Volume 25 número 2 abril-junho 2007 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP/ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1st Secretary Valéria Aparecida Modolo Instituto Agronômico - Campinas 2º Secretário / 2nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF/FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli Instituto Agronômico - Campinas 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Antônio T. Amaral Júnior UENF Arminda Moreira de Carvalho Embrapa Cerrados Flávia A. Alcântara Embrapa Hortaliças Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Marie Yamamoto Reghin UEPG Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Paulo E. Trani IAC Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ISSN 0102-0536 Editores Científicos / Scientific editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J.Cantliffe University of Florida Djalma Rogério Guimarães Instituto CEPA Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Murilo Zerbini Junior UFV Jerônimo Luiz Andriolo UFSM José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS Maria do Carmo Vieira UFGD Paulo César T. de Melo ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rovilson José de Souza UFLA Valter Rodrigues Oliveira Embrapa Hortaliças Waldemar Pires de Camargo Filho IEA A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO e TROPAG. Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb www.abhorticultura.com.br Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. 1-3, 1961-1963, Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Editoração e arte/Composition Luciano Mancuso da Cunha Revisão de inglês/English revision Patrick Kevin Redmond Revisão de espanhol/Spanish revision Marcio de Lima e Moura Tiragem/printing copies 1.000 exemplares 134 Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral ISSN 0102-0536 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de Horticultura. CDD 635.05 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Volume 25 número 2 abril-junho 2007 ISSN 0102-0536 SUMÁRIO/CONTENT * Artigos em inglês com resumo em português Articles in English with an abstract in Portuguese CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER 137 PESQUISA / RESEARCH Efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca Effect of CO2 and ethylene on the dormancy period of potato cv. Macaca minitubers DA Bisognin; M Benedetti; FB Segatto; LC Costa; CEL Ritter; A Brackmann Seleção recorrente para produtividade e qualidade de frutos em abobrinha braquítica Recurrent selection for fruit yield and quality in braquitic squash AII Cardoso Produção de tomate italiano (saladete) sob diferentes densidades de plantio e sistemas de poda visando ao consumo in natura1 Production of Italian tomato (saladete) in different plant densities and pruning systems aiming at in natura consumption AQ Machado; MAR Alvarenga; CET Florentino *Efeito da densidade de plantio sobre o rendimento de espigas verdes de cultivares de milho desenvolvidas em diferentes épocas * Effect of planting density on green ear yield of maize cultivars bred in different periods PSL e Silva; SR Duarte; FHT Oliveira; JCV Silva Área foliar e número de flores de nastúrcio sob duas densidades de plantio Leaf area and flower number of nasturtium in two plant densities SJ Lopes; B Brum; VJ Santos; EFRQ Melo; OS Santos; MRM Couto; Tomada de decisão de controle da traça-do-tomateiro através de armadilhas com feromônio sexual Decision making for integrated pest management of the South American tomato pimworm based on sexual pheromone traps SR Benvenga; OA Fernandes; S Gravena Produção e qualidade de sementes e raízes de cenoura cultivada em solo com adubação orgânica e mineral Production and quality of seeds and roots of carrot cultivated under organic and mineral fertilization RLA Bruno; JS Viana; VF Silva; GB Bruno; MF Moura Produção de biomassa e óleo essencial de elixir-paregórico em função do corte das inflorescências e épocas de colheita Biomass and essential oil production of Ocimum sello i as affected by cutting of inflorescences and harvest times LCB Costa; JEBP Pinto; SKV Bertolucci; MG Cardoso Resposta do quiabeiro às doses de fósforo aplicadas em solo arenoso Response of phosphorus levels on okra planted in sandy soil AP Oliveira; CSM Dornelas; AU Alves; AU Alves; JA Silva; ANP Oliveira Extratores aquosos para a caracterização química de substratos para plantas Water extracts for the chemical characterization of plant substrates MF Abreu; CA Abreu; I Sarzi; AL Padua Junior Qualidade fisiológica de sementes de palmiteiro-vermelho em função da desidratação e do armazenamento Physiological quality of Euterpe espiritosantensis seeds as affected by partial drying and storage CC Martins; MLA Bovi; J Nakagawa Produtividade biológica em sistemas consorciados de cenoura e alface avaliada através de indicadores agroeconômicos e métodos multicritério Biological productivity in carrot and lettuce intercropping systems assessed by means of agroeconomic indicators and multicriteria methods F Bezerra Neto; EG Gomes; AM Oliveira Períodos de interferência de maria-pretinha sobre tomateiro industrial Periods of nightshade interference in processing tomato DD Hernandez; PLCA Alves; MCMD Pavani; MC Parreira Metodologia para o teste de envelhecimento acelerado em sementes de ervilha Accelerated aging test on pea seeds WM Nascimento; RA Freitas; EML Gomes; AS Soares Aspectos morfofisiológicos e conteúdo de óleo essencial de plantas de alfazema-do-Brasil em função de níveis de sombreamento Morphophysiological aspects and essential oil content in Brazilian-lavender as affected by shadowing JEBP Pinto; JCW Cardoso; EM Castro; SKV Bertolucci; LA Melo; S Dousseau Germinação e vigor de sementes de cenoura sob condições de altas temperaturas Carrot seed germination and vigor under high temperature conditions RS Pereira; WM Nascimento; JV Vieira Genótipos de batata com baixo teor de açúcares redutores Potato genotypes with low reducing sugar content AS Pereira; R Fritsche Neto; RS Silva; CI Bender; AP Schünemann; NML Ferri; JL Vendruscolo Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 138 143 149 154 159 164 170 175 180 184 188 193 199 205 210 215 220 Rendimento da alface e atributos químicos de um Latossolo em função da aplicação de biofertilizantes de rochas com fósforo e potássio Lettuce yield and chemical attributes of an Oxisol by application of biofertilizers from phosphate and potash rocks RCM Lima; NP Stamford; CERS Santos; SHL Dias 224 Crescimento e teor de óleo essencial de mentas com diferentes concentrações de potássio na solução nutritiva Growth and essential oil content of mints at different potassium concentrations in the nutrient solution TMB Garlet; OS Santos; SLP Medeiros; PA Manfron; DC Garcia; SS Sinchak 230 Produção do tomateiro em função dos sistemas de condução de plantas Fruits production of tomatoes as a result of plant training systems AF Wamser; S Mueller; WF Becker; JP Santos 238 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Desempenho de cultivares de tomateiro para mesa em ambiente protegido Performance of fresh market tomato cultivars under protected cultivation R Gualberto; PSR Oliveira; AM Guimarães Produtividade de cultivares de cebola em função do número de mudas por célula de bandeja e espaçamento entre covas Yield of onion cultivars as a result of the number of seedlings per cell tray and within hole spacing PF Vargas; LT Braz; A May Desempenho de genótipos de coentro em Areia Performance of coriander genotypes in the municipality of Areia AP Oliveira; PCT Melo; LJG Wanderley Júnior; AU Alves; MF Moura; ANP Oliveira Avaliação de substratos para produção de mudas de alface Evaluation of substrates in the production of lettuce plantlets PE Trani; DM Feltrin; CA Pott; M Schwingel Características produtivas de genótipos de cebola no Vale do São Francisco Yield characteristics of onion genotypes in the São Francisco River Valley ND Costa; GM Resende; CAF Santos; WM Leite; JM Pinto 244 247 252 256 261 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMUNICATION Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos a poda apical e de cachos florais Production and flavor of tomato fruits subjected to top-shoot and floral cluster pruning MA Guimarães; DJH Silva; PCR Fontes; FRB Caliman; RA Loos; PC Stringheta Densidade de plantas e métodos de colheita na multiplicação de batata-semente em vasos Plant density and harvest methods for potato seed tuber multiplication in pots RM Corrêa; JEBP Pinto; ÉS Reis; A B Monteiro; CABP Pinto; V Faquin Classificação de tomate-cereja em função do tamanho e peso dos frutos Grading of cherry tomatoes based on fruit size and weight C Fernandes; JE Corá; LT Braz Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas Process evaluation on potato packing lines MD Ferreira; L H Netto Influência da fase embrionária dos ovos da traça-das-crucíferas sobre fêmeas de Trichogramma pretiosum com diferentes idades Influence of diamondback moth embrionary egg stage on Trichogramma pretiosum females with different ages D Pratissoli; RA Polanczyk; CLT Pereira; ISA Furtado; JG Cocheto Efeito de injúrias mecânicas na qualidade de abobrinhas armazenadas em condição ambiente Effect of mechanical injuries on the quality of squash stored at room temperature MFB Durigan; BH Mattiuz Injúrias mecânicas e seus efeitos na qualidade de melancias armazenadas em condição ambiente Effect of mechanical injuries on the quality of watermelon stored at room temperature MFB Durigan; BH Mattiuz Qualidade dos bulbos de cebola ‘Superex’ armazenados sob refrigeração, quando expostos à condição ambiente Quality of onion bulbs cv. Superex stored under refrigeration, when exposed to environmental conditions ACA Miguel; JF Durigan Produção e qualidade de frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita Yield and fruit quality of tomato grown in substrate with zeolite ACC Bernardi; CG Werneck; PG Haim; N Botrel; J Oiano-Neto; MBM Monte; MR Verruma-Bernardi 265 270 275 279 286 291 296 301 306 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 312 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 carta do editor Prezados, Em suas mãos, o número 2 da nossa Horticultura Brasileira, trazendo uma bela imagem de uma hortaliça que não chega a ser desconhecida dos brasileiros, embora seja de uso incomum no Brasil: a alcachofra. Agradecemos às professoras Stella Maris García e Marta Susana Panelo, da Faculdade de Ciências Agrárias UNR, esta, delegada da ABH na Argentina, pela sua contribuição. Neste número temos algumas alterações na Comissão Editorial. Passamos a ter um novo Editor Associado: o Dr. Paulo Espíndola Trani, que já participava da Comissão Editorial como Editor Científico. O Dr. Paulo Trani, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, tem destacada atuação na área de Adubação e Nutrição de Hortaliças. A Comissão Editorial passa a contar também com um novo Editor Científico. Damos as boas-vindas ao Dr. Valter Rodrigues Oliveira, melhorista da Embrapa Hortaliças, atualmente trabalhando com cebola e melão. Horticultura Brasileira se sente honrada em poder contar com a competência de ambos. Até o próximo número, Comissão Editorial Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 137 pesquisa BISOGNIN DA; BENEDETTI M; SEGATTO FB; COSTA LC; RITTER CEL; BRACKMANN A. 2007. Efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca. Horticultura Brasileira 25: 138-142. Efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca Dilson Antônio Bisognin; Marlova Benedetti; Fernanda Bastos Segatto; Liege Camargo da Costa; Carlos Evandro Leite Ritter; Auri Brackmann UFSM, Depto. Fitotecnia, 97105-900 Santa Maria-RS; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se o efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata da cultivar Macaca produzidos em telado durante duas safras. Imediatamente após a colheita, os minitubérculos foram submetidos aos tratamentos de abafamento com etileno (1000 mL L-1) por 72 h; CO2 (20%) por 72 h; carbureto de cálcio (200 g m-3) por 72 h; e 1-metilciclopropeno (1-MCP) (1mL L-1) por 24 h (apenas na safrinha); e imersão em solução de ethephon (840 mg L-1) por 5 s. A testemunha não recebeu nenhum tratamento. O delineamento experimental foi um fatorial (safras x tratamentos) no inteiramente casualizado, com quatro repetições de 15 minitubérculos. Em intervalos semanais foram avaliadas a respiração e a produção de etileno. A cada 15 dias avaliou-se o número de brotos e a percentagem de tubérculos brotados, calculando-se a área abaixo da curva de progressão. Os minitubérculos produzidos durante a safra, comparados com os da safrinha, apresentaram menor período de dormência e aumentaram a taxa respiratória durante o período de armazenamento, claramente relacionados com a brotação dos minitubérculos. O CO2 e etileno não promoveram o encurtamento, enquanto que o 1-MCP prolongou o período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca. Effect of CO2 and ethylene on the dormancy period of potato cv. Macaca minitubers Palavras-chave: Solanum tuberosum, ethephon, 1-MCP, acetileno, brotação. Keywords: Solanum tuberosum, ethephon, 1-MCP, acetylene, sprouting. The effect of CO2 and ethylene treatments were evaluated on the dormancy period of ‘Macaca’ minitubers produced in greenhouse during two growing seasons. Minitubers were treated soon after harvesting. The treatments were suffocation with ethylene (1000 mL L-1) during 72 h; CO2 (20 %) during 72 h; calcium carburet (200 g m-3) during 72 h; and 1-methylcyclopropene (1-MCP) (1 mL L-1) during 24 h (only for second season); and immersion with 2-cloroetil fosfonic acid (840 mg L-1) during 5 s. Control minitubers did not receive any treatment. The experiment was a factorial (seasons x treatments) in a randomized design, with four replications of 15 minitubers. Respiration and ethylene production were evaluated every week. Sprout number and percentage of sprouted tubers were evaluated every 15 days to obtain the area under progression curve. Minitubers produced during the first season presented shorter dormancy than those produced during the second season. First season minitubers presented an increase in respiration rate during storage that was clearly related to sprouting. CO2 and ethylene did not reduce, while 1-MCP enhanced dormancy period of potato cv. Macaca minitubers. (Recebido para publicação em 21 de setembro de 2005; aceito em 17 de maio de 2007) U ma das hipóteses que explica a quebra de dormência de tubérculos de batata (Solanum tuberosum) é o balanço entre inibidores (ácido abscísico) e promotores (citocininas, auxinas, giberelinas e etileno) de crescimento (Suttle, 2004), sendo que a brotação ocorre quando há um balanço favorável dos promotores em relação aos inibidores (Leclerc et al., 1995; Suttle, 2004). Este balanço entre inibidores e promotores pode ser alterado através da aplicação de produtos químicos que resultam na quebra de dormência, possibilitando uma rápida utilização da batata-semente em programas de multiplicação ou em procedimentos de testes pós-colheita para detecção de doenças 138 (Coleman, 1987; Suttle, 2004). No entanto, a provável ocorrência de múltiplos reguladores de crescimento no controle de dormência de tubérculos dificulta o seu entendimento (Coleman et al., 2001). O etileno é um hormônio vegetal e potente regulador de crescimento, com papel ainda não totalmente esclarecido na dormência de tubérculos de batata. É possível que o tratamento com etileno estimule a síntese de giberelinas e o surgimento de enzimas requeridas para o rompimento de dormência (Allam et al., 1994). O etileno exerce um duplo efeito em tubérculos de batata diminuindo marcadamente a duração da dormência, mas inibe a elongação dos brotos durante a exposição ao tratamento (Rylski et al., 1974). Dependendo da concentração e duração da exposição, o etileno exógeno pode aumentar ou diminuir a brotação dos tubérculos (Suttle, 1998). O ethephon (ácido 2-cloroetil fosfônico) quando aplicado na forma aquosa sofre hidrólise espontânea liberando etileno (Reid, 1992). Quando aplicado em determinadas fases de desenvolvimento da planta, pode alterar os processos fisiológicos e bioquímicos (Seibert, 1997). A aspersão com 2% (v/ v) de ethephon prolongou a dormência de tubérculos (Sukhova et al., 1993). O ethephon na dose de 842 mg L-1 por 5 s aumentou o número de hastes, flores e plantas por parcela, que resultaram em Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca maior rendimento da cultivar Marijke, na ordem de 33% em relação ao ácido giberélico e 52% em relação ao bissulfureto de carbono (Ayub et al., 1999). O carbureto de cálcio quando em contato com água ou até mesmo com a umidade do ar atmosférico libera acetileno. O acetileno é análogo ao etileno e quando empregado em concentrações maiores do que o etileno pode ocasionar efeito fisiológico similar nos tecidos vegetais (Martins & Pereira, 1989). O 1-metilciclopropeno (1-MCP) age ligando-se irreversivelmente ao receptor do etileno localizado na membrana celular, inibindo o estímulo fisiológico e as rotas de transdução de sinais (Sisler, 1991), impedindo a ação do etileno. O abafamento temporário usualmente promove a brotação de tubérculos de batata devido ao acúmulo de CO2, podendo ser usado conjuntamente com outros promotores de brotação para potencializar o efeito. O uso de ácido giberélico associado ao abafamento por 72 h promoveu a quebra de dormência de 95% dos tubérculos, independente da concentração utilizada (Bisognin et al., 1996). Portanto, existem evidências do envolvimento do etileno e CO2 em alterar o período de dormência de tubérculos de batata. O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata da cultivar Macaca. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em telado e laboratórios de pós-colheita da UFSM. Plântulas de batata da cultivar Macaca foram micropropagadas in vitro, adaptadas e transplantadas em canteiros de telado coberto com polietileno durante a safra de 2001 (fotoperíodo e temperatura crescentes) e safrinha de 2003 (fotoperíodo e temperatura decrescentes). Aproximadamente 60 dias após o transplante, os minitubérculos foram colhidos, levados para o laboratório e classificados. Os minitubérculos com diâmetro entre 10 e 23 mm foram imediatamente tratados. Os tratamentos foram abafamento com etileno na concentração de 1000 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 mL L-1 por 72 h; CO2 na concentração de 20% por 72 h; carbureto de cálcio na concentração de 200 g m-3 por 72 h; e 1MCP (somente na safrinha) na concentração de 1 mL L-1 por 24 h; e imersão em solução de ethephon (ácido 2cloroetil fosfônico) na dose de 840 mg L-1 por 5 s. A testemunha não recebeu nenhum tratamento. Durante o período de aplicação dos tratamentos, as concentrações de etileno e CO2 foram determinadas e corrigidas diariamente de acordo com o respectivo tratamento. Minicâmaras, hermeticamente fechadas de 5 L de volume, foram utilizadas para aplicar os tratamentos de abafamento. Colocou-se 1 g de carbureto de cálcio em placa de Petri pequena contendo 3 mL de água destilada para liberar acetileno dentro da minicâmara, que foi imediatamente fechada. A fonte de 1MCP foi o produto comercial AgrofreshÒ (0,14%). O produto comercial foi solubilizado em 25 mL de água a 60°C em um recipiente hermético e, posteriormente, a solução foi transferida para uma placa de Petri no interior da minicâmara. Durante a aplicação dos tratamentos e o período de armazenamento (avaliação), os minitubérculos permaneceram em câmara climatizada na temperatura de 20ºC e umidade relativa de aproximadamente 85%. Semanalmente foi determinada a produção de etileno, por cromatografia gasosa, e percentagem de CO2 contida na atmosfera do recipiente, através de analisador de gases, conforme sugerido por Brackmann et al. (2002). Foram realizadas contagens quinzenais do número de brotos por tubérculo (com pelo menos 2 mm de comprimento), percentagem de tubérculos brotados (com pelo menos um broto) e calculou-se as áreas abaixo da curva de progressão (Bisognin et al., 2002). O delineamento experimental foi um fatorial (safras x tratamentos) no experimento inteiramente casualizado, com quatro repetições de 15 minitubérculos. Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro, com o auxílio do software científico – NTIA (Embrapa, 1997). Para a análise estatística, os dados de contagem foram transformados para raiz quadrada de (x + 0,5) e os de percentagem para arco seno de raiz quadrada de (x/100). O tratamento 1-MCP na safra foi considerado como perdido, sendo, portanto, utilizado o quadro de análise de variância com os efeitos parciais dos fatores principais e da interação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o armazenamento, a respiração dos minitubérculos produzidos na safra foi relativamente constante até 42 dias após a aplicação dos tratamentos. A partir deste período, a taxa respiratória dos minitubérculos aumentou independente do tratamento, porém o tratamento com ethephon resultou numa redução a partir dos 49 dias de armazenamento (Figura 1A). O etileno, na mesma safra, apresentou dois picos em todos os tratamentos, um aos 21 dias e outro no final do armazenamento. Com exceção do tratamento com ethephon, a produção de etileno não foi suficiente para ser detectada entre 28 e 49 dias de armazenamento (Figura 1C). A atividade respiratória dos minitubérculos produzidos durante a safrinha foi reduzindo até 56 dias de armazenamento, seguido de estabilização, com exceção da testemunha, que aumentou após 70 dias de armazenamento (Figura 1B). Os minitubérculos tratados com ethephon produziram mais etileno do que os demais, durante todo o período de armazenamento, apresentando um pico aos 56 dias (Figura 1D). Os demais minitubérculos praticamente não produziram etileno a partir dos 28 dias de armazenamento, com exceção dos tratados com etileno, que aumentou a produção a partir dos 70 dias de armazenamento. A taxa respiratória, principalmente dos minitubérculos produzidos na safrinha, foi alta na colheita caindo até 56 dias após o armazenamento. Diferentemente, os minitubérculos produzidos durante a safra apresentaram um aumento da taxa respiratória a partir dos 42 dias de armazenamento, podendo ser resultado do início da brotação, como foi observado por Wiltshire & Cobb (1996). As taxas de produção de etileno 139 DA Bisognin et al. Figura 1. Evolução da respiração (mL CO2 kg-1 h-1) e do etileno (µL C2H4 kg-1 h-1) em minitubérculos de batata da cultivar Macaca produzidos na safra (A e C) e safrinha (B e D). (Evolution of respiration (mL CO2 kg-1 h-1) and of ethylene (µL C2H4 kg-1 h-1) on minituber of potato, cv. Macaca produced onfirst season (A and C) and second season (B and D)) Santa Maria, UFSM, 2003. Barra vertical indica o desvio padrão médio. também aumentam no momento do início da brotação dos tubérculos (Suttle, 2003), o que foi verificado nos minitubérculos produzidos durante a safra no final do período de armazenamento. Como já verificado em outros trabalhos (Rylski et al., 1974; Suttle, 2003), os minitubérculos, principalmente da safrinha, produziram baixas concentrações de etileno durante o armazenamento. Houve interação significativa entre safras e tratamentos somente para número de brotos por minitubérculo na avaliação de final de armazenamento (Tabelas 1 e 2). Os minitubérculos produzidos durante a safra apresentaram, em média, uma maior área abaixo da curva de progressão do número de brotos e da percentagem de minitubérculos brotados durante o período de armazenamento (Tabela 1). Os tratamentos com CO2, etileno, a fonte de 140 etileno (ethephon) e carbureto de cálcio que libera acetileno (um análogo à ação do etileno) não promoveram o aumento do número de brotos por minitubérculo ou da percentagem de minitubérculos brotados em relação à testemunha. Discordando de Suttle (2003), minitubérculos tratados com 1-MCP (inibidor da ação de etileno) apresentaram menor progressão do número de brotos por minitubérculo e de percentagem de minitubérculos brotados, atuando como um anti-brotante de minitubérculos de batata cv. Macaca. Aos 56 dias (safra) e 84 dias (safrinha) após a aplicação dos tratamentos, mesmo no final do período de armazenamento, os tratamentos com CO2, etileno, ethephon ou carbureto de cálcio não promoveram aumento do número de brotos por minitubérculo e nem da percentagem de minitubérculos brotados em relação à testemunha (Tabela 2). A aplicação de 1-MCP em minitubérculos produzidos na safrinha reduziu o número de brotos por minitubérculo em relação aos demais minitubérculos tratados, discordando de Suttle (2003). Praticamente 100% dos minitubérculos produzidos durante a safra estavam brotados após 56 dias de armazenamento. Após 84 dias de armazenamento, não mais de 87% dos minitubérculos produzidos durante a safrinha estavam brotados, sendo que os minitubérculos tratados com 1-MCP apresentaram a menor percentagem de brotação (37%). Considerando que a quebra de dormência é normalmente definida como o número de dias desde a colheita até 80% dos tubérculos apresentarem pelo menos um broto, os minitubérculos de batata cv. Macaca, considerada de curta dormência, tratados com 1-MCP, ainda se apresentavam dormentes mesmo após 84 dias de armazenamento. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Efeito do CO2 e etileno no período de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca Não se observou encurtamento de dormência de minitubérculos de batata tratados com CO2 e etileno. Reust & Gugerli (1984) verificaram que o enriquecimento da atmosfera com CO2 promoveu o encurtamento da dormência dos tubérculos. De acordo com Rylski et al. (1974) e Allam et al. (1994), o etileno pode provocar um rápido incremento da atividade respiratória e acelerar a brotação de tubérculos de batata. Se o etileno é um fator responsável por reduzir o período de dormência, aumento na produção antes do inicio da brotação deve ser esperado, o que foi observado nos minitubérculos produzidos na safra em todos os tratamentos (Figura 1C), aumento este também observado por Suttle (2003). Além disto, aplicação de 1-MCP reduziu tanto o número de brotos por minitubérculos quanto a percentagem de minitubérculos brotados, evidenciando o envolvimento do etileno no processo de quebra de dormência. O fato de que a aplicação de etileno não reduziu o período de dormência pode ser explicado pelo fato de que os minitubérculos não tratados já continham etileno endógeno suficiente. Os resultados conflitantes obtidos com a aplicação de etileno foram parcialmente esclarecidos por Rylski et al. (1974). Estes autores demonstraram que o etileno, em exposições curtas de até 72 h, promove, e a aplicação contínua inibe a brotação dos tubérculos. Portanto, esses resultados sugerem que o etileno está envolvido na quebra de dormência ou associado ao crescimento inicial dos brotos. Como já comprovado para as giberelinas, o etileno altera a permeabilidade das membranas e regula a mobilização de reservas, através de trocas na compartimentalização intracelular (Coleman, 1987), necessária para o controle da utilização dos produtos armazenados e a manutenção da dormência (Wiltshire & Cobb, 1996). Além do etileno, existe a possibilidade do envolvimento de outros fatores necessários para a máxima resposta de quebra de dormência de tubérculos de batata (Rylski et al., 1974). O final do período de dormência também coincide com o aumento das giberelinas endógenas (Ittersum & Scholte, 1993), do ácido indol-3-acético e de citocininas Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Área abaixo da curva de progressão do número de brotos e da percentagem de minitubérculos brotados de batata da cultivar Macaca em função do CO2 e etileno na safra (56 dias de avaliação) e safrinha (84 dias de avaliação) (Área under the progression curve of number of sprouts and percentage of sprouted minitubers of the potato cv. Macaca, depending on CO2 and ethilene on the firsd season (56 days of evaluation) and second season (84 days of evaluation)). Santa Maria, UFSM, 2003. 1 Ethephon é uma fonte, carbureto de cálcio libera acetileno que é um análogo e 1-MCP é um inibidor da ação do etileno; 2Tratamentos com médias não seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro; 3Valores médios desconsiderando o tratamento com 1-MCP, que foi avaliado apenas na safrinha. — Tratamento não avaliado. Tabela 2. Número de brotos e percentagem de minitubérculos brotados de batata da cultivar Macaca em função do CO2 e etileno aos 56 dias (safra) e 84 dias (safrinha) após a aplicação dos tratamentos. (Sprouts number and percentage of sprouted minitubers of cv Macaca, depending on CO2 and ethilene on the first season (56 days) and second season (84 days) after treatment). Santa Maria, UFSM, 2003. 1 Ethephon é uma fonte, carbureto de cálcio libera acetileno que é um análogo e 1-MCP é um inibidor da ação do etileno; 2Tratamentos com médias não seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. 3Valores médios desconsiderando o tratamento com 1-MCP, que foi avaliado apenas na safrinha. — Tratamento não avaliado. (Sukhova et al., 1993), que são promotores do crescimento. O encurtamento da dormência também pode estar associado ao aumento da concentração de CO2 e da temperatura e a diminuição da concentração de oxigênio nos tecidos (Scholte, 1990). Aparentemente, a síntese e a ação do ácido abscísico são essenciais para o estabelecimento e a manutenção da dormência de tubérculos de batata (Suttle & Hulstrand, 1994). Apenas os minitubérculos produzidos durante a safra apresentaram um aumento da taxa respiratória durante o período de armazenamento e antecedeu o segundo pico de concentração de etileno. Estes aumentos foram claramente relacionados com a brotação dos minitubérculos, pois tanto a progressão do número de brotos quanto da percentagem de minitubérculos brotados foram maiores na safra do que na safrinha. 141 DA Bisognin et al. Além disto, os minitubérculos produzidos durante a safra tinham maior número de brotos e percentagem de minitubérculos brotados aos 56 dias comparados com os da safrinha aos 84 dias de armazenamento. Essas diferenças estão relacionadas com o nível de dormência dos minitubérculos, que é muito afetado pela temperatura no final do período de crescimento. Tubérculos produzidos em altas temperaturas, como é o caso da safra, apresentam menor dormência do que os produzidos em baixas temperaturas (Beukema & Van Der Zaag, 1979). Independente do nível de dormência, o tratamento dos minitubérculos com CO2 e etileno não promoveram o encurtamento de dormência de minitubérculos de batata cv. Macaca, mas o prolongamento da dormência ocasionado pelo tratamento com 1-MCP (inibidor da ação do etileno) confirma que o etileno afeta a promoção da quebra de dormência ou no crescimento inicial dos brotos. REFERÊNCIAS ALLAM SMM; MURR DP; KRISTOF L. 1994. The effect of ethylene and of protein and nucleic acid syntheses on dormancy break and subsequent sprout growth. Potato Research 37: 25-33. AYUB RA; FURIATTI RS; PEREIRA AB; REGHIN MY; BANZATTO DA; OLIVEIRA AV. 1999. 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Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Considerando-se que abobrinha (Cucurbita moschata) geralmente não apresenta perda de vigor pela endogamia, a seleção recorrente pode ser um método adequado para o melhoramento desta espécie. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência da seleção recorrente em abobrinha, cultivar Piramoita, visando aumento de produtividade e melhoria da qualidade de frutos. Foram realizados três ciclos de seleção recorrente a partir da cultivar Piramoita (população P0), com avaliação e seleção de progênies S1. Em todos os ciclos de seleção, os experimentos foram conduzidos em blocos ao acaso, com parcelas de cinco plantas, tendo a cultivar Piramoita como testemunha. O espaçamento foi de 2,0 x 1,0 m. Após cada ciclo de seleção, as sementes remanescentes das progênies selecionadas foram empregadas no ciclo seguinte de recombinação, cada progênie contribuindo em média com dez plantas tomadas ao acaso. As quatro populações (P0, PI, PII e PIII) foram avaliadas em blocos ao acaso, com oito repetições de cinco plantas por parcela. Foram avaliados número e massa total e comercial (retos, com pescoço comprido e sem defeitos aparentes) de frutos imaturos por planta e a proporção de frutos comerciais. Foram realizadas as análises de variância e regressão. Foram observados aumentos de produção lineares significativos ao longo dos ciclos de seleção. Na população PIII, os números de frutos total (17) e comercial (11) por planta, assim como a massa total (3,7) e comercial (2,6 kg planta-1), superaram a população inicial em 32, 63, 24 e 57%, respectivamente. Essas diferenças correspondem a um aumento superior a 11 t ha-1 ou mais de 36.000 frutos ha-1 em apenas três ciclos de seleção recorrente. Recurrent selection for fruit yield and quality in braquitic squash Palavras-chave: Cucurbita moschata, melhoramento genético, produtividade, cucurbitáceas. Since squash (Cucurbita moschata) usually does not have inbreeding depression, recurrent selection may be an adequate method for squash breeding. In this study the recurrent selection efficiency was evaluated in squash, cultivar Piramoita, aiming to improving fruit yield and quality. Three generations were produced out of cultivar Piramoita (population P0), with evaluation and selection of S1 progenies. In all selection cycles, experiments were set up in randomized blocks design, with five plants per plot, with cultivar Piramoita as control. Spacing was 2.0 x 1.0 m. After each cycle, the remaining seeds of selected progenies were used in the following cycle of recombination, and each progeny was represented, on average, by ten random plants. The four populations (P0, PI, PII and PIII) were evaluated in randomized blocks design, with eight replicates and five-plant plots. Number and weight of total and commercial (straight fruits, with long neck and without visible defects) fruits per plant and the rate of commercial fruits were evaluated. Variance and regression analysis was performed and indicated a linear increase in yield due to selection cycles. In population PIII, total (17) and commercial (11) fruit number plant-1, and total (3.7) and commercial (2.6 kg) weight of fruits plant-1, overcame initial population in 32; 63; 24, and 57%, respectively. These differences correspond to an increase larger than 11 t ha-1 or more than 36000 fruits ha-1 in only three recurrent selection cycles. Keywords: Cucurbita moschata, plant breeding, yield, cucurbits. (Recebido para publicação em 8 de julho de 2005; aceito em 2 de maio de 2007) N o melhoramento genético das espécies do gênero Cucurbita é possível a utilização da autofecundação, pois, apesar das plantas serem alógamas, praticamente não há perda de vigor devido à endogamia (Allard, 1971; Whitaker & Robinson, 1986; Robinson, 1999). Por este motivo, a autofecundação tem sido utilizada para obtenção de linhagens em programas visando o desenvolvimento de híbridos F1 (Cardoso, 2001; Maluf, 2001). O método genealógico é o mais freqüentemente utilizado para obtenção de parentais de híbridos em Cucurbitáceas (Robinson, 1999). Apesar dos bons resultados a curto prazo, a grande desvantagem deste método é a Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 fixação de genes muito prematuramente, muitos deles com pequeno efeito individual e insensíveis à seleção praticada. A evidência disponível indica que a seleção durante a autofecundação não é particularmente efetiva no aumento da freqüência dos genes de pequeno efeito desejáveis, especialmente os genes envolvidos no controle de características com herança quantitativa (Allard, 1971). Ao contrário do método genealógico, a seleção recorrente é uma metodologia que permite obter ganhos em características com herança quantitativa, resultando em uma nova população superior à original, tanto em média como no desempenho dos melhores indivíduos (Fehr, 1987). Denomina-se seleção recorrente todo o processo cíclico de melhoramento. Na seleção recorrente intrapopulacional melhora-se o desempenho das populações de forma contínua e progressiva através do aumento das freqüências dos alelos favoráveis dos caracteres sob seleção. A variabilidade genética deve ser mantida em níveis adequados para permitir o melhoramento nos ciclos subsequentes. Portanto, este esquema seletivo é utilizado para programas de melhoramento delineados para médio e longo prazos (Souza Jr, 2001). Existem diversos relatos demonstrando a eficiência da seleção recorrente no melhoramento genético de espécies alógamas. Entretanto, são poucos 143 AII Cardoso os relatos de utilização de seleção recorrente em Cucurbitáceas, predominando trabalhos com pepino (Cucumis sativus L.). Nesta espécie, seleção recorrente com progênies de meios-irmãos e S1 tem sido utilizada para aumento de produtividade (Smith et al., 1978; Lertrat & Lower, 1983, 1984; Wehner, 1989; Paiva, 1996; Cramer & Wehner, 1998a, b). Wehner & Cramer (1996a) reportaram aumento de 37% em pepino após dez ciclos de seleção recorrente. Em outro trabalho, Wehner & Cramer (1996b) obtiveram aumento de produtividade até 54% em uma população de pepino após dez ciclos de seleção recorrente baseada em progênies de meiosirmãos, sendo os ganhos muito superiores quando a avaliação ocorreu no mesmo período de seleção (primavera) em comparação com outro período (verão). Strefeler & Wehner (1986) demonstraram que os ganhos com a seleção recorrente são maiores em populações com base genética mais ampla. Isto foi observado por Niewnhuis & Lower (1988), que obtiveram ganhos de produtividade variando de 35 a 64% em três populações de pepino após três ciclos de seleção recorrente baseada em progênies S1, sendo maiores os ganhos com as populações com base genética mais ampla. No Brasil, há poucas cultivares de C. moschata que se destinam ao consumo de frutos imaturos, sendo a cultivar Menina Brasileira a mais tradicional. No entanto, esta é uma cultivar tardia e com ramas longas, característica que obriga o seu cultivo com espaçamentos mais amplos. A utilização de cultivares braquíticas tem sido comum no melhoramento genético desta espécie desde o lançamento da cultivar Piramoita, pois possibilita o aumento do potencial produtivo por área. Nos últimos anos, têm sido lançados os primeiros híbridos nacionais de abóbora e abobrinha braquíticos em C. moschata. Como a cultivar Piramoita é de polinização aberta, deve conter grande variabilidade genética para características relacionadas à produtividade e qualidade de frutos. Portanto, em tese é possível obter, a partir desta cultivar, uma nova cultivar com maior potencial produtivo e mais uniforme. Considerando-se que as características relacionadas à produção geralmente são de baixa 144 herdabilidade, a seleção recorrente pode ser uma metodologia adequada para se obter ganhos significativos e consistentes ao longo das gerações. Fundamentado nestes aspectos, foram realizados experimentos com o objetivo de avaliar a eficiência da seleção recorrente por três ciclos em abobrinha, cultivar Piramoita, visando aumento de produtividade e melhoria da qualidade de frutos. MATERIAL E MÉTODOS Todos os experimentos foram conduzidos em campo experimental da UNESP, no município de São Manuel (SP) (22°44’ S, 48°34’ W, 750 m de altitude), entre janeiro de 1999 e novembro de 2003. O clima local é do tipo mesotérmico, Cwa, sub-tropical úmido, com presença de estiagem no período de inverno (Espíndola et al., 1973). Durante os quase cinco anos de realização de experimentos, as temperaturas máximas médias mensais variaram de 21,2oC (junho, 1999) a 31,6oC (outubro, 2002) e, as mínimas médias mensais, de 11,1oC (julho, 2000) a 20,3oC (fevereiro, 2001). Em todos os ciclos de seleção, os experimentos foram conduzidos em blocos ao acaso, com parcelas de cinco plantas, tendo a cultivar Piramoita como testemunha. O número de repetições foi variável, sendo indicado em cada ciclo. O espaçamento utilizado foi de 2,0 x 1,0 m. Após cada ciclo de seleção, as sementes remanescentes das progênies selecionadas foram empregadas no ciclo seguinte de recombinação. Nos ciclos de recombinação, cada progênie selecionada contribuiu em média com dez plantas tomadas ao acaso na constituição da população seguinte, formada pela mistura de sementes de todos os frutos dessas plantas. Primeiro ciclo de seleção recorrente A população inicialmente utilizada foi a cultivar Piramoita. A partir da autofecundação controlada de plantas desta cultivar (janeiro a junho, 1999), foram obtidas 74 progênies S1. As progênies foram divididas em seis experimentos, visando a estratificação da seleção. Os quatro primeiros experimentos tiveram três repetições e, os dois úl- timos, apenas duas, devido ao pequeno número de mudas obtidas em algumas progênies. Os experimentos foram conduzidos de julho a novembro de 1999. Foram selecionadas as quatorze progênies que apresentaram maior produção total de frutos por planta e somente plantas braquíticas. As plantas componentes do novo ciclo de recombinação foram instaladas em campo isolado, onde a polinização foi livre, realizada por insetos, obtendo-se após a colheita dos frutos e mistura das sementes a população melhorada de primeiro ciclo de seleção recorrente (PI). Esta etapa foi realizada de fevereiro a maio de 2000. Segundo ciclo de seleção recorrente A partir da autofecundação controlada de plantas da população PI (maio a outubro, 2000), foram obtidas 60 progênies S1, que foram divididas em cinco experimentos, com três repetições cada, conduzidos simultaneamente, de novembro de 2000 a fevereiro de 2001. Foram selecionadas as dez progênies que apresentaram maior número de frutos considerados comerciais (retos, pescoço comprido e sem defeitos aparentes). As plantas componentes do novo ciclo de recombinação foram instaladas em ambiente protegido. As polinizações foram realizadas manualmente, procurando-se obter frutos de todos os cruzamentos possíveis entre as dez progênies. Com a colheita dos frutos e mistura das sementes, obteve-se a população melhorada de segundo ciclo de seleção recorrente (PII). Esta etapa foi realizada de julho a novembro de 2001. Terceiro ciclo de seleção recorrente A partir da autofecundação controlada de plantas da população PII (novembro de 2001 a março de 2002), foram obtidas 77 progênies S1, que foram divididas em sete experimentos, com três repetições cada, conduzidos simultaneamente, de julho a novembro de 2002. Foram selecionadas as doze progênies que apresentaram maior número de frutos considerados comerciais (retos, pescoço comprido e sem defeitos aparentes). Como no ciclo anterior, as plantas componentes do novo ciclo de recombinação foram instaladas em ambiente protegido. As polinizações foram realizadas manualmente, procurando-se obter frutos de todos os cruzamentos Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Seleção recorrente para produtividade e qualidade de frutos em abobrinha braquítica Tabela 1. Médias para número e produção total e comercial de frutos por planta e porcentagem de frutos comerciais de abobrinha, cultivar Piramoita e progênies avaliadas e selecionadas em cada ciclo de seleção recorrente. (Means for total and commercial fruit number and yield of zucchini, cultivar Piramoita and selected progenies), São Manuel, UNESP, 1999-2001. 1 Frutos retos, com pescoço comprido e sem defeitos aparentes (Straight fruits, with long neck and without visible defects); 2 FC = percentagem de frutos (número) comerciais (percent of number of commercial fruits); 3 O número entre parênteses indica o número de progênies (Numbers between brackets indicate the number of progenies). possíveis entre as doze progênies. Com a colheita dos frutos e mistura das sementes, obteve-se a população melhorada de terceiro ciclo de seleção recorrente (PIII). Esta etapa foi realizada de janeiro a junho de 2003. Comparação das populações obtidas nos três ciclos de seleção recorrente As quatro populações (P0, PI, PII, PIII) foram avaliadas em delineamento em blocos ao acaso, com oito repetições e cinco plantas por parcela. O espaçamento foi de 2,0 x 1,0 m. A adubação de plantio foi calculada para cada m2 de canteiro, sendo utilizados 4 kg de composto orgânico Biomixâ, 200 g de adubo 4-14-8 e 20 g de nitrocálcio. A cada sete dias, realizou-se uma adubação em cobertura com 5 g de sulfato de amônia por planta. O experimento foi irrigado por aspersão. Sempre que necessário, foi realizado o controle de plantas daninhas com capinas manuais. O controle fitossanitário foi realizado com pulverização de produtos específicos, principalmente para o controle da broca-dos-frutos, pulgões e oídio. A semeadura foi realizada em 24 de julho, com transplante em 14 de agosto e colheitas de 30 de setembro a 11 de novembro de 2003. Os frutos foram colhidos com aproximadamente 20 a 25 cm de comprimento, sendo realizadas três colheitas por semana (mesmo critério adotado nos três ciclos de seleção Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 recorrente já descritos). Neste período as temperaturas médias mensais foram crescentes, com média mensal da mínima de 12,0oC em agosto e média mensal da máxima de 27,7oC em outubro de 2003. Foram avaliados número e massa total e comercial de frutos imaturos (retos, com pescoço comprido e sem defeitos aparentes) por planta e, a partir destes, foi obtida a proporção de frutos comerciais. Após realizar-se a análise de variância, foi realizada análise de regressão visando estimar o ganho obtido com cada ciclo de seleção recorrente para aquelas características onde se obteve valor do teste F significativo para tratamentos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação das progênies nos três ciclos de seleção recorrente Ao se comparar a média das 74 progênies avaliadas no primeiro ciclo, observou-se que os valores para todas as características foram sempre inferiores aos da cultivar Piramoita, da qual foram obtidas (Tabela 1), com reduções médias por volta de 10%. Embora não seja possível afirmar, essa redução pode ser um indício de perda de vigor por endogamia. Normalmente os autores consideram que, em cucurbitáceas, não acontece depressão por endogamia (Allard, 1971; Whitaker & Robinson, 1986; Robinson & Decker-Walters, 1999). Entretanto, Borghi et al. (1973) e Chekalina (1976) observaram-na para várias características em Cucurbita pepo e C. maxima. Também há relatos de redução na produção de frutos e na viabilidade do pólen em função da endogamia em C. texana (Johannsson et al., 1998) e redução na qualidade do pólen em C. pepo (Stephenson et al., 2001). Para a cultivar Piramoita, Gadum et al. (2002) observaram redução da massa de frutos imaturos por planta após quatro gerações sucessivas de autofecundação, concluindo haver depressão por endogamia. Cardoso (2004) avaliou a produção de frutos maduros e de sementes nesta mesma cultivar em populações com uma a quatro gerações sucessivas de autofecundação e concluiu que, com a endogamia, houve redução na massa e no comprimento total dos frutos, principalmente do pescoço. Portanto, esta parece ser a maior influência da endogamia nesta cultivar: redução no comprimento do pescoço, afetando o comprimento final e a massa do fruto. Isto explica o aparecimento de grande número de progênies com frutos que apresentavam pescoço mais curto que o padrão da cultivar Piramoita nestes experimentos. A dificuldade foi avaliá-los e diferenciá-los quando ainda no estádio imaturo, abobrinha. Quando maduros, a alteração é muito mais perceptível. 145 AII Cardoso Figura 1. Número total (NrFrTot) e comercial (NrFrCom) de frutos planta-1 após diferentes ciclos de seleção recorrente em abobrinha cultivar Piramoita - P0 (Total – NrFrTot, and commercial – NrFrCom, number of fruits after different number of recurrent selection cycles in squash, cultivar Piramoita – P0). São Manuel, UNESP, 2003. Figura 2. Produção total (ProdTot) e comercial (ProdCom) de frutos planta-1 após diferentes ciclos de seleção recorrente em abobrinha, cultivar Piramoita - P0 (Total – ProdTot, and commercial – ProdCom, fruit yield plant-1 after different number of recurrent selection cycles in squash, cultivar Piramoita – P0). São Manuel, UNESP, 2003. Apesar desta provável endogamia, foi possível selecionar 14 progênies numericamente superiores à cultivar Piramoita para número de frutos total por planta. Nenhuma progênie foi estatisticamente superior à cultivar Piramoita para a característica. As médias de produção das progênies selecionadas foram superiores à testemunha (de 10 a 21%), exceto para a porcentagem de frutos comerciais (Tabela 1). Este resultado mostra que, neste primeiro ciclo, em que a ênfase foi dada ao número total de frutos por planta, o rigor na seleção de progênies para qualidade de frutos foi insuficiente. Nos ciclos seguintes de seleção, alterou-se o 146 critério de classificação de frutos comerciais, aumentando a exigência e deixando de considerar os frutos muito curtos como comerciais. No segundo ciclo de seleção os valores da média de todas as progênies avaliadas foram novamente inferiores aos da cultivar Piramoita (Tabela 1). Entretanto, as médias das dez progênies selecionadas foram superiores à testemunha (de 15 a 21%) para todas as características avaliadas, exceto massa total de frutos (Tabela 1). Isto é reflexo da ênfase em qualidade de frutos na seleção das progênies neste ciclo. Todas as progênies selecionadas neste ciclo foram superiores à cultivar Piramoita para porcentagem de frutos comerciais, o que não havia ocorrido no ciclo anterior. Já no terceiro ciclo, notou-se que as médias das doze progênies selecionadas foram superiores à testemunha para todas as características (de 13 a 34%). Porém, ao considerar-se a média de todas as progênies avaliadas, a maior diferença em favor da testemunha foi de apenas 9% para produção total, em massa. Para as demais características, as diferenças praticamente inexistem (Tabela 1). Estes resultados podem ser considerados já como reflexo da seleção recorrente, pois, com este método de melhoramento, melhora-se a população, bem como o desempenho médio das linhagens obtidas (Allard, 1971; Fehr, 1987). Avaliação das populações obtidas por seleção recorrente Foram obtidos aumentos lineares nos números total e comercial de frutos por planta (Figura 1). A cada ciclo de seleção obteve-se um incremento médio de 1,5 e 2,1 frutos total e comercial por planta, respectivamente. Este resultado é bastante expressivo, pois obtevese aumento de aproximadamente 20% de frutos comerciais a cada ciclo de seleção recorrente. Também foram obtidos aumentos lineares para a produção, em massa, de frutos por planta (Figura 2). O aumento na percentagem de frutos comerciais também foi linear (Figura 3), com incremento médio de 5,7% a cada ciclo de seleção. Considerando-se a diferença de produção comercial entre a população PIII e a população original (P0), foram obtidos aumentos de mais de 11 t ha-1 ou mais de 36.000 frutos ha-1 em apenas três ciclos de seleção recorrente. São ganhos altamente expressivos. Entretanto, deve-se destacar que estes valores foram obtidos nas mesmas condições de cultivo em que foram realizadas as seleções de progênies. Em outras épocas e/ou regiões estes ganhos comparativos podem ser diferentes, conforme observado por Wehner & Cramer (1996a) em pepino. Para número de frutos total e comercial e produção total e comercial, em massa, foram obtidos aumentos com a população PIII, comparativamente à Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Seleção recorrente para produtividade e qualidade de frutos em abobrinha braquítica população inicial, de 32; 63; 24 e 57%, respectivamente. Estes valores são semelhantes aos relatados por Niewnhuis & Lower (1988) que obtiveram ganhos de produtividade variando de 35 a 64% em três diferentes populações de pepino após três ciclos de seleção recorrente baseada em progênies S1, sendo maiores os ganhos com as populações com base genética mais ampla. A população inicial utilizada neste estudo, a cultivar Piramoita, foi resultado de um programa de melhoramento que se iniciou com o cruzamento de cultivares americanas pertencentes a duas espécies: Cucurbita pepo, cultivar Yankee Hybrid, e C. moschata, do grupo Butternut, com retrocruzamentos para esta segunda espécie, porém utilizando a cultivar Menina Brasileira, de origem brasileira (Costa, 1974). Portanto, é de se esperar que apresente grande variabilidade genética, favorecendo a obtenção de elevados ganhos nos primeiros ciclos de seleção recorrente. Os resultados obtidos confirmam que a seleção recorrente é uma metodologia que permite obter ganhos em características com herança quantitativa, resultando em uma nova população superior à original (Allard, 1971; Fehr, 1987). Na seleção recorrente intrapopulacional melhora-se o desempenho das populações de forma contínua e progressiva, através do aumento das freqüências dos alelos favoráveis dos caracteres sob seleção. A variabilidade genética deve ser mantida em níveis adequados para permitir o melhoramento nos ciclos subsequentes (Souza Junior, 2001). Neste estudo, cada população resultante sempre apresentou variabilidade suficiente para permitir novos ganhos para as características sob seleção. Concluiu-se, portanto, que a seleção recorrente foi eficiente para melhorar a abobrinha, cultivar Piramoita, tanto para produção total como, principalmente, para produção comercial. AGRADECIMENTOS O autor agradece à FAPESP pela concessão do auxílio à pesquisa. REFERÊNCIAS ALLARD RW. 1971. Princípios do melhoramento genético das plantas. São Paulo: Edgard Blüchner. 381 p. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 3. Percentagem de frutos comerciais (% FrCom) nas populações obtidas após diferentes ciclos de seleção recorrente em abobrinha, cultivar Piramoita - P0 (Percentage of commercial fruits - % FRCom, after different number of recurrent selection cycles in squash, cultivar Piramoita – P0). 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Produção de tomate italiano (saladete) sob diferentes densidades de plantio e sistemas de poda visando ao consumo in natura1 Adriana Q Machado2; Marco Antônio R Alvarenga3; Carlos Eduardo T Florentino3 2 Univag Centro Universitário, Av. Dom Orlando Chaves, 2655, Cristo Rei, 78118-000 Várzea Grande-MT; 3UFLA, Depto.Agricultura, C Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Verificou-se o efeito de três espaçamentos entre plantas e três sistemas de poda sobre a produção de frutos de tomateiro do tipo italiano (saladete), visando ao consumo in natura. O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com três repetições. Os tratamentos foram dispostos em parcelas subdivididas, com os híbridos Heinz 9780 e Kátia alocados às parcelas e, um fatorial de três espaçamentos entre plantas (20; 35 e 50 cm) e três números de cachos por planta (2; 4 e 8), às subparcelas. As plantas foram conduzidas sem tutoramento. Houve incremento da produção total e comercial com a redução do espaçamento entre plantas e com o aumento do número de cachos por planta, com interação significativa entre essas duas variáveis, que apresentaram produção total e comercial de 202,6 t ha-1 e 165,9 t ha-1 respectivamente no espaçamento entre plantas de 20 cm e em plantas conduzidas com oito cachos. Apenas o híbrido Kátia apresentou redução significativa do número de frutos por planta quando o espaçamento entre plantas foi reduzido de 50 cm para 35 cm. Houve efeito depressivo da redução do espaçamento entre plantas no peso médio de frutos, a partir de 35 cm para o híbrido Heinz 9780 e, 20 cm, para o híbrido Kátia. Já a poda das plantas após o segundo cacho elevou o peso médio dos frutos em 54% no híbrido Heinz 9780 e 48,6% no híbrido Kátia, quando comparado ao tratamento com oito cachos por planta. Os resultados indicam a possibilidade de aumentar o peso médio de frutos de tomateiro com o emprego do espaçamento entre plantas de 50 cm para o híbrido Heinz 9780 e, 35 ou 50 cm, para o híbrido Kátia, e da poda apical após dois ou quatro cachos. Os híbridos mostraram-se adequados para a produção de tomate destinado ao consumo in natura, por apresentarem frutos com tamanho exigido por esse mercado. Production of Italian tomato (saladete) in different plant densities and pruning systems aiming at in natura consumption This experiment was carried out to study the effect of three spacings between plants and three pruning systems in the production of tomatoes, Italian class (saladete), for in natura use. Statistical procedure was based on randomized blocks with three replications, in a factorial scheme. Hybrid cultivars Heinz 9780 and Katia were planted in whole plots and the combination of three spacings between plants (20; 35 and 50 cm) and three pruning systems resulting in 2; 4, and 8 fruit clusters per plant, were assigned to the subplots. Plants grew without guiding. Total and commercial yield increased with plant density and with the number of fruit clusters, with significant interaction between these two variables. Total and marketable fruit yield reached their peak (202,6 and 165,9 t ha-1, respectively) with 20-cm spacing between plants and eight clusters. Hybrid Katia suffered a significant reduction in the number of fruits plant-1 when spacing between plants was reduced from 50 to 35 cm. The average weight of fruits was reduced when spacing between plants was bellow 35 cm for hybrid Heinz 9780 and bellow 20 cm for hybrid Katia, and increased as a result of pruning of plants after second cluster in 54,0% for hybrid Keinz 9780 and 48,6% for hybrid Katia. The average fruit weight can be increased with spacing between plants of 50 cm for hybrid Heinz 9780, and 35 or 50 cm for hybrid Katia and pruning after two or four fruit clusters. The hybrids performed adequately considering production of tomato for in natura consumption, with big enough fruits for market requirements. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., espaçamento, número de cachos, peso médio de frutos. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., plant spacing, number of fruit clusters, average fruit weight. (Recebido para publicação em 4 de outubro de 2005; aceito em 12 de maio de 2007) E m certas épocas do ano, alguns produtores têm comercializado tomates industriais, oriundos de cultivares de crescimento determinado, para consumo in natura. Algumas cultivares apresentam frutos semelhantes aos do grupo Santa Cruz e são indicadas para o mercado de fruto fresco, tais como, IPA-3 (Wanderley et al., 1980), UC-82 e Rio Grande (Pinto & Casali, 1980) e o híbrido SM Plus F1 (Topseed, 1999). O potencial desses materiais para o mercado in natura foi rela- 1 tado por Grilli et al. (2000), que encontraram cultivares com produção de até 56,2% de frutos das classes graúdo e médio, que são os mais valorizados comercialmente. Além disso, as cultivares de crescimento determinado destacam-se pelo menor custo de produção em relação às cultivares do grupo Santa Cruz, já que são conduzidas sem tutoramento, necessitam de menos desbrota, têm ciclo mais curto, e, geralmente, apresentam maior rusticidade (Alvarenga, 2004). O grupo de tomate Saladete, também chamado de tomate italiano, é o mais novo no mercado, apresentando dupla aptidão, sendo recomendado para consumo in natura e processamento. Os frutos são alongados (7 a 10 cm), com diâmetro transversal reduzido (3 a 5 cm), biloculares, polpa espessa, coloração vermelha intensa, sendo muito firmes e saborosos (Filgueira, 2003; Alvarenga, 2004). Há no mercado cultivares com hábito de crescimento indeterminado e Parte da dissertação apresentada à UFLA pelo primeiro autor para obtenção do grau de mestre em Agronomia/Fitotecnia. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 149 AQ Machado et al. determinado, sendo esta última utilizada na indústria. Como são cultivados prioritariamente para produção de frutos para indústria, estudos relacionados ao manejo e condução das plantas com o intuito de alterar características de qualidade aparente do fruto são raros em cultivares de crescimento determinado. Já em cultivares de hábito indeterminado, há vários trabalhos que relacionam alta densidade populacional ao aumento na produção e redução no peso médio dos frutos, como demonstrado por Streck et al. (1996), ao avaliarem populações de 20; 30 40 e 50.000 plantas ha-1. Os autores verificaram um aumento na produtividade comercial de frutos de tomate híbrido Monte Carlo, com o aumento da densidade de plantas, no plantio de inverno-primavera, com ponto de máxima eficiência técnica na densidade de 43.862 plantas ha-1. Observaram também uma tendência de diminuição do peso médio de frutos à medida que aumentou a densidade de plantas de 20 para 50.000 plantas ha-1. Resultados semelhantes foram obtidos por Camargos (1998), com o híbrido Carmen, e Seleguini et al. (2002), com o híbrido Duradoro, em que as produções total e comercial foram superiores no espaçamento de 30 cm entre plantas (33.333 plantas ha -1) comparado ao espaçamento de 60 cm (16.666 plantas ha-1). O aumento da população de plantas reduziu a produção de frutos grandes, elevou a produção de frutos médios e pequenos e diminuiu o peso médio de frutos grandes e médios. Streck et al. (1998) avaliaram diferentes densidades de plantio (20; 40; 80 e 100.000 plantas ha-1) na produtividade comercial e peso médio de frutos do híbrido Monte Carlo e constataram que o aumento da densidade de plantas proporcionou aumento na produtividade comercial, principalmente entre 20 e 80.000 plantas ha-1 e redução do peso médio de frutos. Outros trabalhos têm demonstrado a contribuição da poda apical para o aumento do peso médio de frutos. Dessa forma, Gusmão (1988) verificou para a cultivar de tomate Santa Cruz Kada, de crescimento indeterminado, que a redução do número de cachos na planta, de oito para quatro, favoreceu o aumento do peso de frutos. Segundo o au150 tor, a poda apical acima do quarto cacho reduziu o número de drenos reprodutivos e vegetativos, embora a área foliar tenha mantido-se relativamente alta com o aumento no tamanho das folhas, elevando o teor de assimilados disponíveis aos frutos. Resultados semelhantes foram obtidos por Poerschke et al. (1995), com o híbrido Monte Carlo, que verificaram um maior peso médio dos frutos comercializáveis em plantas podadas para três cachos em relação às plantas conduzidas com cinco e sete cachos. Por outro lado, o número de frutos comercializáveis foi crescente com o aumento do número de cachos por planta, não havendo diferença quando conduzidas com cinco e sete cachos. Estudos relacionados a cultivares de tomateiro de crescimento determinado, no que diz respeito à relação entre poda apical e densidade de plantio, visando estabelecer o número de cachos que resulte em frutos maiores e população de plantas adequada, tornam-se necessários a fim de que se tenha uma idéia sobre a possibilidade de utilização dessas cultivares para consumo in natura. O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito de três espaçamentos entre plantas e três sistemas de poda sobre a produção de frutos de tomateiro do tipo italiano (saladete), em duas cultivares de crescimento determinado, visando ao consumo in natura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo, de 7 de maio a 18 de outubro de 2002, na UFLA, em Lavras-MG (21º14’S, 45º00’W, 920 m de altitude). Foram utilizados os híbridos de tomate tipo italiano (saladete) Heinz 9780 e Kátia, ambos de crescimento determinado. As mudas foram produzidas em bandejas de polipropileno de 128 células contendo o substrado comercial Plantmaxâ, sendo transplantadas para o local definitivo 30 dias após a semeadura, no espaçamento de 80 cm entre fileiras, sendo conduzidas sem tutoramento (rasteiro). A adubação de plantio consistiu na aplicação de 500 kg ha-1 de P2O5, na forma de superfosfato simples, dez dias antes do transplante. Foi realizada adubação de cobertura, com nitrogênio, potássio e cálcio, via fertirrigação, três vezes por semana. A adubação total de cobertura constou de 280 kg de N, 480 kg de K2O e 64 kg de Ca por ha, nas formas de nitrato de potássio, nitrato de cálcio e uréia, sendo distribuídas a partir do 11º dia após o transplante, de acordo com a curva de absorção de nutrientes pela cultura, da seguinte forma: 7% da quantidade total de N e K na 1a.e 2a.semanas, 10% na 3a.e 4a.semanas, 13% na 5a.e 6a.semanas, 20% na 7 a. e 8 a. semanas, 25% na 9 a. e 10 a. semanas e 25% na 11 a , 12 a. e 13a.semanas. A cobertura com cálcio foi dividida em 20% da dose total de Ca na 5 a. e 6 a. semanas, 35 % na 7 a , 8 a. e 9a.semanas, 45% na 10a, 11a, 12a.e 13a semanas. O delineamento experimental adotado foi blocos ao acaso, com três repetições. Os tratamentos foram dispostos em parcelas subdivididas, sendo as parcelas representadas pelos híbridos (Heinz 9780 e Kátia) e as subparcelas pelo fatorial 3x3, sendo três espaçamentos entre plantas (20; 35 e 50 cm) e três números de cachos por planta (2; 4 e 8 cachos). A parcela foi composta de duas fileiras simples de plantas, com 2,5 m de comprimento. O controle de doenças e pragas foi efetuado de acordo com as recomendações convencionais para a cultura, utilizando fungicidas e inseticidas. O controle de plantas daninhas foi realizado manualmente e, as desbrotas, quando os brotos apresentavam de 3 a 5 cm de comprimento. A poda apical foi efetuada após o último cacho desejado. Nos tratamentos com quatro cachos por planta, foram deixados dois cachos na haste principal e dois cachos na haste correspondente à brotação axilar imediatamente abaixo do primeiro cacho, sendo as demais brotações retiradas. Nos tratamentos com dois cachos, foram eliminadas todas as brotações laterais surgidas. Os tratamentos com oito cachos corresponderam à ausência de poda apical e desbrota, e ao desenvolvimento de todas as brotações axilares. A aplicação de água foi feita pelo sistema de gotejamento, três vezes por semana, até 55 dias após o transplante e, após, diariamente até a colheita. Utilizou-se tubo gotejador modelo Rain Bird, com perHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção de tomate italiano (saladete) sob diferentes densidades de plantio e sistemas de poda visando ao consumo in natura Tabela 1. Produção total, produção comercial, número de frutos por planta e peso médio de frutos de tomateiro, em função do híbrido, do espaçamento entre plantas e do número de cachos por planta (Total and marketable yield, number of fruits per plant and average weight of fruits of tomato plants in response to hybrids, spacing between plants and number of fruit clusters per plant). Lavras, UFLA, 2002. Médias seguidas de mesma letra maiúscula ou minúscula nas colunas e de mesma letra minúscula entre parênteses nas linhas não diferem entre si, teste de Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter, either small or capital, in the column, and the same small letter between brackets in the row, did not differ from each other, Tukey´s test, p < 0.05); 1/Frutos comerciais: frutos com diâmetro transversal maior que 33 mm e sem defeitos (Marketable fruits: fruits with transverse diameter upper than 33mm and without defects); 2/ ESP: espaçamento entre plantas (ESP: spacing between plants); 3/ NCP: número de cachos por planta (NCP: number of fruit clusters per plant). furações a cada 33 cm e vazão média de 1,5 L hora-1. Foram avaliadas as produções total e comercial de frutos, número de frutos por planta e peso médio dos frutos. Foram considerados comerciais os frutos com diâmetro transversal maior que 33 mm e sem defeitos (sintomas de doenças, pragas, distúrbios fisiológicos e/ou danos físicos). Os valores das características avaliadas foram submetidos à análise de variância, utilizando o aplicativo SISVAR (Ferreira, 2000). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo dos fatores espaçamento entre plantas, número de cachos por planta e das interações espaçamento entre plantas x número de cachos por planta, e espaçamento entre plantas x híbrido sobre a produção total de frutos. Em ambos os híbridos houve incremento da produção total quando o espaçamento entre plantas foi reduzido. Plantas com oito cachos também apresentaram maior produção (Tabela 1). Esses resultados concordam com os relatados por outros autores (Belfort, 1979; Maschio & Sousa, 1982; Campos et al., 1987; Gusmão, 1988; Oliveira, 1993; Streck et al., 1996; Camargos, 1998; Streck et al., Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 2. Produção total de frutos de tomateiro, em função da interação entre espaçamento entre plantas e número de cachos por planta (Total yield of fruits in response to the spacing between plants and the number of fruit clusters per plant). Lavras, UFLA, 2002. Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same capital letter in the rows and small letter in the columns did not differ from each other, Tukey’s test, p < 0.05); 1/ ESP: espaçamento entre plantas (ESP: spacing between plants); 2/ NCP: número de cachos por planta (NCP: number of fruit clusters per plant). 1998), que encontraram incremento na produção total com o aumento da densidade de plantio e/ou do número de cachos por planta, em cultivares de tomate de crescimento indeterminado. Analisando-se os resultados da interação espaçamento entre plantas x número de cachos por planta (Tabela 2), verificou-se que o melhor resultado para o plantio com 20 cm entre plantas e oito cachos por planta, responsável pela maior produção total de frutos por área obtida neste trabalho (202,6 t ha-1). Neste sentido, a competição entre plantas na maior densidade, e intraplantas, em conseqüência do maior número de cachos por planta, parecem ser compensadas pelo maior número de plantas por hectare, no primeiro caso, e pela maior eficiência de cada planta quanto à produção de muitos frutos pequenos e pou- co pesados, no segundo caso, oferecendo, portanto, rendimentos semelhantes (Maschio & Sousa, 1982). Houve efeito do híbrido, do espaçamento entre plantas, do número de cachos por planta e das interações entre espaçamento entre plantas x híbrido, espaçamento entre plantas x número de cachos por planta sobre a produção de frutos comerciais. O híbrido Heinz 9780 acusou maior produção comercial de frutos em relação ao híbrido Kátia (Tabela 1), o que pode ser atribuído ao maior peso médio de seus frutos (112,2 g), quando comparado ao peso médio dos frutos do híbrido Kátia (107,52 g). Similarmente ao ocorrido com a produção total, houve um incremento na produção comercial em função do aumento do número de cachos, bem como, maior produção registrada no menor espaçamento (Tabela 1), o que foi con151 AQ Machado et al. Tabela 3. Produção comercial de frutos de tomateiro1, em função da interação entre espaçamento entre plantas e número de cachos por planta (Marketable yield of tomato in response to the spacing between plants and number of fruit clusters per plant). Lavras, UFLA, 2002. Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same capital letter in the rows and small letter in the columns did not differ from each other, Tukey’s test, p < 0.05); 1/Frutos comerciais: frutos com diâmetro transversal maior que 33 mm e sem defeitos (Marketable fruits: fruits with transversal diameter upper than 33 mm and without defects); 2/ ESP: espaçamento entre plantas (ESP: spacing between plants); 3/ NCP: número de cachos por planta (NCP: number of fruit clusters per plant). Tabela 4. Número de frutos de tomateiro, em função da interação entre espaçamento entre plantas e número de cachos por planta (Number of fruits per plant as a function of the interaction between plant spacing and number of fruit clusters per plant). Lavras, UFLA, 2002. Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same capital letter in the rows and small letter in the columns did not differ from each other, Tukey’s test (p < 0.05); 2/ ESP: espaçamento entre plantas (ESP: spacing between plants); 3/ NCP: número de cachos por planta (NCP: number of fruit clusters per plant). firmado pela interação significativa entre essas duas variáveis, com maior produção comercial no espaçamento de 20 cm entre plantas e oito cachos por planta (Tabela 3). Estes resultados concordam com os descritos por Maschio & Sousa (1982), em que tanto a redução do espaçamento como o maior número de cachos por planta promoveram acréscimos elevados na produção comercial de frutos da cultivar Kadá, de crescimento indeterminado. Da mesma forma, Campos et al. (1987) constataram que a poda para três cachos reduziu a produção comercial de frutos da cultivar São Sebastião, de crescimento indeterminado, enquanto a redução do espaçamento elevou a produção comercial. Poerschke et al. (1995) reportaram, para o híbrido Monte Carlo, de crescimento indeterminado, que plantas conduzidas com maior número de inflorescências, independente do número de hastes, apresentam maior rendimento total de frutos comercializáveis. E, finalmente, 152 Camargos et al. (2000) relataram maior produção comercial de frutos da cultivar Carmem, de crescimento indeterminado, no espaçamento de 30 cm entre plantas e sete cachos por planta. Houve efeito significativo do espaçamento entre plantas, número de cachos por planta e da interação entre espaçamento entre plantas x híbrido e espaçamento entre plantas x número de cachos por planta sobre o número de frutos por planta. Constatou-se redução significativa do número de frutos por planta no híbrido Kátia (Tabela 1) quando se reduziu o espaçamento entre plantas de 50 cm para 35 cm, repetindo resultados obtidos por outros autores (Austin & Dunton Junior, 1970; Fery & Janick, 1970; Maschio & Sousa, 1982; Campos et al., 1987). Esta queda na produção individual das plantas, quando sujeitas às maiores populações, é atribuída à mudança na distribuição de assimilados como resposta a uma competição que se verifica na planta (competição intraplanta), agravada pela competição entre plantas (competição interplanta), comprometendo o pegamento dos frutos ou reduzindo a produção de flores por cacho (Austin & Dunton Junior, 1970). Não foi verificada alteração significativa no número de frutos em plantas do híbrido Heinz 9780, em relação ao espaçamento entre plantas. A poda das plantas após formação de dois ou quatro cachos, resultou em redução significativa do número de frutos por planta, em ambos os híbridos (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Campos et al. (1987), Poerschke et al. (1995) e Seleguini et al. (2002), em cultivares de tomate de crescimento indeterminado. De acordo com os resultados da interação entre espaçamento entre plantas e número de cachos por planta, um maior número de frutos foi obtido em plantas com oito cachos no espaçamento de 50 cm (Tabela 4). Houve efeito significativo do híbrido, espaçamento entre plantas e número de cachos por planta sobre o peso médio de frutos. O peso médio dos frutos foi maior no híbrido Heinz 9780 (112,2 g) comparado ao híbrido Kátia (107,5 g) (Tabela 1). Houve efeito depressivo da redução do espaçamento entre plantas no peso médio de frutos, em ambos os híbridos (Tabela 1). O híbrido Heinz 9780 apresentou perda significativa no peso médio de frutos a partir do espaçamento 35 cm, enquanto no híbrido Kátia esse efeito se fez presente apenas no espaçamento 20 cm (Tabela 1). Já a poda das plantas após a emissão do segundo cacho elevou o peso médio dos frutos em 54% (132,4 g) no híbrido Heinz 9780 e 48,6% (126,7 g) no híbrido Kátia, quando comparado ao tratamento com oito cachos por planta (86,0 e 85,2 g, respectivamente para os híbridos Heinz 9780 e Kátia). Efeito semelhante foi relatado por Campos et al. (1987), que observaram aumento de até 17% no peso médio de frutos da cultivar São Sebastião, de crescimento indeterminado, em plantas podadas após a emissão do terceiro cacho de flores, quando comparada à ausência de poda, e por Poerschke et al. (1995), que obtiveram frutos com maior peso médio também em plantas podadas após a terceira inflorescência em relação às plantas conduzidas com Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção de tomate italiano (saladete) sob diferentes densidades de plantio e sistemas de poda visando ao consumo in natura cinco e sete inflorescências. Como os frutos são drenos metabólicos fortes, os fotoassimilados foram translocados preferencialmente para esse órgão, promovendo o aumento de peso (Peluzio et al., 1995). Além disso, a poda apical acima do segundo cacho reduziu o número de drenos vegetativos e reprodutivos, embora a área foliar tenha se mantido relativamente alta com o aumento no tamanho das folhas, elevando o teor de assimilados disponíveis por fruto (Veliath & Ferguson, 1972; Gusmão, 1988). De um modo geral, o peso médio dos frutos obtido nesse trabalho está dentro do padrão exigido pelo mercado de frutos in natura para cultivares do tipo Santa Cruz, que é de 80 a 200 g (Alvarenga, 2000). Os valores também concordam com os relatados por Tivelli (1994), para a cultivar Santa Clara, de crescimento indeterminado, em que o peso médio dos frutos variou de 54,6 a 131,1 g, sendo o menor valor observado na classe pequeno e o maior na classe graúdo. Os resultados indicam a possibilidade de aumentar o peso médio dos frutos de tomateiro com o emprego do espaçamento entre plantas de 50 cm para o híbrido Heinz 9780, e 35 ou 50 cm para o híbrido Kátia e da poda apical após dois ou quatro cachos. Os híbridos mostraram-se adequados para a produção de tomate destinado ao consumo in natura, por apresentarem frutos com tamanho exigido por esse mercado. Agradecimentos Os autores agradecem à FAPEMIG pelo financiamento parcial da pesquisa e à Eagle Comércio de Sementes Ltda, distribuidora dos híbridos de tomate BHN Seed, pelas sementes cedidas. REFERÊNCIAS ALVARENGA MAR. 2004. Tomate: produção em campo, casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: UFLA. 400p. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ALVARENGA MAR. 2000. Cultura do tomateiro. Lavras: UFLA. 91p. (Textos Acadêmicos, 2). AUSTIN ME; DUNTON JUNIOR EM. 1970. Fertilizer - plant population studies for once tomato harvester. Journal of the American Society for Horticultural Science 95: 645-649. BELFORD CC. 1979. Efeito da poda da haste principal e população de plantas sobre a produção de frutos e sementes do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.). Viçosa: UFV. 45p. (Tese mestrado). CAMARGOS MI; FONTES PCR; CARDOSO AA; CARNICELLI JHA. 2000. Produção de tomate longa vida em estufa, influenciada por espaçamento e número de cachos por planta. 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Effect of planting density on green ear yield of maize cultivars bred in different periods Paulo Sérgio L e Silva1*; Severino R Duarte1; Fábio Henrique T de Oliveira2; Júlio César do V Silva1 1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2UFPB, CCA, Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58397-000 Campina Grande-PB; *CNPq Fellowship (corresponding author) [email protected]; [email protected] ABSTRACT RESUMO Corn cultivation in the Northeast region of Brazil is characterized by a great diversity of production systems, ranging from large companies (modern cultivars and relatively high planting densities) to small farms (family agriculture, traditional cultivars, and low planting densities). In the present work we evaluated the effects of planting density (30; 40; 50; 60; or 70 thousand plants ha-1 - TPH) on green ear yield of cultivars Centralmex (traditional) and AG 510 (hybrid). Different densities were achieved by maintaining 1.0 m between rows and varying the spacing between pits, within the row. Cultivars and planting densities were combined in a factorial scheme, arranged in a random block design with four replicates and four 6 m long row plots. The number of green ears increased with density in both cultivars, but in a significantly more intense pace in cultivar AG 510. Cultivar AG-510 (14.9 t ha-1 on average, maximum yield at 58 TPH) yielded significantly more unhusked green ears than cultivar Centralmex (13.6 t ha-1 on average, maximum at 61 TPH). Marketable green ear yield increased with density in both cultivars, but more intensively in cultivar AG 510, which significantly out yielded cultivar Centralmex from 43 TPH ahead. The difference between cultivars at the planting density of 70 TPH was 14.4 t ha-1. There was no response of cultivar Centralmex in number of marketable husked green ears, while cultivar AG 510 increased yield with planting density. The difference between both cultivars started being significant at 38 TPH. Husked ear length decreased linearly and similarly in both cultivars as planting density increased. Planting density did not influence plant and ear height, and cultivar Centralmex was superior in both characteristics at all planting densities. There was no effect of cultivars on stalk diameter and root system biomass. Both characteristics decreased linearly as planting density increased. Efeito da densidade de plantio sobre o rendimento de espigas verdes de cultivares de milho desenvolvidas em diferentes épocas Keywords: Zea mays, green corn, plant populations, plant height, root biomass. O cultivo do milho na região Nordeste do Brasil é caracterizado por uma grande diversidade de sistemas de produção, que variam de grandes empresas (cultivares modernas e densidades de plantio relativamente elevadas) a pequenas propriedades (agricultura familiar, cultivares tradicionais e baixas densidades de plantio). O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da densidade de plantio (30; 40; 50; ou 70 mil plantas ha-1 - MPH) sobre o rendimento de espigas verdes das cultivares Centralmex (tradicional) e AG 510 (híbrido). As diferentes densidades foram obtidas mantendo-se 1,0 m entre fileiras e variando-se o espaçamento entre covas na fileira. As cultivares e densidades de plantio foram combinadas em um arranjo fatorial disposto no delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições e parcelas com quatro fileiras de 6,0 m. O número de espigas verdes aumentou com a densidade nas duas cultivares, mas de maneira significativamente mais intensa na cultivar AG 510. A cultivar AG 510 (com rendimento médio de 14,9 t ha-1 e rendimento máximo na densidade de 58 MPH) produziu significativamente mais espigas verdes despalhadas que a cultivar Centralmex (rendimento médio de 13,6 t ha-1 e rendimento máximo na densidade de 61 MPH). O rendimento de espigas verdes comercializáveis aumentou com a densidade de plantio nas duas cultivares, mas mais intensamente na cultivar AG 510, que superou significativamente a cultivar Centralmex a partir da densidade de 43 MPH. A diferença entre cultivares na densidade de plantio de 70 MPH foi 14,4 t ha-1. Não houve alteração significativa no número de espigas despalhadas comercializáveis na cultivar Centralmex. Porém, na cultivar AG 510, essa característica aumentou com a densidade de plantio. A diferença entre as cultivares tornou-se significativa a partir de 38 MPH. O comprimento da espiga despalhada diminuiu linearmente e de maneira similar em ambas as cultivares com o aumento da densidade de plantio. A densidade de plantio não influenciou as alturas da planta e de inserção da espiga, com superioridade da cultivar Centralmex para essas características em todas as densidades de plantio. Não existiu efeito de cultivares sobre o diâmetro do colmo e biomassa do sistema radicular e ambas características diminuíram linearmente com o aumento da densidade de plantio. Palavras-chave: Zea mays, milho verde, populações de plantas, altura de planta, biomassa do sistema radicular. (Recebido para publicação em 28 de novembro de 2005; aceito em 19 de abril de 2007) I n the Brazilian Northeast, corn (Zea mays L.) is grown for green ear production under dry land conditions or as an irrigated crop. The grains in the green ears are milky, having moisture content between 70 and 80%. Green 154 corn is a highly appreciated product by people in the Northeast, and is also used in the preparation of typical regional dishes. After the green ears are harvested, the husks are used as a feedstuff for cattle. The production of green ears is interesting for several reasons. The ears can be harvested in a very short time (70 to 75 days), and up to four annual crops can be obtained. If the grower does not intend to sell green ear corn, the dry grain can still be Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Effect of planting density on green ear yield of maize cultivars bred in different periods utilized. The crop almost does not present any disease or pest problems, and green ear, grain, and husk prices offer good compensation, especially during the off season. One of the characteristics of corn cultivation in the region is the great diversity of production systems. One can find from large companies, which adopt modern cultivars and relatively high planting densities, to small farms, where the practice of family agriculture is the norm, with traditional cultivars grown at low planting densities. Therefore, interest exists in considering both types of cultivars in studies involving suitable cultural practices for corn. Higher planting densities increase plant sterility and the interval between male and female blooms, and reduce the number of grains per ear more dramatically in older cultivars than in more modern ones (Sangoi et al., 2002). Some publications (Sangoi et al., 2002; Widdicombe & Thelen, 2002) have demonstrated the beneficial influence of higher planting densities on dry corn grain yield. With regard to green corn, few papers (Silva et al., 2002, 2003) have been found in the literature relating to this subject. These papers have shown that in common corn (Silva et al., 2003) or sweet corn (Silva et al., 2002), increases in green ear yield can be obtained by raising planting density. Planting density studies are also interesting to corn researchers for at least two reasons. Adequate planting densities can contribute towards significant grain yield increases for farmers (Cardwell, 1992). Secondly, because corn yield response to density depends on genotypic (Chandra & Gautan, 1997) and environmental influences (Bondavalli et al., 1970), and even negative responses of the crop to a given factor can be verified beyond certain limits. The objective of the present work was to evaluate the effects of planting density on green ear yield and other characteristics of two corn cultivars, one representing traditional cultivars and, the other, modern cultivars. MATERIAL AND METHODS The research was carried out in an area of the experimental farm Rafael Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Fernandes, located 20 km from the municipal seat of Mossoró, in the Brazilian Northeastern State of Rio Grande do Norte (5° 11' S latitude, 37° 20' W longitude, and 18 m elevation). The analysis of a soil sample from the experiment area, a Red Yellow Argisol (RYA), indicated: pH = 6.8; Ca = 1.80 cmolc -1.dm-3; Mg = 0.40 cmolc dm-3; K = 0.10 cmolc dm-3; Na = 0.01 cmolc dm3 ; Al = 0.00 cmolc dm-3; P = 25mg dm-3; Org. Matt. = 1.90 g kg-1. The soil was plowed by two harrowings, and was fertilized at sowing with 40 kg N (ammonium sulfate), 60 kg P2O5 (single superphosphate), and 40 kg K 2 O (Potassium chloride) per hectare. Seeding was performed on July 15th, 1999, and four seeds pit-1 were used. A replanting operation was performed six days after sowing to eliminate gaps of about 3%. A thinning operation was performed 26 days after sowing, leaving the more vigorous plants in each pit. Two cultivars (Centralmex and AG510) were submitted to densities of 30; 40; 50; 60; and 70 thousand plants ha-1. Cultivar Centralmex is an openpollinated variety, with yellowish semident grains, and tall late-producing plants. The original Centralmex is a cultivar with dent yellow grains and thick ears, in general showing 14 grain rows (Paterniani et al., 1977). Cultivar AG 510 is a modified triple hybrid with semi flint orange grains, and tall plants that produce earlier than Centralmex. The different densities mentioned were achieved by maintaining a constant spacing between rows (1.0 m) and varying the spacing between pits within the same row. Cultivars and plant populations were combined in a complete factorial scheme, arranged in a random block design with four replicates. Each plot consisted of four 6.0 m long rows. The useful area was considered as the space occupied by the two central rows, with the elimination of one pit at each end. Pest control was performed by means of two deltamethrin sprays (5.0 g ha-1 a.i.), at 23 and 29 days after sowing. Weed control was achieved by means of two hoeings, performed at 20 and 42 days after planting (DAP). Side dressing applications were performed at 28 and 44 DAP with 40 kg N ha -1 (ammonium sulfate). Harvest was performed in five steps, during the period from 75 to 85 DAP. Soil tillage was done with a tractor. Green corn yield was evaluated by the number and total weight of green unhusked ears, and by the number and weight of both marketable unhusked and husked ears. Ears with a length equal to or above 22 cm and without signs of attack by pests were considered as marketable unhusked ears. Ears with a length equal to or above 17 cm, displaying suitable grain set and health for selling purposes were considered marketable husked ears. After the green corn was harvested, the following characteristics were evaluated: plant and ear height, stalk diameter, fresh and dry matter weight of the above-ground part, root system dry matter weight, and marketable husked ear length. Except for green corn yield (usable plants in the plot), root system dry matter weight (plants of four pits), and ear length (all marketable husked ears), all other characteristics were estimated based on ten plants from the usable area of each plot. The distance from ground level to the insertion point of the highest leaf blade was considered as plant height. Ear height was considered as the distance from ground level to the first ear’s insertion node. Stalk diameter was measured with a caliper rule below the ear insertion node. The same ten plants used to estimate plant height, ear height, and stalk diameter, were weighed to evaluate fresh matter weight. Next they were ground in a forage chopper, and after the ground material was homogenized, a 500 g sample was separated and taken to an oven until constant weight was achieved, in order to evaluate dry matter weight of the above-ground part. In order to evaluate root system dry matter weight, a 25-cmdeep cut was made in the soil, at each of the four sides of each sampled pit; plants were then pulled vertically. After being washed, roots were ground and taken to an oven until constant weight was achieved. Analysis of variance for the data was carried out using SAEG (SAEG, 1997), while a software by Jandel (1992) was used in the regression analysis. 155 PSL Silva et al. Table 1. Planting density effects on green ear yield and other characteristics of maize cultivars Centralmex (traditional) and AG 510 (modern) (Efeitos da densidade de plantio sobre o rendimento de espigas verdes e outras características das cultivares de milho Centralmex (tradicional) e AG 510 (moderna)). Mossoró, UFERSA, 1999. NS = non-significant (não significativo); * = Significant, t test, p < 0.05 (significativo, teste t, p < 0,05); ** = Significant, t test, p < 0.01 (significativo, teste t, p < 0,01). RESULTS AND DISCUSSION There were effects of cultivars (C), planting density (D), and of the C x D interaction on total number of green ears. Although the responses of both cultivars were linear and positive as planting density increased, yield increases were higher in cultivar AG 510 as planting density increased, which explains the interaction. Considering that the Tukey test value for testing cultivars was 4.04 at 5% probability, it can be deducted that cultivar AG-510 became superior to cultivar Centralmex starting at a density of approximately 40 thousand plants ha-1 (Table 1). The total number of green ears ha-1 of cultivar Centralmex ranged 33,11 thousand (30 thousand plants ha-1) to 58,83 thousand (70 thousand plants ha -1 ). The corresponding values for cultivar 156 Centralmex were 35,02 and 69,46, respectively. There was an effect of cultivars (C) and densities (D), but not of the C x D interaction on total weight of unhusked green ears (Table 1). Cultivar AG-510, which produced 14.9 t ha-1 on average, was superior to cultivar Centralmex (13.6 t ha-1). Although no interaction effect was verified, the maximum yield for both cultivars would be obtained at densities of 58 thousand and 61 thousand plants ha -1 , respectively. Therefore, cultivar AG 510 supports slightly higher planting densities than the other cultivar, in relation to total green ear weight. An effect of cultivars x planting densities interaction was verified on the number of marketable unhusked ears (Table 1). Both cultivars responded to increased planting densities. However, the exponents for d indicate that increases in cultivar AG 510 were superior to increases in Centralmex, which explains why the interaction occurred. Cultivar AG-510 was superior to cultivar Centralmex at all planting densities tested. The difference at the planting density of 30 thousand plants ha-1 was 651 kg ha-1, while at the planting density of 70 thousand plants ha-1 the difference was 14,4 t ha -1 , approximately. Despite this fact, the difference between both cultivars only became significant in the density of 43 thousand plants ha -1, approximately. This can be inferred from the equations presented (Table 1) and from the Tukey test value (4,162 kg ha -1 ) in the comparison between cultivars. An effect of the cultivars x planting densities interaction was also verified for marketable unhusked green ear weight (Table 1). In this case, cultivar Centralmex did not respond with higher Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Effect of planting density on green ear yield of maize cultivars bred in different periods yields to increased planting densities, while the response of the other cultivar was quadratic, with a maximum value at the density of 58 thousand plants ha1 . Cultivar AG 510 was superior to cultivar Centralmex at all planting densities, but this superiority was only significant between densities of approximately 40 thousand plants ha-1 and 75 thousand plants ha-1, at which the difference between yields in both cultivars was higher than the value calculated by Tukey test at 5% probability (1,797 kg ha-1). Effects of cultivars (C), planting densities (D), and of the C x D interaction were observed for number of marketable husked green ears (Table 1). There was no response of cultivar Centralmex in relation to this trait, but cultivar AG 510 showed an increased yield as planting density increased. The difference between both cultivars became significant from 38 thousand plants ha-1 (with a Tukey test value of 6,275 plants ha-1), approximately. There was an effect of cultivars and planting densities, but not of the C x D interaction on husked green ear weight (Table 1). Maximum yields in cultivars AG 510 and Centralmex would be obtained at densities of 52 thousand plants ha-1 and 51 thousand plants ha-1, respectively. Cultivar AG 510 was superior to the other cultivar at all planting densities (equations on Table 1) and by the Tukey test value (1,274 kg ha-1). The effects of planting density on the characteristics employed to evaluate green corn yield observed in this work were in agreement with those obtained by other authors (Silva et al., 2003). Husked ear length decreased linearly and similarly in both cultivars as planting density increased (Table 1), in agreement with observations by other authors (Bavec & Bavec, 2002). This decrease is important because some growers frequently wish to use higher planting densities in order to obtain greater forage yield, which attains high prices during the off season. In fact, increasing planting density also increased fresh and dry biomass of the above-ground part in a similar way in both cultivars (Table 1). However, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 because husked ear length decreased as a consequence of increased planting densities, the decision to produce more forage must be made cautiously, taking into account at least the relative price of green ears and husks. This is because green ear length is one of the most important characteristics in sales. It must be pointed out that the adjusted fresh and dry biomass equations (Table 1) indicate that the increases in these characteristics became progressively smaller as planting density increased. This tendency of reduction in biomass with planting density increase is in good agreement with results by other researchers (Maddoni & Otegui, 2004). Fresh and dry biomass of the aboveground part were greater in cultivar Centralmex, i.e., in the more ancient cultivar. Planting density did not influence plant height and ear height (Table 1). Cultivar Centralmex was superior to the other cultivar with regard to both characteristics, at all planting densities. Incidentally, this superiority of Centralmex with regard to plant height must have contributed to its fresh and dry biomass superiority in the aboveground part (Table 1). As a result of increased planting density, plant height in corn may remain unchanged (Bangarwa et al.; 1993) or may be influenced either positively (Merotto Junior et al.; 1997) or negatively (Silva et al.; 2003). The discrepancies in relation to planting density effects on plant height are certainly due to the different planting densities tested by different authors, among other environmental factors, but also resulted from the characteristics of the evaluated cultivars. There was no effect of cultivars on stalk diameter and root system biomass (Table 1). Both characteristics decreased linearly as planting density increased. The number of tassel branches also decreased in both cultivars. The number of tassel branches in cultivar Centralmex was higher than in the other cultivar at all planting densities, but no interaction effect was observed. The planting density effects were different, therefore, for the evaluated characteristics (Table 1). At the range of the studied densities, total green ear yield increased as planting density increased; however, in the case of marketable green ears, these increments were smaller or even absent (for some characteristics in cultivar Centralmex), or a yield decrease was verified after a maximum value was reached. Similar observations can be made for other plant characteristics. The negative effects of increasing plant density (on stalk diameter and root system dry biomass) or from an optimal density (marketable unhusked ear weight and number and weight of marketable husked ears in cultivar AG 510) could be mainly due to a reduced availability of nutrients and light, since no competition for water was expected to occur due to the use of irrigation. However, other factors could be involved. Soil water content is higher in corn plots infested with weeds than in plots that are kept weed-free (Thomas & Allison, 1975). This could be a suggestion that, in planting density studies, the negative effects of increased densities may not be caused only by water availability, but also by a reduced capacity of the root system in absorbing water. It also suggests that, even in irrigated crops, increased planting densities could reduce yields by reducing the root system’s capacity to absorb water. As previously mentioned, the increase in planting density reduced the root system of both cultivars linearly (Table 1). Similar reasoning as suggested for water competition could be applied to competition for nutrients and light. In relation to light, the smaller yields observed at higher densities could be due to smaller photosynthetic rates, caused by mutual shading, but also by a smaller leaf area produced and/or by accelerated leaf senescence. An increased planting density increases light attenuation in the corn canopy (Borras et al., 2003), reduces leaf area index (LAI) (Bavec & Bavec, 2002), and increases leaf senescence (Borrás et al., 2003). Last, it must be mentioned that an increased planting density influences the quality of the light that is received by the leaves. Due to the fact that absorption by green tissues is more intense at wavelengths corresponding to blue (400 157 PSL Silva et al. – 500 nm) and red (600 – 700nm), and that reflection is more intense at the nearred region (700 – 800 nm), the red:nearred ratio that reaches the base of the plant is reduced at high leaf area indices (Holmes & Smith, 1977). Many species present an increase in leaf senescence under environments enriched with nearred radiation or with a low red:near-red ratio (Borras et al., 2003). Among the six characteristics used to evaluate green corn yield, an interaction effect between cultivars × planting densities occurred in four of them (Table 1). A superiority of cultivar AG 510, that is, of the cultivar considered more modern, was observed in relation to these four characteristics. The superiority of current cultivars in relation to older cultivars is attributed (Sangoi et al., 2002) to three groups of characteristics. First, a reduced allocation of dry matter to tassels, stimulating a more balanced allometric relation between male and female inflorescences. Second, a more compact architecture, represented by smaller plants and a greater number of erect leaves, favoring an increase in solar radiation interception. Third, a small ear height/plant height ratio, to promote higher resistance to lodging. As a matter of fact, in the present work, cultivar Centralmex, which is older and generally less productive, showed larger tassels than the other cultivar at all planting densities (Table 1). The competition effect for nutrients and carbohydrates between ear and tassel will be so much more severe as will the environment’s adverse conditions (Magalhães et al., 1993), and this includes higher planting densities. In addition, large tassels cause leaf shading. In this work, leaf traits were not evaluated, but cultivar Centralmex also showed larger plants, which would be less desirable also under higher planting densities (Sangoi et al., 2002). It is possible that another factor, related to the genetic nature of the cultivars evaluated, is involved in the superiority of cultivar AG 510 in relation to cultivar Centralmex. Evidence exists that from the initial plantlet stages, corn plants have the ability to detect neighboring plantlets by means of red/near-red 158 signals, and can change their dry matter allocation and morphology (Maddoni et al., 2002). This means that hierarchies are established early between plants, indicating a distinct ability to capture resources, originating from a differential capacity to detect neighboring plants. Within this context, dominant plants seem to have an improved perception of neighboring plants, which would help them develop shading-avoidance characteristics (as, for example, faster growth and a more convenient leaf orientation) sooner than dominated plants (Maddoni & Otegui, 2004). Maybe this competition process between plants could be more intense in cultivar Centralmex (which is genetically less uniform, since it is a free-pollination cultivar) than in cultivar AG 510 (triple hybrid). It can be therefore concluded that, in both cultivars, increased planting densities positively and similarly influenced fresh and dry biomass in the above-ground part of plants, as well as total weight and marketable husked ear weight. Increased planting densities had a negative effect on husked green ear length, stalk diameter, root system dry biomass, and number of tassel branches, but did not influence plant height and ear height. The cultivars had different behaviors as a response to increased planting densities, with regard to total number of ears, number and weight of marketable unhusked ears, and number of marketable husked ears. Cultivar AG 510 showed a better response than cultivar Centralmex to planting density increases, in relation to characteristics used to evaluate green corn yield. The cultivars did not differ with respect to ear length, stalk diameter, and root system biomass, but cultivar Centralmex showed larger plants and tassels and greater ear height. REFERENCES BANGARWA AS; KAIRON MS; MOR BS. 1993. Effect of plant density and levels of nitrogen on the growth analysis of winter maize (Zea mays L.). Crop Research 6: 5-16. BAVEC F; BAVEC M. 2002. Effect of plant population on leaf area index, cob characteristics, and grain yield of early maturing maize cultivars (FAO 100-400). European Journal of Agronomy 16: 151-159. BONDAVALLI B; COLYER D; KROTH EM. 1970. 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Área foliar e número de flores de nastúrcio sob duas densidades de plantio. Horticultura Brasileira 25: 159-163. Área foliar e número de flores de nastúrcio sob duas densidades de plantio Sidinei José Lopes1; Betânia Brum1,4; Valdecir José dos Santos1; Evanisa Fátima RQ Melo2; Osmar S dos Santos1; Mara Rúbia M Couto3 1 UFSM, Depto.Fitotecnia, Av. Roraima, s/n, 97105-900 Santa Maria-RS; 2UPF, Campus I, BR 285, km 171, 99001-970 Passo Fundo-RS; UFSM, Depto.Estatística; 4Bolsista FAPERGS; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 RESUMO ABSTRACT Estimou-se a área foliar do nastúrcio (Tropaeolum majus L.) por métodos não destrutivos e determinou-se a variação temporal da área foliar e do número de flores sob duas densidades de plantas em dois experimentos, em estufa plástica, na UFSM. No primeiro experimento calculou-se a área foliar a partir da análise de 50 folhas, provenientes de dez plantas, através de imagens digitais, relacionandoa à estimativa da área foliar feita a partir de discos foliares. Correlacionou-se também a área foliar à medida de quatro diagonais das folhas: medida sobre a nervura principal, perpendicular à nervura principal e duas medidas transversais à nervura principal. Obteve-se coeficiente de determinação (r2) de 0,94 (p < 0,05) entre as medidas obtidas através de discos foliares e de fotos digitais. A área foliar = 0,8906x2, em que x = medida sobre a nervura principal, apresentou o maior coeficiente de determinação (r2 = 0,99; p<0,05), das quatro diagonais testadas. No segundo experimento, foram utilizadas duas densidades de plantio: 0,60 m entre plantas x 0,50 m entre linhas, e 0,30 x 0,25 m. De cada densidade, estimou-se a área foliar da planta através da equação ajustada com a medida da diagonal principal de todas as folhas maiores que 5 cm de quatro plantas, ajustando-se modelos logísticos para a variação temporal da área foliar e do número de flores por planta (avaliado a partir de flores colhidas em 1 m2). A menor densidade de plantio proporcionou maior área foliar por planta (6932 cm2), com máximo em 47 dias após o plantio (DAT) e 695 graus-dia (GD), que a maior densidade (3129 cm2), que apresentou máximo 42 DAT e 622 GD. O florescimento ocorreu antes das plantas atingirem o máximo de área foliar e a maior produção de flores foi obtida na maior densidade de plantas. Leaf area and flower number of nasturtium in two plant densities Palavras-chave: Tropaeolum majus, modelos de crescimento, densidade de plantas. Two experiments were conducted in a plastic greenhouses in Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brazil, to estimate the nasturtium (Tropaeolum majus L.) leaf area through non destructive methods, as well as to study the leaf area and flower number variation in time, in two planting densities. In the first experiment, leaf area was assessed using 50 leaves harvested out of ten plants through digital image. This calculated value was then compared to leaf area estimation obtained using leaf disks. In addition, leaf area was correlated to the following leaf diagonals: main rib, perpendicular to the main rib, and two transversal measures to the main rib. A determination coefficient (r2) of 0,94 (p<0,05) was obtained for leaf area calculated through digital images and leaf disks. The leaf area formula 0,8906x2, where x corresponds to the measure on the main rib, presented the largest determination coefficient (r2 = 0,99; p<0,05) among the four tested diagonals. In the second experiment, two plant densities were tested: 0.60 x 0.50 m and 0.30 x 0.25 respectively between plants and rows. For each plant density, leaf area was estimated using the equation adjusted for the length of the main rib. Main rib was measured in all leaves larger than 5 cm of four plants. Logistics models were adjusted for leaf area and flower number variation in time. Flowers were harvested in 1 m2. The smallest plant density provided a leaf area for plant (6932 cm2), with maximum at 47 days after transplanting (DAT) and 695 degree-day (GD), larger than the largest density (3129 cm2), with maximum at 42 DAT and 622 GD. Blooming took place before plants reached the maximum leaf area and the largest flower production was obtained in the largest plant density. Keywords: Tropaeolum majus, growth models, plant density. (Recebido para publicação em 11 de novembro de 2005; aceito em 30 de abril de 2007) O nastúrcio (Tropaeolum majus L.), planta da família Tropaeolaceae, é uma trepadeira anual, herbácea, com caule circular, folhas inteiras, peltadas, alternas e verdes, e flores grandes e vistosas, variando do amarelo ao vermelho (Martins et al., 1994). As folhas e flores têm sabor picante (compostos sulfurados), sendo de uso ornamental, alimentício e terapêutico. O nastúrcio é utilizado como digestivo, depurativo e cicatrizante, além de combater o escorbuto, devido ao alto teor de vitamina C (Martins et al., 1994). Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 As comprovadas propriedades medicinais do nastúrcio têm despertado enorme interesse em estudos na área fitoquímica. No entanto, estudos sobre aspectos agronômicos dessa planta são escassos no Brasil, apesar do nastúrcio ser uma excelente alternativa de cultivo para pequenos produtores, visando suprir as necessidades de restaurantes e da indústria farmacêutica. Em trabalhos recentes, foram encontradas relações importantes entre espaçamento e o crescimento de nastúrcio (Ferreira et al., 2000; Ramos et al., 2003). O espaçamento entre plantas afeta várias características associadas à produtividade das culturas, incluindo a produção de flores e a área foliar. A área foliar é um dos parâmetros mais importantes na avaliação do crescimento das plantas, pois sua determinação adequada durante o ciclo da cultura possibilita modelar o crescimento e o desenvolvimento das plantas e, em conseqüência, a produtividade e a produção total da cultura (Teruel, 1995). Auxilia, ainda, na definição da época ideal de semeadura e transplante, uma 159 SJ Lopes et al. vez que, se não for considerada a intervenção de outros fatores, as culturas devem ser semeadas de modo que os valores máximos do índice de área foliar coincidam com a época de elevada radiação, quando a fotossíntese líquida será máxima (Galvani et al., 2000). Entre os métodos para determinar a área foliar, os não destrutivos permitem a repetição das medidas durante o período de crescimento, reduzindo alguns erros experimentais associados a procedimentos amostrais destrutivos (Nesmith, 1992). Os destrutivos, muitas vezes, limitam a quantidade de efeitos de tratamentos a serem estudados em um experimento, quando o número de plantas é limitado. O uso de equações de regressão para estimar a área foliar é um método não destrutivo, simples, rápido, preciso e confiável. O procedimento usual deste método envolve medidas do comprimento, largura e das áreas de amostras de folhas e, em seguida, a obtenção dos coeficientes de regressão que relacionam as medidas lineares com a área da folha (Wiersma & Bailey, 1975). Preciso e simples, este método matemático elimina a necessidade do uso de medidores e reconstruções geométricas e reduz o tempo para medições (Gamiely et al., 1991). O objetivo deste trabalho foi obter equações que permitam estimar a área foliar do nastúrcio por métodos não destrutivos, além de determinar a variação temporal da área foliar e do número de flores sob duas densidades de plantas. MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois experimentos, de março a dezembro de 2003, na Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria (29º41’25" S, 53º48’42" W, 95 m de altitude). Seu clima, de acordo com Köeppen, é do tipo Cfa, temperado chuvoso, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano e subtropical do ponto de vista térmico. A temperatura média anual é de aproximadamente 19,3ºC e umidade relativa média do ar de 78,4%. Julho é considerado o mês mais frio, com valor médio das temperaturas mínimas de 9,3ºC e, janeiro, o mês mais quente, com média das temperaturas máximas de 31,8ºC. 160 Os experimentos foram instalados no interior de estufa plástica de 10 x 25 m, modelo túnel alto (Santos, 2000), coberto com cloreto de polivinil (PVC) plastificado com espessura de 0,2 mm, aditivado contra os raios ultravioletas. As mudas de nastúrcio foram produzidas no substrato comercial Plantmax, em bandejas com 128 células, e também em espuma fenólica, com uma semente por cubo de 2 ´ 2 ´ 2 cm, colocados em perfis de polipropileno por onde circulava a solução nutritiva recomendada para alface (Castellane & Araújo, 1995), diluída para 25%. A reposição de água foi feita diariamente e, a correção do pH, a cada dois dias, mantendo-o entre 5,5 e 6,5. Quando necessário elevar o pH, utilizou-se hidróxido de sódio (NaOH 0,3N); para reduzi-lo, ácido sulfúrico (H2SO4 10%). As mudas foram transplantadas com quatro a cinco folhas e altura em torno de 10 cm para canteiros de 6,70 x 0,90 m, constituídos por calhetões de fibrocimento de 0,40 m de profundidade. Os canteiros foram preenchidos com mistura de substrato comercial Plantmax e solo, na proporção de 1:1, e cobertos com plástico dupla face, perfurados no espaçamento utilizado para as plantas. A irrigação foi realizada por gotejamento, com a inserção de espaguetes perfurados a cada 0,25 m, logo abaixo do plástico dupla-face. Não foi utilizado nenhum defensivo químico. Durante os dois primeiros meses do ciclo da cultura, utilizou-se a fertirrigação com solução para alface (Castellani & Araújo, 1995), diluída a 50%, e, após este período, foi utilizada a solução uma vez por semana, mantendo-se a cultura em condição não limitante de água. O primeiro experimento, realizado em março de 2003, foi conduzido em canteiro (calhetão com substrato) sob a estufa, até aproximadamente 45 dias de cultivo. Foram utilizadas 50 plantas, das quais foram sorteadas dez, de onde foram retiradas 50 folhas de diferentes tamanhos. As 50 folhas foram fotografadas individualmente com máquina digital e, após, foi determinada a área foliar pelo método destrutivo, utilizando discos foliares. As fotos foram processadas no programa computacional Sigma Scan Pro v. 5.0, Jandel Scientific, San Rafael, CA, para a obtenção da área de cada folha. A área foliar estimada a partir das imagens foi então relacionada àquela determinada pelos discos foliares, através do coeficiente de correlação de Pearson. Para identificar a medida linear da folha que melhor estima a área foliar, utilizou-se a análise de regressão não linear, em que a área das 50 folhas obtidas por foto digital foi considerada a variável dependente e as medidas diagonais da folha, mensuradas com régua milimetrada, as variáveis independentes. As medidas diagonais foram: medida sobre a nervura principal (d1), perpendicular à nervura principal (d2) e duas transversais à nervura principal (d3 e d4) (Figura 1). Diante das inúmeras funções ajustadas pelo programa Table Curve, os critérios para escolha das funções que melhor relacionam a medida linear com a área foliar foram menor número de parâmetros e maior coeficiente de determinação. Para caracterizar a variação temporal da área foliar e do número de flores foi realizado um segundo experimento, com a produção de mudas realizada em maio de 2003. Foram utilizados quatro canteiros, com as mesmas condições do primeiro experimento, porém com duas densidades de plantio: 0,60 m entre plantas com 0,50 m entre linhas e 0,30 m entre plantas com 0,25 m entre linhas. De cada densidade foram sorteadas e marcadas quatro plantas, cujas folhas maiores que 5 cm de diâmetro tiveram a diagonal identificada no primeiro experimento como melhor estimador da área da folha mensurada com régua milimetrada, uma vez por semana até o início da produção de frutos. Com as temperaturas máximas e mínimas do ar do período pós-transplante calculou-se a temperatura média e os graus-dias acumulados, que, uma vez relacionados à área foliar de cada densidade, permitiram desenvolver modelos de crescimento. Durante o florescimento foram marcadas aleatoriamente áreas de um metro quadrado em cada densidade de plantio, de onde as flores foram colhidas semanalmente, quantificando a sua produção, bem como a variação temporal do florescimento nas duas densidades de plantio. Utilizou-se o programa Table Curve 2D, Jandel Scientific, San Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Área foliar e número de flores de nastúrcio sob duas densidades de plantio Tabela 1. Equações exponenciais relacionando a área foliar (Y), obtida por foto digital, com quatro diagonais (di) medidas em amostras de 50 folhas de nastúrcio (Exponential equations relating leaf area (Y), obtained by digital photos, with four diagonal measures (di) in samples of 50 nasturtium leaves). Santa Maria, UFSM, 2005. * Significativo, p < 0,05 (significant, p < 0,05). Tabela 2. Modelos logísticos de variação temporal da área foliar (AF) estimada de nastúrcio, em ambiente protegido, em função do número de dias após o transplante (DAT) e da soma térmica (GD) (Logistic models of estimation of leaf area (LA) variation in time, in greehouse, as function of number of days after the transplant (DAT) and thermal sum (GD)). Santa Maria, UFSM, 2005. * significativo, p < 0,05 (significant, p < 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1. Folha de nastúrcio com quatro diagonais (d1, d2, d3 e d4) utilizadas como variáveis independentes para estimar a área foliar (Nasturtium leaf with the four diagonals – d1, d2, d3, and d4 – used as independent variables to estimate leaf area). Santa Maria, UFSM, 2005. Rafael, CA, para encontrar os modelos que relacionam o número de flores ao número de dias após o transplante, com os mesmo critérios de ajuste adotados no primeiro experimento. Além destes critérios, os modelos ajustados entre área foliar e soma térmica e área foliar e dias após o transplante seguiram o pressuposto de que a variação temporal da área foliar deve apresentar um crescimento de forma sigmoidal. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Relacionando-se as medidas obtidas pelo método destrutivo, por meio de discos foliares, com as medidas obtidas pelas fotos digitais, obteve-se coeficiente de determinação (r2) de 0,94 (p<0,05), sendo vantajosa a utilização das imagens digitais pela rapidez, facilidade e por não constituirem um método destrutivo. Deve-se ressaltar que a utilização de discos foliares tem sido contestada para mensuração de área foliar, pois na comparação com o método de referência LICOR, na cultura do cafeeiro, a utilização de discos foi considerada menos precisa e exata (Tavares Júnior et al., 2002). Relacionando as medidas diagonais da folha com as respectivas áreas foliares obtidas pelas fotos digitais, obteve-se um modelo exponencial para cada diagonal (d1, d2, d3 e d4) (Tabela 1), todos com bom ajuste (r2>0,99), indicando que todos os modelos podem ser utilizados para estimativa da área foliar do nastúrcio (Figura 1). Queiroga et al. (2003), trabalhando com feijãode-vagem, também obtiveram melhor ajuste (r2 = 0,98) e precisão para a estimativa da área foliar através de modelo exponencial, utilizando como variável independente a largura do folíolo central. Já para a espécie Tridax procumbens, a função exponencial foi a que menos explicou a relação entre a área foliar e o produto do comprimento pela largura da folha, com r2 de aproximadamente 0,80 (Bianco et al., 2004). A precisão de equações para estimativa de área foliar, dentre as várias possibilidades de combinações entre parâmetros dimensionais e modelos de regressão, relaciona-se não só com o formato da folha, mas também com sua variação durante o crescimento da planta. Vale ressaltar que a variação da forma da folha é uma característica da espécie e está associada às condições ambientais de crescimento, como foi observado em Lycopersicon esculentun (Dumas, 1990) e Curcubita pepo L. (Silva et al., 1998). Para a estimativa da variação temporal da área foliar em função de dias após o transplante (DAT), utilizou-se a equação ajustada para o diâmetro medido sobre a nervura principal (d1). Segundo os critérios pré-estabelecidos, ou seja, menor número de parâmetros, maior coeficiente de determinação e crescimento de forma sigmoidal, ajustou-se o modelo logístico: Área Foliar = 4*a*n/(1+n)2, em que: n = exp (-(DATb)/c). Os parâmetros “a” e “b” do modelo têm algumas interpretações biológicas associadas, em que o parâmetro “a” representa o valor máximo esperado para a variável-resposta e, o “b”, é o valor da variável independente correspondente ao máximo da variável resposta (Tabela 2). Na menor densidade (0,60 x 0,50 m), encontrou-se maior área foliar por planta do que na maior densidade (0,30 x 0,25 m) (Figura 2a). A menor área foliar encontrada na maior densidade pode ser explicada pela maior competição entre plantas por luz, água e nutrientes, sendo que o máximo da área foliar ocorreu aos 47 e 42 dias após o transplante (DAT) para as densidades 0,60 x 0,50 m e 0,30 x 0,25 m, respectivamente. Os resultados encontrados concordam com Ferreira (2000) que, analisando características do crescimento de nastúrcio, cultivar Jewel, sob os espaçamentos de 0,20; 0,30 e 0,40 m entre plantas e 0,60 m entre fileiras, encontrou maior área foliar (15.000 cm2) para plantas culti161 SJ Lopes et al. A B C Figura 2. Variação temporal da área foliar e do número de flores de nastúrcio para duas densidades de plantio: 0,60 x 0,50 m (D1) e 0,30 x 0,25 m (D2) (Leaf area and flower number variation in time for two planting densities: 0,60 x 0,50 m (D1) and 0,30 x 0,25 m (D2). Santa Maria, UFSM, 2005. vadas no espaçamento de 0,30 m entre plantas. No entanto, a autora observou o máximo da área foliar 105 DAT. O modelo de crescimento que estimou a área de folha por planta, para os 162 dois espaçamentos em função da variável independente graus-dia (GD), foi o mesmo modelo da relação área foliar e dias após o transplante (Figura 2b). A soma térmica necessária para o nastúrcio atingir o máximo crescimento vegetativo variou de acordo com a densidade considerada, sendo que, na maior densidade, as plantas atingiram a máxima área foliar (3129 cm2) com menor soma térmica (622 GD) do que na menor densidade (695 GD), em que obteve uma área foliar máxima estimada de 6932 cm2. Segundo Lyra et al. (2003), o empirismo, associado à variável independente DAT, limita a aplicação dos resultados para condições ambientais semelhantes. Dessa forma, a utilização da soma térmica permite maior generalização dos resultados. Relacionando-se o número de flores produzidas do 42o.até 89o.DAT obtiveram-se equações lineares simples (Figura 2c). Na menor densidade (0,60 x 0,50 m), o florescimento teve início antes da planta atingir a área foliar máxima e, apesar da maior área foliar por planta em relação à maior densidade (0,30 x 0,25 m), o número de flores produzidas foi menor. O fato da produção máxima de flores por área ter sido obtida na maior densidade de plantas indica que a competição entre plantas existente não foi suficiente para reduzir o número de flores. Considerando-se que a flor é o produto final desejado, é importante verificar que é possível produzir maior quantidade de flores em menor espaço, fato que está de acordo com a necessidade de otimização de espaço disponível em ambiente protegido. Com relação ao número de dias até o florescimento, Ferreira (2000) encontrou resultado semelhante utilizando o nastúrcio, cultivar Jewel, onde o início do florescimento ocorreu 45 DAT e, de frutificação, 70 DAT. Já em trabalho avaliando a produção de flores da cultivar Jewel sob populações de 80.000; 100.000 e 120.000 plantas ha-1 e arranjos de plantas em duas ou três fileiras simples no canteiro (0,54 m entre duas e 0,36 m entre três fileiras), a autora observou que a produtividade de flores (no.flores planta-1) não foi influenciada por estes tratamentos. No entanto, houve incremento na produção da massa seca de frutos na menor população e, apesar da produtividade de flores ser semelhante para as populações e arranjos estudados, a autora indicou o arranjo de plantas em duas fileiras como o Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 SJ Lopes et al. mais adequado, com a finalidade de facilitar a operação de colheita para o agricultor. Ramos et al. (2003) também não encontraram influência do espaçamento no número e massa seca de flores do nastúrcio para os espaçamentos de 0,30 e 0,40 m entre plantas e 0,36 m entre fileiras. Os resultados apresentados neste trabalho permitem concluir que: as medidas sobre a nervura principal, perpendicular à nervura principal e as duas medidas transversais à nervura principal, podem ser utilizadas para estimativa da área foliar de nastúrcio; quanto menor a densidade de plantio maior é a área foliar por planta e mais tempo a planta leva para atingir o crescimento máximo; e, o florescimento ocorre antes da planta atingir o máximo da área foliar, enquanto que a maior produção de flores por área é obtida na maior densidade de plantas, mesmo com menor área foliar por planta. REFERÊNCIAS BIANCO S; PITELLI RA; CARVALHO LB. 2004. Estimativa da área foliar de Tridax procumbens usando dimensões lineares do limbo foliar. Planta Daninha 22: 247-250. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 CASTELLANE PD; ARAÚJO JAC. 1995. Cultivo sem solo: hidroponia. Jaboticabal: FUNEP. 43p. DUMAS Y. 1990. 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Castellane km 5, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Visou-se estabelecer a relação entre a infestação da traça-dotomateiro, Tuta absoluta, na planta e adultos capturados em armadilhas com feromônio sexual e a produtividade, para avaliar a influência da infestação na produção da cultura do tomate e aperfeiçoar a tomada de decisão de controle pela densidade de adultos. Armadilhas com feromônio sexual foram instaladas e avaliadas duas vezes por semana, em três áreas de cultivo comercial de tomateiro em São Paulo (Mogi-Guaçu, Tambaú e Sorocaba), em sistema estaqueado, divididas em áreas experimentais com cerca de 18.000 plantas cada (1,5 ha). Nas mesmas datas foi avaliada a infestação de pragas nas plantas, estendendo-se até o término da colheita. A produtividade foi definida pelo total de caixas (24 kg) comercializadas/1.000 plantas. A relação entre a produção da cultura do tomate e a infestação de T. absoluta na planta ou nas armadilhas com feromônio foi expressa por uma equação linear e negativa. A ocorrência de adultos nas armadilhas e a infestação da praga em plantas foram relacionados significativamente com a redução da produtividade. O nível de controle de T. absoluta através do monitoramento com feromônio sexual foi de 45 ± 19,50 insetos/dia na armadilha. Decision making for integrated pest management of the South American tomato pinworm based on sexual pheromone traps Palavras-chave: Tuta absoluta, Lycopersicon esculentum, monitoramento, nível de controle. Keywords: Tuta absoluta, Lycopersicon esculentum, monitoring, action level. The relationship between the productivity and the infestation of Tuta absoluta on tomato plants and adults caught in sexual pheromone traps was established to evaluate the effect of pest infestation on yield losses as well as on adults’ density for decision-making improvement. Sexual pheromone traps were installed in three commercial fields of tomato in São Paulo State, Brazil (Mogi Guaçu, Tambaú and Sorocaba counties) with experimental plots of 18,000 plants each (1.5 ha). The presence of insects in the traps as well as the infestation on plants were evaluated twice a week on the same dates. The evaluations took place until harvesting. The productivity was expressed as marketable boxes of 24 kg/1000 plants. The relationship between tomato production and pest infestation on plants or pheromone traps was linear and negative. The adults’ occurrence on traps and plant infestation showed an influence on yield losses. The action level of T. absoluta with sexual pheromone traps was 45 ± 19.50 insects daily. (Recebido para publicação em 15 de janeiro de 2006; aceito em 2 de maio de 2007) A traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae), é um dos principais lepidópteros-praga na cultura do tomate, devido ao potencial de infestação nas folhas, ramos terminais e frutos, com redução da produção destinada ao comércio e indústria (Haji et al., 1988). Assim, além de afetar indiretamente a produção pela redução de área foliar, concorre diretamente para a redução de produtividade por inutilizar os frutos (Gravena, 1991; Picanço et al., 1997). As infestações da traça-do-tomateiro são mais intensas no período de frutificação da cultura, pois as lagartas ao permanecerem no interior dos frutos não são afetadas pelas ações de controle. Com isso, ocorre a emergência de adultos e a reinfestação das partes vegetativas e reprodutivas das plantas (Gravena, 1991). O controle químico é a principal tática de manejo desta praga nas regiões 164 produtoras (Souza et al., 1992). As aplicações e as misturas de inseticidas na cultura do tomate são programadas em função do estágio fenológico favorável ao ataque das pragas (Gravena & Benvenga, 2003). Nos cultivos comerciais, em casos extremos, são realizadas até 36 aplicações de inseticidas durante o ciclo da cultura para o controle de T. absoluta e de outros artrópodes pragas (Souza et al., 1992). O sistema preventivo de controle fitossanitário, além de onerar o custo de produção, aumenta os riscos de intoxicação dos aplicadores e de contaminação do meio ambiente. O consumidor final também pode ser indiretamente afetado pela depreciação da qualidade nutricional do alimento, contendo resíduos acima dos limites toleráveis para o consumo (Gravena, 1984). Além disso, a constante pressão de seleção exercida pelos inseticidas tem favore- cido o desenvolvimento de populações de pragas resistentes (Omoto, 2000). O manejo integrado de pragas apresenta como uma de suas bases a amostragem de pragas pois, definindose as espécies e os respectivos índices de infestação, torna-se possível uma definição mais criteriosa das táticas de controle. Gravena & Benvenga (2003) sugerem que nos cultivos em sistema de manejo integrado seja feita a amostragem de ovos e lagartas da traça-do-tomateiro nas partes vegetativas e reprodutivas das plantas. Picanço et al. (1995) ressaltam a importância da amostragem de ovos da traça-do-tomateiro, pois a eficiência dos inseticidas é maior antes da penetração da praga no interior dos órgãos da planta. Gomide et al. (2001) comentam que o monitoramento de ovos é vantajoso, pois além de ser o primeiro indício da presença da praga na planta, torna-se Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tomada de decisão de controle da traça-do-tomateiro através de armadilhas com feromônio sexual possível o uso isolado de inseticidas biológicos visando o controle de lagartas recém eclodidas ainda nesta fase de maior vulnerabilidade. A técnica de amostragem de pragas na cultura do tomate já é consolidada na pesquisa e está em desenvolvimento nos cultivos comerciais. Entretanto, o nível de detalhamento exigido para a amostragem da traça-do-tomateiro em plantas é o principal ítem que define o rendimento do inspetor de pragas em campo. Portanto, novas tecnologias devem ser pesquisadas, como a utilização de armadilhas contendo o feromônio sintético para a amostragem do nível populacional de insetos (Bento, 2000). Esta estratégia visa estabelecer métodos rápidos, práticos e confiáveis, valorizando sobremaneira o manejo integrado de pragas. Na cultura do tomate as armadilhas podem ser empregadas para determinar a migração de adultos da traça-dotomateiro (Vilela et al., 1995; Eiras et al., 1995; Vilela, 1997). A fase adulta é considerada como o primeiro indício da presença da praga na cultura, favorecendo a ação dos inseticidas e dinamizando as tomadas de decisão de controle. Bento (2000) ressalta que os estudos que correlacionam o número de insetos capturados na armadilha e a infestação da praga na planta são de grande valia para que medidas de controle sejam tomadas, a fim de se evitar ou reduzir danos. Entretanto, para a traça-do-tomateiro os estudos com feromônio sexual concentraram-se apenas na avaliação de atratividade de machos em condições de cultivo protegido (Guedes et al., 1996) e campo (Uchoa-Fernandes & Vilela, 1994; Gomide et al., 2001). O presente trabalho teve por objetivo estabelecer a relação entre a infestação da traça-do-tomateiro, Tuta absoluta, na planta, bem como o número de adultos capturados em armadilhas contendo feromônio sexual, com a produtividade. Esta estratégia permitirá avaliar a influência da infestação na produção da cultura do tomate e aperfeiçoar a tomada de decisão de controle pela densidade de adultos. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em três áreas de cultivo comercial de tomate, em sisteHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ma estaqueado de condução com fileiras duplas, sendo divididas em áreas experimentais retangulares, com número aproximado de 18.000 plantas, equivalendo a uma área de 1,5 ha, durante o ciclo de inverno do ano de 2002 (Tabela 1). Para o monitoramento de adultos, em cada área experimental, foram instaladas nos vértices opostos duas armadilhas do tipo Delta com septo de látex impregnado com feromônio sexual ISCAlureTUTA (ISCA Tecnologias Ltda, Ijuí, RS). As armadilhas foram fixadas em haste de bambu de modo a manter a altura cerca de vinte centímetros acima das plantas. Portanto, de acordo com o estágio fenológico, as armadilhas eram movidas verticalmente. Os septos com o feromônio foram substituídos mensalmente e os fundos descartáveis em intervalos quinzenais após a instalação das armadilhas. Os insetos capturados nas armadilhas foram contados e retirados com o auxílio de uma pinça em intervalos de três a cinco dias. O índice de infestação da traça-dotomateiro foi obtido em 60 plantas de cada área experimental em avaliações realizadas nas mesmas datas em que houve verificação das armadilhas, sendo que foram amostrados 12 pontos de cinco plantas consecutivas (Gravena, 1991). Os pontos foram escolhidos aleatoriamente. As folhas em desenvolvimento no ponteiro foram avaliadas visualmente para a detecção de ovos (Haji et al., 1998; Gomide et al., 2001), além do ramo apical para a detecção de lagartas (Espinosa, 1991). No terço mediano foi avaliada uma folha com sintoma de ataque para a detecção de lagartas vivas (Rego Filho, 1992; Moreira et al., 1997; Gomide et al., 2001). As pencas contendo frutos com diâmetro médio de dois centímetros foram avaliadas para a detecção de ovos, sintomas de ataque e infestação por lagartas. Todas as avaliações foram conduzidas até a colheita. Nas três localidades a colheita foi realizada separadamente em cada área experimental. A produtividade de cada área foi expressa em caixas de 24 kg de tomate comercial/1000 plantas cultivadas, desconsiderando-se a classificação final. Os dados de produtividade de cada área experimental e os respectivos índices de infestação de T. absoluta no ponteiro, folha e fruto foram submetidos à análise de regressão linear utilizandose o procedimento PROC REG (SAS Institute, Cary, NC, USA). Os índices de infestação nas partes vegetativas e reprodutivas foram acumulados diariamente, para expressão simultânea da intensidade e duração da infestação, conforme a metodologia proposta por Ruppel (1983). A terminologia de inseto-dia é recomendada para estudos de manejo de pragas com controle químico, pois representa através de uma única equação a combinação entre a densidade de indivíduos remanescentes da pulverização e o período em que ainda permaneceram ativos. Controle da população de artrópodes pragas Com a determinação dos índices de infestação foi estabelecido o controle químico nas áreas experimentais quando os índices médios atingiam 5% de plantas com presença de ovos nos frutos ou 25% de plantas com ovos ou lagartas no ponteiro ou 25% de plantas com lagartas nas folhas do terço mediano. Inseticidas de grupos químicos diferentes foram trocados a cada aplicação e preconizou-se a mistura de inseticidas (Omoto, 2000). Os princípios ativos utilizados foram: abamectin, alphacypermethrin, cartap, chlorfluazuron, chlorfenapyr, chlorpyrifos, fenpropathrin, indoxacarb, lambdacyhalothrin, lufenuron, methoxifenozide, spinosad e triflumuron. O controle do complexo de vetores constituído por tripes, Frankliniella spp. (Thysanoptera: Thripidae), pulgão, Myzus sp. (Hemiptera: Aphididae) e mosca branca, Bemisia tabaci Gennadius (Hemiptera: Aleyrodidae) foi realizado quando a infestação atingia o número médio de um inseto/planta (Gravena, 1991). RESULTADOS E DISCUSSÃO Relação entre a infestação na planta e a produtividade As infestações da traça-do-tomateiro no ponteiro, folha e no fruto resulta165 SR Benvenga et al. Tabela 1. Especificações das áreas experimentais em cultivos comerciais de tomate estaqueado sob o sistema de manejo integrado de pragas (Details of the experimental áreas of staked tomato commercial crop , under the system of integrated pest management). 1 DAT: Dias após o transplantio das mudas (Days after transplanting); 2Em uma das áreas experimentais foram adicionadas duas armadilhas, para adequar a relação armadilha:planta (In one of the áreas it was added two more traps, to adequate the relation trap:plant). Tabela 2. Parâmetros da análise de regressão linear entre os tipos de infestação de Tuta absoluta acumulados diariamente e a produtividade da cultura do tomate (Parameters of the linear regression analysis between the types of infestation of Tuta absoluta accumulated daily and tomato yield). Jaboticabal, Gravena Man Ecol, 2002. ram numa relação linear e negativa com a produtividade da cultura do tomate nas três áreas experimentais (Tabela 2). Segundo Haji et al. (1988), a infestação da traça-do-tomateiro pode ser verificada nas plantas durante todo o ciclo de desenvolvimento, sendo mais intensa no período de frutificação, devido à menor eficiência das ações de controle sobre as lagartas no interior dos frutos, concorrendo diretamente para a redução da produtividade. Entretanto, a infestação sobre as partes vegetativas afeta indiretamente a produção pela redução de área foliar (Gravena, 1991). Portanto, a contribuição deste trabalho está relacionada ao detalhamento da infestação de T. absoluta em ramos, folhas e frutos, respectivamente, e a influência sobre a produtividade da cultura do tomate. 