DNA mitocondrial revela múltiplas introduções e risco de

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54º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008
Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
DNA mitocondrial revela múltiplas
introduções e risco de colonização
do camarão exótico Macrobrachium
rosenbergii (Crustacea, Decapoda) em
ambientes naturais da costa do Pará, Brasil
Iketani, G1; Maciel, CR; Schneider, H; Sampaio, MIC2
Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança
[email protected]; [email protected]
Palavras-chave: Macrobrachium rosenbergii, Gigante da Malásia, bioinvasão, camarão exótico, Pará
Macrobrachium rosenbergii, conhecido vulgarmente como Gigante da Malásia, é um camarão de água doce endêmico
do sul e sudeste asiático, partes da Oceania e algumas ilhas do Pacifico. A espécie se difundiu a partir da década de
1970 para criação em cativeiro em praticamente todos os continentes e atualmente é o camarão de água doce mais
cultivado no mundo. No Brasil, foi introduzido em 1977 em praticamente todos os Estados, apenas no Pará, Paraná
e São Paulo já ocorre também na natureza como espécie exótica. Apesar da grande importância econômica de M.
rosenbergii poucos estudos genéticos, grande parte deles restritos a área de ocorrência natural, já foram realizados no
mundo. No Brasil, estudos genéticos tanto das populações de cativeiro quanto das que já são encontradas na natureza
são inexistentes. Assim, o objetivo deste trabalho é a caracterização molecular de algumas populações de M. rosenbergii
encontradas no ambiente natural da costa do Pará. Tal caracterização é importante, pois mudanças genéticas durante
e após a colonização são típicos do processo de invasão. Foram obtidas seqüências do gene mitocondrial Citocromo
Oxidase C subunidade I (COI) de exemplares de três municípios paraenses (Augusto Corrêa, Colares e Tracuateua).
A relação filogenética entre as seqüências foi estimada nos programas PAUP* 4b10, MEGA 4.0 e PHYML 2.4.4; a
relação entre os haplótipos testada no Network 4.0 e a diversidade genética estimada no Arlequin 3.11. As análises
filogenéticas mostraram a formação de dois clados apoiados por altos valores de bootstrap em todos os métodos. Foram
encontrados dois haplótipos mais freqüentes e alguns raros; entre os mais freqüentes foi verificada uma diferenciação
genética de 1,8% (10 mutações). A diversidade haplotípica (h= 0,57) foi maior quando comparada com oito das onze
populações naturais analisadas por de Bruyn et al. (2005), e a diversidade nucleotídica (π= 0,0094) foi maior que a
encontrada em 10 destas populações. Com base nos resultados podemos concluir que: (1) provavelmente a população
de M. rosenbergii encontrada na costa do Pará foi formada a partir de dois eventos independentes de introdução; (2)
esta espécie exótica possui a variabilidade genética necessária para colonizar, persistir e posteriormente ampliar sua área
de ocorrência ao longo da região. Estes achados demandam atenção, já que as características biológicas de M. rosenbergii
(grande porte, alta capacidade reprodutiva, comportamento territorial, etc.) podem favorece a espécie em relação às
nativas, deslocando, reduzindo ou em casos extremos extinguindo espécies nativas de valor econômico que ocorrem
dentro da sua área de ocorrência.
Apoio Financeiro: CAPES, CNPq.
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