DESACELERAÇÃO ECONÔMICA CHINESA: BOLHAS E

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DESACELERAÇÃO ECONÔMICA CHINESA:
BOLHAS E RECESSÃO
Eduardo Aguiar Henrique Filho, Orientação: Prof. Me. Edna Nunes Gurgel de
Albuquerque
Colégio técnico Univap/Curso Técnico, Rua Paraibuna 75, Centro,[email protected]
Resumo - O presente trabalho pretende mostrar como a expansão de crédito estimulada pelo Banco
Central Chinês compactuou severamente para a desaceleração econômica do país, mostrando
consequências desta prática monetária, enfatizando o período entre o ano de 2000 a 2016 através de
quatro pilares: Bolha Imobiliária, Bolha Especulativa, Endividamento dos Municípios e Capacidade
produtiva excessiva. A análise econômica é embasada nos conceitos da Escola Austríaca de
Economia, através da Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE), a qual ensina que recessões e
crises econômicas se formam através das seguintes ações da autoridade monetária vigente em
determinado território: taxas de juro baixas estimulam a concessão de crédito, aumentando desta forma
a oferta monetária. Este aumento leva a um período de crescimento insustentável, em que o dinheiro
em excesso procura oportunidades de investimento progressivamente menos rentáveis. Um boom
sustentado por uma expansão artificial de crédito leva à uma generalização de maus investimentos.
Palavras-chave: China, Crédito, Bolhas Econômicas, TACE
Área do Conhecimento: Curso Técnico
Introdução
Em grande parte dos últimos trinta e seis anos, o crescimento médio anual da China foi cerca de
10%, o que é monumental se comparado ao crescimento americano que se aproxima de 2%. Com esse
padrão, a economia dobra de tamanho a cada sete anos, fazendo com que fosse possível ver uma
potência criando-se e renovando-se, realizando feitos que países ricos demoraram séculos, em
décadas, segundo o professor de economia da Georgetown University, Tyler Cowen (2015). A China
tornou-se protagonista em todo o cenário financeiro-comercial do mundo, sendo uma força geradora
para nações desenvolvidas e em desenvolvimento, demonstrando cada vez mais sua importância e,
principalmente, sua conectividade enraizada com outras economias. Uma exemplificação clara do atroz
crescimento chinês para Smil (2013) é o fato de que em dois anos, usou-se mais concreto na China,
do que nos Estados Unidos durante todo o século XX.
Segundo Rapoza (2013), a economia da China esteve por dez anos sob esteroides. É uma
economia colossal, com uma mistura de livre mercado, planejamento central, mercantilismo e
unipartidarismo comunista; que cresceu demais, de maneira artificialmente estimulada pelo governo, e
que agora começa a ver os prejuízos da colheita econômica; devido ao impacto que tal economia gera
em outras, vê-se a extrema relevância em tratar de sua recessão.
Na ótica austríaca de Mahoney (2008), quando o crescimento (boom) não é respaldado por uma
poupança prévia, ou seja, gerado por investimentos incentivados por uma expansão de crédito por meio
da baixa artificial da taxa de juros, gera-se um aumento artificial da produção, que depois mostra-se
insustentável e irreal, gerando a crise. De acordo com o Economista e um dos Fundadores da Escola
Austríaca, Ludwig Von Mises (2010), adotou-se a expansão de crédito como ampliação de oferta
monetária, realizada através de uma artificial queda nas taxas de juros, feita pelos bancos centrais,
expandindo assim o acesso ao crédito por parte de pessoas e empresas.
Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho, serão analisados indicadores econômicos da China, como
Oferta monetária, Taxa de Juros, Bolsa de Xangai, Mercado Imobiliário, Índice de preços ao produtor e
Preço das commodities. Pretendendo-se demonstrar, sob o escopo da Escola Austríaca de Economia,a
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expansão insustentável de crédito realizada pelo Banco Central Chinês e tendo nesta prática,
consequências negativas para a economia chinesa.
