Puericultura Dos antigos conceitos à Nova Pediatria Profa. Assist. Cátia Regina B. Fonseca 2011 Histórico 1762 - ―Puericultura‖ - criado pelo suíço Jacques Ballexserd. 1890 - Brasil 1899 – Moncorvo Filho: Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro : Saúde Pública até complementação da pediatria personalizada dos consultórios. 1910 – 1930 – Institucionalização: incorporada às leis, às propostas de saúde pública e à prática pediátrica • influência norte-americana- educação em saúde ganha mais força - com a população em centros de saúde. Histórico • 1940 - Departamento Nacional da Criança, com inúmeros postos de puericultura, maternidades e serviços de prénatal. • A partir da década de 50 - perde importância - Assistência mais curativa e baseada em subespecialidades médicas. • A partir da década de 60 - incorporadas novas estratégias à puericultura, sob influência de movimentos dos Estados Unidos: Medicina preventiva e a Medicina comunitária. • Última década: a puericultura voltou a ser objeto de discussão e investigação. Conceitos Do latim puer, pueris, criança: ciência médica que se dedica ao estudo dos cuidados com o ser humano em desenvolvimento - acompanhamento do desenvolvimento infantil. Condições de detecção precoce de distúrbios das áreas: do crescimento estatural, da nutrição e do desenvolvimento neuropsicomotor essencial para intervenção! Inclui supervisão de vacinação básica. Atualmente: trabalho multiprofissional ! Conceitos Conjunto de técnicas para assegurar o perfeito desenvolvimento físico e mental da criança, Desde a gestação até 4 ou 5 anos, e, por extensão à puberdade. Pressupõe a prevenção de doenças em todos os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, auxilia na expressão genética plena. Roteiros científicos com atuação de diferentes áreas de conhecimento. Reconhece ameaças e elabora condutas médicas para resolvê-las. Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Recomendação da OMS (1995) Amamentação exclusiva até o 6º mês Amamentação complementada até os 2 anos Definições • Aleitamento materno exclusivo Somente leite humano Conceitos (com exceção vitaminas, minerais ou medicamentos) • Aleitamento materno predominante Leite humano + água ou bebidas à base de água (chás, infusões, água doce, sucos de frutas) Definições Aleitamento materno complementado: após 6m Leite materno + alimentos sólidos, semi-sólidos ou líquidos, inclusive outros leites - complemento e não substituto Suplementos: Água, chás e/ou substitutos do leite Aleitamento Materno - Na impossibilidade do Aleitamento Materno Exclusivo ( antes dos 6 meses) Fórmula Láctea 1- Complementação com ou Leites Modificados 2- Introdução mais precoce de outros alimentos Vantagens da Amamentação • Nutrição ótima • Proteção antiinfecciosa • Proteção antialérgica • Proteção anti-parasitária (Giardia) • Adequado desenvolvimento maxilo-facial • Prevenção de cáries • Melhora da acuidade visual do lactente • Incidência de: - Diabetes infanto-juvenil - Doença de Chron - Linfomas Vantagens da Amamentação • Desenvolvimento intelectual e psicossomático do lactente. - Melhor desenvolvimento da criança • Vínculo mãe-filho - Maior segurança - Melhor adaptação social • P/ a Saúde Materna Mais rápida involução uterina sangramento Diminuição da incidência Diabetes tipo II • Amenorréia lactacional (se aleitamento exclusivo e livre demanda 98% nos 1ºs 6 meses) • Reduz risco de câncer: mama, ovário, endométrio. Vantagem Econômica !!! Técnica da amamentação Pega correta e eficaz • Boca bem aberta • Lábio inferior virado para fora – queixo tocando a mama • Língua acoplada em torno do seio • Bochechas redondas Boa postura corporal • Mãe relaxada e confortável • Bebê próximo, de frente para o seio • Cabeça e corpo do bebê em linha reta • Queixo do bebê toca o seio • Nádegas do bebê apoiadas • Mãe segura o seio em forma de C • Mais aréola acima que abaixo da boca do bebê • Braço inferior do bebê na cintura da mãe • Deglutição visível ou audível • Barriga do bebê encostada na barriga • Nenhuma dor ao amamentar da mãe • Movimentos de sucção lentos, profundos; ruídos