Características do Rádio como veículo de Comunicação de Massas Professor Mestre Luiz Roberto Saviani Rey O rádio, como veículo de massas, destinado a um público geograficamente variável e indistinto, apresenta uma série de características, as quais interferem em vários aspectos da relação emissor/receptor (veículo/público). Algumas dessas características do rádio exigem, no campo do radiojornalismo, atenção especial de repórteres, editores e apresentadores no momento e no espaço do relato da notícia: elas obrigam constante atenção com a forma de redação e emissão de textos informativos, que não podem seguir as orientações dos manuais de redação dos jornais impressos. Não se pode transpor a estrutura da notícia impressa, com seu lead e parágrafos longos, para a linguagem do rádio. Assim, no rádio, há uma linguagem jornalística própria, concisa, pautada pelas orientações do manual de produção do Repórter Esso, de 1941: as notícias são apresentadas de maneira direta, clara e objetiva, em frases curtas, sem coordenação ou subordinação, contendo as informações específicas do fato. A estrutura do jornal impresso não pode sobreviver na lauda radiofônica, a informação no rádio deve ser entendida de imediato pelo público ouvinte, e de forma nítida. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO: 1 – ORALIDADE O caráter oral do rádio obriga seus jornalistas a constituírem uma espécie de diálogo direto, econômico em palavras e com frases claras. Contudo, a clareza do jornal impresso não basta, pois se baseia na estrutura: “sujeito, verbo e predicado”, que pode causar dispersão entre os ouvintes. No rádio, o conceito de clareza torna-se o conceito de nitidez. Exemplo: em lugar de: “O governador de são Paulo, Geraldo Alckmim, (PSDB), anunciou ontem, em entrevista coletiva, uma série de obras para combater a criminalidade no Estado de São Paulo”. A melhor estrutura fica da seguinte forma: “A violência será combatida a partir de agora no Estado de São Paulo. A promessa foi feita ontem pelo Governador Geraldo Alckmim, ao anunciar uma série de medidas de segurança”. 2 – SONORIDADE O som nos veículos audiovisuais, em especial no rádio, têm várias funções. A principal delas é constituir uma espécie de chamada e de moldura para os programas, conotando ao ouvinte os conteúdos de cada espaço. As pessoas somente passam a prestar atenção ás mensagens a partir da sinalização sonora. Os sons de vinhetas e bg’s (background) assinalam para o ouvinte o tipo de programa que ele irá ouvir, a partir do seu gosto e preferência. Os sons contribuem também para criar imagens sobre o que está sendo ouvido. O rádio sofre influências da bagagem cultural, do repertório, do interesse e da diligência do ouvinte, que seleciona o tipo de mensagem a ser absorvida. 3 – INSTANTANEIDADE O rádio é instantâneo, imediato, tem a capacidade de transmitir a informação em tempo real. Essa característica compromete especialmente a informação transmitida. Segundo Luiz Artur Ferrareetto: “na teoria, a notícia radiofônica torna-se obsoleta simultaneamente a sua transmissão”. A instantaneidade também modifica a forma de redação no radiojornalismo. O relato das notícias ganha dimensão de atualidade e caráter fatal quando se usa verbos no presente do indicativo e verbos de ação, quanto melhor. A presentificação Ao mesmo tempo em que os verbos dão caráter peremptório notícia, contribuem para afastar o relato formal dos jornais impressos. Exemplo: - em lugar de: “Um acidente envolvendo dois veículos no cruzamento das avenidas Brasil e Orosimbo Maia deixou ferida uma mulher grávida de oito meses”. - a melhor estrutura fica da seguinte forma no relato radiofônico: “uma mulher grávida de oito meses ferida em acidente é levada agora para o hospital Mário Gatti”. Os complementos da informação acomodam-se nas linhas seguintes, como dados do fato, dos veículos e localização do acidente. 4 – DISPERSÃO O rádio instantâneo é, ao mesmo tempo, dispersivo. A característica de dispersão indica um veículo que, diferente das demais mídias, não exige concentração para acessar suas mensagens. As mensagens não se fixam e a não fixação - a notícia passa rapidamente pelo ouvido humano – obriga ao constante trabalho de redigir informativos nítidos e compreensíveis, com estrutura de frases diretas, dados específicos e esclarecedores. A todo o momento é necessário esforços redacionais e orais para retirar a audiência do estado aleatório de ouvir e levá-la ao estado atencioso de escutar e compreender. Sons e textos nítidos é a base para essa transformação. 5 – FUGACIDADE Não se pode ouvir de novo a mensagem relatada. Uma vez lida e o comentada, se não houve compreensão, ela somente será captada em nova edição, em outro horário. 6- DIFUSÃO COLETIVA O público do rádio é indistinto e desconhecido entre si. O público formado por pessoas de classes sociais distinta. É preciso observar faixas de horário para tentar definir um padrão de programação. A linguagem, nesse caso segue a definição geral do jornalismo: não se pode subestimar ou superestimar a capacidade do ouvinte de entender as mensagens. Linguagem coloquial é requerida. 7 – PORTABILIDADE O rádio é um veículo móvel: pode ser levado a toda parte. Sua sintonia, no entanto, depende da regionalidade. A portabilidade favorece a amplitude de sua audiência na faixa horária das 7 às 19 horas. FONTE: FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio; o veículo, a história e a técnica. São Paulo: Sagra, 2004.