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A INFLUÊNCIA DA ACNE VULGAR NA AUTO-ESTIMA
Mariane Eva Fontana – Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da
Universidade do Vale do Itajaí-UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Rosemari Gomann dos Santos – Acadêmica do curso de Cosmetologia e
Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú,
Santa Catarina.
Fátima Cecília Poleto Piazza³ – Orientadora Professora do Curso de
Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Contatos
¹[email protected]
²[email protected]
³[email protected]
RESUMO: A preocupação com a aparência, imagem social, e aceitação pelo
grupo e pelo sexo oposto faz com que muitos adolescentes com acne
mostrem-se insatisfeitos com sua imagem. Normalmente sentem-se
envergonhados ou socialmente inibidos pela existência das lesões. Por se
tratar de uma das dermatoses de maior predominância entre adolescentes e
adultos jovens, chegando a repercutir na estética e na baixa da auto-estima
tem sido tema de grande relevância em estudos científicos. A acne é uma
afecção inflamatória crônica da unidade pilossebácea, de etiologia multifatorial,
sua manifestação surge em virtude de predisposição genética, ou influenciada
por fatores hormonais, raciais, ambientais e bacterianos. Esta doença afeta a
auto-imagem e a auto-estima dos jovens, gerando ansiedade e até depressão.
Por isso não deve ser encarado como um transtorno passageiro da
adolescência. Define-se auto-estima como uma avaliação que o individuo
efetua e comumente mantém em relação a si mesmo, expressando uma atitude
de aprovação ou desaprovação. Auto-imagem é a percepção que a pessoa tem
de si ou seu reflexo diante do retorno de sentimentos ou ações em seus
relacionamentos, e pode estar relacionada com alterações na imagem, A
aparência pessoal esta intimamente ligada com a satisfação ou insatisfação da
pessoa. Em relação a estas observações este tema é de alta complexidade,
podendo influenciar diretamente as relações sociais dos indivíduos. Este
estudo tem o objetivo de relacionar a acne vulgar com a auto-estima dos
adolescentes afetados, promovendo um maior esclarecimento sobre a acne
vulgar salientando que ela faz parte da adolescência A metodologia
caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica, do tipo explicativo, elaborado
através de consultas em livros e artigos científicos concluindo que a acne
reflete diretamente na auto-estima dos adolescentes afetados tornando-se uma
preocupação a mais na vida deles.
Palavras Chaves: Acne Vulgar. Adolescência. Auto-estima.
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1 INTRODUÇÃO
A acne, fenômeno universalmente associado à puberdade, representa
um verdadeiro problema para a maioria dos adolescentes. As grandes
transformações, devido ao início das atividades hormonais comuns nessa
etapa da vida, atuam em seu comportamento e estimulam o desenvolvimento
da acne, agravando o quadro a ponto de afetar psicologicamente, interferindo
significativamente em sua qualidade de vida.
Conforme o tipo das lesões, a acne pode causar cicatrizes na pele, e é
esta a sua única conseqüência visível a longo prazo. Suas conseqüências mais
preocupantes são, na verdade as psicológicas. Podendo ocorrer uma, grande
redução da auto-estima, vergonha de sair de casa e depressão. O pior é que a
acne geralmente aparece na adolescência, quando as pessoas tendem a ser
mais inseguras socialmente.
Alvos em alguns casos de sofrer discriminação, os adolescentes
acometidos pela doença em elevado grau buscam, em vários casos, o
isolamento social. A acne atinge a vida social do indivíduo profundamente, pois
é justamente na fase da adolescência em que se desenvolvem as relações
sociais e o amadurecimento emocional e psicológico.
A adolescência é uma fase de grandes transformações na vida do ser
humano que se caracteriza por uma série de mudanças corporais e
psicológicas. Conforme destaca Osório (1989), é na adolescência que ocorre a
etapa evolutiva peculiar ao ser humano.
Porém entende-se que é na
adolescência que culmina todo o processo maturativo biopsicossocial do
individuo.