e pausas ALIMENTOS DE TRANSIÇÃO Princípios básicos da boa alimentação infantil • Adequação às capacidades digestivas e ao estágio do DNPM • Introdução lenta e gradual dos novos alimentos com a maior diversidade possível • Ambiente agradável e técnica adequada à sua boa aceitação e formação psíquica da criança • Atenção às necessidades energéticas ou quantitativas, com adequada correlação entre seus componentes Pedro de Alcântara Necessidades Nutricionais 1) Proteínas 2) Gorduras 3) Hidratos de Carbono 4) Fibras 5) Minerais (Cálcio, Fósforo, Sódio e Potássio, Magnésio, Zinco, Flúor e Ferro) 6) Vitaminas (em pequena quantidade) • Hidrossolúveis - A,D,E,K • Lipossolúveis – B1, B2, B3, B6, B12, Ac. Fólico, Vit.C Esquema de introdução de alimentos não lácteos, segundo o tipo de aleitamento Aleitamento exclusivo idade (meses) Aleitamento Aleitamento artificial misto idade (meses) 6 Suco de frutas 4 6 Papa de frutas 4 6 1ª sopa salgada 5 6 gema ovo cozida 6 7 2ª sopa salgada 6 8 sobremesa caseira 8 10 Peixe 10 12 Carne de porco 12 Suplementação de: Vitaminas Ferro Suplementação Vitamínica Vitamina D – a partir da: 3ª semana (RNT) 400 – 800 unidades/dia 1ª semana (RNPT) 1500 – 2000 unidades/dia Vitamina A ± 400 g de retinol 1250 U.I. / dia, até 12 meses Geralmente, em compostos associados à vitamina D Vitamina C – somente para RNPT ou RNBP Até 2 anos Suplementação Ferro (SBP e AAP) RNT: 1mg/kg/dia, de ferro elementar, até os 2 anos, a partir da introdução de outros alimentos Ácido fólico – Se leite de cabra ou mãe desnutrida grave - 1-5mg, V.O. / dia por ± 60 dias Alimentação do Pré-escolar Necessidade < que o lactente, o escolar e o adolescente Ansiedade familiar (principalmente materna) 4 - 5 refeições/dia (mínimo de 2 de leite e 2 de sal) Horários regulares, sem rigidez Alimentação do Adolescente Necessidades nutricionais Considerar variações individuais do crescimento puberal e a realidade social : 12-13 anos 2500kcal (menarca) Dp., para 2200 kcal : 15-16 anos 3400kcal (estirão puberal) Dp., para 2800 kcal Proteínas Fonte de Gorduras e ―veículo‖ para as vitaminas lipossolúveis as saturadas e as insaturadas Crescimento • Bom indicador de saúde da criança • Dependência de fatores ambientais – alimentação, doenças, cuidados gerais e de higiene, – habitação e acesso ao serviço de saúde – Antecedente pré-natal • promoção, proteção e recuperação da saúde nos primeiros anos de vida são cruciais para que o crescimento infantil se processe de forma adequada • Para que o acompanhamento adequado? – Para haver estimulação, habilitação e reabilitação – Onde? • Nos serviços de saúde (Centros de Saúde), nas escolas, nas creches e em quaisquer lugares que prestem atendimento a crianças Crescimento • Como avaliar? – peso , comprimento e perímetro cefálico • Para todos as crianças há valores ao nascimento, e há médias de ganhos segundo idade, ou período da vida. • Por exemplo: ―estirão‖ pubertário- 10 – 12cm / ano • Problemas de saúde podem modificar os ganhos • Assim como: • fatores intrínsecos como o sistema neuroendócrino e hereditariedade e • extrínsecos como alimentação, condições socioeconômicas e interação mãe-filho Curvas de Crescimento - OMS Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria Índices antropométricos • Peso/Idade • Estatura/Idade • Peso/Estatura Antropometria - Comparação de medidas Um dos componentes da avaliação clínica Não utilizar dado de forma isolada. • Padrão de referência (Curvas do NCHS- CDC 2000, OMS 2006) • Pontos de corte • Percentis - distribuição em ordem crescente. • Escore Z - o número de desvios –padrão que o dado obtido está afastado de sua mediana de referência Curva de crescimento- padrão de referência: OMS, 2006 Ponto de Corte : Percentis - Meninos de 0 a 5a O Desenvolvimento Avaliação do Desenvolvimento O reconhecimento de muitos distúrbios é difícil: todas consultas apresentação sutil Necessidade de avaliação em as pediátricas Contextualizar na consulta e analisar conforme o modo de vida de cada criança Identificação precoce – estimulação – melhor prognóstico Desenvolvimento • É um processo