1 A INTERVENÇÃO DO DIABETE MELITO NA PERDA AUDITIVA E A POSSÍVEL CORRELAÇÃO COM A EXPOSIÇÃO AO RUÍDO THE INTERVENTION OF THE DIABETE MELITO IN THE HEARING LOSS AND THE RELATION WITH THE EXPOSURE TO THE NOISE Roberta Santos Ribeiro Especialização em Audiologia Clínica pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) Rua José do Patrocínio 249/202 Fone: (31) 3822-1226 35162-383 Fax: (31) 3824-5388 Minas Gerais - MG [email protected] Raquel Maria Pereira de Almeida Especialização em Audiologia Clínica pelo Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) Vicente José Assencio-Ferreira Doutor em Medicina (Neurologia) pela Universidade de São Paulo (USP) Instituição de Origem Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) Rua Cayowaá, 664 05018-000 Fone/fax: (11) 3675-1677 São Paulo - SP [email protected] 2 RESUMO Objetivo: alertar sobre a influência da Diabete Mélito na audição e observar a possibidade da exposição ao ruído acelerar esta perda auditiva. Método: relato de um caso de indivíduo portador de diabete mélito tipo I com alteração auditiva e que trabalha exposto em ambiente ruidoso. Foi realizada revisão bibliográfica sobre o assunto. Discussão: nos exames realizados pode se confirmar a presença da diabete e da alteração auditiva compatível com o perfil citado na revisão bibliográfica. A revisão bibliográfica também permitiu o relato de portadores de diabete que são expostos à ruído no trabalho. Conclusão: a diabete melito influencia na perda auditiva e a exposição ao ruído pode não potencializar o agravamento desta perda apenas pelo fato isolado do empregado apresentar tal patologia. Unitermos ou descritores: perda auditiva; diabete mélito; PAIR - perda auditiva induzida por ruído. 3 SUMMARY Goal: Alert about the influence of the Diabetes Melitus in the audition and to observe the possibility of exposure to the noise accelerate this hearing loss. Method: report of an bearer's diabetes melitus individual case, kind I ,with hearing alteration and who works exposed in noisy environment. It was accomplished bibliographical revision about the subject. Discussion: in the accomplished exams can be confirmed the presence of the diabetes and of the compatible hearing alteration with the profile cited in the bibliographical revision. The bibliographical revision also allowed bearers' diabetes report, who are exposed to noise at work Conclusion: The diabetes melitus’ influences in the hearing loss and the exposure to the noise may not make potent the aggravation of this loss just by the isolated fact of the employee presents such pathology. Uniterms or descritores: hearing loss; diabetes melitus; PAIR - hearing loss induced by noise. 4 Introdução O diabete é um distúrbio do metabolismo da glicose que se caracteriza pelo excesso desse nutriente no sangue, o que vai de encontro aos padrões de bom funcionamento do organismo (1,2,3) . As células presentes em nosso organismo precisam de energia para funcionar sendo esta adquirida a partir dos carboidratos e se transformam em açúcar, isto é, glicose, que vai para a corrente sangüínea a fim de ser distribuída para as células do corpo todo, principalmente as do cérebro. A glicose, porém, só pode ser absorvida com a ajuda da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas especialmente para essa tarefa (1,2,3,4,5). Este ciclo trata-se de um processo metabólico vital. Células abastecidas funcionam de modo eficiente e permitem que o indivíduo realize todas as suas atividades diárias(3). O nível de açúcar no sangue, chamado de glicemia, se mantém equilibrado à atuação da insulina. A quantidade do hormônio aumenta ou diminui de acordo com a disponibilidade na corrente sangüínea. A cada "missão cumprida", a insulina presente no corpo é degradada naturalmente. Por isso, novos estoques do hormônio precisam ser constantemente fabricados pelas células especializadas do pâncreas (1,2,3,4,5). O diabete surge quando esse processo começa a apresentar falhas. Existem dois tipos de diabetes, com causas e gravidade bem diferentes. A manifestação mais comum, chamada de diabete do tipo II, atinge geralmente adultos e aparece com mais freqüência em