166 Os parâmetros relacionados à infestação da praga na folha, definidos como sintoma-dia e lagarta-dia acumulados na folha, resultaram nos menores coeficientes de determinação (Tabela 2). Deste modo, indicaram que exercem uma menor influência sobre a redução de produtividade da cultura quando comparado com a infestação no ponteiro e nos frutos. Como a avaliação da infestação da traça-do-tomateiro foi realizada nas folhas do terço mediano, consideradas ideais segundo Rego Filho (1992), Moreira et al. (1997) e Gomide et al. (2001), os resultados obtidos na análise de regressão linear podem ser compreendidos considerando-se a atividade fotossintética destas folhas e o hábito de migração das lagartas. No terço mediano, devido à alta concentração de folhas, pode haver competição por luminosidade e somente aquelas localizadas mais externamente à planta apresentam maior atividade fotossintética. As folhas infestadas foram constatadas mais internamente na planta devido, provavelmente, à menor ação do inseticida. Esta infestação não afetou expressivamente a fotossíntese e, conseqüentemente, a produtividade. Outro fator a ser considerado é a movimentação de lagartas sobre as folhas após o segundo ínstar, conforme mencionado por Haji et al. (1988). Este comportamento pode estar relacionado ao aumento de temperatura no interior da mina exposta ao sol, acúmulo de excrementos ou mesmo pela depreciação do alimento (Torres et al., 2001). Deste modo, mesmo sendo observadas nas folhas, devido ao comporHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tomada de decisão de controle da traça-do-tomateiro através de armadilhas com feromônio sexual Figura 1. Regressão linear entre a ocorrência de adultos de Tuta absoluta, acumulados diariamente em armadilhas com feromônio e a produtividade da cultura do tomate (Linear regression among the occurrence of Tuta absoluta adults, accumulated daily in traps with pheromon and tomato yield). tamento de migração das lagartas, algumas podem ter se dirigido para os frutos. A redução na produtividade causada pelas lagartas foi maior pelo dano direto (perda de frutos), do que pela injúria causada às folhas (redução de área foliar). A baixa influência da infestação nas folhas por lagartas de T. absoluta sobre a produtividade da cultura do tomate também foi ressaltada por Caffarini et al. (1999) ao verificarem elevado índice de frutos infestados mesmo com baixo índice de área foliar danificada; concluíram que as folhas não devem ser consideradas como indicadores do potencial de dano da praga. A análise de regressão também foi realizada entre a infestação da praga no ponteiro, definidos como ovo-dia e lagarta-dia acumulados no ponteiro, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 apresentou coeficientes de determinação superiores aos verificados para a infestação na folha (Tabela 2). Esta maior influência da infestação no ponteiro sobre a produtividade da cultura pode ser justificada pelo modo de crescimento das plantas e hábito de oviposição da praga. A traça-do-tomateiro realiza a oviposição nas folhas tenras (Vargas, 1970; Haji et al., 1998; Gomide et al., 2001). O crescimento das plantas de tomate ocorre por intermédio do lançamento de novas folhas no ápice (Espinosa, 1991). Assim, no intervalo entre as pulverizações, essas folhas emitidas no ponteiro permanecem suscetíveis ao ataque da praga. Considerando-se o período médio de incubação dos ovos de 4,5 dias (Marques & Alves, 1996) e a ocorrência de gerações superpostas da praga, ou seja, diariamente são depositados ovos nos tecidos tenros, a eclosão de lagartas é permanente, favorecendo a penetração destas nos ponteiros. Portanto, mesmo com um aumento na freqüência de pulverizações, devido à localização dos ovos, a pilosidade dos tecidos tenros e pouco conhecimento do efeito ovicida dos inseticidas, a intensidade de ramos infestados é dependente da qualidade de aplicação para que atinja o alvo com eficácia. Após a eclosão das lagartas e a penetração nos ramos ponteiros, a eficiência de controle dos inseticidas é severamente afetada (Picanço et al., 1995). Os danos de T. absoluta, quando localizados no ramo ponteiro, resumem-se a uma super-brotação (Gravena & Benvenga, 2003), devido à perda da dominância apical. Neste caso, o porte das plantas é severamente afetado, resultando na redução da produção pelo 167 SR Benvenga et al. menor número de pencas no dossel das plantas. Os maiores coeficientes de determinação foram verificados para os parâmetros referentes à infestação no fruto, considerando-se ovo-dia, sintomadia e lagarta-dia acumulados (Tabela 2). Resultado semelhante foi obtido por Picanço et al. (1997), em um experimento com a cultura do tomate no período de junho a setembro, em que a traçado-tomateiro foi considerada como o segundo fator mais importante para a redução da produtividade. Neste caso, a justificativa recai sobre o local de infestação da praga pois, com a presença de ovos nos frutos, as lagartas penetram e causam dano direto. Conseqüentemente os frutos infestados perdem o valor comercial para o mercado e indústria (Gravena, 1991), sendo descartados durante o processo de colheita. Isso afeta diretamente a produtividade da cultura. A utilização dos parâmetros que consideraram os ovos da traça-do-tomateiro, definidos como ovo-dia acumulado no ponteiro e ovo-dia acumulado no fruto, permitiu inferência da redução da produtividade da cultura. Embora o ovo não seja uma fase da praga que ocasiona dano direto, a amostragem dessa fase e o controle das lagartas eclodidas permitiram a redução de possíveis prejuízos à produção. Com isso, a amostragem de adultos com armadilhas de feromônio pode permitir a identificação dos primeiros surtos populacionais de insetos migrantes e facilitar a definição das táticas de controle para o favorecimento do manejo de pragas nesta cultura, antes do início da oviposição. Relação entre a densidade de adultos e produtividade A influência da infestação de adultos de T. absoluta, definida pelo parâmetro de inseto-dia acumulado na armadilha com feromônio sobre a produtividade da cultura do tomate, foi expressa significativamente por uma equação linear e negativa (Figura 1). Neste caso, como houve relação entre o parâmetro de inseto-dia acumulado na armadilha e a produtividade, é possível estimar a redução de frutos comercializados em função do número de insetos capturados e definir um nível de controle através da densidade de cap168 tura. Assim, considerando-se o período de condução da cultura, definiu-se o número mínimo de insetos tolerados diariamente na armadilha para a obtenção da produtividade desejada. Estabelecendo-se uma produtividade média esperada de 267 caixas de 24 kg/1.000 plantas, equivalente a 3.200 caixas/ha, e um valor médio de comercialização igual a R$ 10,07/caixa de 24 kg (taxa de conversão: US$ 1 = R$ 2,50) ao longo dos meses do ano, com um custo de R$ 6,22/caixa (Agrianual, 2002), temse uma receita positiva de R$ 3,85/caixa. Deste modo, com os valores de venda e custo de produção, o produtor deve obter um volume mínimo comercializado de 191 caixas/1.000 plantas para garantir lucro estimado de 15%. Com este valor de produtividade obteve-se o número de inseto-dia acumulado através da expressão y= - 0,002 x + 203,98 (Figura 1), sendo o total de 6.278 insetos. O período de condução da cultura desde o transplantio até o término da colheita é, na maioria das regiões de cultivo, de aproximadamente 140 dias, de modo que diariamente seriam tolerados 45±19,50 insetos capturados/armadilha com feromônio sexual para a obtenção dos referidos valores de produtividade e lucratividade. Este valor é referencial, pois foram consideradas as médias ao longo do ano, embora seja possível estabelecer níveis de controle a cada mês de cultivo em função do valor de comercialização do produto final. Além disso, foi considerada a equação para as três áreas experimentais, como efeito de variabilidade de parâmetros climáticos, níveis de infestação e tecnologia de condução da cultura. Assim, passa a ser referencial aos pesquisadores prosseguirem com estudos de correlação da T. absoluta em outras regiões de cultivo para a validação dos resultados e também aos técnicos, no sentido de incentivar o manejo integrado de pragas e racionalizar o uso dos defensivos agrícolas na cultura do tomate. Através da amostragem da população de adultos de T. absoluta na armadilha com feromônio e a possibilidade de estimar o índice de ponteiros e frutos com ovos em função da produtividade, poderão ser avaliadas maneiras para a implementação do controle bio- lógico artificial. Nestes casos seriam programadas as liberações inundativas de Trichogramma spp. (Hymenoptera: Trichogrammatidae) em função da produtividade esperada para determinada região e as densidades de adultos capturados em armadilhas com feromônio e o número de ovos presentes nos ponteiros e frutos. Assim, estaria sendo estabelecido o número referencial de insetos nas armadilhas para a liberação do inimigo natural como tática de controle da praga. Todavia, pesquisas futuras deverão ser conduzidas para validar a utilização desta técnica visando utilização de parasitóides de ovos. AGRADECIMENTOS Ao Leandro Mafra (ISCA Tecnologias Ltda) pela concessão das armadilhas e septos de feromônio; ao Douglas R. Bizari, Gislaine Manente Martucci, José Luiz da Silva, Júlio César Mássimo, Luís Carlos de Souza Amorim, Nilton de Araújo Junior, Renan Gravena, Willian Morais Char e Zelinda Marconato Gravena (Gravena ManEcol Ltda) pelo suporte técnico e financiamento da pesquisa; ao José Nelson Mallmann, Valdecir Pereira e Alex de Oliveira (Produtores) pela concessão das áreas comerciais; à Andreza C. dos Santos, Bibiane C. dos Santos, Edson Godoy, Daiane de Oliveira e Viviane de Oliveira Lima (Inspetores de pragas) pelo auxílio nas avaliações. REFERÊNCIAS AGRIANUAL. 2002. 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Produção e qualidade de sementes e raízes de cenoura cultivada em solo com adubação orgânica e mineral. Horticultura Brasileira 25: 170-174. Produção e qualidade de sementes e raízes de cenoura cultivada em solo com adubação orgânica e mineral Riselane de Lucena Alcântara Bruno1; Jeandson Silva Viana2; Vicente Félix da Silva1; Genildo Bandeira Bruno1; Mácio Farias de Moura2 UFPB, CCA, C. Postal 22, 58397-000 Areia–PB, 1Bolsista em produtividade em pesquisa CNPq; E-mail: 2Programa de Pós-graduação em Agronomia; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT A ausência de sementes orgânicas no mercado e a escassez de informações sobre o assunto têm sido fortes empecilhos para a produção orgânica. Avaliou-se a eficiência da adubação verde (AV), do composto orgânico (CO) e do biofertilizante (B) na produção da cenoura e na qualidade das sementes, comparados à adubação convencional (AC-testemunha), nos tratamentos: 1) AC; 2) AV+B via solo; 3) AV+B via planta; 4) CO+B via solo; 5) CO+B via planta; 6) CO+AV+B via solo e 7) CO+AV+B via planta. Os maiores valores morfológicos (altura, comprimento e diâmetro), de germinação e de vigor foram proporcionados pelo tratamento 5, enquanto a produção e os sólidos solúveis totais alcançaram maiores gradientes nas plantas cultivadas com o tratamento 4, superando os dados do tratamento 1. O tratamento 3 proporcionou produção de raízes com menor número de galhas de nematóide. As cenouras procedentes dos tratamentos 2 e 6 foram classificadas em tamanho curto. A decomposição do AV, associado ao B via planta, pode ter proporcionado maior resistência das cenouras aos nematóides e melhor classificação comercial. Os tratamentos orgânicos proporcionaram boa qualidade de raízes, sementes e maior produção. Production and quality of seeds and roots of carrot cultivated under organic and mineral fertilization Palavras-chave: Daucus carota L., composto orgânico, biofertilizante, adubação verde. Keywords: Daucus carota L., organic compound, biofertilizer, green fertilizer The inexistence of organic seeds in the market and the absence of information constitute a difficulty for the organic production. The green fertilizer efficiency (GF) was evaluated, of organic compound (OC), and biofertilizer (B) in carrot production and seeds quality, compared to conventional fertilizer (CF-control), through the treatments: 1) CF; 2, GF+B via soil; 3) GF+B via plant; 4) OC+B via soil; 5) OC+B via plant; 6) OC+GF+B via soil and 7) OC+GF+B via plant. Higher morphological values (height, length and diameter), of germination and vigor were given by treatment 5, while production and total soluble solids reached higher gradients when growing plants with treatment 4, upper data of treatment 1. Treatment 3 resulted in root production with lower number of branches nematode. Carrots of preview treatments 2 and 6 were classified in a lower size. Decomposition of GF, linked to B applied to the plant, may have given a higher carrot resistance to nematodes and better commercial classification. Organic treatments resulted in better roots and seed quality and higher production. (Recebido para publicação em 5 de março de 2006; aceito em 1 de junho de 2007) A avaliação da qualidade da cenoura é realizada, principalmente, através da sua aparência, sabor e valor nutritivo. Por essa razão, o agricultor realiza adubações minerais pesadas, procurando aumentar seu tamanho, sua produtividade; melhorar sua aparência e, assim, conseguir uma boa cotação de mercado. A adubação mineral é, em várias situações, o insumo mais caro nos custos do sistema de produção de hortaliças. Os adubos orgânicos, por sua vez, podem ser fontes mais baratas de nutrientes que as fontes minerais, especialmente nos locais onde sua obtenção é facilitada (Rodrigues & Casali, 2000). A adubação verde é uma técnica de manejo de solo que consta do manuseio de espécies, geralmente da família das leguminosas, com raízes ramificadas, profundas e com capacidade para associar-se às bactérias do gênero 170 Rhyzobium, promovendo a fixação biológica do nitrogênio. Essas plantas aumentam a atividade biológica do solo, melhorando as propriedades físico-químicas do mesmo e algumas podem promover a redução da população de nematóides, com reflexos na produtividade agrícola (Primavesi, 1992). O biofertilizante, por sua vez, é resultante de resíduos orgânicos que passaram por processo de fermentação em biodigestor, sendo o produto um adubo (Oliveira et al., 1984). A adoção da adubação orgânica no cultivo de hortaliças tem crescido nos últimos anos, devido, principalmente, aos efeitos benéficos do material orgânico sobre as propriedades físicas e químicas do solo, pelo custo elevado dos adubos minerais solúveis e à propaganda realizada em torno da produção orgânica de alimentos (Santos et al., 2001). A produção de sementes de hortaliças de alta qualidade torna-se uma operação agrícola altamente especializada e competitiva, exigindo muitos cuidados e condições especiais para serem produzidas (Giaretta et al., 1984). A adubação da cenoura pode influenciar na formação de sementes mais vigorosas. As sementes orgânicas são produzidas com técnicas de cultivo sem uso de agrotóxicos, sem adubos minerais solúveis ou processados, não tratadas com fungicidas sintéticos e fazendo uso de germoplasma adaptado às condições locais (Maluf, 2002). A ausência dessas sementes no mercado tem sido forte empecilho para a produção orgânica. Pesquisas voltadas para a produção de sementes orgânicas que atendam à demanda dos produtores orgânicos, são muito escassas. Objetivou-se avaliar a eficiência da adubação orgânica (adubo Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção e qualidade de sementes e raízes de cenoura cultivada em solo com adubação orgânica e mineral verde, composto orgânico e biofertilizante), em comparação com a adubação convencional, sobre a produção e qualidade das raízes e sementes de cenoura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na CCA/UFPB em Areia-PB, micro-região do Brejo Paraibano (altitude de 534 m), de fevereiro/02 a maio/03, em duas fases distintas (vegetativa e reprodutiva). Prévio à instalação da pesquisa, foi realizada a análise de solo para se determinar as características químicas antes e posterior ao emprego dos tratamentos (Tabela 1), seguindo metodologia da Embrapa (1997). Realizou-se a análise da Crotalaria juncea, do biofertilizante e do composto orgânico, obtendo-se a concentração do nitrogênio (1,85; 2,18 e 0,80%), fósforo (0,40; 0,44 e 0,80%) e potássio (1,74; 3,43 e 0,42%), seguindo a metodologia sugerida por Tedesco (1995). A fase vegetativa foi realizada em ambiente protegido, utilizando-se três vasos (com capacidade unitária de 10 kg) por repetição e mantidas três plantas por vaso após o semeio da cenoura. Nesta fase avaliou-se a altura de plantas (distância entre o ápice da folha da planta e a base do colo da raiz); severidade de nematóides (atribuindo-se notas de zero a cinco para a severidade de danos às raízes, de acordo com metodologia de Mckinney (Chester, 1950)); classificação de raízes (comprimento, em curtas (10 a 11,99 cm), médias (12 a 16,99 cm) e longas (17 a 20 cm), conforme Freire et al. (1984)); comprimento de raízes (distância entre o ápice da raiz e a base do colo da planta, em cm); diâmetro do colo das raízes (secção transversal da raiz, em cm); produção total de raízes (kg); e sólidos solúveis totais com uso de refratômetro, de acordo com a Association of Official Analytical Chemistry (Association of Official Analytical Chemistry, 1970). O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Foram empregados adubos orgânicos (composto orgânico, crotalária e biofertilizante, para os tratamentos orgânicos) e químiHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 cos (sulfato de amônio e cloreto de potássio, para o tratamento convencional). Para a obtenção do composto orgânico utilizaram-se esterco bovino (40%), folhas caídas ao solo (40%), silagem (15%) e bagaço de cana (5%), sendo distribuídos em camadas de 0,25 m, na forma de pilha com altura de 1,80 m. Foram realizadas as regas e revolvimentos periódicos (15 dias), até a completa formação do composto orgânico (120 dias), sendo posteriormente peneirado e submetido às análises de nitrogênio, fósforo e potássio. O biofertilizante utilizado correspondeu a uma adaptação da receita completa de Supermagro (1994) onde, em um recipiente de 50 L, colocou-se 10 kg de esterco fresco bovino, 25 L de água, 2 kg de cinzas de padaria, 3 kg de MB4 (farinha de rocha moída), 1 kg de calcário, 6 L de leite e 1 L de melaço de cana-deaçúcar. O melaço e o MB4 foram aplicados em três etapas: 0,334 L e 1 kg, respectivamente, a cada cinco dias. No final das adições, completou-se o volume com água para 45 L, tampou-se e deixou fermentar por 30 dias, sem agitação. Adaptou-se à tampa do recipiente uma mangueira, sendo a outra extremidade submersa em um recipiente com água, para permitir a saída dos gases e evitar a entrada de oxigênio, processando-se a obtenção do biofertilizante em condição anaeróbica. A crotalária (Crotalaria juncea L.) foi semeada 85 dias antes da cenoura. Aos 60 dias após a semeadura, no momento da floração, as plantas foram cortadas ao nível do solo e distribuídas nos vasos, permanecendo em repouso durante 25 dias. Os tratamentos constituíram-se de: 1) adubação convencional (AC, testemunha); 2) adubação verde mais biofertilizante via solo (AV+B via solo); 3) adubação verde mais biofertilizante via planta (AV+B via planta); 4) composto orgânico mais biofertilizante via solo (CO+B via solo); 5) composto orgânico mais biofertilizante via planta (CO+B via planta); 6) composto o r g â n i c o + a d u b a ç ã o verde+biofertilizante via solo (CO+AV+B via solo) e 7) composto o r g â n i c o + a d u b a ç ã o verde+biofertilizante via planta (CO+AV+B via planta). No tratamento convencional, as doses de NK (nitrogênio e potássio) foram aplicadas obedecendo à recomendação de adubação do Laboratório de Química e Fertilidade do Solo do CCA/UFPB. No plantio, 6,75 g de K2O/vaso, juntamente com 1,5 kg de esterco bovino/ vaso e, na cobertura, 25 g de N/vaso e 25 g de K2O/vaso. Nos tratamentos com adubação verde (tratamentos 2, 3, 6 e 7), utilizou-se a matéria verde da crotalária (108,3; 95,6; 76,6 e 65,4 g/vaso, respectivamente) que, adubada anteriormente com o composto orgânico e o biofertilizante via solo (à exceção do tratamento 3), foi cortada e triturada, distribuindo-se sua massa verde sobre a superfície do solo. Para os tratamentos 3, 5 e 7, utilizaramse 5% do biofertilizante em pulverizações quinzenais, sobre a parte aérea da cenoura e adubou-se com 625 g/vaso de composto orgânico. Nos tratamentos 2, 4 e 6, foram aplicados 0,2 L/vaso de biofertilizante incorporados ao solo, sendo o composto orgânico empregado nos tratamentos 4 e 6 na dose de 150 g/vaso. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, por meio do software SAEG 5.0. Na fase reprodutiva utilizou-se o delineamento inteiramente ao acaso, em esquema fatorial (7x2), com sete tratamentos, duas ordens umbelíferas e quatro repetições. As raízes destinadas à produção de sementes compreenderam aquelas de melhor formação e mais vigorosas, procedentes de cada tratamento, verificadas na fase anterior. Estas foram submetidas ao processo de vernalização, que consistiu no acondicionamento em sacos plásticos e armazenamento em geladeira, sob condições de umidade relativa alta (9095%) e temperatura baixa (-4oC), por três meses, objetivando com isso, assegurar a indução floral (Viggiano, 1990). As sementes colhidas das umbelas de primeira e segunda ordem foram testadas em sua germinação, segundo recomendações das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), semeandose 25 sementes em caixas gerbox, com duas folhas de papel filtro (germibox), colocadas em germinadores com temperaturas alternadas (20-30oC), e as ava171 RLA Bruno et al. Tabela 1. Resultados da análise laboratorial de química e fertilidade do solo realizada antes (A) e depois (D) à fase reprodutiva (Results of chemical analysis of the soil accomplished before (A) and after (D) reproductive phase). Areia, UFPB, 2002-2003. Tabela 2. Altura de plantas, comprimento e diâmetro de raízes, severidade de nematóides, produção e sólidos solúveis totais (SST) da cenoura, Daucus carota L., obtidos de diferentes tratamentos. (Plant height, length and diameter of roots, nematodes severity, production and total soluble solids (SST) of carrot, Daucus carota L., obtained with different treatments). Areia, UFPB, 2002-2003. Letras iguais não diferem entre si nos diferentes tratamentos, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. liações realizadas aos 4 e 12 dias, determinando-se o número de plântulas normais; a primeira contagem de germinação foi realizada após o quarto dia de implantação do teste de germinação; o índice de velocidade de germinação foi obtido pela contagem diária do número de plântulas emergidas do 40 ao 120 dia, segundo Popinigis (1985). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo Teste de Tukey, por meio do software SAEG 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Fase Vegetativa Houve efeito significativo dos tratamentos sobre as variáveis estudadas, e a análise de química de fertilidade do solo (Tabela 1) quantificou maiores incrementos nos valores de pH, P, K, Ca, Mg e matéria orgânica do solo, como efeito residual da adubação com o tra172 tamento 5, em relação aos valores iniciais. O biofertilizante contribuiu com maiores concentrações de N e K nos tecidos vegetais, enquanto o P foi encontrado em maior quantidade no composto orgânico. O tratamento 5 resultou em maior crescimento (30,8 cm) em comparação às plantas cultivadas com o tratamento 3 (26,4 cm), não se verificando diferenças significativas entre as alturas de plantas dos demais tratamentos, incluindo o convencional (Tabela 2). O maior incremento na altura das plantas demonstra que a associação do composto orgânico ao biofertilizante via planta possibilitou uma maior disponibilidade de nutrientes para o solo (Tabela 1) e às plantas, e melhor condição de desenvolvimento no solo com pH 7,4, e elevada saturação de bases (93%) quando comparado ao solo sob cultivo das plantas com AV+B via planta (79%). Essa condição de solo pode ter favorecido maior atividade microbiológica e decomposição do composto orgânico, que associado ao biofertilizante com maior teor de N aplicado via foliar, proporcionou maior crescimento das mesmas. Esses valores de pH e saturação por bases estão acima das faixas de 5,7 a 6,8 e de 70 e 80%, respectivamente, recomendadas por Filgueira (2003) para a cultura da cenoura. O maior comprimento de raiz (Tabela 2) foi obtido nas plantas adubadas com o composto orgânico e biofertilizante (tratamento 5), alcançando em média 13,5 cm, conferindo às raízes classificação comercial tipo média. Conforme resultados da análise do solo (Tabela 1), não houve impedimento químico (pH) para o desenvolvimento das raízes, observando-se valores próximos à neutralidade nos tratamentos 1; 2 e 3 e ligeiramente alcalinos para os demais tratamentos. Segundo Ferraz (1992), a adição de matéria orgânica ao Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção e qualidade de sementes e raízes de cenoura cultivada em solo com adubação orgânica e mineral Tabela 3. Germinação e vigor (PC: primeira contagem e IVG: índice de velocidade de germinação) das sementes de cenoura, Daucus carota L., obtidas de diferentes ordens umbelíferas e tratamentos (Germination and vigor (first counting and germination speed index) of the carrot seeds, Daucus carota L., obtained of different umbels and treatments).Areia, UFPB, 2002-2003. Letras iguais (minúsculas nas colunas) e (maiúsculas nas linhas) não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *PC: primeira contagem e IVG: índice de velocidade de germinação. solo favorece o desenvolvimento de raízes das plantas. Foy et al. (1993) relataram que através do crescimento de raízes de soja pode-se saber se o solo está ou não ácido (pH) e se apresenta alumínio tóxico. Quanto ao comprimento, as raízes de cenoura são classificadas em três grupos: curtas, médias e longas. As raízes de cenoura obtidas dos tratamentos 2 e 6 foram classificadas em curtas (10 11,99 cm), enquanto as raízes dos demais tratamentos foram classificadas como médias, não se obtendo no presente trabalho, cenouras com raízes longas. Siqueira et al. (2005), avaliando raízes de cultivares de cenoura em sistema de produção orgânica obtiveram raízes médias (12 - 17 cm e diâmetro de 2,5 a 3,0 cm). Igualmente aos resultados anteriormente descritos, pode ser verificada a maior expressão do diâmetro do colo (1,2 cm), quando se empregou o tratamento 5, diferindo significativamente do tratamento 3, ao substituir o composto orgânico pelo adubo verde houve menor desenvolvimento do diâmetro do colo de cenoura (1,0 cm), significativamente semelhante ao emprego do tratamento completo 6, quando se obteve diâmetro de 1,13 cm. O emprego conjunto do composto orgânico com o biofertilizante via foliar favoreceu o crescimento vegetativo (altura, comprimento e diâmetro). Resultados semelhantes foram observados por Deleito et al. (2005), ao estudarem a ação do biofertilizante sobre o desenvolvimento de mudas de pimentão, onde Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 destacaram que a aplicação foliar comparada à aplicação via substrato, proporcionou, para a maioria dos tratamentos, maiores comprimentos das hastes e raízes, e valores mais elevados de peso da matéria seca da parte aérea e área foliar. Registrou-se menor número de galhas causadas por nematóides (menor nota) quando se aplicou o adubo verde associado ao biofertilizante, tanto via planta (tratamento 3) quanto via solo (tratamento 2), o qual mostra o efeito da adubação verde com Crotalaria juncea no controle de nematóides (Tabela 2). Esse resultado está de acordo com Rossi (2002), ao afirmar que a ação de controle de nematóides pode ocorrer durante a decomposição da fitomassa dos adubos verdes, que ocorre após a incorporação. Este processo libera no solo substâncias orgânicas tóxicas que inativam os nematóides. A maior produção total (495 g) foi obtida com o tratamento 4, enquanto a menor produção ocorreu nos tratamentos 1 (290 g); 5 (330 g) e 6 (290 g) (Tabela 2). A associação do composto orgânico no solo e do biofertilizante sobre as folhas da cenoura (tratamento 5) não contribuiu para o maior peso das raízes, ao contrário do que foi observado nas características morfológicas (maiores altura de plantas, diâmetro do colo e comprimento de raízes). Isso fica evidente pelo incremento de elementos nutricionais no solo (Tabela 1) e, possivelmente, pelo efeito fito-hormonal (Pinheiro & Barreto, 1996) e do N, oriun- dos do biofertilizante sobre o crescimento da planta. Silva (2002), ao estudar o efeito dos adubos verdes na produção orgânica de brócolis em sistema plantio direto, obteve maior produção com a crotalária ou quando essa leguminosa foi consorciada com o sorgo. Para a qualidade das raízes destacouse a aplicação de biofertilizante via solo no tratamento 6 seguido pelo tratamento 4 que produziram raízes com teor significativamente mais elevado de sólidos solúveis totais (10,5 e 10,3 ºBrix, respectivamente) (Tabela 2). Provavelmente, a maior concentração de N e K na composição do biofertilizante contribuiu para o balanço nutricional das cenouras, quando este foi disponibilizado via solo, e melhorou propriedades químicas e, principalmente a matéria orgânica do solo (Tabela 1). Esse resultado está de acordo com Viana et al. (2002), ao observarem que frutos de tomate colhidos e nutridos apenas com biofertilizante e adubo verde, exibiram menores teores de sólidos solúveis totais. Fase Reprodutiva Houve efeito significativo entre tratamentos e ordens, dentro das variáveis estudadas. Nas condições climáticas do local e na época em que o experimento foi conduzido, houve necessidade do tratamento de raízes em câmara fria (frigorificação), para que as plantas iniciassem a fase reprodutiva. Os registros de temperatura durante a época em que o experimento foi conduzido (máxima de 27 e mínima de 17ºC), demonstra173 RLA Bruno et al. ram que não houve freqüência de temperaturas abaixo de 15ºC, nos meses de cultivo, necessária para a indução floral (Barbedo et al., 2000). Na germinação de sementes colhidas em umbelas primárias (Tabela 3), resultantes de cenouras cultivadas em diferentes tipos de adubação orgânica e convencional, não se constatou diferença significativa entre tipos de tratamentos orgânicos e convencional empregados. Porém, sementes procedentes de umbelas secundárias, apenas aquelas oriundas de plantas cultivadas na presença do composto orgânico mais biofertilizante via solo (tratamento 4) apresentaram germinação inferior (56%), diferindo estatisticamente da germinação das sementes colhidas nos demais tratamentos empregados. Ressalta-se, ainda, no mesmo tratamento, que as sementes colhidas em umbelas de ordem primária apresentaram maior germinação (92%) em relação às secundárias (56%). Barbedo et al. (2000), estudando o efeito de populações sobre a qualidade da semente de cenoura, verificaram que sementes selecionadas de umbelas primárias e secundárias apresentaram maior percentagem de germinação (72%), que as obtidas em coletas generalizadas de umbelas. O vigor das sementes de ordem primária, avaliado por meio de primeira contagem de germinação (Tabela 3), evidenciou diferenças significativas entre os tratamentos utilizados na produção de sementes, destacando-se aquelas produzidas sob adubação orgânica do tratamento 5 com maior percentual de germinação. Com relação à ordem secundária, o tratamento 4 proporcionou sementes menos vigorosas com menor percentual de germinação no primeiro dia de contagem, sendo estatisticamente diferente dos demais tratamentos. Os maiores desempenhos morfológico e produtivo (Tabela 2), efeito residual dos nutrientes, pH, nível adequado de matéria orgânica (Tabela 1) e saturação de bases contribuíram na formação de sementes mais vigorosas. Estes resultados estão de acordo com Muniz & Porto (1999), que, estudando as qualidades de cenoura oriundas de umbelas primárias e secundárias, e de diferentes lavouras, determinaram que os testes de primeira contagem e índice de velocidade de emergência em campo foram mais sensíveis para detectar diferenças na qualidade de sementes de cenoura. 174 Dependendo da origem das sementes na umbela (Tabela 3), não houve influência no vigor quanto ao local de colheita das sementes (umbelas de ordens primária e secundária), quando estas foram procedentes dos tratamentos 2; 4 e 5. Nos demais tratamentos, as umbelas secundárias originaram sementes mais vigorosas. O vigor das sementes de umbelas primárias, obtido pelo índice de velocidade de germinação (Tabela 3), apresentou diferenças significativas para aquelas plântulas oriundas de plantas cultivadas sob o tratamento 5 com velocidades de germinação superiores aos observados nos tratamentos 3 e 6. Sementes de ordem secundária foram menos vigorosas (IVG), quando oriundas de plantas adubadas com o tratamento 4 e germinaram em maior velocidade quando colhidas de umbelas de plantas adubadas com o tratamento 7. Comparando as ordens umbelíferas, apenas o tratamento 4 apresentou resultado estatístico diferente, com menor velocidade de germinação nas sementes colhidas da ordem secundária. O desempenho vegetativo alcançado nas cenouras adubadas no tratamento 5 proporcionou sementes com maior potencial germinativo e vigor, independente da ordem umbelífera colhida. REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. 1970. Official methods of analysis of the association of analytical chemistry. Washington. 1015p. BARBEDO ASC; CÂMARA FLA; NAKAGAWA J; BARBEDO CJ. 2000. População de plantas, método de colheita e qualidade de sementes de cenoura, cultivar Brasília. Pesquisa Agropecuária Brasileira 35: 1645 – 1652. BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. 1992. Regras para Análise de Sementes. 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Produção de biomassa e óleo essencial de elixir-paregórico em função do corte das inflorescências e épocas de colheita Larissa CB Costa¹; José Eduardo BP Pinto²; Suzan KV Bertolucci²; Maria G Cardoso3 ¹Universidade Estadual de Santa Cruz, Depto. Ciências Biológicas, 45662-000 Ilhéus-BA; ²UFLA, Depto.Agricultura, C. Postal 3037, 37200-000 Lavras-MG; 3UFLA, Depto.Química; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a produção de biomassa e óleo essencial de plantas de elixir-paregórico (Ocimum selloi), em função do corte das inflorescências e épocas de colheita. O experimento foi realizado em campo, em blocos ao acaso, com os tratamentos dispostos em fatorial 2 x 8, sendo dois sistemas de manejo (com e sem corte de inflorescências) e oito épocas de colheita (45; 60; 75; 90; 105; 120; 135 e 150 dias após o transplante das mudas), com quatro repetições. Avaliaram-se as características altura de planta, massa seca de caule (MSC), folhas (MSF) e inflorescências (MSI) e teor e rendimento de óleo essencial destilado de folhas. O corte das inflorescências não afetou a altura das plantas. Plantas intactas apresentaram uma média de altura de 51,8 cm, enquanto aquelas que tiveram suas inflorescências cortadas atingiram em média 53,2 cm de altura. O crescimento das plantas apresentou resposta quadrática em relação às épocas de colheita, com a altura máxima estimada de 65,9 cm, 139 dias após o transplante (DAT). As plantas cujas inflorescências foram cortadas produziram maior MSC (51,8 g planta-1) e MSF (27,9 g planta-1), em relação às plantas sem corte (MSC = 42,4; MSF = 21,3 g planta-1) e, assim como MSI, apresentaram ajuste quadrático para os dois sistemas de manejo, ao longo das épocas de colheita. O teor de óleo essencial das folhas não foi afetado pelo sistema de manejo, mas apresentou resposta quadrática às épocas de colheita. Entretanto, o rendimento médio de óleo essencial das folhas das plantas cuja inflorescência foi cortada foi significativamente maior (1,60 g planta-1) do que nas plantas que não sofreram o corte (1,18 g planta -1). Para as plantas que tiveram as suas inflorescências cortadas, o rendimento de óleo máximo estimado foi de 2,36 g planta-1, obtido 135 DAT, enquanto nas plantas que não foram cortadas o rendimento de óleo máximo estimado foi de 1,65 g planta-1, obtido 114 DAP. Biomass and essential oil production of Ocimum selloi as affected by cutting of inflorescences and harvest times Biomass and essential oil production of Ocimum selloi were evaluated, as a result of cutting of inflorescences and harvest times. The experiment was conducted in the field, in randomized blocks, with treatments distributed in a 2 x 8 factorial scheme, corresponding to two management systems (with and without inflorescence cutting) and eight harvest dates (45; 60; 75; 90; 105; 120; 135, and 150 days after seedling transplant), with four replications. Plant height and stems (SDW), leaves (LDW), and inflorescences dry weight (IDW), as well as essential oil content and yield were evaluated. Inflorescence cutting did not interfere with plant height. Intact plants were 51.8 cm tall in average, while those in which inflorescences were cut reached 53.2 cm as average height. Harvest times induced a quadratic plant growth, with the estimate of 65.9 cm as maximum height, to be achieved 139 days after the transplant (DAT). Plants in which inflorescences were cut produced larger SDW (51.8 g plant-1) and LDW (27.9 g plant-1) than intact plants (SDW = 42.4; LDW = 21.3 g plant -1) and, like IDW, SDW and LDW presented quadratic adjustment for the two management systems during the harvesting period. Essential oil content of dry leaves was not affected by management systems, but presented a quadratic answer to harvest times. Nevertheless, the average essential oil yield in plants in which inflorescences were cut was significantly higher (1.60 g plant-1) than in intact plants (1.18 g plant-1). Maximum essential oil yield estimated for plants in which inflorescences were cut was 2.36 g plant-1, to be obtained 135 DAT, while in intact plants, it was estimated to be 1.65 g plant-1, to be reached at 114 DAP. Palavras-chave: Ocimum selloi, planta medicinal e aromática, época de colheita, sistema de manejo. Keywords: Ocimum selloi, medicinal and aromatic plant, harvest time, management system. (Recebido para publicação em 31 de outubro de 2005; aceito em 18 de abril de 2007) O gênero Ocimum contém cerca de 30 espécies nativas dos trópicos e subtrópicos, algumas delas também encontradas em regiões temperadas (Vieira & Simon, 2000). Ocimum selloi Benth. é um subarbusto perene, pertencente à família Lamiaceae, nativo das regiões sudeste e sul do Brasil (Lorenzi & Matos, 2002). Esta espécie conhecida popularmente como elixir-paregórico nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, como alfavaquinha ou anis em Minas Gerais e, como atroveran, em Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 São Paulo, tem largo uso popular, como antidiarréico, antiespasmódico e antiinflamatório (Lorenzi & Matos, 2002), além de ter comprovada atividade como repelente de insetos (Paula et al., 2003). Estudos da composição química do óleo essencial vêm apresentando variações dos constituintes majoritários: metil chavicol, metil eugenol (Martins, 1998) e trans-anetol com metil chavicol (Moraes et al., 2002), o que comprova a existência de diferentes quimiotipos nesta espécie. Pesquisas agronômicas direcionadas ao estabelecimento de técnicas de cultivo organizado de plantas medicinais, além de incrementarem o seu potencial produtivo, tornam-se um instrumento indireto, mas muito importante para a preservação das nossas espécies nativas. O interesse na domesticação de plantas do gênero Ocimum é bastante recente e tem sido direcionado principalmente às pesquisas com germinação de sementes (Moraes et al., 2003a, Fonseca et al., 2003), produção de mudas (Santos Neto 175 LCB Costa et al. Tabela 1. Altura de planta, massa seca do caule (MSC), folhas (MSF) e inflorescências (MSI), teor e rendimento de óleo essencial destilado de folhas secas de elixir-paregórico, com e sem corte de inflorescências, em função das épocas de colheita (Plant height, stem (MSC), leaf (MSF), and inflorescence dry weight (MSI), essential oil content and distilled essential oil yield from O. selloi dry leaves, with and without inflorescence cutting, as affected by harvest times). Lavras, UFLA, 2005. po de secagem (Carvalho et al., 2006). Para a obtenção de drogas vegetais de qualidade desejável, a produção de plantas medicinais deve ser controlada desde o seu plantio até a colheita (Martins et al., 1995). Na obtenção da matéria-prima, as técnicas de cultivo da espécie selecionada devem atender ao objetivo de aumentar a produção de biomassa por área, sem comprometer o valor terapêutico da planta (Castro et al., 2004). Neste aspecto, um fator crítico é a definição da época ideal de colheita, que deve proporcionar a coincidência entre os momentos de maior concentração do fármaco e de maior biomassa vegetal (Mattos, 1996). Para estabelecer o manejo adequado do elixirparegórico, torna-se necessário conhecer a sua fenologia (Shiroma et al., 2003), bem como estudar o desenvolvimento de práticas culturais que possam incrementar a produção de óleo. Em O. basilicum o corte das inflorescências pode estimular o crescimento e as ramificações laterais da planta (Simon, 2006), além de aumentar a concentração de óleo essencial nas folhas remanescentes (Hertwig, 1991). De acordo com Mattos (1996), a poda da florada de algumas plantas, como o basilicão e a manjerona, é uma prática freqüente em aromáticas com a finalidade de exaltar a folhagem, incrementar o aroma das folhas e aumentar o número de colheitas. Porém, não se tem conhecimento do efeito desta prática sobre o elixir-paregórico. Além disso, não há pesquisas que apontem o intervalo mais apropriado de colheita das folhas e indiquem o impacto da poda da florada sobre o rendimento de óleo essencial. Esse trabalho objetivou avaliar a produção de biomassa e óleo essencial de plantas de elixir-paregórico em função do corte das inflorescências e épocas de colheita. MATERIAL E MÉTODOS et al., 2001, Moraes et al., 2003b), adubação química (Rodrigues et al., 2003) e orgânica das plantas (Chaves et al., 176 2001), competição de cultivares (Camêlo et al., 2005) e definição de horário de colheita, temperatura e tem- O experimento foi conduzido no Horto de Plantas Medicinais da UFLA, de dezembro de 2004 a maio de 2005. O solo predominante na área é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico, com topografia ondulada, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção de biomassa e óleo essencial de elixir-paregórico em função do corte das inflorescências e épocas de colheita textura argilosa e boa drenagem. As amostras de solo foram analisadas em laboratório da UFLA, apresentando os resultados: pH em água = 6,2; P e K (mg dm-³) = 43,4 e 44; Ca2+, Mg2+, Al3+, H+Al (cmolc dm-³) = 4,1; 0,9; 0,0; 3,2; saturação de bases (%) = 61,5; matéria orgânica (dag kg-1) = 3,8; Zn, Fe, Mn, Cu, B e S (mg dm-³) = 22,6; 51,6; 51,8; 4,1; 0,2 e 25,5. Sementes de elixir-paregórico (depósito herbário ESAL n° 7474) foram plantadas em bandejas de poliestireno expandido preenchido com substrato comercial e mantidas em casa-de-vegetação, sob nebulização intermitente, por 60 dias. As mudas foram transplantadas para o campo em 02/12/04. A área havia sido previamente arada e adubada com 0,5 L de esterco de gado curtido por cova, em espaçamento 1,0 x 1,0 m. A análise do esterco bovino apresentou os seguintes valores de macro e micronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S (g kg-1) = 5,0; 0,67; 24,98; 5,32; 4,06 e 0,51; B, Cu, Fe, Mn e Zn (mg kg-1) = 18,33; 22,06; 12.052,99; 223,47 e 58,52). Foi mantida irrigação diária, por aspersão, até 31/03/05. Foram realizadas capinas conforme a necessidade. O delineamento estatístico utilizado foi blocos ao acaso, em fatorial 2 x 8, sendo dois sistemas de manejo (com e sem corte das inflorescências) e oito épocas de colheita (45; 60; 75; 90; 105; 120; 135 e 150 dias após o transplante das mudas), com quatro repetições. Cada parcela foi composta por duas plantas, totalizando 128 plantas úteis, contornadas por uma linha de bordadura. Nas avaliações, toda a parte aérea das plantas foi colhida às 08 horas da manhã (Carvalho et al., 2006), sendo o corte feito rente ao solo. O material coletado foi conduzido imediatamente ao laboratório da UFLA, onde cada planta foi separada em caule, folhas e inflorescências, individualmente embaladas em sacos de papel kraft e secas em estufa com circulação de ar forçada, a 35ºC, até peso constante. O corte das inflorescências começou a ser realizado quando se confirmou visualmente o surgimento das primeiras gemas floríferas, com cerca de 0,5 cm, o que ocorreu em 10/02/05. Posteriormente, o corte das inflorescências foi realizado semanalmente, independente do seu tamanho. As características estudadas Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. (Continuação) foram altura da planta (cm) e massa seca (g) de caule, folhas e inflorescências (nos tratamentos sem corte). Para a avaliação do teor e rendimento, o óleo essencial foi extraído, em quatro repetições, pelo processo de hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado, utilizando balões de 1 L com 40 g de massa seca de folhas, em 500 mL de água destilada, por 90 minutos (Martins, 1996). Em seguida, realizou-se uma partição líquido-líquido, em funil de separação, onde foi adicionado diclorometano ao hidrolato, para a purificação do óleo. À fração orgânica obtida, adicionou-se sulfato de magnésio anidro em excesso para retirar possíveis resíduos de umidade. Após alguns minutos em repouso, a solução foi filtrada e armazenada à temperatura ambiente, em frascos escuros parcialmente tampados, até a completa evaporação do solvente. Determinou-se, então, o teor de óleo essencial através de pesagem, avaliando-se o teor de óleo essencial (g 100 g-1 MS) e o rendimento de óleo essencial (g planta-1). Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística por meio do software SISVAR® (Ferreira, 2000), utilizando comparação de médias através do teste F a 5% de probabilidade para o corte e, análise de regressão, para a época de corte. RESULTADOS E DISCUSSÃO Crescimento e produção de biomassa O sistema de manejo de corte das inflorescências não afetou a altura das plantas. Plantas intactas apresentaram uma média de 51,8 cm durante o período avaliado, enquanto aquelas que tiveram suas inflorescências cortadas atingiram 53,2 cm de altura, confirmando resultados de Gonçalves (2001), que obteve uma altura média de 50 cm em plantas de elixir-paregórico cultivadas sob radiação solar plena. O crescimento das plantas apresentou uma resposta quadrática em relação às épocas de colheita, com a altura máxima estimada de 65,9 cm, 139 dias após o transplante (DAT) (Tabela 1). O crescimento mais 177 LCB Costa et al. intenso ocorreu até 90 DAT, período que coincidiu com o auge da floração (que iniciou 75 DAT), diferentemente do que foi observado por Shiroma et al. (2003), que relatam que o crescimento ocorreu de forma mais intensa da quarta à oitava semana após o transplante, período imediatamente anterior à floração. Esta diferença pode ter sido verificada em virtude do local, época e forma de plantio. As diferentes condições climáticas, fotoperíodo e a disponibilidade prolongada de nutrientes no perfil do solo no cultivo a campo possivelmente contribuíram para o alongamento do ciclo reprodutivo da planta. O corte das inflorescências influenciou significativamente o rendimento de massa seca de caule (MSC) e massa seca de folhas (MSF), ao longo das épocas de colheita (Tabela 1). As plantas cujas inflorescências foram cortadas produziram maior quantidade média de MSC (51,8 g planta-1) e MSF (27,9 g planta-1), em relação às plantas sem corte, que produziram 42,4 g planta-1 e 21,3 g planta-1, respectivamente, confirmando as informações de Simon (2006) para Ocimum basilicum. Comportamento semelhante foi encontrado com tanchagem (Plantago major L.), onde a supressão das inflorescências proporcionou incrementos significativos para as características de biomassa estudadas, com exceção da altura da planta (Blanco, 1998). A MSC apresentou um ajuste quadrático para os dois sistemas de manejo, ao longo das épocas de colheita (Tabela 1). A partir de 75 dias DAT, época de início da floração e conseqüentemente do corte das inflorescências as plantas desprovidas de inflorescências apresentaram maior acúmulo de MSC do que as plantas que não sofreram o corte, atingindo 26,5% a mais de massa seca até o final do período estudado. A MSF também apresentou uma resposta quadrática nos dois sistemas de manejo, ao longo das épocas de colheita (Tabela 1). Nas plantas cujas inflorescências foram cortadas, a produção máxima estimada de MSF (45,5 g planta-1) foi obtida 149 DAT, enquanto nas plantas que não tiveram as suas inflorescências cortadas, a produção máxima estimada foi menor (31,5 g 178 planta-1) e ocorreu mais cedo (115 DAT), sendo seguida por um declínio. Esta diferença de comportamento pode ser explicada pelo fato de que, com o florescimento ocorre a translocação de fotoassimilados das regiões de síntese (folhas) para os locais onde serão consumidos, no caso as inflorescências e os frutos em formação (Larcher, 2000), enquanto nas plantas cujas inflorescências foram cortadas, os fotossintatos foram direcionados para a produção de mais folhas. A formação de inflorescências pela planta foi muito intensa e teve início 75 DAT. A matéria seca das inflorescências (MSI) mostrou um ajuste quadrático para as épocas de colheita (Tabela 1), sendo que o período avaliado não foi suficiente para determinar a sua produção máxima, considerando que o elixirparegórico é uma espécie perene (Lorenzi & Matos, 2002). Ao final do experimento notou-se que as plantas que não tiveram suas inflorescências cortadas apresentaram um aspecto geral senescente, com muitas folhas amareladas. Por outro lado, as plantas cujas inflorescências foram cortadas apresentaram-se mais vigorosas e com folhas de coloração verde mais intensa. Segundo Hertwig (1991), a supressão das flores evita o envelhecimento precoce das plantas, porque elimina o dreno de fotossimilados. Produção de óleo essencial O teor de óleo essencial das folhas de elixir-paregórico não foi afetado pelo sistema de manejo, mas apresentou uma resposta quadrática às épocas de colheita, com produção máxima estimada de 2,93 g 100 g-1 MSF, 117 DAT, após o qual tendeu a estabilizar (Tabela 1). A variação do teor de óleo em função da idade da planta parece ser um fator que varia com a espécie, pois para Ocimum gratissimum a maior produção de óleo essencial, 1,25%, ocorreu com 83 dias (Rocha et al., 2005), enquanto para Cymbopogon citratus foi observado um decréscimo gradual do teor de óleo com a idade da planta (Leal et al., 2003). O teor médio de óleo essencial de elixirparegórico obtido neste trabalho foi superior aos valores encontrados por Gonçalves (2001) e Martins (1996), possivelmente em virtude de diferenças entre os materiais genéticos, época e local de cultivo e colheita, além do método de extração utilizando folhas frescas e outros solventes orgânicos, como pentano e éter dietílico, respectivamente. A interação entre o corte e a época de colheita teve efeito significativo sobre o rendimento de óleo essencial da planta, resultando em ajustes quadráticos (Tabela 1). A média de rendimento de óleo essencial obtido das folhas das plantas cujas inflorescências foram cortadas apresentou-se significativamente maior (1,60 g planta-1) do que nas plantas que não sofreram o corte (1,18 g planta-1). Para as plantas que tiveram as suas inflorescências cortadas o rendimento de óleo máximo estimado foi de 2,36 g planta-1, obtido 135 DAT, enquanto nas plantas que não foram cortadas o rendimento de óleo máximo estimado foi de 1,65 g planta-1, obtido 114 DAP (Tabela 1). O corte das inflorescências proporcionou um aumento médio de 26,25% no rendimento de óleo essencial em relação às plantas não cortadas. Nas plantas em que se cortaram as inflorescências semanalmente, aparentemente a translocação dos fotoassimilados ficou direcionada para a produção de maior quantidade de massa foliar. Desta forma, apesar do corte das inflorescências não ter apresentado efeito sobre o teor de óleo essencial na planta, verificou-se que o aumento do rendimento de óleo ocorreu em função do incremento de massa seca de folhas de elixir-paregórico, como observado em Cymbopogon citratus, onde apesar do teor de óleo essencial ter diminuído com a idade da planta, o rendimento final aumentou, compensado pela maior quantidade da biomassa seca produzida (Leal et al., 2003). Em conclusão, o corte das inflorescências de O. selloi não interfere na altura da planta e no teor de óleo essencial, mas proporciona um aumento da produção de caules e folhas, bem como, no rendimento final de óleo essencial. A época ideal de colheita ficou em torno de 135 DAT para o manejo que utilizou corte semanal das inflorescências e 114 DAT para o manejo que manteve as inflorescências intactas. 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Postal 02, 58397-000 Areia-PB 1Bolsista em produtividade em pesquisa CNPq; 2Programa de pós-graduação em agronomia; 3Gaduação em agronomia; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se o efeito da adubação fosfatada no rendimento do quiabeiro, cultivar Santa Cruz, em experimento com delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco tratamentos (0; 44; 88; 132 e 176 kg ha-1 de P), em quatro repetições. O número máximo de frutos por planta (43) foi obtido na dose máxima de 176 kg ha-1 de P. A produtividade máxima estimada de frutos comerciais (38,6 t ha-1) ocorreu com 139 kg ha-1 de P. A dose de P que proporcionou maior retorno econômico foi 137 kg ha-1, com produção de 38,3 t ha-1 de frutos comerciais, o que representa um incremento de 17,4 t ha-1 de frutos. A dose mais econômica representou 98% daquela responsável pela máxima produção, o que pode indicar que o quiabeiro responde economicamente à adubação fosfatada no solo estudado e a dose de P responsável pela máxima produção comercial de frutos foi relacionada com 40 mg dm-3 de P disponível no solo (Mehlich 1). Da mesma forma, a dose responsável pelo maior retorno econômico foi associada com 38 mg de P dm-3. Palavras-chave: Abelmoschus esculentus, adubação fosfatada, Neossolo, retorno econômico. Response of phosphorus levels on okra planted in sandy soil The influence of phosphorus fertilization on yield of okra, cv. Santa Cruz was evaluated. The research was carried out in the experimental design of randomized blocks, with five treatments (0; 44; 88; 132 and 176 kg ha-1 of P), and four replications. The maximum number of fruits per plant (43) was obtained with the maximum level of 176 kg ha-1 of P. The estimated maximum yield of commercial fruits (38.6 t ha-1), was related to 139 kg ha-1 of P. The application of 137 kg ha-1 of P provided the highest economical income, yielding 38.3 t ha-1 of commercial fruits, with an increment of fruits of 17.4 t ha-1. The most economic level represented 98% of that responsible for the maximum yield, indicating that the okra responded economically to the use of P in sandy soil and, of the P level responsible for the maximum commercial yield of fruits were related to 40 mg dm-3 of available P in soil (Mehlich 1), and the level responsible for the highest economic income was related to 38 mg dm-3. Keywords: Abelmoschus esculentus, phosphated fertilization, Quartz psamment, economic income. (Recebido para publicação em 15 de dezembro de 2005; aceito em 12 de junho de 2007) A adubação mineral é uma das práticas que mais afeta a produção de hortaliças, tanto sob o aspecto tecnológico quanto econômico (Filgueira, 2000). As doses de fertilizantes aplicadas no solo não devem ser limitantes ao crescimento e à produtividade das culturas, no entanto, se em excesso, poderão interferir na absorção de outros nutrientes (Coutinho et al.,1993). O fósforo, geralmente, é um nutriente limitante da produção agrícola nos solos tropicais e subtropicais, devido aos seus baixos teores no solo, fato que implica na prática constante da adubação fosfatada (Minhoni et al., 1991). O fósforo atua positivamente no florescimento e na frutificação das plantas, contribui para o bom desenvolvimento do sistema radicular e incrementa a produção, melhorando a qualidade dos produtos vegetais (Raij, 1991). Apesar das plantas requererem menor quanti180 dade desse nutriente, em relação ao potássio e nitrogênio, as recomendações, para a adubação das culturas indicam quantidades de fósforo superiores às daqueles nutrientes, devido ao seu baixo aproveitamento (5% a 20%), em decorrência do fenômeno da fixação, que resulta na redução da disponibilidade em solos tropicais (Alcarde et al., 1989; Vale et al., 1993). Em solos naturalmente bem supridos em fósforo, a sua adição não afeta a produção nem a qualidade das hortaliças (Fontes & Wilcox, 1984). Contudo, mesmo em solos já adubados anteriormente, em geral, a deficiência de fósforo poderá ocorrer, sendo possível obter curva de respostas para as diferentes classes de teores desse nutriente no solo (Raij, 1991). Os solos, porém, diferem quanto à imobilização dos fosfatos e as condições que favorecem a intensidade deste fenômeno são maior teor de argila e de óxidos de ferro e alumínio nessa fração, e menor valor de pH (Raij, 1983). Em condições de solos com pequena CMAP (Capacidade Máxima de Adsorção de P), como os arenosos, é preciso maior valor do I (Fator Intensidade), ou seja, a concentração ótima para atender à demanda da planta; bem como para uma mesma quantidade de fósforo colocada no solo, devem ser encontrados valores do I bem maiores nos solos arenosos (Novais & Smyth, 1999). As culturas absorvem fósforo desde os primeiros estádios de crescimento, durante a germinação e a emergência e, daí por diante, até a senescência. O fósforo é, reconhecidamente, um nutriente relevante para a obtenção de produtividade elevada. Tem sido o macronutriente que freqüentemente limita a produção, e apesar da pequena exigência da cultura são obtidas respostas positivas à adubação fosfatada. Além da pobreza dos solos brasileiros em fósHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Reposta do quiabeiro às doses de fósforo aplicadas em solo arenoso foro disponível, é baixo o aproveitamento desse nutriente aplicado via adubação, pois sua retenção é elevada nos solos tropicais (Novais & Smith, 1999). Embora o fósforo seja um dos nutrientes que proporcione maior resposta em termos de produção de frutos no quiabeiro (Filgueira, 2000), pouco se conhece, ainda, a respeito das quantidades a serem utilizadas, permitindo rendimentos satisfatórios nessa cultura. As recomendações do seu emprego para essa hortaliça encontradas na literatura variam de 96 kg ha-1 de P para a região do Amazonas (Pimentel, 1985), até 152 kg ha-1 de P para solos de fertilidade média ou baixa nas regiões Sul e Sudeste do país (Filgueira, 2000). Este trabalho teve como objetivo avaliar a reposta do quiabeiro às doses de fósforo aplicadas em solo arenoso. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em área experimental da UFPB, em Areia, entre outubro de 2004 e fevereiro de 2005, em solo NEOSSOLO REGOLÍTICO Psamítico Típico (Embrapa, 1999), textura areia franca. As análises químicas e físicas da camada de 0-20 cm, realizadas segundo Embrapa (1997), resultaram em: pH = 6,4; P = 11,24 mg dm-3; K = 217,25 mg dm-3; Al+3 = 0,05 cmolc dm-3; Ca2+ = 4,95 cmolc dm-3; Mg2+ = 2,5 cmolc dm-3; matéria orgânica = 24,93 g kg-1; areia grossa = 672 g kg-1; areia fina = 125 g kg-1; silte = 126 g kg-1; argila = 77g kg-1 e densidade do solo = 1,28 g cm-3. O preparo do solo foi realizado com aração e gradagem, em seguida foram abertas as covas de plantio. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com cinco tratamentos (0; 44; 88; 132 e 136 kg ha-1 de P) e quatro repetições. As parcelas mediram 20 m2, com 40 plantas espaçadas de 1,0 m entre fileiras e 0,50 m entre plantas, sendo consideradas nas avaliações as 20 plantas centrais, com área útil de 10 m2. O plantio da cultura foi realizado por meio de semeadura direta, colocando-se quatro sementes por cova da cultivar Santa Cruz. O desbaste foi feito quinze dias após a semeadura, deixando-se duas plantas por cova. A adubação de plantio consistiu da aplicação nas covas das doses de P2O5, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 utilizando-se como fonte o superfosfato triplo e de 20 t ha-1 de esterco bovino. A adubação de cobertura constou da aplicação de 120 kg ha-1 de N, utilizando-se como fonte o sulfato de amônio e 40 kg ha -1 de K, utilizando como fonte o cloreto de potássio, parcelados em quantidade iguais, aos 30, 60 e 90 dias após a semeadura. Realizaram-se os tratos culturais normais para a cultura, incluindo irrigação por aspersão, com turno de rega de três vezes por semana, procurando fornecer quantidade de água suficiente para o bom desenvolvimento da cultura nos períodos de ausência de precipitação; capinas com auxílio de enxadas para manter a cultura sempre livre de plantas invasoras, e pulverizações à base de Benomyl (20 ml/20 L de H2 O), para controlar a ocorrência de oídio (Erysiphe polygoni). As colheitas foram efetuadas a cada dois dias, no período de 70 a 170 dias após a semeadura, quando os frutos apresentaram coloração verde intensa. Os frutos colhidos foram transportados para um galpão, com o objetivo de se avaliar o número de frutos por planta e sua produtividade comercial. Ao final da colheita efetuou-se a amostragem do solo (0 - 20 cm de profundidade), coletando-se dez amostras simples ao acaso por parcela, as quais originaram uma amostra composta para se determinar as concentrações de P disponível pelo extrator Mehlich 1, em função das suas doses aplicadas. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão polinomial, utilizando-se o “software” Saeg (2000). Na análise de regressão, foram testados os modelos linear, quadrático e cúbico, sendo selecionados para expressar o comportamento das doses de P sobre as características avaliadas, aquele que apresentou o maior valor para o coeficiente de determinação (R2). Também foi determinada a dose P capaz de promover o maior retorno econômico para a produção de frutos comerciais, conforme Raij (1991). Os valores utilizados para as variáveis frutos comerciais e P, vigentes em Areia-PB em janeiro de 2005 foram: R$ 0,50/kg de frutos e de R$ 1,72/kg de P, ressaltando porém, que essa relação de preço pode variar a cada ano, conforme a demanda e oferta. No entanto, a fim de atenuar os problemas de variação cambial, trabalhou-se com uma relação de troca ao invés de moeda corrente (Natale et al., 1996), procurando-se assim dados mais estáveis. Portanto, a “moeda” utilizada nos cálculos, foi o próprio fruto, considerando-se a seguinte relação de equivalência: quilograma de P/kg de frutos igual a 3,5, sendo a dose mais econômica calculada com base na derivada da equação de regressão entre a produções de frutos e as doses de P por meio da relação de dy/dx = a1 + 2a2 x. A doses mais econômica (x’ ) foi então calculada por: a1 - relação de equivalência x’ = ————————————— 2 (-a2) Onde x’ representa a dose econômica, a1 a taxa de incremento de produção e a2, o ponto de máxima produção. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo (P<0,05) das doses de P empregadas para todas as características avaliadas. O número de frutos por planta aumentou de forma linear à medida que as doses de P foram aumentadas. O valor mais elevado para o número de frutos por planta (43), no intervalo de estudo, foi obtido com a aplicação da dose máxima de P (176 kg ha-1). (Figura 1). Este resultado indica que o ponto de máximo não foi atingido nas condições do experimento. Em feijão-vagem, Oliveira et al. (2005) testando doses de P variando de 0 a 176 kg ha-1 em solo arenoso com 11,06 mg dm-3 de P disponível, obtiveram número máximo de frutos na dose de 116 kg ha-1. Em pepino, Silva et al. (2003) avaliando diferentes fontes solúveis de fósforo na fertirrigação por gotejamento, em solo de textura média, verificaram elevação do número de frutos por planta com aplicação de 262 kg ha-1 de P. As médias da produtividade comercial de frutos se ajustaram ao modelo quadrático de regressão (Figura 2), onde pela derivada da equação, calculou-se a 181 AP Oliveira et al. Figura 1. Número de frutos/planta de quiabeiro em função de doses de P. (Number of fruits per plant of okra depending on P levels). Areia, CCA-UFPB, 2005. Figura 2. Produtividade de frutos comerciais de quiabeiro em função de doses de P. (Yield of commercial fruits of okra fertilized with P levels). Areia, CCA-UFPB, 2005. dose de 139 kg ha-1 de P, como aquela responsável pela produtividade máxima estimada de 38,6 kg ha-1 de frutos. Esses resultados evidenciam uma adequada perspectiva de produção de frutos no quiabeiro na microrregião de Areia, em decorrência da produtividade máxima de frutos comerciais ter se enquadrado dentro da média nacional relatada por Filgueira (2000), na faixa de 20 a 40 t ha-1 de frutos comerciais. A aplicação de doses adequadas de P é eficiente para se aumentar a produção de frutos em hortaliças, porque seu fornecimento às culturas oleráceas favorece o desenvolvimento do sistema 182 radicular e aumenta a absorção de água e nutrientes, estimulando a floração e a frutificação (Filgueira, 2000). Portanto, durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a dose de P responsável pela máxima produção comercial de frutos, supriu de forma equilibrada as necessidades do quiabeiro, em relação ao referido nutriente. Dwivedi et al. (1993), Faraq & Damrany (1994) e Anjum & Amjad (1999), em solos de textura média, estudando efeito de doses de P entre 60 e 150 kg ha-1, obtiveram aumento de produtividade de frutos comerciais de quiabeiro com aplicação de 100 kg ha-1 de P. Silva et al. (2001), estu- dando a resposta do tomateiro à doses de P variando de 88 a 262 kg ha-1, em solo com 22 g kg-1 de Areia e 24 g kg-1 de argila, obtiveram elevação na produtividade de frutos comerciais de tomate em função do fornecimento de dose adequada de P (262 kg ha-1). Amjad et al. (2002), avaliando as doses de 73; 87 e 104 kg ha-1 de P, em solo de textura média, verificaram redução da produtividade de frutos de quiabeiro em doses acima cima de 87 kg ha-1. A dose de P capaz de proporcionar maior retorno econômico para a produtividade de frutos, determinada pela fórmula: (250 - 3,5)/(2 x 0,09) foi de 137 kg ha-1, com produção de 8,3 t ha-1 de frutos comerciais, o que representa um incremento de 17,4 t ha-1 de frutos, em relação à ausência do insumo. Essa dose representou 98% daquela responsável pela máxima produção indicando que o quiabeiro responde economicamente ao emprego de fósforo já que, conforme Lobato (1982), a melhor eficiência econômica para esse nutriente encontra-se entre 80 e 98% da produção máxima. As doses de P obtidas para máxima produtividade comercial de frutos e maior retorno econômico correlacionaram-se com 40 e 38 mg dm-3 de P disponível (Mehlich 1), respectivamente (Figura 3). Portanto, a probabilidade de ocorrência de resposta do quiabeiro à adubação fosfatada, em solos semelhantes ao do presente estudo, será minimizada quando o teor de P disponível for superior a 40 mg dm-3. Independentemente do tipo de solo, Pimentel (1985) recomenda para a fertilização do quiabeiro a aplicação de 88 kg ha-1 de P, para as condições da região Norte. Blanco et al. (1997) recomendam 175 kg ha-1 para as condições do estado de São Paulo e Filgueira (2000) recomenda 153 kg ha-1 para as condições das regiões Sul e Sudeste. As doses responsáveis pela máxima produção de frutos comerciais e eficiência econômica nas condições de clima e solo do experimento, situam-se na faixa daquelas recomendadas pelos autores. O baixo nível de P no solo, conforme Novais & Smyth (1999), pode ter sido responsável pela resposta positiva de todas as características avaliadas ao emprego do P, indicando que nas conHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Reposta do quiabeiro às doses de fósforo aplicadas em solo arenoso dições regionais de Areia, para o estabelecimento da cultura do quiabeiro em Neossolo Regolítico Psamítico Típico, textura franca, com características químicas semelhantes ao solo onde o trabalho foi conduzido, é recomendável a aplicação de 137 kg ha-1 de P. Considerando-se que o teor de fósforo disponível (extrator Mehlich 1) inicialmente foi interpretado como baixo, os resultados obtidos refletem a importância da adubação fosfatada na cultura do quiabeiro, com melhoria no rendimento de frutos. 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Horticultura Brasileira 25: 184-187. Extratores aquosos para a caracterização química de substratos para plantas Mônica Ferreira de Abreu; Cleide Aparecida de Abreu1; Isabele Sarzi2; Alceu Linares Padua Junior3 1 Instituto Agronômico, Centro P&D de Solos e Recursos Ambientais, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2Instituto Florestal, Seção de Silvicultura; 3Aluno pós-graduação PG-IAC; [email protected] RESUMO ABSTRACT Substratos são materiais que apresentam as mais variadas origens e composições, podendo ser orgânicos, minerais ou sintéticos. Avaliou-se métodos aquosos usando as proporções de 1:1,5; 1:2; 1:2’; 1:5; 1:5’ e 1:10 para a determinação de pH, CE, macro e micronutrientes em diferentes substratos comerciais e em componentes de substratos tendo-se como referência os resultados obtidos com o extrato de saturação. Foram utilizados nove substratos recomendados para as culturas de fumo, café, flores (2), florestais, citros e hortaliças (3) e onze componentes: casca de arroz carbonizada, turfa, turfa fibrosa, vermiculita, perlita, casca de pinus compostada (2), argila expandida, fibra de coco, cortiça e pó de xaxim. Foram determinados o pH, condutividade elétrica (EC), macronutrientes e micronutrientes. Os resultados obtidos com pH e EC apresentaram os menores valores de coeficiente de variação (CV) e para os micronutrientes foram muito próximos aos limites de detecção do aparelho. Os macronutrientes apresentaram coeficientes de variação entre 5,1% e 47,2%. O método 1:2 apresentou capacidade extrativa de macro e micronutrientes mais próxima daquela observada para o extrato de saturação e todas as soluções aquosas foram eficientes em avaliar o pH, CE e macronutrientes dos diversos componentes e substratos. Water extracts for the chemical characterization of plant substrates Palavras-chave: substrato para plantas, análise química de substrato, macronutrientes, micronutrientes. Keywords: substrates for plants, chemical analysis of substrates, macronutrients, micronutrients. Substrates used to grow plants have different origins and compositions and can be organic, mineral or synthetic materials. In the present work the effect of different water extracts (1:1.5; 1:2; 1:2’; 1:5; 1:5’; and 1:10) was evaluated and compared to saturated extracts for the determination of pH, electric conductivity, macro and micronutrients in commercially available products and some of their components. The results were compared to those with saturated extracts. Nine substrates were evaluated, recommended for the cultivation of tobacco, coffee, flowers (2), forestry species, citrus and horticulture species (3), and eleven substrate components: carbonized rice hulls, peat, fiber peat, vermiculite, perlite, Pinus bark compost (2), expanded clay, coir (coconut fiber), cork and ‘xaxim’ or ‘samambaia-açu’ (Dicksonia sellowiana). Chemical analyses were made in the substrate extract solutions for the determination of pH, electrical conductivity (EC), and macronutrient and micronutrient concentrations. The pH and EC data showed the lowest coefficients of variation. The micronutrient concentrations in the water extracts were very close to the equipment detection limits. The macronutrient concentrations showed coefficients of variation ranging from 5.1% to 47.2%. The method using the ratio 1:2 was better to obtain the saturation extracts for either macro or micronutrients. In spite of that, for all the other water extracts studied good results were obtained in the evaluation of pH, CE and macronutrientes in the tested samples. (Recebido para publicação em 7 de janeiro de 2006; aceito em 18 de abril de 2007) T oda atividade na produção de mudas e plantas envasadas, principalmente de flores e plantas ornamentais, utiliza substratos. A demanda por substrato para o mercado da floricultura está em torno de 30 mil t ou 60 mil m3 mensais (Bataglia & Furlani, 2004). O substrato pode ser formado de matéria-prima de origem mineral, orgânica ou sintética, de um só material ou mistura de diversos (Kanashiro, 1999). Os materiais orgânicos mais usados como substratos ou como componentes para substratos são turfa, casca de árvore picada, fibra de coco e, os materiais de origem mineral são vermiculita e perlita (Kampf, 2000). 