Ciência Animal, 11(1):45-53, 2001 A ULTRA-SONOGRAFIA EM TEMPO REAL NA REPRODUÇÃO DE CAPRINOS (The real-time ultrasonography in goat reproduction) Jurandir Ferreira da CRUZ 1 & Vicente José de Figueirêdo FREITAS2* Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2Programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias/FAVET-UECE 1 RESUMO A ultra-sonografia em tempo real é uma técnica de exame de estruturas onde a identificação fisiológica dos tecidos, assim como o diagnóstico de condições patológicas são realizados de forma dinâmica através da reconstituição da anatomia seccional dos órgãos estudados. O diagnóstico de prenhez através da ultra-sonografia em caprinos apresenta uma grande importância de ordem prática em função da limitação anatômica para a avaliação do sistema genital através da palpação retal. Esta técnica também é usada na identificação de patologias causadoras de infertilidade no macho e na fêmea caprina facilitando o diagnóstico e o tratamento. O acompanhamento de forma contínua do fenômeno da dinâmica folicular ovariana através de imagens ultrasônicas, tem possibilitado a elucidação do padrão de crescimento dos folículos ovarianos em caprinos. Esta revisão apresenta os princípios e métodos ultra-sonográficos bem como a aplicação desta técnica na reprodução de caprinos. PALAVRAS-CHAVE: reprodução, ultra-som, caprino. ABSTRACT The real-time ultrasonography is a technique for structural analysis in which physiological identification of tissues, as well as diagnosis of pathologic conditions, provides information about tissue characteristics through the reconstruction of anatomical cross-sections of studied organs. In goats, pregnancy diagnosis by ultrasonography shows a practical importance since is not possible to realize rectal palpation of the genital tract per as in larger animals. The technique is also used for infertility pathological identification in male and female goats, facilitating diagnosis and treatment. The continuous monitoring of ovarian follicular dynamics, by ultrasonic images, has allowed the knowledgement of growth follicular pattern in goats. This review shows the ultrasonographic principles and methods as well as its practical use in goat reproduction. KEY WORDS: reproduction, ultrasound, goat INTRODUÇÃO As biotécnicas da reprodução tais como a sincronização e/ou indução do estro, tecnologia do sêmen, inseminação artificial e transferência de embriões têm se constituído em valiosos instrumentos à disposição do sistema produtivo. Entretanto, a utilização destes está condicionada ao desenvolvimento de outras técnicas complementares que possam fornecer *Autor para correspondência: [email protected] informações que os tornem adequados ao sistema produtivo.Dentre as técnicas de estudo disposição da pesquisa em reprodução animal, a ultra-sonografia em tempo real (USTR) tem se revelado uma técnica precisa, segura e de alta praticidade, dependendo logicamente, da qualidade do equipamento utilizado, bem como da experiência do operador. A utilização da ultra-sonografia permite a reconstituição da anatomia do órgão estudado mostrada de forma dinâmica em imagem bidimensional. O exame ultra-sônico em tempo real, associado a gravações em vídeo, tem sido uma 45 ferramenta complementar para o estudo da dinâmica de estruturas reprodutivas e, particularmente, para estudos detalhados de eventos reprodutivos discretos que demandam acompanhamento seqüenciado, como é o caso da dinâmica folicular ovariana. Em curto espaço de tempo, a imagem obtida através da USTR tem contribuído para o conhecimento de diversos fenômenos da fisiologia reprodutiva, uma vez que esta técnica pode ser realizada por vários dias, de forma alternada ou em observação