ENVELHECIMENTO COM QUALIDADE DE VIDA NORTEIAM NOVO PARADIGMA AGING WITH QUALITY OF LIFE NORTHNEW PARADIGM Cristiane Chagas Teixeira1 Willian Alburquerque de Almeida2 1 Enfermeira graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Contato: [email protected] 2 Enfermeiro graduado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, pós graduando Latu Sensu em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Contato: [email protected] RESUMO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais vem crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária em todo o mundo. Estima-se que em 2025 haverá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos e, até 2050, aproximadamente 2 bilhões, sendo 80% em países em desenvolvimento. Este artigo é um estudo de revisão elaborado com a finalidade de conhecer o estudo temático do envelhecimento saudável e qualidade de vida. O conteúdo dos trabalhos encontrados traz a compreensão do processo de envelhecimento e qualidade de vida como um fenômeno dinâmico, multifacetado e construído socialmente. PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento; Qualidade de vida; Expectativa de vida ABSTRACT Population aging is a worldwide phenomenon. The proportion of people aged 60 or over is growing faster than any other age group worldwide. It is estimated that by 2025 there will be a total of approximately 1.2 billion people over 60 years and by 2050,approximately 2 billion, 80% in developing countries. This article is a review study prepared for the purpose of knowing the thematic study of healthy aging and quality of life. The contents of the papers found brings understanding of the aging process and quality of life as a dynamic phenomenon, multifaceted and socially constructed. KEYWORDS: Aging; Quality of life; Life expectancy 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais vem crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária em todo o mundo. Estima-se que em 2025 haverá um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos e, até 2050, aproximadamente 2 bilhões, sendo 80% em países em desenvolvimento (MENDES, 1997). No Brasil a realidade não é diferente e a população idosa tem se ampliado rapidamente. O conjunto de idosos no Brasil deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em cinco, no período de 1950 a 2025. Desta maneira, espera-se que o país ocupe o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, atingindo cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (MENDES, 1997). O envelhecimento da população no Brasil está associado ao processo de transição demográfica, que vem sendo caracterizado pela rápida velocidade do aumento absoluto e relativo de populações adulta e idosa, modificando a pirâmide populacional, diferentemente do que ocorreu nos países desenvolvidos, nos quais este processo aconteceu lentamente, realizando-se ao longo de mais de cem anos (BRASIL, 2006). No Brasil, em 1990, a expectativa de vida ao nascer era de 33, 7 anos. Em 1960 passou para 55,9 anos. De 1980 a 2000 o aumento foi tal que, cada brasileiro esperava viver 68 anos ao nascer. Assim, as projeções para o período de 2000 a 2025 supõem que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima dos 80 anos, para ambos os sexos (MENDES, 1997). A longevidade humana tem sido assunto de grandes discussões na sociedade em virtude do aumento da população idosa, o que exige das autoridades públicas e da comunidade científica medidas para lidar com o processo do envelhecimento. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (SANTIAGO, 2005). O aumento da expectativa de vida também está associado à redução das taxas de mortalidade. Algumas conquistas tecnológicas da medicina moderna dos últimos 60 anos também favoreceram a adoção de meios capazes de prevenir ou curar muitas doenças que até então eram fatais, o que contribuiu para a queda da mortalidade (BARSIL, 2006). Além disso, o aumento da expectativa de vida está relacionado à melhoria das condições de vida e trabalho, do nível educacional e de escolaridade e do atendimento oferecido às necessidades de saúde da população (TEIXEIRA, 2002). Fisicamente, o envelhecimento se dá pelo processo de mudanças químicas e hormonais que vão transformando o organismo dos indivíduos. O homem envelhece porque suas células envelhecem. As células têm um determinado período de vida útil em que mantêm suas funções intactas. Após um certo tempo que é variável para cada grupo celular, há uma degeneração que