I.kt\ HlpOTESE SINTATICA PARA U`1 TIPO DE DESVIO NA AQUISl

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I.kt\ HlpOTESE SINTATICA PARA U'1 TIPO DE DESVIO NA AQUISl
Ro.6 a. A:t:tie F,[9 uebta.
UNICAMP
Neste trabalho procuramos
levantar
ums
hipotese explicativa para os fenomenos envolvendo
a
aquisi~io de verbos causativos, tais como se apresentaram na fale de urns c~ianQa em feee de aquisiQao do portuguie como lingua materna
(Anamaria
=
A). no per{odo
compreendido entre 2; 8 a 5 anos.
De 2;8 a 3;4 diepomos de material proveniente de dues fontes: aJ do diario, isto e. do
regis-
tro informal das ocorrencias, feito pela mie (a propria
pesquisedora)J
b) das gravaQoes em fita magnetics
segmentos de intersQao informal com urn interlocutor
N
de
adul
I
to~ na maioria das V8zes, a mas • De 3J4 em diante, tra
balhamos soments com as dados registrados
no diarlo.
do icorpusi de A, sentimo-nOB autorizados a lnicia! urna
analise da aquisi9ao dos verbos causativos, dada a
can
sistencia dos fatos reunidos no diario e que sabemos,ds"
antemao.
nao serem desmentidos
tapeo. Na literatura
te referencia
pelas seasoes de 'audio-
sabre aquisioao
que vamos analisar.
na
aquisioao do ingles por Christy, sujeito de Bowerman
(
cf, Bowerman
a um dos fanomenos
da linguagem.exia-
1974). A analise feita por Bowerman
mo unica fonte
01 material
registrado
no diario. Os
das 'de Christy, bomo tambem os de Anameria.
entemente consistentes
pare permitir
tem co
da-
sio sufici-
a formulaoao
de al
gumas hipoteses.
1.Ne 'corpusv
de A, no per!odo mencionado
s;o eneontra
das um grande numero de verbos cBsativos
tes tipos de expressoes
V, deixar
+
V e mandar
perifrasicas
+
sa, Analisando-os,
de causa: fazer
em relaoao
registrallt"sa tambemdes
a
expressao
lexical de cau
e poss!vel reconhecer
dais tipos ba-
19) uso de um item nao-causativo
do, mU$.~a
+
V.
Neste pedodo
vios sistematicos
e os segui~
de estado/loeaoao
(expressando
ou atividada)
esta
por um cau-
sativo.
29) usa de um item causativo
por urn neo-causativo.
De 2J8 a 5 oeorreram
as seguintes
cas do primeiro tipo:
1. aeabar por fazer aeabar
(consumir)2
2. aceitar por ofereeer
3. aehar por proeurar
4
0
3
alcanoar por fazer alcanoar
5. apanhar por bater
tro
6. eprender por ensinar
7.
£!!!.
por derrubar
8. ·corihBcer por apresentar
9. dormir por fazer dormir
10. entrar por fezer entrar (enfiar)
II. errar por fezer errar
12. eseorregar
por fazer escorregar
13. ficer~!
por fazer/deixar
14. fiear
+
fiear em X (loea~ao)
Adj. par fazer fiear Adj. (estado)
15. morrer por matar
16 •.nascer per £!!.
a~
(parir. "fazer nascer")
17. passear por fazer/levar
passear
18. perder por escender
19. puler por fazer pular
20. ~
por tirar
21. sofrer por fazer sofrer
22. subir por levantar
23. sumir por fazer sumir (esconder)
24. vir por trezer
25. tomar banho/inje~ao
por ~
banho/injecao
Eata lista eontem verbos impropri~
mente usados como eausativos.
mo,,;9cabar.~.
Uns s~e intransitivos.
dormir. morrer. nascer. ~.
tros sac transitivos
como aceitar. aprender8
ete,
eo
ou
acha~. ca-
nhecer. ete; au, na terminolLigia de Lyons. monovalentes
os primeiros e bivalentes
de valencia ver Lyons
0
(para
0
cenceita
1968 e 1977). 0 que nos leva
dar-1hes urn so tratamento
so como no autra.
os segundos
8
0
a
fato de que tanto num ca-
item ausente
(0
correta) 8 um
item
de valencia uma (la) vez superior ao item que efet1va--
i
mente ocorre e este aumento de valencia corresponds
presen9a de urn lugar adicional
ra a expressao
("additional
do agente iniciador.
place") pa-
Assim.