Por isso, não é possível compreender a adolescência estudando
separadamente os aspectos biológicos, psicológicos, sociais ou culturais. Eles
são indissociáveis e é justamente o conjunto de suas características que
confere a unidade ao fenômeno adolescência (Osório, 1989). Complementado
esse contexto Ferreira (1999), relata que este é o período da vida humana que
sucede a infância e começa com a puberdade, fase esta que provoca diversas
alterações dentre elas a acne a qual será discutida neste trabalho.
Nesse artigo será abordada principalmente a questão psicológica e
biológica relacionada à acne vulgar, alterações estas que muitas vezes são
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influenciadas pela liberação de hormônios, que ocorre neste período. A acne
vulgar é uma doença crônica, multifatorial e inflamatória da unidade
pilossebácea. Em geral surge na puberdade, e afeta ambos os sexos,
correspondendo nesta faixa etária a aproximadamente 80% da queixa
dermatológica (CERQUEIRA, 2004). É uma doença que perturba a autoimagem do adolescente, que naturalmente é preocupado com a sua aparência,
sua imagem social e aceitação pelo grupo e sexo oposto interferindo na sua
interação social.
É comum que os adolescentes dos tempos atuais estejam muito
preocupados com a vaidade e a beleza e quando estes apresentam esta
doença podem sofrer com problemas psicológicos. Em casos extremos esta
dermatose pode levar ao isolamento social, baixa auto-estima e a depressão.
Além disso, os adolescentes portadores de acne vulgar se inibem a exposição
social, fazem restrições alimentares inadequadas, tem uma higiene ruim e
manipulam mais compulsivamente as lesões. Todos esses fatores, somados a
ansiedade e depressão podem por sua vez agravar a acne, fechando um
circulo vicioso de causas e efeitos (CHIPKEVITCH, 1994).
Diante da complexidade desse tema em questão este estudo teve como
objetivo, fazer uma revisão sobre a acne vulgar, levando em consideração, o
prejuízo estético e emocional que esta doença pode causar, identificando a
relação existente entre esta patologia e a auto-estima dos adolescentes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A acne é conceituada como sendo uma afecção da pele, que
normalmente é desencadeada por predisposição genética, cujas manifestações
dependem da presença e alteração dos hormônios sexuais. Afeta a população
na fase da adolescência predominantemente.
2.1 Acne vulgar
A acne vulgar ou acne juvenil é uma das dermatoses mais freqüentes.
As lesões surgem na puberdade, em quase todos os jovens, de ambos os
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sexos. Em alguns, são mínimas, quase imperceptíveis e assim permanecem
por toda a adolescência. Em outros, porém, as lesões tornam-se mais
evidentes e polimorfas, de intensidade variável (SAMPAIO; RIVITTI, 2007).
De acordo com Hassun (2000), a acne vulgar é uma afecção inflamatória
crônica e polimorfa do folículo pilossebáceo, que está localizado na derme e é
formado pela invaginação da epiderme, que contem a glândula sebácea e o
pelo.
A etiopatogenia da acne é multifatorial, na qual os principais fatores são;
a hipersecreção sebácea; hiperqueratinização; colonização bacteriana e a
genética. De acordo com Sampaio (2007), existe uma tendência na acne,
transmitida por genes autossômicos dominantes. O tamanho da glândula
sebácea, sua atividade na puberdade a queratinização anômala folicular
podem ter influência genética.
Para Gomes e Gabriel (2006) as glândulas sebáceas estão diretamente
sob influencia dos hormônios andrógenos e estrógenos que, na puberdade,
sofrem distúrbios de equilíbrio. Nessa fase, tanto no homem, como na mulher,
os hormônios produzidos pelas glândulas adrenais, provocam a hipertrofia da
glândula sebácea, que passa a produzir maior quantidade de sebo
ocasionando
a
formação
de
comedões,
ao
ser
aprisionado
pela
hiperceratinização da camada córnea
A queratina é uma proteína responsável pela proteção do epitélio,
formada a partir da maturação de células denominadas queratinócitos. O
acúmulo de queratina na camada córnea obstrui o orifício folicular, dificultando
a saída do sebo produzido pelas glândulas sebáceas levando a formação de
comedões. Esse processo é denominado hiperceratinização. Associada a
oclusão do canal folicular, a hipersecreção sebácea é um fator fundamental na
formação da acne. (GOMES, GABRIEL, 2006).