pessoas obesas e sedentárias. Responde por cerca de 90% dos casos na atualidade - e é esse o tipo de diabete que tende a afetar cada vez mais indivíduos por estar diretamente ligado ao estilo de vida. A outra manifestação da doença é a diabete do tipo I. Em geral surge na infância ou 5 adolescência e acompanha a pessoa pelo resto da vida, obrigando a um controle permanente (1,2,3,5,6). Na diabete do tipo I, por motivos ainda incompreendidos, o organismo passa a enxergar as ilhotas do pâncreas como estruturas estranhas e por meio de um mecanismo imunológico, produz anticorpos para atacá-las. Quando as ilhotas são destruídas, a insulina deixa de ser fabricada. Como conseqüência, as células não conseguem absorver a glicose e, vão buscar energia em outro local. O organismo começa então a atuar contra as gorduras produzindo substâncias ácidas conhecidas como cetonas, que passam a se acumular no sangue (1,2,3,5,6). A acidose, como é chamado o excesso de cetonas no sangue, combinada com os altos níveis de açúcar na corrente sangüínea, isto é, hiperglicemia, provoca sintomas em cadeia. Há produção de um volume exagerado de urina para eliminar a glicose excedente. Aparece, então, uma sensação de sede excessiva, como tentativa do corpo de compensar a perda de líquidos. Mas isso não evita a desidratação. A pessoa perde peso, fica fraca, cansada e sente náuseas. Quem apresenta tais sintomas depende da aplicação de insulina e não sobrevive sem este processo. O diabete do tipo I ficou conhecida durante muito tempo como diabete juvenil (1,2,3,5,6,7,8,9). O diabete do tipo II ocorre quando as células dos músculos e do tecido adiposo se tornam resistentes à insulina fabricada pelo pâncreas. O hormônio continua sendo produzido, mas não consegue cumprir sua tarefa. As células adiposas e musculares não aceitam mais o açúcar disponibilizado pela insulina. Com isso, os níveis de glicose vão aumentando progressivamente a hiperglicemia. Na maioria dos casos o portador do diabetes tipo dois não precisa repor insulina no 6 início do tratamento, conseguindo contornar a disfunção com dieta balanceada, exercícios físicos e, se necessário tomando medicamentos por via oral (1,2,3,5,6). A diabete afeta os vasos sangüíneos, tanto os grandes quanto os pequenos e consequentemente todos os tecidos que são irrigados por eles, podendo consequentemente levar a arteriosclerose e também a hipertensão (1,2,3,4,5). Outras complicações são freqüentemente associadas ao diabete, entre as mais comuns podemos citar: retinopatia diabética; nefropatia diabética; neuropatia diabética; gangrena dos pés(1,2,3,4,5,6,7). Para correlacionarmos a diabete, a perda auditiva e a associação desta com a exposição ao ruído, falaremos neste momento sobre este agente agressivo que esta cada vez mais presente no mundo e pode ser considerado um dos responsáveis por uma das doenças ocupacionais de maior incidência no mundo, a perda auditiva induzida por ruído (1,2,3,4,5,6,7,8,9). Sabemos que o ruído age sobre o corpo humano de várias maneiras, além da ação específica sobre o aparelho auditivo, causando zumbido, tonteira, perda auditiva, o ruído exerce ação geral sobre várias funções orgânicas, em detrimento da atividade fisiológica e psíquica do indivíduo. A ação geral do ruído pode se exercer no comportamento do sistema neurovegetativo, no sistema endócrino, no sistema nervoso, no sistema cardiorrespiratório, provocando ainda alterações sexuais no homem e na mulher (1-8). A perda auditiva provocada pela exposição contínua ao ruído é causada por degenerações que vão desde pequenas alterações nas células ciliadas até a ausência completa do órgão de Corti (4,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15). Nas indústrias os ruídos são mais amplificados e mais nocivos, repercutem em paredes metálicas ou de cimento, cuja disposição cria as ressonâncias 7 vibratórias, ecos e reverberações; em comparação a esta situação o trabalho ao ar livre mostra-se menos traumatizante (1-16). A perda auditiva induzida por ruído, trata-se de uma mudança permanente de limiar, ocorre após a exposição repetida durante longos períodos, a um ruído de intensidade excessiva. Essa