Instruções para elaboração de Mapa de Risco para Epidemias de

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SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL
COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS
GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2012.
NOTA TÉCNICA Nº 6/2012 - GDTVZ/DTI/CVE/SVEA/SVS-SESRJ
Atenção: recomendamos o repasse desta Nota Técnica para as unidades de saúde e clínicas veterinárias nos
municípios envolvidos, alertando os profissionais da área. Cada município deve atentar para substituir no
documento os contatos (e-mail e telefone) de suas vigilâncias e referências municipais.
ASSUNTO: INTENSIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA PARA FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (FMB)
Considerando a presença endêmica da FMB no Estado do Rio de Janeiro, bem como surtos recorrentes da
doença em animais e seres humanos, alertamos para necessidade de intensificação da vigilância do agravo em
nosso estado, bem como da inserção da FMB na suspeição clínica pela assistência, quando indicado, conforme
descrevemos a seguir. Alertamos para a necessidade de preparação/atenção pelos serviços de vigilância e
assistência municipais, quanto ao enfrentamento de novos ciclos de transmissão da doença em animais e seres
humanos no estado.
Durante os anos de 2007 a 2012, excetuando os casos descartados foram registrados no SINAN/RJ (Sistema
Nacional de Agravos de Notificação) o total de 135 casos humanos de FMB, dos quais 54 foram confirmados e a
maioria (81 casos ou 60%) permaneceu como ignorado/branco.
Fonte: SINAN – GDTVZ/SES RJ, dados atualizados em 17 de maio de 2012 e sujeitos à revisão.
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Durante o mesmo período os Municípios que concentraram maioria dos casos (73 casos ou 54,1%) incluem
Rio de Janeiro (20 casos); Porciúncula (15 casos); Niterói (11 casos); Barra do Piraí (7 casos); Belford Roxo; Duque
de Caxias, Paraty e São Gonçalo, estes últimos com 5 casos cada. Destacamos que os 15 casos de Porciúncula
ocorreram em dois surtos de FMB, um em 2008 (5 casos) e outro em 2011 (10 casos).
Quanto à evolução dos casos no Estado do Rio de Janeiro, 25 evoluiram para óbito, o que representa
46,3% do total de casos confirmados.
De acordo com o SINAN/RJ e Relatórios das Vigilâncias Municipais, ressaltamos que 6 óbitos ocorreram nos
surtos de Porciúncula em 2008 e 2011 (3 óbitos em cada ano) e 4 óbitos ocorreram no ano de 2011, em
funcionários que trabalhavam na SUIPA, Município do Rio de Janeiro. Neste ano de 2012 tivemos mais um óbito no
Município do Rio de Janeiro, de outro funcionário da SUIPA. Alguns destes funcionários não residiam na Capital, e
sim em outros municípios: Belford Roxo e Seropédica.
FMB é a rickettsiose mais prevalente e conhecida no Brasil, trata-se de uma zoonose causada pela bactéria
Rickettsia rickettsii transmitida por artrópodes vetores como ácaros, carrapatos, piolhos e pulgas. Os carrapatos
da espécie Amblyomma cajennense (“carrapato estrela”) são os vetores mais reconhecidos no ciclo de transmissão
da FMB e diferente dos animais vertebrados como cães e gatos que raramente apresenta rickettsemia, os
carrapatos permanecem infectados por toda vida (18 a 36 meses), funcionando também como reservatórios.
Estudos demonstram que os equídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá apresentam papel
importante no ciclo de transmissão da FMB, funcionando como reservatórios ou amplificadores além de
transportarem carrapatos possivelmente infectados. A transmissão geralmente ocorre quando o carrapato
infectado permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas.
Grande parte dos casos de óbitos pela FMB ocorreu em função da demora na suspeição diagnóstica e,
portanto, no início do tratamento adequado, em geral, a primeira hipótese diagnóstica foi dengue. Logo,
apontamos para a necessidade de alerta junto às unidades de saúde (assistência) para inclusão da FMB na
suspeição do diagnóstico clínico, juntamente com dengue e leptospirose nos casos que apresentem os sintomas
comuns a esses agravos.