Além disso, pode haver a presença de microrganismos que é
determinante para a formação da acne inflamatória. Apesar de fazer parte da
flora bacteriana normal, essas bactérias proliferam-se com facilidade na
presença de material oleoso (triglicerídios), hidrolisando e liberando ácidos
graxos livres, comedogênicos e irritantes. Essa irritação leva a inflamação e ao
extravasamento para a derme. O Propionibacterium acnes ou simplesmente P.
acnes é a bactéria mais comum. (GOMES; GABRIEL, 2006).
5
Todos esses fatores alem da influência genética, determinam o grau de
acne que o adolescente pode apresentar.
2.2 Influência hormonal
A
unidade
pilosebácea
apresenta
atividade
cíclica
intrínseca
na
dependência de hormônios androgênicos. O folículo piloso e a pele apresentam
receptores para hormônios androgênicos e estrogênicos (CERQUEIRA,
AZEVEDO, 2009).
As
glândulas
sebáceas
encontram-se
diretamente
sob
controle
hormonal, ou seja, são hormônios-dependentes, sendo os andrógenos os mais
importantes.
A acne tem inicio na puberdade, sendo o primeiro sinal de maturação na
pubescência em meninas, precedendo os pelos pubianos e o desenvolvimento
das auréolas. Conseqüentemente, andrógenos adrenais são importantes, e a
acne precoce representa um marcador de adrenarca, que precede a menarca.
Mas andrógenos adrenais são menos potentes que testosterona, que
também aumenta o tamanho das glândulas sebáceas e a produção de sebo.
Du Vivier (2004), salienta que não se sabe por que a acne entra em
remissão depois da adolescência, embora os níveis de testosterona
permaneçam os mesmos. Isso pode ser devido à superatividade do órgão alvo,
resultando num aumento da conversão da testosterona para diedrotestosterona
(que é mais potente) pela enzima 5a-redutase no receptor da glândula
sebácea.
2.3 Manifestações clinicas da acne
As lesões da acne localizam-se particularmente na face, no dorso, e na
região peitoral, embora ocasionalmente também possam ocorrer lesões
disseminadas. Estas são de áreas de pele que contem mais glândulas
sebáceas, o que ajuda a explicar a localização clinica da acne. Algumas áreas
têm certa particularidade como, por exemplo, a região infraorbital que é sempre
poupada, mesmo nas formas mais graves, e a acne mentoniana que é mais
evidente a partir dos 20 anos. Quando no dorso, as lesões são mais
acentuadas na parte superior e lateral, tendendo a poupar a região central;
6
quando na região peitoral, a acne tende a concentrar-se nos ombros e na área
central. Em geral, quanto mais grave a acne facial, mais intensa também a
acne no tronco (CAMPBELL, 2006).
Embora em alguns portadores as lesões tendam a ser uniformes, com
predominância de um ou outro elemento eruptivo, em geral, as lesões da acne
são polimorfas, constituindo-se de comedões, pápulas, pústulas, nódulos,
cistos inflamatórios e cicatrizes (DE MAIO, 2004).
Segundo Mezzomo (2007), existem diferentes tipos de comedões. Eles
podem apresentar-se de três formas.
• Microcomedão: Geralmente é microscópico e não pode ser visualizado.
Todas as lesões de acne começam assim.
• Comedão fechado: É esbranquiçado ou da cor da pele, com forma
esférica. Pela espremedura pode-se extrair a massa gordurosa. Inflama
com maior facilidade causando as pústulas.
• Comedão aberto: É eliminado facilmente, sem a necessidade de agulha.
A extremidade é preta porque apresenta acumulo de melanina que, para
completar, sofre oxidação por estar em contato direto com o meio
externo. As maiorias dos comedões abertos não ficam inflamadas.