contínua de um evento dinâmico, permitindo desta maneira a obtenção de importantes informações morfológicas sem invadir ou causar dano aos tecidos. Esta revisão tem por objetivo apresentar as utilizações da USTR na reprodução de caprinos, buscando inicialmente os seus princípios físicos e métodos de abordagem, bem como a sua aplicação no diagnóstico de prenhez, identificação de patologias da fêmea e do macho, assim como na avaliação da dinâmica folicular ovariana. Princípios da ultra-sonografia A USTR é uma técnica de exame de estruturas, onde a identificação fisiológica assim como o diagnóstico de condições patológicas são realizados de forma dinâmica, o que possibilita a abertura de várias linhas de estudo para clínicos e pesquisadores. No entanto, a USTR ainda é uma técnica pouco utilizada, diante da sua potencialidade como instrumento de estudo dos eventos reprodutivos (TAVERNE & WILLEMSE, 1989). A utilização da USTR possibilita a obtenção de informações sobre as características dos tecidos, através de imagem tomográfica, que permite a reconstituição da anatomia seccional do órgão estudado, bem como a observação da dinâmica das estruturas como, por exemplo, o movimento do feto e das válvulas cardíacas (LIGTVOET et al., 1989). As ondas de ultra-som podem ser produzidas sob diferentes fenômenos físicos e dentre estes destacase a obtenção do ultra-som através da vibração de cristais de quartzo. O cristal de quartzo quando submetido a uma corrente elétrica desencadeia uma série de contrações e expansões entre as duas faces opostas (propriedade piezelétrica) produzindo o ultrasom, cuja freqüência está acima de 20.000 Hertz (HERRING & BJORNTHON, 1985). Com base 46 neste princípio, o cristal de quartzo submetido a uma corrente elétrica apropriada gera uma onda ultra-sônica que, com auxílio de um material amortecedor de ondas, é direcionada para o tecido que está à frente do cristal. O material amortecedor, os eletrodos, os cristais de quartzo e a caixa formam o transdutor ultra-sônico (LIGTVOET et al., 1989). A freqüência do ultra-som utilizado na medicina veterinária varia entre 3,5 e 10,0 MHz, com um comprimento de onda menor que 1 mm. As ondas sonoras representam um distúrbio de pressão que é propagado através dos diferentes tecidos a uma velocidade que varia entre 1.495 m/seg (fluido) e 4.080 m/seg (osso), dependendo da densidade e da compressibilidade do meio. Desta forma, sabendo-se a velocidade de propagação do som em um determinado meio e calculando-se o lapso de tempo decorrido entre a emissão do pulso sonoro e a recepção do eco, esta informação pode ser convertida em distância ou profundidade (MORETI, 1982). As ondas sonoras são direcionadas através dos tecidos de interesse pelo movimento e variação do ângulo do transdutor. A ecotextura do tecido depende da sua capacidade para refletir as ondas sonoras. Na medida em que as ondas sonoras são refletidas de volta para o transdutor, elas são captadas pelos cristais na forma de eco, de onde seguem para o console para serem processadas, amplificadas e compensadas na forma de imagem e mostrada na tela do equipamento. Observa-se assim que o transdutor age como emissor de ondas sonoras e como receptor de ecos (GRIFFIN & GINTHER, 1992). Os ecos são evidenciados na tela do aparelho de USTR em tons de cinza que variam do preto ao branco. Os fluidos praticamente não refletem as ondas sonoras e são observados na tela com a cor preta, como por exemplo as imagens dos folículos ovarianos e vesículas embrionárias. Enquanto que os tecidos densos (ossos, cérvice no diestro) refletem uma grande proporção das ondas de som transmitidos e são vistas na tela com a cor cinza claro ou branca. Os vários tecidos duros e componentes do trato