perda é irreversível e está associada à destruição dos elementos sensoriais da audição. A perda auditiva induzida por ruído mais comumente registrada é bilateral e se situa na faixa de 3000Hz a 6000Hz. Entretanto, com o passar do tempo, as perdas podem progredir envolvendo as freqüências críticas da comunicação oral (de 500Hz a 2000Hz) (1-16). A região do ouvido interno atingido por esse tipo de perda auditiva é o Órgão de Corti. A lesão varia de acordo com a freqüência do estímulo, ocorrendo, no caso de sons de alta freqüência, na base da membrana basilar, e no caso de baixa freqüência, no seu ápice (1-16). Após o estudo das patologias isoladamente, vimos então ao aprofundamento na relação do diabete mélito com a perda auditiva e ainda mais especificamente na relação desta com a perda auditiva induzida por ruído . Para o estabelecimento desta relação, várias pesquisas nas diversas áreas da audiologia foram analisadas, mostrando conclusões à partir de resultados de exames comparados entre os grupos diabéticos e os grupos controles (17,18,19,20,21,22,23,24). Podemos observar que algumas características fisiológicas dos diabéticos levam a um maior comprometimento da audição, como por exemplo, a microangiopatia que é um comprometimento patológico da microcirculação, e o envolvimento endolinfático. A microangiopatia na "stria vascularis" é altamente significativa nos portadores da diabetes (21,24). 8 A alteração auditiva provocada pelo diabetes é caracterizada por ser quase sempre bilateral, simétrica e em altas freqüências. Os déficits auditivos relacionados apresentaram características tanto coclear como retrococlear. O objetivo deste trabalho é estudar a relação entre o diabete mélito e a perda auditiva, que ainda são controversas, levando ainda em consideração a possível influência da exposição do ruído nesta perda. 9 Métodos Este estudo se baseia em relato de caso e referência bibliográfica, realizando visitas em bibliotecas pessoais, centros de estudos em hospital e terminais computadorizados conectado à internet no site da BIREME, PUBMED, MEDLINE. Os dados referentes ao indivíduo em análise foram retirados do banco de dados da empresa, após permissão do mesmo e liberação dos responsáveis pelo departamento. Relato de caso - empregado, sexo masculino, 46 anos, portador de Diabete Mélito tipo I, empregado há 24 anos em empresa siderúrgica grau de risco 4, trabalhando em área de produção exposto ao agente agressivo ruído com intensidade superior à 80 dB (decibel). Apresenta exames de glicose alterados desde a data da admissão acompanhado freqüentemente pelo controle de diabete da empresa. Faz uso de insulina e medicamentos. Em seus testes de glicohemoglobina apresenta seus índices, segundo a "American Diabetes Association" variando na faixa intermediária (que corresponde à 7 a 8 %), e na faixa de controle inadequado que enquadra os resultados maiores que 8%. Em seu exame periódico realiza alguns exames complementares, entre eles o exame audiométrico ocupacional que envolve a audiometria tonal realizada uma vez ao ano. Em seu histórico foi constatado alteração auditiva sensorioneural bilateral com perfil compatível com o citado na revisão bibliográfica deste estudo. O exame audiométrico foi realizado em audiomêtro calibrado da marca MAICO, modelo MA 41, sendo realizado por profissional habilitado, fonoaudióloga da empresa. Este empregado teve analisado o seu quadro clínico no período de 1979 à 10 2003 para a obtenção de um maior número de informações que pudessem auxiliar na pesquisa. Ética: a presente pesquisa vai ser avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, sob nº 102/03, sendo considerada como sem risco e com necessidade do consentimento livre e esclarecido . 