Para Guyton e Hall (2002) as pápulas inflamatórias aparecem em surtos
e formam elevações cônicas vermelhas, ligeiramente dolorosas. Podem ser
formadas por aumento de qualquer uma das camadas da epiderme, por
infiltrações da porção superior da derme ou pelos mecanismos juntos. Já as
pústulas são na realidade, pápulo-pústulas que infiltram a derme. Essas lesões
são dolorosas as pressões, alojam-se em qualquer lugar ou em territórios
acnéicos,
mas
com
maior
freqüência
na
borda
maxilar,
na
região
submandibular, no peito e nas costas.
Os nódulos são elementos pápulo-pustulentos mais profundos, formando
tumefações de cor avermelhada. As lesões parecem com abscessos que
podem ser reabsorvidos espontaneamente após algumas semanas ou se
abrirem na pele (DE MAIO, 2004).
Os
cistos
são
formações
subcutâneas
arredondadas,
ovóides,
recobertas por uma pele normal ou ligeiramente inflamadas (AZULAY;
AZULAY, 2004).
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Quando houver a presença de lesões inflamadas e um pouco mais
profundas na pele, pode levar a uma lesão na derme, originando-se assim uma
cicatriz (CUCÉ; FESTA, 2004).
As cicatrizes deixadas pela acne podem ser hipertróficas queloideanas
associadas ao aumento do colágeno e atróficas associadas a perda tecidual.
Essas são as mais comuns e podem ser deprimidas, fibróticas, maculares
atróficas. A real incidência de cicatrizes não esta bem estabelecida. Embora se
admita que os portadores de lesões nódulo-císticas sejam os mais suscetíveis
a cicatrizes. Constata-se a ocorrência de cicatrizes variáveis em pacientes com
inflamações superficiais, o que prova que alguns pacientes têm mais tendência
para desenvolver cicatrizes que outros (CAMPBEEL, 2006).
A partir destas lesões citadas acima, a acne é classificada em 5 graus:
(GOMES; GABRIEL, 2006).
1. Acne grau I (acne comedogênica não-inflamatoria) apresenta pele
oleosa, comedões abertos e comedões fechados.
2. Acne grau II (acne papulopustulosa inflamatória) apresenta pele oleosa,
comedões abertos, comedões fechados, pápulas e pústulas.
3. Acne grau III (acne nódulo-cística inflamatória) apresenta pele oleosa,
comedões abertos, comedões fechados, pápulas, pústulas, nódulos e
cistos.
4. Acne grau IV (acne conglobata) apresenta pele oleosa, comedões
abertos, comedões fechados, pápulas, pústulas, nódulos, cistos e
abscessos. É denominada conglobata porque engloba todos os graus
anteriores.
5. Acne grau V (acne fulminante) forma infecciosa e sistêmica de acne, de
causa desconhecida e inicio abrupto, que acomete predominantemente
o sexo masculino. Apesar de rara, é grave e devastadora, pelo que é
denominada fulminante. Embora seja classificada como grau V, esta
patologia não apresenta a mesma etiologia da acne vulgar, isto é, não
apresenta
obstrução
do
folículo
piloso,
hipersecreção
sebácea,
microrganismos e fatores hormonais. Por isso alguns a classificam como
acne variante
A acne vulgar é uma desordem que afeta em torno de 80% dos
adolescentes e adultos jovens. Porém essa condição pode ser vista como uma
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aflição superficial, associada com o crescimento. No entanto evidências
científicas têm demonstrado que os efeitos desta doença vão alem da pele
alterando o emocional do portador (HANNA; KLOTZ, 2003 apud COELHO,
2006).
2.5 Adolescência e puberdade
A etimologia da palavra “adolescer” significa “crescer” em latim,
constata-se, portanto, que a adolescência é a idade da mudança (UDA,
WANCZINSKI, 2008).
