálogo Americas. All Rights Reserved.