reprodutivo aparecem na tela em variados tons de cinza, dependendo sobretudo da sua ecogenicidade. O padrão de variação entre os tons de cinza provém da ecotextura que pode ser característica de um dado tecido durante um determinado estado reprodutivo (PIERSON et al., 1988). As imagens obtidas na USTR são resultantes de interações entre as ondas sonoras e os tecidos, como a reflexão, absorção e refração. De acordo com a capacidade de absorver ou refletir os feixes de ondas ultra-sônicas, os tecidos são definidos como hiperecóicos (branco), anecóicos (preto) e hipoecóicos (cinza) (HERRING & BJORNTHON, 1985). A maioria dos ecógrafos utilizados atualmente em pesquisas reprodutivas são do tipo Modo-B (brightness modality) em tempo real . O termo “tempo real” refere-se à dinâmica do órgão estudado (como o movimento das válvulas cardíacas) tal como ele ocorre, mostrado na tela do equipamento. Em ultrasonografia Modo-B a imagem é a exibição de pontos na tela em forma bidimensional e o brilho dos pontos é proporcional à amplitude dos ecos refletidos que retornam ao transdutor (PIERSON et al., 1988). A qualidade da imagem varia com o número de cristais ou elementos contidos no transdutor, no número de imagens/seg, método de foco e muitos outros aspectos de forma. O sistema de imagem bidimensional de tempo real apresenta três tipos básicos de transdutores: o linear, o setorial mecânico e o setorial convexo (ANDRADE MOURA & MERKT, 1996). O transdutor linear é constituído por uma série de cristais de quartzo dispostos linearmente, que produz uma imagem com alta definição em formato retangular, seccionando os órgãos examinados nos sentidos transversal e longitudinal, simultaneamente. Este modelo necessita de uma área relativamente grande de contato com o paciente (LIGTVOET et al., 1989; ANDRADE MOURA & MERKT, 1996). O modelo setorial mecânico é constituído por um único cristal em um eixo que através de vibrações produzidas por deflexão magnética ou mecanismo de rotação possibilita uma imagem de corte transversal em forma de cunha. Apesar da pequena área de contato com o corpo do paciente este modelo oferece uma imagem de maior ângulo e profundidade da região examinada (LIGTVOET et al., 1989; ANDRADE MOURA & MERKT, 1996). O transdutor setorial convexo é semelhante ao linear, no entanto é constituído de pequenos cristais dispostos em forma convexa. Necessita de uma menor área de contato com o paciente e oferece uma imagem setorial de maior ângulo (LIGTVOET et al., 1989; ANDRADE MOURA & MERKT, 1996). Transdutores de várias freqüências estão disponíveis e são selecionados de acordo com o tamanho e a localização das estruturas a serem avaliadas. Em grandes animais as freqüências mais utilizadas são de 3,5; 5,0 e 7,5 MHz. Sendo que para estudo de pequenas estruturas (como folículos de 4 mm de diâmetro), que estão próximas do transdutor, as freqüências de 5,0 ou 7,5 MHz são mais indicadas. Ao contrário, para estudo de grandes estruturas (como o feto a partir do meio da gestação) localizadas relativamente longe do transdutor, a freqüência de 3,5 MHz é mais adequada, uma vez que a profundidade de penetração é mais importante que o detalhe da imagem. Observa-se assim que a freqüência (MHz) é um indicador de resolução de imagem (GRIFFIN & GINTHER, 1992). Métodos de abordagem Diversos modelos de transdutores têm sido utilizados em estudos reprodutivos na espécie caprina, externamente pelo método transabdominal ou internamente pelos métodos transvaginal e transretal (HAIBEL,1990; ISHWAR, 1995). No método transabdominal, o transdutor é posicionado cranialmente no flanco direito e próximo ao úbere com a cabra em estação. Entretanto, a presença de pelos e excessiva gordura subcutânea são obstáculos para