prejudica a funcionalidade originária (CALAZANS,2005; PASCHOAL, 2000). No entanto, o envelhecimento ocorre de forma variável nas populações. Há pessoas que precocemente já podem ser consideradas “anciãs”, enquanto outras, além de 70 e 80 anos ainda são física e mentalmente “adultos maduros (SAYEG, 1994). Isso ocorre em razão de fatores biológicos, ambientais, sociais, culturais e econômicos vivenciados durante o transcorrer da vida. Envelhecimento saudável e qualidade de vida é segundo a Organização Mundial de Saúde: a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de maneira completa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente (OPAS, 2005). Sabemos que, com o processo de envelhecimento, ocorrem mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais. Tais processos ultrapassam barreiras biopsicossociais, não sendo possível definir conceitos amplamente aceitos de envelhecimento. Percebe-se que a indefinição científica se evidencia por causa das múltiplas versões que existem sobre o processo do envelhecimento (VICTOR, 2002). Existem alguns fatores determinantes a serem considerados para que haja qualidade de vida para o indivíduo idoso, dos quais a Organização Pan Americana de Saúde destaca os seguintes: a cultura, as condições socioeconômicas favoráveis, o equilíbrio psicológico por meio de boas relações sociais e familiares, o ambiente físico no qual o idoso está inserido, a moradia segura, o saneamento básico e a alimentação de qualidade (OPAS, 2005). Considera, também, que, para um envelhecimento com saúde, o indivíduo deve evitar o tabagismo, o etilismo e praticar exercícios físicos. Medidas de promoção da saúde mediante a prevenção primária, secundária e terciária, assim como o acesso a serviços de saúde de qualidade e assistência digna e respeitosa completam o quadro das necessidades básicas que todo indivíduo possa envelhecer saudavelmente (OPAS, 2005). É difícil conceituar qualidade de vida, já que ela pode sofrer influências do meio, bem como de fatores e valores pessoais. A qualidade de vida do idoso implica a adoção de múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica, e sócio-estrutural, pois vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem estar na velhice (SANTOS, 2000). Descobrir os benefícios da velhice, prolongar a juventude e envelhecer com boa qualidade de vida tem trazido certa ansiedade ao ser humano no instante em que percebe o aumento da necessidade de conviver, de amar e existir, evidenciando o grande desafio da atualidade. Boa qualidade de vida é aquela que oferece o mínimo de condição para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, resguardados os limites individuais. Portanto, o envelhecimento saudável não se limita aos aspectos biológicos, Envelhecer de maneira saudável significa fundamentalmente que, além da manutenção de um bom estado de saúde física, as pessoas necessitam de reconhecimento, respeito, segurança e sentirem-se participantes de sua comunidade (DUARTE, 2007). Desse modo, torna-se fundamental que a sociedade comece a encarar o envelhecimento como um estágio no curso da vida, época que também é muito importante para manter e construir novos projetos. A lei n. 8.842/1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, no Cap.IV, artigo 10, na área de esporte e lazer, estabelece que os órgãos governamentais e entidades públicas tem o dever de “incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem melhoria da qualidade de vida do idoso” (BRASIL, 2006). Qualidade de vida é um conceito que está submetido a múltiplos pontos de vista e que tem variado de época para época, de país para país, de cultura para cultura, de classe social para classe social e, até mesmo, de indivíduo para indivíduo e inclusive tem variado para o mesmo indivíduo conforme o decorrer do tempo (PASCHOAL, 2000). Qualidade de vida é um conceito altamente subjetivo e dificilmente operacionalizável, relacionado com satisfação com a vida e condição de bem-estar subjetivo, visto de forma diferente para as pessoas conforme sua história de vida e aspectos de personalidade (KOVÀCS, 1994). O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividade que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural (MINAYO, 2000). MÉTODOS Delineamento do estudo: Ao delimitarmos como objeto de estudo analisar as percepções do envelhecimento populacional e a sua relação com a qualidade de vida tornou-se necessário o desenvolvimento de uma abordagem de pesquisa que