11 Discussão A partir do estudo feito na revisão bibliográfica citada na introdução deste trabalho podemos comprovar a real influência da diabete mélito na saúde auditiva do indivíduo. As conseqüências desta patologia atuam no sistema auditivo provocando as alterações tanto a nível coclear como a nível retrococlear. O empregado analisado neste relato de caso apresenta características clínicas compatíveis com às citadas na literatura anteriormente abordada. É portador de Diabete Mélito tipo I desde a adolescência, trabalha há 24 anos em área de produção siderúrgica exposto a ruído constante com intensidade média superior à 80 dB (decibeis). No controle médico da empresa realiza em seu exame periódico anualmente, entre outros, o teste de audiometria tonal. E a partir da análise dos seus resultados em todo o histórico apresentado, pudemos constatar a real presença do comprometimento da integridade da sua audição. Apresenta exames de glicose alterados desde a data da sua inserção na empresa , sendo acompanhado regularmente pelo programa de controle de diabete. Faz uso constante de insulina e medicamentos específicos. Após a junção de todos estes dados podemos confirmar através dos sintomas e relatos a compatibilidade do quadro clínico com as características relativas à presença da diabete do tipo I. Esta afeta um em cada nove portadores da diabetes, surgindo na infância ou adolescência, e exigindo do indivíduo um monitoramento constante e permanente da sua saúde (1,2,3,4,5,6). Sabendo da necessidade de um maior conhecimento sobre a potencial interação entre diabete e ruído e ainda considerando que torna-se a cada dia mais frequente a exposição do organismo aos distúrbios metabólicos e aos agentes 12 agressivos físicos, químicos e biológicos nos ambientes de trabalho torna-se extremamente importante a ampliação dos estudos específicos sobre a atuação e sobre as conseqüências desta ação "integrada". A relação entre o diabete e a perda auditiva neurossensorial tem sido bastante discutida. Análises das divergências mostraram que os diabéticos são significativamente mais surdos que os indivíduos com audição normal. As freqüências mais afetadas são as mais altas, mas no sexo masculino as baixas também podem estar afetadas. Testes de discriminação não mostraram muitas diferenças (1,2,3,4,5,6,7,8,9). Ainda enfatizando a influência da diabetes na saúde auditiva do empregado em questão, correlacionamos seu quadro com parte da literatura que cita que os diabéticos apresentam mais perdas que os indivíduos sem tal patologia, e que as freqüências mais afetadas são as mais altas, mais agudas e que ainda no sexo masculino as baixas, graves, também podem estar afetadas, sendo observado que os homens respondem pela maior parte das diferenças (1-19). A suscetibilidade individual é um detalhe que também deve ser analisado em um quadro de perda auditiva ocupacional, pois é variável(1-16). Alguns trabalhadores, expostos a ruídos intensos durante toda a sua vida, podem apresentar uma audição social intacta, sem quaisquer queixas significativas; outros, muito mais jovens, trabalhando numa atmosfera menos ruidosa e em um período de tempo menor podem apresentar sério comprometimento, expondo um quadro importante de surdez. O paciente analisado neste relato é do sexo masculino, apresenta em seus exames audiométricos alteração auditiva neurossensorial, bilateral, simétrica com acometimento maior em agudos tendo sua primeira alteração aproximadamente 18 13 anos após o inicio da sua vida laboral, vale ressalvar que normalmente a perda auditiva induzida pelo ruído tem um início mais precoce. Estas características são compatíveis com o estudo realizado no qual citou-se que existe a influência da duração da doença nos limiares auditivos nas freqüências médias e altas, especialmente depois da primeira década da doença. Muitos ainda associam constantemente a diabetes ao "barulho na orelha", conhecido como zumbido (17,20,24). O indíviduo analisado não tem queixa de rebaixamento auditivo ou dificuldade de entendimento de fala, é importante salientar que no início do processo as pessoas dificilmente percebem a alteração, pois esta não atinge imediatamente as freqüências mais utilizadas na comunicação verbal. Apesar da perda auditiva apresentada acometer as freqüências agudas (3000Hz à 6000Hz), ser bilateral e simétrica não pudemos afirmar ser tal alteração provocada exclusivamente pelo ruído já que a lesão aconteceu após longo período de exposição, aproximadamente 18 anos depois do exame admissional, sem que houvesse mudança da intensidade do agente