obtenção da imagem transabdominal (ISHWAR, 1995). Imagens do ovário pelo método transvaginal tem sido documentado em vacas (PIETERSE et al., 1990) e informações iniciais na espécie caprina sugerem que a realização de exames através do método transvaginal poderá se constituir em uma técnica efetiva para monitoramento dos eventos reprodutivos nesta espécie (AYRES et al., 2000). Dentre os métodos de avaliação através da ultra-sonografia, o exame transretal é o mais comum em animais domésticos e não domésticos, em função da sua praticidade e da estreita proximidade entre o trato reprodutivo e a parede retal proporciona imagens detalhadas das estruturas avaliadas (GINTHER & 47 PIERSON, 1984; PIERSON & GINTHER, 1986; DORN et al., 1989; HAIBEL, 1990; GINTHER & KOT, 1994; CASTRO et al., 1999; PADILLA & HOLTZ, 2000). A realização de exames ultra-sônicos em tempo real, associados a gravações em vídeo, tem se constituído em uma ferramenta complementar para o estudo da dinâmica de estruturas reprodutivas e, particularmente, para estudos detalhados de eventos reprodutivos discretos que demandam acompanhamento como a ovulação, mobilidade embrionária e contração uterina (PIERSON & GINTHER, 1986). No exame transretal a cabra é contida em estação e, após a remoção digital das fezes, é aplicado diretamente no reto o gel de carboximetilcelulose, que tem a função de facilitar o contato e eliminar o ar entre o transdutor e a parede retal. Na medida em que se observa a introdução do transdutor podem ser visualizadas, em um plano longitudinal, a bexiga, a porção cranial da vagina e a cérvice. Após a visualização da cérvice e da porção caudal do útero, podem ser localizados os ovários bem como os folículos ovarianos, que podem ser mensurados diretamente pelo equipamento ou através de imagens impressas ou gravadas em vídeo (GINTHER & KOT, 1994). O preparo e as precauções para o exame transretal devem ser criteriosas, especialmente em caso de pesquisa, e as condições de exame devem ser otimizadas para possibilitar melhores resultados como, por exemplo, colocar a tela do equipamento ao nível dos olhos e controlar as luzes externas (ANDRADE MOURA & MERKT, 1996). Durante a realização dos exames do trato reprodutivo é muito comum a observação de distorções (artefatos) causadas pela presença de muitas estruturas cheias de fluidos (vesícula embrionária e folículos ovarianos), pelos ossos da pélvis, como também pela proximidade das alças intestinais contendo gás. O ar reflete quase 100% das ondas ultra-sônicas e impede a entrada das ondas nos tecidos. A formação de artefatos pode conduzir a erros na interpretação das imagens (GRIFFIN & GINTHER, 1992). Diagnóstico de gestação O diagnóstico precoce de prenhez através da USTR em caprinos apresenta as mesmas vantagens 48 observadas nas explorações de outras espécies domésticas. No entanto, para os pequenos ruminantes, esta técnica apresenta grande importância de ordem prática e econômica, em função da limitação anatômica para a avaliação do sistema genital através da palpação retal, bem como possibilitando que as fêmeas que não foram fertilizadas sejam rapidamente submetidas à prática reprodutiva (ANDRIOLLI et al., 1997). A imagem ultra-sônica adiciona-se a diversos métodos de diagnóstico de prenhez, tais como a biópsia vaginal (ISHWAR, 1995), a radiografia (BARKER & CAWLEY, 1967), a laparotomia (SMITH, 1980), a laparoscopia, a palpação abdominal (ISHWAR, 1995), a palpação reto-adominal (OTT et al., 1981), a dosagem hormonal (MURRAY & NEWSTED, 1988) e a determinação de antígeno específico da prenhez (BATALHA, 1998), onde a escolha do método está em função da disponibilidade de equipamento, da mãode-obra qualificada, da idade fetal, do custo operacional