seriado e somativo, de aquisição de habilidades cada vez mais complexas pela criança • Existe sempre uma seqüência fixa e invariável porém com um ritmo variável dependendo de cada criança. (Ex. primeiro firma cabeça, depois senta) • O que interfere no desenvolvimento da criança? – Estrutura biológica – Estimulação adequada – Relação afetiva • Como se avalia o desenvolvimento de uma criança? • Em 4 setores... • Motor • Adaptativo • Linguagem • Pessoal-social Escalas de avaliação • Inúmeras : a maioria baseada na Escala de Gesell. • Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver (1967) mais conhecido e utilizado. ( 0 a 6 anos) • 1990 - reformulado – Denver II –ampliar as observações • Linguagem • Adequar a grupos de diferentes etnias, regiões (urbanas ou rurais) e aos níveis de escolaridade Marcos do Desenvolvimento 1º trimestre (olhar, tônus cervical, sorriso social) 2º trimestre (modificação setorial do tônus muscular) 3º trimestre (harmonia da função motora: sinergia dos membros x eixo do corpo) 4º trimestre (interação motricidade x inteligência) Pré-escolar (coordenação, equilíbrio, independência) Escolar (socialização, raciocínio lógico) Desenvolvimento • Se houver falha em alcançar algum item do desenvolvimento para idade deve-se: – investigar a situação ambiental da criança, – relação afetiva com a mãe e oferta de estímulos – orientar a mãe e/ou cuidadores para brincar e conversar com a criança durante os cuidados diários – Procurar auxilio diagnóstico e terapêutico Imunizações Conceitos PNI Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, desde 1973 Vacina Do latim – inoculação de microrganismos vivos de baixa virulência, mortos ou inativos, com fim preventivo, paliativo ou curativo. Contra-indicações gerais As vacinas de bactérias ou vírus atenuados • imunodeficiência congênita ou adquirida • neoplasia maligna • tratamento com corticosteróides em esquemas imunossupressores, quimioterapia e radioterapia . Ministério da Saúde (2001) Calendário Básico de Vacinação da Criança – Ministério da Saúde 2011 Novas doenças? Ou uma nova Epidemiologia? A Sociedade em que vivemos O comportamento nessa sociedade A globalização: O consumismo, O estresse Novas estruturas familiares Os equipamentos sociais Creches Escolas A sexualidade precoce A gravidez na adolescência Violência: Bulling Violência: Abuso Sexual Nova Epidemiologia As doenças são causadas pelo modo de vida de adultos e crianças Acidentes na infância Obesidade infantil Nova Epidemiologia Problemas de comportamento: depressão na infância Problemas de comportamento: hiperatividade Nova Epidemiologia Dificuldades de aprendizagem O trabalho infantil Nova Epidemiologia Doenças degenerativas, doenças genéticas As doenças do vínculo Um desafio para o Pediatra... A NOVA PUERICULTURA Bibliografia 1.Bonilha L.R.C.M. & Rivorêdo, C.R.S.F. Puericultura: Duas Concepções Distintas (Well-Child Care: Two Distinct Views). Jornal de Pediatria. 2005; 81 (1): 7-13. 2. Blank, D. A puericultura hoje: um enfoque apoiado em evidências. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2003; 79, (suppl.1)[cited 2010-08-27]: S13-S22. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Calendário Básico de vacinação infantil. Acesso em [online] [ Acesso em 14-01-2011]. http://portal.saude.gov.br/portal/saude. 4. Murahovschi, J. Uma Nova Pediatria para crianças que vão viver 100 anos ou mais: a Puericultura como ciência e arte em transição. Pediatria (São Paulo). 2006;28:286-288. 5. Sampaio, M.C. Uma nova puericultura para crianças que vão viver 100 anos ou mais. Pediatria (São Paulo). 27(4):219-220, 2005. 6. Marcondes, E. Coord. Puericultura. In.: Pediatria Básica.9ªed. São Paulo:SARVIER. 2003, p. 61125. 7. Leão, E. et al. Avaliação do crescimento.In.:Pediatria Ambulatorial. 4ª ed. Belo Horizonte: COOPMED. 2005, p. 134—156. 8. Faleiros, F.T.V. Alimentação da criança normal e necessidades nutricionais. In.: Pediatria Clínica/ Depto de Pediatria, Faculdade de Medicina de Botucatu. 1 ed. Petrópolis,RJ: EPUB, 2006. p. 13-20. Cátia Regina Branco da Fonseca [email protected] (14) 3811-6274