A adolescência tem sido definida como um período de transição entre a
infância e a vida adulta, segundo Bee (1997), a adolescência é um período de
transição em que a criança se modifica física, mental e emocionalmente,
tornando-se um adulto. Não se pode definir com exatidão o inicio e o fim da
adolescência, ela varia de pessoa para pessoa, porém, na maioria dos
indivíduos, ela ocorre entre os 10 e 20 anos de idade, período definido pela
OMS – Organização Mundial da Saúde.
A complexidade e a duração do período adolescente permitem entrever
nele distintas fases. Para Chipkevitch (1994), a adolescência inicial é marcada
por preocupações com a puberdade, estabelecimento da independência; na
adolescência média, ocorre o desenvolvimento do pensamento abstrato, a
consolidação da imagem corporal e da identidade sexual; na adolescência final,
a identidade e a ideologia pessoal se consolidam, relações individuais se
tornam mais profundas e significativas e o objetivo principal é o ingresso no
mundo adulto
Ferreira (1999) esclarece que a puberdade é um conjunto das
transformações psicofisiológicas ligadas à maturação sexual que traduzem a
passagem progressiva da infância à adolescência.
Nesse contexto Osório (1989) explica que a puberdade é a fase inicial
da adolescência, caracterizada pelas transformações físicas e biológicas no
corpo dos meninos e meninas e é durante este período que ocorre o
desenvolvimento dos órgãos sexuais. A puberdade como a própria etimologia
do termo sugere, inicia-se com o crescimento dos pelos, particularmente em
certas regiões do corpo, tais como as axilas e a região pubiana, tanto nos
meninos como nas meninas, como resultado da ação hormonal que
9
desencadeia o processo puberal. Estas e outras modificações corporais, que
então ocorrem, dão-se principalmente a partir do desenvolvimento das
gônadas, ou seja, dos testículos nos meninos e dos ovários nas meninas.
É esse amadurecimento das células germinativas que possibilita o
surgimento de dois eventos que corroboram ao advento da puberdade: a
menarca ou a primeira menstruação, na menina, e a primeira ejaculação ou
emissão de esperma no menino, indícios exteriores da capitação biológica para
funções de procriação (OSÓRIO, 1989).
As principais preocupações do adolescente na fase da puberdade estão
relacionadas com a aparência física, pois é neste período da vida que definem
sua personalidade.
2.6 Auto-estima dos adolescentes com acne
Normalmente na adolescência, que é considerada um dos períodos mais
críticos da vida, as principais preocupações estão relacionadas com a
aparência física. Nascem novas sensações, num outro corpo, um corpo
diferente, com outras necessidades, que o adolescente necessita compreender
para poder sentir-se bem.
Ferreira (1999) esclarece que, a auto-estima é a valorização de si
mesmo, do amor próprio. A auto-estima é o senso de dignidade pessoal.
Origina-se de todas as idéias, sensações e experiências que reunimos de nós
mesmos durante a vida, achamos que somos inteligentes, sentimo-nos
desajeitados ou graciosos; gostamos ou não de nós mesmos. Em geral, as
pessoas que se sentem bem consigo mesmas, sentem-se bem a respeito da
vida, estão aptas a enfrentar e solucionar os desafios e responsabilidades com
confiança.
A auto-imagem pode estar associada ao fator estético que é de suma
importância para o adolescente, pois implica na sua aceitação no “grupo”. De
acordo com Gouveia et al (2005), destacam que auto-imagem expressa a
percepção que a pessoa tem de si e de seu reflexo em comparação ao retorno
de
sentimentos
pensamentos
ou
ações
em
seus
relacionamentos
interpessoais.
Quando se fala em auto-imagem, refere-se ao reflexo que cada um vê
ao se posicionar em frente ao seu espelho interior e aos sentimentos e
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pensamentos gerados por essa visualização. Visualização esta que envolve
atitudes que se experimenta como pertencendo ao corpo, habilidades e
emissão do poder físico (SAPUONTZI et al 2001 apud SILVA; SILVA. 2004).