bem como da eficácia desejada (FREITAS & SIMPLICIO, 1999). A utilização da ultra-sonografia durante as duas últimas décadas, tem permitido o diagnóstico de prenhez em cabras entre 25 e 120 dias de gestação, sendo utilizado para tanto os métodos designados de Modo-A, sistema Doppler e o Modo-B em tempo real. Estes métodos têm possibilitado a realização de diagnóstico com variados níveis de acurácia em diferentes estágios da prenhez (HAIBEL,1990; ISHWAR, 1995). A técnica ultra-sônica Modo-A utiliza como diagnóstico de prenhez a detecção da faixa fluida presente no útero, o qual emite sinais na forma audível ou visual, quando uma faixa de estrutura fluida é registrada. O Modo-A apresenta-se sensível até uma profundidade de 10 a 20 cm e é considerado um método satisfatório de diagnóstico de prenhez em caprinos, possibilitando uma acurácia de aproximadamente 95% para uma idade fetal entre 50 e 120 dias (ISHWAR, 1995). No entanto, este método apresenta como desvantagem a possibilidade de erros de interpretação dos resultados, tanto de prenhez positiva quanto de negativa, caso a detecção esteja associada a presença de quantidades significativas de fluido. A primeira situação pode ocorrer na presença de hidrometra ou no caso da bexiga estar repleta e na segunda situação quando a prenhez estiver no início ou no final, onde a quantidade de fluido uterino é reduzida em relação ao volume do tecido fetal. Desta forma, tanto a viabilidade fetal como o número de fetos não são detectáveis por este método (HAIBEL, 1990) O efeito Doppler utiliza como diagnóstico de prenhez a detecção de movimentos, como a pulsação sangüínea do feto. A técnica de diagnóstico através do efeito Doppler pode ser realizada de forma cutânea e transretal. O Doppler cutâneo é utilizado de maneira semelhante ao Modo-A. A acurácia desta técnica é de aproximadamente 100% quando o diagnóstico for realizado durante a segunda metade da prenhez (ISHWAR, 1995) no entanto, apresenta uma eficácia muito baixa durante o primeiro terço da prenhez (LINDAHL, 1969). A técnica do Doppler transretal é superior à cutânea no diagnóstico de prenhez, entretanto, a acurácia do diagnóstico diferencial entre prenhez simples e múltipla não é elevada. Quando comparada à técnica de ultra-som Modo-A, o Doppler transretal apresenta a vantagem de permitir a obtenção de resultados mais precocemente (ISHWAR,1995; ANDRIOLI et al., 1997). Por outro lado, a técnica ultra-sônica do tipo Modo-B em tempo real (USTR), quando comparada com as outras técnicas disponíveis, apresenta diversas vantagens para o diagnóstico de prenhez. É uma técnica rápida, segura, prática e de alta precisão para determinar o número de fetos, avaliar a viabilidade fetal bem como para realizar diagnósticos de patologias uterinas. Diferentemente do Modo-A ou efeito Doppler, a USTR possibilita a obtenção de uma imagem bidimensional e dinâmica do útero, placentomas e do feto além de permitir a identificação dos fluidos e do batimento cardíaco fetal (DAWSON et al., 1994). O exame pode ser realizado externamente através da parede abdominal ou através do uso de um transdutor transvaginal ou transretal (ISHWAR, 1995; AYRES et al., 2000), sendo que a maior acurácia (91-100%) é alcançada quando o exame é realizado entre 40 e 75 dias após a cobrição ou inseminação artificial, através do transdutor transabdominal (ISHWAR, 1995). No entanto, quando se faz uso do transdutor transretal ou transvaginal, o diagnóstico de prenhez assim como a avaliação da viabilidade fetal é obtido de forma consistente entre 25 e 35 dias após a cobrição ou inseminação artificial (HAIBEL, 1990; AYRES et al., 2000). Diagnóstico de patologias do macho O principal entrave para a utilização da ultrasonografia no