Resultados
Para a demonstração da expansão de crédito chinesa, utilizou-se gráficos elaborados pela Trading
Economics, a qual, fez uso de dados do Banco Central da China. A Figura 1 demonstra a queda na
taxa de juros realizada pela entidade monetária, tendo marcados dois pontos para serem,
posteriormente, discutidos; e a Figura 2 mostra o aumento na oferta monetária, consequente das baixas
taxas de juros.
Figura 1 – Taxa de Juros Chinesa
Fonte: Banco Central da China | www.tradingeconomics.com
Figura 2 – Oferta Monetária Chinesa M2
Fonte: Banco Central da China | www.tradingeconomics.com
A Figura 3 demonstra o aumento no preço das commodities, no caso, o Minério de Ferro, por
decorrência do aumento da demanda, estimulada pela expansão de crédito.
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Figura 3 – Preço do Minério de Ferro
Fonte: Index Mundi
Discussão
O Banco Central Chinês cumpre fielmente a primeira etapa de um ciclo econômico segundo a escola
austríaca: diminuição das taxas de Juros. Através da Figura 1, é explicitamente comprovável tal política,
se analisarmos a vertiginosa diminuição desta taxa, na década de 90, o indicador atingiu a casa dos
11%, sendo reduzida para pouco mais de 6% antes da virada do milênio, e posteriormente para menos
de 6% já no começo do século XXI. Esse período, do início de 2000 a 2007 (ponto 1) é essencial ao
processo de expansão creditícia, pois são 7 anos de crédito farto e barato, tendo a taxa de juros na
média de 5,5%. A consequência prática dessa política é percebida se analisarmos o mesmo período
na Figura 2, onde a oferta monetária praticamente quadruplica, de 10000 bilhões para cerca de 37000
bilhões de Renminbis. Empreendedores, ao tomarem como empréstimo este dinheiro criado pelo
sistema bancário, passam a investir naqueles projetos que mais estavam sob demanda. No caso
chinês, o setor imobiliário. Os consumidores, por sua vez, recorrem aos bancos justamente para obter
financiamento para comprar imóveis. Esta súbita demanda por imóveis foi possibilitada pelo fato de
que a expansão creditícia feita pelo sistema bancário foi orquestrado através de uma diminuição nas
taxas de juros, demonstrada na Figura 1.
A Figura 2 demonstra com clareza a prática de expansão de crédito do governo chinês, onde a
oferta monetária, a partir do ano 2000, aumentou em 14 vezes. Uma expansão creditícia e monetária
é sempre um fenômeno extremamente perigoso porque funciona de maneira contaminadora, pois todo
o sistema econômico passa a reagir de maneira expansionista. Empresários recebem financiamento
barato para praticamente qualquer investimento que queiram fazer, não importa o quão irracional tal
investimento seria em outro período. No mesmo momento, trabalhadores e sindicatos percebem que
a demanda por seus serviços aumentou, pois há mais dinheiro na economia. Bens de consumo
também passam a ser demandados com mais afinco. A renda da população aumenta todo ano. Ambos
se animam, principalmente porque tal arranjo faz parecer ser possível aumentar a riqueza sem qualquer
sacrifício na forma de poupança e trabalho duro. Forma-se uma bolha, segundo Roque (2013).
