INCONTINÊNCIA URINÁRIA APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL: A FORÇA DOS MUSCULOS DO ASSOALHO PELVICO NAO CONTA TODA A HISTORIA. Autores: Maria Cristina Cruz1, Camila Vaz1, Rafaela Neumayr1, Elyonara Mello de Figueiredo1. 1- Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. Contextualização: o presente estudo hipotetizou que existe relação entre as funções dos músculos do assoalho pélvico (MAP), e entre essas e a gravidade da incontinência urinária (IU) em homens submetidos à prostatectomia radical (PR). Além disso, que a força muscular não é a única função dos MAP que influencia a gravidade da IU nessa população. Objetivos: documentar as funções musculares de capacidade de contração, coordenação, força e resistência dos MAP de homens com IU após PR, investigar a relação entre essas funções, e entre essas e a gravidade da IU. Métodos: estudo transversal em que dados de homens com IU após PR foram levantados em dois centros de referência em Urologia entre abril e dezembro de 2012. Através de inquérito fechado, registros hospitalares e exame físico, dados sociodemográficos, clínicos e sobre as funções dos MAP foram documentados por fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher, mascarada para a gravidade da IU. Em relação às funções dos MAP, a capacidade de contração e a coordenação foram avaliadas por inspeção do assoalho pélvico considerando o deslocamento cranial do centro tendíneo do períneo, e a ativação ou não de músculos sinergistas, respectivamente, e categorizadas como “presente” ou “ausente”; a resistência muscular foi investigada por toque retal, e documentada como a capacidade de sustentar a contração muscular em segundos até o máximo de 30 segundos; a força foi mensurada pelo Peritron® (cmH2O), onde considerou-se o maior dos valores de três contrações dos MAP. A gravidade da IU foi mensurada pelo Pad test 24 h. Estatística descritiva caracterizou a amostra; testes de correlação testaram a relação entre as funções dos MAP; análises de regressão uni e multivariada testaram 16 potenciais preditores para a gravidade da IU, com α=0,05. Resultados: 83 participantes foram avaliados; todos apresentaram IU quando da avaliação, em média 1 semana após a retirada da sonda vesical. A perda urinária média foi de 341,85g (DP=491,5). Quanto às funções dos MAP, 89,2% apresentavam capacidade de contração, mas somente 26,5% apresentaram coordenação. A força média dos MAP foi 101,3 cmH2O (DP= 66,0) e a resistência média dos MAP foi de 11,7 segundos (DP= 9,3). Houve relação significativa entre as seguintes funções dos MAP: capacidade de contração e resistência (p= 0,000), força e resistência (p= 0,002), força e coordenação (p= 0,000). Dentre as 16 variáveis selecionadas para a análise univariada, oito foram significativas (força, resistência, dias com sonda, Gleason-biópsia, peso prostático, tabagismo, incontinência fecal e idade). Destas, as análises multivariadas selecionaram resistência muscular (p = 0,001) e idade (p = 0,003) ou força muscular (p=0,014) e idade (p=0,001) como preditoras da gravidade da IU em homens. Conclusão: diferente de mulheres, a maioria dos homens tem capacidade de contrair os MAP, mas não tem coordenação, o que influencia negativamente a capacidade de gerar força muscular. A coordenação motora, além das outras funções dos MAP é uma função que deve ser cuidadosamente avaliada e tratada em homens com IU após PR. Palavras chave: prostatectomia radical, incontinência urinária, funções dos músculos do assoalho pélvico.