0
monDvalen-
te morrer ast~ palo bivalente
mater: e a bivalente
eerendar asta palo trivalenta
ensinaro Em ambos os
sas. a diferan9a.
que
e
de uma valencia.
sac do mesmo conteudo semantico:
serve ~ axpre~
causativ1dada.
As trocas no sentido inverso.
do tampa compreendido
ca-
pele pesquisa.foram
dentro
as seguintes:
1. ensinar por aprender
2. matar par morrer
3
0
procurar par aehar
4. tirar por !!!£
Os desvios do primairo
tipo a os des-
vios do segundo tipo nao tiveram a mesmB distribui9io
de freqOeneia
Tomando-se
8m toda a extensao
do period a observado
por base urn par em que a troce ocorre
B tambem
dois sentidos - a par ~tirar(qua
freqOente
) - pode-se dizer que a incidencia
ro tipo e maior de 3,10 a 4,4, enquanto
que a
0
•
nos
mais
do primeiinciden-
cia do segundo tipo 8 maior de 4,6 a 5. Isto permite
grosseiramante
da expressao
dtvidir
0
desenvolvimento
da aquisi9BO
lexical de causa em A. em dues stapes:
- etapa A: regida pelos desvios do primeiro tipo,
- etapa B: regida pelos desvios do segundo tipo.
Procuraremos
relacionedas
fcrmular duas
entre si, para explicar
em jogo na produQ~o de senten9as
hipoteses
os fatos que eetao
do tipo "voce saiu
0
asma1ta do dado", de um 1adoJ a "voce tirou
do dado", da outro. Para esta comunicaOBo,
a
tamo-nos
discusseo
asma1ta
0
porem,
1imi
de hipotasa re1ativa aos desvios
do tipo 10
Antes, porem, cumpre apresentar
tad a por Bowerman,
para os erros - semelhantes
tipo 1. por nos registrados
da como sando explicative
aos
l
do
em A - teitos por sua filhs
ChristYJ hipotese que, inicialmente,
1977: 3771
a hipotesa 1avan-
fo! par nos sSBum!
dos dados de A CcfoFigueira
•
0
De 2,6 ate por volta de 3,8,Christy
produziu uma granda numero de estruturas
em que verbos.
adjetivos e particu1as
DOS
transitivos,
locativas aram usadas come vernormally
no sentido de "cause the evan~refer
red to by this word to come about"
(Bowerman 1974:143).
Por exemp1o:
- (Christy, com dificu1dade
do retrigeredor
em sustentar a
porta
aberta)
C. Mommy, can you stay this open? (=make
stay open, keep this open)
- (Christy,diante
0
de um brinquedo
Co I'm singing him
(=
musicalJ
I'm making him sing)(3,l)
- (Christy espiando com 1nsatisf~Qio
ra que a mas ~i~e
Co Full
it up:
t·
sua mamadei-
enchido spenas pa~cialmente)
make it full;
fi]ll
it up)
Boerman sustenta que, quando Chri~
ty comeQou a usar verboe causativos
em sentenQas de 2/3
palavras - em periodo anterior ao das ocorrencias
aeima
- os verbos cBusativos
analisadas,
eram essenc1almente
formas
nao-
em que a crianoa ainda neo estavil conscien-
te ("aware") de sua estruture
interne. Esta consc1enc1e
so emergiu quando se registraram
pois estes constituem.
desvios como os acime,
para a autora. um indicio de que
a crianoa - por um processo de generalizaQeo
sUbsequen-
te a um esforoo de analise - ter1a incorporedo
ao gr~po
de verbos do tipo de :'opan", "break.~ e "warm" formas causativas
e nao-causativas
cUjc!6
sao identicas
- mui-
tos outros de seu lexica. A.·fonte das arros de Christy
esta, para ela, no dominio desta classe de verbos.
pois de ouvir um numero 6uficisnts
"open" e "broke" como causativos
ty teria abstrafdo
e
urna regra sobre 1tens
Em outras palavras.
