• 30 DE MAIO • 2016 %HermesFileInfo:H-1:20160530: De olho neles Pesquisa mostra de que forma os pequenos empreendedores definem e avaliam seus fornecedores em 17 categorias diferentes 34 I Escolha Estadão PME I Segunda-feira, 30 de Maio de 2016 ENTREVISTA l O ESTADO DE S. PAULO Alessandra Andrade Coordenadora do Centro de Empreendedorismo da FAAP ‘É necessário que o custo seja o menor possível’ Especialista avalia o momento do empreendedorismo no Brasil da crise professoraecoordenadorado Centro de Empreendedorismo da FAAP, Alessandra Andrade, reconhece que o momento é grave e que a situação da economia desestimula o surgimento de novos empreendedores. A especialista, porém, recorre a um velho ditado popular para dizer que onde há crise, há oportunidade. “Enquanto uns choram, outros vendem lenços.” Mesmo assim, ela faz um importante alerta: não é qualquer negócio que vai prosperar. Confira a seguir os principaistrechosdaentrevistaconcedida ao Estadão PME. A l O consumidor hoje é mais exigente em relação a preço, atendimento e qualidade e procura otimizar sua satisfação com menor custo. Por outro lado, o empreendedor tem que satisfazê-lo com produtos e serviços de qualidade. Essa é a tônica do mundo dos negócios atualmente? Certamente. Nesses últimos anos um segmento da população,porexemplo,debaixarenda, teve acesso a novos produtos e serviços e isso possibilitouqueempresasatendessem essa nova parcela de consumidores com baixo preço epadrão de qualidade. Quando você conhece uma coisa, seu padrão de exigência também aumenta. De uma maneiraemgeral,os consumidoresbrasileirosestãomaisinformados e consequentemente estão mais exigentes também. Isso serve para qualquer empresa seja ela uma PME ou uma das grandes compa- nhias do mercado brasileiro. l O que é necessário para que uma pequena ou média empresa sobreviva nesse mercado cada vez mais competitivo? Tem que ter custos enxutos. Hoje o grande fator para o sucesso dosnegóciosé que oem- preendedor diminua seus custos e aumente sua renda. Com a crise, todas as empresas enxugaram muito pois sabem que o seu concorrente está fazendoo mesmo.Ou seja,estão produzindo ou ofertando serviços a um custo mais baixo. É necessário que o custo seja o menor possível, sem esquecer quenãosepodeperdera qualidade e a eficiência. O lema é realmente esse: eficiência com baixos custos e também maior qualidade. l Queria que você falasse um pouco sobre a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). É uma pesquisa mundial que o Sebrae realiza aqui no Brasil desde 1999 (a pesquisa tem como objetivo compreender o papel do empreendedor no desenvolvimento dos países) Essa pesquisa procura, como você frisou, conhecer qual a importânciadoempreendedorismo para o crescimento social e econômico de um determinado país. O que é importante falar sobre o relatório é que ele diferencia o empreendedor que entra no negócio por necessidade e o que entra por oportunidade. No Brasil, por conta da crise e do desemprego, muitas pessoas entram noempreendedorismopornecessidade. Esse empreendedor tem baixíssima tecnologia empregada. Enquanto o empreendedorismoporoportunidade é aquele feito por pessoasquebuscaminovação,melhores processos etc. É esse tipo de empreendedor que sobrevive, que ajuda a economia a se desenvolver. A outra categoria não se capacita, não se planeja e não tem capital suficiente para continuar nos negócios de maneira eficiente. l Estamos vivendo uma das piores crises econômicas e sociais da história. Há espaço para novos empreendedores ou não é o momento propício para isso? A nossa economia (realmen- te)viveumdospioresmomentos de sua história e todos nós estamos sendo afetados negativamente. Mas existe um velho ditado popular que diz que ‘enquanto uns choram, outros vendem lenços’. Não é qualquer negócio que vai prosperar atualmente. Mas o empreendedor não pode esquecer que onde há crise, há oportunidade, mesmo que o panorama seja tão ruim, como o que agora vivemos. As crises impõem as empresas e a seus empreendedores que se reinventem, que criem novas maneiras de fazer produtos e oferecer serviços. Como eu disse, é preciso reduzir seus custos e os empresários precisam fazer ajustes de forma criativa e rápida, nunca esquecendo a qualidade e a eficiência. l Como está o panorama do empreendedorismo no Brasil? Está crescendo, mesmo que as vezes seja por conta também desse empreendedorismo por necessidade que mencionei anteriormente. Os jovens hoje no Brasil estão procurando carreiras empreendedoras. Muitos não sonham mais com carreiras financeiras ou em multinacionais, por exemplo, eles querem abrir seus próprios negócios. Por exemplo, na FAAP, 86% dos alunos de empreendedorismo querem, depois da faculdade, abrir seusnegócios;issoéumnúmero bem expressivo. Esse tipo de empreendedorismo que faz a diferença para a economia de um país. Por conta dessagravecrisequeestamos passando atualmente, o Brasil está ‘barato’, o que atraí investidores estrangeiros que chegam ao País em busca de novos mercados e de novas oportunidades. l Onde você enxerga espaço para novos empreendedores? No mercado de varejo. Acabei de voltar dos Estados Unidos, de um curso que fui fazer lá sobre varejo, e fiquei impressionada com as oportunidades desse mercado.