Durante a fase da expansão econômica artificial, os indivíduos intensificaram seu endividamento
(toda tomada de empréstimo é uma contração de dívida) para poder consumir, tendo em mente que a
expansão do crédito manteria-se abundante e que sua renda futura continuaria crescente, o que
facilitaria o pagamento dos empréstimos. Neste cenário empresas fazem investimentos de longo prazo
guiadas pela redução artificial dos juros e pela expectativa de que o aumento futuro da renda
possibilitaria o consumo dos produtos criados pelos seus investimentos. Isto é categoricamente
analisado na Figura 3, onde os maiores valores do minério de ferro são marcados concomitantemente
com uma nova queda nas taxas de juros na Figura 1 (ponto 2), esta situação demonstra o inchaço no
preço das commodities estimulado pela China. Outros produtos primários apresentam exatamente o
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mesmo comportamento, como o Petróleo, Milho e Açúcar, pico entre 2009 e 2012, e atualmente em
queda. É relevante que se analise o declínio a partir de 2013 no preço do Minério de Ferro, mesmo que
a taxa de juros esteja baixa no mesmo período (4,35%), mostrando uma saturação no mercado chinês,
principalmente o imobiliário, sendo este um forte destino desse commoditie, devido à utilização na
construção civil.
Contudo, uma diminuição nessa expansão creditícia, pois ela não poderia continuar infinitamente,
modifica o cenário econômico fictício para o real. O aumento esperado da renda não se concretiza, o
que dificulta o pagamento das dívidas. Fazendo com que todos aqueles investimentos que foram
estimulados pela expansão artificial do crédito entrem em colapso, pois nunca houve uma
demanda verdadeira por eles (ROQUE, 2013). Como os consumidores estão mais endividados e o
nível geral de preços da economia aumentou, mas a oferta monetária se estabilizou, a demanda cai,
algo que pode ser facilmente percebido ao analisar o índice de preços ao produtor, tendo a oferta maior
que a demanda. Essa diminuição na expansão de crédito leva a uma redução da taxa de
crescimento da oferta monetária. E essa redução é o que põe fim na euforia e dá início à recessão.
Conclusão
Após analisar os indicadores econômicos, em conjunto com as obras da Escola Austríaca de
Economia, foi possível visualizar que a recessão econômica chinesa se dá majoritariamente por uma
política fiscal expansionista do Banco Central, assim como outras crises econômicas explicadas pela
TACE, como por exemplo, a crise americana de 2008. A China passou pelas fases do Ciclo, e todos os
dados apontam para um alto risco de recessão. Tal cenário econômico não compromete somente a
China, mas muitos outros países; o mercado imobiliário de cidades como Nova York e Londres tem
como principais clientes, chineses. Assim como o agronegócio e mineração, que já vem sendo afetados
pela desaceleração da economia chinesa. Portanto, todo processo de expansão creditícia, cedo ou
tarde, se transforma em um processo de restrição ou contração do crédito. A intensidade da recessão
tende a ser proporcional à intensidade da opulência econômica que o país vivenciou.
Referências
COWEN, Tyler. What is going on in China right now? Marginal Revolution, Washington, 2016.
Disponível em: < http://marginalrevolution.com/marginalrevolution/2016/01/china-video.html > Acesso
em: 06 set. 2016.
MAHONEY, Dan. A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos: Uma Breve Explanação. Mises Brasil.,
2008. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=141> Acesso em: 06 set 2016
MISES, Ludwig Von. Intervencionismo: Uma Análise econômica. 2.ed. São Paulo: Instituto Ludwig Von
Mises, 2010.
RAPOZA, Kenneth. Just How Big Is China? Bigger Than You Think. Forbes, Nova Iorque, 05 de Abril
de 2013. Disponível em: < http://www.forbes.com/sites/kenrapoza/2013/04/05/just-how-big-is-chinabigger-than-you-think/#31a8865d7e44 > Acesso em: 06 set. 2016.
ROQUE, Leandro. Explicando a Recessão Europeia. Mises Brasil, São Paulo, 2013. Disponível em:
<http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1514 > Acesso em: 06 set. 2016.
SMIL, Vaclav. Making the Modern World: Materials and Dematerialization. 1 ed. Chichester: John Wiley
& Sons, 2013.
SOTO, Jesus Huerta de. Moeda, Crédito Bancário e Ciclos Econômicos. 1.ed. São Paulo: Instituto
Ludwig Von Mises, 2012.
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