• me modalo de funcionamento
de
e nao cillusat1vos,Chri.!
e generalizado
lexicais passivais.
tese
de ocorrenc1aa
de-
ala os tomou co
para outros verbos. Sua hipo
de que sempre qua urn concsito de estado ou mudan
oa de est ado vem associada
a
aQao ou circunstincia
provoca es~e estado ou mudanQa da estado,este
Bxpresso nurn unico item lexical. mudando-se
trutura da prediciloao verbal. ja que
0
pode
que
sar
apanas a as
verbo passe
a
ser transitivo.
Notamos que a explicaQ~o.dada
werman para os desvios de Christy estabelece
por Bo-
que,no te~
po das erras a crianQa ja domina a oposi9aa causative
neo-causativo.
sac morfologica,
faltando-Ihs
apenas
0
I
dominia de Gxpres-
lexical desta diferenoa.
Para afirmar que a conceita camplexa
codificado
so
nos itens causativos
se tornou conhecido
de Christy na epoc~ dos desvios,Bowerman
tros fatos do desenvo1vimento
que precedeu
f
pre-requisitQs
cognitivos
saa da estrutura
nar elementos
do perfodo
Ihe afiguram
S8
~
e sintaticos
que representam
(1) a emergen-
a tentative
de duas proposiooes,
como
para a compree~
dos verbos causativQs":
cia de enunciados
resultado
I1ngaistico
eeta etapaJ fatos que
••
se apoia em ou
e.
isto
de combi-
a agente
8
a
de sua aoaa, como:-,"Morrmy see", interpretave:L
segundo a autora, como "Mommy pick up Christy
Christy can see"J (2)
dads estrutural
dos complexos
0
subseqOente
that
aumento da complex!
na combinac;ao de propos'i.r;ceeem em.mei,!
~Mommy hold, too heavy")J e finalmente
[3] a emergincia
de causativas
"get". ao lado das primeiras
dacs [ef. B6werman
perifrasicas
com "make"e
manifestac;8es de incoativi
1974g162).
Do exposto,
a exp1ica~ao
50
queremos
de Boerman considera
salientar
que
as des vias como sande
fruto de uma hipotese da crian~a sabre a configura9ao
morfologica
do verba causative.
hlpotese
plitude maior do que seria justa (dado
q'Je, tendo amsistema
0
_ lin-
gOlstico em questeo) atings ume outra classe de verbose
A explicaoao
que tentaremos
colcear camo alternative
.
a
esta trata dos desvios do tipo 1 came B8nda ccnsequin-cia
. tica
de urna hipotese
Elmque acorrem
de cI'iGinQEl sabre
a
':IS verbc;,~ caueativos
Acreditamoa
anc;a po de ser interpratada
8strutura
slnt_~_
c
que a produQao
como sendo derlvada
da
cri
da ap1i-
ca~ao de uma regra.como:
- estrutura transitiva
express. causatividaQs
abstra!da nio so do comportamento
dos verbos cauaativos
da classe ~. mas tambem dos causativos
~. igualmente transitivos.
momento de significar
tado/loca~ao
des classes e
e
Esta regra setia splicade
no
uma situa~io em que mUd.n~a de e~
ou atividade
vem associada
a urn agente in1
ciador. Desta maneira atingiria:
a) as intransitivos
cair. dormir. morrer. nascer
-----------
•
stir. etc.
que. ao contrario dos ambivalentes
guebrar. abrir. etc.
so ocorrem em urn (1) tips de estrutura: NV. de interpr~
ta~io nio agentiva,
b) os ja transitivos
~.
achar. aprender. conhecer.per
etc.
mas que tem possibilidade
de receber uma no~ao adicio--
hal referente ao agente infciador.
dBndo origem aos desvios relacionados
o
~. 224 ~ 225
emprego de !!!£ na frase "eu
voce do ber~o" e de aprender na frase
ee
saio
aprende eu de-
senhar?" nao se afiguram •.enteo. para nos. como a ocorrencia de urn item lexical poss!vel. como quer Bowerman.