Os autores apontam também que doenças orgânicas que afetam as
estruturas do corpo podem alterar a imagem de uma pessoa. Dependendo do
significado emocional que esta mudança tem para o individuo, essas alterações
podem mudar o tratamento da sociedade para com a pessoa, causando,
principalmente, mudanças em seus padrões de auto-aceitação, em seu
desenvolvimento cultural, e em suas relações. Com isso a auto-imagem
influência diretamente a auto-estima do individuo. Esta é, por muitas vezes, a
situação que o portador de acne vulgar vivencia podendo gerar ansiedade,
mudança de humor, complexo de inferioridade, vergonha e inibição
Corroborando com os autores supracitados, Sampaio e Rivitti (2007),
defendem que a acne pode perturbar a qualidade de vida durante a
adolescência desencadeando ou agravando problemas emocionais que podem
tornar-se extremamente graves como a depressão e tendência suicida.
As alterações psicológicas não necessariamente estão correlacionadas
com a severidade da doença, já que tanto as formas brandas (grau I e II),
quanto às formas moderadas (grau III e IV) da acne também podem provocar
baixa na auto-estima (COELHO, 2006).
Autores defendem que no contexto geral da saúde, a acne não atinge
órgãos internos e jamais leva a morte. No entanto, ela ocorre em locais que
não podem ser escondidos, como a face, desfigurando-a e interferindo
negativamente na vida do portador.
Estes estudos confirmam que as lesões da acne vulgar geram
anormalidades psicológicas e sintomas psicossomáticos e conseqüentemente
alterando a auto-estima dos adolescentes.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa caracterizou-se como bibliográfica do tipo explicativa. A
pesquisa bibliográfica do tipo explicativa caracteriza-se como uma pesquisa
elaborada a partir de materiais já publicados, onde visa aprofundar o
conhecimento da realidade explica a razão, o “porque” das coisas (SILVA;
MENEZES, 2001).
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Este trabalho foi elaborado a partir de consultas em livros, artigos
científicos, sites a base de dados, buscando elaborar uma revisão sobre a acne
vulgar, levando em consideração, se o prejuízo estético e emocional poderia
estar associado com esta patologia.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, portanto, que uma das conseqüências mais importantes da
acne vulgar é o impacto expressivo na qualidade de vida dos adolescentes,
uma vez que afeta o bem-estar emocional e as relações sociais. Por esse
motivo é aconselhável, além do tratamento médico e/ou estético, o
acompanhamento psicológico do paciente, para que saiba lidar com a doença e
não se afaste do meio social.
Neste momento a família, amigos e os educadores, têm um papel
fundamental na vida destes adolescentes, cabe a eles orientar, esclarecer e
dar apoio, ajudando a ultrapassar essa fase de preocupações, que são típicas
do desenvolvimento bio-psico-social.
A acne não deve ser temida como algo sem tratamento ou que
desapareça repentinamente. Na maioria dos casos, o tratamento atua de
maneira significativa, entretanto não apresentam resultados instantâneos por
isso à ansiedade do cliente é mais um fator a ser acompanhado. Abandonar o
tratamento ou os cuidados pode fazer com que a acne retorne o que faz crer
que o tratamento não esta funcionando.
Um estudo feito na Noruega com 3775 jovens entre 18-19 anos,
considerado uma ampla amostra daquela comunidade, conclui que, a acne
causa constrangimento, vergonha, culpa e baixa auto-estima, ficando mais
susceptíveis de apresentar problemas psicossociais. Dos adolescentes
entrevistados, observou-se que em 10,9%, havia prevalência de ideação
suicida (HALVORSEN, et al 2010)
Louzada et al (2009) realizaram uma pesquisa entrevistando 68
adolescentes de idade entre 12 e 17 anos, mostrou que 91,18% dos
adolescentes entrevistados tem ou já tiveram acne, e 50% deles mostraram
constrangimento em virtude desta dermatose.
Existem inúmeros tratamentos médicos indicados para a acne e o
tecnólogo em cosmetologia e estética possui conhecimento técnico e científico
12
que o torna capaz de auxiliar em tratamentos coadjuvantes além de que o
conhecimento deste fator emocional do portador de acne vulgar é de suma
importância para que o profissional o trate de forma adequada.
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