diagnóstico andrológico veterinário tem sido a ausência de parâmetros normais da anatomia testicular das espécies domésticas, assim como a ausência de estudos de correlação entre as lesões reveladas pelas imagens ultra-sônicas e o atual estágio da patologia (AGUMBAH et al., 1995). O estabelecimento de parâmetros ultra-sônicos de normalidade para morfologia e dimensões testiculares permitirá estudos sobre processos degenerativos dos testículos, assim como a avaliação das imagens ultrasonográficas permitirá o estudo do processo ejaculatório e o papel das glândulas acessórias (GRIFFIN & GINTHER, 1992). Apesar dos resultados não conclusivos sobre a utilidade da USTR no diagnóstico clínico da degeneração testicular de bovinos (EILTS & PECHMAN, 1988), as alterações testiculares observadas através de imagens ultra-sônicas apresentam correlações com os achados histopatológicos em caprinos (EILTS et al., 1989). No caso de degeneração testicular bilateral nesta espécie (comprovada em testes pos-mortem apresentando evidência de calcificação nos túbulos seminíferos), o exame ultra-sonográfico pôde mostrar uma imagem heterogênea com muitas áreas ecóicas distribuídas no parênquima testicular (AHMAD et al., 1991). Estudos iniciais utilizando imagens ultrasônicas transcutâneas têm procurado caracterizar a morfologia de testículos de varrões (CARTEE et al., 1986), touros (PECHMAN & EILTS, 1987) e bodes (EILTS et al., 1989; AHMAD et al., 1991; AGUMBAH et al., 1995). Imagens ultra-sonográficas quando comparadas com os achados histológicos de degeneração testicular em reprodutores caprinos, revelaram que a ultra-sonografia poderá se tornar uma ferramenta de grande valor para o diagnóstico de infertilidade em machos (AGUMBAH et al., 1995). Por outro lado, a técnica da imagem ultra-sonográfica parece não causar danos às células espermáticas, uma vez que a exposição ao exame de ultra-som com transdutor de 5,0 MHz, durante três minutos, não apresentou nenhum efeito sobre a capacidade reprodutiva (características de sêmen, dimensões e consistência testicular) de touros (COULTER & BAILEY, 1988). 49 Diagnóstico de patologias da fêmea A dinâmica morfológica do útero tem sido estudada através da USTR, principalmente na égua e na vaca; no entanto, são poucos os estudos em porcas, ovelhas e cabras (GRIFFIN & GINTHER, 1992). Muitos detalhes do útero podem ser avaliados através da técnica de análise estatística computadorizada como, por exemplo, quantidades de fluido, tamanho, forma e ecotextura, os quais podem facilitar a compreensão da sua dinâmica, bem como permitir o diagnóstico de muitas patologias uterinas (PIERSON & GINTHER, 1987). A utilização da USTR para diagnóstico de gestação e contagem de número de fetos tem permitido a identificação de algumas condições patológicas do útero como hidrometra, piometra ou mumificação fetal, causadoras de anestro em pequenos ruminantes, que podem ser prontamente diagnosticadas e tratadas adequadamente (GRIFFIN & GINTHER, 1992). O diagnóstico diferencial entre a hidrometra e a gestação pode ser facilmente realizado aos 40 dias após a monta ou inseminação artificial. No caso da hidrometra, o útero repleto de fluido aparece como uma grande área anecóica sem nenhuma estrutura ecogênica como placentomas ou membranas e é claro, sem o feto (PIETERSE & TAVERNE., 1986). No caso da piometra pós-parto, o útero também aparece distendido e com grande quantidade de fluido. No entanto, o útero é observado como uma estrutura hipoecóica, cinza-esbranquiçado, com uma aparência semelhante a flocos de neve. Neste caso os placentomas estão ausentes (TAVERNE & WILLEMSE, 1989). A mumificação fetal é um achado pouco comum onde observa-se a presença de uma imagem densa, hiperecóica, caracterizada pela ausência de fluido. Estão ausentes também o batimento cardíaco e os placentomas (HAIBEL, 1990). Remanescentes fetais como pequenos ossos (± 6mm) podem ser facilmente observadas como estruturas ecogênicas dentro do lúmen do útero (GINTHER & PIERSON, 1984). Desta forma, a USTR tem se tornado uma efetiva ferramenta para diagnosticar e estudar patologias uterinas e esclarecer sua relação com a fertilidade, bem como avaliar a eficiência dos tratamentos utilizados (GRIFFIN & GINTHER, 1992). 