mas como a ocorrencia
a agentivo
de urn item nao-agentivo
(equivale dizer "causative").
que passa a integrar: transitiva
transitiva
promovido
pele estrutura
no primeiro caso;
bi-
no segundo (ou. nos termos de Lyons. bivalen
te e trivalente).
rela~ao ao mesmo tips de dados. Com aTaito. diante
desvios do primeiro tipo.
e
dos
possivel tomar uma de duas
posi90es:
19) assumir que a crian9a conhece 0 sentido
nBO-
causativo de sair e 0 santido causativo
de
seu correspondente
~
(tirar na lIngua do adultQ
neste est agio do desenvolvimento
ling~i~
tico da crian9aJ. errands apenas porque
urna ganeraliza~ao
indevida:
faz
nao conhace os Ii
mites da classe c de verbos causativos.
nela
incluindosairo
29)
assumir que a crian9a nao conheca
sa co--
(OU
neece. "passe por cima de") 0 sentido nao-age.!:!.
tivo do item~,
empregando-o
a
como sa fossa
causativo
porque atribui
expressao
de uma situa9so am q~e tres elemen-
tos estao envolvidos:
estrutura
S V 0
a
agente. a980 e objeto
modificadoo
Urns prova de for9a que a ordem S V
o
desempenha
experimento
como expresseo da Agente A9ao Objeto 8
realizado por Sinclair e Bronckart
com
0
se-
qOencias de palavras:
"Sixty-eight
French-speaking
children between the
ages of 2 years. 10 months and 7 years warw asked
to guess the meaning of 30 deviant theree-word
utterances.
ressembling
utterances
sponta~usly
produced by very young children. Utterances
con-
sistent of two nouns (without artcles) and a v~b
(in the infinitive).
or one noum and two verbs.
Verbs werw transitive
plus transitive
or intransitiveJ
verb combinations
either reversible
According
transpose
into
(boy pushes girl) or irreversi--
ble (boy opens box) sentences.
were presented
the two N's
All the threet -word
in,the six possible words orders.
to age. children chose different
gies to interpret
the utterances:
estrete
the developmentel
trend was cleary towards the strategie
by which
the relative position of the two noums determined
the interpretation:
the first noun was tOKen to be
the subject. the second noun the object".
& Bronckart 1972: 329J
Diante dos resultados
te a pergunta:
0
e
grifo
"S V 0 a linguistic
cia para esta hipotese. Estudos
universal?"
terpretar
astruturas
passivas
(Slobin
& Ferreiro 1970J Bever 1970) -par exema existancia
de uma tendencia
a ordem de palavras
funcionais:
fornecem eviden-
sabre a interprataQao
qua as crianQas fazem de sentenQBs
pIa - mostraram
nosso).
os autores colocam como pertine~
Outros experimentos
1966J Sinclair
(Sinclair
seqOencias
par. in-
em termos de relaQoes
N V N erGlm dacodificadas
de Agente-AQao-Objeto.
ram Bevar a supor a 8xistencia
como
Tais 8videncias
de umGl astrategia
lavaparce£
tual como
"Any N V N sequence within a potencial
tarnal unit
in
the surface estructure
tor-action-object".
corresponds
in-to ac
(Bever 1970: 298).
Como sa va. a relaQao da ordem S V
com a seqOencia
Agente-AQso-Objeto
- que fundamenta
0
a
eagunde posioeo am relaoeo aos desvios - esta
sobre uma quant1dade
razoavel de ev1dencias
apoiada
emp!r1cas,
Oe1xando de lado os dados exteriores ao 9corpus9 de presente pesquisa.
trar a 9uperioridade
podemos
demons-
de segunda hipotese em relaoao
a
primeira. com as proprios dados de A,
A hipotese 2 alam de explicar corretemente os desvios arrolados de 1 a 254• 8xplica tam
b~m outros aspectos
anoa em relaoao
a
[tambim desviantesl
da fa1a da cri-
estrutura basica de uma S, Trata-ss
de certes classes de estruturas
lingO{sticas
gum modo. escepam ao sentoide canonico,
que. de al
Compreende
des-
vias:
- com verbos - chamados impessaais
tradicional
pela gramatica
- que nao ocorrem com sUjeito. ou •
se ocorrem. eete
e
urn ser nao-animado
(fazer ca
lor)J
r
nao
- com verbes que se constreem com FN preposta.
a
- com verbos que tomam como sUjeite urns S ,
tern jeite de .,,)
qual se atribui nao uma leitura de agents.
antes de paciente
aniversario.
