Narrativas para transformar o mundo: sentidos do empreendedorismo social no contexto brasileiro Prof. Dr. Vander Casaqui (PPGCOM ESPM) [email protected] OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS No contexto do capitalismo contemporâneo, o empreendedorismo social emerge como temática de importante papel estratégico e de imensa carga simbólica. De acordo com a teoria do novo espírito do capitalismo (Boltanski e Chiapello, 2009), vivemos uma era em que o empreendedorismo se estabelece como paradigma, não somente do mundo do trabalho mas também como lógica de engajamento e adesão de novas gerações, que tem reflexos na forma como o cotidiano é regido pelo culto da performance (Ehrenberg, 2010). Diante desse cenário, analisamos o papel (Dahrendorf, 2012) atribuído ao empreendedor social: o agente que une a tradição do trabalho pelo “bem comum” com o modus operandi do mercado neoliberal ganha destaque em discursos que projetam o futuro do capitalismo e da sociedade de maneira geral. Esta pesquisa se justifica pela importância crescente do empreendedorismo social no cenário brasileiro, como forma de organização que elabora projetos sociais e concebe mundos possíveis (Lazzarato, 2006). Por meio desses mundos - publicizados por processos comunicacionais complexos e calcados em formas de consumo (para se difundirem e se tornarem “sustentáveis”) -, a nação é imaginada e planejada em função da lógica empreendedora. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Além dos conceitos já indicados, o quadro teórico desta pesquisa se baseia na reflexão crítica sobre as formas paradoxais pelas quais o empreendedorismo social é definido; no conceito de utopia e na sua apropriação pela lógica empreendedora; na constituição discursiva da sociedade, através do conceito de discurso social (Angenot, 2010). A organização desses conceitos e teorias na pesquisa se dá a partir da discussão sobre os significados do papel social (Dahrendorf, 2012) atribuído a esse agente no contexto contemporâneo. A imagem do empreendedor social é analisada por meio das noções de modelos de cultura (Morin, 2007) e das histórias de vida exemplares (Buonanno, 2011). Essa imagem é disseminada no espaço biográfico discutido por Arfuch (2010), ou seja, no ambiente midiático que abriga trajetórias de vida voltadas ao consumo simbólico e no qual o empreendedor social ganha destaque como modelo a ser seguido. A metodologia de análise dos dois eixos discursivos, os discursos sobre os empreendedores sociais e os discursos dos próprios empreendedores sociais, é fundamentada na proposta de análise do discurso de Fairclough (2001) e no estudo das trajetórias de vida de Giele e Elder Jr. (1998). RESULTADOS ESPERADOS Os resultados parciais da pesquisa têm sido apresentados em congressos nacionais e internacionais, publicados em periódicos científicos, entre outras formas de divulgação. Planeja-se também a elaboração de um livro autoral que organize os principais resultados da investigação.