50 Avaliação da dinâmica folicular A anatomia ultra-sônica dos ovários tem sido descrita em detalhes na vaca (PIERSON & GINTHER, 1984) e na égua (GINTHER & PIERSON, 1984). Na imagem formada na tela os folículos ovarianos aparecem como áreas pretas, de forma esférica ou irregular. As formas irregulares são atribuídas à compressão entre os folículos adjacentes ou entre um folículo e uma estrutura luteal ou estroma do ovário. Pequenos folículos (2-3 mm de diâmetro) podem ser identificados com um equipamento de alta qualidade e um transdutor de alta freqüência, entretanto, contar pequenos folículos pode ser tão trabalhoso que dependendo do objetivo do estudo, pode não ser estritamente necessário (GRIFFIN & GINTHER, 1992). O número médio de folículos detectado através de exames ultra-sonográficos quando comparado com o número obtido em um estudo através da dissecação dos ovários para as mesmas categorias de diâmetro, demonstrou que o método de ultra-sonografia transretal é confiável para identificação e avaliação de folículos ≥ 4 mm de diâmetro na espécie caprina (BARIL, et al., 1999). O método de avaliação ultra-sônica transretal para estudar a foliculogênese envolve o monitoramento das populações de folículos de várias categorias de acordo com o diâmetro antral. Este método tem permitido a caracterização da relação entre população folicular durante o ciclo estral na égua (GINTHER & PIERSON, 1984), em novilhas (PIERSON & GINTHER, 1984), em ovelhas (BARTLEWSKI et al., 1999) assim como informações iniciais em cabras, (DORN et al., 1989; GINTHER & KOT, 1994; CASTRO et al., 1999; PADILLA & HOLTZ, 2000). O acompanhamento, de forma contínua, do fenômeno da dinâmica folicular através de imagens ultrasônicas, possibilita a elucidação do padrão de crescimento dos folículos ovarianos. A ocorrência de emergência de ondas foliculares, a determinação do dia de emergência, o fenômeno da dominância, a ovulação, a formação do corpo lúteo e a luteólise são eventos passíveis de monitoramento através da USTR (GINTHER & KOT, 1994). As informações envolvendo avaliações ultrasônicas de ovários em cabras são escassas. Os poucos ensaios disponíveis sugerem que o padrão de crescimento folicular em caprinos ocorre em ondas sucessivas durante o ciclo estral e com apenas uma onda associada à ovulação. (GINTHER & KOT, 1994; CASTRO et al., 1999; PADILLA & HOLTZ, 2000). Em cabras da raça Saanen exploradas em clima temperado no hemisfério Norte, GINTHER & KOT (1994) observaram que o ciclo estral pode ser caracterizado pelo desenvolvimento de quatro ondas, sendo que os folículos ovulatórios são oriundos da última onda. CASTRO et al. (1999) trabalhando com a mesma raça em clima temperado no hemisfério Sul, observaram a ocorrência de duas, três ou quatro ondas de desenvolvimento folicular durante o intervalo interovulatório. A taxa de crescimento dos grandes folículos não apresentou diferença entre as ondas foliculares sucessivas, apresentando uma média de 0,6 mm/dia. Por outro lado, PADILLA & HOLTZ (2000) trabalhando com cabras da raça Boer concluíram que o desenvolvimento folicular ocorre freqüentemente em padrão de quatro ondas por ciclo estral. A ocorrência do fenômeno da dominância folicular foi observada