Agrupa-Ios-emos
(coxar. nascer.(dente).
mas
fazer
durar),
sob a Ietra Ao
- (a mae pede i cr. para tirar
0
macaoao porque
ssta calor)
A. NBo Q
0
maaacao que ta fazendo calor.
e
a cam!
- (sentindo-se encalorada)
A. 0 vestido ti fazendo calor.
- (a mae censura a cr. par ter-se despido na fest.,
no dia anterior)
t!
M. Todo mundo de vestido~ Voce fa1 a unice que
roJ"i a roupa.
A. Maa(s), mesCal a roupa t.va muito ce1or. De vexido.
(179 sesseo - 3,2.27)
- (V. e A. na cama, V. sugers e A: tiar a colchal
A. Nu/nu ••• Ah, mas essa (colcha) nu fez calor
essa colcha nao'faz sent1r calor/neo faz
(~
calor
com esta colcha)5
(149 sessio - 3.2.13)
-(uma am1guinha da cr. estava imposs1bi1itada
de
brincar por algum motivo. a mae insiste em
se-
ber)
M. Anamaria, mamas ta perguntando
ta
se a Ana Lucia
ai,
A. Nao
M. Vai chamar Ana Lucia pra vim brincar, vai.
A. Ela nao tem jeito
(=
neo tem jeito dela •••)
(149 sessia - 3,2.13)
A. (inaud)
- (a cr. esta vestida com meias longas Bob 0 macacao. a mae venda-a inquieta, pergunte)
M.
Te
sentindo calor?
AD
To
c09ando na perna
(=
minha perna ta c09ando~
(Q-4.3~12)
- (~ mie ob6erV~ J, irmio de A, que leva objetos
a
~oc~ p~ra c09ar a gengiv~)
Ta
M.
pondo tudo na boca, n9 Juliana? t 0 denti--
nhe querendo nascer?
A. (interessando-se).
El~ vai nascer dente? (0
dente dela va! nascer?)
- Coomunicande
A.O
a
empreged~ as proezas de irme)
Nenzinha~ Ela
dela
ta
(0-411.15)
ta
nelscendo dente (."0 dante
nascendo). Ela me mordeu do{do mesmo.
- (conversando com a empregada)
A. Ih, ~ Ju vai nascer dente~
(=
0 dente da
vai nasoer)
Ju
(0-4J4.7)
- (junto eom a irma no cercado, nao quer fiear ao
alcance de sua boca)
ti
A. N~o JUliana, eu nao posse ficar ai ••• oe
ta
nsscendo dente em voce/seu
ta nascendo).
(0-414.9)
nascendo dente (~
dente
- (felando sobre seu aniversario,
lembra-se
de
que Dutras pessoas de sua familia tambem fazem
aniversario).
A. Eu fiz aniversario
do meu pai, minha m~e •••
meu pai fez aniversario,
(=
minha maa (fez anivar
sario) Mae, quando a Ju faz aniversario?
(0-4)
- (a cr. tinna ganhado do pai dais aneis
radiantef
iilI
J
fice:ca
mae Ihe diz qualquer coisa no sen-
tido de conserva-los)
Ao Ce ~
(0
durar/vai
durar pra todo au crescar?
(=
anal) vai durar ate au crascar?)
Mo Hum-hum.
A. Pre quando au crascar?
(0-4,10027)
- (com a mesmo tipo da preocupaQBo
anterior)
A. Vou ta contar uma coia bam vardada. Vet durer
asse bastante?
(
=
esse (anal) vai durar beaten
te?)
M. VaL
Ao Vai durar esse bastanta?
M. Vaio Par que cs ta preocupada
com isso?
(minutos depois)
A. Eu quaria que voce ma dizia ums coise. Vet
du-
aquala anal? ( = aquele enel
rar bastanta
vat
durar bastante?)