É fundamental iniciar IMEDIATAMENTE o tratamento com os medicamentos recomendados (doxiciclina e
cloranfenicol) no protocolo de tratamento do Ministério da Saúde (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2010) assim
que se der a suspeita clínica, não sendo recomendado esperar pela confirmação laboratorial.
Definição de caso suspeito de FMB no ser humano:
Individuo que apresente febre de inicio súbito, cefaleia, mialgia e historia de picada de carrapatos e/ou ter
frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa nos últimos 15 dias; ou Individuo que
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apresente febre de inicio súbito, cefaleia e mialgia, seguido de aparecimento de exantema maculopapular
entre o 2o e 5o dias de evolução e/ou manifestações hemorrágicas.
Antibioticoterapia Recomendada
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, Ministério da Saúde, 201.
Todo caso suspeito de febre maculosa requer notificação compulsória e investigação, por se tratar de doença
grave. Um caso pode significar a existência de um surto, o que impõe a adoção imediata de medidas de controle,
desde a assistência aos pacientes até a vigilância epidemiológica e ambiental, incluído medidas de controle do
carrapato vetor. Em função do ciclo de vida do carrapato que permite sua sobrevivência durante longo período sem
se alimentar (sangue de animais e seres humanos) medidas de controle são demoradas e devem ser monitoradas.
No período de abril a outubro o risco de transmissão da FMB aumenta em função do ciclo do carrapato, pois
nestes meses há maior proporção no ambiente de fases jovens dos carrapatos, mais envolvidas na transmissão, pois
o carrapato adulto geralmente é facilmente detectado pelo ser humano e retirado, não chegando a ficar aderido
durante horas ao hospedeiro.
Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em animais e presença de vetores, para medidas de
controle que se fazem necessárias a Vigilância Ambiental Municipal deve ser informada e esta, informar a
Vigilância Ambiental Estadual através dos seguintes contatos: [email protected]; telefones – (21)
2333-3899/3842. Cabe lembrar que a ficha do SINAN para EPIZOOTIAS pode e deve ser utilizada para notificação
da ocorrência de caso ou surto em animais.
Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em seres humanos a notificação (pelas unidades
saúde às vigilâncias municipais) e investigação epidemiológica são obrigatórias, com uso dos instrumentos
previamente conhecidos (SINAN e suas fichas para FMB). Além dos instrumentos citados solicitamos que a
Vigilância Epidemiológica Municipal informe a Estadual através dos seguintes contatos: e-mail –
[email protected]; telefones – (21) 2333-3881/3878.
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GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES
Para confirmação diagnóstica laboratorial do caso humano suspeito de FMB amostras de sangue devem ser
coletadas e enviadas para o Lacen-RJ (e-mail – [email protected] e telefones – (21) 2332-8597 e 23328606), seguindo protocolos contidos no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde.
Quanto às ações de Vigilância Entomológica e encaminhamento do vetor (carrapato) para identificação
taxonômica, quando necessário, entrar em contato com o Centro de Estudos e Pesquisa em Antropozoonoses
Máximo da Fonseca Filho (CEPA/LACEN/SVS/SES RJ) (e-mail – [email protected], [email protected];
telefones – (21) 2332-8597 e 2332-8606).
Ainda, é de grande relevância que as Vigilâncias Ambiental e Epidemiológica Municipais
troquem/repassem as informações entre si e alertem as unidades de saúde do município, sempre que necessário.
ATENÇÃO: Recomendamos a divulgação desta Nota Técnica entre os demais setores e unidades de saúde pelos
municípios com ocorrência de casos de FMB. Entretanto, considerando o deslocamento cada vez maior de pessoas
entre cidades, estamos enviando o presente para ciência por todos os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Nos colocamos à disposição, atenciosamente,
PATRÍCIA GANZENMULLER MOZA
MATR.: 852.559-4
Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses
Referências Bibliográficas:
Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
Brasil. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 8ª Ed. rev. Ministério da Saúde, 2010.
Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro (SIERJ) – Rickettsioses: breves considerações. Dra. Elba Regina Sampaio de Lemos,
Instituto Oswaldo Cruz/IOC. Boletim Informativo SIERJ, n° 38, 2012.
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