FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS TALES DE MILETO (625 - 547 a.C.) Estadista, e filósofo grego, o primeiro a afirmar que a água é a substância fundamental do universo e de toda a matéria. Nasceu em Mileto onde fundou a escola que conserva o nome de sua cidade natal. A concepção de mundo da sua escola denominou-se logos = razão, palavra ou discurso, que explica o universo racionalmente, sem recorrer ao sobrenatural. O logos se opõe ao mito, se firma na imanência e não na transcendência. Sua escola baseavase em um saber prático e seus filiados eram intelectuais viajados. A partir de fatos particulares conceituavam a realidade como um todo animado. A mutabilidade das coisas tem um princípio organizador e unificador chamado arké = origem, substrato e causa de todas as coisas. Atribui-se a Tales a formulação de teoremas em geometria, a medição das pirâmides egípcias e a distância dos navios do alto mar até a costa. A água, princípio da natureza úmida, está em todas as coisas. A terra repousa sobre a água. Foi o primeiro a explicar que a lua é iluminada pelo sol. PITÁGORAS (580 – 500 a. C.) Nasceu em Samos, mas passou parte da sua vida em Crotona, colônia grega ao sul da Península Itálica. Filósofo e matemático, criou a Irmandade Pitagórica, de natureza científica e religiosa, que influenciou a matemática e a filosofia de Aristóteles e Platão. Não deixou obra escrita. Sua doutrina tornou-se conhecida através dos seus discípulos. Propôs o número como princípio de explicação do mundo, por conter os opostos (pares e ímpares), que brotam do “UNO” primitivo. Assim, também, as coisas encerram noções opostas que são conciliáveis pelo princípio da harmonia. Associou também o número à Música, mas sua maior descoberta deu-se na Geometria. Seu grande mérito é a noção de que as leis que regem o universo podem ser expressas em termos matemáticos, ao observar que os astros são governados por uma ordem que domina o universo. Os pitagóricos já falavam na rotação da Terra, esférica, sobre seu eixo. A Irmandade Pitagórica foi perseguida e desfeita, pondo fim à hegemonia da Magna Grécia, região do sul da Itália e resultando do desterro de Pitágoras para Metaponto. HERÁCLITO (540 – 480 a. C.) Nascido em Éfeso, foi o primeiro filósofo a propor uma visão dialética do mundo. Era considerado o filósofo do vir a ser. Tudo é devir, tudo está em mutação, tudo flui, em contínuo movimento. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, porque tanto a água quanto o homem mudam incessantemente. Heráclito via o cosmos em mudança incessante. Tudo é “UM”, que submetido a uma tensão dialética interna, desabrocha no múltiplo, que se reduz à unidade. Calor e frio, dia e noite, bem e mal, são múltiplos e unos, pois constituem metades indissociáveis de uma mesma realidade. A oposição entre contrários define-se como a própria força criadora do real. A substância fundamental de que todas as coisas foram feitas é, para Heráclito, o fogo, definido como mobilidade, inquietação. As mudanças não se fazem ao acaso. Sua marcha é guiada pelo Logos= essência racional do universo, simbolizada pelo fogo. Do ponto de vista ético, a Virtude, para Heráclito, consiste na subordinação à razão universal. O mal, segundo Heráclito, está em que muitos querem viver como se fossem seu próprio Logos, isto é, o centro dos acontecimentos. PARMÊNEDES (515 .a. C. - ?) Nascido em Eléia, atual Vélia (Itália), Parmênedes é considerado o fundador da escola eleática. Tendo grangeado a admiração dos filósofos do seu tempo. Não se conhece a data da sua morte, mas sabe-se que aos 65 anos, acompanhado do seu discípulo Zenão, esteve em Atenas, onde conheceu Sócrates, ainda moço. O poema “Sobre a Natureza e sua Permanência” é sua obra mais importante. Trata-se de um poema filosófico dividido em duas partes: a primeira fala sobre o caminho da opinião ou doxa, na qual não há nenhuma certeza; a segunda trata do caminho da verdade ou alethéia, o que verdadeiramente é e não pode mudar. O aparente movimento das coisas não e, senão engano dos sentidos. De modo simplificado, a doutrina de Parmênedes se sustenta nos seguintes princípios: Unidade e imobilidade do Ser Ilusão do mundo sensível Eternidade, Unidade e Imutabilidade do Ser O que se vê, através dos sentidos é inconfiável.. Toda a matéria é imutável, imóvel, indivisível, e nada pode destruí-la. Para Parmênedes, tudo o que existe constitui uma única realidade: o SER, que ele identifica com o pensamento, uma vez que só se pode pensar sobre aquilo que existe. Esse ser é incriado, imóvel, imutável, homogêneo e esférico, ou seja, fechado em si mesmo. Parmênedes afirma toda a unidade e imobilidade do Ser, fixando sua investigação na pergunta “O que é?” e tentando vislumbrar aquilo que está por detrás das aparências e das transformações. Chega à conclusão de que toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o Ser e o Não-Ser. O vir a ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-aser tem um ser. O Ser-Absoluto Toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser-Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Este Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência do seu oposto, o Não-Ser. O Ser simplesmente é..Existe apenas uma Unidade eterna. ANAXÁGORAS (500 – 428 a. C.) Nasceu em Clesômenas, de onde foi para a capital da África, tornando-se o primeiro dos intelectuais que se reunião em torno de Péricles, governante da cidade. Considerava que tudo é resultado da mistura e da divisão. A cambiante pluralidade do real é produto de ordenações e reordenações sucessivas. Nada pode chegar a ser aquilo que não é, ou deixar de ser o que é. Junto à matéria, existe um princípio ordenador, um Nous ou inteligência, como causa do movimento. Suas opiniões filosóficas se chocaram com as concepções religiosas da época e ele foi julgado por ateísmo, mas, graças à proteção de Péricles, conseguiu refugiar-se em Lâmpsaco, onde viveu seus últimos dias. EMPÉDOCLES (490 -430 a. C.) Nasceu em Agrigento, Sicília, na Magna Grécia. Era profeta, político, orador e poeta. Desenvolveu uma interpretação do universo em que todos os fenômenos da natureza eram resultantes da mistura de quatro elementos eternos ou raízes: água, fogo, ar e terra. De sua união ou separação nasceriam e pereceriam todas as coisas. Os quatro elementos se uniam sob a força do amor e se separariam sob o influxo do ódio. A intervenção do ódio está na origem de todas as coisas e de todos os seres. Mas o princípio do amor volta a triunfar. No mundo, os seres individuais geram ódio e injustiça, o que exige um processo de purificação que só terminará quando o amor triunfar. Porém, este triunfo é, ainda, relativo. A Evolução do mundo é um processo no qual se manifesta um domínio alternado do amor e do ódio, do bem e do mal.