Clínica Psicanalítica: reflexões acerca do manejo

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CLÍNICA PSICANALÍTICA: REFLEXÕES ACERCA DO MANEJO
TRANSFERENCIAL E DO USO DO DIVÃ
1
Valdir Ribeiro dos Santos, Faculdade da Alta Paulista.
2
Eloisa Trevizan Sciena, Faculdade da Alta Paulista.
3
Fernando Tulim de Melo, Faculdade da Alta Paulista.
4
Leandro Anselmo Todesqui Tavares, Faculdade da Alta Paulista.
5
Luana Maria Rodrigues de Carvalho, Faculdade da Alta Paulista.
6
Allan Calderaro, Faculdade da Alta Paulista.
RESUMO EXPANDIDO
Este trabalho traz a experiência clínica dos estagiários do 4º ano de graduação de
psicologia da Faculdade da Alta Paulista. Tal experiência foi obtida por meio de um
estudo de caso, realizado durante o estágio de Formação de Psicólogos I, com
ênfase em Psicologia da Saúde e Processos Clínicos. Além disso, para que o estudo
de caso fosse possível, foram realizadas supervisões semanais com um orientador e
leituras psicanalíticas. O objetivo desde trabalho é a reflexão acerca dos principias
aspectos da histeria, não como doença, mas enquanto modo de subjetivação (lógica
do sujeito). Além disso, evidenciam-se também os aspectos transferenciais e
contratransferenciais no campo analítico, as resistências encontradas, e ainda, a
passagem do paciente ao divã e os ganhos terapêuticos obtidos até então. Para
isso, utiliza-se como método a Psicanálise que possui como regra fundamental o
compromisso do paciente de associar livremente as ideias que surgem em sua
1
Graduando em psicologia, e-mail: [email protected].
Graduanda em psicologia, e-mail: [email protected].
3
Graduando em psicologia, e-mail: [email protected].
4
Psicólogo, Doutor e Docente do curso de psicologia da Faculdade da Alta Paulista
– FAP, Tupã- S.P, [email protected].
5
Graduanda em psicologia, e-mail: [email protected].
6
Graduando em psicologia, e-mail: [email protected].
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mente, cabendo ao analista a tarefa de empregar a técnica da atenção flutuante
para escutar o discurso do paciente. Vale ressaltar, ainda, que o objetivo do método
psicanalítico consiste em evidenciar os aspectos inconscientes através das
interpretações realizadas durante o processo analítico. Durante os atendimentos,
podemos perceber com o auxílio do supervisor que a paciente apresenta tendência
aos arranques emotivos, dramatização das emoções, ou seja, exagero nas suas
manifestações externas e uma tendência histérica à teatralidade. Demonstra todo o
sofrimento de modo dramático, sentindo muita revolta e mágoa dos fatos ocorridos
em sua vida. Apresenta, também, tendência ao esquecimento, não consegue ter
uma ordem cronológica das recordações. Fala demais, sobre todos os temas,
frequentemente bem depressa: uma verdadeira “verborragia”. Desse modo,
podemos considerar que a paciente apresenta traços de uma personalidade
histérica. Segundo Quiles (1995), por trás de qualquer conflito histérico há sempre
uma fantasia edipiana: ciúme, paixão, competição, fantasias de grandeza, ódio do
rival, excitação sexual, culpa, anseio, vergonha, desilusão, tudo isto em relação aos
pais, ou a um substituto, como avós, professores, irmãos, primos, entre outros.
Neste caso que apresentamos, a paciente carrega alguns desses traços, a
vergonha, raiva ou nojo diante de fatos ocorridos com a mãe. Ainda mais, Nasio
(1991) reforça a tese freudiana acerca da origem da histeria: apesar de nem toda
fantasia ser um trauma, todo trauma se inscreve num registro de fantasia, ou seja, o
vestígio psíquico de um determinado acontecimento é o que caracteriza a realidade
psíquica do sujeito. Dessa forma, a causa da histeria não é um acidente mecânico
externo e datável na história do paciente, mas o vestígio psíquico superinvestido de
afeto, vestígio este que traz a marca da fantasia do sujeito; não é o fato em si do
acontecimento que atua, mas a representação psíquica que constitui seu traço vivo
(realidade psíquica). Diante dos fatos mencionados, a paciente carrega o trauma, o
vestígio psíquico, a marca de tudo que lhe ocorreu na infância. É essa impressão,
essa imagem altamente investida de afeto, isolada, penosa para o eu, que deve ser
considerada a fonte da estrutura histérica. Os sentimentos que ela dirige a figura do
estagiário/terapeuta são amistosos, ou seja, a paciente demonstra ter admiração,
respeito e responsabilidade pelo processo analítico e pela figura do psicoterapeuta.
Desta forma, podemos constatar que a transferência presente no processo
terapêutico é positiva, uma vez que a paciente não demonstra sentimentos de ódio,
irritação e impaciência em relação à figura do psicoterapeuta, mas sim sentimentos
dóceis. Vale ressaltar, ainda, que a transferência positiva, no momento inicial da
análise, pode favorecer o vínculo, entretanto, posteriormente pode vir a ser um
obstáculo (possível resistência). Podemos entender a transferência como o processo
de repetição que permeia as relações, associadas a aspectos inconscientes,
evidenciando o modo privilegiado de como o sujeito lida com seu desejo. Toda nova
relação para o sujeito sempre é uma condição para repetições de relações antigas
(inconscientes), ou seja, seu modo de funcionamento se repete. Com o decorrer da
análise passamos a fazer uso do divã com o paciente. Com essa técnica, houve um
grande avanço no processo analítico entre ambas as partes. A atenção flutuante
para a escuta do discurso deste paciente foi favorecida e houve um processo de
elaboração contratransferencial significante, uma vez que o analista se sentia
incomodado com o olhar da paciente e a forma como esta se expressava. Portanto,
neste contexto, Freud (1913) descrevia que não suportava ser encarado fixamente
por outras pessoas durante horas por dia. Visto que enquanto estava escutando o
paciente, também se entregava a corrente dos seus pensamentos inconscientes.
Não desejava que suas expressões faciais dessem ao paciente material para
interpretação ou que influenciasse sobre o que lhe contava. Compreendemos nesse
caso, que o uso do divã possibilitou a paciente uma melhor análise e também
proporcionou um alívio no analista abrindo um caminho para escuta e uma melhor
compreensão para a interpretação, que por si, já promove maior rompimento das
resistências apresentadas pela paciente. Concluímos que no decorrer da análise até
o momento presente, a paciente obteve alguns ganhos terapêuticos em relação aos
sintomas histéricos e sua autoestima. Neste caso, levando-se em consideração o
modo de subjetivação desta paciente no que se refere aos aspectos transferenciais
e contratransferenciais, houve grande progresso na elaboração de seus sentimentos
afetivos.
Palavras-chave: Psicanálise; Histeria; Divã.
Referencias Bibliográficas:
FREUD, S. (1912) A Dinâmica da Transferência. Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.
XII.
FREUD, S. (1913) Sobre o Início do Tratamento. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.
XII
QUINET, A. As 4 + 1 Condições de Análise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 12 ed.
2005.
QUILES, M.I. Histeria. In: Neuroses. São Paulo: Ática, 1995.
NASIO, J. D. A Histeria: Teoria e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar,1991.
ZIMERMAN, D. E. Manual de Técnica Psicanalítica: uma revisão. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
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