(O-4110027')
Comparando-se
as duas ultimas ocorrencies,
ve-ee qua
•
crianQa deixa de atribuir um agente para e expressio
durGir bastGlnta", mils milntem iI orGlam V N, daixando
zer a transposiQao
~
do objeto .fetado ~
"
de f,!
(anal1/aquela
para a POSiQBO ds sujaito, a qual parecs, assim,r~
sarvada para a agente.
Quando confrontados,
as ocorrencias
A
a as dasvios do tips 1:
"a roupa tavB muito calor"
tpapai) nao a~en!iClu Stu"
"ala vai nascar dente"
"(.o.leste balanQo vai ta
"t5 cOQando na perna"
"eu fiz aniversario
do meu
cair"
"eu vou dormir ela aqui"
pain
(=
meu pai fez eni~er~
miga)"
seriol
"ci vei durar (0 anel)"
"eu saio voce do berQo"
"a L, veio uma menina hoje
estes parecern pedir uma explicaQBo
analise de Bowerman,
morfologico
aqui"
que as relacione,
A
sendo restrita ao comportamento
de urn item particular
da santenQs nao daria
conta de explicar a conjunto de dados acima, A
hipotese permite relaciona-los,
ao fornecer
segunda
uma explic~
9ao que tern por base a estrutura basica de uma S:no pr!
pressoes que nao tern sujeito ou que, tendo sujeito,
te nao e
0
es
agenteJ no segundo caso ela atribui uma es--
trutura de verbo causativo
( 0
qual contem a nOQao
de
agents) a verbos que nao sac causativoso
Alem disso, pode-se apontar
de que a interpreta9so
fato
dada pOI' Bowerman aos desvios de
expressao de causatividade
do por Slobin), para
0
0
viola urn principio
(postula-
qual he bastante eVidencia empi-
rica, de que a crianQa tende a distinguir
formalmente
aquelas rela90es que ja distingue semanticamente:
"Operating principle E: Underlying
semantic
rala
tions should be marked overtly and clearly.
Universal Ell
A child will begin to mark a seman-
tic notion earlier if its morphological
realiza--
tion is more salient perceptually",
(Slobin 1973 :202)
crian~a esti descobrinda
causativos,
a estrutura
intern. dos verboB
esta lidando com aU9·PO~o~usatiiV~
nao-causatividade
(0
que lhe faIts
a
/
aspenass0 c'dominio
das formaa·de expresseo desta diferen~asl. Ora, assumindo as formulas~oes acima co~o corretas,
8 1ncompreene!--
vel que as crian~s nao ~istinga formalmente
que, supostamente,
as diferen~.
ja domina no plano do conteudoJ
antes disso, que uma classe como a £- constitutd.
itens homonimos - tenha se.afigurado
te mais salients
L
OU,
por
como perceptuelmsn
-
•
Nossa hipotese
nao vincula necessaria
mente os erras do tipo 1 ao dominio da estrutura'interna dos verbos causativos.
"
Em rela~aa
~I" pergunta I, col~
cada no inicio deste trabalho, acreditamos
nio da rela~ao causal codificada
velado pela emergencia
nos verbos pode ser rs
de causativas
verba fazer, quando registradas
perifrasicas
em larga escala.
se, como ja dissemos, de uma expresseo
complexidade
o seu uso evidencia controle independente
3, Concluinda,
0
em
dos componen-
do verba causativo 8 •
que
fenomeno das desvios de 9aussti-
vos como sendo derivado de uma estrategia
nao morfdlogica
as
sentido,
queremos resumir algumas ventagens
se tem em considerar
0
Trata
dispondo-o
atividade e mudan~aJneste
tes msnores de significa~ao"
com
que analisa
semantics do verba causativo,
seus sUbcomponentes:
que a domi--
sintatice,
e
ou lexical.
19) A hi~otese 8 meis geral. Explica tambem outros
tipos de desvios
...
(!) presentes
no 'corpus' •
29) Permite integrar numa so explicaQao
~
os
des-
~
vias de direQao oposta: causativo por nao-causativo
9
•
39) Permite atribuir urn peso igual as diferentes
classes morfologicas
de verbos causativos,
como deflag~
dores dos desvios.