por GINTHER & KOT (1994) apenas na primeira e na quarta onda e, ainda assim, de uma forma menos intensa que nos bovinos. Muito embora as informações sobre os fatores que envolvem esse fenômeno em caprinos e ovinos, sejam esparsas e não conclusivas (RAVINDRA, et al., 1994; GONZÁLES VALLE et al., 1998). CASTRO et al. (1999), observaram que o desenvolvimento de um grande folículo na cabra apresentou um perfil bimodal, com um crescimento mínimo nos dias 0 e 11 e máximo nos dias 6 e - 1 (um dia antes da ovulação) do ciclo estral, tendo sido constatado que o maior folículo da segunda onda (4,9 ± 0,1 mm) foi menor que o maior folículo da terceira onda (6,2 ± 0,1 mm) assim como o da onda ovulatória (7,0 ± 5 mm) tendeu a ser menor que o maior folículo da primeira onda (6,3 ± 0,6 mm). O intervalo entre a primeira e a segunda onda foi mais longo que o intervalo entre a segunda e a terceira onda (7,3 ± 0,9 dias vs 4,0 ± 0,4 dias) e entre a terceira e a onda ovulatória (3,8 ± 0,1 dias). Os intervalos entre a emergência da segunda e terceira onda e entre a terceira e a onda ovulatória não apresentaram diferença significativa. As diferenças observadas entre os diâmetros médios dos grandes folículos (maiores e segundo maiores) foram estatisticamente significativas nos dias 3, 15 e 16 após a ovulação. Para situações onde ocorreu uma única ovulação, em análise retrospectiva do perfil de crescimento de dois grandes folículos foi observado que dois dias antes da ovulação o diâmetro do maior folículo era significativamente maior que o diâmetro do segundo maior folículo subordinado. No entanto, PADILLA & HOLTZ (2000) não observaram diferenças significativas entre os diâmetros dos folículos dominantes. O corpo lúteo funcional pode ser detectado pela USTR no terceiro dia após a ovulação, sendo inicialmente menos ecóico (cinza escuro) que na fase de plena funcionalidade. O corpo lúteo maduro apresenta-se como uma estrutura ecóica cinza claro com limites demarcados (13,5 ± 0,8 mm de diâmetro) entre os dias 8 e 14, podendo apresentar uma cavidade central anecóica (presença de fluido). O fenômeno da luteólise pode ser determinado no momento (16,3 ± 0,3 dia do ciclo) em que ocorrer uma progressiva redução do seu diâmetro (CASTRO et al., 1999). CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre os métodos de estudo a disposição da pesquisa reprodutiva, a ultra-sonografia tem se revelado como uma técnica eficiente e não invasiva. Os equipamentos ultra-sonográficos disponíveis apresentam uma grande variedade de modelos que munidos de eficientes recursos possibilitam a obtenção de imagens de forma dinâmica, em tempo real, dos órgãos estudados. Em conclusão, pode-se afirmar que apesar do custo do equipamento no momento ser um entrave para sua utilização de forma mais intensa, a ultra-sonografia em tempo real está destinada a causar impacto como instrumento auxiliar no estudo dos eventos reprodutivos da espécie caprina, especialmente daqueles que para sua compreensão demandam acompanhamento de forma dinâmica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUMBAH, G. J. O.; ODIANO, G. O.; TYREL, D.; OGAA, J. S. Ultrasonography to diagnose testicular lesions in infertile Angora buck. Irish Vet. J. v. 48, p. 416-418, 1995. AHMAD, N.; NOAKES, D. E.; SUBANDRIO, A. L. B-mode real time ultrasonographic imaging of the testes and epididymis of sheep and goats. Vet. Rec. v. 128 p. 51 491-496, 1991. ANDRADE MOURA, J. C.;MERKT, H. Ultrasonografia na reprodução eqüina. 2 ª ed. Editora Universitária Americana. Salvador. 162p, 1996. ANDRIOLLI, A.; BISCEGLI, C. I.; SOARES, A. T.; MOURA-SOBRINHO, P. A. Detector de prenhez por efeito Doppler para caprinos. Rev. 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