agressivo. Outros resultados provam que a diabetes realmente pode provocar perda progressiva da acuidade auditiva, variando de acordo com o grau da doença e também em função da idade do paciente. Em algumas situações a alteração pode até ser encontrada em casos recentes do diabete mélito e raramente em forma de surdez súbita (17,20,24). Este fato é o grande motivador para realização deste estudo, nos levando a questionar outros agentes etiológicos para tal acometimento. A característica mais forte relatada pelo paciente foi o quadro crônico de diabete e então observou - se a necessidade de análise da real influência da diabete na sua integridade auditiva. 14 Sabe-se a partir de então que a diabete realmente provoca alteração no sistema auditivo, como por exemplo, a microangiopatia que é um comprometimento patológico da microcirculação, e o envolvimento endolinfático. A microangiopatia na "stria vascularis" é altamente significativa nos portadores da diabetes, e os pacientes com microangiopatia na membrana basal apresentaram uma quantidade menor de células ciliadas normais e células na stria vascularis e ainda maior perda de audição que os pacientes diabéticos sem tais comprometimentos fisiológicos (21) . Estes fatos sugerem que a perda auditiva neurossensorial dos diabéticos resultam entre outros do comprometimento da microangiopatia do saco endolinfático e/ ou dos vasos da membrana basilar (21,24). Para se ampliar a discussão em cima deste assunto foram analisadas pesquisas envolvendo crianças e adolescentes (na faixa etária entre três e dezoito anos), portadores do diabete mélito. Estas recomendam um acompanhamento sistemático da audição, já que foram encontradas alterações auditiva em grupos analisados (24). Na comparação de emissões otoacústicas por produto de distorção, os resultados da amplitude e latência encontrados foram mais baixas do que no grupo dos não diabéticos (22,23). Um outro questionamento ainda precisou ser estudado: teria o ruído sua ação potencializada em um portador de diabete Mélito? Ou a própria diabete, teria uma ação mais lesiva quando associada à exposição contínua ao ruído, podendo então, estes fatores agravarem ainda mais a perda auditiva do empregado? Para se correlacionar à diabete à exposição ao ruído e a perda auditiva, foi feito uma avaliação de um estudo realizado em uma população de indivíduos expostos ao ruído de baixa e alta intensidade. Destes foram separados um grupo 15 controle e um grupo de diabéticos que tinham que apresentar as seguintes características: uso freqüente de insulina ou hipoglicêmicos orais; pelo menos dois exames de glicose elevada apesar dos cuidados com dieta controlada. Foi feita a análise através do exame audiométrico, observando seus efeitos na audição dos diabéticos (24). Os diabéticos não demonstraram evidências de limiar auditivo mais alto que os não diabéticos expostos ao mesmo nível de barulho. Portanto ruído e diabetes juntos não parece produzir maior alteração neuropática do que um deles isolado (24). 16 Conclusão Com o término deste trabalho, concluímos que tanto a Diabete Mélito quanto à exposição constante ao ruído prejudicam a integridade do sistema auditivo. Neste relato de caso, pudemos considerar ser a alteração do paciente em questão, provavelmente decorrente tanto do seu quadro clínico, quanto da sua exposição contínua ao agente agressivo citado anteriormente, porém não conseguimos provar que a ação do ruído potencialize a lesão provocada pela diabete agravando significativamente a perda auditiva, não estabelecendo uma relação de ação sinérgica entre tais agentes agressivos. Portanto concluímos que ruído e diabetes juntos não parece produzir maior alteração neuropática do que um deles isolado. 17 Referências Bibliográficas 1- Jablonka, S, e colaboradores. Diabetes Mellitus Diagnóstico e Tratamento. São Paulo, 1980. 2- Pastore, K, Neiva, P. Diabetes O Inimigo Oculto, Revista Veja. 2003, 4: 76 – 83. 3- Krochmalska E, Lazarczyk B, Rogowski M, Rzewnicki I, Wasilewska A, Jakubczyk D. Evaluation of hearing in patients with diabetes. Otolayngol Pol 1989:43(1):45-51. 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