Par que terta a classe c maior
lienoia perceptual
para a crianQs? Afinal, ela est~ tam
bem exposta a ocorrencias
os da classe ~ e~,
0
com outros verbos causativos,
que tern em comum com aquela,
de serem transitivos.
te, que e
traQo mais geral dos verbos causativos.
empiricas
no que diz respeito
de-causatividade,
numero de expressoes
fato
a
Par
para a teoria
relaQao transitivid~
apontada por alguns lingOistas,
Lyons. Este, ao classificar
como
os verbos de acordo com
0
nominats que the sac associadas,e~
tabelece a relaQao entre causatividade
lencia, frisando que a que
e
e aumento de
importante
is the fact that the augmentation
va
nest a conexao "
of valen~y is accoun-
ted for by the provision of an additional
expression referring to the initiating
expression
0
Nossa hipotese permite ap6nhar e~
outro lado, fornece evidencias
lingO!stica,
sa
place for
agent, and
an
this
foctions as the SUbject of the derived causa
tive verb" (cf. Lyons 1977: 488]. Pare os nio-ceus~ti-vos intransitivDS
sitiv1dadeJ
dade.
0
aumento de valencia resulta em tran
para os transitivos
resulta em bitransitivi
1. De 2J8 a 3Jl essas grava«;:oes foraro -Feites com intervalo de mais ou menos 15 dias a dura«;:aoaprox1mada
de 30 m por sassao, totalizando
10 sessoes com 5h
e
meia de grava«;:ao(la. etapal. De 3Jl em diente ~s gr~
va«;:oesforam semanais,
m, totalizando
com 30 ou excepcionalmente
45
46 h de grava«;:ao (2a, etapal, As
pr!
meiras sessoes foram gravadas
aparelho
National
212 em gravador
em fita Cassette,
em
e as ultimas em fita Scotch 211 ou
Sony TC-l05.
2. Como item correto indicamos itens lexicais relac10ne
dos supletivamente,
muns na linguagem
expressao
o
quando ales ex1stem
coloquial.
perifrasica
especializados,
mais corrente
- mas 8 restrita
como contraparte
'II
.
0
a
correspondente.
raros na linguagem
uma constru«;:ao com
co
Quando neo, 1ndicemos
verba acabar tern uma contraparte
lizada .,.consumir
a/ou seo
ceusative
lexica-
a alguns emprego!\
coloquial.
causativa
0
uso
e
de Bcabar
_
~
.proprio verbo mais a prsposi«;:ao
com: "nao acaba com 0 leite, nao: [0 mesmo
88
de com
o verba sumirl.
~ interessante
te,contam
observar
que consumir
a preposi«;:ao~.
etimolog1camen-
A sua present;EI,
constru«;:ao com acabar ,s~ria proveniente
119«;:.30,
linguisticamente
tre acabar e consumir?
numa
de alguma r~
sentida como procedents,
en-
derados par nos como causativos.
saa distintos
demais sob urn aspecto: expressam
uma aQao (fazer fi
car com. fazer ficar presente
cujo efe1to neo
agentividade.
permissivo
e
assegurado.
no campo visual de X).
Em relaQBo a tipos de
dir:i.amosque eles codificam
(au propiciadorJ.
dos
urnagente
em vez de urn agente f~
tivo .
.40
He
nesta lista dais pares de verbos: apanhar/bater
e tamar (vanho. injeQao)/~
as quais poder~sa-la
(banho. injeQao). para
reivindicar
explicaQBo
dente. sob alegsQao da que constituem
pac{fica. ados
uma classe e~
itens que estao numa relaQBo de co~
verseo de pontos de partida opostos
~.
ind8pa~
(como ganhar
e
comprer e vender).
Nes enunc~edos
em que se conststa esta relaQ6~ Dear
rem duas mOdificaQoes:
uma ao nival lexical
(subst!
tuiQao do verba pOl' sau converso correspondente)
outra aonivel
sintatico
e
(permute dos dois sintagmas
nominais. sendo que a objeto pode ficar inexpresso:
"0 pai bateu no menino" - "0 menino apanhow"
J
"0 ,;;,8
dico deu injeQBo no maninc" - "0 menino tomou inje-
aO").