permitisse o aprofundamento das questões referentes aos significados que os sujeitos dão as suas condições de vida, saúde e relações sociais. A metodologia de caráter exploratório-descritivo em especial para a área da saúde tem apresentado função importante, uma vez que compreende e interpreta fenômenos em seu ambiente próprio, pensando mais clara e profundamente sobre as condições humanas, influindo nos processos de mudança (TURATO, 2003). DISCUSSÃO É importante destacar a correlação entre envelhecimento e qualidade de vida, demonstrando o crescimento progressivo no número de idosos nas últimas décadas, resultado da queda das taxas de fecundidade e mortalidade e do conseqüente aumento da expectativa de vida, fez com que se desenvolvesse o interesse pelo estudo do envelhecimento. Dessa forma, considera-se que este estudo traz questões relevantes acerca do envelhecimento e das novas propostas de saúde para a melhoria da qualidade de vida da população do estudo e da comunidade. CONCLUSÃO Envelhecer é uma conquista, componente do curso pleno de vida dos indivíduos. Envelhecer com qualidade é um privilégio, que envolve mudanças em vários setores da sociedade e, de modo abrangente, em concepções generalizadas sobre saúde, educação, justiça e direitos sociais. Sem dúvida um dos maiores feitos da humanidade foi a ampliação do tempo de vida, que se fez acompanhar de uma melhora substancial dos parâmetros de saúde das populações, ainda que estas conquistas estejam longe de se distribuir de forma eqüitativa nos diferentes países e contextos sócios - econômicos. O que era antes o privilégio de poucos, chegarem à velhice hoje passa a ser a norma mesmo nos países mais pobres. Esta conquista se transforma, no entanto, em um grande desfio para o século. O envelhecimento da população é uma aspiração natural de qualquer sociedade, sendo importante desde que se consiga agregar qualidade aos anos adicionais de vida. Este estudo permitiu compreender que o processo de envelhecimento é algo dinâmico, multifacetado e construído socialmente, demonstrando a necessidade para a construção de novas pesquisas e elaboração de práticas preventivas que visam a promoção do envelhecimento com saúde e qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências, 09 nov.2006 a. CALAZANS, R.A. Envelhecimento e demência. In: ABREU, M. C. Viver plenamente. Brasília: Líder Livro. 2005, Cap. 1, p. 11-23. DUARTE, M.J.R.S. Autocuidado para a qualidade de vida. In: CALDAS, C.P. (Org.) A saúde do idoso: a arte de cuidar. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998. Cap.1, p. 1734.Fragmentos de Cultura, Goiânia. 2007, v.17, n. 3 / 4, p. 465-478. KOVÀCS, M.J. Sofrimento psicológico de pacientes com câncer avançado em programas de cuidados paliativos. Boletim de Psicologia. 1994, v.48, p.25-47. MENDES, M.M.S. Projeções preliminares da população do Brasil para o período 1950 a 2025. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. MINAYO, M.C.S. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro. 2000, v.s, n. 1, p. 7- 18. OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde. Envelhecimento ativo: políticas de saúde. Trad. Suzana Gontijo. Brasília. 2005. PASCHOAL, S.M.P. Qualidade de Vida do Idoso: elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião. 2000. 263 f. Dissertação ( Mestrado em Medicina) – Departamento de Medicina preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. SANTIAGO, E.A. et al. Atividades em grupo: alternativas para minimizar os efeitos do envelhecimento. Textos sobre Envelhecimento, Rio de Janeiro.2005, v. 8, n. 3. SANTOS, A.T. De volta às aulas: ensino e aprendizagem na terceira idade. E por falar em boa velhice. São Paulo: Papirus. 2000. SAYEG, M.A; PEREIRA, S.R.M. Perfil de desempenho de geriatria e do gerontólogo. In: SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Caminhos do envelhecer. Rio de Janeiro: Revinter.1994, cap.8, p. 35 -8. TEIXEIRA, M.S. Empoderamento de idosos em grupos direcionados à promoção da saúde. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, 2002. TURATO, E.R. Método clínico-qualitativo: definições diferenciais e fundamentações. Psicologia da saúde: estudos clínico-qualitativos. (pp.27-38); Taubaté, SP: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003, p. 27-38. VICTOR, J.F; SILVA, M.J. ARAÚJO, A.R. O conceito de envelhecimento entre os profissionais de Saúde da família. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza. 2002, v. 3, n.2, p. 71-6. Jul/dez.