9
Ao dizer frases como "papa! naD apanhou
moc;;:o
quer me tomar injeQ,9o""
lizando apenas parcialmenta
i3
BU"
01.;' "0
crian9C1 estaria rea-'
a oparsQao Beirne deecrl
ta. uma vaz que ela muds os sintagmas sujaito a objeto sem fazer acornpanhar esta mudanQa de urna troca
de itens verbals. Uma hipotese podaria ser a de cue
Ile ainda nao fixou a item lexicel adequado para
expressao de uma situa9ao em que se tome urn e
&
nao
outro elemento como ponto de partida, usendo epenae
a crit~rio sintitico. Veja-se, por~m,
plica~ac neo
e
ao contrario,
incompatlvel
que ~sta ex-
com a que-estamos
dandcJ
refor~a a id~1a de que a ordem a1nt~~
tica dos snunciados em que se tern claramente Agsnt~
A~io-Obj~to
8 logo abstra!da pela crian~e8 passando
a funcionar como urn regra qUlilapUca
nao-causativos,
tambem a verbas
como sac as contrapartes
tamar injscao/banho
item nao-causativo
de ~r
a ~
apanhar
B
injsxeo/benho.Um
tarna-se causativo pela estrutu-
ra que passa a integrar.
5. Estes ocerrencias sao possivais, nio podendo, em s1
mesmas, sar consideradas
e
significative
desviantas.
0 que para nos
~ que tenham side as primeiras,
s.
durante muito tempa, as unicas na fala de A. Aos
3J8.8
~pareceu:~Eu
t6 sentindo calor com ala (bluea
de pijamal", e so depois a constru9ao
6.
No 'corpuso
de Raquel (outro sUjeito estudsdo
Deptoo de LingO{stica da UNICAMPl,
acorrencias
impessaal.
no
sac registradas
semelhantes:
- (sentindo cheiro de sepal
R. To cheirando sopa~ (=ta cheirandosopa/to
tindo cheiro de sopa) Que delicia~
sen(0-3)
- (sentindo cheirc de reslduos de TBcrica de chocolate)
'
·(diente de um restaurants.
de onde exala cheiro
de
comidal
R.
To
cheirando perfume.
(0-3l
7. Concordamos. por outro lado. que esta e a classe
verbos causativos
mo em portuguesJ
de
mais numerosa. tanto em ingles cos portanto. aquela
se acha mais exposta
a
qual a crian98
(fsto admitinda-se
interior das classes. urn equilibrio
que haja. no
entre vocabula--
rio ativo e passivolo
8. Em nosso sUjeito
a epoca de maior incidencia
pressoes causativas
analiticas
coincide com
de
B
ex
stapa
B. aquela marcada pelos desvios do tipo: "tlrou
band-aid"
(por"saiu
~alhas -na axpreBB~o
registradas
0
0
band-aid"l.
lexical de relaQio causal foram
em per1odo anterior a 4J6. Ex.:
- (final da gravaQao em que a cr. brinca de asconder
urn coelhinhol
A. E ele
ta do~
--
Olha a carinha dele~ ( =
digno de dOJ ta provocando
ta
coitado.
pena, fazendo fleer
com dol
A. -Ta do?
(0-4;2.7)
.
- (a cr. tern fome JeqQ8SB
hars do j antar J pede iog!J,£
te. depois sorvete, a mae neo Ihe
tiram
0
apetirsJ conhecandcco
da
porque Ihe
valor estimulador
in1bidor do ~petite de cartos alimentos.
saber ••• l
Ao Melio janta? Malia janta. mie?
ou
a cr.quer
(a mae nao entende
0
que a cr. quer dizerJ supondo
que ela estava perguntando
se melio podia ear conei
derado janta, responde que nioJ insatiafeita
continua perguntar:
e
cr.
"mel~m janta?"l
A. Voce neo entende. Vou falar mais alto. (grite) Me
lao janta?
M. (para descartar-se
da cr.). Janta.
A. Sa comer melao, janta?
9. Dispenso-me.
(0-4,2.25)
nos limites dessa comunice9ao,
de sxpor
a hipotase relative aos desvios do segundo t1po.
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