184 A caracterização física e química dos substratos é necessária para a sua correta formulação e, também, para a recomendação e monitoramento das adubações nos sistemas de cultivo protegido. Contudo, até o presente, não há um método que seja totalmente aceito como o melhor para caracterizar quimicamente os substratos, embora haja consenso sobre quais análises necessitam ser feitas. Nos Estados Unidos há certa preferência pelo extrato de saturação, enquanto na Europa é mais comum o uso de extração com água em volumes fixos de 1:1,5, 1:5 e 1:10 (Abreu et al., 2002). Uma das grandes dificuldades em padronizar métodos está relacionada com a diversidade de materiais empregados como substratos para as plantas. Na Europa, com exceção da turfa, a maior parte dos materiais é praticamente inerte e, na maioria dos casos, os extratores aquosos são eficientes. No Brasil, os substratos utilizados em cultivos protegidos e semi protegidos são quase totalmente de origem orgânica, ou seja, materiais ativos. Esses materiais possuem elevada capacidade de troca de cátions (CTC), retendo os elementos para as plantas e, às vezes, as soluções aquosas não são tão eficientes. Santos (2005), avaliando a disponibilidade de Cu pelos métodos extrato de saturação e 1:1,5, observou que nenhum dos métodos Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Extratores aquosos para a caracterização química de substratos para plantas apresentou correlação significativa entre Cu extraído da turfa, casca de pinus e fibra de coco com o Cu na parte aérea da rúcula. Todos os métodos apresentam vantagens e limitações. Resultados obtidos com o extrato de saturação são menos reprodutíveis, por causa da dificuldade de se identificar o ponto final de diluição do substrato que define a saturação. A maior vantagem deste método esta no fato de determinar os nutrientes prontamente disponíveis às plantas (Bunt, 1986). Furlani et al. (2005), utilizando os métodos aquosos 1:1,5; 1:2; 1:5 ; 1:10 e a pasta de saturação incubados com fertilizantes minerais, concluíram que para o pH os valores do coeficiente de variação foram baixos (CV = 6,8%). De maneira geral, os resultados das soluções aquosas são afetados proporcionalmente em função das diluições. Furlani et al. (2005) obtiveram valores de 4,4; 3,3 e 1,4 mmol L-1 para a determinação de amônio na fibra de coco usando, respectivamente, os métodos 1:1,5; 1:2 e 1:5. Resultados semelhantes foram obtidos para o NO3- , P, K, Ca, Mg e S. Outro aspecto importante é que quanto menor a diluição, mais próximos ficam os resultados daqueles obtidos com o extrato de saturação. O teor de Fe na fibra de coco extraído pela solução aquosa 1:1,5 foi de 4,2 mg L-1, próximo àquele obtido pelo extrato de saturação de 5,7 mg L-1 (Abreu et al., 2004). Na Holanda, tem-se adotado baixas diluições (1:1,5) e a padronização da umidade inicial, submetendo as amostras a uma pressão constante de 0,1 kg cm-2 antes de se proceder à diluição das amostras (Sonneveld et al., 1974; Sonneveld, 1988). A indústria brasileira adota o extrato 1:2 para medir pH e CE (Abreu et al., 2002). A metodologia utilizando a proporção de 1:5 foi proposta pelo Comitê EUROPEÉN de NORMALISATION (CEN, 2003), onde a principal vantagem deste método é a possibilidade de se analisar vários tipos de substratos e componentes, tanto inertes como orgânicos. No Brasil, ainda não há indicação do método mais adequado e existem poucas informações e muita controvérsia. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Falta uma definição do melhor procedimento e a sua padronização por meio de protocolos analíticos passíveis de uso nos laboratórios do país. Assim, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) foi escolhido pelo Ministério de Agricultura e Abastecimento para definir métodos eficientes em caracterizar quimicamente os substratos para as plantas e que sejam facilmente adaptados às condições de rotina dos laboratórios das empresas produtoras de substratos para plantas. O objetivo deste trabalho foi avaliar métodos aquosos usando as proporções de 1:1,5; 1:2; 1:2’; 1:5; 1:5’ e 1:10 para a determinação de pH, CE, macro e micronutrientes em substratos comerciais produzidos e utilizados no Brasil e em componentes de substratos tendo-se como referência os resultados obtidos com o extrato de saturação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de laboratório usando substratos comumente encontrados no comércio e componentes de substratos usualmente utilizados pelas empresas produtoras de substratos, que apresentavam diferentes características químicas e físicas. No comércio, foram selecionados nove substratos recomendados para as culturas de fumo, café, flores (2), florestais, citros e hortaliças (3) e onze componentes: casca de arroz carbonizada, turfa, turfa fibrosa, vermiculita, perlita, casca de pinus compostada (2), argila expandida, fibra de coco, cortiça e pó de xaxim. Nesses materiais foram avaliados os valores de pH, CE, macro e micronutrientes, em triplicata, empregando os seguintes procedimentos: Extrato de saturação (ES) - Baseado em Warncke (1986). Em aproximadamente 400 cm3 de material (sem tratamento prévio) foi adicionada água deionizada até que a pasta apresentasse aspecto brilhante ou quando o sulco feito por uma espátula desaparecesse rapidamente. Após uma hora em repouso, foi conferido o ponto de saturação, adicionando-se mais água ou substrato conforme a necessidade. Após uma hora e meia de repouso, a pasta foi filtrada a vácuo em funil de Büchner, aplicando- se sucção até obter aproximadamente 25 mL de extrato. Método 1:1,5 - Sugerido por Sonneveld & Elderen (1994). Foi feito o tratamento prévio da amostra, onde cerca de 200 cm³ de material foram misturados com água deionizada até que, apertando-se levemente nas mãos a água escorresse por entre os dedos. Após esse ajuste a amostra foi colocada em dois anéis de 100 cm3 (correspondendo a 48 mm de diâmetro e 54 mm de altura), que receberam uma pressão de 10 kPa (usando uma barra de ferro, correspondente ao peso de 1,8 kg). Os anéis foram separados e o conteúdo do anel inferior foi misturado com 150 mL de água deionizada e a suspensão agitada por 30 minutos usando agitador horizontal e posteriormente filtrada em papel de filtro, filtragem média (Nalgon 3550). Método 1:2. Foram medidos 100 mL de substrato ou componente (sem tratamento prévio) e adicionados a 200 mL de água. A suspensão foi agitada por 20 minutos a 220 rpm e filtrada em papel de filtro filtragem média (Nalgon 3550). Este método é rotineiramente usado pelas empresas de substrato do Brasil para determinação de pH e CE. Método 1:2’ - Recomendado por Sonneveld et al. (1990). O extrato foi obtido pela adição da amostra de substrato ou componente (sem tratamento prévio) em duas partes de água (200 mL) até alcançar o volume de 300 mL. A suspensão foi agitada por 20 minutos a 220 rpm e filtrada em papel de filtro, filtragem média (Nalgon 3550). Método 1:5 - O extrato foi obtido pela adição da amostra de substrato ou componente (sem tratamento prévio) em cinco partes de água (250 mL) até alcançar o volume de 300 mL. A suspensão foi agitada por 20 minutos a 220 rpm e filtrada em papel de fitro, filtragem média (Nalgon 3550). Método 1:5’ - Método oficial europeu (CEN, 2003). Neste método foram medidos 50 mL de amostra de substrato ou componente sem tratamento prévio e adicionados a 250 mL de água. A suspensão foi agitada por 20 minutos a 220 rpm e filtrada em papel de filtro, filtragem média (Nalgon 3550). Método 1:10 - Procedimento empregado pela associação VDLUFA 185 MF Abreu et al. Tabela 1. Coeficientes de correlação entre pH, CE, macro e micronutrientes determinados pelo extrato de saturação (método de referência) e os demais métodos (Correlation coeficients among pH, CE, macro and micronutrients obtained through the saturation method and other ones). Campinas, IAC, 2005. *Significativo 5% de probabilidade; **Significativo 1% de probabilidade (*Significant on the level of 5% probability; **Significant on the level of 1% probability). (Normas de Federação dos Institutos para Pesquisas e Análises Agrícolas da Alemanha) e empregado pela Universidade Federal do RS (Fermino, 1996). As amostras de substratos ou componentes foram destorroadas manualmente. Depois, determinou-se a porcentagem de massa seca a 105ºC. As amostras foram secas ou umedecidas (conforme o caso), para ajustar a umidade a 50%. Para obtenção do extrato, pesaram-se 20 g de material previamente tratado e adicionaram-se 200 mL de água. A suspensão foi agitada por 3 horas e depois em repouso por 24 horas e filtrada em papel de filtro, filtragem média (Nalgon 3550). Com exceção do método da pasta de saturação, cujo pH foi determinado diretamente na pasta, em todos os demais procedimentos essa medida foi feita no filtrado, usando um eletrodo combinado de vidro. A condutividade elétrica foi medida à temperatura ambiente e o valor ajustado a 25ºC. O nitrogênio foi destilado a partir da mistura do extrato com MgO, para a determinação da forma amoniacal e depois com a liga de Devarda, para a forma de nitrato, utilizando a titulação potenciométrica com ácido sulfúrico (Bremner & Keeney, 1966). 186 O potássio e sódio foram determinados por fotometria de chama e o fósforo, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês e zinco por espectrometria de emissão óptica em plasma (ICP-OES). O pH, CE e os teores de macro e micronutrientes dos vinte materiais extraídos pelos métodos 1:1,5; 1:2; 1:2’; 1:5; 1:5’ e 1:10 foram correlacionados com aqueles extraídos pelo extrato de saturação, considerado padrão. A reprodutibilidade de cada método foi avaliada por meio do coeficiente de variação, considerando os 20 materiais, cujas análises químicas foram repetidas três vezes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios foram muito diferentes entre os métodos, indicando que estes têm capacidades de extração diferentes (Tabela 1). Dentre os métodos testados, o extrato de saturação e o 1:2’ foram os que obtiveram maior capacidade de extração. De maneira geral, o extrato de saturação apresentou os maiores valores para os macronutrientes, enquanto que o 1:2’ extraiu maiores quantidades de micronutrientes. Os teores muito próximos entre esses dois métodos devem-se ao fato da necessidade de se adicionar grande quantidade de material ao volume de água estabelecido de 200 mL. Como os materiais apresentaram grande capacidade de absorção de água o ponto final ficou muito semelhante àquele obtido pelo extrato de saturação. Na Holanda, este método é empregado para análise de solo em cultivo protegido (Sonneveld et al., 1990), o qual apresenta características muito diferentes dos materiais utilizados neste estudo. No que se refere ao fator de diluição entre os métodos, os resultados das soluções aquosas foram afetados proporcionalmente em função dessas diluições (Tabela 1), com exceção do método 1:10 cujo procedimento é muito diferenciado dos demais. Usando os métodos 1:1,5, 1:2 e 1:5, o teor de Mg nos extratos aquosos foram de 26, 23 e 8 mg L-1 e o de Fe de 2, 1,7 e 1,3 mg L-1, respectivamente. Resultados proporcionais em função das diluições foram também obtidos por Furlani et al. (2005), que encontraram valores de 4,4, 3,3 e 1,4 mmol L-1 para a determinação de amônio na fibra de coco usando, respectivamente, os métodos 1:1,5, 1:2 e 1:5. Por outro lado, essa proporcionalidade do resultado em função da diluição contradiz o existente na literatura internacional. À medida que os extratos são mais diluídos, usando-se maiores volumes de água em relação a um volume fixo de substrato, os resultados não são afetados proporcionalmente (Johnson, 1980) provavelmente, porque os materiais aqui usados são bastante diferentes daqueles usados em outros países. Os teores médios de micronutrientes dos diversos substratos e componentes, com exceção do B e do Fe, foram baixos (Tabela 1). Tal fato, deve-se aos baixos teores de Cu, Mn e Zn nos materiais e/ou a baixa capacidade de extrativa dos métodos. A baixa capacidade de extração de Cu e Zn pode ser justificada pelo fato desses formarem complexos estáveis com ácidos fúlvicos e húmicos da matéria orgânica (Stevenson, 1991). Embora, o Fe e o Mn também possam formar complexos com a matéria orgânica, esses são menos estáveis que aqueles formados por Cu e Zn (Irving & Williams, 1948). Portanto, métodos que empregam água como extrator não são capazes de extrair os micronutrientes Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Extratores aquosos para a caracterização química de substratos para plantas ligados aos complexos estáveis com a matéria orgânica, apresentando, conseqüentemente, baixa capacidade extrativa. Por meio do coeficiente de correlação entre os resultados do extrato de saturação e os demais métodos tem-se uma idéia do comportamento desses (Tabela 1). Em geral, os valores foram significativos a 95%, sempre acima de 0,70, indicando que os métodos estudados apresentaram comportamento semelhante ao extrato de saturação, definido como método de referência. Ainda nesta tabela, verifica-se que os micronutrientes, principalmente o Fe e o Mn, apresentaram os menores coeficientes de correlação com o extrato de saturação. Entre os métodos, os menores valores de correlação foram observados para o método 1:10 (1). Provavelmente, devido ao fato do 1:10 apresentar algumas etapas diferentes dos demais métodos, como a padronização da umidade inicial da amostra de 50%, o tempo de agitação da suspensão de três horas e o tempo de repouso de 24 horas. O coeficiente de variação e o desvio padrão podem indicar a reprodutibilidade dos métodos. Essa característica é de grande importância para adoção de uma metodologia em análise de rotina. A variabilidade entre os resultados foi dependente do método e da característica analisada (Tabela 1). Dentre os procedimentos testados, a pasta de saturação e o método 1:10 foram os que apresentaram os mais baixos coeficientes de variação, com valores máximos de 38,5% e 27,3%, respectivamente, indicando melhor reprodutibilidade (Tabela 1). Por outro lado, o método 1:1,5 foi o de menor reprodutibilidade, com coeficiente de variação muito alto, atingindo 2% a 86%. Os altos valores de coeficiente de variação encontrados para o método 1:1,5 podem ser atribuídos à avaliação empírica que se faz da umidade inicial da amostra. Dentre as características analisadas, o pH foi o que apresentou o menor CV, com uma amplitude de 1,0% a 2,5%, seguindo-se da CE com CV de 5,2% a 10,1%. Esses valores podem ser considerados baixos devido à complexidade Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 dos materiais analisados. Por outro lado, alguns elementos apresentaram altos coeficientes de variação e amplitude de variação, destacando-se os micronutrientes: B (8,9 a 31,9%); Cu (6,2 a 50,1%); Fe (19,2 a 86,3%), Mn (11,8 a 46,7%) e Zn (12,2 a 38,5%). As concentrações desses elementos nos diversos extratos estavam muito próximas ao limite de detecção do equipamento utilizado (ICP-OES), levando a erros analíticos e contribuindo para a imprecisão do método. Essa observação também foi feita por Bucher & Schenk (2000) ao avaliarem o teor de Cu em turfa adubada usando os métodos: água, acetato de amônio, nitrato de amônio e cloreto de cálcio. A baixa concentração de micronutrientes nos extratos aquosos deve-se, provavelmente, ao baixo teor desses nos substratos e nos componentes. O método 1:2 foi o que apresentou capacidade extrativa de macro e micronutrientes mais próxima daquela observada para o extrato de saturação. Todas as soluções aquosas foram eficientes em avaliar o pH, CE e macronutrientes dos diversos componentes e substratos. AGRADECIMENTOS A FAPESP e PRODETAB pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS ABREU CA; FURLANI AC; ABREU MF; BATAGLIA OC; FURLANI PR. 2004. Micronutrient determination in different water extracts of coir fiber substrate incubated with mineral fertilizers. In: URRESTARAZU M. (ed.). INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SOILLESS CULTURE AND HYDROPONICS, 9. 2004, Almeria, Universidad de Almeria. p.113. 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Qualidade fisiológica de sementes de palmiteiro-vermelho em função da desidratação e do armazenamento Cibele C Martins1; Marilene LA Bovi2; João Nakagawa1 1 UNESP, FCA, Depto.Produção Vegetal, C Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP; 2IAC, Centro de Horticultura, Unidade Plantas Tropicais, C.Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Para algumas espécies com sementes recalcitrantes, como o palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes), a secagem parcial favorece a manutenção da viabilidade durante o armazenamento. O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da desidratação e do armazenamento na germinação e vigor das sementes de palmito-vermelho. Dois lotes de sementes (L1 e L2) foram colocados para secar por 0; 20 e 40 horas (três sublotes) em câmara seca e armazenados a 15oC em sacos plásticos fechados. Foi realizado um ensaio em delineamento inteiramente casualizado para cada lote de semente, com os tratamentos dispostos em fatorial 3 x 6 (L1) e 3 x 10 (L2), correspondendo a três tempos de secagem e seis ou dez semanas de armazenamento. A qualidade das sementes foi avaliada a cada seis semanas, durante 30 e 54 semanas para respectivamente L1 e L2, por meio do teor de água (U), porcentagem de germinação (G) e vigor (primeira contagem e índice de velocidade de germinação). O teor de água das sementes de ambos os lotes foi em média de aproximadamente de 46; 40 e 36%, respectivamente, para 0; 20 e 40 horas de secagem, sem alterações importantes em função do período de armazenamento. Para sementes não-armazenadas, a secagem reduziu de modo significativo o vigor, mas não comprometeu a germinação. O lote L1 apresentou sementes viáveis em todos os sublotes até o final do armazenamento (G = 71; 61 e 45% para 0; 20 e 40 horas, respectivamente). As sementes do lote L2 apresentaram perda total da viabilidade por volta da 30a.semana apenas no sublote onde foram secas por 40 horas (U = 36%). Nos demais sublotes, as sementes se mantiveram viáveis até 54 semanas de armazenamento (G = 46%). A secagem parcial reduziu o vigor e diminuiu a longevidade das sementes. Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que sementes de E. espiritosantensis devem ser armazenadas sem secagem, com 45-46% de teor de água. Physiological quality of Euterpe espiritosantensis seeds as affected by partial drying and storage Palavras-chave: Euterpe espiritosantensis Fernandes, sementes recalcitrantes, germinação, vigor, palmeira. Keywords: Euterpe espiritosantensis Fernandes, recalcitrant seeds, germination, vigor, palm tree. Euterpe espiritosantensis seeds are recalcitrant, presenting sensibility to dehydration and difficulty for storage. In some species with recalcitrant seeds, partial drying favors the maintenance of viability during storage. The objective of this research was to study the effects of partial drying and storage on germination and vigor of E. espiritosantensis seeds. Two seed lots (L1 and L2) were dried for 0; 20, and 40 hours in a dry chamber and stored at 15oC in closed plastic bags. An assay for each seed lot was carried out on a completely randomized design, with treatments arranged in an 3 x 6 (L1) and 3 x 10 (L2) factorial scheme, corresponding to three seed drying periods and six or ten weeks of storage. Seed quality was evaluated every six weeks, during 30 and 54 weeks for L1 and L2, respectively. Seed water content (U), percentage of germination (G) and vigor (first counting of germination test and index germination rate) were assessed. Water content during storage, were, in both lots, on average 46; 40, and 36%, respectively, for 0; 20, and 40 hours of drying, without important changes due to storage period. For nonstored seeds, drying reduced significantly vigor, but did not interfere with germination. Seed lot L1 presented viable seeds in all sub lots until the end of the storage period (G = 71, 61 and 45% for 0; 20 and 40 hours, respectively). Seeds on lot L2 lost viability completely in the 30th week in the 40 hours of drying treatment (U=36%). Seeds in other treatments remained viable up to 54 weeks of storage (G = 46%). Partial drying reduced vigor and decreased seed longevity. Seeds from E. espiritosantensis can be stored without drying, with 45-46% of water content. (Recebido para publicação em 3 de janeiro de 2006; aceito em 20 de abril de 2007) O palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes) é espécie nativa da Floresta Tropical Atlântica, cuja propagação dá-se exclusivamente por sementes. Formações florestais naturais dessa planta foram encontradas na região de Santa Teresa, no estado do Espírito Santo (Fernandes, 1989) e em Ituberá e Itabuna, no Estado da Bahia (Bovi et al., 1987, 1994). A crescente devastação do seu habitat, associada à derrubada de plantas para a extração de palmito, tornam de interes188 se a produção de sementes e mudas dessa espécie para a recomposição da flora nativa e, ainda, para pesquisas visando à exploração comercial da espécie para produção de palmito (olerícola não-convencional) ou como planta ornamental. Sabe-se que as sementes do palmito-vermelho apresentam grande dificuldade em sua conservação, tendo sido classificadas como recalcitrantes (Martins et al., 1999a, 2000) devido à sensibilidade à desidratação, às temperaturas subzero de armazenamento e à curta longevidade. Deste modo, para serem armazenadas, as sementes do gênero Euterpe necessitam ser acondicionadas em embalagens impermeáveis, usualmente sacos plásticos, para evitar a desidratação progressiva e a conseqüente perda de viabilidade, e mantidas a temperaturas entre 5 e 20o C (Bovi et al., 1987; Andrade, 1994; Nodari et al., 1998; Martins et al., 2000; Nascimento, 2006). Porém, mesmo utilizando essas condições favoráveis de armazenamento, observou-se que as seHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Qualidade fisiológica de sementes de palmiteiro-vermelho em função da desidratação e do armazenamento mentes do palmito-vermelho apresentaram redução da viabilidade após um mês (Martins et al., 2000). Segundo Barbedo & Marcos Filho (1998), a conservação de sementes recalcitrantes poderia ser favorecida por métodos que propiciassem a paralização ou a limitação, ao máximo possível, do crescimento do eixo embrionário, mantendo-se a semente com fornecimento de água suficiente para evitar sua desidratação abaixo do teor de água crítico. Resultados de pesquisas com sementes de cacau e seringueira, também recalcitrantes, indicam que a utilização de uma técnica de secagem parcial das sementes favorece a manutenção da qualidade das mesmas durante o armazenamento (Hor et al., 1984; Chin, 1994; Bilia, 1997; Gentil, 2003; Nascimento, 2006). Diante do exposto, este trabalho visou verificar o efeito da secagem inicial parcial e do tempo de armazenamento sobre a germinação e o vigor das sementes de palmito-vermelho. MATERIAL E MÉTODOS Frutos maduros de palmiteiro-vermelho foram coletados manualmente, na EE do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), localizada no município de Ubatuba (SP) (23o06’S, 45o03’W, 6 m acima do nível do mar), por dois anos seguidos, formando dois lotes distintos. O primeiro lote (L1) foi composto por sementes colhidas de 19 plantas matrizes, em outubro de 1998 e, o segundo lote (L2), por sementes coletadas de 17 plantas matrizes em agosto de 1999. Imediatamente após a colheita, cada lote foi transportado em embalagem de polietileno até o Laboratório de Análise de Sementes da UNESP, Campus de Botucatu (SP), onde os frutos foram despolpados por meio de fricção em peneira de malha de aço, sob água corrente. As sementes mal formadas, danificadas ou abaixo do tamanho médio foram eliminadas. As sementes foram colocadas para secar por 0; 20 e 40 horas (três sublotes) em câmara seca (temperatura de 22oC e umidade relativa de 38%), visando à obtenção de teores distintos de água nos três sublotes. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Teor de água em porcentagem de dois lotes de sementes de palmito-vermelho em função de períodos de secagem e armazenamento (Water content, in percentage, of two seed lots of Euterpe espiritosantensis as affected by drying period and storage). Botucatu, UNESP, 1998/2000. Após a secagem, os três sublotes foram armazenados no escuro e à 15oC, em sacos plásticos (20mm de espessura) fechados (Martins et al., 2000). As amostras foram retiradas periodicamente para os testes, independentemente de haver ou não sementes germinadas dentro da embalagem, assumindo-se que um armazenamento eficiente seria capaz de manter as sementes em condições de originar plântulas normais quando colocadas em substrato e ambiente próprio para a produção de mudas. Durante o armazenamento foram realizadas as seguintes determinações em laboratório, a cada seis semanas, até o término das sementes: teor de água: avaliado pelo método da estufa a 105±3°C/24 horas (Brasil, 1992), utilizando-se quatro repetições de sete sementes inteiras; germinação: conduzido com quatro repetições de 20 sementes, mantidas nas temperaturas alternadas de 20-30C e luz (8h), em substrato vermiculita, esterilizada (120°C/12 horas), usando caixas plásticas transparentes (11 x 11x 3,5cm) (Brasil, 1992; Andrade et al., 1999). A contagem das plântulas foi realizada semanalmente, do sétimo ao 49o dia após a semeadura, quando foram calculadas as porcentagens de germinação (plântulas normais); primeira contagem da germinação: realizada cinco dias após a semeadura, contando-se o número de botões germinativos emitidos; índice de velocidade de germinação (IVG): determinado por meio de adaptação do critério estabelecido por Maguire (1962), contando-se semanalmente as sementes germinadas após a instalação do teste de germinação. A análise de variância foi realizada separadamente para cada teste, em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, em arranjo fatorial 3 x 6 para L1 e 3 x 10 para L2, onde os fatores corresponderam a três tempos de secagem e a seis ou dez períodos de armazenamento, em semanas, que variaram em função da disponibilidade das sementes. A comparação entre as médias dos tratamentos foi efetuada por meio do teste de Tukey. Os dados em porcentagem foram transformados em arc sen (x /100)1/2, previamente à análise. RESULTADOS E DISCUSSÃO A secagem inicial das sementes e a duração do armazenamento afetaram significativamente todas as características estudadas, exceto o teor de água, em ambos os lotes de sementes (Tabelas 1, 2 e 3). A redução do teor de água das sementes, em relação ao teor inicial, foi de aproximadamente 13,6% e 21,8% para 20 e 40 horas de secagem, respectivamente (Tabela 1). O aumento do tempo de secagem resultou em sementes com teor de água decrescentes em ambos os lotes. Porém, o tempo de armazenamento praticamente não alterou o teor de água das sementes no lote 1 e no sublote de sementes não-secadas 189 CC Martins et al. (0 horas) no lote 2. Nos demais sublotes do lote 2, observou-se um leve aumento do teor de água (Tabela 1). O aumento do teor de água destas sementes pode estar relacionado a eventos metabólicos que ocorrem durante o processo de deterioração e ao aumento da incidência de microorganismos durante o armazenamento de sementes recalcitrantes, como também foi constatado em trabalhos com Ingá uruguensis Hook. Et Arn., Araucária angustifolia (Bert.) e Euterpe oleracea Mart. (Bilia et al., 1998; Piriz et al., 2003; Nascimento, 2006). Vale lembrar que, devido à disponibilidade, as sementes do lote 2 foram avaliadas por um período maior de armazenamento que as sementes do lote 1 (54 e 30 semanas, respectivamente), havendo maior tempo para que as sementes ficassem expostas ao microambiente criado dentro da embalagem plástica. De modo geral, as mé- Tabela 2. Germinação em porcentagem de dois lotes de sementes de palmito-vermelho em função de períodos de secagem e armazenamento (Germination, in percentage, of two seed lots of Euterpe espiritosantensis as affected by drying period and storage). Botucatu, UNESP, 1998/2000. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same small letter in the column and capital letter in the row did not differ from each other, Tukey´s test, p < 0.05). A análise foi realizada sobre dados transformados para arc sen (x /100)1/2 (Analysis performed over data transformed to arc sen (x /100)1/2). Tabela 3. Vigor de sementes de palmito-vermelho avaliado pelos testes de primeira contagem (PC) e índice de velocidade de germinação (IVG) em dois lotes de sementes em função de períodos de secagem e armazenamento (Vigor of Euterpe espiritosantensis seeds evaluated by first counting of germination (PC) and germination rate (IVG) in two seed lots as affected by drying period and storage). Botucatu, UNESP, 1998/2000. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same small letter in the column and capital letter in the row did not differ from each other, Tukey´s test, p < 0.05). A análise foi realizada sobre dados transformados para arc sen (x /100)1/2 (Analysis performed over data transformed to arc sen (x /100)1/2). 190 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Qualidade fisiológica de sementes de palmiteiro-vermelho em função da desidratação e do armazenamento dias de teor de água para ambos lotes foram similares, com valores de 46; 40 e 36%, respectivamente, para 0; 20 e 40 horas de secagem (Tabela 1). Para sementes não-armazenadas (0 semanas de armazenamento), verificouse que a secagem reduziu de modo significativo o vigor mas não comprometeu a germinação (Tabelas 2 e 3). Para as sementes do Lote L1, quando o vigor foi avaliado através do Índice de Velocidade de Germinação (IVG), a redução foi tanto maior, quanto maior o período de dessecação, o que ratifica o caráter recalcitrante de sementes dessa espécie (Martins et al., 1999a). Em sementes recalcitrantes a água subcelular está fortemente associada às superfícies macromoleculares assegurando, em parte, a estabilidade de membranas e macromoléculas. A perda de água estrutural durante o processo de secagem de sementes recalcitrantes causaria a alteração de sistemas metabólicos e das membranas celulares, resultando no início do processo de deterioração (Farrant et al., 1988). Esse processo resulta inicialmente na redução de vários atributos de desempenho e vigor da semente e, finalmente, na perda da capacidade germinativa, como também verificado em outros trabalhos envolvendo a secagem de sementes de Euterpe spp (Andrade, 1994, Martins et al., 1999 acb, 2000; Nascimento, 2006). Para ambos os lotes estudados foi constatado efeito do armazenamento sobre a germinação e sobre o índice de velocidade de germinação, para sementes submetidas a todos os tempos de secagem (Tabelas 2 e 3), tendo-se observado redução na qualidade das sementes com o decorrer do tempo de armazenamento. No entanto, para L1, só houve diferença significativa em germinação em relação às sementes não armazenadas para 30 semanas de armazenamento, para todos os tempos de secagem (Tabela 2). Para a primeira contagem de germinação só foi observado efeito do armazenamento para sementes submetidas a 20 horas de secagem (Tabela 3). As sementes que não foram submetidas à secagem mantiveram os resultados de primeira contagem ao longo do período de armazenamento. Já as sementes submetidas a 40 horas de secagem apresentaram resultados Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 muito baixos para a primeira contagem logo na primeira avaliação. Desta forma, a redução que porventura pudesse ser causada pelo armazenamento não se manifestou. Para o lote 2, observou-se efeito mais intenso da secagem sobre a qualidade das sementes armazenadas. A germinação das sementes submetidas à secagem por 0; 20 e 40 horas diferiu significativamente da germinação das sementes que não passaram por armazenamento a partir de 42; 30 e 12 semanas, respectivamente, sendo sempre menor à medida em que o tempo de armazenamento aumentou (Tabela 2). Para a primeira contagem de germinação, as sementes armazenadas diferiram significativamente daquelas que não passaram por armazenamento com 54 e a partir de 30 semanas de armazenamento para sementes submetidas à secagem por 0 e 20 horas, respectivamente. Nas sementes submetidas a 40 horas de secagem não foram observadas plântulas na data da primeira contagem, independente do período de armazenamento das sementes. Já o Índice de Velocidade de Germinação (IVG) apresentou redução de forma mais drástica quanto menor foi o teor inicial de água nas sementes. Assim, pode-se afirmar que a germinação e o vigor de lotes de sementes de E. espiritosantensis dependem do teor de água inicial e do tempo de armazenamento. A longevidade dos lotes e sublotes avaliados foi distinta (Tabela 2). Para o lote 1 observou-se a presença de sementes com capacidade de germinar após os tempos de secagem até 30 semanas de armazenamento, período em que o estoque de sementes terminou (germinação de 71; 61 e 45%, respectivamente, para 0; 20 e 40 horas). O lote 2 apresentou perda total da viabilidade após a 30a semana somente para as sementes do sublote submetido a 40 horas de secagem (teor de água de 36%), enquanto as sementes dos demais sublotes mantiveram-se viáveis até 54 semanas de armazenamento (germinação igual a 46%). Quanto ao efeito da secagem sobre as sementes não armazenadas, Martins et al. (1999a e 2000) verificaram que sementes de E. espiritosantensis apresentam alta porcentagem de germinação (90,0% a 87,5%) quando não desidratadas (teor de água de 46,6% a 51,4%). Por outro lado, as sementes têm a viabilidade reduzida quando o teor de água atinge valores abaixo desta faixa. No entanto, no presente trabalho, as sementes de ambos os lotes, desidratadas até 35 e 36% de água, não apresentaram danos de secagem avaliados pelo teste de germinação, mas sim efeitos latentes, com o aumento do tempo de armazenamento, mesmo em sementes que mantiveram-se com teores de água relativamente altos, de 45 a 46%. A existência de uma faixa, e não de um valor único, para teores crítico e letal de água, pode ser atribuída às sensibilidades diferenciadas na tolerância à perda de água observadas dentro de uma mesma espécie, de acordo com o habitat de origem e à diversidade genética. Este comportamento já havia sido verificado para sementes recalcitrantes de E. espiritosantensis (Martins et al.,1999a) e de outras espécies de palmeiras, como Elaeis guinensis (Ellis et. al., 1991), Euterpe edulis e E. oleracea (Martins et al.,1999bc) e Bactris gasipae Kunth. (Bovi et al., 2004). Esses fatores podem explicar, em parte, também, o comportamento diverso entre as sementes dos lotes L1 e L2 no presente estudo, em função da secagem. Outro fator que merece maiores estudos é o efeito da variação climática. Vale ressaltar que as plantas matrizes colhidas produziram sementes em épocas distintas: o lote L1 foi obtido na época das águas e, L2, na estação seca. Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que sementes de palmiteiro-vermelho devem ser armazenadas sem secagem, com 45-46% de teor de água. AGRADECIMENTOS Agradecemos pelo financiamento desta pesquisa através do projeto jovem pesquisador da FAPESP. REFERÊNCIAS ANDRADE ACS. 1994. 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Produtividade biológica em sistemas consorciados de cenoura e alface avaliada através de indicadores agroeconômicos e métodos multicritério. Horticultura Brasileira 25: 193-198. Produtividade biológica em sistemas consorciados de cenoura e alface avaliada através de indicadores agroeconômicos e métodos multicritério Francisco Bezerra Neto¹; Eliane G. Gomes²; Antônio Marcos de Oliveira 1 ¹UFERSA, Programa Pós-Graduação em Fitotecnia, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; ²Embrapa, SGE, Parque Estação Biológica, Av. W3 Norte Final, 70770-901 Brasília-DF; *Bolsistas CNPq; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O experimento foi conduzido de maio a setembro de 2002, na UFERSA, Mossoró-RN, para avaliar consórcios de cenoura e alface, através de critérios agronômicos, econômicos (rendimentos financeiros) e de eficiência produtiva (avaliada segundo modelos de Análise de Envoltória de Dados - DEA). Para agregar a informação de todos os critérios e identificar os melhores tratamentos, foram utilizados os métodos multicritério ordinais de Borda, Condorcet e Copeland. O delineamento experimental foi blocos casualizados, em fatorial 3 (cultivo solteiro e consorciado, em faixas, com três fileiras de cenoura e três de alface (3F) e quatro de cenoura e quatro de alface (4F)) x 4 (cultivares de alface americana: Lucy Brown, Tainá, Laurel e Mesa 659), com quatro repetições. Em cada bloco foi plantada a cenoura solteira. Avaliou-se o índice de uso eficiente da terra (UET), o índice de lucratividade (IL) e a eficiência produtiva DEA. Uma análise de variância univariada foi usada para avaliar estes indicadores, no esquema fatorial 2 x 4 + 1 (dois sistemas consorciados em faixas, quatro cultivares de alface e cenoura solteira). Os UETs dos sistemas consorciados foram significativamente superiores ao UET do cultivo solteiro, com a vantagem dos sistemas consorciados variando de 90 (cenoura + cultivar Tainá 4F) a 133% (cenoura + cultivar Mesa 659 4F). Não se observou diferença significativa no índice de lucratividade entre os cultivos solteiro e consorciado. Na eficiência produtiva DEA foi observada interação significativa entre sistemas de cultivo e cultivares de alface. Os métodos multicritério indicaram Cenoura + Mesa 659 (4F), Cenoura + Laurel (3F) e Cenoura + Mesa 659 (3F) como os melhores sistemas de cultivo. A eficiência produtiva DEA e a ordenação dos métodos multicritério foram mais eficientes na discriminação do desempenho dos sistemas de cultivo consorciados que os indicadores agroeconômicos. Biological productivity in carrot and lettuce intercropping systems assessed by means of agroeconomic indicators and multicriteria methods Palavras-chave: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência de sistemas consorciados, análise de envoltória de dados, métodos multicritério ordinais. Keywords: Daucus carota, Lactuca sativa, intercropping efficiencies, Data Envelopment Analysis, ordinal multicriteria methods. The experiment was carried out from May to September 2002, at the Federal University of the Semi-Arid Tropic in Mossoró-RN, to evaluate the performance of carrot-lettuce intercropping systems by means of agronomic criteria, economic (profit margin) indicators, and yield efficiency (assessed through Data Envelopment Analysis models - DEA). We also used the ordinal multicriteria methods of Borda, Condorcet, and Copeland to aggregate information to all criteria and to identify the best treatments. The experimental design was randomized complete blocks, in a 3 (sole crop, three carrot rows alternate with three lettuce rows – 3F, and four carrot rows alternate with four lettuce rows – 4F) x 4 (crisp head lettuce cultivars: Lucy Brown, Tainá, Laurel, and Mesa 659) factorial scheme, with four replications. In each block, carrot was grown as sole crop. Agroeconomic indicators, such as land equivalent ratio - LER - and profit margin, yield efficiency of intercropping systems by DEA models, were assessed. A univariate analysis of variance in a 2 x 4 + 1 factorial scheme (treatments from two intercropping systems versus four crisp head lettuce cultivars, plus carrot in sole crop) was used to assess all indicators. LER of intercropping systems were significantly higher as compared to that of sole crop, with the efficiency of intercropping systems varying from 90 (Carrot + Tainá – 4F) to 133% (Carrot + Mesa 659 – 4F). There was no significant difference in the profit margin between sole crop and intercropping systems. A significant interaction was observed between cropping systems and lettuce cultivars for yield efficiency by DEA. According to the ranks of ordinal multicriteria methods, the best intercropping systems were carrot + Mesa 659 (4F), carrot + Laurel (3R) and carrot + Mesa 659 (4R). The yield efficiency by DEA and the ordering of ranks based on ordinal multicriteria methods were more efficient than the agroeconomic indicators for discriminating the intercropping systems performance. (Recebido para publicação em 10 de outubro de 2005; aceito em 12 de abril de 2007) D eve-se reconhecer que na avaliação de experimentos consorciados não há uma forma simples de análise estatística, que seja apropriada a todas as formas de dados de consorciação. Mesmo para um simples conjunto de dados experimentais será importante usar di- Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ferentes formas de análise, devido ao fato de as diferentes culturas componentes de um sistema consorciado terem dados que podem ocorrer em diferentes formas estruturais. Estas estruturas dos dados são complexas, com diferentes formas de informação sobre o rendimen- to disponível para diferentes subconjuntos de unidades experimentais (Mead, 1990). Um dos métodos de análise de dados é o de formar um índice de rendimento combinado para cada parcela consorciada e então, analisar a variável 193 F Bezerra Neto et al. resultante destes rendimentos combinados. O índice de uso eficiente da terra (UET) tem sido utilizado neste tipo de análise para medir a eficiência biológica de um sistema consorciado (Riley, 1984). Porém, os sistemas consorciados devem ser julgados não só por meio de indicadores agronômicos, como a UET, mas também por indicadores econômicos, como rendas bruta e líquida e índice de lucratividade (Beltrão et al., 1984; Anandajayasekeram, 1990). Uma alternativa para combinar os rendimentos advindos de um experimento sobre consorciação é considerar a produção equivalente. Esta nova variável pode basear-se em diversas características como, por exemplo, quantidade total de proteínas e valor econômico. Em Gomes & Souza (2005), foi proposta uma nova abordagem para agregar em um índice unidimensional tratamentos em situação experimental com resposta multidimensional, como o caso de consórcios. Os autores usaram modelos de Análise de Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis – DEA) para esse fim, com o cálculo de uma medida que pode ser chamada de “eficiência produtiva”. Modelos DEA têm como objetivo calcular a eficiência relativa de unidades produtivas, conhecidas na literatura como unidades de tomada de decisão ou DMUs (Decision Making Units). Usamse em sua formulação problemas de programação linear (PPLs) que otimizam cada observação individual de modo a estimar a fronteira eficiente, linear por partes, composta das unidades que apresentam as melhores práticas dentro da amostra em avaliação (unidades eficientes). A definição de eficiência é baseada na relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados por cada entidade em avaliação (DMU). A vantagem da técnica DEA frente a outros modelos de produção é a possibilidade de incorporar insumos (inputs) múltiplos e produtos (outputs) múltiplos no cálculo de medida de eficiência única. Ainda assim, os agrossistemas consorciados não podem ser avaliados adequadamente somente pelos critérios de produção ou do valor econômico. Avaliar diferentes alternativas sob a ótica de múltiplos critérios é um dos objetivos dos métodos do Apoio Multicritério à 194 Decisão. Dentre esses métodos estão os chamados métodos ordinais, considerados bastante intuitivos. Eles são ainda pouco exigentes em termos computacionais e em relação às informações necessárias por parte dos decisores. Nessa classe de métodos estão os métodos de Borda, Condorcet e Copeland (Barba-Romero & Pomerol, 1997). O objetivo deste trabalho foi avaliar consórcios de cenoura e alface, produzidos na região oeste do estado do Rio Grande do Norte, através de critérios agronômicos (métodos de UET), econômicos (rendimentos financeiros) e de “eficiência produtiva” (avaliadas segundo modelos DEA). Para “agregar” a informação de todos os critérios e identificar os melhores tratamentos, foram usados os métodos multicritério ordinais de Borda, Condorcet e Copeland. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na horta da UFERSA, de junho a setembro de 2002, em solo classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico (Embrapa, 1999). As características do solo da área experimental são: pH (água 1:2,5) = 7,55; Ca = 7,12 cmolc dm-3; Mg = 4,02 cmolc dm-3; K = 0,60 cmolc dm-3; Na = 0,25 cmolc dm-3; Al = 0,00 cmolc dm-3 e P = 554 mg dm-3. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados completos, em esquema fatorial 3 x 4, com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combinação de três sistemas de cultivos consorciados (solteiro, consorciado em faixas com três fileiras de cenoura alternadas com três fileiras de alface e consorciado em faixas com quatro fileiras de cenoura alternadas com quatro fileiras de alface), com quatro cultivares de alface tipo americana (Lucy Brown, Tainá, Laurel e Mesa 659). Em cada bloco foi plantada uma parcela com a cenoura solteira. Duas análises de variância univariadas foram utilizadas: a primeira para avaliar as características da alface no esquema fatorial 3 x 4 (provenientes de três sistemas de cultivo e quatro cultivares de alface) e, a segunda, para avaliar os indicadores agroeconômicos e as características da cenoura no esquema fatorial 2 x 4 + 1 (provenientes da combinação de dois sistemas consorciados em faixas com quatro cultivares de alface, além da cenoura solteira). Neste artigo, o interesse foi analisar os indicadores de eficiência dos sistemas. No cultivo solteiro da alface, as parcelas tinham uma área total de 1,20 m2 (1,00 x 1,20 m), com uma área útil de 0,48 m2 (0,60 x 0,80 m), contendo doze plantas, no espaçamento de 0,20 x 0,20 m. No cultivo da cenoura a área útil foi de 0,60 m2 (0,60 x 1,00 m), contendo 30 plantas, no espaçamento de 0,20 x 0,10 m. Nos sistemas consorciados, cada parcela foi constituída de quatro faixas alternadas com três e quatro fileiras cada faixa. As parcelas com faixas de três fileiras tinham uma área total de 2,88 m2 (2,40 x 1,20 m) e uma área útil de 1,20 m2 (1,20 x 1,00 m), contendo 30 plantas de alface e 60 de cenoura. Nas parcelas com faixas de quatro fileiras, a área total de cada parcela foi de 3,84 m2, com uma área útil de 1,60 m2 (1,60 x 1,00 m), contendo 40 plantas de alface e 80 plantas de cenoura. Nestes sistemas em faixas, os espaçamentos da cenoura foram de 0,60 e 0,80 m entre faixas de três e quatro fileiras, respectivamente e de 0,20 x 0,05 m entre fileiras e plantas. O espaçamento entre faixas de alface foi o mesmo da cenoura e o espaçamento entre fileiras e plantas foi de 0,20 x 0,10 m. O espaçamento dentro das fileiras de cada cultura no consórcio foi diferente do cultivo solteiro, para que fosse mantida constante a população em ambos os sistemas. A população recomendada para o cultivo solteiro da alface na região é de 250.000 plantas ha-1 (Silva, 1999) e, no cultivo da cenoura, 500.000 plantas ha-1 (Siqueira, 1995), sem levar em consideração os 30% de área de trânsito, composta de corredores e estradas. Mas, para as características de massa seca e produtividade das culturas foram feitas as correções para 70% da área plantada. A cultivar de cenoura utilizada foi Brasília, indicada para a região Nordeste (Vieira et al., 1983). As cultivares de alface utilizadas foram do tipo americana (repolhuda crespa): Lucy Brown, Tainá, Laurel e Mesa 659 (Sementes Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produtividade biológica em sistemas consorciados de cenoura e alface avaliada através de indicadores agroeconômicos e métodos multicritério Sakama, 2002), que não chegam a formar cabeça nas condições de alta temperatura e luminosidade do Estado do Rio Grande do Norte (Oliveira, 2004). Nos canteiros de plantio foram realizadas adubações com 80 t ha-1 de esterco de bovinos, com 30 kg ha-1 de nitrogênio e 30 kg ha-1 de K2O. As cultivares de alface foram semeadas em dois cultivos sucessivos, em 20 de maio e 12 de julho de 2002, em copos descartáveis de 150 mL, contendo como substrato uma mistura de vermiculita e húmus, na proporção de 1:2. Foram semeadas três a cinco sementes por recipiente. Sete dias após a emergência (DAE) efetuou-se o primeiro desbaste, deixando-se três plântulas por recipiente; quinze DAE, o segundo desbaste, deixando-se apenas uma plântula por recipiente. As mudas foram produzidas sob sombreamento, utilizando-se uma estufa coberta com tela de nylon de cor branca. A cenoura, cultura principal, foi semeada em 4 de junho de 2002. O primeiro desbaste foi realizado 23 dias após a semeadura (DAS), deixando-se três plântulas por cova, e, o segundo, 35 DAS, deixando-se apenas uma planta por cova. Nas parcelas solteiras e consorciadas da cenoura form realizadas uma adubação nitrogenada em cobertura, 42 DAS, enquanto nas parcelas de alface, tanto no primeiro como no segundo cultivo, efetuaram-se adubações foliares de 30 mL 20L-1 de água da formulação 14% de N, 4% de P205, 6% de K20, 0,8% de S, 1,5% de Mg, 2% de Zn, 1,5% de Mn, 0,1% de B e 0,05% de Mo, 28, 35 e 42 DAS. As mudas de alface do primeiro e segundo cultivo foram transplantadas para as faixas adjacentes à cenoura, 24 DAS, quando a cultura da cenoura encontrava-se com 7 e 62 dias da semeadura, respectivamente. Antes da instalação do experimento em campo, foi realizada a solarização dos canteiros de plantio, durante 60 dias, para evitar ou reduzir a população de fitopatógenos do solo que pudesse prejudicar a produtividade da cultura da cenoura. Durante a condução do experimento foram efetuadas capinas manuais e irrigação pelo sistema de micro-aspersão. A colheita das cultivares de alface do primeiro cultivo foi realizada nos dias 8 e 9 de julho de 2002, estando a cenoura com aproximadamente 35 dias da semeadura e, a alface, com 49 e 50 dias Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 da semeadura. A colheita das cultivares de alface do segundo cultivo foi realizada nos dias 27 e 28 de agosto de 2002, estando a cenoura com aproximadamente 85 dias da semeadura e, a alface, com 47 e 48 dias da semeadura. A colheita da cenoura foi realizada em 2 de setembro de 2002. As características avaliadas na cenoura e na alface foram produtividade comercial (obtida da massa das raízes das plantas da parcela útil, livres de rachaduras, bifurcações, nematóides e danos mecânicos, e expressa em t ha-1) e rendimento de folha (avaliado através da massa fresca da parte aérea de todas as plantas da parcela útil, expressa em t ha-1). Indicadores agroeconômicos foram utilizados para medir o desempenho dos sistemas consorciados (Beltrão et al., 1984). Entre estes estão o índice de uso eficiente da terra (UET), renda bruta (RB), renda líquida (RL) e índice de lucratividade (IL). O índice UET é dado pela expressão: (Icenoura/Scenoura) + (Ialface/ Salface), onde I e S representam as produtividades dos sistemas consorciado e solteiro de cada cultura componente. É definido como a área relativa de terra, sob condições de plantio isolado, que é requerida para proporcionar as produtividades alcançadas no consórcio. A renda bruta (RB) foi obtida multiplicandose a produtividade da cultura em cada tratamento pelo valor do produto pago ao produtor no mês de outubro de 2002, que correspondeu a R$ 1,10 kg-1 para a alface e, R$ 0,65 kg-1, para a cenoura. A renda líquida (RL) foi calculada subtraindo-se da renda bruta, os custos de produção, provenientes de insumos e serviços. Estes custos (C) foram calculados para cada tratamento, baseado nos coeficientes de custo de insumos e serviços utilizados em um hectare de cenoura e alface ao nível experimental. Foram considerados os preços de insumos e serviços vigentes no mês de outubro de 2002, na cidade de Mossoró. O índice de lucratividade (IL) foi obtido da relação entre a RL e RB e expresso em percentagem. Além destes indicadores, utilizou-se ainda a eficiência produtiva, calculada com base na abordagem proposta por Gomes & Souza (2005), que utiliza modelos de Análise de Envoltória de Dados (DEA) para gerar uma medida univariada a partir de uma resposta multivariada. Em modelagem DEA são definidas as unidades a avaliar, as variáveis (insumos e produtos) e o modelo a ser usado. As unidades em avaliação foram os tratamentos, em um total de 36 (provenientes da combinação de dois sistemas de cultivo com quatro cultivares de alface, mais a cenoura solteira, todos com quatro repetições). Os produtos foram os valores ou quantidades das variáveis respostas medidas em cada tratamento, neste caso a produtividade da cenoura, a produtividade da alface no primeiro e no segundo cultivos e a renda líquida do sistema. Para avaliar o desempenho de cada parcela, considerou-se que cada uma utilizou-se de um único insumo com nível unitário (Lovell & Pastor, 1999; De Koeijer et al., 2002; Soares de Mello & Gomes, 2004; Gomes & Souza, 2005; Leta et al., 2005), já que os outputs incorporam os possíveis inputs. Neste artigo o modelo escolhido foi o DEA CCR (Charnes et al., 1978), já que não há evidências de diferenças de escala significativas e as variáveis disponíveis são, tipicamente, valores ou quantidades produzidas. Nesse modelo, a eficiência relativa da DMU é definida como a razão da soma ponderada das componentes do vetor de produção pela soma ponderada das componentes do vetor de insumo usado no processo de produção. Os pesos utilizados nas ponderações das componentes de insumos e produtos (preços sombra) são distintos e são obtidos da solução dos PPLs que atribuem a cada DMU os pesos que maximizam a sua eficiência, ou seja, são atribuídos da forma mais benevolente a cada DMU. Em (1) mostra-se a formulação arquimediana do modelo DEA CCR clássico para o caso aqui estudado (Cooper é o valor do et al., 2000), na qual output j, , para o tratamento k, ; é o peso atribuído ao output j, O é o tratamento em análise. (1) 195 F Bezerra Neto et al. Tabela 1. Índice de uso eficiente da terra (UET), índice de lucratividade (IL) e eficiência produtiva (índice DEA), em função de sistemas de cultivo e de cultivares de alface americana (Land equivalent ratio (UET), profit margin (IL) and yield efficiency by DEA, as function of cropping systems and crisp head lettuce cultivars). Mossoró, UFERSA, 2002. Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas ou maiúscula nas linhas não diferem entre si, teste de Tukey, p<0,05 (Means followed by the same small letter in the column or capital letter in the line do not differ from each other, Tukey´s test, p<0,05). *Significativamente diferente da média dos sistemas de cultivo consorciados em faixas (Significantly different from the mean for the strip-intercropped systems); ns = Não significativo (Non-significant). De posse dos valores de cada um desses critérios, uma análise de variância univariada foi utilizada nas variáveis selecionadas. Adicionalmente, para avaliar os diferentes tratamentos segundo todos os critérios considerados, foram utilizados métodos multicritério, que têm como objetivo avaliar diferentes alternativas sob a ótica de múltiplos critérios (Barba-Romero & Pomerol, 1997). A classe de métodos utilizada foi a dos métodos ordinais, considerados bastante intuitivos e pouco exigentes tanto em termos computacionais, quanto em relação às informações necessárias por parte dos decisores; do decisor não são necessárias mais do que as pré-ordens relativas a cada critério. Neste artigo foram usados os três métodos multicritério ordinais referenciados na literatura, a saber, métodos de Borda, de Condorcet e de Copeland. Para o uso do método de Borda, o decisor deve ordenar as alternativas de acordo com as suas preferências. A alternativa mais preferida recebe um ponto, a segunda dois pontos e assim sucessivamente. Os pontos atribuídos pelos decisores a cada alternativa são somados e a alternativa que tiver obtido a menor pontuação é a escolhida. Todas as alternativas são ordenadas por ordem decrescente de pontuação, o que garante o respeito ao axioma da totalidade 196 (Arrow, 1951). No método de Condorcet também se exige que cada decisor ordene todas as alternativas de acordo com suas preferências. Porém, em vez de se atribuir uma pontuação a cada alternativa, o método estabelece relações de superação. Para cada par de alternativas verifica-se qual delas foi preferida pela maioria dos decisores. O método de Copeland é derivado do método de Condorcet e consiste em calcular a soma das vitórias menos as derrotas em uma votação por maioria simples. As alternativas são então ordenadas pelo resultado dessa soma. Este método tem a vantagem de fornecer uma ordenação total. Apesar de originalmente os métodos ordinais terem sido propostos para problemas multidecisor, foram aqui usados como multicritério. Isto significa que não houve um decisor para ordenar as alternativas: foi usada a ordenação de cada critério na solução do algoritmo de cada método. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação significativa entre os sistemas de cultivo e cultivares de alface, bem como efeito significativo destes fatores tratamentos no indicador biológico Uso Eficiente da Terra (UET) e no indicador econômico Índice de Lucratividade (IL) (Tabela 1). Porém, verificou-se que os UETs dos diversos sistemas consorciados foram significativamente superiores ao índice do cultivo solteiro da cenoura (Tabela 1). Isso indica que nos sistemas consorciados ocorreu melhor aproveitamento dos recursos ambientais, quando comparados ao sistema solteiro. Segundo Jagannath & Sunderaraj (1987), em qualquer comparação de benefícios entre sistemas consorciados com áreas de ocupação de terra diferentes, a vantagem da consorciação via UET, vem de duas fontes diferentes, geralmente, confundidas: (a) fator terra (área ocupada pelas culturas) e (b) fator biológico/ agronômico (advindo dos tratamentos testados). Nos sistemas de cultivo associados testados, essa vantagem no UET variou de 90% a 133% (Tabela 2) e adveio do fator biológico/agronômico decorrente da combinação dos sistemas de cultivo e cultivares testadas, já que a área ocupada por cada cultura nos sistemas foi a mesma. Com relação ao índice de lucratividade não se observou diferença significativa entre o cultivo solteiro e o consorciado (Tabela 1). No entanto, pode-se observar pelos valores médios que as vantagens biológicas auferidas nos fatores-tratamentos foram confirmadas em termos de lucratividade, que variaram de cerca de 66% a 71% (Tabela 2). Segundo Beltrão et al. (1984), os agrossistemas consorciados devem ser julgados em relação ao monocultivo, através de indicadores econômicos e agronômicos. Por outro lado, Anandajayasekeram (1990) relata que indicadores econômicos podem guiar a decisões e recomendações, bem como seleção de tratamentos e níveis em estágio inicial de uma pesquisa em consórcio. A eficiência produtiva foi calculada segundo um modelo DEA, com uso do software SIAD (Angulo Meza et al., 2005). O modelo de input único e unitário aqui proposto (cujos aspectos teóricos são analisados em Lovell & Pastor, 1999) é equivalente ao modelo multicritério aditivo, com a particularidade de que as próprias alternativas atribuem pesos a cada critério, ignorando qualquer opinião de um eventual decisor. Ou seja, DEA é usado como ferramenta multicritério e não como medida de eficiência clássica. Nesse Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produtividade biológica em sistemas consorciados de cenoura e alface avaliada através de indicadores agroeconômicos e métodos multicritério caso, ao invés de um esquema de pesos fixos para cada critério, este seria um método com pesos variáveis, atribuídos da forma mais benevolente a cada DMU. O emprego de DEA no contexto multicritério foi estudado, por exemplo, em Stewart (1996), Farinaccio & Ostanello (1999) e Soares de Mello et al. (2002). Por outro lado, com o intuito de reduzir a benevolência dos modelos DEA clássicos, podem ser usados modelos DEA em que sejam incorporadas opiniões subjetivas dos decisores ou especialistas sobre importância das variáveis, por meio de restrições aos pesos, conforme apresentado em Allen et al. (1997). Interação significativa entre sistemas de cultivo e cultivares de alface foi observada nas eficiências DEA (Tabela 1). Desdobrando a interação sistema de cultivo dentro de cada cultivar, observou-se que apenas o sistema consorciado em faixa de quatro fileiras de cenoura alternadas com quatro fileiras de alface teve eficiência produtiva significativamente superior a do sistema consorciado em faixa com três fileiras de cenoura alternadas com três fileiras de alface, dentro da cultivar Mesa 659. Por outro lado, desdobrando a interação cultivares de alface dentro de cada sistema de cultivo, observou-se que as cultivares de alface diferiram apenas dentro do sistema consorciado em faixa de quatro fileiras, com as cultivares Mesa 659 e Laurel sobressaindo em relação às demais (Tabela 1). Esta interação entre os fatores-tratamentos aconteceu presumivelmente porque na eficiência produtiva foram considerados não só aspectos de produtividade (vistos em parte pela UET), mas também aspectos econômicos, considerados em parte no IL. Dessa forma, os resultados desse modelo DEA trazem informações dos dois critérios anteriores, que isoladamente não foram constatados, mas que ao serem considerados conjuntamente fizeram com que os efeitos da interação fossem percebidos. Também foi observada uma eficiência produtiva significativamente superior nos sistemas consorciados em relação ao cultivo solteiro (Tabela 1). Este resultado vem corroborar com a afirmativa principal de que os sistemas consorciados têm sua produtividade biológica total superior à obtida Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 2. Índice de uso eficiente da terra, índice de lucratividade, eficiência produtiva por DEA e ordenação obtida pelos métodos de Borda, Condorcet e Copeland, em sistemas consorciados de cenoura e alface americana, em dois sistemas de cultivo em faixas e de cenoura solteira (Land equivalent ratio (UET), profit margin (IL), yield efficiency by DEA and ranks obtained by Borda, Condorcet, and Copeland methods, in intercropping systems of carrot and crisp head lettuce cultivars, in two strip-intercropping systems and carrot in sole crop). Mossoró, UFERSA, 2002. *3F = Sistema de cultivo em faixa com três fileiras de cenoura alternadas com três fileiras de alface (Strip-intercropping system with three carrot rows alternated with three lettuce rows); 26 4F = Sistema de cultivo em faixa com quatro fileiras de cenoura alternadas com quatro fileiras de alface (Strip-intercropping system with four carrot rows alternated with four lettuce rows); **Ciclo de intransitividade (Intransitivity cycle). Figura 1. Ciclo de intransitividade obtido na solução do método de Condorcet (Intransitivity cycle obtained by Condorcet method). Mossoró, UFERSA, 2002. nos cultivos solteiro das culturas (Park et al., 2002). Pôde-se verificar que, apesar dos métodos Borda, Condorcet e Copeland ordenarem os sistemas de acordo com seu próprio algoritmo, os três apresentaram resultados semelhantes quanto aos melhores e piores sistemas de cultivo (Tabela 2). Pelos resultados desses métodos, que consideraram em seus algoritmos os três critérios (UET, IL e eficiência DEA), os sistemas de cultivo menos indicados são Cenoura + Tainá (4F) e Cenoura + Lucy Brown (4F). Sobressaíram-se como os melhores sistemas de cultivo Cenoura + Mesa 659 (4F), Cenoura + Laurel (3F) e Cenoura + Mesa 659 (3F). Apesar de originalmente os métodos ordinais terem sido propostos para problemas multidecisor, foram aqui usados como multicritério. Isto significa que não houve um decisor para ordenar as alternativas: foi usada a ordenação de cada critério na solução do algoritmo de cada método. Cabe destacar que o método de Condorcet, considerado mais justo que o de Borda, tem a grande desvantagem de conduzir a situações de intransitividade, levando ao célebre “paradoxo de Condorcet”. Este ocorre quando A é preferível a B, B é preferível a C e C é preferível a A. Na solução do método de Condorcet para o caso aqui em estudo, por meio de destilações ascendentes e descendentes, não foi encontrada uma ordenação completa. Houve um empate e um ciclo de intransitividade (Figura 1), impedindo a hierarquização das alternativas constituintes do ciclo. Ressalta-se ainda que, quando há ciclos de intransitividade, o método de Copeland permite fazer a 197 F Bezerra Neto et al. ordenação e mantém a classificação das alternativas que não pertencem a nenhum ciclo de intransitividade. Entretanto, assim como o método de Borda, o método de Copeland não respeita o axioma da independência em relação a alternativas irrelevantes de Arrow (1951), o que reforça o fato de não existir método multicritério “perfeito” (Arrow, 1951; Barba-Romero & Pomerol, 1997). Nesses resultados observa-se a importância de não considerar somente um aspecto na avaliação de consórcios. De fato, se fosse considerado somente o critério UET, o melhor sistema seria Cenoura + Mesa 659 (3F). Ao considerar somente o aspecto econômico (IL), surge como melhor sistema Cenoura Solteira seguido de Cenoura + Tainá (3F). Ao avaliar o índice DEA, Cenoura + Mesa 659 (4F) apresenta o melhor resultado. No geral, observou-se que o sistema de cultivo a ser indicado ao produtor, é o sistema Cenoura + Mesa 659 (4F), com altos indicadores agroeconômicos, maior eficiência produtiva DEA e melhores colocações nas ordenações dos métodos multicritério. Os indicadores de eficiência produtiva e as ordenações foram mais eficazes na discriminação tanto das melhores, como das piores performances dos sistemas de cultivos estudados, quando comparados com os indicadores agroeconômicos. Modelos DEA avançados podem ser aplicados aos dados deste artigo. Por exemplo, caso o especialista julgue que as variáveis usadas no modelo DEA têm importância diferenciada no cálculo da medida de eficiência produtiva, esses julgamentos podem ser inserido no modelo. No cálculo do índice DEA podese adicionar, por exemplo, a restrição de que o output renda líquida tenha importância relativa maior que os outputs referentes às produtividades. Nesse caso, conforme anteriormente mencionado, devem ser usados modelos DEA com restrições aos pesos, que permitem inserir julgamentos de valor sobre a importância das variáveis no modelo. 198 REFERÊNCIAS ALLEN R; ATHANASSOPOULOS A; DYSON RG; THANASSOULIS E. 1997. Weights restrictions and value judgments in data envelopment analysis: evolution, development, and future directions. Annals of Operations Research 73: 13–34. ANANDAJAYASEKERAM P. 1990. Appropriate experimental designs and treatments structures for intercropping. In: WADDINGTON SR; PALMER AFE; EDJE OT. Research methods for cereal/legume intercropping. Proceedings… Lilongwe, Malawi: CIMMYT. p. 147-153. ANGULO MEZA L; BIONDI NETO L; SOARES DE MELLO JCCB; GOMES EG. 2005. 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Períodos de interferência de maria-pretinha sobre tomateiro industrial Daniel D Hernandez; Pedro Luís CA Alves; Maria do Carmo MD Pavani; Mariana C Parreira UNESP, FCAV, Depto.Biologia Aplicada à Agropecuária, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castelanne, s/n, 14884-900 Jaboticabal–SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Determinou-se os efeitos da convivência com plantas de mariapretinha sobre a produtividade do tomateiro industrial, híbrido Heinz 9992, em um experimento com dois grupos de tratamentos: no primeiro, o tomate permaneceu livre da competição (60 mil plantas ha-1 de maria-pretinha) do transplantio até 15; 30; 45; 60; 75; 90; 105 e 120 dias (colheita); no segundo, a cultura permaneceu em competição com a maria-pretinha do transplantio até os mesmos períodos citados. Utilizaram-se blocos casualizados, três repetições e parcelas de quatro linhas. Altura, área foliar e massa seca da parte aérea da maria-pretinha foram obtidas a partir de amostras de dez plantas. A área foliar das plantas de maria-pretinha cresceu até 75 dias de convivência com as plantas de tomate (1.588 dm2 planta-1), a altura até 60 dias de convivência (85 cm) e a massa seca da parte aérea até 120 dias de convivência (31,7 g planta-1). As produtividades mais alta (108,6 t ha-1 ou 87,6% da produção total de frutos) e mais baixa (14,2 t ha-1; 59,0%) de frutos maduros de tomate foram observadas quando a convivência entre tomate e maria-pretinha ocorreu respectivamente apenas nos 15 primeiros dias e ao longo de todo o ciclo do tomate. Nestes tratamentos, o peso médio de frutos maduros foi de respectivamente 58,7 e 38,0 g. Verificou-se que cada cm2 de acréscimo em área foliar das plantas de maria-pretinha causou uma redução de 0,04 t ha-1 na produção de frutos maduros (PFM) (R2 = 0,90), cada centímetro em altura da planta daninha reduziu 0,82 t ha-1 na PFM (R2 = 0,78) e cada grama de acréscimo em massa seca de caules e folhas da planta daninha causou uma redução de 2,84 t ha-1 PFM (R2 = 0,97). O período anterior à interferência, considerandose a redução na produtividade do tomate em 5%, foi de 27 dias após o transplantio (DAT) da cultura; o período total de prevenção à interferência foi de 46 DAT e, o período crítico de prevenção à interferência, de 27 a 46 DAT. Periods of nightshade interference in processing tomato In order to evaluate the effects of nightshade coexistence on processing tomato yield, hybrid Heinz 9992, an experiment was carried out consisting of two sets of treatments: in the first set, the crop was kept weed free (60 thousands plants ha-1) from transplanting to 15; 30; 45; 60; 75; 90; 105 days and 120 (harvest) days after transplanting (DAT); while in the second set, the crop was kept in competition with the nightshade from transplanting until the same DAT described for the set of treatments. A randomized block design trial, with three replications and four-row plots was used. Height, leaf area, and aerial part dry matter of nightshade was obtained out of 10-plant samples. Nightshade leaf area increased until 75 days of tomato coexistence (1,588 dm2 plant-1); height until 60 days of coexistence (85 cm), and the leaf dry biomass until 120 days of coexistence (31.7 g plant-1). The highest (108.6 tons ha-1 or 87.6 % of total production) and lowest (14.2 tons ha-1 or 59%) ripe tomato yields were observed when the coexistence between tomato and nightshade occurred only in the first 15 days or in the whole crop cycle, respectively. In these treatments, the average ripe fruit weights were 58.7 and 38.0 g, respectively. Each cm2 of increase in the nightshade leaf area caused a reduction of 0.04 tons ha-1 (R2 = 0.90) on the ripe tomato yield; each cm of increase in the nightshade height reduced the ripe tomato yield in 0.82 tons ha-1 (R2=0.78); and each gram of increase in the nightshade aerial part dry matter reduced the ripe tomato yield in 2.84 tons ha-1 (R2=0.97). The period before interference, allowing up to 5% reduction in tomato yield, was 27 DAT; the total period for preventing interference was 46 DAT; and the critical period for preventing interference was between 27 and 46 DAT. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Solanum americanum, competição, coexistência lavoura-planta daninha. Keywords: Lycopersicon esculentum, Solanum americanum, weed competition, coexistence crop-weed. (Recebido para publicação em 16 de novembro de 2005; aceito em 27 de abril de 2007) A interferência imposta pelas plantas daninhas é um dos fatores que mais prejudicam a exploração agrícola. As plantas daninhas reduzem a produtividade das lavouras pela ação alelopática e pela competição por fatores de crescimento como água, nutrientes e luz. Além disso, dificultam a colheita e outras práticas culturais, além de serem responsáveis por aumentar os problemas fitossanitários. Segundo Clark (1971), as espécies de plantas daninhas que se desenvolvem na mesma área da cultura influenciam o grau de competição, pois as habilidades Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 competitivas variam com a espécie. Quanto maior a semelhança fisiológica entre duas espécies, mais intensa é a sua competição pelos fatores que se encontram em quantidades limitadas no ecossistema comum. O grau de interferência das plantas daninhas sobre culturas agrícolas é função de diversos fatores ligados à comunidade infestante e à cultura, principalmente em decorrência do período de convivência de ambos (Bleasdale, 1960; Blanco, 1972; Pitelli, 1985). De maneira geral, podese dizer que quanto maior for o período de convivência múltipla entre a lavoura e a comunidade infestante, maior será o grau de interferência. No entanto, o grau de interferência dependerá sobremaneira da época do ciclo da cultura em que este período ocorrer (Pitelli, 1985). O tomate é uma cultura de importância mundial, com o Brasil se destacando como um dos maiores produtores desta hortaliça, quando se trata de produção destinada à indústria, com aproximadamente 17 mil ha plantados em 2004 e uma produção de cerca de 1.500.000 toneladas, ou seja, uma produtividade de 85 t ha -1 (Agrianual, 2005). No entanto, as informações so199 DD Hernandez et al. bre a interferência de plantas daninhas sobre a cultura são escassas. No caso do tomate rasteiro, destinado prioritariamente à indústria, a maria-pretinha (Solanum americanum) destacase como uma planta daninha altamente prejudicial à cultura. Hernandez et al. (2002), ao estudarem o efeito da densidade em monocultura e proporção de plantas de tomate industrial e de mariapretinha em competição, observaram que a planta daninha mostrou ser um competidor muito agressivo e que, à medida que se aumentava a densidade da planta daninha, maiores foram as perdas de produtividade do tomateiro. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de determinar o período anterior à interferência (PAI), o período total de prevenção da interferência (PTPI) e o período crítico para prevenção da interferência (PCPI) de mariapretinha sobre o tomateiro, com vistas ao estabelecimento de um programa de manejo desta importante planta daninha na cultura do tomate para indústria. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado e conduzido na Estação Experimental da Unilever Bestfoods, Goiânia (GO). No preparo do solo, antes do transplantio das mudas de tomate e maria-pretinha, foi realizada calagem com a incorporação de 4 t ha-1 de calcário dolomítico, fosfatagem com 550 kg ha-1 de Yoorin Master (S) e 475 kg ha-1 de cloreto de potássio. A adubação de plantio foi realizada com o uso de 1,5 t ha-1 da fórmula 4-30-16, além da adubação de cobertura com 280 kg ha-1 da fórmula 18-027, 21 dias após o transplantio das mudas. O transplantio da mudas de tomate, cultivar Heinz 9992, se deu em 27/ 05/03, no espaçamento de 1,30 m nas entrelinhas e 0,25 m entre plantas, resultando em uma população de aproximadamente 30 mil plantas ha-1. Com o intuito de estabelecer os períodos críticos de interferência da mariapretinha sobre o tomateiro sem a presença de outras espécies de plantas daninhas que pudessem comprometer os resultados, realizou-se em prétransplantio das mudas de tomate a aplicação dos herbicidas trifluralina e 200 metribuzin, nas doses de 1200 g ia ha-1 e 480 g ia ha-1, respectivamente. Os tratamentos experimentais foram divididos em dois grupos. No primeiro, o tomate permaneceu livre da interferência da maria-pretinha desde o plantio das mudas até diferentes períodos do seu ciclo de desenvolvimento: 0-15, 030, 0-45, 0-60, 0-75, 0-90, 0-105 0-120 dias após o transplantio (colheita). Após estes períodos, as mudas de maria-pretinha foram plantadas aleatoriamente nas parcelas, em densidade equivalente a 60.000 plantas ha-1, deixando-as crescer livremente. A densidade populacional de infestação de mariapretinha foi determinada previamente por meio de amostragens realizadas em lavouras comerciais de tomate na região de Patos de Minas, MG, seguindo o procedimento proposto por Matteucci & Colma (1982). No segundo grupo de tratamentos, procedeu-se ao contrário. A cultura permaneceu sob interferência da população de maria-pretinha desde o plantio das mudas até diferentes estádios do desenvolvimento (0; 30; 45; 60; 75; 90; 105 e 120 dias). Após estes períodos, as plantas de maria-pretinha foram removidas das parcelas com capina manual, o mesmo ocorrendo com outras plantas daninhas que vieram a germinar durante o ciclo da cultura. As mudas de maria-pretinha e de tomate foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido de 288 células. Foi adotado o delineamento experimental em blocos casualizados, com três repetições. As parcelas experimentais foram compostas por quatro linhas de plantio de tomate espaçadas em 1,30 metros, com cinco metros de comprimento, totalizando 26 m2, deixando as duas linhas laterais como bordaduras. As avaliações foram realizadas nas duas linhas centrais de cada parcela, o que representou uma área útil de 13 m2. Nas parcelas destinadas à convivência inicial da cultura com a comunidade infestante (tratamentos no mato), as amostragens das plantas de maria-pretinha foram realizadas ao final do período estipulado. Para estas amostragens foram coletadas dez plantas de mariapretinha por área útil de cada parcela. Destas plantas, foram obtidas as alturas, áreas foliares (Li-Cor, mod. LI 2000 A) e massa seca da parte aérea e, em seguida, suas respectivas médias. A lavoura foi colhida manualmente 120 dias após o transplantio, sendo sua produtividade quantificada e extrapolada para toneladas por hectare. Obteve-se as produtividades de frutos maduros, frutos coloridos, frutos verdes e frutos podres, perfazendo quatro características a serem consideradas separadamente. Foram ainda separadas amostras de 50 frutos maduros por parcela para a obtenção do peso médio por fruto. Os dados referentes à altura, área foliar e massas secas acumuladas de folhas e caules das plantas de maria-pretinha, juntamente com os dados de produtividade do tomateiro, foram submetidos à análise de regressão pelo modelo sigmoidal de Boltzman e obedecem à equação a seguir, sugerida por Kuva et al. (2001): , em que: Y = produção de tomate em função dos períodos de controle ou de convivência; x = limite superior do período de controle ou convivência; A1 = produção máxima obtida nas parcelas mantidas no limpo durante todo o ciclo; A2 = produção mínima obtida nas parcelas mantidas com competição durante todo o ciclo; (A1 – A2) = perda de produção; x0 = limite superior do período de controle ou de convivência, que corresponde ao valor intermediário entre a produção máxima e mínima; dx = parâmetro que indica a velocidade de perda ou ganho de produção (tangente a no ponto x 0 ). Foram ainda estabelecidas correlações entre as características analisadas das plantas de maria-pretinha e a produção de frutos maduros de tomate. RESULTADOS E DISCUSSÃO A área foliar das plantas de mariapretinha (Figura 1A) foi crescente até 75 dias de convivência com as plantas de tomate, quando se estabilizou em torno de 1.588 dm2 planta-1. O crescimento em altura ocorreu até 60 dias de convivência, quando atingiu o ponto máximo, 85 cm (Figura 1B). Para a produHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Períodos de interferência de maria-pretinha sobre tomateiro industrial ção de massa seca da parte aérea das plantas de maria-pretinha (Figura 1C), observou-se um acúmulo com o aumento do período de convivência, atingindo o máximo com 120 dias de convivência (31,7 g planta-1). Resultado semelhante foi obtido por Salgado et al. (2002). Neste trabalho, a massa seca da parte aérea de plantas de uma comunidade infestante da cultura do algodão também aumentou até a obtenção da máxima acumulada 120 dias após a semeadura. Kozlowski et al. (2002) estudaram o efeito de plantas daninhas sobre a cultura do feijoeiro e também observaram aumento de massa seca da parte aérea das plantas infestantes com o aumento do período de convivência com a cultura. Observou-se que o aumento do período de convivência com a planta daninha diminuiu progressivamente a produção de frutos maduros do tomateiro (Figura 2A). A maior produtividade de frutos maduros foi observada no tratamento em que a convivência entre tomate e maria-pretinha ocorreu apenas nos 15 primeiros dias do ciclo (108,6 t ha-1 ou 87,6% da produção total de frutos). A menor produtividade também de frutos maduros foi observada no tratamento cuja presença da maria-pretinha se deu ao longo de todo o ciclo do tomate (14,2 t ha-1 ou 59,0% da produção total de frutos), o que representa uma redução de quase 87% em relação ao tratamento com melhor produção. O peso unitário de frutos maduros do tomateiro também diminuiu progressivamente com o aumento do período de convivência entre a cultura e a planta daninha (Figura 2B). Ao se comparar o peso unitário de frutos de plantas de tomate que estiveram em convivência com plantas de maria-pretinha apenas nos primeiros 15 dias de seu ciclo ao peso unitário de frutos de plantas que estiveram nesta convivência por todo o seu ciclo, nota-se uma diminuição de 35% (58,7 gramas contra 38,0 gramas, respectivamente), indicando que a redução na produtividade do tomateiro também foi uma consequência direta da diminuição no tamanho dos frutos. Soares et al. (2003), estudando a interferência das plantas daninhas em cebola, também verificaram que o aumento do período de convivência entre plantas daninhas e cultura resultou em redução na produtiHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 1. Área foliar (dm2) (A), altura (cm) (B) e massa seca da parte aérea por planta (g) (C) de maria-pretinha ao final dos períodos de convivência com o tomate (Leaf area (dm2) (A), height (cm) (B), and aboveground plant dry matter (C) of nightshade in the end of the coexistence period with tomato). Goiânia, UNESP-FCAV/Unilever, 2003. 201 DD Hernandez et al. Figura 2. Produtividade (t ha-1) (A) e peso unitário (g fruto-1) (B) de frutos maduros de tomate ao final dos períodos de convivência com a maria-pretinha (Yield (t ha-1) (A) and fruit weight (g fruto-1) (B) of ripe tomato fruits in the end of the coexistence period with nightshade). Goiânia, UNESP-FCAV/Unilever, 2003. Tabela 1. Produtividade total e de frutos coloridos, verdes e podres do tomateiro e respectivas porcentagens em relação à produtividade total em função de diferentes períodos de convivência com plantas de maria-pretinha (Total and discolored, green, and rotted tomato fruit yield and respective percentage in relation to total yield as influenced by the coexistence period with nightshade). Goiânia, UNESP-FCAV/Unilever, 2003. 202 vidade e no peso médio de bulbos (95 e 91%, respectivamente). Para a produção total de frutos coloridos também observou-se melhor produtividade para as plantas de tomate nos tratamentos em que a presença da maria-pretinha ocorreu por um período mais curto (Tabela 1). Verificou-se atraso na maturação de frutos com o aumento do tempo de convivência entre o tomate e a maria-pretinha, conforme observado nos tratamentos em que o tomate a maria-pretinha conviveram por 105 e 120 dias. Nestes tratamentos têmse uma porcentagem de frutos coloridos maior do que nos demais tratamentos, 11,1% e 10,4% em relação à produção total de frutos, respectivamente. Verificou-se que as plantas do tratamento em que a maria-pretinha e o tomate conviveram nos primeiros 75 dias produziram uma grande quantidade de frutos verdes (22,4% da produção total de frutos deste tratamento). Tal fato pode ser explicado por ser neste período que ocorre o máximo de florescimento da planta de tomate. Ao se eliminar as plantas de maria-pretinha, a cultura, que possuía grande poder fisiológico para o florescimento neste estádio fenológico, restabeleceu um novo florescimento, o que propiciou uma nova produção de frutos, totalmente desigualados em maturação com os demais tratamentos. O aumento do período de convivência entre o tomate e a maria-pretinha provocou também um aumento na quantidade de frutos podres (Tabela 1). Nos tratamentos em que o tomate e a mariapretinha conviveram por 90, 105 e 120 dias do ciclo do tomateiro, 13,1, 15,5 e 21,4% da produção total de frutos eram, respectivamente, frutos deteriorados. Para a indústria, a qualificação dos frutos colhidos e enviados ao processamento fabril é priorizada, com frutos verdes e podres sendo totalmente descartados. Com isso, verifica-se a importância do controle das plantas de maria-pretinha no momento adequado no ciclo do tomateiro, o que, se não ocorrer, poderá ocasionar aumentos consideráveis da quantidade desses frutos indesejáveis. Pelos estudos de correlação entre as características analisadas nas plantas de maria-pretinha e a produção de frutos Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Períodos de interferência de maria-pretinha sobre tomateiro industrial maduros do tomateiro (P), verificou-se que cada cm2 de acréscimo em área foliar das plantas de maria-pretinha (AF), em uma população de 60 mil plantas ha-1, causou uma redução de 0,04 t ha-1 na produção máxima de 103,9 t ha-1 de frutos maduros de tomate (P = 103,9 – 0,04AF; R2 = 0,90). Na correlação entre altura das plantas de maria-pretinha (Alt) e produção de frutos maduros do tomateiro (P), cada centímetro em altura da planta daninSha, na população de 60 mil plantas ha-1, reduziu 0,82 t ha-1 na produção máxima de 109,3 t ha-1 de frutos maduros de tomate (P = 109,3 – 0,82Alt; R2 = 0,78). Verificou-se ainda que, na correlação entre massa seca da parte aérea das plantas de maria-pretinha (MS) e a produção de frutos maduros do tomateiro (P), cada grama de acréscimo em massa seca de caules e folhas da planta daninha, em uma população em 60 mil plantas ha-1, causou uma redução de 2,84 t ha-1 na produção máxima de 100,2 t ha-1 de frutos maduros de tomate (P = 100,2 – 2,84MS; R2 = 0,97). Entre os três coeficientes de correlação, aquele relativo à massa seca da parte aérea da maria-pretinha, por ser maior, indicou ser esta a característica que melhor expressa o efeito da mariapretinha e sobre a produtividade do tomate. Portanto, em uma avaliação visual, seria mais seguro determinar os efeitos prejudiciais da presença das plantas de maria-pretinha sobre o tomateiro pelo volume de caules e folhas da planta daninha do que simplesmente avaliar sua altura. Além disso, os coeficientes angulares obtidos nos estudos de correlação demonstraram ser a massa seca da parte aérea das plantas de mariapretinha a característica que reduziu de forma mais acentuada a produtividade do tomateiro. Admitindo perda máxima de 5% em relação à produtividade obtida na ausência total de plantas daninhas, pôde-se observar (Figura 3; Tabela 2) que a produtividade de frutos maduros do tomateiro passou a ser afetada negativamente a partir de 27 dias de convivência (período anterior à interferência – PAI) (Figura 3). Por outro lado, foi necessário o controle das plantas de maria-pretinha por 46 dias para que a produção atingisse 95% da produtividade máxima (peHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 3. Produtividade relativa de frutos maduros de tomate em função dos períodos com controle ou com convivência com maria-pretinha (Relative yield of ripe tomato as affected by the control or the coexistence with nightshade). PAI – período anterior à interferência (period before interference); PTPI – período total de prevenção à interferência (total period for preventing interference); PCPI – período crítico de prevenção à interferência (critical period for preventing interference). Goiânia, UNESP-FCAV/Unilever, 2003. ríodo total de prevenção à interferência – PTPI) (Figura 3). Assim, o controle das plantas de maria-pretinha foi crítico no período compreendido entre 27 e 46 dias após o transplantio (período crítico de prevenção da interferência – PCPI) (Figura 3). Bucklew et al. (2006), estudando a interferência de Solanum ptycanthum sobre o tomateiro, observaram que a produtividade da cultura diminuía à medida que a convivência com a planta daninha era maior. Concluíram ainda que no período compreendido entre 28 e 50 dias após o transplantio não deveria haver convivência entre as duas espécies para que as perdas de produtividade da cultura não ultrapassassem 20%. Nascente et al. (2004) determinaram que o período crítico de infestação de uma comunidade de plantas daninhas sobre plantas de tomate, cultivar IPA-5, se dava entre o 33o.e 76 o. dias após a implantação da cultura. Estimou-se os valores do limite superior do PAI e do PTPI em função da tolerância de redução de 2,5; 5 e 7,5% na produtividade de frutos maduros do tomateiro. Tolerando-se 7,5% de redu- ção na produtividade, o PAI foi de zero a 30 dias após o transplantio (DAT) e o PTPI foi de zero a 36 DAT. Reduzindose os níveis de tolerância para 2,5%, o PAI passou para 24 DAT e o PTPI para 53 DAT. Aceitando-se que a redução na produtividade de frutos maduros de tomate passasse de 2,5 para 7,5% podem ser acrescentados seis dias no período de convivência. Por outro lado, para aumentar a produtividade de 92,5 para 97,5%, foi necessário um acréscimo de 17 dias no período de controle. Isto mostra o quão agressiva é a maria-pretinha sobre o tomateiro, principalmente sobre sua produtividade final. Nas situações em que o PCPI é muito longo, a principal medida de controle para minimizar as perdas de produtividade é a utilização de herbicidas aplicados em área total, uma vez que o controle mecânico exigiria elevada frequência de operações, o que aumentaria o custo de produção, além de, no caso do tomate industrial, aumentar os riscos da infecção por doenças bacterianas. O controle da maria-pretinha deve ser realizado no momento correto, ou seja, o mais próxi203 DD Hernandez et al. mo possível do PAI. O controle antecipado acarretaria em um PCPI maior, o que implicaria em maiores quantidades de operações de controle, ou seja, maiores custos de produção. O controle atrasado provocaria redução de produtividade, além do que propiciaria um aumento no ciclo da cultura, com conseqüente heterogeneidade de maturação de frutos. REFERÊNCIAS AGRIANUAL. 2005. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria. p.495-501. BLANCO HG. 1972. 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Metodologia para o teste de envelhecimento acelerado em sementes de ervilha. Horticultura Brasileira 25:205-209. Metodologia para o teste de envelhecimento acelerado em sementes de ervilha Warley Marcos Nascimento; Raquel A de Freitas; Eliana Marília L Gomes; Aline S Soares Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT A produção de ervilha no Brasil vem utilizando sementes produzidas no próprio país. O presente trabalho teve como objetivo verificar a eficiência do teste de envelhecimento acelerado para avaliar o vigor de sementes de ervilha. Foram utilizados dez lotes de sementes de ervilha, sendo cinco da cultivar Axé (sementes rugosas, indicada para produção de grãos verdes) e cinco da cultivar Mikado (sementes lisas, indicada para produção de grãos secos). Para avaliar a qualidade fisiológica inicial dos lotes foram utilizados os testes de germinação, primeira contagem e emergência de plântulas em campo. Determinou-se também o teor de água das sementes. O envelhecimento acelerado foi conduzido a 41°C por períodos de 24; 48 e 72 horas, com e sem uso de solução saturada de NaCl. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado. O teste de envelhecimento acelerado mostrou-se eficiente para avaliar o vigor de sementes de ervilha. Quando conduzido sem o uso de solução saturada com NaCl, verificou-se que o período de envelhecimento que permitiu melhor estratificação dos lotes de sementes foi 72 horas. Porém, a porcentagem de germinação após esse período mesmo nos lotes de maior vigor (35% para a cultivar Axé e 38% para a cultivar Mikado) foi muito baixa em relação às observadas após apenas 24 horas, superior a 80% para ambas as cultivares. Quando conduzido com o uso de solução saturada de NaCl, o período de 48 horas, a 41°C, foi o mais adequado para a classificação dos lotes em diferentes níveis de vigor. Nessas condições, os lotes de maior vigor das cultivares Axé e Mikado apresentaram germinação superior a 68 e 79%, respectivamente. Os testes de germinação, primeira contagem e emergência de plântulas em campo não apresentaram isoladamente bom poder discriminatório da qualidade fisiológica inicial dos lotes de sementes. Quando seus resultados foram tomados em conjunto, porém, foi possível identificar os lotes de melhor qualidade. Palavras chave: Pisum sativum, vigor, qualidade fisiológica, solução salina, germinação. Accelerated aging test on pea seeds Pea production in Brazil uses seeds produced in the country. The objective of this study was to examine the efficiency of the accelerated aging test for vigor evaluation of pea seeds. Five seed lots of cultivar Axé (wrinkled seeds) and five seed lots of cultivar Mikado (smooth seeds) were used. The initial quality of each seed lot was evaluated by germination test, first counting, and seedling emergence in the field. Seed moisture content was also assessed. The accelerated aging test was set at 41ºC for periods of 24; 48; and 72 hours, with and without saturated NaCl solution. The experiment was carried out in a completely randomized design. The accelerated aging test was efficient for vigor evaluation of pea seeds, and the period of 48 hours at 41ºC, using saturated NaCl solution was the most adequate procedure to indicate vigor levels of pea seeds. However, the seed germination after this period was very low when compared to 24 hour-period (80%) for both cultivars, even in higher vigor seed lots (35% for Axé and 38% for Mikado). In the saturated NaCl solution, the period of 48 hours at 41ºC was the most adequate for separate seeds through vigor levels. In these conditions, seed lots of highest vigor showed germination of 68% and 79% for Axé and Mikado, respectively. Results of the germination test, first counting, and seedling emergence were not effective in discriminating physiological seed quality when used individually. Nevertheless, when results from these tests were used all together, it was possible to identify the best seed lots. Keywords: Pisum sativum, vigor, physiological quality, saline solution, germination. (Recebido para publicação em 26 de janeiro de 2006; aceito em 18 de junho de 2007) A ervilha é uma hortaliça de alto valor nutritivo, com amplas alternativas de uso na alimentação. As cultivares utilizadas para produção de ervilha seca possuem sementes redondas e lisas, podendo ser reidratadas para consumo imediato ou enlatadas. Dos grãos secos pode ser obtida ainda a farinha de ervilha, que tem emprego direto na fabricação de sopas instantâneas e na panificação (Pereira, 1989; Giordano, 1997). As cultivares utilizadas para produção de grãos verdes possuem, em geral, sementes rugosas e elevado teor de açúcar (Vieira et al., 2001). Na forma de grãos verdes, a ervilha pode ser Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 consumida in natura, bem como enlatada ou congelada imediatamente após a colheita (Giordano, 1997). A ervilha verde tem sido uma opção de produção para atender às novas demandas do mercado, principalmente de produtos supergelados. A diferença básica entre as cultivares de sementes lisas e rugosas é sua composição química, principalmente no que se refere aos teores de amido e açúcares. Durante a maturação das sementes, ocorre inicialmente maior acúmulo de açúcares e menor síntese de amido; logo em seguida, o conteúdo de açúcar cai bruscamente e o teor de amido aumenta. Em cultivares de sementes lisas, o primeiro estágio é bem mais curto; sendo que nas sementes rugosas, o acúmulo de açúcar é significante. Com a redução do teor de açúcar durante a maturação, as sementes das cultivares de ervilha-verde apresentam fenótipos caracterizados por enrugamento (sementes rugosas). Estas diferenças de composição química e forma das sementes podem influenciar a qualidade fisiológica e sanitária das mesmas. Por exemplo, as sementes das cultivares de ervilha-verde, por possuírem maior teor de açúcar, são mais suscetíveis ao ataque de fungos (Nascimento & Cícero, 1991a, b). 205 WM Nascimento et al. Em se tratando de cultivares de ervilha utilizadas para processamento industrial, onde a uniformidade das épocas e duração do florescimento e maturação são necessárias para obtenção de produto adequado (Mullet & Wilkinson, 1979), a utilização de testes de vigor, capazes de detectar diferenças significativas de qualidade fisiológica entre lotes de germinação semelhante, torna-se praticamente obrigatória no programa de produção de sementes. Inúmeros estudos têm sido realizados no desenvolvimento, adaptação e padronização dos testes para avaliação do vigor das sementes. Para ervilha, o teste de condutividade elétrica tem apresentado bons resultados, tanto que é recomendado como teste de vigor para a espécie (Hampton & Tekrony, 1995). No entanto, Marcos Filho (1999b) destaca a importância da utilização de vários testes para avaliação do vigor das sementes, uma vez que estas podem mostrar reações variáveis diante da exposição às diferentes situações específicas de cada teste. O envelhecimento acelerado como teste de vigor tem sido um dos mais utilizado, com possibilidade de aplicação para sementes de diversas culturas (McDonald, 1995). Nesse teste, as sementes são submetidas à alta temperatura e umidade relativa elevada por período relativamente curto, sendo, em seguida, colocadas para germinar. Lotes de sementes de alto vigor manterão sua viabilidade quando submetidos a essas condições, enquanto os de baixo vigor terão sua viabilidade reduzida (Association of Official Seed Analysts - AOSA, 1983). O teste de envelhecimento acelerado foi originalmente desenvolvido para determinar o potencial de armazenamento das sementes. No entanto, além de estudos relacionandoo com o potencial de armazenamento das sementes, também têm sido realizados trabalhos para verificar sua eficiência na avaliação do potencial de emergência das plântulas em campo. Em cebola, por exemplo, o envelhecimento acelerado foi um dos testes que mais se associou à emergência de plântulas em campo e à obtenção de mudas vigorosas (Piana et al., 1995). Embora o teste de envelhecimento acelerado já tenha caminhado suficientemente em direção à padronização, para 206 muitas espécies, ainda há vários estudos em andamento com o objetivo de aprimorar sua metodologia (Marcos Filho, 1999a). A padronização de um teste envolve a identificação de todas as variáveis que influenciam significativamente os resultados e a incorporação de práticas adequadas de controle. No teste de envelhecimento acelerado, as variáveis básicas são temperatura, umidade relativa do ar e período de duração do mesmo. O teste pode ser conduzido com temperaturas variando entre 41ºC e 45ºC, sendo que mais recentemente a maioria dos trabalhos indica o uso de 41ºC (Marcos Filho, 1999a). No entanto, Menezes & Nascimento (1988) constataram que a temperatura de 37ºC e o período de 72 horas foram os mais eficientes para avaliação do vigor de sementes de ervilha. Caliari & Marcos Filho (1990), por sua vez, verificaram que o teste de envelhecimento acelerado conduzido à temperatura de 42ºC por um período de 48 horas forneceu informações consistentes a respeito do vigor dos lotes de sementes da mesma espécie. Nestes dois estudos, utilizaram apenas cultivares de sementes lisas. Para a maioria das hortaliças, o teste de envelhecimento acelerado pode apresentar certas limitações, como a desuniformidade de absorção de água entre as amostras, o que pode resultar em deterioração diferenciada, comprometendo os resultados pós-envelhecimento. Visando minimizar esse problema, Jianhua & McDonald (1996) propuseram, durante a condução do teste, a substituição de água por soluções saturadas de sais. Com esse procedimento, há redução da umidade relativa do ambiente, retardando assim a absorção de água pelas sementes. Isto possibilita ainda redução de infecção por microrganismos durante o teste, o que pode mascarar os resultados. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a eficiência do teste de envelhecimento acelerado, com e sem utilização de solução saturada de NaCl, na determinação do potencial fisiológico de sementes lisas e rugosas de ervilha. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida em laboratório da Embrapa Hortaliças em Brasília, DF. Foram utilizadas as culti- vares Axé (sementes rugosas) e Mikado (sementes lisas). Estas são as principais cultivares de ervilha no mercado, destinadas à indústria de grãos verdes e reidratação, respectivamente. Foram utilizados cinco lotes da cultivar Axé e cinco da cultivar Mikado, produzidos nos anos de 2000; 2001; 2003 e 2004, para os quais foram feitas as seguintes determinações: - Teor de água: foi adotado o método da estufa a 105 ± 3ºC, durante 24 horas, utilizando-se duas subamostras para cada lote (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em porcentagem na base úmida; - Germinação: conduzido conforme a metodologia descrita nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992); - Primeira contagem: realizada conjuntamente com o teste de germinação, contabilizando-se o número de plântulas normais presentes no quinto dia após o início do teste. Já para o envelhecimento acelerado, utilizou-se a metodologia proposta pela AOSA (1983) e descrita por Marcos Filho (1999a). Foram distribuídas 250 sementes sobre tela de alumínio, fixada em caixa plástica de germinação (11 x 11 x 3,5 cm), contendo no fundo 40 mL de água destilada. As caixas contendo as sementes foram fechadas e mantidas a 41ºC, por 24; 48 e 72 horas. Ao término de cada período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, sendo a avaliação da porcentagem de plântulas normais realizada cinco dias após a semeadura. Determinou-se também o teor de água atingido pelas sementes após os diferentes períodos de envelhecimento, visando o monitoramento dos resultados. O teste de envelhecimento acelerado foi também realizado utilizando-se o procedimento proposto por Jianhua & McDonald (1996), substituindo-se os 40 mL de água adicionados em cada compartimento individual por igual quantidade de solução saturada de NaCl (40g de NaCl 100 mL-1 de água). Foi avaliada ainda a emergência das plântulas em campo. As sementes foram semeadas na área experimental da Embrapa Hortaliças e a avaliação foi conduzida com quatro repetições de 50 sementes em linhas de 1,0 m de comHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Metodologia para o teste de envelhecimento acelerado em sementes de ervilha primento, espaçadas de 0,2 m à profundidade média de 3,0 cm. A irrigação foi feita sempre que necessário. A avaliação da porcentagem de emergência das plântulas foi efetuada 15 dias após a semeadura. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados foram submetidos aos testes de normalidade e de homogeneidade de variância, que indicaram a não necessidade de transformação. Em seguida, foram submetidos à análise de variância, sendo a comparação de médias efetuada pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 1. Germinação, primeira contagem e emergência de plântulas em campo de sementes de ervilha, cultivares Axé e Mikado. (Germination, first counting and seedling emergence in the field percentage of pea seeds, cultivars Axé and Mikado). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se que a germinação dos lotes de sementes da cultivar Axé foi semelhante, exceto para o lote 4 (Tabela 1). Para a cultivar Mikado, os lotes 1 e 3 apresentaram germinação estatisticamente superior aos demais, apesar de não diferirem estatisticamente do lote 4 (Tabela 1). O teste de primeira contagem não forneceu boa estratificação dos lotes de sementes da cultivar Axé, porém, observou-se que confirmou os resultados da germinação, indicando o lote 4 como de padrão inferior (Tabela 1). Para a cultivar Mikado, esse teste indicou o lote 5 como sendo de menor vigor (Tabela 1). Embora a primeira contagem do teste de germinação seja considerada um indicativo do vigor, sabese que durante o processo de deterioração das sementes, a redução na velocidade de germinação não está entre os primeiros eventos relacionados no processo de deterioração (Delouche & Baskin, 1973). Os resultados obtidos no teste de emergência das plântulas em campo indicaram que as sementes do lote 4 da cultivar Axé apresentaram menor qualidade que as sementes do lote 3, não diferindo estatisticamente dos demais lotes (Tabela 1). Já para as sementes da cultivar Mikado, os lotes 1 e 3 apresentaram o melhor desempenho (Tabela 1). O teste de emergência de plântulas em campo constitui parâmetro indicador da eficiência dos testes para avaliação do potencial fisiológico dos lotes de sementes (Marcos Filho, 1999b). No entanto, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p ≤ 0,05 (Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s test, p ≤ 0.05). Tabela 2. Teores de água obtidos antes e após os períodos de envelhecimento acelerado tradicional (água) e com solução saturada de NaCl, a 41ºC, em sementes de ervilha, cultivares Axé e Mikado. (Seed moisture content obtained before and after the accelerated aging test with water and NaCl saturated solution, at 41ºC, in pea seeds, cultivars Axé and Mikado). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. o poder de discriminação deste teste não foi decisivo, principalmente para a cultivar Axé, em que somente os lotes 3 e 4 diferiram estatisticamente. Evidenciou-se, assim, a importância da utilização de vários testes para avaliação do vigor das sementes. As sementes de ervilha envelhecidas pelo método tradicional (com água) apresentaram acréscimos no teor de água com o aumento do período de en- velhecimento. Verificou-se que esse incremento foi mais acentuado no primeiro período de envelhecimento, ou seja, após 24 horas (Tabela 2). A partir deste período, o teor de água das sementes continuou aumentando, porém em proporções inferiores, quando comparadas ao primeiro período de envelhecimento, mostrando, portanto, que as sementes secas, por apresentarem baixo potencial mátrico, absorvem água rapi207 WM Nascimento et al. Tabela 3. Porcentagem de plântulas normais obtida no teste de envelhecimento acelerado tradicional (água) e com solução saturada de NaCl, a 41ºC, em sementes de ervilha, cultivares Axé e Mikado. (Normal seedlings percentage obtained after the accelerated aging test with water and NaCl saturated solution, at 41ºC, in pea seeds, cultivars Axé and Mikado). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p ≤ 0,05 (Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s test, p ≤ 0.05). damente quando colocadas em atmosfera úmida (Bewley & Black, 1994). Verificou-se ainda que com a utilização de solução saturada de NaCl obteve-se valores de teores de água inferiores aos observados para as sementes envelhecidas pelo método tradicional (Tabela 2). O envelhecimento acelerado pelo método tradicional, por um período de 24 horas, não separou os lotes de sementes da cultivar Axé em níveis de vigor, embora o mesmo período de envelhecimento tenha sido suficiente para indicar as sementes dos lotes 2 e 5 da cultivar Mikado como as de menor vigor (Tabela 3). Quando o período de envelhecimento, ainda pelo método tradicional, foi estendido para 48 horas, passouse a observar diferenças de vigor entre os lotes de sementes da cultivar Axé. Nesta situação os lotes 2 e 5 da cultivar Axé foram os de melhor desempenho (Tabela 3). Já para a cultivar Mikado, após 48 horas, observou-se maior vigor das sementes nos lotes 1; 3 e 4. Empregando esse mesmo método e período de envelhecimento, porém sob temperatura de 42ºC, na avaliação do potencial fisiológico de sementes de ervilha, Caliari & Marcos Filho (1990) verificaram que o teste de envelhecimento 208 acelerado forneceu informações consistentes quanto ao vigor dos lotes. Contudo, com o decorrer do armazenamento, a separação dos lotes não se mostrou eficiente, sugerindo certa severidade das condições do teste. Quando o período de envelhecimento passou a ser de 72 horas, conduzido com água, as sementes dos lotes 5 e 3 da cultivar Axé foram as de desempenho superior (Tabela 3). Ainda no período de envelhecimento de 72 horas, conduzido pelo método tradicional, confirmou-se para a cultivar Mikado, os lotes 3 e 4 como os de melhor vigor e, o lote 5, como o de menor vigor. Constata-se que o teste de envelhecimento acelerado, conduzido de forma tradicional, a 41ºC por 72 horas, permitiu estratificar os lotes de sementes das duas cultivares estudadas em maior número de níveis de vigor. No entanto, verificou-se que o estresse a que as sementes foram submetidas reduziu acentuadamente a germinação obtida nesse procedimento. Além disso, observou-se aumento no coeficiente de variação à medida que aumentou o período de exposição ao envelhecimento. Situação semelhante foi observada por Nascimento et al. (1993), em sementes de tomate. Para a cultivar Axé, o envelhecimento acelerado com solução saturada, conduzido a 41ºC durante 24 horas, à semelhança do que foi observado no método tradicional, nesse mesmo período, não permitiu separação dos lotes em níveis de vigor das sementes (Tabela 3). Esse procedimento tampouco forneceu uma clara estratificação dos lotes da cultivar Mikado em função dos níveis de vigor das sementes. O período de 48 horas com solução saturada permitiu entretanto classificar os lotes da cultivar Axé em dois grupos em função do vigor das sementes: lotes com alto vigor (1; 2 e 3) e lotes com baixo vigor (4 e 5). Esse período de exposição ao envelhecimento também proporcionou uma boa estratificação dos lotes de sementes da cultivar Mikado. No período de 72 horas, conduzido com solução saturada, a classificação dos lotes da cultivar Axé em função do vigor das sementes foi idêntica à obtida para o período de exposição por 48 horas, nesse mesmo método de envelhecimento. Desta forma, o período de 48 horas é mais indicado, uma vez que o menor período de execução é uma característica desejável em um teste de vigor e, nesse caso, possibilita a economia de energia elétrica (Ramos et al., 2004). O envelhecimento por 48 horas, com solução saturada, classificou os lotes da cultivar Mikado de forma semelhante à indicada pelo teste de germinação (Tabela 1). No entanto, Menezes & Nascimento (1988) constataram que a temperatura de 37ºC e o período de 72 horas foram os mais eficientes para avaliação do vigor de sementes de ervilha. Observou-se que o teste de envelhecimento acelerado modificado reduz a absorção de água das sementes (Tabela 2). Assim, a utilização de solução saturada proporcionou efeitos menos drásticos do que os provocados pelo envelhecimento tradicional no que se refere ao processo de deterioração das sementes (Tabela 3). Resultados semelhantes foram obtidos por Torres (2005a) em sementes de pepino, e segundo o autor, a utilização de solução saturada possibilitou a obtenção de resultados menos drásticos e mais uniformes, sem afetar a eficiência do teste de envelhecimento acelerado. Os resultados obtidos no presente trabalho indicaram o teste de envelheHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Metodologia para o teste de envelhecimento acelerado em sementes de ervilha cimento acelerado modificado (com solução saturada), conduzido a 41ºC por 48 horas, como o método mais adequado para classificação dos lotes de sementes de ervilha em níveis de vigor. Maior eficiência do teste de envelhecimento acelerado com uso de solução saturada de sal na classificação de sementes com diferentes níveis de vigor também foi observado em sementes de pimentão (Panobianco & Marcos Filho, 1998), cenoura (Rodo et al., 2000), melão (Torres & Marcos Filho, 2003), pepino (Torres, 2005a) e pimenta-malagueta (Torres, 2005b). REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYSTS. 1983. Seed vigor testing handbook. East lansing: AOSA. 88p. (Contribution 32). BEWLEY JD; BLACK, M. 1994. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press. 445p. BRASIL. 1992. 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Aspectos morfofisiológicos e conteúdo de óleo essencial de plantas de alfazema-do-Brasil em função de níveis de sombreamento José Eduardo BP Pinto; Júlio César W Cardoso; Evaristo M de Castro; Suzan Kelly V Bertolucci; Lucas A de Melo; Sara Dousseau UFLA, C. Postal 3037, 37200-000 Lavras-MG; [email protected]. RESUMO ABSTRACT Mudanças nas características anatômicas e fisiológicas e na produção de óleo essencial de plantas medicinais sob influência de diferentes condições de radiação têm sido evidenciadas. O objetivo deste trabalho foi caracterizar essas variações em plantas de alfazema-do-Brasil (Aloysia gratissima [Gilles & Hook.] Tronc.) Verbenaceae, crescidas a pleno sol e com 40 e 80% de redução da radiação solar incidente. Para a análise de crescimento, utilizou-se delineamento inteiramente casualizado (DIC), com três níveis de luzes e cinco repetições de três plantas. As análises do teor de clorofila e da anatomia foliar foram realizadas em DIC com três repetições de três plantas e, a análise do óleo essencial, em DIC, com três repetições de cinco plantas, para cada nível de radiação. O nível de 40% de sombreamento foi o melhor no aspecto de crescimento. A matéria seca dos diversos órgãos da planta não diferiu entre os tratamentos com 40% de sombreamento (massa seca total 201 g) e a pleno sol (148 g), ambos significativamente superiores ao tratamento com 80% de sombreamento (68,6 g). Plantas cultivadas a pleno sol apresentaram folhas com epiderme adaxial, parênquima paliçádico, esponjoso e limbo significativamente mais espesso que nos demais tratamentos, enquanto plantas crescidas a 80% de sombreamento apresentaram folhas com a epiderme abaxial significativamente mais espessa. Não houve efeito significativo do sombreamento sobre o teor do óleo essencial, que variou de 2,1 a 2,2%, embora o rendimento de óleo essencial tenha sido significativamente superior nas plantas crescidas em plena luz (0,73 g planta-1) e a 40% de sombreamento (0,88), em relação àquelas crescidas a 80% de sombreamento (0,26). Houve aumento significativo da concentração de clorofila a e b em função da diminuição da intensidade de radiação (20,7 mg de clorofila total por g de massa fresca a pleno sol; e 23,7 e 32,0 com 40 e 80% de sombreamento respectivamente) e uma redução significativa na razão a/b (3,13 a pleno sol e 2,94 e 2,69, a 40 e 80% de sombreamento, respectivamente). Morphophysiological aspects and essential oil content in Brazilian-lavender as affected by shadowing Palavras-chave: Aloysia gratissima (Gilles & Hook.) Tronc., Verbenaceae, planta medicinal, luz, características morfológicas, características histológicas. Changes in the anatomical and physiologic characteristics and in the production of essential oil of medicinal plants under influence of different radiation conditions have been demonstrated. The objective of this study was to characterize the variation in the anatomical and physiologic characteristics, and in the essential oil content of the Brazilian-lavender (Aloysia gratissima [Gilles & Hook.] Tronc., verbenaceae), grown in different shading levels, characterized by the reduction of 0; 40, and 80% of the incident solar radiation. For growth analyses we used a completely randomized design (CRD), with three levels of light and five replicates of three plants. The analyses of chlorophyll content and leaf anatomy were performed in CRD, with three replicates of three plants, while the analyses of essential oil content was carried out in CRD, with three replicates of five plants for each light level. The results showed that 40% of shading was the best condition for plant growth. Dry matter from different organs of the plant did not differ in the treatments 40% of shading (total dry matter 201 g) and at full sunlight (148 g), both significantly higher than 80% of shading (68.6 g). Plants cultivated in full sunlight showed leaves with adaxial epidermic tissue, palisade, and spongy parenchyma and limb significantly thicker than other treatments; however plants grew at 80% shading showed leaves with abaxial epidermic tissue significantly thicker. Shadowing did not significantly interfere with the essential oil content, which ranged from 2.1 to 2.2%.; Nevertheless, the essential oil yield was significantly higher in plants grew in full sunlight (0.73 g plant-1) and 40% shading (0.88), than on those grew at 80% shading (0.26). There was significant increase of chlorophyll a and b concentration in function of the decrease in light intensity (20.7 mg total chlorophyll per g fresh matter at full sunlight; and 23.7 and 32.0 with 40% and 80% shading respectively), as well as significant reduction in ratio a/b (3.13 at full sunlight and 2.94 and 2.69 at 40% and 80% shading respectively). Keywords: Aloysia gratissima (Gilles & Hook.) Tronc., Verbenaceae, medicinal plant, light, morphological traits, histological traits. (Recebido para publicação em 20 de maio de 2006; aceito em 25 de maio de 2007) O gênero Aloysia contém 30 espécies, distribuídas nas Américas dos Estados Unidos até a Patagônia. Aloysia gratissima (Gillies & Hook) Tronc. (Verbenaceae), planta silvestre muito aromática conhecida como, alfazemado-Brasil e mimo-do-Brasil, entre outros, é um arbusto que pode alcançar três 210 metros de altura, tendo crescimento desordenado. Suas folhas são simples, contrárias, algumas vezes alternadas, inteiras e dentadas, lanceoladas, macias e subcoriáceas. Os brotos são fortes e herbáceos. Apresenta propriedades estomacais, diaforéticas, digestivas, tônicas, antigripais, calmante e antimicrobiana. Além de ser uma planta medicinal, a alfazema-do-Brasíl é melífera e ornamental, devido à intensidade da floração e ao aroma agradável das flores (Ricciardi et al., 2000). Estudos com espécies de uso medicinal têm evidenciado plasticidades fisiológicas e anatômicas em função das Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Aspectos morfofisiológicos e conteúdo de óleo essencial de plantas de alfazema-do-Brasil em função de níveis de sombreamento condições ambientais de cultivo (Clark & Menary, 1980; Letchano & Gosselin, 1996). Dentre os fatores climáticos, o fotoperíodo, a temperatura, o estresse hídrico e a intensidade de radiação solar podem determinar nas espécies a época ideal de colheita ou o local de cultivo onde poderá se obter uma maior quantidade do princípio ativo desejado. A obtenção de informações que permitam conhecer os efeitos dos tratamentos utilizados nos cultivos das plantas medicinais sobre a estrutura interna dessas plantas é também de fundamental importância, pois existe íntima relação entre os tipos e a organização dos tecidos vegetais e a produção dos diferentes metabólitos (Taiz & Zeiger, 2004). A anatomia das folhas, em particular, pode ser muito afetada pelas condições do meio, pois é o órgão vegetal de maior plasticidade, com grande capacidade de adaptação de suas estruturas internas, o que lhe confere amplo potencial de aclimatação (Björkman, 1981). A estrutura foliar pode ser um forte indicador da disponibilidade de luz durante as fases de crescimento das plantas. O aumento dos níveis de luz proporciona aumentos na espessura foliar, massa foliar, epiderme, parênquima e número total de células das folhas (Abrams & Mostoller, 1995; Castro et al., 1998; Lee et al., 2000). Já folhas crescidas em baixa radiação apresentam mais clorofila por unidade de peso ou volume foliar, porém, o conteúdo de clorofila por unidade de superfície foliar é menor do que aquele das folhas crescidas em radiações maiores e a proporção de clorofila a/b diminui à medida que diminui a radiação (Boardman, 1997). O crescimento, a matéria seca e a adaptação da planta ao ambiente relacionam-se à sua eficiência fotossintética e esta depende, dentre outros fatores, dos teores de clorofila. A síntese e a degradação das clorofilas estão sob o efeito direto da intensidade de luz, ocorrendo decomposição maior sob elevada radiação e maior equilíbrio, em baixa taxa luminosa (Engel & Poggiani, 1991). A luz, dependendo da espécie, também pode ter efeito nos níveis e composição do óleo essencial. Li et al. (1996), trabalhando com tomilho (Thymus vulgaris), observaram que o teor de óleo Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 essencial foi mais alto em plantas cultivadas a 100% de irradiância. Kamada (1998) não encontrou influência da luz em elixir-paregórico (Ocimum selloi Benth.). O objetivo desse trabalho foi avaliar modificações anatômicas, fisiológicas e nos teores de óleo essencial de plantas de alfazema-do-Brasil, submetidas a três diferentes níveis de sombreamento. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na UFLA (21º14’ S, 45º00 W, 918 metros de altitude), de abril a dezembro de 2004. O clima da região, segundo Koppen, é do tipo CWa, com características CWb, com duas estações definidas: quente e chuvosa, de outubro a março e, amena e seca, de abril a setembro. As mudas de alfazema-do-Brasil foram obtidas a partir do enraizamento de estacas de uma planta matriz pertencente ao banco de germoplasma da UFLA. Estacas de 10 cm de comprimento foram retiradas de ramos sadios e cultivadas em bandejas de poliestireno expandido com dimensões de 676 x 340 x 60 mm, com 122 células. As bandejas foram preenchidas com Plantimax® e colocadas em casa-de-vegetação, com umidade relativa acima de 75% e temperatura entre 26°C a 30°C. Após o enraizamento e com o terceiro par de folhas estabelecida, as mudas foram transferidas para vasos de 5 L, utilizando-se como substrato solo-esterco de curral decomposto-areia (3:1:1). O solo utilizado foi retirado abaixo da camada de 30 cm de um Latossolo VermelhoEscuro. No início, as mudas foram irrigadas diariamente e, depois de estabelecidas, conforme a necessidade. Coletaram-se plantas, visando a identificação no Horto de Plantas Medicinais da UFLA. Os exemplares estão depositados no herbário, com o número de registro 19.810. As plantas foram submetidas a três níveis de sombreamento (pleno sol, 40% e 80%), protegidas com malha termorefletora (Aluminet®), que controla a passagem da luz fotossinteticamente ativa. Para a análise de crescimento, o de- lineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC), com os tratamentos representados pelos três níveis de luz, com cinco repetições e três plantas. As análises do teor de clorofila e da anatomia foliar foram realizadas em DIC com três repetições e três plantas por repetição. A análise do óleo essencial foi feita em DIC, com três repetições e cinco plantas por repetição em cada nível. Na avaliação do crescimento, foram estudadas as características: massa seca das folhas (MSF), massa seca dos ramos (MSRA), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), massa seca total (MST) e a relação MSR/MSPA. As características foram avaliadas nove meses após o plantio, no final do experimento. Foram separados as folhas, os caules e as raízes, sendo estas lavadas para retirada da terra e secas à sombra. Todo o material foi acondicionado em sacos de papel e colocado em estufas com circulação forçada de ar. As folhas foram colocadas a 35°C e, os ramos e raízes, a 60°C, até atingirem peso constante. Após a secagem, o material foi pesado e a massa seca foi calculada. A avaliação do teor de clorofila foi realizada após oito meses de cultivo. Foram retiradas ao acaso cinco folhas completamente expandidas, do terceiro internó da parte superior da planta, que foram imediatamente acondicionadas em papel alumínio e mantidas sob refrigeração em caixa de isopor. A quantificação das clorofilas a, b e total foi realizada segundo o método proposto por Arnon (1949). Inicialmente, as folhas foram cortadas em pequenos pedaços de 1 cm e, em seguida, foram determinadas as massas frescas para cada avaliação e a absorvância das amostras, com base nas leituras espectofotométricas a 663 e 645 hm, respectivamente para clorofila a e b. Em seguida, procederam-se a quantificação e os cálculos de mg de clorofila por grama de massa fresca do tecido foliar, a partir das equações: clorofila a = (12,7 x A663 – 2,69 x A645) x (V/1000w); clorofila b = (22,9 x A645 – 4,68 x A663) x (V/1000w); clorofila total = (20,2 x A645 + 8,02 x A663) x (V/1000w). Sendo, A = absorbância dos extratos no comprimen211 JEBP Pinto et al. Tabela 1. Massa seca das folhas (MSF), ramos (MSRA), parte aérea (MSPA), raízes (MSR), total (MST) e relação MSR/MSPA de alfazema-do-Brasil, submetida a três níveis de sombreamento. (Leaf (MSF), shoot (MSRA), aerial part (MSPA), root (MSR), and total dry matter (MST) and ratio of MSR/MSPA of Brazilian-lavender, under three shading levels). Lavras, UFLA, 2005. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column do not differ from each other, Tukey’s test, p < 0,05). Tabela 2. Espessura (µm) dos tecidos epidérmicos, parênquimas paliçádico e esponjoso e do limbo de alfazema-do-Brasil, submetida a três níveis de sombreamento. (Thickness (µm) of the epidermic tissue, palisade and spongy parenchyma, and of the limb of Brazilianlavender, under three shanding levels). Lavras, UFLA, 2005. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column do not differ from each other, Tukey’s test, p < 0,05). to de onda indicado; V = volume final do extrato clorofila – acetona; W = massa fresca em gramas do material vegetal utilizado. Foram extraídas seções de 0,5 cm2, na região mediana foliar e efetuados estudos anatômicos, com base no exame microscópio de cortes transversais e paradérmicos obtidos à mão livre. As seções foram clarificadas em solução a 50% de hipoclorito de sódio e, em seguida, lavadas em água destilada, neutralizadas em água acética 1:500 e montadas em glicerina a 50%. O corante utilizado foi a mistura azul de astrasafranina (Bukastsh, 1972). As determinações de espessura foram realizadas utilizando-se uma ocular micrométrica acoplada a um microscópio de luz. Foram analisadas as espessuras das epidermes, dos parênquimas paliçádico, do esponjoso e a espessura total do limbo foliar. Para a extração do óleo essencial, 40 g de folhas secas em estufa com circulação de ar, fragmentadas em tamanho médio de 0,5 cm foram hidrodestiladas por duas horas, em aparelho Clevenger 212 modificado. Para a purificação do óleo essencial, o hidrolato foi submetido à partição líquido-líquido em funil de separação, realizando-se três lavagens com 20 mL de diclorometano em cada. As frações orgânicas foram reunidas e secas com 3 g de sulfato de magnésio anidro, deixando-o agir por 30 minutos. Em seguida, o sal foi removido por filtração simples e o solvente evaporado à temperatura ambiente, sob capela de exaustão de gases. Posteriormente, foi determinada sua massa residual. As variáveis analisadas foram teor de óleo essencial em porcentagem e rendimento de óleo em g planta-1, calculado através da massa seca das folhas. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando-se o software SISVAR, versão 4.3 (Ferreira, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo do sombreamento sobre todas as características relacionadas ao crescimento, com exceção da relação entre as massas secas da raiz (MSR) e da parte aérea (MSPA) (Tabela 1). Para as massas secas das folhas (MSF), dos ramos (MSRA), da parte aérea (MSPA) e total (MST) não houve efeito significativo de 40% de sombreamento em relação às plantas desenvolvidas a plena luz Quando as plantas foram cultivadas a pleno sol e com 40% de sombreamento, a biomassa seca da parte aérea foi respectivamente 2,20 e 2,98 vezes superior à das plantas cultivadas com 80% de sombreamento. Já para matéria seca da raiz (MSR), houve efeito significativo dos três tratamentos, com os valores significativamente maiores sendo observados em plantas crescidas a 40% de sombreamento (Tabela 1). Respostas sobre crescimento das plantas demonstram que as espécies respondem de maneira distinta ao sombreamento. Resultados encontrados em vários trabalhos mostram maior produção de massa seca a pleno sol, como em elixir-paregórico (Ocimum selloi) (Gonçalves, 2001) e em feijão (Lopes et al., 1986). Por outro lado, são encontradas espécies em que o sombreamento parcial foi melhor, como pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link) (Atroch, 2001), calaboura (Muntingia calabura L.) (Castro et al., 1996) e guaco (Mikania glomerata Sprengel) (Castro et al., 2005). Lima Júnior et al. (2005) observaram que ocorreu maior acúmulo de biomassa seca em plantas de camboatã (Cupania vernalis Camb) cultivadas sob 50% de sombreamento em relação às cultivadas a pleno sol. O aumento da biomassa seca ocorre pela variação das divisões celulares e no padrão de expansão celular. Romero et al. (2002) relatam que o gênero Aloysia possui plantas com característica de subbosque, ocorrendo em ambientes com sombreamento parcial; portanto, são plantas que necessitam de certa porcentagem de sombra, corroborando os resultados encontrados neste trabalho. Os resultados encontrados mostraram que plantas de alfazema-do-Brasil têm a produção de biomassa influenciada pela irradiância. A 80% de sombreamento, observou-se os menores rendimentos de biomassa seca em todos os parâmetros. Lopes et al. (1986) afirmam que a redução da intensidade luHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Aspectos morfofisiológicos e conteúdo de óleo essencial de plantas de alfazema-do-Brasil em função de níveis de sombreamento minosa pode, muitas vezes, ficar aquém do ponto de saturação luminosa, reduzindo o processo fotossintético e, com isso, a produção de biomassa seca. Entretanto, segundo Castro et al.(2005), o inverso também pode ocorrer, ou seja, a redução da biomassa seca a pleno sol. Provavelmente, isso se deva à fotoinibição e à capacidade fotossintética que pode ser severamente reduzida, quando as plantas são expostas a altos níveis de radiação, superiores aos requeridos para saturar a fotossíntese. As folhas de alfazema-do-Brasil apresentaram organização dorsiventral e a epiderme plurisseriada. Houve efeito significativo do sombreamento sobre todas as características analisadas (Tabela 2). Nas folhas cultivadas a pleno sol, observou-se maior espessura da epiderme na face adaxial em relação aos tratamentos 40% e 80% de sombreamento. De acordo com Lee et al. (2000), plantas mantidas sob maior irradiância apresentam a epiderme de uma ou de ambas as superfícies mais espessas. A plasticidade foliar é influenciada, alterando a espessura, a área e outras características do órgão vegetal, devido à maior ou menor produção de metabólitos primários e secundários. Esse incremento pode fazer parte da característica adaptativa da planta, refletindo a irradiância excessiva e evitando a perda de água e volatilizações (Whatley & Whatley, 1982; Letchano & Gosselin, 1996). A face abaxial da epiderme das folhas cultivadas a 80% de sombreamento foi significativamente mais espessa que nos outros dois níveis de luz (Tabela 2). O aumento da radiação luminosa incrementa a taxa fotossintética, aumentando a produção de carboidrato e o teor de massa seca, enquanto a deficiência de radiação proporciona alongamento celular e estiolamento, sem alterar a massa seca. Não houve efeito significativo do sombreamento sobre o teor do óleo essencial de alfazema-do-Brasil (Tabela 3). As plantas crescidas com 80% de sombreamento, mesmo com menor espessura do limbo e menor massa seca das folhas, apresentaram um teor de óleo essencial semelhante aos outros tratamentos, mostrando uma proteção das Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 3. Teor de óleo essencial (%) e rendimento de óleo (g planta-1), em folhas secas de alfazema-do-Brasil, submetidas a três níveis de sombreamento. (Essential oil content (%) and oil yield (g planta-1) in dry leaves of Brazilian-lavender, under three shading levels). Lavras, UFLA, 2005. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column do not differ from each other, Tukey’s test, p < 0,05). Tabela 4. Teor de clorofila a, b e total (mg g-1 de massa fresca) e razão clorofila a/b em plantas de alfazema-do-Brasil, submetidas em três níveis de sombreamento (a-, b-, and total chlorophyll content (mg g-1 of fresh matter) and ratio chlorophyll a/b in Brazilian-lavender, under three shading levels). Lavras, UFLA, 2005. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste Tukey, p < 0,01 (Means followed by the same letter in the column do not differ from each other, Tukey’s test, p < 0,01). estruturas produtoras do óleo, talvez relacionada à maior espessura da epiderme abaxial e ao alto teor de tricomas nessa epiderme. Com relação ao rendimento de óleo essencial (Tabela 3), observouse um incremento significativo de 2,81 e 3,31 vezes no rendimento de plantas crescidas a pleno sol e a 40% de sombreamento, respectivamente, em relação a plantas mantidas a 80% de sombreamento. Resultados diferentes são encontrados na literatura em relação à intensidade de luz sobre o teor de óleo essencial. Com erva-cidreira (Lippia alba), plantas submetidas a um nível maior de irradiância (pleno sol) tiveram elevação no teor de óleo essencial (Ventrela & Ming, 2000). O nível de radiação (pleno sol) também aumentou o rendimento de óleo essencial em carqueja (Baccharis trimera) (Silva et al. 2006). Li et al.(1996), pesquisando sálvia (Salvia officinalis), encontraram um teor de óleo essencial menor em plantas cultivadas a 100% de irradiância, em relação às cultivadas a 45%. Gonçalves (2001), trabalhando com a espécie elixirparegórico (Ocimum selloi), observou que o teor de óleo não diferiu com a alteração da intensidade de luz. Com relação à clorofila a e b, houve aumento da concentração em função da diminuição da intensidade de radiação e redução na razão a/b (Tabela 4). Em relatos encontrados na literatura, observou-se que existe a tendência de redução na razão clorofila a:b à medida que se reduz a intensidade de luz (Boardman, 1977; Kozlowski et al., 1991; Scalon et al., 2003). Isto se deve à maior proporção de clorofila b em ambientes sombreados, o que está associado ao fato da sua degradação ser mais lenta do que a da clorofila a (Engel & Poggiani, 1991). Ao contrário, plantas de Cryptocaria aschersoniana, apresentaram aumento na razão clorofila a:b quando cultivadas a 70% de sombreamento (Almeida et al., 2004). A diminuição na proporção da clorofila a/b com o aumento do sombreamento devido ao incremento da clorofila b é semelhante ao que foi obtido em pata-de-vaca (Bauhinia forficata) (Atroch et al., 2001), Hopea sp. (Lee et al., 2000) e guaco (Mikania glomerata) (Castro et al., 2005). Whatley & Whatley (1982) relatam que esse aumento da proporção relativa de clorofila b em plantas sombreadas é uma característica importante, pois possibilita 213 JEBP Pinto et al. maior captação de energia em outros comprimentos de onda e a transferência para uma molécula específica de clorofila a, que efetivamente toma parte das reações fotoquímicas da fotossíntese. Essa é uma característica adaptativa da planta, que a torna mais eficiente em condições ambientais de baixa intensidade de luz. As plantas sombreadas recebem radiação mais difusa e rica em vermelho extremo (VE), o que aumentaria relativamente à clorofila b em relação à clorofila a. Pôde-se observar também que ocorreu redução de 35,41% da clorofila total nas plantas desenvolvidas a pleno sol em relação àquelas crescidas com 80% de sombreamento (Tabela 4). Resultado semelhante foi obtido por Atroch et al. (2001), trabalhando com pata-devaca. Este autor observou uma redução significativa de 28% na clorofila total em plantas sob 100% de irradiação em comparação a plantas com maior sombreamento. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelas bolsas concedidas e apoio financeiro. REFERÊNCIAS ABRAMS MD; MOSTOLLER SA. 1995. Gas exchange, leaf structure, and nitrogen in contrasting sucessional tree species growing in open and under story sites during a drought. Tree Physiology 15: 361-370. ALMEIDA LP; ALVARENGA AA; CASTRO EM; ZANELA SM; VIEIRA CV. 2004. Crescimento inicial de plantas de Cryptocaria aschersoniana Mez. submetidas a níveis de radiação solar. Ciência Rural 34:83-88. ARNON DI. 1949. Cooper enzymes in isolated choloroplasts. Polyphenoloxidase in Beta vulgaris. 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Avaliou-se o efeito de altas temperaturas na germinação e no vigor de sementes de cenoura de diversas cultivares comercializadas no Brasil bem como em progênies de meio-irmãos de uma polulação de cenoura ‘Brasília’. Sementes da cv. Brasília foram colocadas para germinar em temperaturas constantes de 20; 24; 28; 32 e 36ºC por um período de 14 dias. Sementes provenientes de umbelas primárias e secundárias de 120 progênies de meio-irmãos de uma população de cenoura ‘Brasília’ foram também avaliadas quanto à viabilidade (germinação a 20ºC) e temperaturas elevadas (35ºC), vigor (primeira contagem de germinação) e massa de 100 sementes. Finalmente, sementes de 28 lotes comerciais de cenoura foram avaliadas quanto à germinação a 20 e 35ºC. Houve decréscimo na germinação à medida que a temperatura aumentou, sendo que a 36ºC apenas 27% das sementes germinaram. O teste de germinação a 20ºC mostrou que existem variações entre os lotes comerciais, e que, em condições de alta temperatura (35ºC), a germinação foi bastante reduzida para a maioria deles. As progênies de meio-irmãos apresentaram-se com alta germinação e vigor a 20ºC. Entretanto, à temperatura de 35ºC, somente algumas progênies apresentaram germinação superior a 60%. Em adição, as sementes provenientes das umbelas primárias germinaram melhor a 35ºC que aquelas provenientes das umbelas secundárias. Para a obtenção de melhor estande no campo, principalmente em condições adversas de altas temperaturas, a seleção e desenvolvimento de cultivares mais tolerantes, bem como a utilização de sementes provenientes de umbelas primárias seria altamente recomendado. Carrot seed germination and vigor under high temperature conditions Palavras-chave: Daucus carota L., termo-inibição, estabelecimento de plântulas, lotes, progênies. Keywords: Daucus carota L., thermoinhibition, stand establishment, lots, progenies. Because of the development of heat-tolerant cultivars and resistance to major leaf diseases, carrot production is also increasing in other regions,such as in like north and northeast of Brazil. High temperatures during sowing may decrease carrot seed germination and affect the stand establishment. The aim of this study was to evaluate the effect of high temperatures on seed germination and vigor of various Brazilian carrot cultivars as well as different halfsib families from a carrot cv. Brasilia population. Carrot seeds cv. Brasília were incubated at constant temperatures of 20; 24; 28; 32 and 36ºC. Also, seeds of primary and secondary umbels from 120 half-sib families of ‘Brasília’ carrot population were evaluated for viability (germination at 20ºC) and supra-optimal temperature (35ºC), vigor (first counting) and seed mass. Finally, seeds from 28 commercial lots were evaluated for germination at 20 and 35ºC. Seed germination decreased when the temperature increased. At 36ºC, seeds germinated only 27%. At 20ºC, germination varied among the commercial seed lots, and, at high temperature conditions (35ºC), germination decreased in almost all lots. The 120 half-sib families of ‘Brasília’ cultivar had high germination and vigor at 20ºC. However, at 35ºC, only few families germinated above 60%. In addition, seeds from primary umbels germinated better than those from secondary umbels at 35ºC. To obtain a good stand establishment in the field, especially under adverse conditions of high temperatures, the selection and development of thermo-tolerant cultivars as well as the use of primary umbel seeds is recommended. (Recebido para publicação em 12 de agosto de 2006; aceito em 30 de abril de 2007) A cenoura é uma importante hortaliça no Brasil, sendo que seu cultivo abrange cerca de 28 mil ha/ano no país. Em 2001, o valor total da produção foi de US$ 143 milhões, o equivalente a 5% do valor total da produção de hortaliças (Vieira et al., 2005). Dentre as cultivares utilizadas no país, várias foram obtidas por meio de melhoramento genético realizado em outros países e, dentre estas, até hoje, muitas necessitam que suas sementes sejam importadas. Dentre as cultivares nacionais, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ‘Brasília’, de grande domínio comercial, apresenta possibilidades de utilização para o cultivo, conforme a época de semeadura, em quase todo o país. O sucesso da produção de hortaliças como a cenoura, dependerá, dentre outros aspectos, do estabelecimento de plântulas no campo, fator esse diretamente relacionado com a germinação e vigor das sementes. O período compreendido entre a semeadura e o estabelecimento das plântulas é uma fase crucial da produção olerícola. Assim, sementes de alta qualidade e condições que permitam máxima germinação em menor tempo possível, com máxima uniformidade de plântulas, são buscas constantes daqueles envolvidos na cadeia produtiva de hortaliças (Nascimento, 2000). A qualidade das sementes torna-se de suma importância principalmente quando produtores de cenoura mais tecnificados vêm utilizando semeadeiras de precisão (com sistema de semeio a vácuo) minimizando assim custos de mão215 RS Pereira et al. de-obra com a redução e/ou eliminação do desbaste. O aumento da produtividade também ocorrerá devido ao maior número de plantas em decorrência do uso dessas semeadeiras em canteiros com maior largura (Vieira et al., 2004). A germinação das sementes de cenoura ocorre sob temperaturas de 8 a 35ºC, sendo que a velocidade e uniformidade de germinação variam com a temperatura dentro desses limites. A faixa ideal para a germinação rápida e uniforme é de 20 a 30ºC, ocorrendo a emergência entre 7 e 10 dias após a semeadura (Vieira et al., 1999). Para cada espécie, existe uma faixa de temperatura, na qual ocorrem a germinação e emergência, se o suprimento de umidade for adequado e outros fatores adversos forem mínimos (Delouche, 2004). Temperaturas próximas de 35ºC reduzem a germinação de sementes de cenoura (Carneiro & Guedes, 1992). Embora a temperatura de germinação tenha sido bastante estudada, esta ainda merece investigações pela falta de parâmetros que caracterize-a nos diferentes lotes comercializados atualmente das diversas espécies. O comportamento de amostras de sementes de cenoura da cultivar Brasília, oriundas de produtores particulares e empresas que comercializam sementes no Distrito Federal, variou entre os diferentes lotes testados, muito embora derivadas de mesma população e comercializadas com o mesmo nome (Vieira & Nascimento, 1990). Além disso, verificou-se em determinado ano, que a qualidade fisiológica das sementes de cenoura produzidas e/ou comercializadas no Brasil nem sempre se enquadrava nos padrões mínimos de comercialização (germinação de 65%) (Nascimento & Reifschneider, 1986). Isto tem contribuído, em alguns casos, para a obtenção de baixos estandes devido ao baixo vigor e germinação dessas sementes. Em outras ocasiões, percebe-se situações opostas como o excesso de plantas em função do gasto exagerado de sementes visando a garantia de estande adequado. Neste caso, observa-se aumento do custo de produção, devido ao uso excessivo de sementes e a prática do desbaste, cada vez mais onerosa em função da dificuldade de 216 mão-de-obra em algumas regiões produtoras (Vieira et al., 2005). A qualidade das sementes é determinada por fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários, que podem ser avaliados com a finalidade de estimar se um lote de sementes é apropriado para fins de semeadura. Esses fatores estão associados a mudanças degenerativas de origem bioquímica, fisiológica e física, que estão ligados à redução de vigor das sementes (AbdulBaki & Anderson, 1972). A ação desses fatores na produção de sementes pode ser acompanhada por meio dos métodos de análise, que são essenciais na avaliação da qualidade e da eficiência da tecnologia de sua produção (Andrade & Formoso, 1991). O conhecimento da temperatura de germinação, bem como estudos visando a seleção de material com maior poder germinativo em condições de altas temperaturas devem ser intensificados para melhoria no estabelecimento da lavoura de cenoura. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito de altas temperaturas na germinação e no vigor de sementes de cenoura de diferentes cultivares comercializadas no Brasil bem como em progênies de meio-irmãos. MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho foi conduzido no campo experimental e no Laboratório da Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, de janeiro de 2003 a fevereiro de 2005, e foi estruturado em três ensaios, descritos a seguir: Germinação de sementes em diferentes temperaturas Nesse estudo preliminar, quatro repetições de 50 sementes, de um lote da cv. Brasília, foram semeadas em caixas plásticas (11 x 11 cm) sobre duas folhas de papel mata-borrão umedecidas com 15 mL da solução fungicida (Iprodione + Thiram 3:1 – 4 g 1000ml água destilada-1) por caixa. Em seguida, as sementes foram colocadas para germinar em câmara do tipo NKSystem, sob luz artificial, em temperaturas de 20; 24; 28; 32 e 36ºC. As avaliações foram realizadas aos 14 dias após a semeadura e os resultados expressos em porcentagem de sementes germinadas (protusão da raiz primária). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo os dados obtidos submetidos à análise de variância, comparando-se as médias dos tratamentos pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados em porcentagem foram previamente transformados por √ arc sen. Avaliação da germinação de sementes de lotes comerciais de cenoura Sementes de cenoura de 28 lotes comerciais, adquiridos nas empresas de sementes, das cultivares Milena, Brasília, Alvorada, Karine, Larissa, Bolero, Verão HT, HT 2000, Brazlândia, AF 750, AF 1641, Kuronan, Danvers, Nantes, Tiger, Forto e Veronesa, foram avaliadas quanto à germinação a 200C (ótima) e 35ºC (adversa) e vigor (primeira contagem de germinação). Os testes foram conduzidos com quatro repetições de 50 sementes colocadas em caixas plásticas (11 x 11 cm) sobre duas folhas de papel mata-borrão umedecidas com 15 mL da solução fungicida (Iprodione + Thiram 3:1 – 4g 1000mL água destilada-1) por caixa. Em seguida, as sementes foram colocadas para germinar em câmara do tipo BOD, sob luz artificial, regulada às temperaturas de 20 e 35ºC. As contagens foram realizadas aos sete e aos 14 dias após a semeadura e os resultados expressos em porcentagem de sementes germinadas (protusão da raiz primária). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo os dados obtidos submetidos à análise de variância, agrupando-se as médias dos tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Os dados em porcentagem foram previamente transformados por √arc sen. Germinação de sementes de cenoura de diferentes progênies de meio-irmãos Raízes de 120 progênies de meio-irmãos de uma população de cenoura da cv. Brasília foram produzidas durante o verão, colhidas e posteriormente vernalizadas em câmaras frigoríficas à temperatura de 4ºC e 90 a 95% de umidade relativa do ar por período de 35 dias. Decorrido esse período, as raízes foram levadas para plantio em casa-devegetação, 24 horas após a retirada da câmara. O espaçamento utilizado foi de 0,80 m entre linhas e 0,30 m entre planHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Germinação e vigor de sementes de cenoura sob condições de altas temperaturas tas e foram seguidas as recomendações específicas de Viggiano (1990) para a produção de sementes de cenoura. No estádio de florescimento foram utilizados ninhos de abelhas (Trigona spinipes) e moscas (Musca domestica) para a polinização. As sementes de umbelas primárias e secundárias foram colhidas separamente de cada planta e, posteriormente, secas à temperatura de 35°C, trilhadas e desaristadas manualmente. Para cada progênie, avaliou-se a germinação a 20 e 35ºC e vigor (primeira contagem de germinação), assim como no estudo 2. Para a avaliação da massa de 100 sementes, efetuou-se quatro repetições de 100 sementes, por tratamento (progênies de meio-irmãos e ordem de umbela). A pesagem foi feita em balança analítica, com precisão de três casas decimais. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo os resultados submetidos à análise de variância, agrupando-se as médias dos tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Os dados em porcentagem foram previamente transformados para √arc sen. Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05) (Average values followed by the same letter did not differ through the Tukey test (p ≤ 0,05)). Figura 1. Germinação de sementes de cenoura cv. Brasília em diferentes temperaturas constantes, sob luz. (CV=6,6%) (Germination of carrot seed, cv. Brasília submitted to various constant temperatures, under light). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2003/2005. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sementes incubadas nas temperaturas que variaram de 20 a 32ºC apresentaram a mesma germinação (Figura 1). A 20ºC, as sementes germinaram 85%. Entretanto, houve um decréscimo substancial na germinação a 36°C, na qual as sementes germinaram apenas 27%. As “Regras para Análise de Sementes” recomendam a temperatura de 20-30°C ou 20°C para a realização do teste de germinação de sementes de cenoura. Constatou-se uma queda na germinação de sementes a 360C, diferindo estatisticamente das demais temperaturas (Figura 1). A temperatura é considerada o fator de maior influência sobre a velocidade e porcentagem de germinação e emergência (Delouche, 2004). Altas temperaturas têm apresentado grande influência na germinação de sementes de cenoura, sendo que algumas cultivares, como Nantes, não germinam e outras têm a sua germinação reduzida drasticamente. Em outro trabalho, sementes de cenoura ‘Brasília’ apresentaram 91% de germinação a 25ºC, enquanto a 35ºC a germinação reduziu para 47% (Carneiro & Guedes, 1992). Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 2. Germinação (%) de sementes provenientes de umbelas primárias e secundárias de 120 progênies de meio-irmãos de cenoura cv. Brasília, aos 14 dias, à temperatura de 20ºC (CV=7,8%) e 35ºC (CV=11,8%). Brasília, 2005. Teste de Scott-Knott (P<0,05) (Percentual of germination of seed proceeding from primary and secondary umbelas of 120 half-sib of carrots, cv. Brasilia, after 14 days under 20ºC (CV=7,8%) and 35ºC (CV=11,8%). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. Dentre as cultivares e lotes comerciais testados a 20ºC, apenas os lotes de Brasília (Bionatur) e Alvorada (Feltrin) apresentaram germinação abaixo de 60% (Tabela 1). Essas sementes, certamente não poderiam ser 217 RS Pereira et al. Tabela 1. Germinação de sementes de lotes comerciais de cenoura, primeira contagem aos sete dias a 20°C (PC-20), contagem final aos 14 dias a 20°C (CF-20), primeira contagem aos sete dias a 35°C (PC-35), contagem final aos 14 dias a 35°C (CF-35) (Germination of commercial lots of carrot seeds, first counting at seven days, 20°C (PC-20), final counting at fourteen days, 20°C (CF-20), first counting at seven days, 35°C (PC-35), final counting at fourteen days, 35°C (CF-35)). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (P ≤ 0,05) (Average values followed by the same letter did not differ through the Tukey test (p ≤ 0,05)). comercializadas. Os demais apresentaram germinação acima dos padrões mínimos para comercialização de sementes, que é de 65% (Brasil, 1986). Nenhum dos lotes comerciais submetidos à temperatura de 35ºC germinou satisfatoriamente (Tabela 2). Carneiro & Guedes (1992) também não obtiveram germinação satisfatória a 35ºC utilizando as cultivares Nantes, Brasília e Kuronan, sendo esta respectivamente de 0; 46 e 27% ‘Brasília’ é uma cultivar de cenoura com a possibilidade de produção de raízes em áreas e épocas de elevada 218 temperatura (Barbedo et al., 2000). No entanto, pode-se observar que os lotes da cv. Brasília comercializados pelas empresas de sementes não apresentaram germinação satisfatória nos testes realizados neste estudo, em temperaturas de 35ºC, fato que pode limitar a semeadura em regiões de temperaturas elevadas. Além disso, as cultivares nacionais apresentam menor germinação e menor emergência de plântulas em campo, em decorrência da menor qualidade fisiológica das sementes em relação às importadas, o que impossibilita a otimização do estande final quando se utiliza semeadeiras de precisão (Vieira et al., 2005). Ainda, dentre as cultivares comerciais estudadas, o melhor desempenho na temperatura de 35ºC pode ser observado nas cvs. Alvorada e Brasília, ambas pertencentes ao grupo Brasília. Observou-se ainda variação na performance dos lotes de uma mesma cultivar, como foi em ‘Brasília’ e ‘Alvorada’, e isso pode ser em razão do vigor ou mesmo do tempo e forma de armazenamento destas sementes realizados pelas empresas. Por exemplo, a maior germinação da cv. Alvorada foi da Isla Sementes Ltda. com 48%. As cultivares que melhor germinaram sob condições de temperaturas elevadas foram aquelas fornecidas por esta companhia, o que pode estar diretamente relacionado com o local de produção (incluindo altas temperaturas por ocasião da maturação das sementes), práticas culturais e/ou a melhor qualidade das sementes, dentre outros. Dentre as 120 progênies de meio-irmãos estudadas, as de número 1; 46; 49 e 114 obtiveram germinação a 20ºC abaixo de 65%, na primeira leitura realizada aos sete dias (dados não apresentados), o que demostra o baixo vigor dessas progênies; o teste de primeira contagem de germinação tem sido eficiente para avaliar o vigor de sementes de cenoura (Bittencourt, 1991). Na leitura final, as progênies 46 e 49 mantiveram baixa germinação, para as duas ordens de umbelas. De maneira geral, o restante das progênies apresentaram-se com alta germinação e vigor para as sementes de umbelas primárias e secundárias, respectivamente (Figura 2). A partir desses resultados, a seleção de materiais mais vigorosos e de melhor qualidade das sementes pode ser feita, uma vez que altos valores podem ser encontrados nos coeficientes de variabilidade genética entre progênies para tais caracteres, com possibilidades de ganhos expressivos no processo de seleção (Vieira et al., 2005). Na temperatura de 35ºC, poucas progênies apresentaram germinação superior a 60%. Aos sete dias (dados não apresentados), apenas a progênie 43 atingiu 61% de germinação, sendo as sementes oriundas de umbelas de ordem primária. Na leitura final aos 14 dias, a mesma progênie germinou 73%, apreHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Germinação e vigor de sementes de cenoura sob condições de altas temperaturas sentando-se como a de maior vigor e germinação (Figura 2). A seleção desta progênie visando a melhoria da germinação em altas temperaturas pode ser de suma importância, já que as variâncias genéticas e a herdabilidade, são suficientemente altas para seleção de materiais visando a melhoria da qualidade das sementes (Andreoli & Maguire, 1988). De maneira geral, as sementes advindas de umbelas primárias germinaram melhor, com maior número de progênies germinando satisfatoriamente na temperatura de 35ºC (Figura 2). Sementes oriundas de umbelas primárias apresentam uma germinação mais alta que sementes de igual tamanho e massa das umbelas secundárias e terciárias (Jacobsohn & Globerson, 1981). Sementes oriundas de ordem primária apresentaram maior vigor e germinação de 67%, em condições de temperatura elevada. Com relação à massa de 100 sementes, observou-se variação entre as progênies (Figura 3). O presente trabalho mostrou que as progênies de maior massa nem sempre germinam em condições de estresse, incluindo altas temperaturas. Por exemplo, a progênie 43, de maior vigor observado anteriormente não esteve entre as de maior massa. Irigon & Mello (1995) relataram que a massa das sementes é uma das causas morfológicas que podem afetar o vigor e assim, influenciar a qualidade das mesmas. Sementes de cenoura com maior germinação e vigor não apresentam necessariamente maior massa. Correlações negativas entre a massa de sementes e germinação, bem como entre a massa de sementes e o vigor, também têm sido observados em outros estudos com progênies de meio-irmãos de populações de cenoura ‘Brasília’ (Vieira et al., 2005). Provavelmente, as sementes de maior massa poderiam possuir menor reserva na sua composição, por unidade de matéria seca e isto pode ser responsável pelo fato das progênies com sementes de maior massa não terem apresentado maiores germinação e vigor (Bittencourt, 1991). Para a obtenção de melhor estande de cenoura no campo, principalmente em condições adversas de altas temperaturas, a seleção e desenvolvimento de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 3. Massa (g) de 100 sementes de progênies de meio-irmãos de cenoura cv. Brasília, provenientes de umbelas de ordem primária e secundária. (CV=3,8%). Teste de Scott-Knott (P<0,05) (Mass of 100 seeds of carrot progenies, half-sib, cv. Brasilia, proceeding from primary and secondary umbelas (CV=3,8%)). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. cultivares mais tolerantes à germinação em altas temperaturas e/ou a utilização de sementes provenientes de umbelas primárias seria altamente recomendado. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS ABDUL-BAKI AA; ANDERSON JD. 1072. Physiological and biochemical deterioration of seeds. In: KOZLOWSKI, T.T., Seed Biology. New York, Academic Press. V.2, p.283-315. ANDRADE RN; FORMOSO A. 1991. Análise de sementes de hortaliças. In: Encontro sobre produção e qualidade de sementes de hortaliças, Brasília, DF. 1991. Palestras... Brasília, Embrapa – CNPH/JICA, p.113-122. ANDREOLI C; MAGUIRE JD. 1988. Variabilidade genética para germinação e semente-sem-embrião em cenoura (Daucus carota L.). Horticultura Brasileira. Resumos do 28º Congresso Brasileiro de Olericultura, Brasília, v.6, n.1, p.44. BARBEDO ASC; CÂMARA FLA; NAKAGAWA J; BARBEDO CJ. 2000. 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Ciência e Tecnologia Agroindustrial, C. Postal 354, 96010-900 Pelotas-RS; 3Bolsista CNPq; 4Bolsista FAPERGS; [email protected] RESUMO ABSTRACT Os objetivos deste trabalho foram avaliar genótipos de batata quanto ao teor de açúcares redutores e condições pós-colheita que favoreçam a identificação daqueles com baixo teor. Oito clones, previamente selecionados para cor clara de fritura, e a cultivar Atlantic foram avaliados nos períodos de outono de 2004 e 2005. Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Clima Temperado, PelotasRS, Brasil (31°52’S, 52°21’W), em blocos ao acaso com quatro repetições. Em 2004, o teor de açúcares redutores foi quantificado após três condições: cura; quatro semanas refrigerados a 4°C; e refrigeração seguida por recondicionamento durante duas semanas. Em 2005, os açúcares redutores foram analisados somente após a refrigeração. O teste F revelou diferenças significativas entre genótipos para todas as variáveis, exceto para açúcares redutores após a cura dos tubérculos. Os clones ‘C-1883-22-97’, ‘C-1881-1697’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-1786-7-96’ e ‘C-1787-14-96’ contiveram os teores mais baixos de açúcares redutores. A refrigeração foi a condição que permitiu a identificação de genótipos com baixos teores de açúcares redutores. Palavras-chave: Solanum tuberosum, processamento, chips, qualidade. Potato genotypes with low reducing sugar content The objectives of this work were to evaluate potato genotypes for reducing sugar content and post-harvest conditions that favored the identification of those with low content. Eight potato clones, previously selected for light frying color, and the cultivar Atlantic were evaluated in autumn seasons of 2004 and 2005. The experiments were carried out at Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, Brazil (31°52’S, 52°21’W), in a randomized complete block design with four replications. In 2004, the reducing sugar content was quantified after three conditions: curing the tubers; four weeks of refrigerated storage at 4°C; and refrigeration followed by reconditioning for two weeks. In 2005, the reducing sugars were analyzed only after refrigeration. Besides that the genotypes were evaluated for chip color, dry matter content and physiological defects. The F test revealed significant differences among genotypes for all variables, except for reducing sugar content after tuber curing. ‘C-1883-2297’, ‘C-1881-16-97’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-1786-7-96’ and ‘C-178714-96’ clones showed the lowest reducing sugar content. The refrigeration was the condition that allowed identification of low reducing sugar genotypes. Keywords: Solanum tuberosum, processing, chips, quality. (Recebido para publicação em 18 de julho de 2006; aceito em 14 de abril de 2007) D entre as iniciativas essenciais para impulsionar a demanda de batata pré-frita congelada para atrair a preferência dos consumidores brasileiros, destaca-se o desenvolvimento da agroindústria nacional (Boteon et al., 2005). Entretanto, existe uma grande carência de cultivares com características que atendam plenamente os requisitos da indústria e a adaptação à produção no Brasil (Pereira, 2003). A aceitação da batata para processamento na forma de palitos ou chips depende, em grande parte, da cor do produto final. O fator mais importante na cor de fritura é o teor de açúcares redutores que, quando alto, resulta em produtos escurecidos (Talburt et al., 1975), os quais são rejeitados pelo consumidor (Menéndez et al., 2002). Em batatas para processamento, o teor de açúcares redutores geralmente aceito é abaixo de 0,035% da massa fresca para chips e 220 0,12% para palitos (Stark et al., 2003). Além da característica de fritura de cor clara, as cultivares de batata para o processamento devem apresentar tubérculos com elevado teor de matéria seca (20-24%) e de preferência sem defeitos fisiológicos (Love, 2000), tais como coração oco, mancha ferruginosa, rachadura e crescimento secundário. O objetivo deste trabalho foi avaliar genótipos de batata quanto ao teor de açúcares redutores, em função das condições pós-colheita que favoreçam a identificação daqueles com baixo teor. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados oito clones de batata (‘C-1786-6-96’, ‘C-1786-7-96’, ‘C1786-9-96’, ‘C-1787-14-96’, ‘C-188116-97’, ‘C-1883-5-97’, ‘C-1883-22-97’ e ‘C-1890-1-97’), selecionados para cor clara de fritura no programa de melho- ramento genético da Embrapa Clima Temperado. A cultivar Atlantic, que é utilizada mundialmente pela indústria de processamento de chips, foi incluída como testemunha. Foram implementados dois experimentos, um em 2004 e outro em 2005, em blocos ao acaso com quatro repetições, no campo experimental da sede da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil (31°52’S, 52°21’W). A parcela foi constituída por 15 plantas, espaçadas de 0,30 x 0,80 m. O solo, classificado como Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico Típico, foi adubado nos sulcos de plantio com 2.000 kg ha-1 de NPK (5-30-10). O controle de doenças e outras práticas foram uniformes e semelhantes às usadas nos plantios comerciais da região. Não houve necessidade de irrigação suplementar em nenhum dos dois experimentos. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Genótipos de batata com baixo teor de açúcares redutores Para o ensaio de 2004, o plantio foi realizado em 10 de março e a colheita em 15 de junho, quando as plantas atingiram total maturidade. Amostras de tubérculos de cada parcela, classificados como comerciais (diâmetro >45 mm) foram separados para quantificação do teor de açúcares redutores após três condições pós-colheita: a) cura (duas semanas de armazenamento em condições ambiente, com ventilação); b) quatro semanas de armazenamento refrigerado a 4°C; e c) refrigeração, seguida de recondicionamento por duas semanas em condições ambiente. A análise do teor de açúcares redutores, efetuada em laboratório da Embrapa Clima Temperado, foi realizada com base no método de SomogyiNelson (Nelson, 1944), com modificações (Pereira & Campos, 1999). Para a extração dos açúcares, amostras de tubérculos fatiados foram mergulhadas em solução de bissulfito de sódio, neutralizadas com ácido acético glacial e filtradas a vácuo. As amostras foram avaliadas em triplicatas. Com relação a 2005, o plantio foi efetuado em 9 de março e a colheita em 21 de junho, quando as plantas atingiram a maturidade. Neste experimento, o teor de açúcares redutores foi analisado somente em tubérculos refrigerados, tendo em vista que em 2004 apenas nesta condição foi possível separar genótipos com teores de açúcares redutores inferiores à testemunha. Além da avaliação do teor de açúcares redutores, os genótipos foram avaliados quanto à cor de chips, teor de matéria seca, e percentagens de tubérculos rachados, com mancha ferruginosa e com coração oco. Os chips foram preparados, usando amostras de três tubérculos por parcela. Oito fatias finas (2-3 mm) de cada amostra foram fritas em gordura vegetal hidrogenada, à temperatura inicial de 180ºC, durante o tempo suficiente para cessar a emissão de bolhas de vapor de água do material frito. As avaliações da cor dos chips foram efetuadas de acordo com a tabela de cores de cinco pontos (1 = clara a 5 = escura), da Potato Chip and Snack Food Association, dos Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Médias de teor de açúcares redutores em tubérculos de batata em função da simples cura, do armazenamento durante quatro semanas a 4°C (refrigerado) e do armazenamento a 4°C seguido de recondicionamento durante duas semanas em condições ambiente (recondicionado) (Average content of reducing sugars in potato tubers as a result of simple cura, stored during four weeks under 4°C refrigeration and, as a result of storing under 4°C followed of reconditioning during two weeks under ambiental conditions (reconditioned). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2005. 1 Letras minúsculas iguais, nas colunas, e maiúsculas, na linha, indicam médias sem diferenças estatisticamente detectáveis pelo teste Duncan (p ≤ 0,05) (Means followed by the same small letters in the column and capital in the line did not differ from each other through the Duncan test, 5%). Estados Unidos da América do Norte. O teor de matéria seca foi determinado segundo a Association Official Analytical Chemistry – AOAC (1970), com algumas modificações (Pereira & Campos, 1999), em amostras de três tubérculos de cada parcela. De cada tubérculo foram cortadas duas fatias finas (2-3 mm), uma no centro (sentido do diâmetro) e outra no sentido perpendicular (comprimento), que foram picadas a pequenos pedaços. Para análise da matéria seca, uma amostra de 5,0 g de cada parcela foi colocada em cadinho de alumínio para secagem em estufa a vácuo, a 70°C por seis horas. As avaliações da percentagem de tubérculos rachados e com mancha ferruginosa foram efetuadas em amostras de dez tubérculos por parcela. Para avaliação de mancha ferruginosa, os tubérculos foram cortados transversalmente. Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Duncan no nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa Genes (Cruz, 2001). Os dados de percentagem de rachadura e de mancha ferruginosa foram transformados em antes da aplicação da análise. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em 2004, a média de açúcares redutores foi significativamente mais alta em tubérculos submetidos à refrigeração do que aqueles curados ou recondicionados (Tabela 1). É sabido que as condições ambientais afetam o crescimento e o desenvolvimento das plantas e dos tubérculos, bem como o conteúdo de açúcares nos tubérculos. A exposição dos tubérculos a temperaturas baixas, mesmo no solo ou no armazenamento, propicia a conversão do amido em açúcares, provocando um aumento indesejável no conteúdo de açúcares redutores. Temperaturas altas, por outro lado, diminuem o conteúdo de açúcares redutores nos tubérculos de batata, pela reconversão parcial dos açúcares em amido (Ap Rees et al., 1981; Dale & Mackay, 1994; Lynch et al., 2003). Os genótipos apresentaram diferenças significativas (p ≤ 0,05) em teor de açúcares redutores após refrigeração e recondicionamento dos tubérculos (Tabela 1). Não foi detectada diferença significativa em teor de açúcares redutores nos tubérculos após a cura. Seguindo a refrigeração dos tubérculos, os 221 AS Pereira et al. Tabela 2. Médias de matéria seca, de tubérculos com rachadura e mancha ferruginosa, e de cor de chips, em função de genótipos de batata e de condições pós-colheita (Average values of dry matter of tubers presenting cracking and ferruginous spots, and of chips, as a result of potato genotypes and after-harvest conditions). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2005. 1 Letras iguais, nas colunas, indicam médias sem diferenças estatisticamente detectáveis pelo teste Duncan (p ≤ 0,05); 21: cor clara a 5: cor escura (Means followed by the same letters in the column did not differ from each other through the Duncan test, 5%; 21: light color to 5: dark color). clones ‘C-1883-22-97’, ‘C-1881-1697’, ‘C-1786-6-96’, ‘C-1786-9-96’, ‘C1786-7-96’, ‘C-1787-14-96’ e ‘C-18835-97’ apresentaram, estatisticamente, os mais baixos teores de açúcares redutores. Quando recondicionados, somente os dois primeiros tiveram níveis significativamente inferiores ao da cultivar ‘Atlantic’. Em tubérculos recondicionados, isto é, submetidos à condição que ocorre a diminuição dos níveis de açúcares redutores (Bacarin et al., 2005), os clones ‘C-1883-22-97’, ‘C-1881-16-97’, ‘C-1883-5-97’, ‘C1786-6-96’ e ‘C-1786-9-96’ contiveram açúcares redutores mais baixos, não diferindo da cultivar ‘Atlantic’. Considerando simultaneamente as médias da refrigeração e do recondicionamento, observam-se menores acumulações de açúcares redutores no grupo formado pelos clones ‘C-1883-2297’, ‘C-1881-16-97’, ‘C-1786-6-96’, ‘C1786-9-96’ e ‘C-1883-5-97’ (Tabela 1). As médias de açúcares redutores nas três condições de pós-colheita revelam que após a cura dos tubérculos não houve diferença estatística entre os genótipos (Tabela 1), enquanto na refrigeração houve a formação de três grupos, com separação de clones com níveis de açúcares redutores mais baixos do que a testemunha. A análise de açúcares redutores após o recondicionamento dos tubérculos tam222 bém possibilitou a separação dos genótipos, mas não foi suficiente para distinguir os clones com baixos teores de açúcares redutores da testemunha ‘Atlantic’. Exceto ‘C-1786-7-96’ e ‘C1787-14-96’, os genótipos responderam claramente ao recondicionamento, destacando-se a cultivar ‘Atlantic’. Diferenças entre variedades na redução do teor de açúcares redutores por recondicionamento têm sido observadas em outros estudos (Chapper et al., 2004; Bacarin et al., 2005). Estes resultados mostram que a refrigeração dos tubérculos durante quatro semanas foi a melhor condição para a identificação dos genótipos de batata com baixos teores de açúcares redutores. Em 2005, os clones ‘C-1881-16-97’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-1787-14-96’, ‘C1883-5-97’, ‘C-1883-22-97’ e ‘C-17867-96’ apresentaram as médias mais baixas de açúcares redutores (Tabela 1). Mas, apenas ‘C-1881-16-97’, ‘C-17869-96’ e ‘C-1787-14-96’ diferiram da ‘Atlantic’, em valores inferiores de açúcares redutores. Considerando os resultados obtidos de tubérculos refrigerados nos dois experimentos, os genótipos que tiveram os teores de açúcares redutores mais baixos foram: ‘C-1883-22-97’, ‘C-188116-97’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-1786-7-96’, ‘C-1787-14-96’ e ‘C-1883-5-97’. O clone ‘C-1890-1-97’ apresentou, em ambos os anos, a maior percentagem de açúcares redutores. Em relação aos chips, os clones ‘C1786-7-96’, ‘C-1786-6-96’ e ‘C-17869-96’, ‘C-1787-14-96’, ‘C-1890-1-97’, ‘C-1883-5-97’ e a cultivar ‘Atlantic’ formaram o grupo com médias de escores de cor mais clara (Tabela 2). ‘C1881-16-97’, ‘C-1883-22-97’, ‘C-18835-97’ e ‘C-1890-1-97’ formaram o grupo de clones com chips mais escuros, mas, mesmo assim, dentro dos padrões de cor clara (escore d”2,5). Os três primeiros foram identificados como os clones com baixo teor de açúcares redutores. Mesmo sendo indubitavelmente estabelecido que o teor de açúcares redutores seja o principal fator para o desenvolvimento da cor de fritura da batata, tem sido demonstrada a influência de alguns aminoácidos e compostos fenólicos na sua intensidade (Khanbari & Thompson, 1993; Zorzella et al., 2003). Desta forma, não sendo os açúcares redutores totalmente responsáveis pela formação da cor do produto frito, é fundamental que os genótipos sejam avaliados quanto à cor de fritura de chips para uma conclusão mais consubstanciada, vez que a cor de fritura é o caráter de interesse comercial no produto processado. Os teores de matéria seca de ‘C1786-7-96’, ‘C-1890-1-97’, ‘C-1786-696’, ‘C-1881-16-97’, ‘C-1883-5-97’ e ‘Atlantic’ foram estatisticamente os mais elevados. Os demais clones também apresentaram conteúdo de matéria seca compatível com os níveis requeridos pelas indústrias de processamento (e”20%). Os defeitos fisiológicos constituem grave limitação para o processamento por fritura da batata para processamento para fritura. As condições climáticas do outono de 2005 favoreceram o aparecimento da mancha ferruginosa e de rachaduras nos tubérculos, todavia, sem a ocorrência de coração oco nos diferentes genótipos (Tabela 2). Houve diferenças significativas entre os genótipos na percentagem de tubérculos com mancha ferruginosa, com o clone ‘C-1883-2297’ apresentando ausência deste tipo de defeito. Embora ‘Atlantic’ seja considerada muito suscetível (Henninger et al., 2000), apresentou percentagem relativamente baixa, considerando as condições Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Genótipos de batata com baixo teor de açúcares redutores climáticas durante o experimento. Quanto à ocorrência de tubérculos rachados, houve diferenças significativas entre os genótipos (Tabela 2). ‘C1883-22-97’, ‘C-1883-5-97’ e ‘C-17869-96’ não contiveram este defeito e ‘C1787-14-96’, ‘C-1890-1-97’ e ‘Atlantic’ apresentaram baixas percentagens. Em resumo, constatou-se que os clones ‘C-1883-22-97’, ‘C-1881-1697’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-1786-7-96’, ‘C1787-14-96’ e ‘C-1883-5-97’ contiveram os mais baixos níveis de açúcares redutores. Destes, apenas ‘C-1883-5-97’ e ‘C-1786-7-96’ podem ser alocados em grupo de genótipos com chips mais claros e com teor de matéria seca mais elevada, embora os demais tenham expressado níveis de qualidade aceitáveis; ‘C1883-22-97’ não teve tubérculos com mancha ferruginosa, ao contrário de ‘C1883-5-97’, ‘C-1786-9-96’, ‘C-178714-96’ e ‘C-1881-16-97’ que apresentou, mas em baixas percentagens, enquanto ‘C-1787-14-96’ revelou a maior incidência; ‘C-1883-22-97’, ‘C-1883-597’ e ‘C-1786-9-96’ não contiveram tubérculos rachados. Concluindo, a refrigeração dos tubérculos durante quatro semanas permitiu a identificação dos genótipos ‘C-1883-2297’, ‘C-1881-16-97’, ‘C-1786-9-96’, ‘C1786-7-96’ e ‘C-1787-14-96’ como de baixos teores de açúcares redutores. Entretanto, considerando também os outros caracteres avaliados, ‘C-1883-22-97’, ‘C-1786-9-96’ e ‘C-1883-5-97’ foram os clones de melhor qualidade. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 AGRADECIMENTOS À equipe de apoio ao Programa de Melhoramento Genético de Batata e do Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Embrapa Clima Temperado, pelas contribuições na execução dos experimentos, e à CAPES, CNPq e FAPERGS, pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (Gaithersburg, Estados Unidos). 1970. Official methods of analysis. 11ª ed. Washington: 1015p. AP REES T; DIXON WL; POLLOCK CJ; FRANK F. 1981. Low temperature sweetening of higher plants. In: FRIEND J; RHODES MJC (eds). Recent advances in the biochemistry of fruits and vegetables. New York: Academic Press. p. 41-44. BACARIN MA; FERREIRA LS; DEUNER S; BERVALD CMP; ZANATTA ER; LOPES NF. 2005. Carboidratos não estruturais em tubérculos de batata recondicionados após o armazenamento sob diferentes temperaturas. Horticultura Brasileira 23: 799-804. BOTEON M; SILVA RC da; DELEO JPB. 2005. Uma nova receita para a bataticultura. 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Agronomia, 52171-900 Recife-PE; [email protected] RESUMO ABSTRACT A produção de biofertilizantes a partir de rochas é um processo prático que reduz o consumo de energia e aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo. Realizou-se um experimento em campo, para avaliar a eficiência e o poder residual de biofertilizantes de rochas com fósforo (BP) e com potássio (BK) mais enxofre inoculado com Acidithiobacillus, aplicados em diferentes doses, para comparação com os fertilizantes minerais superfosfato simples (SFS) e cloreto de potássio (KCl), no rendimento da alface (cv. Crespa-Grand Rapids), em dois plantios consecutivos, e em alguns atributos químicos do solo (pH, Ca, Mg trocável, P e K disponível). Nos dois ciclos houve efeito dos biofertilizantes BP, BK, e dos fertilizantes solúveis SFS e do KCl no rendimento da alface. Os melhores resultados no 1º ciclo foram com os tratamentos SFS700 BK90, SFS700 BK60, e no 2º ciclo com BP700 BK90, SFS700 BK60, e com SFS700 BK90. Observou-se efeito residual quando aplicados os tratamentos BP1050 BK90 No pH do solo não houve efeito dos biofertilizantes, aplicados em mistura com húmus de minhoca, e verificou-se significativo aumento no P e K disponíveis no solo, especialmente para P no 2º ciclo. Concluiu-se que os biofertilizantes de rochas com P e K, em mistura com húmus de minhoca, podem ser usados como alternativa a fertilizantes minerais solúveis. Lettuce yield and chemical attributes of an Oxisol by application of biofertilizers from phosphate and potash rocks Palavras-chave: Lactuca sativa, apatita, biotita, disponibilidade de PK, oxidação do enxofre. Production of rock biofertilizers is a practical process which reduces energy consumption and increases nutrients availability in soils. A field experiment was carried out applying phosphate biofertilizer (PB) and potash biofertilizer (KB) from rocks plus sulfur with Acidithiobacillus, applied in different rates, comparing with the mineral fertilizers simple superphosphate (SFS) and potassium chloride (KCl), on yield of lettuce (cv. Crespa-Grand Rapids), in two consecutive crops and in soil chemical attributes (pH, and available P and K). A control treatment was added without P and K (P0K0). In the two consecutive crops the biofertilizers BP, BK, and chemical fertilizers SFS and KCl were effective on lettuce yield. In the first crop the best results were obtained with the treatments SFS700 BK 90, SFS 700 BK 60, and in the consecutive crop applying the treatments BP700 BK90, SFS700 BK60 and SFS700 BK90. In the two crops the positive response of the PK biofertilizers and PK mineral fertilizers was evident. Residual effect was observed when the treatment BP1050 BK90 was applied. Soil pH was not affected by application of PK biofertilizers plus worm-compound, increasing available P and K, especially for available P in the consecutive crop. The PK rock biofertilizers, plus worm-compound, may be applied as an alternative to PK mineral soluble fertilizers. Keywords: Lactuca sativa L., apatite, available P and K, biotite, sulfur oxidation. (Recebido para publicação em 11 de julho de 2006; aceito em 2 de abril de 2007) N o Brasil, o cultivo de alface em escala comercial vem crescendo de forma rápida, sendo uma hortaliça de grande expressão na economia brasileira. A utilização de técnicas de cultivo sem uso de produtos tóxicos vem representando um aspecto considerável tanto para o consumidor como para o meio ambiente. Assim, o fornecimento adequado de nutrientes está diretamente relacionado com a fertilização, e tornase de especial importância verificar a disponibilidade dos elementos essenciais no solo, principalmente com relação ao fósforo e potássio, em plantas de ciclo curto como a alface (Lal, 2000). O desenvolvimento e aplicação de um manejo integrado de nutrientes, com vista a produtividade e sustentabilidade 224 agrícola implica na redução do uso de fertilizantes solúveis e incremento de fontes não tradicionais de nutrientes, como adubação orgânica, fixação biológica do N 2 , biofertilizantes, e a reciclagem de resíduos (FAO, 1995). Para a produção de fertilizantes fosfatados solúveis é necessário apreciável gasto de energia e mão de obra especializada. A utilização direta dos fertilizantes naturais é muito restrita, principalmente devido à sua baixa solubilidade, sendo mais usados em misturas com os fertilizantes solúveis (Oliveira et al.1977). Dentre os fertilizantes, o potássio é o segundo mais utilizado no Brasil, sendo quase inteiramente atendido por importação, que chega a mais de 6 milhões de t, e o País tem como produção atual apenas cerca de 650 mil toneladas (Roberts, 2004). O uso de microrganismos na solubilização de nutrientes de rocha vem recebendo a atenção dos pesquisadores em programas de interação com diferentes microrganismos (Ballestero et al., 1996; Nahas, 1999). Na solubilização de rochas vêm sendo utilizadas bactérias oxidantes do enxofre do gênero Thiobacillus, atualmente classificadas como Acidithiobacillus (Kelly & Wood, 2000), as quais podem ocorrer naturalmente nos solos agrícolas. Poucos trabalhos realizados com adição de enxofre sem a inoculação com a bactéria específica mostraram solubilização lenta e resultados bastante variáveis (Lombardi et al. 1981). Por outro lado, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Rendimento da alface e atributos químicos de um Latossolo em função da aplicação de biofertilizantes de rochas com fósforo e potássio a adição da bactéria em concentração conhecida, e aplicada diretamente no enxofre, deverá promover ação mais rápida e eficiente, favorecendo o desenvolvimento das plantas (Stamford et al., 2003, 2004, 2005 e 2006). O objetivo do presente trabalho foi verificar a eficiência de biofertilizantes produzidos com rocha fosfatada (apatita) e com rocha potássica (biotita xisto), mais enxofre inoculado com Acidithiobacillus, em mistura com vermicomposto de minhoca, comparando com os fertilizantes minerais solúveis, no rendimento da alface e em alguns atributos químicos do solo, em dois cultivos consecutivos. MATERIAL E MÉTODOS No experimento aplicou-se biofertilizante de rocha fosfatada (Irecê, Bahia) e de rocha potássica (biotita xisto, Paraíba), produzidos com adição de enxofre elementar inoculado com a bactéria oxidante do enxofre Acidithiobacillus. Os biofertilizantes foram produzidos em condições de campo, na horta experimental da UFRPE, utilizando canteiros com 10 m de comprimento, 1 m de largura e 0,5 m de profundidade, seguindo a metodologia descrita em detalhes por Stamford et al. (2006a). O experimento foi conduzido na Escola Agrotécnica Federal de Crato, Ceará, em solo com baixo teor de P disponível e médio teor de K disponível, representativo da região do Cariri, classificado como Latossolo Amarelo húmico, textura média argilosa, fase floresta tropical, sub-perenifolia, com relevo suavemente ondulado, geograficamente localizado na latitude W. Gr. 390 25’ e latitude S 70 14’, com altitude de 422 m, na faixa de clima quente subúmido, com temperaturas máximas de 350C, mínima de 220C e média de 270C, com pluviosidade média de 800 mm anuais. A determinação de alguns atributos químicos do solo, na camada de 0–20 cm, de acordo com a metodologia da Embrapa (1997), apresentou: pH (H2O) 6,2; cations trocáveis (cmolc dm-3) Ca2+ 2,0; Mg2+ 0,8; K+ 0,2; Al3+ 0,0; P (mg dm-3) 0,6 e M.O. (g kg-1) 26. Utilizou-se a alface (cv. Crespa Grand Rapids-TBR) como planta teste Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 e, vermicomposto de minhoca na adubação orgânica básica, na quantidade de 600g m-2, conforme quadro de utilização do húmus para hortaliças da empresa Febra Húmus que contém 0,5 g kg-1 de N; 2 mg kg-1 de P; 5 mg kg-1 de K, e pH 7,9. Foram realizadas duas aplicações, sendo a primeira no plantio (300 g m-2), e 15 dias após o transplante das mudas foi feita a segunda aplicação (300 g m-2). O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial 52, sendo dois nutrientes: fósforo (P) e potássio (K). Como fontes de P foram adicionadas: 1) SFS700, quantidade de SFS (700 kg ha-1), calculada com base na recomendação para alface (IPA, 1998), de acordo com a análise do solo; 2) Biofertilizante BP350, correspondente à metade de SFS700; 3) Biofertilizante BP700 biofertilizante, equivalente à quantidade recomendada como SFS; 4) Biofertilizante BP 1050 biofertilizante (BP3) 1,5 vez a quantidade calculada para SFS); e 5) controle, sem adição de P (P0). Como fontes de K usou-se: KCl60, quantidade de KCl (30 kg ha-1), calculada com base na recomendação para alface (IPA, 1998), de acordo com a análise do solo; 2) Biofertilizante BK30, correspondente à metade de KCl60; 3) Biofertilizante BK 60 biofertilizante, equivalente à quantidade de KCl recomendada; 4) Biofertilizante BK 90 biofertilizante equivalente a 1,5 vez a quantidade calculada como KCl); e 5) controle, sem adição de K (K0). Os tratamentos com P e K foram adicionados juntamente com a primeira aplicação do vermicomposto de minhoca (300 g m-2), após homogeneização manual, para facilitar a distribuição dos fertilizantes, com adição a lanço. A solubilidade dos fertilizantes e dos biofertilizantes foi feita em água, citrato de amônio (C.N.A.), em ácido cítrico a 2%, e com o extrator Mehlich 1 (Embrapa, 1997) e pelo método biológico com Aspergillus sidowii (Dias et al. 2005), sendo os teores de fósforo e potássio total apresentados na tabela 1. As mudas de alface foram produzidas em bandejas de polietileno de 128 células, preenchidas com o substrato “Plantmax”. O transplante foi realizado quando as plantas atingiram a altura de 8 a 10 cm e com 5 a 6 folhas definitivas (cerca de 30 dias), O espaçamento adotado foi de 0,25 x 0,25 m, compreendendo 5 plantas por fileira e 25 plantas por parcela. As plantas foram irrigadas duas vezes ao dia por microaspersão. Através de determinações em amostras de solo, observou-se que a umidade ficou próxima da capacidade de campo, durante a fase experimental. Foram feitos dois plantios consecutivos (ciclo 1 e ciclo 2), sendo o segundo cultivo realizado 15 dias após a colheita do primeiro ciclo, sem fertilização com P e K, para verificação do efeito residual. Não houve necessidade de aplicação de inseticidas nem fungicidas, nos dois cultivos. Em amostragem com coleta de 4 plantas parcela–1, foi feita a determinação da matéria seca (MS) da parte aérea por pé (cabeça). O sistema radicular foi coletado junto com a parte aérea, e, após lavagem em água corrente, a parte aérea foi separada das raízes, e conduzidas para secagem em estufa de circulação de ar forçada (700 C), sendo, posteriormente, determinada a matéria seca da parte aérea (MS). Foram retiradas amostras compostas de solo (6 sub amostras por parcela), com coleta de 015 cm, e após secagem ao ar e peneiramento (peneira de 2 mm) foi procedida a determinação de: pH, cations trocáveis (Ca e Mg) e P e K disponíveis, seguindo a metodologia da Embrapa (1997). A análise estatística foi realizada utilizando o programa SAS (1999), para identificação da necessidade de transformação dos dados e adequação aos requisitos da análise de variância. A comparação de médias foi procedida pelo teste de Tukey (p d” 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 são apresentados os dados obtidos para a biomassa seca da parte aérea da alface. Verifica-se que houve efeito da fertilização com P e K, na produção de biomassa seca da alface, em relação ao tratamento controle (P0K0). Os biofertilizantes mostraram efeitos semelhantes ao tratamento com aplicação dos fertilizantes minerais solúveis SFS e KCl, nos dois ciclos. To225 RCM Lima et al. Tabela 1. Teor de fósforo e potássio total (g kg-1), nos biofertilizantes e nas rochas com P e K utilizadas no experimento, usando diferentes processos de extração 1 (Total phosphorus and potassium rates (g kg-1), on biofertilizers and P and K rocks applied in the experiment, using different extraction processes). Crato, Escola Agrotécnica Federal de Crato, 2005. 1 ND = não determinado Tabela 2. Efeitos da aplicação de biofertilizantes de rochas com P e K em comparação com superfosfato simples e cloreto de potássio e sem fertilização com P e K na biomassa seca da alface em 2 ciclos (Effects of P and K rock biofertilizers application compared with triple superphosphate and potassium chloride and without P and K fertilization on dry biomass of lettuce in two consecutive crops). Crato, Escola Agrotécnica Federal de Crato, 2005. (1) BP350, BP700, BP1050 equivalente a 350, 700 e 1050 kg ha-1 de biofertilizante de rocha fosfatada, e BK30, BK60, BK90 equivalente a 30, 60 e 90 kg ha-1 de biofertilizante de rocha potássica. Letras maiúsculas mostram diferença significativa na interação entre as fontes de P em cada nível de K e letras minúsculas entre as fontes de K em cada nível de P, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%) no 1° ciclo = 10,69 e no 2° ciclo = 12,64. D.M.S. 1° ciclo nas colunas e linhas = 1,80 e no 2° ciclo nas colunas e linhas = 1,35. davia, no 1° ciclo foram obtidos melhores resultados quando aplicados os tratamentos SFS700 BK30 e SFS700 BK60, e no 2º ciclo BP700 BK90, SFS700 BK90, e BP1050BK60. De maneira geral os tratamentos com P apresentaram maiores biomassa seca com SFS700 e com BP1050, e os tratamentos com K foram com BK30 e BK60. Os tratamentos que apresentaram os resultados mais baixos na biomassa seca no 1º ciclo foram: BP0 BK30, BP2 BK0, e no 2º ciclo BP0 BK30, BP700 BK0, BP700 BK0, BP1050 KCl60. Moura (2006), trabalhando para avaliar o efeito de biofertilizantes de rochas 226 fosfatadas e potássicas na matéria seca da parte aérea de melão cultivado em Argissolo do vale do São Francisco, e Stamford et al. (2006a) com cana-deaçúcar (Saccharum officinarum) em solo de tabuleiro da Zona da Mata de Pernambuco, encontraram resultados semelhantes aos obtidos no presente trabalho. De maneira geral não houve efeito residual evidenciado, ou seja, com aumento da produção no 2º ciclo, todavia, observa-se que o tratamento BP700 BK90 e SFS700 BK90 mantiveram o aumento na biomassa seca da parte aérea, apresen- tando os maiores incrementos em comparação com o tratamento controle, o que evidencia o efeito residual. Dias et al. (2005) também constataram efeito residual com aplicação de biofertilizantes de rochas com P e K, na produtividade do caupi (Vigna unguiculata), em solo de tabuleiro da Zona da Mata de Pernambuco. As temperaturas máximas registradas durante o cultivo foram consideradas elevadas, o que pode ter influenciado o desenvolvimento da planta, pois a maioria das cultivares de alface prefere temperaturas amenas sem grandes variações, sendo que uma amplitude de 10 a 240C é satisfatória para a maior parte das espécies cultivadas na região (Douglas, 1987). Os dados de pH obtidos em função da aplicação dos tratamentos de fertilização (Tabela 3) revelaram que, de maneira geral, não houve redução no pH, e a variação observada não teve efeito negativo no desenvolvimento da planta, além do que deve ser considerado que foram obtidas satisfatórias produtividades da alface nos níveis calculados com base na recomendação da análise de solo, tanto para os biofertilizantes como para os fertilizantes minerais. A aplicação de níveis elevados de biofertilizantes de rochas com P e K inoculadas com Acidithiobacillus não promoveu redução significativa no pH do solo, provavelmente devido à adição conjunta com vermicomposto de minhoca que tem pH médio de 7,8. Resultados obtidos por Ernani et al. (2001) mostram que o pH do solo é afetado pela aplicação de tratamentos fosfatados, sem prejuízo no desenvolvimento das plantas. He et al. (1996) relatam que a acidez é um fator de grande importância na solubilidade de fosfatos naturais e Stamford et al. (2002), usando S inoculado com Acidithiobacillus na recuperação de solos salinos sódicos, observaram que a produção de H2SO4 continua a ocorrer até o consumo total do S adicionado, chegando a promover a acidificação do solo com redução do pH inicial 8,2 para 4,5 com adição de 1,8 t ha-1 de S. Para P disponível no solo verificase que houve efeito da fertilização com P e K, no P disponível no solo, com Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Rendimento da alface e atributos químicos de um Latossolo em função da aplicação de biofertilizantes de rochas com fósforo e potássio maior aumento quando aplicados BP1050 e SFS700 (Tabela 4). Observa-se efeito residual no 2º ciclo, especialmente para os tratamentos BP700 BK90 e SFS700 BK60, provavelmente devido à menor utilização pela alface no primeiro ciclo, e no caso do biofertilizante pela atuação da bactéria oxidante do enxofre que continua disponibilizando P no solo. Stamford et al. (2005), em experimento com um Espodossolo da Zona da Mata de Pernambuco cultivado com sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), relatam que a utilização de fosfato natural revestido com enxofre inoculado com Acidithiobacillus teve efeito significativo e com resposta mais evidenciada do que com aplicação de superfosfato triplo. Moura (2003) trabalhando com as leguminosas jacatupé (Pachyrhizus erosus) e caupi relata que o fosfato natural em mistura com S inoculado com Acidithiobacillus aumenta a disponibilidade de P. Lombardi et al. (1981) afirmam que devido aos baixos teores de enxofre nos solos, a população de Acidithiobacillus é limitada, mas, por outro lado, com a adição desse elemento no solo, pode ocorrer a multiplicação das bactérias oxidantes do enxofre, resultando em melhor aproveitamento do fósforo pelas plantas. Stamford et al. (2005) observaram efeito positivo do fosfato natural de Gafsa com adição de S inoculado com Acidithiobacillus no P disponível em solo cultivado com sabiá. Para K disponível verificou-se que houve efeito da fertilização com P e K no 1° ciclo (Tabela 5), sendo obtidos os melhores resultados com os tratamentos BP0 KCl60 e BP1050 KCl60. No 2º ciclo não se observou efeito residual, sendo que o tratamento com maior disponibilidade de K no solo foi com aplicação de BP0 BK60 e de BP1050 KCl60, provavelmente porque estes tratamentos não promoveram bom crescimento da planta no 1° ciclo, e o K permaneceu disponível no solo. A ausência de efeito residual (2º ciclo) para os biofertilizantes com P e K é justificada pela diferença no teor de K2O solúvel, tendo em vista que na biotita xisto, utilizada para a produção do biofertilizante potássico possui em média 10% de K2O, e no KCl é em torno Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 3. Efeito de biofertilizantes de rochas com P e K no pH do solo, em comparação com fertilizantes solúveis (superfosfato simples e cloreto de potássio), e sem fertilização com P e K em dois cultivos consecutivos com alface (Effects of P and K rock biofertilizers on soil pH, compared with soluble fertilizers (triple superphosphate and potassium chloride) and without P and K fertilization, in two consecutive crops with lettuce). Crato, Escola Agrotécnica Federal de Crato, 2005 (1) BP350, BP700, BP1050 equivalente a 350, 700 e 1050 kg ha-1 de biofertilizante de rocha fosfatada, e BK30, BK60, BK90 equivalente a 30, 60 e 90 kg ha-1 de biofertilizante de rocha potássica. Letras maiúsculas mostram diferença significativa na interação entre as fontes de P em cada nível de K e letras minúsculas entre as fontes de K em cada nível de P, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%) no 1° ciclo = 4,12 e no 2° ciclo = 4,63. D.M.S. no 1° ciclo nas colunas e linhas = 0,50 e no 2° ciclo nas colunas e linhas = 0,56. Tabela 4. Efeito de biofertilizantes de rochas com P e K no P disponível do solo, em comparação com fertilizantes solúveis (superfosfato simples e cloreto de potássio) e sem P e K, em dois cultivos consecutivos com alface (Effects of P and K rock biofertilizers on soil available P, compared with soluble fertilizers (triple superphosphate and potassium chloride) and without P and K fertilization, in two consecutive crops with lettuce). Crato, Escola Agrotécnica Federal de Crato, 2005. (1) BP350, BP700, BP1050 equivalente a 350, 700 e 1050 kg ha-1 de biofertilizante de rocha fosfatada, e BK30, BK60, BK90 equivalente a 30, 60 e 90 kg ha-1 de biofertilizante de rocha potássica.Letras maiúsculas mostram diferença significativa na interação entre as fontes de P em cada nível de K e letras minúsculas entre as fontes de K em cada nível de P, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%) no 1° ciclo =11,73 e no 2° ciclo = 14,47. D.M.S. no 1° ciclo nas colunas e linhas = 0,22 e no 2° ciclo nas colunas e linhas = 0,22 227 RCM Lima et al. Tabela 5. Efeito de biofertilizantes de rochas com P e K no K disponível do solo, em comparação com fertilizantes solúveis (superfosfato simples e cloreto de potássio) e sem P e K, em dois cultivos consecutivos com alface (Effects of P and K rock biofertilizers on soil available K, compared with soluble fertilizers (triple superphosphate and potassium chloride) and without P and K fertilization, in two consecutive crops with lettuce). Crato, Escola Agrotécnica Federal de Crato, 2005. (1) BP350, BP700, BP1050 equivalente a 350, 700 e 1050 kg ha-1 de biofertilizante de rocha fosfatada, e BK30, BK60, BK90 equivalente a 30, 60 e 90 kg ha-1 de biofertilizante de rocha potássica.Letras maiúsculas mostram diferença significativa na interação entre as fontes de P em cada nível de K e letras minúsculas entre as fontes de K em cada nível de P, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%) no 1° ciclo = 10,54 e no 2° ciclo = 14,00. D.M.S. no 1° ciclo colunas e linhas = 0,09 e no 2° ciclo nas colunas e linhas = 0,08. de 58% de K2O. O potássio do KCl encontra-se prontamente disponível, e pode ter sido lixiviado, o que pode ser observado, inclusive no tratamento com os fertilizantes solúveis (superfosfato simples e cloreto de potássio). De acordo com Malavolta (1989) a alface é muito sensível à falta de potássio, e com deficiência do nutriente a planta mostra aparência seca, crestamento nas bordas das folhas, e superfícies foliares desigualmente cloróticas, todavia a sintomatologia característica de deficiência de potássio não foi observada no presente trabalho. O efeito dos biofertilizantes, de forma similar aos fertilizantes minerais solúveis, também pode ser explicado levando em consideração que no solo ocorrem bactérias oxidantes do enxofre, além de Acidithiobacillus, e fungos que produzem fosfatases, quitina e quitosana, como Aspergillus e Cunninghamela (Franco et al., 2005), os quais podem atuar na solubilização de P e K dos biofertilizantes, e, portanto, podem participar efetivamente no 228 aumento da disponibilidade de P e de K para as plantas. De acordo com Raij (1986) é recomendável o uso de fontes alternativas de P como fosfato de rocha, quando são obtidos rendimentos de 80% a 90% em comparação com o apresentado pela fonte solúvel. Conclui-se que os biofertilizantes de rochas com fósforo e com potássio além de enxofre inoculado com Acidithiobacillus, em mistura com vermicomposto de minhoca, podem ser aplicados como fonte alternativa em substituição a fertilizantes minerais solúveis, sem afetar o pH e a produtividade da alface. A fertilização com P e K mostra efeito residual, especialmente quando aplicados os biofertilizantes com P e K de rochas, com maior aumento para o P disponível. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelas bolsas de produtividade e de Iniciação Científica (PIBIC) e pelo apoio concedido à pesquisa. REFERÊNCIAS BALLESTERO SD; JORGE JA; NICOLINO CAC; FILLIETTAZ EVV; ONO RK. 1996. Efeito da compostagem na solubilização de rochas fosfatadas e potássicas. Biociência 2: 12–22. 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RESUMO ABSTRACT O trabalho foi conduzido em casa de vegetação da UFSM, RS, de outubro a dezembro de 2004. Foram conduzidos três experimentos simultâneos, cada um com uma espécie de Mentha (M.arvensis, M. x gracilis e M. x piperita var. citrata) em quatro soluções hidropônicas com diferentes concentrações de K (276; 414; 552 e 690 mg L-1) e idades das plantas. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com cinco repetições, tendo os tratamentos fatorial para cada espécie: 4x6, 4x7 e 4x8, sendo quatro concentrações de K e idades da planta determinadas semanalmente a partir dos 27 dias. Foram avaliadas a altura das plantas; área foliar; fitomassa fresca e seca de folhas, hastes; relação folha:haste; e teor de óleo essencial em folhas frescas. O aumento na concentração de K nas soluções hidropônicas afeta negativamente o crescimento e a acumulação de fitomassa em plantas de Mentha, porém proporciona aumento no teor de óleo essencial por planta. Em todas as colheitas consecutivas observou-se aumento no crescimento das plantas das três espécies. As plantas de M. arvensis e M. x piperita var. citrata acumularam mais fitomassa de hastes do que de folhas, o contrário ocorrendo com M. x gracilis que, além disso, apresentou maior produção equivalente de óleo por hectare, na concentração mais baixa de K. As concentrações de K sugeridas para favorecer o crescimento de Mentha em cultivo hidropônico encontram-se na faixa entre 276 e 414 mg L-1. Growth and essential oil content of mints at different potassium concentrations in the nutrient solution Palavras-chave: Mentha arvensis, Mentha x gracilis, Mentha x piperita var. citrata, óleo aromático, produtividade. Keywords: Mentha arvensis, Mentha x gracilis, Mentha x piperita var. citrata, yield, aromatic oil. The work was carried out at the Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brazil, from October to December 2004. Three simultaneous experiments were carried out, each one with one Mentha species (M. arvensis, M. x gracilis and M. x piperita var. citrata) in four hydroponic solutions with different K concentrations (276; 414; 552 and 690 mg L-1 ) and plant ages. The experimental design was of randomized complete blocks, with five replications, the treatments showing a factorial for each species: 4x6, 4x7 and 4x8, four K concentrations and plant ages being determined weekly starting 27 days after planting date. The height of plants; foliar area; fresh and dry phytomass of leaves and stems; leaf:stem relation; and the content of essential oil in fresh leaves were evaluated. The increase of K concentrations in the hydroponic solutions affected negatively the growth and accumulation of phytomass in mint plants, but allowed an increase in the content of essential oil per plant. In all consecutive harvesting dates an increase in the growth of the three species of plants were observed. M. arvensis and M. x piperita var. citrata accumulated more stem than leaf phytomass, the reverse occurring with M. x gracilis, which also presented a higher equivalent production of oil per ha, in the lowest K concentration. A good growth of Mentha under hydroponic cultivation was observed under K concentrations of 276 and 414 mg L-1. (Recebido para publicação em 11 de julho de 2006; aceito em 22 de maio de 2007) C om sabor e aroma refrescantes, as mentas ou hortelãs destacam-se pelo uso culinário ou em chás medicinais, para combater parasitas intestinais e distúrbios digestivos (Lorenzi & Matos, 2002). As glândulas oleíferas, principalmente das folhas, concentram óleos voláteis ricos em terpenóides de amplo interesse industrial, em produtos farmacêuticos, alimentícios, cosméticos e aromatizantes do tabaco. As mentas são plantas muito exigentes em fertilidade e irrigação (Maia, 1998a), o manejo nutricional é 1 determinante na obtenção de matériaprima de qualidade. O cultivo em hidroponia vem despertando interesse como uma forma de produzir material vegetal de qualidade, com alta produtividade quando comparado ao sistema tradicional de cultivo no solo (Castellane & Araújo, 1995). Mairapetyan (1999) afirma que plantas aromáticas, produzidas em sistema hidropônico apresentam elevada produtividade e três a seis vezes mais óleo essencial por planta do que em sistemas convencionais de cultivo. A hidroponia permite ainda reduzir a duração do ciclo produtivo com reflexos na produtividade (Santos, 2000). A proporção entre os nutrientes da solução nutritiva afeta tanto o crescimento como a produção de biomassa e o teor de óleo essencial em Mentha (Brown et al., 2003). O potássio (K) é, geralmente, o nutriente mais abundante em todas as culturas. Está presente nos tecidos em sua maior parte na forma solúvel em água (Malavolta, 2006). Trata-se de elemento essencial com ação fisiológica, como: extensão celular; abertura dos Parte da Tese de doutorado apresentada pelo primeiro autor à UFSM. 230 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Crescimento e teor de óleo essencial de mentas com diferentes concentrações de potássio na solução nutritiva estômatos; transporte no floema; compensação de cargas; ativador de enzimas como a ATPase, sintetases de amido e de proteínas; na resistência aos estresses em geral como seca, salinidade, baixas temperaturas e na resistência às doenças (Marschner, 1995). O íon K+ tem intensa mobilidade no xilema e floema, possibilitando a regulação do balanço interno, desde que sua absorção seja eficiente (Bataglia, 2005). A demanda de K para o crescimento das plantas é elevada, variando de 10 a 60 g kg-1 de matéria seca. Se sua disponibilidade é baixa, o crescimento da planta é retardado e a retranslocação líquida ou a remobilização deste nutriente das folhas maduras e caule é aumentada. Sob deficiência severa, esses órgãos tornam-se cloróticos e necróticos (Marschner & Cakmak, 1989). Por outro lado, o excesso de K raramente é observado, exceto nos casos de danos por sais resultantes de aplicação excessiva de KCl, podendo provocar efeitos adversos de toxicidade, diminuindo o crescimento ou a produção da planta (Bataglia, 2005). Os estudos de produção de plantas medicinais em hidroponia ainda são escassos. Este trabalho objetivou avaliar o crescimento e o teor de óleo essencial em três espécies de Mentha, submetidas a diferentes concentrações de K na solução nutritiva e em diferentes idades das plantas. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados de outubro a dezembro de 2004, em casa de vegetação de 250 m 2 coberta com polivinilclorídrico (PVC), com 200 µm de espessura, em área experimental da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Foram realizados três experimentos simultâneos, no delineamento em blocos ao acaso, com cinco repetições, tendo os tratamentos fatorial para cada espécie: 4x6 (Mentha arvensis L.), 4x7 (Mentha x gracilis Sole) e 4x8 (Mentha x piperita var. citrata (Ehrh.) Briq.), sendo quatro concentrações de K de 276, 414, 552 e 690 mg L-1 e idades de colheita das plantas em dias de 27; 34; 41; Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 48; 55 e 62 em M. arvensis; 27; 34; 41; 48; 55; 62 e 69 em M. gracilis; 27; 34; 41; 48; 55; 62; 69 e 76 em M. x piperita var.citrata. As mudas das espécies de Mentha foram obtidas a partir de matrizes produzidas em solo, em laboratório da UNICRUZ, e preparadas a partir de estacas caulinares com 4 cm de comprimento e quatro folhas, postas para enraizar em espuma fenólica com dimensões de 2 x 2 x 2 cm, conduzidas em berçário constituído por tubos de polipropileno, com 4 m de comprimento e 3 cm de largura, colocados sobre cavaletes com desnível de 2% para escoamento da solução nutritiva. As mudas permaneceram no berçário por 20 dias, quando apresentaram de oito a nove folhas desenvolvidas e foram transplantadas para as bancadas de produção final, constituídas por canais de cultivo de polipropileno com 6 m de comprimento por 10 cm de largura, sustentados por cavaletes de 0,80 m de altura, com declividade de 2%. Utilizouse o espaçamento de 0,25 m nos canais e 0,40 m entre os canais, correspondendo à densidade de 10 plantas m-2. Os experimentos foram conduzidos no sistema NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes), com a solução nutritiva distribuída nos canais de cultivo na vazão de 1,8 L s-1, através de conjunto de moto-bomba de 0,5 HP. A solução foi recolhida no final da bancada de cultivo através de calha coletora, retornando a um reservatório de PVC, com capacidade de 500 L. A solução nutritiva padrão foi fixada em 276 mg L-1, calculada a partir da quantidade de nutrientes extraídos por M. arvensis, obtidos por Paulus et al. (2004). Na produção de mudas, essa solução foi diluída a 50%. Para o preparo da solução nutritiva utilizaram-se os seguintes nutrientes (mg L-1): K=276; N=211,4; P=30,35; Ca=71,34; Mg=32,56; S=40,72; Mn=6,084; Cu=0,075; Zn=0,431; B=2,884; Mo=0,0883; Fe-EDTA=0,5 L. A fonte de ferro foi obtida através da dissolução de 24,1 g de sulfato de ferro em 400 mL de água e 25,1 g de Na-EDTA em 400 mL de água, conforme a metodologia descrita por Castellane & Araújo (1995). Os micronutrientes foram fornecidos na forma de solução concentrada (cinco vezes) dos sais em 200 mL de água, completando-se o volume para 1 L, após completa diluição. A partir da solução padrão variou-se a concentração de K para 414, 552 e 690 mg L-1 pela adição de 262,4; 524,8 e 787,2 mg L-1 de KCl, respectivamente. A condutividade elétrica (CE) inicial das soluções com 276, 414, 552 e 690 mg L-1 de K foi, respectivamente, 2,38; 2,72; 3,30 e 3,87 mS cm –1. O controle foi realizado a cada dois dias, sendo feita a reposição de 50% dos nutrientes sempre que a CE atingia 50% do valor inicial. O pH foi corrigido a cada dois dias para o valor de 6,0 ± 0,2 após completar o volume dos reservatórios com água. O controle da circulação das soluções foi efetuado com auxílio de temporizador programado para acionar a moto-bomba durante 15 min, com intervalos de 15 minutos, no período diurno (07:00-20:00 h), e 15 min a cada intervalo de 2 h no período noturno. Foram realizadas colheitas semanais, com a última efetuada para cada espécie em: 07 (M. arvensis ), 14 (M. x gracilis) e 21/12/04 (M. x piperita var. citrata). O ponto de colheita foi determinado pela floração conforme Duriyaprapan et al. (1986). Todavia, durante o período do experimento M. x piperita var. citrata não floresceu, fato este observado a campo apenas em março de 2005. As plantas coletadas foram separadas em raízes e parte aérea (hastes, folhas e flores). As flores foram acrescentadas junto às folhas devido à presença de óleo. As raízes não foram avaliadas por causa do entrelaçamento das plantas contíguas, inviabilizando sua correta separação. Das hastes e folhas determinou-se a fitomassa fresca. Após a pesagem das folhas retiraram-se discos foliares, com vazador de 0,02 dm2 de área para determinação da área foliar. A seguir, acondicionaram-se as plantas em sacos de papel, levando-as à estufa de secagem com ventilação forçada de ar a 65ºC, até massa constante. Também foi determinada a altura das 231 TMB Garlet et al. plantas e a relação folha:haste em fitomassa fresca e seca. Amostras de 100 g de folhas frescas foram utilizadas para a extração do óleo essencial, em quatro repetições. O material foi acondicionado em sacos plásticos e armazenado em freezer (-15ºC) até o momento da extração. A técnica utilizada foi a hidrodestilação em aparelho de Clevenger, por 2 horas, em balão volumétrico de 2 L. Os hidrolatos recolhidos com éter etílico foram levados em funil de separação e submetidos à secagem com sulfato de sódio anidro. O sal foi removido por filtração simples e o solvente evaporado em rotavapor. O óleo resultante foi pesado para determinação do teor e rendimento estimado por planta e por área. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e interpretados por meio da análise de regressão, pelo método dos polinômios ortogonais para os efeitos principais e suas interações, selecionando-se o componente de maior grau significativo. Utilizou-se o teste F a 1 e 5% de probabilidade para avaliação das equações polinomiais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas três espécies de Mentha estudadas, a interação entre doses de potássio (K) e idades da planta foi significativa (P<0,05) para as variáveis: altura de planta, área foliar, fitomassa fresca e seca de folhas e de hastes. Em todas as colheitas observou-se incremento dessas variáveis. Para as mesmas, houve resposta quadrática de regressão em M. arvensis e em M. x piperita var. citrata, enquanto M. x gracilis seguiu resposta linear. A relação folha:haste em fitomassa fresca e seca foi significativa somente para M. x gracilis. A altura de planta em M. arvensis (Figura 1a) foi estatisticamente significativa em relação às concentrações de K para as idades a partir dos 48 dias, indicando que as doses estimadas de K para obtenção da altura máxima encontram-se entre 391,2 e 400,2 mg L -1. O desempenho foi semelhante para M. x piperita var. citrata (Figura 2a), cuja significância 232 ocorreu a partir dos 34 dias, com as melhores doses de K estimadas entre 350,6 e 416,0 mg L -1. No entanto, M. x gracilis (Figura 3a) mostrou significância dos 41 dias em diante, com a altura das plantas durante o período de desenvolvimento, apresentando-se mais baixa naquelas que foram submetidas à maior concentração de K, evidenciando-se que concentrações de K acima de 276 mg L -1 influenciam negativamente o desenvolvimento dessa espécie, em decorrência do aumento na condutividade elétrica de 2,38 para 3,87 mS cm -1 nas soluções mais concentradas, com elevação na pressão osmótica que interfere na absorção de nutrientes. Valmorbida (2003), ao cultivar M. piperita, encontrou altura máxima de 101,94 cm nas plantas submetidas aos níveis de potássio de 58,50/117,00 mg L-1 na solução hidropônica. Neste estudo, as maiores alturas do período experimentado correspondem a 122,50 (M. arvensis), 97,62 (M. x gracilis) e 116,13 cm (M. x piperita var. citrata). Os dados de área foliar foram significativos a partir dos 41 dias de idade para as três espécies de Mentha, com as doses de K estimadas para máxima área foliar em M. arvensis (Figura 1b) e em M. x piperita var. citrata (Figura 2b) variando de 398,3 a 417,8 mg L-1 e de 375,5 a 414,4 mg L-1, respectivamente, cujos valores máximos na última colheita foram 77,83 dm2 e 97,74 dm2. A área foliar máxima de M. x gracilis (Figura 3b) aos 69 dias, na concentração de K de 276 mg L-1 foi de 79,05 dm2 apresentando redução de 40% com 690 mg L-1 de K. Houve incremento da área foliar em todas as colheitas, contudo verificou-se que o maior incremento dessa variável, aproximadamente 150%, aconteceu entre os 34 e 41 dias após o plantio de M. arvensis e de M. x piperita var. citrata; para M. x gracilis, isso ocorreu entre os 27 e 34 dias e representou quase 80%, considerando a concentração de K de 276 mg L -1. O período compreendido entre a primeira e terceira colheitas correspondeu à época em que as plantas investiram mais na formação de superfície foliar para captação de luz e conseqüentemente na produção e acúmulo de fotoassimilados. Valmorbida (2003) verificou que os diferentes níveis de K na solução hidropônica de M. piperita não interferiram na área foliar, tendo observado aos 114 dias de idade maior valor de área foliar de 63,12 dm 2. Em M. arvensis cultivada em vasos com capacidade de 6 L e solução nutritiva completa, Maia (1998a) obteve área foliar de 45,11 dm2. Srivastava et al. (2003) constataram valor máximo de área foliar de 24,02 dm 2 para plantas de M. arvensis cv. Shivalik, cultivadas em solo, em casa de vegetação e colhidas aos 90 dias. Os resultados do presente trabalho foram bem superiores aos encontrados na literatura, devido às melhores condições experimentais. Fitomassa fresca de folhas, de hastes e relação folha:haste. A fitomassa fresca de folhas e de hastes mostrouse significativa a partir dos 48 dias para M. arvensis (Figura 1c-d) e M. x piperita var. citrata (Figura 2c-d) com as doses estimadas de K para a máxima produção de folhas e de hastes, variando respectivamente de 397,2 a 416,6 mg L -1 e de 374,4 a 394,6 mg L -1(M. arvensis); de 328,7 a 425,0 mg L -1 e de 307,6 a 413,4 mg L-1(M. x piperita var. citrata). Neste estudo, o maior acúmulo de fitomassa fresca de folhas e de hastes do período experimental correspondeu respectivamente a 213,5 e 296,4 g (M. arvensis) e a 328,9 e 373,1 g (M. x piperita var. citrata). Em M. x gracilis (Figura 3c-d) tanto a fitomassa fresca de folhas como a de hastes apresentaram-se mais baixas nas plantas submetidas a concentrações de K maiores que 276 mg L -1, a partir dos 48 dias para folhas, e a partir dos 41 dias para hastes; aos 69 dias houve acúmulo máximo de 343,2 g de folhas e 324,1 g de hastes. Nessa espécie, a relação entre essas variáveis (Figura 3e) foi linear crescente Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Crescimento e teor de óleo essencial de mentas com diferentes concentrações de potássio na solução nutritiva **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (**significant at 1% probability through the F test; *significant at 5% probability through the F test) Figura 1. Altura (a), área foliar (b), fitomassa fresca de folhas (c), fitomassa fresca de hastes (d), folha:haste em fitomassa fresca (e), folha:haste em fitomassa seca (f), fitomassa seca de folhas (g), fitomassa seca de hastes (h) obtidos em função da concentração de K nas soluções hidropônicas e das idades de colheita (27; 34; 41; 48; 55; 62 dias) de Mentha arvensis (Height (a), leaves área (b), fresh leaves fitomass (c), fresh stem fitomass (d), leaf:stem relation of fresh fitomass (e), leaf:stem relation of dry fitomass (f), dry fitomass of leaves (g), dry fitomass of stem (h) obtained as a result of K concentration in the hidroponic solutions and date of harvest (27; 34; 41; 48; 55; 62 days) of Mentha arvensis). Santa Maria, UFSM, 2004. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 233 TMB Garlet et al. Tabela 1. Rendimento de fitomassa fresca de folhas, teor e rendimento do óleo essencial de três espécies de Mentha cultivadas em diferentes concentrações de K na solução hidropônica (yield of fresh fitomass of leaves, content and yield of essential oil of three Mentha species, cultivated in various concentrations of K in the hidroponic solution). Santa Maria, UFSM, 2004. *Extraído a partir de amostras de 100g de folhas frescas; **Dose estimada para obtenção da máxima produção de fitomassa fresca de folhas (*extracted of a 100 g sample of fresh leaves; **Evaluated doses to obtain the maximum yield of fresh leaves fitomass). dos 41 até os 62 dias de idade, conforme o aumento na dose de K, com valor superior a 1,0. Srivastava et al. (2003) estudaram a relação folha:haste em cultivares de M. arvensis, por 90 dias, em casa de vegetação e verificaram valores entre 1,1 e 1,5 indicando que houve maior partição de biomassa para folha do que para haste. Os resultados com M. x gracilis deste trabalho concordam com os desses autores, ressaltando-se que é desejável um aumento na relação folha:haste, pois a indústria retira o óleo essencial das folhas, sendo estas as partes da planta de maior valor comercial. Embora as primeiras doses de K na solução nutritiva tenham aumentado a produção de fitomassa fresca de folhas e de hastes, em M. arvensis e M. x piperita var. citrata esse aumento foi proporcional entre as partes, pois a re234 lação folha:haste em fitomassa fresca (Figura 1e, 2e) não foi influenciada pelo aumento da concentração do nutriente no meio, mantendo-se constante durante todo o período de desenvolvimento. Verificou-se que, para as três espécies avaliadas, plantas mais altas produziram maior massa foliar, em função da idade. No entanto, na dose de K de 690 mg L-1 todas as plantas foram menores, ocorrendo também diminuição da massa de folhas. Fitomassa seca de folhas, de hastes e relação folha:haste. A fitomassa seca, em M. arvensis, foi significativa dos 48 aos 62 dias, com as doses estimadas para a máxima produção de folhas (Figura 1g) variando entre 392,3 e 409,35 mg L-1; e a de hastes (Figura 1h) entre 388,7 e 407,9 mg L-1, havendo aos 62 dias acúmulo de 41,1 g de folhas e 54,2 g de hastes secas. Em M. x piperita var. citrata a fitomassa seca mostrou significância a partir dos 48 dias para folhas (Figura 2g) e a partir dos 55 dias para hastes (Figura 2h), variando a dose para máxima produção, respectivamente de 364,7 a 434,9 mg L-1 e de 328,2 a 396,5 mg L-1, acumulando aos 76 dias de idade 61,8 g de folhas e 67,1 g de hastes. Em M. x gracilis a fitomassa seca de folhas (Figura 3g) e a de hastes (Figura 3h) foram significativamente mais baixas, a partir dos 48 dias, nas doses com maior concentração de K, no entanto a melhor dose (276 mg L-1) proporcionou 74,6 g de folhas e 58,9 g de hastes. De maneira semelhante à fitomassa fresca, a relação entre essas variáveis secas (Figura 3f) foi significativa linearmente dos 41 aos 55 dias, aumentando conforme o aumento na dose de K. Da mesma forma como ocorreu com a relação folha:haste para fitomassa fresca, a relação de folha:haste para fitomassa seca, em M. arvensis (Figura 1f) e M. x piperita var. citrata (Figura 2f) não foi influenciada pelas concentrações crescentes de K no meio. Segundo Duriyaprapan et al. (1986) em plantas de M. arvensis, cultivadas em câmara de crescimento, em vasos e colhidas aos 94 dias, houve rendimento de fitomassa seca de folhas de 13,1 g e de hastes de 27,8 g, enquanto os resultados obtidos nesta pesquisa foram superiores aos desses autores. Óleo essencial O teor do óleo essencial das plantas foi afetado pela variação do K em todas as concentrações (P<0,01), conforme as respectivas equações de regressão ajustadas para cada espécie: y = 0,6030 + 0,000676x, R2 = 0,9400 (M. arvensis); y = 0,4684 + 0,0010638x, R2 = 0,9675 (M. x piperita var. citrata) e y = 0,5775 + 0,0008909x, R 2 = 0,9928 (M. x gracilis). O aumento na concentração de K promoveu aumento no teor do óleo para as três espécies de Mentha avaliadas (Tabela 1). As doses estimadas de K em mg L-1 para ótima produtividade de folhas frescas, segundo equações de regressão das figuras 1c, 2c e 3c, correspondem a 412 mg L -1 (M. arvensis), 384 mg L-1 (M. x piperita var. citrata) e 276 mg L-1 (M. x gracilis), Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Crescimento e teor de óleo essencial de mentas com diferentes concentrações de potássio na solução nutritiva **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (**significant at 1% probability through the F test; *significant at 5% probability through the F test) Figura 2. Altura (a), área foliar (b), fitomassa fresca de folhas (c), fitomassa fresca de hastes (d), folha:haste em fitomassa fresca (e), folha:haste em fitomassa seca (f), fitomassa seca de folhas (g), fitomassa seca de hastes (h) obtidos em função da concentração de K nas soluções hidropônicas e das idades de colheita (27; 34; 41; 48, 55, 62, 76 dias) de Mentha x piperita var. citrata (Height (a), leaves área (b), fresh leaves fitomass (c), fresh stem fitomass (d), leaf:stem relation of fresh fitomass (e), leaf:stem relation of dry fitomass (f), dry fitomass of leaves (g), dry fitomass of stem (h) obtained as a result of K concentration in the hidroponic solutions and date of harvest (27; 34; 41; 48; 55; 62 days) of Mentha x piperita var. citrata). Santa Maria, UFSM, 2004. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 235 TMB Garlet et al. **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F (**significant at 1% probability through the F test; *significant at 5% probability through the F test). Figura 3. Altura (a), área foliar (b), fitomassa fresca de folhas (c), fitomassa fresca de hastes (d), folha:haste em fitomassa fresca (e), folha:haste em fitomassa seca (f), fitomassa seca de folhas (g), fitomassa seca de hastes (h) obtidos em função da concentração de K nas soluções hidropônicas e das idades de colheita (27; 34; 41; 48; 55; 62 e 69 dias) de Mentha x gracilis (Height (a), leaves área (b), fresh leaves fitomass (c), fresh stem fitomass (d), leaf:stem relation of fresh fitomass (e), leaf:stem relation of dry fitomass (f), dry fitomass of leaves (g), dry fitomass of stem (h) obtained as a result of K concentration in the hidroponic solutions and date of harvest (27; 34; 41; 48; 55; 62 days) of Mentha x gracilis). Santa Maria, UFSM, 2004. 236 Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Crescimento e teor de óleo essencial de mentas com diferentes concentrações de potássio na solução nutritiva rendendo respectivamente em óleo essencial o equivalente a 1,88 g planta-1 (188 kg ha-1); 2,89 g planta-1 (289 kg ha-1) e 2,85 g planta-1 (285 kg ha-1). Um teor elevado de óleo por si só pode não ter interesse agrícola, pois plantas que produzam muito óleo, porém com baixa produção de folhas, resultarão em baixo rendimento de óleo por área. É o caso de M. x gracilis que apesar de suas folhas apresentarem maior teor de óleo na dose de K de 690 mg L-1, a produção de folhas foi reduzida, resultando em menor rendimento de óleo por planta (2,56 g planta-1) e seu equivalente por hectare (256 kg ha-1). Por outro lado, observou-se que apenas em M. x piperita var. citrata a maior dose de K promoveu maior rendimento de óleo, isto é, 15% acima da dose ótima. Maia (1998b) em cultivo hidropônico de M. arvensis, colhida aos 68 dias após o plantio, obteve aumento significativo no teor de óleo essencial (1,45%) e produção de óleo por vaso (1 g vaso-1) na solução de 468 mg de K L1 , com incremento na produção de parte aérea. Todavia, em estudo com M. piperita aos 105 dias após transplante, Valmorbida (2003) encontrou rendimento de 147 L ha-1 de óleo em plantas cultivadas em solução hidropônica com nível de K de 117/234 mg L-1, porém com a diminuição na concentração de K para 58,50/117 mg L-1, houve aumento no teor de óleo (176 L ha - 1) e na fitomassa fresca (66 t ha-1), contrariando os resultados do presente trabalho. A concentração de metabólitos secundários, segundo Tuomi et al. (1991), utilizados para defesa do vegetal tende a ter uma concentração inversa às taxas de crescimento, por ser este o “custo da defesa” das plantas, com o desvio de substâncias que poderiam gerar açúcares, proteínas e gorduras para produção de metabólitos secundários. Charles et al. (1990) constataram aumento linear no conteúdo de óleo por folha que foi de 44,0 para 70,8 µL g-1 de matéria seca, com diminuição exponencial de área foliar e biomassa de parte aérea, quando plantas de M. piperita foram submetidas a níveis aumentados de estresse osmótico. Embora no presente estudo não tenha sido medido o potencial Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 osmótico das soluções, verificou-se redução no crescimento das plantas, provavelmente pelo excesso de aplicação de KCl no meio, conforme aumento da condutividade elétrica de 2,38 na solução padrão, para 3,87 mS cm-1 na solução com maior concentração de K. Esses mesmos autores ainda relatam que folhas produzidas por plantas cultivadas com altos níveis de estresse osmótico podem ter alta densidade de glândulas de óleo, como produto do estresse induzido pela redução da área foliar. E, além disso, citam que a redução no crescimento, induzida pelo mais baixo potencial osmótico pode ter resultado em novo padrão de partição de reservas, proporcionando esqueletos carbônicos para biossíntese e acumulação de terpenóides. Pelos valores obtidos neste trabalho supõe-se que também tenha havido aumento na quantidade de glândulas de óleo, concordando com as afirmações desses autores. O valor máximo da concentração de K, nas soluções hidropônicas, afeta negativamente o crescimento e a acumulação de fitomassa em plantas de Mentha, porém proporciona aumento no teor de óleo essencial por planta. Nas colheitas consecutivas observa-se aumento no crescimento das plantas das três espécies. As plantas de M. arvensis e M. x piperita var. citrata acumulam mais fitomassa de hastes do que de folhas, o contrário ocorrendo com M. x gracilis, que além disso apresenta maior produção equivalente de óleo por hectare, na concentração padrão de K. As concentrações de K sugeridas para o bom crescimento de Mentha, em cultivo hidropônico, encontram-se na faixa entre 276 e 414 mg L-1. REFERÊNCIAS BATAGLIA, OC. 2005. Métodos diagnósticos da nutrição potássica com ênfase no DRIS. In: YAMADA T; ROBERTS TL. SIMPÓSIO SOBRE POTÁSSIO NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 2, 2004, São Pedro, SP. Anais...Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. BROWN B; HART J; WESCOTT MP; CHRISTENSEN NW. 2003. The critical role of nutrient management in mint production. Better Crops, 87: 9-11. CASTELLANE PD.; ARAÚJO JAC. 1995. Cultivo sem solo – hidroponia. Jaboticabal: FUNEP. 43p. CHARLES DJ; JOLY RL; SIMON JE. 1990. 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Postal 591, 89500-000 Caçador-SC; [email protected] RESUMO ABSTRACT O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos métodos de tutoramento e de condução de plantas sobre a produtividade e qualidade de frutos em quatro cultivares de tomate. Dois experimentos foram realizados nas safras 2004/05 e 2005/06 em Caçador (SC). Os tratamentos consistiram na combinação de duas cultivares (Carmen e Débora Max, em 2004/05, e Nemo Netta e San Vito, em 2005/06), quatro métodos de tutoramento (cruzado, mexicano, vertical com bambu e vertical com fitilho) e dois métodos de condução de plantas (com uma e duas hastes por planta mantendo o mesmo número de hastes por área), dispostos no delineamento de parcelas sub-subdivididas, com quatro repetições. Não houve interação entre cultivar, método de tutoramento e de condução. O método de tutoramento vertical com bambu foi superior aos demais métodos e todos os métodos de condução vertical foram superiores ao método cruzado na produção total e comercial de frutos. A condução de uma haste por planta obteve maior produção total e comercial de frutos, em relação à condução de duas hastes por planta. Fruits production of tomatoes as a result of plant training systems Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, tutoramento, métodos de condução. Keywords: Lycopersicum esculentum, staking, training methods. The effect of plant staking and training methods was studied on fruit yield and quality of four tomato cultivars. Two experiments were carried out in 2004/2005 and 2005/2006, in Caçador, Santa Catarina State, Brazil. The treatments were a combination of two cultivars (Carmen and Débora Max, in 2004/05, and Nemo Netta and San Vito, in 2005/06), four staking methods (crossed fence, Mexican, vertical staking with bamboo and vertical staking with polypropylene cord) and two training methods (one and two stems per plant keeping the same number of stems per area), using the sub subplots experimental design. There was no statistical interaction between cultivars, training methods and among staking methods. The vertical staking with bamboo increased the production of fruits, when compared with other staking methods, and all vertical-staking methods increased the production of fruits, when compared to the crossed fence method. The training method with one stem per plant increased the production of fruits, when compared to the training method with two stems per plant. (Recebido para publicação em 22 de março de 2006; aceito em 14 de abril de 2007) O estado de Santa Catarina se destaca na tomaticultura nacional como o oitavo produtor de tomate, com produção de 129 mil toneladas na safra 2003/04 e produtividade média de 54t/ ha (Epagri, 2005). A região do Alto Vale do Rio do Peixe, situada no Meio Oeste Catarinense, produz o maior volume de tomate do Estado, envolvendo aproximadamente 550 produtores e uma área plantada de 700 hectares, e se destaca nacionalmente por abastecer o mercado brasileiro no verão (Kreuz, 2003). Nesta região é empregado largamente o cultivo tutorado do tomateiro, com destaque ao tomate de mesa do tipo longa vida. O tutoramento do tomateiro consiste em fornecer suporte para o crescimento das plantas evitando o contato destas com o solo, aumentando a ventilação e a iluminação ao longo do dossel das plantas e facilitando os tratos culturais (Lédo et al., 1998; Rughoo & Govinden, 238 1999). O método de tutoramento do tomateiro, tradicionalmente usado na região do Alto Vale do Rio do Peixe, é o cruzado. Este método consiste no amarrio das plantas em tutores dispostos obliquamente ao solo formando um “V” invertido entre duas filas consecutivas de plantas. O método cruzado apresenta, como desvantagem, a aplicação deficiente de defensivos nos órgãos das plantas localizados no interior do “V” invertido, dificultando o controle de pragas (Picanço et al., 1995) e doenças (Boff et al., 1992). Além disso, a formação de um ambiente úmido e aquecido sob o “V” invertido é favorável ao desenvolvimento de fitopatógenos (Rebelo, 1993). No método de tutoramento vertical do tomateiro as plantas são conduzidas perpendicularmente ao solo. Além da aplicação dos defensivos ser mais eficiente nos dois lados das plantas ao longo das filas (Picanço et al., 1995), há uma melhor distribuição da radiação solar e maior ventilação ao longo do dossel das plantas, reduzindo o período de molhamento foliar e, conseqüentemente, a severidade das doenças (Santos et al., 1999). Os principais métodos de tutoramento vertical usados na região são com bambus ou fitilhos como tutores, onde as hastes são amaradas nos tutores dispostos verticalmente, e o método denominado de “mexicano”, em que as plantas são conduzidas verticalmente entre fitilhos que são dispostos horizontalmente nos dois lados das plantas à medida que as hastes crescem. Juntamente com o método de tutoramento vertical do tomateiro, preconiza-se a redução do espaçamento entre plantas e a condução de uma haste por planta, com o objetivo de aumentar a produtividade de frutos em relação à condução tradicional com duas hastes por planta. Carvalho & Tessarioli Neto (2005) e Marim et al. (2005) observaHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção do tomateiro em função dos sistemas de condução de plantas ram maior produção de frutos de melhor classificação com a condução de uma haste por planta. Estes métodos de condução com uma ou duas hastes por planta, bem como as diferentes cultivares e tipos de tomate existentes podem ter respostas diferentes quanto aos métodos de tutoramento. O presente trabalho teve como objetivos avaliar os efeitos dos métodos de tutoramento, cruzado, vertical com bambu, vertical com fitilho e mexicano, e dois métodos de condução de plantas, com uma e duas hastes por planta, sobre a produtividade e qualidade de frutos em diferentes cultivares de tomate. MATERIAL E MÉTODOS Dois experimentos foram realizados durante os anos agrícolas de 2004/2005 e 2005/2006 na Epagri, localizada no município de Caçador (SC), região fisiográfica do Alto Vale do Rio do Peixe. Os solos nos locais dos experimentos foram identificados como Latossolo Bruno distrófico típico (Embrapa, 1999) com as seguintes características: pH (água) = 5,8 e 5,9, P = 12,8 e 19,2mg/L, K = 166 e 72mg/L, MO = 3,5 e 4,9%, Al = 0,0 e 0,0cmol c /L, Ca = 6,8 e 8,5cmolc/L, Mg = 3,6 e 4,7cmolc/L, V = 69 e 75% para os anos agrícolas de 2004/ 2005 e 2005/2006, respectivamente. Os tratamentos consistiram na combinação de duas cultivares, quatro métodos de tutoramento e dois métodos de condução. As cultivares de tomate utilizadas foram Carmen e Débora Max, na safra 2004/2005, e San Vito e Nemo Netta, na safra 2005/2006. As cultivares Carmen e Nemo Netta pertencem ao grupo Salada enquanto as cultivares Débora Max e San Vito são dos grupos Santa Cruz e Saladete, respectivamente, sendo todas de crescimento indeterminado. Os métodos de tutoramento testados foram o cruzado, mexicano, vertical com bambu e vertical com fitilho. Os métodos de condução foram uma haste por planta e duas hastes por planta. O delineamento experimental utilizado foi o de parcelas sub-subdivididas, com quatro repetições, alocando-se o fator cultivar na parcela, o fator método de tutoramento Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 na subparcela e o fator método de condução na sub-subparcela. O espaçamento entre plantas nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta foi de 0,3 e 0,6 m para as plantas conduzidas com uma e duas hastes, respectivamente. Para a cultivar San Vito se utilizou o espaçamento entre plantas de 0,2 e 0,4 m para a condução de uma e duas hastes por planta, respectivamente. Desta forma, dentro do fator método de condução, as parcelas tinham o mesmo número de hastes por área em cada cultivar. As diferenças de espaçamento entre plantas das cultivares obedeceram às recomendações fornecidas pelas empresas Agrocinco/Nirit Seeds Ltda e Sakata Seed Sudamérica Ltda. As parcelas dos métodos de tutoramento vertical foram constituídas de uma linha de plantas com 9 m de comprimento e espaçamento entre linhas de 1,5 m. No método de tutoramento cruzado as parcelas possuíam duas linhas de plantas com 9 m de comprimento, com espaçamento entre as linhas que formam o “V” invertido de 1,0 m e espaçamento entre as linhas que formam o corredor de 1,5 m. As diferenças de espaçamento entre linhas nos métodos de tutoramento vertical e cruzado obedeceram aos espaçamentos tradicionalmente utilizados na região do Alto Vale do Rio do Peixe. Utilizou-se o sistema de plantio direto sobre a cultura da aveia preta, sem aplicação de herbicida. A adubação de base foi feita no sulco utilizando 60 kg/ ha de N, 600 kg/ha de P2O5 e 300 kg/ha de K2O na fórmula 03-30-15, 10 t/ha de esterco de aves, 2,7 kg/ha de B como bórax e 8 kg/ha de Zn como sulfato de zinco nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta, e 90 kg/ha de N, 900 kg/ha de P2O5 e 450 kg/ha de K2O na fórmula 03-30-15, 15 t/ha de esterco de aves, 4,1 kg/ha de B como bórax e 60 kg/ha de Zn como sulfato de zinco na cultivar San Vito. A adubação diferenciada entre a cultivar San Vito e as demais foi realizada de forma a fornecer a mesma quantidade de adubação por haste para todas as cultivares. A semeadura foi realizada nos dias 03/11/04 e 14/10/05 em bandejas de poliestireno expandido de 128 células e preenchidas com o substrato comercial Plantmax. As mudas de tomate foram produzidas no sistema de “float”, no qual as bandejas ficaram flutuando numa lâmina d’água contendo 0,5 g de Cu por bandeja até a data do plantio. O plantio foi realizado nos dias 30/11/04 e 07/11/05. O replantio de mudas foi realizado na primeira semana após o plantio. Foram realizados desbrotas semanais e, aos 120 dias após o plantio (DAP), a desponta em todos os tratamentos a partir da terceira folha acima do último racimo de cada haste, deixando 9-10 racimos por haste. As adubações de cobertura foram realizadas semanalmente a partir dos 20DAP totalizando 450 kg/ha de N e de K2O nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta, e 675 kg/ha de N e de K2O na cultivar San Vito. Demais práticas culturais foram realizadas de acordo com as Normas técnicas para o tomateiro tutorado na região do Alto Vale do Rio do Peixe (Epagri, 1997). Foram avaliados a produção, o número e o peso médio de frutos total, comercial (Extra AA, Extra A) e descarte. Foram considerados como descarte os frutos com doenças fisiológicas ou fitopatológicas, frutos com ataque de brocas grande e pequena, e frutos miúdos. As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância (teste F). Havendo significância estatística (P≤0,05), as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. As análises estatísticas foram realizadas no Sistema para Análises Estatísticas SAEG versão 8.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela análise de variância para os fatores estudados não houve interação entre cultivar, método de tutoramento e método de condução nas duas safras avaliadas separadamente para todas as variáveis analisadas (P>0,05). Na safra 2004/2005 a cultivar Carmen conteve produção total, comercial e descarte de frutos com magnitudes respectivas de 10,5, 9,2 e 35,3% maior que a cultivar Débora Max, não se encontrando diferenças quanto à produção de frutos Extra AA e Extra A (Tabela 1). A maior produção total e comercial da ‘Carmen’ 239 AF Wamser et al. Tabela 1. Produção de frutos total, comercial (Extra AA e Extra A) e descarte em função da cultivar, do método de tutoramento e de condução de plantas (Total, commercial (Extra AA and Extra A) fruits and disposal as a result of cultivar, the staking and training method of plants). Caçador, EPAGRI, 2005. 1 Médias seguidas pela mesma em cada variável analisada, dentro de cada fator testado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05). Não houve diferenças significativas dentro do fator analisado pelo teste F (P>0,05) (Means followed of same letter in each evaluated variable, in each tested factor, did not differ through the Tukey test (α=0,05). nsThere was no difference in the analysed factor, through the F test (P>0,05)). ns Tabela 3. Peso médio de fruto total, comercial (Extra AA e Extra A) e descarte em função da cultivar, do método de tutoramento e de condução de plantas (Average weight of total, commercial (Extra AA and Extra A) and disposal fruits as a result of the cultivar, staking and training method of the plants). Caçador, EPAGRI, 2005. 1 Médias seguidas pela mesma letra em cada variável analisada, dentro de cada fator testado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05). ns Não houve diferenças significativas dentro do fator analisado pelo teste F (P>0,05) (Means followed of same letter in each evaluated variable, in each tested factor, did not differ through the Tukey test (α=0,05). nsThere was no difference in the analysed factor, through the F test (P>0,05)). decorreu do maior peso médio de frutos (Tabela 3), visto que o número de fru240 tos produzidos foi em geral menor (Tabela 2), em relação à ‘Débora Max’. Estes resultados são semelhantes aos encontrados na Avaliação de Cultivares Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção do tomateiro em função dos sistemas de condução de plantas Tabela 2. Número de frutos total, comercial (Extra AA e Extra A) e descarte em função da cultivar, do método de tutoramento e de condução de plantas (Total, commercial (Extra AA and Extra A) and disposal fruits as a result of the cultivar, staking and trainig method of the plants). Caçador, EPAGRI, 2005. 1 Médias seguidas pela mesma letra em cada variável analisada, dentro de cada fator testado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05). ns Não houve diferenças significativas dentro do fator analisado pelo teste F (P>0,05) (Means followed of same letter in each evaluated variable, in each tested factor, did not differ through the Tukey test (α=0,05). nsThere was no difference in the analysed factor, through the F test (P>0,05)). para o estado de Santa Catarina 2003/ 2004 (Epagri, 2003). Já na safra 2005/2006, para a cultivar Nemo Netta houve produção total e comercial de frutos 38,2 e 45,4% maior e descarte de frutos 57,9% menor que a cultivar San Vito (Tabela 1). Apesar do menor número total de frutos produzidos (Tabela 2), a ‘Nemo Netta’ conteve maior peso médio de frutos em relação à ‘San Vito’, para todas as classes de frutos (Tabela 3), bem como maior número de frutos comerciais, contribuindo para a maior produção total e comercial de frutos. Cultivares de tomate do grupo saladete geralmente possuem menor produção e porcentagem de produção de frutos comerciais e menor peso médio de frutos em relação aos tomates do grupo Salada e Santa Cruz (Epagri, 2003). Todos os métodos de tutoramento vertical proporcionaram maior produção total, comercial e Extra AA de frutos em relação ao método de tutoramento cruzado, nas duas safras (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Marim et al. (2005) e Silva et al. (1997) para a produção de frutos de melhor classificação. Porém, Marim et al. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 (2005) e Silva et al. (1997), para a produção comercial de frutos, e Marim et al. (2005), Santos et al. (1999) e Silva et al. (1997), para a produção total de frutos, não encontraram diferenças entre métodos de tutoramento cruzado e vertical. Estes autores detectaram menor produção de frutos de classificação inferior nos métodos de tutoramento vertical, o que contribuiu com a falta de diferenças entre métodos de condução vertical e cruzado, para a produção total e comercial de frutos. Já no presente trabalho, não houve diferença entre métodos de tutoramento para as demais classes de frutos estudadas (Tabela 1). Com base nestes resultados pode concluir que os métodos de tutoramento vertical podem aumentar a produção total e comercial de frutos, pelo aumento da produção de frutos de melhor classificação, sem diminuir a produção das demais classes de frutos. A maior produção total e comercial de frutos nos métodos de tutoramento vertical, em relação ao cruzado, está relacionada ao maior peso médio total e comercial de frutos, nas duas safras, e peso médio de frutos Extra AA, na safra 2005/2006 (Tabela 3). Não houve diferenças entre métodos de tutoramento para as demais classes de frutos. Estes resultados corroboram com o efeito positivo dos métodos de tutoramento vertical na produção e qualidade de frutos (Marim et al., 2005), favorecendo o melhor controle de insetos-praga (Picanço et al., 1995) e doenças (Boff et al., 1992), além da melhor distribuição da radiação solar ao longo do dossel das plantas. Todos estes fatores contribuem com a manutenção de taxas fotossintéticas elevadas e, conseqüentemente, com a maior disponibilidade de fotoassimilados para o enchimento dos frutos. A maior produção total e comercial de tomates nos métodos de tutoramento vertical também decorreu do maior número total, comercial e Extra AA de frutos produzidos, em relação ao cruzado (Tabela 2). O número de frutos por haste está relacionado ao número de racimos por haste e o número de frutos por racimo (Sandri et al., 2002). O número de racimo por haste não foi influenciado pelos métodos de tutoramento e de condução no presente experimento, sendo fixado pelo desponte entre 9-10 racimos por haste. O nú241 AF Wamser et al. mero de frutos por racimo pode ser influenciado pela taxa de fecundação (AlAttal et al., 2003) e pela posterior taxa de abortamento de frutos (Sandri et al., 2002). No método de tutoramento cruzado, os órgãos das plantas localizados no interior do “V” invertido estão submetidos à menor quantidade de ventilação e radiação (Santos et al., 1999). Provavelmente, a menor ventilação e a dificuldade de ação dos insetos sob o “V” invertido podem estar contribuindo para a menor vibração das flores localizadas nesta região. Este é um importante mecanismo que auxilia na autopolinização do tomate (Al-Attal et al., 2003). Com a menor radiação ao longo do dossel das plantas no método cruzado existe, também, uma menor disponibilidade de fotoassimilados para o desenvolvimento de frutos. Essa deficiência induz a planta a ajustar o número de frutos pelo abortamento de flores (Picanço et al., 1998) e frutos (Sandri et al., 2002). Entre os métodos verticais, o com bambu foi superior para a produção comercial e extra AA de frutos, nas duas safras, e para a produção total de frutos na safra 2005/2006 (Tabela 1). Uma das diferenças visualmente constatadas entre os métodos de tutoramento vertical é a maior curvatura da base do caule das plantas nos métodos com fitilho e mexicano, em relação ao com bambu. Esta curvatura aconteceu porque os fitilhos, no mexicano, e o arame superior de fixação dos fitilhos, no vertical com fitilhos, não suportaram o peso conjunto das plantas na mesma intensidade que os bambus, no método vertical com bambu. É possível que esta curvatura da base do caule esteja influenciando a produção de frutos, com maior efeito no número de frutos por hastes (Tabela 2), visto que as diferenças entre o peso médio de fruto não foram suficientes para explicar as diferenças entre métodos de tutoramento vertical (Tabela 3). Com relação ao método de condução, nas duas safras houve maior produção total e comercial de frutos com a condução de uma haste por planta (Tabelas 1 e 2). Como se manteve o mesmo número de hastes por área, para cada cultivar, o aumento da produção de frutos com a condução de uma haste por planta pode estar relacionado à diminui242 ção da competição intraplanta por água e nutrientes, visto que há um sistema radicular para cada haste, além de existir melhor distribuição das hastes na fila diminuindo a competição entre estas por luz. Carvalho & Tessarioli Neto (2005) observaram maior produção comercial de frutos com a condução de duas hastes por planta enquanto Marim et al. (2005) não constataram diferenças expressivas na produção total e comercial de frutos com a condução de uma ou duas hastes por planta. Porém, estes autores consideraram um único espaçamento entre plantas na avaliação do efeito do número de hastes por planta, o que resultou no dobro de hastes por área para a condução de duas hastes por planta. A condução de uma haste por planta também proporcionou maior produção de frutos Extra AA, na safra 2004/2005, e Extra A, na safra 2005/2006, não se diferindo para as demais classes, exceto para produção de frutos descarte na safra 2005/2006. Carvalho & Tessarioli Neto (2005) e Marim et al. (2005) também observaram incremento na produção de frutos de melhor classificação com a condução de uma haste por planta, porém houve maior produção de frutos de menor classificação com a condução de duas hastes por planta. O efeito do aumento da produção de frutos total e comercial, com a condução de uma haste por planta, possivelmente ocorreu em razão do aumento do número de frutos por haste (Tabela 2), visto que o peso médio de fruto não variou muito entre métodos de condução de plantas (Tabela 3). Houve maior produção de frutos para descarte com a condução de plantas com uma haste na safra 2005/2006. Segundo Oliveira et al. (1996) a condução de uma haste por planta favorece o aparecimento de frutos rachados e amarelecidos devido à menor proteção dos frutos pelas folhas contra a incidência direta da radiação solar. Pela análise dos resultados pode-se concluir que os métodos de tutoramento vertical proporcionam maior produção e qualidade de tomates em relação ao método cruzado. Entre os métodos de tutoramento vertical a utilização de bambu como tutor favorece a maior produção de tomates. Já para os métodos de condução de plantas, a condução de uma haste por planta proporciona maior produção de tomates em relação à condução de duas hastes por planta. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às empresas Agrocinco/Nirit Seeds Ltda e Sakata Seed Sudamérica Ltda pelo apoio na implantação dos experimentos. REFERÊNCIAS AL-ATTAL, YZ; KASRAWI, MA; NAZER, IK. 2003. Influence of pollination technique on greenhouse tomato production. Agricultural and Marine Sciences 8: 21-26. 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Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção do tomateiro em função dos sistemas de condução de plantas PICANÇO, M; LEITE, GLD; GUEDES, RNC; SILVA, EA. 1998. Yield loss in trellised tomato affected by insecticidal sprays and plant spacing. Crop Protection 17: 447-452. REBELO, JA. 1993. Sistema alternativo de tutoramento para tomateiro. Horticultura Brasileira 11: 161. RUGHOO, M; GOVINDEN, N. 1999. Response of three salad tomato varieties to staking and pruning. Revue Agricole et Sucriere 78: 2634. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 SANDRI, MA; ANDRIOLO, JL; WITTER, M; DAL ROSS, T. 2002. High density of defoliated tomato plants in protected cultivation and its effects on development of trusses and fruits. Horticultura Brasileira 20: 485-489. SANTOS, HS; PERIN, WH; TITATO, LG; VIDA, JB; CALLEGARI, O. 1999. Avaliação de sistemas de condução em relação à severidade de doenças e à produção do tomateiro. Acta Scientiarum 21: 453-457. 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Ocorreram diferenças significativas (p<0,01) entre as cultivares para todas as características avaliadas. A produtividade de frutos comerciais (diâmetro superior a 50 mm) foi semelhante entre todas as cultivares, variando de 154,3 (híbrido AF 4392) a 125,2 t ha-1 (híbrido Débora Max), exceto pelo híbrido Tilila (88,0 t ha-1), que foi inferior aos demais. Os híbridos AF 4392 (176 g) e Duradoro (175 g) foram os que apresentaram os frutos mais pesados, embora sem diferirem dos híbridos Fanny (164 g), Sheila (155 g), Carmen (150 g) e Séculos (149 g). O híbrido Débora Max foi o único a apresentar valor igual 1,00 para a relação diâmetro transversal:longitudinal. Todos os demais híbridos apresentaram médias para a relação entre diâmetros superior a 1,00. Performance of fresh market tomato cultivars under protected cultivation The yield of fresh tomato cultivars was evaluated under protected cultivation. The experiment was carried out in 2003, at the University of Marília. Ten hybrids (AF 4392, Carmen, Debora Max, Diana, Duradoro, Fanny, Raisa N, Seculus, Sheila, and Tilila) were evaluated in a randomized complete blocks design, four replications and plots of four useful plants. There were significant differences (p<0,01) among genotypes for all characteristcs. Commercial fruits (diameter >50 mm) yield was similar among all genotypes, ranging from 154.3 t ha-1 (AF 4392 hybrid) to 125.2 t ha-1 (Debora Max hybrid), except for the hybrid Tilila (88.0 t ha-1), lower than the others. Hybrids AF 4392 (176 g) and Duradoro (175 g) were those with the heaviest fruits, although similar to hybrids Fanny (164 g), Sheila (155 g), Carmen (150 g), and Seculos (149 g). Hybrid Debora Max was the only one to present the ratio longitudinal:transversal diameter equal to 1,0. All other hybrids showed average for this ratio superior to 1,00. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, genótipos, produtividade, peso médio de frutos, relação diâmetros transversal:longitudinal. Keywords: Lycopersicon esculentum, genotypes, yield, fruit weight, ratio longitudinal:transversal fruit diameter. (Recebido para publicação em 31 de Janeiro de 2006; aceito em 14 de abril de 2007) A cultura do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) desempenha importante papel na economia nacional, despontando como o principal produto olerícola. O Brasil se destaca entre os dez maiores países produtores, tendo alcançado, em 2003, um total de 3.641.400 toneladas de tomate (Agrianual, 2004). Do total produzido no país, cerca de 77%, ou seja, mais de 2 milhões de ton., são destinados ao mercado in natura (tomate de mesa ou estaqueado) (Oliveira, 2005). A produção de tomates para o consumo in natura no país sofreu grandes transformações tecnológicas nesta última década. Um dos principais ajustes se refere à segmentação no campo de cultivares. Merece destaque o crescimento da nova geração de híbridos do grupo Salada, que substituíram as tradicionais cultivares japonesas de frutos exageradamente grandes e moles. Andreuccetti et al. 244 (2005) em trabalho onde caracterizaram a comercialização de tomate de mesa na CEAGESP, detectaram que as cultivares que predominam no mercado são Carmen e Débora. Embora seja considerada uma espécie de ampla capacidade de adaptação às condições adversas do ambiente, as dificuldades climáticas podem reduzir substancialmente a produção das referidas cultivares, seja por danos diretos à cultura ou por favorecerem a incidência de pragas e doenças de difícil controle (Makishima & Miranda, 1995). O cultivo protegido de hortaliças, em expansão no Brasil, permite total ou parcial controle da velocidade do vento, umidade relativa e temperatura-ambiente, podendo proteger as lavouras de insetos e proporcionando produtos de melhor qualidade (Grodzky & Brenner, 1992; Andriolo, 2000). Em outros países, a produção em ambiente protegido tem se tornado prática comum (Wittwer & Castilla, 1995). Embora a disponibilidade de cultivares especialmente adaptada a ambientes protegidos seja ainda limitada, a produção de tomate nessas condições encontra-se em franca expansão no Brasil, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul. Em vista do manejo diferenciado, essa modalidade de cultivo demanda cultivares bem adaptadas e que proporcionem o máximo de rendimento de produtos e com elevado padrão de qualidade. Porém, na maioria das vezes, esse sistema de cultivo se dá em épocas marginais e, com isto, muitos problemas surgem durante o cultivo. Os principais desafios encontrados estão relacionados à fisiologia de plantas, doenças diferenciadas, nutrição, irrigação, polinização e fecundação (Takazaki, 1989). Um dos principais fundamentos do cultivo em ambiente protegido é o emHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-mai. 2007 Desempenho de cultivares de tomateiro para mesa em ambiente protegido prego de cultivares adequadas para tal fim. Vários trabalhos têm sido feitos, buscando-se as melhores opções de cultivares e/ou híbridos para o cultivo protegido do tomate. Nestes trabalhos têm sido verificadas variações nas produtividades, em razão de interações genótipos x ambientes e práticas culturais adotadas nos diferentes ensaios (Gualberto et al., 2002a; Caliman et al., 2005). Quando se associa genótipos com alto potencial produtivo e manejo de condições ambientais favoráveis obtêmse elevados índices de produtividade, proporcionando aumentos de produção de 25 a 40% devido à maturação precoce, melhor uniformidade, maior vigor inicial e desenvolvimento, melhor qualidade de frutos, resistência a doenças e capacidade de adaptação mais ampla (Melo et al., 1988). Objetivou-se com esta pesquisa estudar o desempenho de híbridos de tomate de mesa cultivados em ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, da Universidade de Marília-SP (22º 12’ 50’’S; 49º 56’ 45’’W; 610 metros de altitude) de março a setembro de 2003. Foram avalizados nove híbridos comerciais de tomate de mesa (Carmen, Débora Max, Diana, Duradoro, Fanny, Raisa N, Séculus, Sheila e Tilila) e um híbrido experimental (AF 4392), todos de hábito de crescimento indeterminado. O híbrido Débora Max pertence ao grupo Santa Cruz e os demais ao grupo Salada. A casa-de-vegetação utilizada foi do tipo túnel alto, cobertura plástica de 150 micras de espessura, laterais protegidas com telas de polipropileno preto 50% de sombreamento e 4 m de pé-direito. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela foi composta por duas fileiras com doze plantas. Foram utilizadas fileiras duplas espaçadas de 1,00 m, com 0,50 m entre fileiras simples e 0,50 m entre plantas. A parcela útil foi constituída por quatro plantas. As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido com 128 células piramidais e quando atingiram Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Produtividade de frutos comerciais, peso médio e relação diâmetro transversal:longitudinal de frutos, de cultivares de tomateiro, cultivadas em ambiente protegido (Marketable fruit yield, average fruit weight and ratio transversal:longitudinal fruit diameter, of tomato cultivars under protected cultivation). Marília, Unimar, 2003. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, teste de Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column do not differ from each other, Tukey´s test, p < 0.05). 1/ Frutos com diâmetro transversal superior a 50 mm (Fruits with transversal diameter larger than 50 mm) o estágio de quatro a cinco folhas definitivas (38 dias após a semeadura) foram transplantadas para o local definitivo. Por ocasião do transplantio, a adubação foi feita nas doses recomendadas (Makishima & Miranda, 1995), de acordo com a análise química do solo: pH (CaCl2) = 6,3; P = 333 mg dm-3; K = 12,3 mmolc dm-3; Ca = 63 mmolc dm-3; Mg = 19 mmolc dm-3; Al = 0 mmolc. dm-3; H+Al = 11 mmolc dm-3; T = 105 mmolc dm-3; V = 90% e MO = 28 g dm-3. As plantas foram conduzidas com uma haste, fazendo-se desbrotas laterais semanalmente e poda apical quando as plantas atingiam 2,0 m de altura. A irrigação foi feita por gotejamento e o controle fitossanitário de pragas e doenças foi realizado preventivamente através de pulverizações a cada vinte dias com os seguintes produtos: Mancozeb (2,4 kg i.a. ha -1 ), Tebuconazole (250 g i.a. ha -1 ), Lufenurom (400 g i.a. ha-1), Abamectin (180 g i.a. ha-1), Fentoato (200 g i.a. ha-1) e Cartap (500 g i.a. ha-1). Foi realizada alternância na aplicação dos produtos, principalmente dos inseticidas. Em todas as nove colheitas semanais, iniciadas em 31/07/03, avaliou-se a produtividade de frutos comerciais (frutos com diâmetro transversal superior a 50 mm), o peso médio e a relação diâmetro transversal:longitudinal de frutos. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, as médias, comparadas pelo teste de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa (p<0,01) entre híbridos para todas as características avaliadas (Tabela 1). A produtividade comercial é a primeira característica considerada ao se avaliar o desempenho de cultivares de tomateiro. Para essa característica, à exceção do híbrido Tilila, todos os demais apresentaram desempenho semelhante. O híbrido Sheila também havia apresentado bom desempenho em experimento conduzido em campo, em Pará de Minas (MG) (Palaretti et al., 2004). O desempenho significativamente inferior do híbrido Tilila evidencia a necessidade de testar diferentes cultivares antes de utilizá-las em ambientes específicos. Vale ressaltar que o híbrido Carmen, que está há mais tempo no mercado, mostrou uma produtividade muito boa, confirmando resultados de outros autores, também em ambiente protegido (Camargos et al., 2000; Marques et al., 2000; Gualberto et al., 2002a,b; Carvalho, 2003; Fontes et al., 2004; Caliman et al., 2005). 245 R Gualberto et al. Os híbridos AF 4392 e Duradoro foram os que apresentaram os frutos significativamente mais pesados, 176 e 175 g, respectivamente, embora não tenham se diferenciado estatisticamente dos híbridos Fanny, Sheila, Carmen e Seculus. Este é um relevante componente da produção, além de ser a melhorar maneira de exprimir indiretamente o tamanho dos frutos. Apesar de existirem diferenças entre os híbridos para a relação diâmetro transversal:longitudinal, apenas a cultivar Débora Max apresentou valor igual a 1,00, indicando um formato oblongo, o que era esperado por ser este o único híbrido pertencente ao grupo Santa Cruz entre todos avaliados neste experimento. Esta é uma das características mais indicadas para seleção de frutos de tomate, principalmente porque esses frutos destinam-se ao mercado de mesa. Os frutos com relação diâmetro transversal:longitudinal superior a 1,00 são frutos maiores, mais valorizados e de maior aceitação. Neste experimento, constatou-se mais uma vez a importância de se testar cultivares em ambientes específicos, como é o caso de cultivo em ambiente protegido. Houve diferenças significativas entre os materiais avaliados, destacando-se os híbridos Sheila, Duradoro, Fanny, Séculos e Carmen, este último há mais tempo no mercado, além do híbrido experimental AF 4392, ainda não lançado comercialmente, mas que se mostrou promissor para o cultivo em ambiente protegido. 246 REFERÊNCIAS AGRIANUAL: Anuário da Agricultura Brasileira. 2004. Tomate. FNP-Consultoria & Comércio. São Paulo. p. 495-502. ANDREUCCETTI C; FERREIRA MD; GUTIERREZ ASD; TAVARES M. 2005. Caracterização da comercialização de tomate de mesa na CEAGESP: perfil dos atacadistas. Horticultura Brasileira 23: 324-328. ANDRIOLO JL. 2000. Fisiologia da produção de hortaliças em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 18: 26-33. CALIMAN FRB; SILVA DJH; FONTES PCR; STRINGUETA PC; MOREIRA GR; CARDOSO AA. 2005. 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Produção Vegetal, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal–SP; 2IAC/Campinas, Pesquisador; [email protected] RESUMO ABSTRACT Objetivando avaliar a produtividade de cultivares de cebola em função do espaçamento entre covas e número de mudas por célula de bandeja, foi instalado um experimento na região de São José do Rio Pardo-SP. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 2 x 3, com quatro repetições. Os fatores avaliados foram os híbridos Princesa e Superex, duas e três mudas por célula de bandeja e espaçamentos entre covas de 8, 12 e 14 cm. A produtividade foi influenciada apenas pelo fator cultivar, sendo que ‘Superex’ (68,9 t ha-1) produziu 33,1% a mais que ‘Princesa’ (51,7 t ha-1). Conclui-se que a cultivar Superex apresentou maior produtividade em relação à ‘Princesa’ e que a maior massa de bulbos foi obtida no espaçamento entre covas de 14 cm com duas mudas por célula de bandeja em ambas cultivares. Yield of onion cultivars as a result of the number of seedlings per cell tray and within hole spacing Palavras-chave: Allium cepa, densidade de plantas, distribuição espacial, transplante. The yield of onion cultivars was evaluated as a result of within row spacing and number of seedlings per cell tray. The experiment was performed in São José do Rio Pardo, São Paulo State, Brazil. The experimental design was of randomized blocks, and the treatments were arranged in a factorial scheme 2 x 2 x 3, with four replicates. The evaluated factors were two hybrids Princesa and Superex; two and three seedlings transplants per tray cell and three within hole spacing of 8, 12 and 14 cm. Bulb yield was influenced only by the cultivar factor, being ‘Superex’ (68,9 t ha-1) 33,1% superior than ‘Princesa’ (51,7 t ha-1). The cultivar Superex presented higher yield in relation to ‘Princesa’ and a greater bulb mass was obtained when adopting the hole spacing of 14 cm with two seedlings transplants per tray cell in the two cultivars. Keywords: Allium cepa, plants density, spatial distribution, transplant. (Recebido para publicação em 22 de fevereiro de 2006; aceito em 8 de março de 2007) A cebola (Allium cepa L.) é um dos produtos olerícolas de maior importância no Brasil, suplantada apenas pelo tomate e pela batata (Cardoso & Costa, 1999). Os maiores produtores mundiais são a China (17.544.660 t), a Índia (5.000.000 t), e os Estados Unidos (3.162.750 t), sendo o Brasil o nono maior produtor (FNP Consultoria e Comércio, 2005). A produção brasileira, em 2004, foi de 1.153.237 t, em uma área de 58.611 ha, o que resulta em uma produtividade média de 20,0 t ha-1. O estado de São Paulo possui a segunda maior produtividade (28,0 t ha-1) e produção (200.800 t) do País (FNP Consultoria e Comércio, 2005). As principais regiões produtoras de São Paulo são os municípios de Piedade, São José do Rio Pardo e Monte Alto (Minami & Tessarioli Netto, 1994; Vidigal et al., 2002). Em São Paulo, a safra de cebola compreende o período de junho a dezembro; para tanto, o estado possui épocas e sistemas de cultivos distintos. CoHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 lheitas precoces são obtidas pelo sistema de cultivo de bulbinhos, sendo o maior volume oriundo de transplante de mudas (May, 2006). Atualmente, a cultura tem se expandido com o aparecimento de novas áreas de produção, principalmente em Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, tendo acarretado o crescimento da oferta anual de cebola. Assim, novos sistemas de cultivo têm sido introduzidos visando à oferta em épocas de escassez do produto, bem como a melhoria da produtividade e qualidade do bulbo e, como conseqüência, a redução dos custos de produção, visto que a margem de lucro é cada vez menor (Vargas, 2005). Ferreira (2000) cita que alguns produtores, ao invés de utilizarem mudas provenientes de canteiros, produzem mudas em bandejas de poliestireno de 288 células; em geral, o transplante ocorre com três plantas por célula. A utilização de mudas produzidas em bandejas pode antecipar a colheita, pois, sendo a produção realizada em ambiente protegido, essa pode coincidir com o período chuvoso do ambiente natural, que pode ser prejudicial. No sistema convencional de produção de mudas de raiz nua e da semeadura direta de cebola, há necessidade de se aguardar o término do período chuvoso para dar início à implantação da cultura (Vargas, 2005). Culturas estabelecidas com mudas de bandejas, além do menor ciclo, geralmente exigem menos irrigações, pulverizações e tratos culturais (Fontes & Silva, 2002), menor gasto com sementes, obtenção de mudas mais vigorosas e com melhor uniformidade. Aliado a isto, existe a possibilidade da produção de mais de uma muda por célula de bandeja, o que vem contribuir para a redução do custo por muda produzida (Ferreira, 2000). Com a introdução desta nova tecnologia de produção de mudas em bandejas com mais de uma muda por célula, algumas dificuldades têm surgido, como a escolha ideal do espaçamento 247 PF Vargas et al. entre covas para diferentes números de mudas por célula, pois, até o momento, não há trabalhos que estabeleçam espaçamentos ideais para diferentes números de mudas por célula. As melhores remunerações são obtidas pelos bulbos classificados como médios (50 a 70 mm de diâmetro, classificados como das classes 3 e 3 cheio). Dessa forma, distribuições espaciais de plantas visando a atender a essa demanda, tornam-se necessárias. De acordo com a população de plantas na área, a competição por água, luz e nutrientes faz com que o tamanho dos bulbos e a produtividade total variem (Nichols, 1967). Assim, o estudo do espaçamento entre covas, em função do número de mudas por célula, torna-se de grande importância. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e a massa de bulbos de cebola em função do espaçamento entre covas e do número de mudas por célula de bandeja, em duas cultivares de cebola. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de São José do Rio Pardo (SP), a 21° 35’ de latitude sul e 43° 53’ de longitude oeste, na Fazenda Santa Manoela, com uma altitude aproximada de 900 m. O clima encontra-se em área de transição dos tipos Aw e Cwa, segundo classificação de Köppen, com verão chuvoso e inverno seco, com precipitação anual entre 1.100 a 1.700 mm. Análises química e física do local do experimento, realizadas na UNESPFCAV, apresentaram: pH em CaCl2=5,7; MO=18,0 g dm-3; Presina=191,0 mg dm-3; K=3,8 mmolc dm-3; Ca=62,0 mmolc dm-3; Mg=30,0 mmol c dm -3 ; H+Al=22,0 mmol c dm -3 ; SB=95,8 mmol c dm -3 ; T=117,8 mmolc dm-3; V%=81,0; argila=410,0 g kg-1; limo=150,0 g kg-1; areia fina=200,0 g kg-1 e areia grossa=240,0 g kg-1, sendo o solo classificado como argiloso. O preparo do solo constou de uma aração e duas gradagens. Os canteiros foram levantados com auxílio de um rotoencanteirador, à altura de 15 cm, tendo a largura do canteiro 1,5 m de base e 1,2 m de topo. A adubação de plantio foi realizada seguindo as recomendações de Trani et 248 al. (1996), fornecendo por hectare 30,0 kg de N, 90,0 kg de P2O5 e 60,0 kg de K2O, sendo aplicada toda a dose sobre os canteiros e incorporada com auxílio do rotoencanteirador. A semeadura ocorreu em 06/03/04, em bandejas de poliestireno expandido de 288 células, preenchidas com substrato Plantmax HT ®, sendo semeadas quatro sementes por célula de bandeja, com posterior desbaste, em casa de vegetação, sendo irrigadas diariamente. O transplante ocorreu 32 dias após, quando as mudas se encontravam com 15,0 cm de altura e cerca de 5,0 mm de diâmetro do pseudocaule. O transplante ocorreu no final da tarde com o solo umedecido. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 2 x 3, com quatro repetições. Os fatores avaliados foram os híbridos Princesa e Superex, duas e três mudas por célula de bandeja e espaçamentos entre covas de 8; 12 e 14 cm, caracterizando seis arranjos de plantio: 2 plantas por célula x 8 cm entre covas (83,3 plantas m-2); 2 plantas por célula x 12 cm entre covas (55,5 plantas m-2); 2 plantas por célula x 14 cm entre covas (47,6 plantas m-2); 3 plantas por célula x 8 cm entre covas (125,0 plantas m-2); 3 plantas por célula x 12 cm entre covas (83,3 plantas m-2), e 3 plantas por célula x 14 cm entre covas (71,4 plantas m-2). Cada parcela teve quatro linhas com espaçamento de 0,3 cm, comprimento 2,5 m e largura de 1,2 m, perfazendo área total da parcela de 3,0 m2. A área total do experimentou ocupou cerca de 204,0 m2. A marcação das distâncias entre covas foi realizada com auxílio de três furadores, correspondentes às distâncias entre covas de 8; 12 e 14 cm. O transplante foi realizado utilizando-se duas e três mudas por cova. As adubações de cobertura foram realizadas aos 21 e 50 dias após o transplante, fornecendo em cada uma delas 25,0 kg de N e K2O, através de 125,0 kg ha-1 da formulação 2000-20. O controle de pragas e doenças foi realizado de acordo com a necessidade da cultura, assim como as capinas manuais para o controle de plantas daninhas. As irrigações foram feitas pelo sistema de aspersão convencional, conforme a necessidade da cultura. As características das cultivares utilizadas são: Princesa, híbrido de dias curtos, ciclo de 130-150 dias, catáfila dourada, fechamento de talo firme, formato arredondado e bulbos uniformes, com centro único; folhagem muito vigorosa; excelente resistência à raiz rosada e boa capacidade de armazenamento (SEMINIS, s.d.); Superex, híbrido precoce de ciclo curto (120 dias), formato redondo baixo, bulbo de pouca catáfila, de coloração clara, pouco pungente; porte baixo, folhas com menor cerosidade que a cultivar Princesa (TAKII, s.d.). A colheita ocorreu, em 1,0 m linear das duas fileiras centrais (0,6 m2) em 25/ 08/04, quando 75% das plantas de todo o experimento “estalaram”, sendo arrancadas manualmente e dispostas no solo para o processo de cura a campo, permanecendo por dois dias. Após a cura avaliaram-se a produtividade e a massa do bulbo (g bulbo-1), calculada pela divisão da massa total de bulbos coletados por área útil da parcela pelo número total de bulbos da parcela. Na Figura 1, são apresentados os valores médios mensais de temperaturas e precipitações ocorridas durante o experimento (COOXUPÉ, 2005). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (teste F), usandose o programa estatístico Estat (UNESPJaboticabal - SP). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO O período do experimento (março a agosto) foi caracterizado por meses com grandes oscilações de precipitação. Verificou-se, no mês de maio, um elevado valor de precipitação (169,0 mm), seguido dos meses de junho e julho, com 35,0 e 49,4 milímetros, respectivamente, fato atípico para o período. As temperaturas máximas oscilaram de 14 a 32ºC e as mínimas de 4 a 20ºC (COOXUPÉ, 2005). O ciclo da cultura foi de 172 dias, sendo superior ao normalmente encontrado para as cultivares estudadas. Esse ciclo pode ter sido alterado pelo excesso de água no solo porque, durante o experimento, observou-se um volume total de 422,6 mm, ocasionado pelas Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produtividade de cultivares de cebola em função do número de mudas por célula de bandeja e espaçamento entre covas precipitações. O excesso de água no solo proporciona um prolongamento do crescimento das folhas (Ferreira, 2000) e atrasa o processo de maturação (Maluf, 1999). Conforme Riekels (1977), esse atraso é da ordem de 5 a 19 dias, porém Maluf (1999) afirma que este é de, no mínimo, 20 dias. A temperatura máxima média variou de 23 a 27,1ºC e a mínima de 9 a 16,8ºC. Verificaram-se, durante o experimento, 34 dias com temperaturas abaixo de 10ºC, as quais também contribuíram para o prolongamento do ciclo. Temperaturas ideais para a bulbificação estão entre 15 e 25ºC; ocorrendo temperaturas abaixo de 15ºC, a bulbificação torna-se tardia (Blank et al., 1997; Maluf, 1999; Costa et al., 2002). A produtividade de bulbos foi influenciada somente pelo fator cultivar (Tabela 1). A cultivar Superex (68,9 t ha-1) produziu 33,1% a mais que a cultivar Princesa (51,7 t ha-1), denotando menor capacidade produtiva desta última. Essas produtividades são bem maiores que a média brasileira (20,0 t ha-1) e do estado de São Paulo (28,0 t ha-1) (FNP Consultoria e Comércio, 2005). Na região de São José do Rio Pardo, onde o experimento foi conduzido, boas produtividades estão em torno de 45 t ha-1 (Vargas, 2005). Não houve diferença estatística do fator espaçamento entre covas para produtividade (Tabela 1). As produções encontradas ficaram entre 57,1 t ha-1 (14 cm) e 62,0 t ha-1 (8 cm). Dados semelhantes foram encontrados por Reghin et al. (2004), com a cultivar Crioula e utilizando quatro espaçamentos (5; 8; 11 e 14 cm), onde os autores observaram que não houve diferenças significativas na produção final. Nesse mesmo trabalho, a maior produção foi da cultivar Bola Precoce quando em menor espaçamento entre plantas (5 cm), demonstrando, assim, que há comportamento diferenciado entre genótipos quando se altera a densidade de plantio. De modo semelhante, Coelho et al. (1996) não encontraram diferenças significativas para produção total de bulbos, quando trabalharam com cinco espaçamentos (0,30 m x 0,08 m; 0,20 m x 0,08 m; 0,10 m x 0,08 m; 0,15 m x 0,10 m e 0,10 m x 0,10 m) na região de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Valores médios para a produtividade de bulbos, em função de cultivares, espaçamento entre covas e mudas por célula de bandeja, valores de F, significância e coeficientes de variação (Average values for the yield of bulbs, as a result of cultivars, spacing among holes and plantlets in each tray cell, F values, significance and variation coefficients). Jaboticabal, UNESP, 2004. Médias seguidas pela mesma letra coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5 % de probabilidade; ns, **respectivamente, não significativo a 5% de probabilidade e significativo a 1% de probabilidade pelo Teste F (Means followed of same letter in the column did not differ through the Tukey test (p≤0,05) ns, **respectively, non-significative on the level of 5% probalility and, 1% probability through the F test). Figura 1. Precipitações pluviométrica (mm) e médias das temperaturas máximas e mínimas, no município de São José do Rio Pardo, durante o período de realização do experimento (Pluviometric rainfall (mm) and average of maximum and minimum temperatures, in São José do Rio Pardo, during the experiment conduction). Jaboticabal, UNESP, 2004. Parnaíba (PI). Todavia, Siqueira et al. (2004) verificaram diferenças na produtividade quando se alterou a densidade de plantas (0,30 m x 0,07 m a 0,20 m x 0,07 m), pois, à medida que houve diminuição do espaçamento, aumentou-se a produtividade. Não houve diferença estatística do número de mudas por célula de bandeja (Tabela 1) sobre a produtividade, o que concorda com os resultados de Herison et al. (1993), que estudaram o efeito de uma, duas e três plantas por célula e não encontraram diferenças para produtividade. Para a massa do bulbo, houve efeito significativo para todos os fatores estudados isoladamente, com interação significativa entre “cultivares” vs. “espaçamento entre covas” e “número de plantas por célula” vs. “espaçamento entre covas”. Para a interação “cultivares” vs. “espaçamento entre covas”, observouse um aumento na massa de bulbo, em ambas cultivares, à medida que se au249 PF Vargas et al. Tabela 2. Valores médios para a massa de bulbos, em função da interação entre espaçamento entre covas vs. cultivares e espaçamento entre covas vs. mudas por célula de bandeja (Average values for bulbs mass, as a result of the interaction among holes spacing and cultivars and, among holes spacing and number of plantlets in each hole of the tray). Jaboticabal, UNESP, 2004. tre covas de 14 cm com duas mudas por célula de bandeja em ambas cultivares. AGRADECIMENTOS O primeiro autor expressa seus agradecimentos à CAPES pela concessão da bolsa de estudos e ao Sr. Adriano Quilises, pela concessão da área e apoio para a realização do experimento. REFERÊNCIAS Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. (Means followed of same capital letter in the line and little letter in the column did not differ through the Tukey test (p≤0,05) mentou o espaçamento entre covas. Dentro do intervalo estudado, as cultivares apresentaram maior massa no espaçamento entre covas de 14 cm, sendo 138,2 g e 168,7 g, respectivamente para ‘Princesa’ e ‘Superex’. Independentemente do espaçamento entre covas utilizado, a cultivar Superex sempre se mostrou superior à ‘Princesa’ (Tabela 2). Desta forma, à medida que ocorreu aumento no espaçamento entre covas, ocorreu aumento na massa do bulbo, fato também verificado por HatridgeEsh & Bennett (1980), Stofella, (1996) e Reghin et al. (2004). Santos et al. (2000) também verificaram redução significativa na massa do bulbo com o aumento da densidade de plantas. No entanto, os autores encontraram reflexos negativos do aumento da densidade na produtividade, diminuindo de 42,4 para 26,2 t ha-1 nos espaçamentos de 5 e 15 cm, respectivamente, o que difere dos resultados do presente trabalho. Provavelmente, porque os espaçamentos utilizados pelos autores sejam superiores (5, 10 e 15 cm entre plantas) ao deste trabalho, não foram observados perdas na produtividade quando se alterou o espaçamento entre covas. Reghin et al. (2004) verificaram, em Ponta Grossa (PR), que o rendimento total de bulbos de cebola é aumentado de acordo com o incremento na densidade de plantas. No entanto, o tamanho de bulbos ou a massa de bulbo diminuem. Rumpel & Felczynski (2000) também verificaram que a produção de bulbos graúdos é gradativamente decrescente com o aumento da população de plantas. Os maiores bulbos foram produzidos nas 250 populações de 20 a 40 plantas m-2, enquanto os menores foram obtidos na população de 140 plantas m-2. Para a interação “número de mudas por célula” vs. “espaçamento entre covas”, verificou-se aumentos significativos na massa de bulbo à medida que se aumentou o espaçamento entre covas, exceto quando se elevou o espaçamento de 12 para 14 cm utilizando 3 mudas por célula de bandeja (Tabela 2). Independentemente do espaçamento entre covas utilizado, os bulbos produzidos com duas mudas por célula de bandeja tiveram maior massa que aqueles produzidos com três mudas por célula de bandeja. A maior massa de bulbo, dentro do intervalo estudado, foi encontrada com duas mudas por célula de bandeja, no espaçamento de 14 cm entre covas (185,3 g). Com o aumento do número de mudas por célula, juntamente com a diminuição dos espaçamentos entre covas, observou-se que houve maior competição entre as plantas, proporcionando reduções significativas na massa do bulbo. De acordo com Rabinovich & Brewster (1990), com o desenvolvimento da cultura, a competição entre plantas por luz e nutrientes aumenta, alterando o processo de bulbificação. Para qualquer número de mudas por célula estudada, houve incremento na massa do bulbo com o aumento no espaçamento entre covas. Conclui-se que a cultivar Superex apresentou maior produtividade em relação à ‘Princesa’ e que a maior massa de bulbo foi obtida no espaçamento en- BLANK AF; SOUZA RJ; PEREIRA AJ. 1997. Cultura da cebola. Lavras: UFLA. 24 p. (Boletim Técnico, 17). CARDOSO AII; COSTA CP. 1999. Produção de bulbilhos de cebola em bandejas de isopor. Scientia Agrícola 56: 969-974. COELHO EF; SOUZA VAB; CONCEIÇÃO MAF. 1996. 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Desempenho de genótipos de coentro em Areia Ademar P de Oliveira1,6; Paulo César T. de Melo2; Luiz Jorge da G Wanderley Júnior3; Anarlete U Alves4; Macio F de Moura5; Arnaldo Nonato P de Oliveira4 1 UFPB, CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 2USP-ESALQ Depto. Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; Hortivale, Rua Valdomiro R. de Andrade, 103, Matriz, 55612-612 Vitória de Santo Antão-PE; 4Estudante agronomia; 5Pós-graduando em agronomia; 6bolsista CNPq; [email protected] 3 RESUMO ABSTRACT Avaliaram-se sete genótipos de coentro, sendo cinco linhagens (HTV 9299, HTV 7299, HTV 0699, HTV 0999 e HTV 0199) e duas cultivares comerciais (Verdão e Palmeira), de maio a julho de 2003 no município de Areia-PB, em delineamento de blocos casualizados em quatro repetições. As cultivares Verdão (5,0 kg m-2) e Palmeira (4,3 kg m-2) e as linhagens HTV 9299 (4,4 kg m-2), HTV 7299 (4,5 kg m-2) e HTV 0999 (4,3 kg m-2), apresentaram as maiores produções de massa verde (PMV), enquanto a linhagem HTV 0199, com produção de 2,9 kg m-2, foi a menos produtiva. As linhagens HTV 7299 (0,73) e HTV 0199 (0,81) apresentaram os mais elevados valores para a relação folhas:talos. As cultivares Verdão e Palmeira e as linhagens HTV 7299, HTV 0999, HTV 0699 e 9299 apresentaram 65; 58; 35; 29; 40 e 59%, respectivamente, de plantas pendoadas aos 42 dias após a semeadura, enquanto a linhagem 0199 apresentou apenas 11%. A linhagem HTV 7299 pode ser uma alternativa para os produtores de coentro da região de Areia. Performance of coriander genotypes in the municipality of Areia Seven coriander genotypes were evaluated (lines HTV 9299, HTV 7299, HTV 0699, HTV 0999,HTV 0199 and cvs. Verdão and Palmeira), in Areia County, Paraiba State, Brazil, from May to July of 2003 in randomized blocks in four replications. Verdão (5,0 kg m2 ) and Palmeira (4,3 kg m-2) cultivars and the lines HTV 9299 (4,4 kg m-2), HTV 7299 (4,5 kg m-2) and HTV 0999 (4,3 kg m-2), exhibited the greatest yield of green mass (GM), while the line HTV 0199, with 2.9 kg m-2 of GM, showed the lowest yield. Lines HTV 7299 (0.73) and HTV 0199 (0.81) presented the largest values for the ratio leaves:stalks. Verdão and Palmeira cultivars and lines HTV 7299, HTV 0999, HTV 0699 and 9299 persented 65; 58; 35; 29; 40 and 59%, respectively, of plant bolting (PB) at 42 days after sowing date, while Line HTV 0199 presented only 11%. Line HTV 7299 might be an alternative for coriander cropping in Areia. Palavras-chave: Coriandrum sativum L., genótipos, plantas pendoadas, produção de massa verde. Keywords: Coriandrum sativum L., genotypes, plants bolting, green mass yield. (Recebido para publicação em 29 de abril de 2006; aceito em 22 de maio de 2007) O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma hortaliça herbácea anual pertencente à família Apiaceae, nativa da bacia do Mar Mediterrâneo. Devido à versatilidade de uso, é uma olerácea de considerável valor e importância sócio-econômica mundial, em especial, na Ásia, onde se localizam os países líderes de produção e consumo (Diederichsen, 1996). Seu cultivo visa a produção de massa verde fresca, enquanto os frutos secos (sementes) são largamente utilizados na indústria de condimento, sendo o principal ingrediente do “curry”, tempero muito utilizado nas culinárias hindu e tailandesa. Alguns tipos varietais específicos são utilizados para extração de óleos essenciais de alto valor agregado, largamente empregados nas indústrias de flavorizantes, comésticos, medicamentos e de bebidas (Rangahau, 2001). No Brasil, o coentro é a hortaliça folhosa condimentar de maior consumo, muito utilizada na culinária típica regional, especialmente nas regiões Norte e 252 Nordeste (Pedrosa et al., 1984; Marques & Lorencetti, 1999). No estado da Paraíba, é cultivado em quase todas as micro-regiões por pequenos agricultores, sem nenhuma orientação técnica, o que tem proporcionado baixa produtividade, principalmente devido à falta de cultivares mais adaptadas às diferentes zonas de cultivo. Existem no mercado brasileiro cultivares de coentro de boa aceitação comercial, entretanto, não há um programa regional de avaliação de genótipos visando identificar e recomendar aqueles de melhor adaptação às diversas condições agroecológicas das zonas de cultivo. A identificação de cultivares adaptadas e com maior potencial produtivo, proporciona maior segurança aos produtores sendo, ainda, uma informação que poderá facilitar a obtenção de crédito e aceitação do produto no mercado consumidor (HamasakI et al., 1998). No Brasil, pouca pesquisa tem sido feita com o coentro, incluindo a tecnologia adequada para a produção e desenvolvimento de novas cultivares (Pereira et al., 2005). Soma-se a isso escassez de trabalhos de melhoramento genético com a espécie, e as cultivares hoje disponíveis estão sendo utilizadas nas diversas regiões geográficas, sem se considerar as suas possíveis diferenças de comportamento nos diversos ambientes (Wanderley Júnior & Melo, 2003). Por este fato, torna-se importante a condução de experimentos regionais visando estudar o comportamento de novos materiais. Esses estudos constituem importante ferramenta a ser utilizada na recomendação de cultivares e fornece subsídios para novos programas de melhoramento genético. Também, a identificação de genótipos estáveis, que possam ser utilizados em diferentes zonas de cultivo e épocas de plantio, é interessante para as empresas do setor de sementes e produtores (Alvarez & Curione, 1993; Peixoto et al., 1993). Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de novas linhagens Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Desempenho de genótipos de coentro em Areia de coentro em comparação com as cultivares existentes no mercado, nas condições edafoclimáticas de Areia (PB). Tabela 1. Produção de massa verde (PMV) e relação folhas:talos (RFT) em cultivares e linhagens de coentro, nas condições de Areia-PB. (Yield green mass (YGM), and leaves:talks (LT) in the lines and cultivars of coriander in Areia-PB, Brazil, conditions). Areia, CCAUFPB, 2003. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de maio a julho de 2003, na UFPB, em Areia, localizada a 6º 18’ 12" S e 32º 18’ 15" W, em altitude de 560 m. O clima é do tipo As’ segundo Köppen, quente e úmido, com precipitação média anual de 1400 mm (Brasil, 1972). A temperatura média ( oC), a precipitação pluviométrica (mm) e a umidade relativa (%) do período de execução do experimento foram, respectivamente: maio = 21,8; 147,2; 90, junho = 19,1; 136,9, 90 e julho = 18,9; 192,4; 88. O solo utilizado foi classificado como NEOSSOLO REGOLÍTICO psamítico típico (Embrapa, 1999), de textura areia-franca, com as características química e física: pH (H2O) = 6,30; P disponível = 21,80 mg dm-3; K = 34,19 mg dm-3; Ca+2 + Mg = 3,95 cmolc dm-3; H + Al trocável = 0,0 cmolc dm-3 e matéria orgânica = 11,3 kg dm-3; areia = 841,50 g kg-1; silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1; densidade do solo = 1,37 kg dm-3; densidade de partículas = 2,61 g dm-3 e porosidade total= 0,47 m3 m-3. Foram avaliadas duas cultivares comerciais (Verdão e Palmeira) e cinco linhagens (HTV 9299, HTV 7299, HTV 0699, HTV 0999 e HTV 0199) de coentro, obtidas pelo programa de melhoramento genético da empresa Hortivale Sementes do Vale Ltda localizada em Vitória de Santo Antão (PE), em delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As parcelas mediram 4,0 m2, com um metro de largura e quatro de comprimento, contendo 266 plantas, sendo todas consideradas úteis. A adubação seguiu recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade de Solos da UFPB e constou da aplicação 5,0 kg m-2 de esterco bovino curtido e seco, 15,0 g m-2 de cloreto de potássio e de 56 g m2 de superfosfato simples, aplicadas cinco dias antes da semeadura, e de 25 g m2 de uréia, fornecido em adubação de cobertura, parcelado 50% aos 20 e 50% aos 40 dias após a semeadura (DAS). Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. (Means with the same latter in the columns do not differ at 0.05 level of probability, by Scott-Knott test) O preparo do solo constou da confecções de canteiros e abertura de sulcos de plantio. As sementes foram distribuídas em sulcos longitudinais, distanciados de 25 cm a uma profundidade de 3,0 cm, realizando-se o desbaste vinte dias depois, deixando-se uma planta a cada 5,0 cm. Durante a execução do experimento realizaram-se os tratos culturais normais para a cultura, incluindo irrigação por aspersão nos períodos de ausência de precipitações, onde todos os genótipos receberam a mesma lâmina de água, e capinas manuais. Não se utilizou defensivos agrícolas, devido à baixa incidência de pragas e doenças. Foram avaliados a produção de massa verde (PMV), relação folhas:talos (RFT) e percentagem de pendoamento (PP) aos 42; 49; 56 e 63 DAS. A PMV foi determinada aos 42 DAS, e correspondeu ao peso de talos e folhas de 133 plantas de cada parcela. Por ocasião da avaliação da PMV, foi determinada a RFT. Para tanto, em amostra de 100 g de massa verde por tratamento, foram separadas as folhas e talhos e pesados isoladamente; o PP foi obtido pela relação entre o número de plantas que emitiam pendão floral em cada período pré-estabelecido e o número total de plantas (266). Os resultados foram submetidos às análises de variância, sendo as somas dos quadrados médios comparadas pelo teste F (5%). Para comparação das médias da PMV e RTF (características qualitativas), foi empregado o teste ScottKnott, a 5% de probabilidade; enquanto as médias do PP foram submetidas a análises de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo (p<0,05) dos genótipos para a produção de massa verde (PMV), relação folhas:talos (RFT) e para a percentagem de pendoamento (PP), em todos os períodos de avaliação. As cultivares Verdão e Palmeira e as linhagens HTV 9299, HTV 7299 e HTV 0999, apresentaram as mais elevadas produções de massa verde (PMV), seguida da linhagem HTV 0699. A linhagem HTV 0199 foi responsável pelo mais baixo valor para essa característica (Tabela 1). Nas condições de Passo Fundo (RS), Marques & Lorencetti (1999), também verificaram superioridade da cultivar Verdão na produção de massa verde, em relação a outros genótipos avaliados, porém com rendimento muito baixo (2,4 kg m2). O rendimento de massa verde obtido pelas cultivares Verdão e Palmeira e pelas linhagens HTV 9299, HTV 7299, e HTV 0999 foram superiores ao rendimento médio de massa verde definido para o estado de Pernambuco em 4,0 kg m-2 (Hortivale, 1987), o que pode indicar que esses genótipos são os mais promissores para a produção de massa verde, na região de Areia. Quanto à relação folhas:talos (RFT), igualmente à PMV, também apresentou variação significativa entre os genótipos, indicando que a formação de folhas é um atributo genético de cada genótipo. No entanto, as linhagens HTV 7299 e HTV 0199 apresentaram os mais 253 AP Oliveira et sl. Figura 1. Percentagem de pendoamento em coentro, cultivar Verdão (y1) e linhagens HTV 7299 (y2) e HTV 0999 (y3), em função de idades de plantas. (Plants bolting percent in the coriander, Verdão (y1) cultivar and lines HTV 7299 (y2) and HTV 0999 (y3), as a function of plant age). Areia, CCA-UFPB, 2003. Figura 2. Percentagem de pendoamento em coentro, cultivar Palmeira (y1) e linhagens HTV 9299 (y2), HTV 0699 (y3) e HTV 0199 (y4), em função de idades de plantas. (Plants bolting percent in the coriander, Palmeira (y1) cultivar and lines HTV 9299 (y2), HTV 0699 (y3) and HTV 0199 (y4), as a function of plant age). Areia, CCA-UFPB, 2003. elevados valores para essa relação, diferindo significativamente das cultivares Verdão e Palmeira e das linhagens HTV 9299, HTV 0699 e HTV 0999. Os valores de RTF obtidos palas linhagens HTV 7299 e HTV 0199 mostram um potencial comercial. Os demais se caracterizaram como genótipos com elevados percentuais de talos, reduzindo a sua qualidade comercial (Tabela 1). Nas condições de Passo Fundo a cultivar Verdão apresentou relação folhas:talos muito baixa, de 0,40 (Marques & Lorencetti, 1999). Para a percentagem de pendoamento (PP), as medias das cultivares Verdão e 254 Palmeira e das linhagens HTV 7299, HTV 0999 e HTV 0699, ajustaram-se a modelos quadráticos de regressão em função dos períodos de avaliações (Figuras 1 e 2). Por meio das derivadas das equações de regressões, calcularam-se o período estimado de 58 DAS como aquele responsável por mais de 100% de plantas pendoadas nas cultivares Verdão e Palmeira e nas linhagens HTV 7299 e HTV 0699; enquanto que na linhagem HTV 0999 esse percentual foi alcançado aos 60 DAS. Nas linhagens HTV 9299 e HTV 0199, o pendoamento aumentou de forma linear em função dos períodos de avaliações, com mais de 100% de plantas pendoadas aos 63 DAS na linhagem HTV 9299 e apenas 55% na linhagem HTV 0199. Aos 42 (DAS) (período recomendado para a colheita do coentro), as cultivares Verdão e Palmeira e as linhagens HTV 7299, HTV 0999, HTV 0699 e 9299, apresentaram pendoamento estimado de 65; 58; 35; 29; 40 e 59%, respectivamente, enquanto a linhagem 0199 apresentou apenas 11% das plantas com pendões florais. Temperaturas acima do nível ótimo podem acelerar o florescimento de certas hortaliças (Filgueira, 2003). A temperatura média acima de 25oC favorece a produção de sementes de coentro (Diederichsen, 1996), e consequentemente o pendoamento. Como a temperatura média do período de execução do trabalho foi de 20oC, os percentuais de pendoamentos obtidos nos genótipos, podem ser atribuídos às suas características genéticas. O pendoamento precoce no coentro é uma característica prejudicial quando o objetivo é a comercialização de massa verde, pois reduz o número de folhas em detrimento da formação de pendões florais. Portanto, os genótipos com menores percentuais de pendoamento são considerados de boa qualidade. As características PMV, RFT e PP são parâmetros importantes para determinar a qualidade comercial do coentro. Portanto, as linhagens HTV 7299 e HTV 0999, que exibiram PMV superior a 4,0 kg m-2, RFT igual a 0,73 e 0,63, e PP de 35 e 29%, respectivamente, aos 42 DAS podem ser consideradas como alternativas para os produtores de coentro da região de Areia. Por sua vez, a linhagem HTV 0199 embora tenha apresentado maior valor para RFT e menor PP em todos os períodos de avaliação, mostrou baixo potencial de rendimento de massa verde. Esse fato demonstra que a mesma não pode ser considerada uma alternativa de cultivo em Areia. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos agentes em Agropecuária, Francisco de Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Soares de Brito, Francisco Silva do Nascimento e Expedito de Souza Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Desempenho de genótipos de coentro em Areia Lima que viabilizaram a execução dos trabalhos de campo. REFERÊNCIAS ALVAREZ A; CURIONI A. 1993. Efecto de dos épocas de siembra sobre el rendimiento y la producción de biomassa en coriandro (Coriandrum sativum L.). Anales SAIPA 11: 211-215. BRASIL. 1972. Ministério da Agricultura. Levantamento exploratório, reconhecimento de solos do Estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA/ CONTAP/USAIO/SUDENE, 670 p. (Boletim técnico, 15). DIEDERICHSEN A. 1996. Coriander (Coriandrum sativum L.). promoting the conservation and use of underutilized and negleted crops. 3. Rome: Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research, Gatersleben/International Plant Genetic Resources Institute. 83 p. 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Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2 CEEPAR, 85045-720 Guarapuava–PR; 3UNICENTRO-CAA, Depto. Agronomia, Centro Politécnico, 85040-080 Guarapuava–PR; 4Eng. Agrônomo Autônomo, C. Postal 28, 13012-970 Campinas–SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Normalmente, os substratos disponíveis no mercado são recomendados indistintamente para grande número de culturas, sem considerar suas características e necessidades nutricionais na fase da formação de mudas. O experimento foi realizado em casa de vegetação, onde foram avaliados três substratos (Plantmax, Esfagno e GIII) para o desenvolvimento de mudas de alface cv. Regina. Foram realizadas as análises químicas e físicas de pH, macronutrientes, sódio e micronutrientes, sendo calculadas a capacidade de troca catiônica (CTC) e a saturação por bases (V%), além das análises de condutividade elétrica (CE), capacidade máxima de retenção de água (CRA) e granulometria dos substratos. A semeadura foi feita em bandejas de poliestireno expandido com 128 células cada. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso com três repetições. Foram avaliadas massa fresca da parte aérea e das raízes, massa seca da parte aérea e das raízes, número de folhas verdadeiras e altura média de plantas. Dentre os substratos avaliados, Plantmax demonstrou ser mais eficiente para produção de mudas de alface com melhor qualidade. Evaluation of substrates in the production of lettuce plantlets Normally, the substrates available in the market are recommended indistinctly for a great number of crops, without taking into account its characteristics and nutritional requirements during the plantlet stage. The experiment was carried out in the greenhouse, where three different substrates (Plantmax, Sphagnum and G-III) were evaluated in the development of lettuce cv. Regina plantlets. Chemical and physical analysis such as pH, macro and micronutrients and sodium, cation exchange capacity (CEC) and base saturation (V%) were calculated as well as physical analysis such as electric conductivity, maximum water holding capacity and particle size of the substrates were carried out. The sowing was done in trays of expanded polystyrene with 128 cells each. We analyzed the fresh and dry mass of the aerial parts and of the roots, number of true leaves and mean height of the plantlets. Among the evaluated substrates, the Plantmax showed to be the most efficient in yielding lettuce plantlets with better quality. Palavras-chave: Lactuca sativa L., mudas de qualidade, hortaliça. Keywords: Lactuca sativa L., quality plantlets, vegetable. (Recebido para publicação em 14 de março de 2006; aceito em 13 de maio de 2007) A produção de mudas de qualidade é uma das etapas mais importantes no cultivo de hortaliças (Silva Júnior et al., 1995), pois delas depende o desempenho final das plantas nos canteiros de produção (Carmello, 1995). A utilização de recipientes com substratos em substituição ao uso de solo, na formação de mudas, tem proporcionado aumentos substanciais na qualidade das mesmas (Smiderle et al., 2001). Menezes et al. (2000) consideram que pode ser vantajosa ao agricultor a formulação própria de substratos. Esses autores obtiveram melhores mudas de alface com a formulação própria, destacando-se o substrato obtido com 50% de turfa e 50% de vermicomposto, este último material preparado com esterco de curral compostado com a minhoca vermelha da Califórnia, adicionando ao produto final 2g/dm3 da fórmula 5-2010. Todos os materiais preparados artesanalmente foram desinfetados. Considerando as dificuldades para o preparo de substratos homogêneos e o 256 alto custo da mão de obra local, produtores de hortaliças da região de Campinas preferem adquirir os substratos produzidos por indústrias especializadas. Um bom substrato não deve conter solo, devido à presença de fitopatógenos e sementes de plantas daninhas e por dificultar a retirada da muda com torrão (Filgueira, 2000). Suas características físicas, químicas e biológicas devem oferecer as melhores condições para que haja uma excelente germinação e favoreça o desenvolvimento das mudas (Gonçalves, 1994). Segundo Schmitz et al. (2002), o pH, a capacidade de troca catiônica (CTC), a salinidade e o teor de matéria orgânica constituem as principais propriedades químicas consideradas na caracterização de substratos. Em relação às propriedades físicas, o autor destaca a densidade, a porosidade, o espaço de aeração e a economia hídrica (volumes de água disponíveis em diferentes potenciais). Encontram-se no mercado substratos formulados pelos mais variados tipos de materiais quanto à origem de seus componentes ou composição das misturas. Isso ocorre porque as normas para produção e fiscalização de substratos no Brasil ainda não estão definidas (Fabri et al., 2004). Dentre 41 amostras de diferentes substratos comercializados na região de Piracicaba (SP), Fabri (2004) observou que apenas 19,5% apresentaram boa qualidade quanto às seguintes características físico-químicas: pH, C.E., teores de macro e micronutrientes, aeração e retenção de umidade. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de três substratos comercializados na região de Campinas (SP), com base em análises físico-químicas, no desenvolvimento de mudas de alface. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação localizada no Centro Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Avaliação de substratos para produção de mudas de alface Experimental de Campinas do Instituto Agronômico /APTA/SAA, de julho a agosto de 2004. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso com 3 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos consistiram de três substratos comerciais: Plantmax PXHA (Eucatex), Esfagno (Sarrua) e G-III (Gioplanta). Os substratos Plantmax, e G-III, tendo como principais componentes a casca de pinus carbonizada e vermiculita, são bastante difundidos entre produtores de mudas de hortaliças na região de Campinas (SP). O produto Esfagno importado do Canadá pode se constituir como mais uma opção para produção de mudas de hortaliças. As plântulas foram irrigadas por microaspersão, com 2 aspersores por m² e freqüência de 4 aplicações por dia, procurando manter-se as tensões de água no substrato sempre próximas a capacidade de vaso e a saturação máxima de modo a satisfazer as necessidades hídricas da cultura nesse estágio evitando-se qualquer déficit hídrico. Foram realizadas análises físico-químicas desses substratos sendo determinados os teores de matéria orgânica, nitrogênio e a relação Carbono/Nitrogênio (C/N) adotando-se a metodologia recomendada por Alcarde (1982) para análise de fertilizantes minerais e a metodologia de análise para adubos orgânicos preconizada por Kiehl (1985). Foram também determinados o pH, P, K, Ca, Mg, H, S, Na, Fe, Mn, Cu, Zn e B, além do cálculo da CTC e V%, adotando-se a metodologia recomendada por Raij & Quaggio (1983) para análise química de solo. Foi também realizada análise específica para substratos atualmente adotada pelo Instituto Agronômico de Campinas a partir de metodologia descrita em Abreu et al. (2002). Com a adoção dessas duas metodologias para as determinações químicas (a recomendada por Raij & Quaggio e a descrita em Abreu et al., 2002), é possível uma interpretação mais abrangente dos resultados. A metodologia utilizada pelo IAC para substratos consiste em uma adaptação de método empregado na Holanda e a metodologia tradicional de análise de solo continua sendo satisfatória para a interpretação de diversas características físico-químicas de substratos. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p=0,05) (Means followed by the same letter are not significantly different by Tukey test (p=0,05)). Figura 1. Massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca das raízes (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca das raízes (MSR); número de folhas verdadeiras (NF) e altura da planta (AP) de mudas de alface cv. Regina, cultivadas em três diferentes substratos, aos 23 dias após emergência (Fresh mass of aerial part (MFPA), fresh mass of root (MFR), dry mass of aerial part (MSPA), dry mass of root (MSR); number of true leaves (NF) and height of lettuce plantlets (AP), cv. Regina, cultivated in three different substrates, 23 days after emergency). Campinas, IAC, 2004. Determinou-se a granulometria dos substratos em seis peneiras “Tyler” de malhas (mesh) 8 (malha com espaçamento de 2,38 mm); 10 (2,00 mm); 20 (0,84 mm); 35 (0,42 mm); 48 (0,30 mm) e 60 (0,25 mm) utilizadas para avaliação de corretivos da acidez do solo e, também, a capacidade máxima de retenção de água (CRA) dos substratos em questão. A semeadura da alface ‘Regina’ foi realizada em 13/07/04 em bandejas de poliestireno expandindo com 128 células cada, sendo adicionadas 3 sementes nuas por célula, efetuando-se o desbaste uma semana após a emergência, deixando-se uma planta por célula. Para avaliação do desenvolvimento das mudas, realizado 23 dias após a emergência, utilizou-se das características: massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca das raízes (MFR), massa seca da aérea (MSPA), massa seca das raízes (MSR), número de folhas verdadeiras (NF) e altura média das plantas (AP), determinada a partir da base do caule (colo) até o ápice da folha mais nova. A parte aérea e as raízes foram acondicionadas separadamente em sacos de papel e mantidos em estufa a 70oC, para determinação da MSPA e MSR. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p=0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve maior eficiência do substrato Plantmax na produção de mudas de alface (Figura 1), diferenciando-se dos outros substratos quanto ao número de folhas verdadeiras, e altura média de planta, massa fresca e massa seca da parte aérea. Dos parâmetros avaliados, apenas aqueles relacionados ao desenvolvimento radicular (MFR e MSR) não apresentaram diferenças estatisticamente significantes, ou seja, eventuais variações, tanto dos aspectos físicos (como aeração ou impedância mecânica, por exemplo) quanto dos aspectos químicos dos substratos, não sendo suficientes para interferir no desenvolvimento das raízes das plântulas durante este estágio de cultivo. O substrato Plantmax tem demonstrado ser eficiente para produção de algumas espécies de hortaliças como o pimentão (Capsicum annuum) segundo Silva (1994), que observou superiorida257 PE Trani et al. Tabela 1. Análise química de três substratos agrícolas (capacidade máxima de retenção de água (CRA máx), pH, macronutrientes, CTC, V%, C/N, Na1 e micronutrientes1), conforme metodologia adotada para análise de solo (Chemical analysis of three agricultural substrates (maximum water holding capacity (CRA max), pH, macronutrients, CEC (CTC), V%, C/N, Na1 and micronutrients1), according to methodology adopted for soil analysis). Campinas, IAC, 2004. 1 Extrator Mehlich (Mehlich extractant) Figura 2. Distribuição porcentual das partículas dos substratos conforme tamanho (abertura das malhas das peneiras) (Percentual distribution of substrate particles by the size (sieve granulometry)). Campinas, IAC, 2004. de deste substrato para produção de mudas de pimentão, inclusive quanto ao acúmulo de macronutrientes na parte aérea das mudas. Braz et al. (1996) também relataram, para a mesma hortaliça melhor incremento da matéria seca das plântulas com o emprego deste substrato. Semelhantemente, Luz et al. (2000) observaram para o Plantmax maior massa seca da parte aérea e de raízes em tomate (Lycopersicon esculentum). Em experimento com alface crespa (cv. Vera), Trani et al. (2004), igualmente observaram melhores resultados com Plantmax HA frente aos três outros substratos avaliados (Hortimix folhosas, Golden Mix47 e Vida Verde Tropstrato Hortaliças), quanto à altura de planta e número de folhas. Aos 15 dias, mudas 258 cultivadas em Plantmax já atingiram altura superior a 5 cm, mínima necessária para o transplante aos 20-25 dias. Após dez dias, os autores confirmaram interferência do substrato no número de folhas, tal que aos 20 dias o Plantmax proporcionou maior número de folhas do que os demais substratos. Avaliando a eficiência do substrato Plantmax e sua combinação com solo e areia em experimento de produção de mudas de alface, pepino e pimentão, Smiderle et al. (2001) obtiveram os melhores resultados com o substrato puro. Não obstante ser o tratamento que demonstrou menor índice de velocidade de emergência de plântulas de alface e pepino, Plantmax não combinado proporcionou maior altura de plântulas às três culturas, além da maior produção de matéria seca de plântulas e raízes de alface e de pimentão. Por outro lado, Carneiro Jr. et al. (2000), também em ensaio com pepino, não detectaram influência do tipo de substrato na massa seca da parte aérea e no número de frutos. Menezes et al. (2000) verificaram que o Plantmax (sem especificar o tipo) foi inferior a outros substratos quanto à produção de matéria seca (parte aérea e raízes) e número de folhas definitivas da alface (cv. Monalisa). Tem sido constatado em período recente em Campinas por produtores de mudas de hortaliças certa desuniformidade neste substrato, além da compostagem imperfeita da casca de pinus, ocasionando, por vezes, problemas no desenvolvimento das mudas. Minami (1995) observa quanto às características físicas, que o substrato deve apresentar baixa porosidade, isenção de contaminações fitopatogênicas e baixo custo. Andrade Júnior et al. (1997) e Silva & Marouelli (1998) mostram que as tensões entre 10,0 e 38,2 kPa (ou seja, próximos à capacidade de campo) a 15 cm de profundidade propiciam os melhores resultados produtivos para hortaliças em sistema de cultivo protegido no solo. Menezes et al (2000) verificaram diferenças significativas entre as propriedades físicas dos substratos avaliados, inclusive quanto à distribuição do tamanho das partículas dos materiais puros, substratos comerciais e formulados para produção de mudas de alface. Fernandes e Corá (2001) realizando análise física do substrato comercial puro e em mistura com outros materiais Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Avaliação de substratos para produção de mudas de alface Tabela 2. Resultados de análise química de três substratos agrícolas segundo metodologia específica para substratos, adotada pelo Instituto Agronômico de Campinas (pH, CE, Na, macro e micronutrientes) (Chemical analysis of three plant substrates according to substrates specific methodology, adopted by the Instituto Agronômico de Campinas (pH, electric conductivity (CE), Na, macro and micronutrients)). Campinas, IAC, 2004. Método de extração: 1:1,5 (Holanda). Métodos de determinação: N-(amoniacal e nitrato): destilação; K, Ca, Mg, P, S, Cu, Fe, Mn, Zn: ICPOES; C-orgânico: Walkley-Black; Nitrogênio Total: Kjeldahl (Extraction method: 1:1,5 (Holand). Determination methods: Amoniacal and nitrate –N ): destilation: K, Ca, Mg, P, S, Cu, Fe, Mn, Zn: ICP-OES; Organic-C: Walkley-Black; Total N: Kjeldahl). (composto orgânico, casca de arroz carbonizada e húmus de minhoca), observaram que o húmus de minhoca foi o que mais contribuiu para elevar a macroporosidade, favorecendo a aeração do substrato. O substrato comercial puro (não foi especificado qual o tipo) teve como característica maior microporosidade o que auxilia a retenção da água de irrigação. Drzal et al. (1999) e Schmitz et al. (2002) afirmam que o conteúdo de água retido no substrato é diretamente correlacionado com a distribuição dos poros por tamanho. Segundo o primeiro autor, os macroporos não retêm água sob força gravitacional, sendo estes, por conseguinte, responsáveis pela aeração das raízes. Ballester-Olmos (1992) explica que são os microporos aqueles responsáveis pela retenção de água. Levando-se em consideração que a repartição dos poros está diretamente associada à distribuição granulométrica (Ferraz et al., 2005), pode-se inferir, através da análise de granulometria, a respeito das diferenças obtidas nos resultados concernentes à capacidade de retenção de água (CRA). Conforme Substratos (2001), a granulometria dos substratos inorgânicos à base de areia lavada deve situar-se entre 0,05 e 2,0 mm. A Figura 2 mostra que os três substratos avaliados neste trabalho continham a maior parte das partículas nessa faixa de tamanho. Através da Tabela 1, pôde-se observar, porém, que o Esfagno obteve o maior valor de CRA. Isto se deve, de acordo com explicação de Ferraz et al. (2005), à maior proporção de partículas finas (observar duas últimas partições granulométricas com partículas menores que 0,30 mm), as quais se arranjam entre as mais grossas Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 formando poros de menor diâmetro, elevando assim a CRA. Esse fato também pode explicar a menor CRA do Plantmax, pela razão inversa. Embora, conforme já mencionado, os parâmetros relativos ao desenvolvimento radicular não demonstrem variações entre os tratamentos, sendo a aeração decorrente da presença de macroporos, é possível levantar a hipótese de que, uma vez tendo o substrato Plantmax menor CRA, portanto menor proporção de microporos em relação a macroporos, este detém a maior aeração. Isto também deve ser considerado para explicar as divergências nos demais parâmetros. Cabe lembrar que a aeração é essencial para a respiração das células radiculares e, portanto, para o desempenho das plantas em geral. A Tabela 1 mostra as análises de matéria orgânica, nitrogênio total e relação C/N dos substratos avaliados. Baseando-se em Verdonck et al. (1981) e Penningsfeld (1983), os quais estabeleceram o valor mínimo de 50% de matéria orgânica para substratos, Schmitz et al. (2002) estimam que os teores de carbono orgânico para substratos devem se situar acima de 25%. Os substratos avaliados no presente estudo satisfazem estes critérios. Segundo Substratos (2001), os compostos orgânicos destinados à fabricação de substratos devem ter inicialmente relação C/N de 30/1 a 40/1. Observando-se a Tabela 1 não foi possível, pelos parâmetros apresentados explicar as diferenças verificadas na produção de mudas de alface. A Tabela 1 mostra ainda o pH, os teores de macronutrientes, sódio, capacidade de troca catiônica (CTC), satu- ração por bases (V%) e micronutrientes dos substratos analisados adotando-se a metodologia para análise de solo atualmente adotada pelo IAC, descrita em Raij & Quaggio (1983). Observando a faixa de pH (em água) na qual há maior disponibilidade de nutrientes, Kämpf (2000) considera um valor ideal situado entre 5,2 e 5,5 para substratos de base orgânica e entre 6 e 7 para aqueles de base mineral. Levandose em conta os substratos avaliados constituírem-se preponderantemente de material orgânico, através da Tabela 1 pode-se verificar que todos os substratos estão acima e próximos da faixa de pH ideal para o respectivo material. Ressalte-se que as pequenas diferenças entre os valores alcançados pelos substratos não justificam as discrepâncias na resposta produtiva obtida ao final do ensaio. Com relação à CTC, o Esfagno foi o único dos substratos estudados a apresentar valor abaixo da faixa ideal de 120 mmolc/dm3 estabelecida por Penningsfeld (1983) para o cultivo em recipientes, com abastecimento esporádico de nutrientes. Destaca-se a maior CTC apresentada pelo substrato Plantmax, bem como os maiores teores de cálcio e magnésio em relação aos outros substratos, o que permite explicar, em parte, o melhor desempenho deste substrato em relação aos demais. Destacouse também o maior teor de zinco do Plantmax (30,6 mg/dm3), três vezes superior aos teores dos outros dois substratos. A Tabela 2 corresponde às análises químicas dos substratos conforme a metodologia adotada pelo IAC a qual vem sendo atualmente utilizada na rotina de análises de substratos por esta Instituição Científica. Quando confrontada com a Ta259 PE Trani et al. bela 1, evidenciam-se ainda mais as preponderantes concentrações de Ca e Mg no substrato Plantmax em relação aos demais substratos avaliados. Através desta análise também se destaca neste mesmo substrato, teor de enxofre de três e quatro vezes superior ao substrato G-III e ao Esfagno, respectivamente. Isto deve ser levado em consideração para se explicar os melhores resultados atingidos pelo Plantmax. Maas (1984) e Ayers & Westcot (1991), citados por Viana et al. (2001), mencionam ser a alface “moderadamente sensível” à salinidade, sofrendo a produção um decréscimo de 13% a cada aumento unitário de condutividade elétrica (CE) do extrato de saturação acima de 1,3 dSm-1. Andriolo et al. (2005) observaram redução no crescimento e na produção de massa fresca de plantas de alface cv. Vera quando os níveis de salinidade foram superiores a 2,0 e 2,6 dSm-1, respectivamente. Tais plantas foram cultivadas em areia e fertirrigadas com solução nutritiva. As mudas de alface neste experimento desenvolvidas nos substratos Esfagno, GIII e Plantmax com CE de 2,1; 2,5 e 3,0 dSm-1, respectivamente, não apresentaram sintomas de crestamento de folhas provavelmente devido ao efeito tampão destes substratos. Fabri (2004) observou que mudas de alface desenvolveramse melhor nos substratos constituídos de adubo de curral e húmus apresentando condutividade elétrica de 3,73 e 4,87 dSm-1, respectivamente. Provavelmente o poder tampão do material orgânico tem influência sobre a ação dos sais que podem prejudicar a germinação e o desenvolvimento das plântulas. Isto demonstra a importância no monitoramento constante dos materiais utilizados na formulação de substratos além da qualidade da água de irrigação. Nas condições deste experimento pode-se concluir que o substrato Plantmax PXHA foi superior aos outros dois materiais, para obtenção de mudas de alface destinadas ao cultivo comercial devido a algumas características químicas e nutricionais, como maiores teores de Ca, Mg, S e elevada CTC frente aos demais substratos avaliados. Quanto aos atributos físicos, pode-se considerar que a aeração provavelmente colaborou para melhor rendimento do referido substrato. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao laboratório LAGRO de Campinas (SP) e ao La260 boratório de Fertilidade do Solo do Instituto Agronômico de Campinas pela realização das análises físico-químicas dos substratos. REFERÊNCIAS ABREU MF; ABREU CA; BATAGLIA OC. 2002. Uso da análise química na avaliação da qualidade de substratos e componentes. In: ENCONTRO NACIONAL DE SUBSTRATOS PARA PLANTAS, 3, Campinas, 2002. Campinas: IAC, p. 17–28 (IAC. Documentos, 70). ALCARDE JC. 1982. 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Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 COSTA ND; RESENDE GM; SANTOS CAF; LEITE WM; PINTO JM. 2007. Características produtivas de genótipos de cebola no Vale do São Francisco. Horticultura Brasileira 25: 261-264. Características produtivas de genótipos de cebola no Vale do São Francisco Nivaldo D Costa1; Geraldo M de Resende1; Carlos AF Santos1; Wêydjane de Moura Leite2; José Maria Pinto1 1 Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2Bolsista DTI/CNPq; [email protected]; RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar a produtividade de genótipos de cebola no Vale do São Francisco, foram conduzidos dois experimentos, de abril a agosto de 2003 e 2004, na Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE. Usou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quinze genótipos e quatro repetições e quatorze genótipos e três repetições, respectivamente em 2003 e 2004. Em 2003, a produtividade total de bulbos variou de 29,5 a 59,6 t ha-1 e a comercial oscilou de 18,6 a 51,7 t ha-1. A massa fresca do bulbo variou de 104 a 186 g e os genótipos IPA-1 e Brisa apresentaram maior número de bulbos comerciais por parcela (113 bulbos). Em 2004, a produtividade total de bulbos variou de 30,4 a 58,4 t ha-1 e a comercial oscilou de 24,0 a 56,0 t ha-1. A massa fresca do bulbo variou de 86 a 160 g e os genótipos EX-07593000, Granex 429 apresentaram maior número de bulbos comerciais por parcela (126 e 124 bulbos, respectivamente). Pelos resultados, em função das características avaliadas, os genótipos EX-19013, EX-07595002, Encino, IPA-11, Brisa, TPC 91923, TPR 91970 e Ex-075593000, em 2003, e os genótipos EX-0759300, Granex-429, IPA-11, IPA-04 e Texas Grano 502, em 2004, foram os mais adaptados e com maior potencial para cultivo no Vale do São Francisco. Yield characteristics of onion genotypes in the São Francisco River Valley Palavras-chave: Allium cepa, adaptação, competição, rendimento. Two field trials were carried out at Embrapa Semi-Árido, Petrolina, Brazil. The experiment was carried out from April to August of 2003 and 2004, in a randomized complete block design. In 2003, fifteen genotypes and four replications were used and in 2004, fourteen genotypes and three repetitions were used. In 2003, the total yield of bulbs varied from 29.5 to 59.6 t ha-1 and the commercial yield varied from 18.6 to 51.7 t ha-1. The fresh mass of bulbs varied from 104 to 186 g and the genotypes IPA-11and Brisa showed the highest number of commercial bulbs per plot (113 bulbs). In 2004, the total yield of bulbs varied from 30.4 to 58.4 t ha-1 and the commercial yield varied from 24.0 to 56.0 t ha-1. The fresh mass of bulbs varied from 86 to 160 g and the genotypes EX-07593000 and Granex 429 showed the highest number of commercial bulbs per plot (126 and 124 bulbs, respectively). Based on the evaluated characteristics, the genotypes EX-19013, EX-07595002, Encino, IPA-11, Brisa, TPC 91923, TPR 91970 and EX-075593000, in 2003, and the genotypes EX-0759300, Granex-429, IPA-11, IPA-04 and Texas Grano 502, in 2004, were the best adapted and with the highest potential for planting in the São Francisco River Valley. Keywords: Allium cepa, adaptation, competition, yield. (Recebido para publicação em 10 de julho de 2006; aceito em 9 de abril de 2007) A cebola (Allium cepa L.), dentre as espécies oleracéas cultivadas pertencentes ao gênero Allium, é a mais importante sob o ponto de vista de volume de consumo e valor econômico (Souza & Resende, 2002). No Brasil, destacase ao lado da batata e do tomate como as mais importantes economicamente tanto pelo volume produzido, em torno de 1 milhão de t ano-1, como pela renda gerada. A cebolicultura nacional é uma atividade praticada principalmente por pequenos produtores e a sua importância sócio-econômica fundamenta-se não apenas em demandar grande quantidade de mão-de-obra, contribuindo na viabilização de pequenas propriedades, como, também, em fixar os pequenos produtores na zona rural, reduzindo desse modo a migração para as grandes cidades (Costa et al,, 2002). A produção mundial em 2005 foi de 57,4 milhões de toneladas, cultivadas em área de 3,2 milhões de hectares, o Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 que proporcionou uma produtividade média de 17,9 t ha-1 (FAO, 2006). A produtividade média nacional em 2004 situou-se em 17,9 t ha-1, e nos estados de Pernambuco e Bahia, maiores produtores do Nordeste, se alcançou produtividade média de 21,2 e 24,3 t ha-1, respectivamente (IBGE, 2005). Há relatos de diferentes produtividades da cebola, de acordo com o local de produção. No sul de Minas Gerais, a produtividade de bulbos comerciais oscilou entre 22,6 a 50,2 t ha-1, destacando-se as cultivares Granex 429 (50,2 t ha-1) e Texas Grano 502 (44,4 t ha-1), com menores rendimentos obtidos pela cultivar Chata Roxa com 22,6 t ha-1 e variações de 46,0 a 97,7 g para a massa fresca do bulbo (Resende et al., 2003). Vidigal et al. (2002) informam produtividades de 13,3 a 32,9 t ha-1 para o Norte de Minas Gerais. No Semi-Árido piauiense, As cultivares foram divididas em três grupos, de acordo com sua pro- dutividade: As cultivares do primeiro grupo (Vale Ouro IPA-11, Franciscana IPA-10 e Mercedes) apresentaram produtividade de bulbos comerciais oscilando de 40,5 a 43,7 t ha-1; No segundo grupo, as cultivares Princesa, Granex 33, Duquesa, Régia, Granex 429, Serrana, Composto IPA-6, Texas Grano 502 e Baia Periforme Precoce apresentaram produtividade variando de 38,9 a 34,6 t ha-1; e no terceiro grupo as cultivares Piraouro, Linda Vista, Granex Ouro, Conquista, Crioula e Belém IPA-9, produziram 32,4 t/ha a 26,9 t/ha (Duarte et al., 2003). Produtividades de bulbos comerciais variando entre 21,1 a 61,8 t ha-1 para as condições do Vale do São Francisco são relatadas por Costa et al. (2000), que destacaram as cultivares Texas Grano PRR (61,8 t ha-1), Granex 429 (58,3 t ha-1), Texas Grano 438 (57,0 t ha-1), Brownsville (55,4 t ha-1), Texas Grano 502 (53,9 t ha-1) e Houston (53,4 t ha-1) 261 ND Costa et al. Tabela 1. Produtividade total e comercial, massa fresca do bulbo e número de bulbos comerciais por parcela de genótipos de cebola (Commercial and total yield, fresh mass of bulbs and number of commercial bulbs in each parcel of onion genotypes). Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 2004. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Scott-Knott, a 5% de probabilidade (Average values followed from the same letter in the column did not differ through the Scott-Knott test, 5% probability). como mais produtivas. Resende et al. (2005) obtiveram produtividades totais de bulbos entre 19,1 a 45,1 t ha-1 entre diferentes genótipos, apresentando-se o genótipo Legend como o menos produtivo com 19,1 t ha-1. A produtividade comercial oscilou entre 15,6 a 43,1 t ha-1, sobressaindo-se os genótipos IPA-11, Superex, Sawana Sweet, EX-07595002, Brisa, TPR 91970, EX-19013 e EX07592000, como os que apresentaram maiores produtividades. O presente trabalho objetivou identificar genótipos de cebola mais adaptados que apresentem alto potencial para produção e que atendam o mercado consumidor nacional nas condições do Vale do São Francisco. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos em campo da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, de abril a agosto de 2003 e 2004; cujas coordenadas geográficas do local são 09o 09' de latitude Sul e 40o 22' de longitude Oeste e altitude de 365,5 m (Amorim Neto, 1989) e o solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distróferrico (Embrapa, 1999). O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com quin262 ze genótipos (Sawana Sweet, TPC 91923; TPR 91970; TPC 00607; LEGEND; TPR 91960; IPA-11; Encino; EX-07593000; EX-07595001; EX07592000; EX-19013; EX-07595002; Superex e Brisa) em três repetições em 2003, e quatorze genótipos (IPA-03, IPA-04, IPA-06, IPA-08, IPA-10, IPA11, Brisa, Texas Grano 502, Texas Grano 502 PRR, Red Creole, Granex 429, Alfa São Francisco ciclo IV, EX-19013 e EX07593000) em quatro repetições em 2004. Em sementeira semeou-se 10 g de sementes de cada genótipo por m². O transplantio foi efetuado aos 35 dias após a semeadura, em parcelas de 0,60 m de largura, por 6,0 m de comprimento com área útil de 3,60 m², que comportavam quatro linhas de cebolas, no espaçamento de 0,15 m x 0,20 m. As irrigações foram feitas por microaspersão com turno de dois dias. Utilizou-se adubo orgânico, esterco de curral curtido, na dose de 10 L por 3,60 m². Foram aplicados em fundação 180 kg ha-1 de P2 O5 e 20 kg ha-1 de N (uréia), e em cobertura 130 kg ha-1 de N, juntamente com o potássio (cloreto de potássio) na dose de 160 kg ha-1 de K2O aos 20; 30; 40 e 50 dias após o transplantio. Os fertilizantes foliares foram aplicados através de pulverizações semanais, na dose de 50 cc/20 L de água. Os tratos culturais e o controle fitossanitário foram os mesmos utilizados nos plantios convencionais. A colheita foi realizada quando em média 90% das plantas encontravam-se tombadas (estalo), conforme o ponto de colheita de cada genótipo. As plantas colhidas foram submetidas ao processo de cura, ficando por seis dias expostas ao sol e dois dias à sombra, efetuandose, em seguida, o corte da parte aérea. Avaliou-se a produtividade total (t ha-1) e comercial (t ha-1), sendo considerados como comerciais os bulbos com diâmetros maior que 35 mm (Costa et al., 2000), sendo os bulbos menores (diâmetro transversal inferior a 35 mm) computados apenas na produtividade total; massa fresca de bulbo comerciais (g) e número de bulbos comerciais. Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade (Scott & Knott, 1974). RESULTADOS E DISCUSSÃO A produtividade total de bulbos em 2003 (Tabela 1) variou de 29,5 a 59,6 t ha-1, destacando-se os genótipos TPR 91970 (59,6 t ha-1), EX-19013 (58,6 t ha-1), EX-07595002 (52,3 t ha-1), TPC 91923 (52,2 t ha-1), Encino (51,6 t ha-1), EX-07593000 (50,1 t ha-1), sem apresentarem diferenças significativas entre si. Estes resultados superam os obtidos por Resende et al. (2005) no Vale do São Francisco, que verificaram produtividades totais de bulbos entre 19,1 e 45,1 t ha-1, de diferentes genótipos. A produtividade comercial oscilou de 18,6 a 51,7 t ha-1, sobressaindo-se os genótipos EX-19013 (51,7 t ha-1), EX0759002 (48,6 t ha-1), IPA-11 (47,6 t ha-1), Brisa (46,6 t ha-1), TPC 91923 (45,5 t ha-1), TPR 91970 (45,2 t ha-1), Encino (48,3 t ha-1) e EX-075593000 (42,2 t ha-1) com as maiores produtividades sem diferirem entre si (variações de 42,2 a 51,7 t ha-1). Estes genótipos apresentaram incrementos na produtividade variando entre 135,8% e 188,8%, superiores à média nacional de 17,9 t/ha. Esses resultados são superiores aos obtidos por Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Características produtivas de genótipos de cebola no Vale do São Francisco Vidigal et al. (2002), que obtiveram produtividades variando de 13,3 a 32,9 t ha1 , todavia, inferiores aos obtidos por Costa et al. (2000) e Resende et al. (2003). Os genótipos TPR 91960 e EX07595001 apresentaram os menores desempenhos com 18,6 e 27,2 t ha-1 de bulbos. A massa fresca do bulbo variou de 104 a 186 g, não ocorrendo diferenças estatísticas entre os genótipos avaliados, com exceção do Ex-07595001, que apresentou a menor massa de bulbo (104 g bulbo-1). Esses resultados são similares aos obtidos por Resende et al. (2005), que obtiveram massas frescas dos bulbos de 119,33 a 221,00 g sobressaindose os genótipos Ex-07593001, IPA-11, EX-07595002 e Superex com as maiores massas. Os genótipos IPA-11 e Brisa apresentaram maior número de bulbos comerciais por parcela (113 bulbos), sem diferirem estatisticamente dos demais, exceto os genótipos Superex, EX07592000 e TPR 91960, que apresentaram menor número de bulbos (Tabela 1). Resende et al. (2005) relatam um número de bulbos comerciais por parcela pouco abaixo dos encontrados no presente trabalho, oscilando entre 84,0 e 101,0 bulbos. No ano 2004 (Tabela 2), obteve-se produtividade total de bulbos de 30,4 a 58,4 t ha-1, destacando-se os genótipos EX-07593000 (58,4 t ha-1), Granex 429 (58,1 t ha-1), IPA-11 (54,5 t ha-1), IPA-4 (50,8 t ha-1) e Texas Grano 502 (50,1 t/ ha), sem diferença estatística entre si. Estes resultados estão dentro da faixa de produtividade total informada por Costa et al. (2002), que obtiveram 41,3 a 74,7 t/ha de bulbos. A produtividade comercial oscilou de 24,0 a 55,2 t ha -1 , sobressaindo os genótipos Granex 429 (56,0 t ha-1), EX07593000 (55,2 t ha-1), IPA-11 (51,3 t ha-1), IPA-4 (47,9 t ha-1), Texas Grano 502 (47,1 t ha-1) e Brisa (41,8 t ha-1) como os mais produtivos. Estes genótipos obtiveram incrementos na produtividade, variando de 134,1 a 208,4% superiores à média nacional. Estes resultados se assemelham aos rendimentos obtidos por Duarte et al. (2003), entre 40,5 e 43,7 t ha-1, e dentro da faixa dos resultados encontrados por Costa et al. (2000), com produtividade Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 2. Produtividade total e comercial, massa fresca de bulbos e número de bulbos comerciais por parcela de genótipos de cebola (Commercial and total yield, fresh mass of bulbs and number of commercial bulbs in each parcel of onion genotypes). Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Scott-Knott, a 5% de probabilidade (Average values followed from the same letter in the column did not differ through the Scott-Knott test, 5% probability). entre 34,8 e 61,1 t ha-1 de bulbos comerciais. A massa fresca de bulbo variou de 86 a 160 g, destacando-se Texas Grano 502 (160 g bulbo-1) e IPA-3 (159 g bulbo-1); a pior performance foi apresentada pelos genótipos IPA-08, IPA-06 e Red Creole, não diferindo entre si. Estes resultados são inferiores àqueles obtidos por Resende et al. (2005), que verificaram massa fresca do bulbo entre 119,33 e 221,00 g. Os genótipos EX-07593000 e Granex 429 apresentaram maior número de bulbos comerciais por parcela (126 e 124 bulbos, respectivamente), sendo o pior desempenho obtido pelos genótipos IPA-03, Texas Grano 502 PRR, EX-19013 e Red Creole com variações de 78 a 81 bulbos parcela-1. Esses resultados são comparáveis aos obtidos por Resende et al. (2005) que observaram variações no número de bulbos comerciais por parcela entre 84,0 e 101,0 bulbos. O mercado consumidor nacional prefere bulbos de tamanho médio com massa entre 80 e 150 gramas (Souza & Resende, 2002; May, 2006); neste contexto, os genótipos avaliados obtiveram massas frescas de bulbo na faixa adequada ou pouco acima da preferência do consumidor nacional, fato este que pode provavelmente estar associado ao espaçamento adotado de 0,20 x 0,15 m, mas que pode ser sanado pelo uso de maiores densidades de plantio, conforme se pode observar em pesquisas realizadas por diversos autores (Candeia et al., 2001; Reghin et al., 2003; May, 2006). As maiores produtividades, massas frescas e número de bulbos comerciais obtidos pelos melhores genótipos devem-se provavelmente à sua melhor adaptação às condições edafoclimáticas regionais. Quando as condições climáticas não satisfazem as exigências do genótipo, especialmente o comprimento do dia (fotoperíodo) e temperatura, poderá ocorrer a não formação de bulbos, proporcionando um elevado índice de plantas improdutivas “charutos”; emissão de pendão floral e formação de bulbos pequenos (Galmarini, 1997), com conseqüente baixa produtividade. Neste contexto, depreende-se pelos resultados das características avaliadas, que os genótipos EX-19013, EX07595002, Encino, IPA-11, Brisa, TPC 91923, TPR 91970 e EX-075593000 (em 2003) e os genótipos EX-0759300, Granex 429, IPA-11, IPA-04 e Texas Grano 502 (em 2004), apresentam-se 263 ND Costa et al. como os mais adaptados e com maior potencial para cultivo nas condições do Vale do São Francisco. No entanto, justifica-se a necessidade de maiores pesquisas no sentido de estudar diferentes densidades de plantio que promovam menor diâmetro do bulbo, adequando estes à preferência do mercado consumidor nacional. REFERÊNCIAS AMORIM NETO MS. 1989. Informações meteorológicas dos Campos Experimentais de Bebedouro e Mandacaru, Petrolina, PE. Petrolina: EMBRAPA - CPATSA. 58p. (EMBRAPA – CPATSA. Documentos, 57). CANDEIA JA; MENEZES D; SANTOS VF; MENEZES JT. 2001. Desempenho agronômico de cultivares de cebola em Pernambuco. Horticultura Brasileira 19, Suplemento. CDROM. (Trabalho apresentado no 41° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2001). COSTA ND; RESENDE GM; DIAS RCS. 2000. Avaliação de cultivares de cebola em PetrolinaPE. Horticultura Brasileira 18: 57-60. 264 COSTA ND; LEITE DL; SANTOS CAF; FARIA; CANDEIA JA; VIDIGAL SM. 2002. Cultivares de cebola. Informe Agropecuário 23: 20-27. DUARTE RLR; VELOSO MEC; MELO FB; ATHAIDE SOBRINHO C; RIBEIRO VQ; SILVA PHS. 2003. 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Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 comunicação científica GUIMARÃES MA; SILVA DJH; FONTES PCR; CALIMAN FRB; LOOS RA; STRINGHETA PC. 2007. Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos a poda apical e de cachos florais. Horticultura Brasileira 25: 265-269. Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos a poda apical e de cachos florais Marcelo de A Guimarães; Derly José H da Silva; Paulo Cézar R Fontes; Fabiano Ricardo B Caliman; Rodolfo A Loos; Paulo C Stringheta UFV, Depto.de Fitotecnia, 36571-000 Viçosa-MG; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se experimentalmente o efeito da poda apical e de cachos florais na produção e sabor dos frutos de tomateiro (maio a novembro de 2002), utilizando delineamento em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e sete repetições, com oito plantas por parcela. Foram utilizadas mudas do cultivar Kindyo, de hábito de crescimento indeterminado. Os tratamentos utilizados foram (A) retirada do 1o cacho floral e desponta acima do 7o.cacho floral; (B) igual a A, porém sem desponta e com retirada dos cachos florais acima do 7o.cacho; (C) sem retirada do 1o.cacho floral e com desponta acima do 6o. cacho floral; (D) igual a C, porém sem desponta e com retirada dos cachos florais acima do 6o.cacho; (E) sem desponta e sem retirada de cachos florais, porém com avaliação apenas dos seis primeiros cachos florais. Os frutos foram colhidos, classificados e pesados semanalmente após atingirem o estádio maduro (100% vermelho) e os dados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p<0.05). A remoção do primeiro cacho floral foi prejudicial à produção comercial de frutos de tomate. A manutenção do crescimento da planta, com remoção dos cachos florais acima do sexto, sem a retirada do primeiro cacho floral (tratamento D), possibilitou aumento da produção de frutos de tamanho grande (101,5 t ha-1), diferenciando-se estatisticamente dos demais tratamentos (tratamento A: 74,9; B: 71,4; C: 80,3; E: 78,9 t ha-1). No entanto, para a produção comercial, o tratamento D (127,7 t ha-1) diferiu significativamente apenas dos tratamentos A e B (106,6 e 99,4 t ha-1, respectivamente). Para as características produção total, sabor, ºBrix e pH, cujas médias foram respectivamente: 149,4 t ha-1; 13; 4,32% e 4,34, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. Production and flavor of tomato fruits subjected to top-shoot and floral cluster pruning Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, sistemas de condução, produção, classificação, ºBrix, pH. The effect of top-shoot and floral cluster pruning on the production and flavor of the tomato fruits were experimentally evaluated (May to November of 2002). The experimental design was of randomized blocks, with five treatments, seven replications, and eight-plant plots. Seedlings from cultivar Kindyo of indeterminate growth habit, were used. Treatments were: (A) pruning of the 1st floral cluster and top-shoot pruning above the 7th floral cluster; (B) same as A, but without top-shoot pruning and with pruning of the floral clusters above the 7th cluster; (C) without pruning the 1st floral cluster, but with top-shoot pruning above the 6th floral cluster; (D) same as C, but without top-shoot pruning and with pruning of floral clusters above the 6th.; (E) without top-shoot and floral cluster pruning, but evaluating only the first six floral clusters. Tomato fruits were harvested, graded and weighed in a week basis, after reaching maturity (100% red). Data were submitted to variance analysis and Tukey’s test (p<0.05). Pruning of the 1st floral cluster was detrimental for commercial production of tomato fruits. The preservation of plant growth in combination with pruning of floral cluster above the sixth, without pruning the first floral cluster (treatment D), significantly increased the production of large fruits (101.5 t ha-1) in relation to the other treatments (treatment A: 74.9; B: 71.4; C: 80.3; E: 78.9 t ha-1). However, for commercial production, treatment D (127.7 t ha-1) significantly differed only from treatments A and B (106.6 and 99.4 t ha-1, respectively). For total production, flavor, ºBrix, and pH, whose averages were respectively 149.4 t ha1 ; 13; 4,32%, and 4,34, there were no significant differences. Keywords: Lycopersicon esculentum, conduction systems, production, gradetion,ºBrix, pH. (Recebido para publicação em 5 de fevereiro de 2006; aceito em 3 de maio de 2007) O crescimento das plantas depende da fotossíntese e da translocação de fotoassimilados dos sítios de fixação de carbono nos diferentes tecidos fotossintéticos para os locais de utilização ou armazenamento (Silvius et al., 1978). Segundo Tanaka et al. (1974), esta dinâmica de crescimento permite evidenciar unidades fonte-dreno na planta de tomate (Lycopersicon esculentum Mill), onde as folhas são fontes de fotoassimilados e, os frutos, Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr-jun. 2007 os principais drenos. Durante o crescimento, os fotoassimilados são armazenados temporariamente sob a forma de amido e açúcares e podem ser exportados para outros órgãos da planta (Verkley & Chaela, 1988). A relação fonte/dreno pode influenciar a produção total por planta, bem como o tamanho e peso individual dos frutos (Peluzio et al., 1999). Alterações na arquitetura da planta, como poda apical (muito realizada por produtores) e retirada de cachos, são ações que podem ser adotadas visando modificações nesta relação de tal forma a obter não apenas maior produção de frutos, mas principalmente frutos de maior tamanho e melhor sabor, preferidos pelo mercado consumidor. De acordo com Acock (1978) o aumento do tamanho dos frutos é influenciado pela penetração da radiação solar dentro do dossel, pois o terço superior dos tomateiros, representando 23% da área foliar total da planta, 265 MA Guimarães et al. pode interceptar cerca de 73% da radiação solar total incidente, sendo responsável por mais de 60% da assimilação líquida de fotoassimilados. Contudo, o possível aumento de fotoassimilados na planta pode ocasionar maior quantidade de frutos por cacho, devido à queda de abortamento floral em função da limitação na disponibilidade de fotoassimilados (Bertin & Heuvelink, 1993; Bertin, 1995; Heuvelink, 1996), bem como o aumento no tamanho do fruto e melhoria no sabor destes (Caliman, 2003). O teor de sólidos solúveis é uma das principais características dos frutos no que diz respeito ao sabor, visto que é nesta fração que se encontram os açúcares e os ácidos. Este teor é também indicador da qualidade dos frutos e dos seus subprodutos. Quanto maior for o teor de sólidos solúveis, maior será o rendimento industrial. Entretanto, de acordo com Dorais et al. (2001) e Caliman (2003), o conteúdo de sólidos solúveis é inversamente proporcional à produção do tomateiro. Existe pouca informação sobre a produção de tomateiro sob o efeito da eliminação de cachos florais com a manutenção do crescimento da planta. A maioria dos trabalhos realizados com podas se refere à poda apical ou desponte (Oliveira et al., 1995; Peluzio et al., 1995), poda de frutos (Cruces & Valdés, 1994; Heuvelink & Buiskool, 1995; Andriolo, 1999) e poda de folhas (Andriolo & Falcão, 2000; Sandri et al., 2002). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da poda apical e de cachos na produção e sabor dos frutos de tomateiro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, de maio a novembro de 2002. Segundo a classificação de Köppen, o clima regional é do tipo Cwa, com umidade relativa média anual do ar de 80%, temperatura média anual de 21oC e precipitação anual média de 1.341 mm (Peluzio et al., 1999). O solo é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo, fase terraço com os valores: pH = 6,0; P = 74,5 266 mg dm-3; K = 170 mg dm-3; Ca2+ = 4,1 cmolc dm-3; Mg2+ = 0,7 cmolc dm-3; Al3+ = 0,0 cmolc dm-3; H + Al = 2,64 cmolc dm-3; CTC (T) = 5,23 cmolc dm-3 e V = 66%, determinados em laboratório de análise de solo. Para a realização do experimento, o solo foi arado, gradeado e sulcado (0,15 m de profundidade). A adubação foi realizada segundo Filgueira et al. (1999) e Fontes (1999), colocando-se os fertilizantes no sulco. As mudas foram produzidas em bandejas de isopor de 128 células, sob ambiente protegido, onde permaneceram por 21 dias após o semeio, realizado em 14 de maio de 2002. Foram utilizadas mudas da cultivar Kindyo (Grupo Santa Cruz), de hábito de crescimento indeterminado. O transplantio foi realizado quando as mudas possuíam cerca de quatro folhas definitivas. O espaçamento entre plantas foi de 1,0 m x 0,5 m, sendo as mesmas tutoradas com fitilho e conduzidas com uma haste/ planta (Marim et al., 2001). Tratos culturais como capinas, irrigações suplementares e controle químico de pragas e doenças foram realizados à medida que se fizeram necessários. O experimento foi conduzido em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e sete repetições, totalizando 35 parcelas. Os tratamentos aplicados foram: (A) retirada do 1º.cacho e desponta acima do 7º.cacho; (B) igual a A, porém sem desponta e com retirada dos cachos acima do 7º; (C) sem retirada do 1º.cacho e com desponta acima do 6º; (D) Igual a C, porém sem desponta e com retirada dos cachos acima do 6º; (E) sem desponta e sem retirada de cachos, porém com avaliação apenas dos seis primeiros cachos. A partir de colheitas semanais, os frutos foram classificados e pesados (MARA, 1995). Determinou-se a produção por classe de tamanho, considerando como frutos grandes aqueles com diâmetro >60 mm; médios, os frutos com diâmetro entre 50 e 60 mm e, pequenos, os frutos com diâmetro entre 40 e 50 mm. Somando-se as classes de tamanho obteve-se a produção comercial (PC). Determinou-se ainda a produção de frutos com defeito (PFD) e a produção total (PT = PC + PFD). No tocante à qualidade, frutos colhidos no estádio completamente madu- ro foram avaliados quanto ao (a) sabor, obtido pela relação sólidos solúveis totais/acidez titulável (Kader, et al., 1978); (b) acidez titulável, expressa em % de ácido cítrico; (c) pH e; (d) sólidos solúveis totais, expresso em °Brix. Para determinação da acidez, pH e °Brix utilizou-se a metodologia de Pregolato & Pregolato (1985). As análises foram realizadas em laboratório da UFV. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p<0.05), utilizando o Sistema para Análises Estatísticas – SAEG (Ribeiro Júnior, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se significativa diferença no tamanho dos frutos, na produção comercial, na produção de frutos com defeito e no número de folhas de tomateiros submetidos aos tratamentos deste experimento, mas não na produção total (Tabela 1). A maior produção de frutos grandes (PFG) foi obtida no tratamento D (sem retirada do 1o.cacho e sem desponta, mas com retirada dos cachos acima do 6o.cacho) (Tabela 1). Para as demais classes de tamanho, não houve diferenciação estatisticamente tão marcante quanto a observada para a produção de frutos grandes. Para produção de frutos médios, o tratamento E (sem desponta e sem retirada de cachos, mas com avaliação apenas dos seis primeiros cachos) superou significativamente apenas o tratamento B (retirada do 1o.cacho e dos cachos acima do 7o, mas sem desponta), com os demais tratamentos sendo semelhantes a ambos (Tabela 1). Para produção de frutos pequenos, o tratamento E superou significativamente apenas os tratamentos C (sem retirada do 1o.cacho e com desponta acima do 6o.cacho) e D, com os demais tratamentos sendo semelhantes a ambos (Tabela 1). Na produção comercial de frutos (PC), o tratamento D apresentou valores estatisticamente superiores aos tratamentos A (retirada do 1o.cacho e desponta acima do 7o.cacho) e B (igual a A, porém sem desponta e com retirada dos cachos acima do 7o), sendo semelhante aos demais, enquanto o tratamento E superou significativamente apenas o traHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos a poda apical e de cachos florais tamento B (Tabela 1). Os tratamentos C, D e E foram os que apresentaram a menor produção de frutos com defeito (Tabela 1). Para as características produção total, sabor, ºBrix e pH, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos aplicados. De acordo com Oliveira et al. 1995, o maior número de frutos de tamanho grande ocorre nos cinco primeiros cachos da planta de tomateiro, o que os torna os mais produtivos em termos comerciais. Isto poderia justificar a menor produção comercial e de frutos de tamanho grande para os tratamentos A e B, cujo primeiro cacho foi removido. Tanaka et al. (1974) observaram aumento no tamanho dos frutos do segundo e terceiro cachos, quando da remoção do primeiro. Este aumento, segundo os autores, foi devido ao menor número de drenos e conseqüentemente maior disponibilidade de fotoassimilados para os demais cachos. No presente trabalho, esta hipótese foi testada através dos tratamentos A e B, porém não foi obtido o resultado sugerido por Tanaka et al. (1974). Da mesma forma, os resultados obtidos não possibilitaram confirmar que a poda apical poderia induzir o aumento de tamanho dos frutos, como sugerido por Maschio & Souza (1982) e Campos et al. (1987). Nesta pesquisa, o tratamento D (sem retirada do 1o.cacho e sem desponta, mas com retirada dos cachos acima do 6o.cacho) possibilitou maior produção de frutos de tamanho grande, diferenciando-se significativamente dos tratamentos A e C, onde foi utilizada a poda apical. O provável motivo da maior quantidade de frutos de tamanho grande associada ao tratamento D seria a manutenção do crescimento da planta com a remoção dos cachos. Ao manter-se a emissão de novas folhas, a capacidade fotossintética das plantas mantém-se alta. De acordo com Acock (1978), cerca de 73% da radiação que chega ao dossel da cultura do tomateiro é interceptada pelo terço superior das plantas, que possuem capacidade de assimilação líquida de CO2 de 64%. No caso do tratamento D, conforme a planta se desenvolvia, ela era enrolada no fitilho (tutorada), de forma que não só o Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Produção de frutos grandes, médios e pequenos, produção comercial, producão de frutos com defeito e número de folhas por planta de tomate em função da poda apical e de cachos. (Production of large, medium, and small fruits, marketable production, production of defective fruits, and number of leaves per tomato plant as function of top-shoot and floral cluster pruning). Viçosa, UFV, 2002. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the same letter on the column did differ from each other, Tukey´s test, p<0,05); 1 /Tratamentos/treatments: (A) retirada do 1o.cacho e desponta acima do 7 o.cacho (pruning of the first floral cluster and of the top-shoot above the 7th floral cluster); (B) igual a A, porém sem desponta e com retirada dos cachos acima do 7o.(same as A, but without top-shot pruning and with pruning of floral clusters above the 7th); (C) sem retirada do 1o.cacho e com desponta acima do 6o.cacho (preservation of the first floral cluster and pruning of the top-shoot above 6th floral cluster); (D) igual a C, porém sem desponta e com retirada dos cachos acima do 6o.(same as in C, but without top-shoot pruning and with pruning of all floral clusters above the 6th); (E) sem desponta e sem retirada de cachos, porém com avaliação apenas dos seis primeiros cachos (neither top-shoot, nor floral cluster pruning, but taking into evaluation only the first six floral); 2/PFG = produção de frutos grandes (large fruit production), PFM = produção de frutos médios (medium fruit production), PFP = produção de frutos pequenos (small fruit production), PC = produção comercial (marketable production), Defeito = produção de frutos com defeito (defective fruit production), NFOL = número de folhas (number of leaves). terço superior, mas toda a planta recebia radiação direta, possibilitando aumento na interceptação da radiação e conseqüentemente aumento na assimilação de CO2. Uma outra possível justificativa para esta maior produção de frutos de tamanho grande pelo tratamento D, pode ser o fato de que, ao se preservar a gema apical da planta, principal ponto de produção de ácido indol acético (AIA), tenha ocorrido um atraso no início da abscisão foliar (Taiz & Zieger, 2004) e também a contínua formação de raízes laterais e adventícias na planta (Celenza et al., 1995). Estas duas funções promovidas pela auxina, foram verificadas em plantas de Arabidopisis thaliana e poderiam ser responsáveis também pela alta relação fonte/dreno ao longo do desenvolvimento da planta de tomateiro. No tratamento E, considerado como testemunha do trabalho, observou-se menor produção de frutos de tamanho grande entre os tratamentos em que não foram removidos os primeiros cachos e nem foram efetuados despontes (D e E). No entanto, neste tratamento a produ- ção de frutos de tamanho médio e pequeno foi alta, o que poderia ser justificado pelo fato de que mesmo com a emissão de novas folhas houve também a emissão de novos cachos que, ao não serem removidos, competiram pelos fotoassimilados produzidos pelas folhas novas. Apesar de não ter havido diferença significativa entre os tratamentos C, D e E, para a produção comercial de frutos, é importante salientar que o mercado paga cerca de 40% a mais pelos frutos de tamanho grande em comparação aos de tamanho médio e, cerca de 30%, para os de tamanho médio em relação aos frutos de tamanho pequeno (Ceagesp, 2004; CeasaMinas, 2004; CeasaCampinas, 2004). Portanto, parece ser economicamente viável a utilização de métodos de manejo que proporcionem maior produção de frutos de tamanho grande em detrimento das demais classes de tamanho de fruto. Para as características relacionadas ao sabor dos frutos não foi verificada diferença significativa para nenhuma das características avaliadas. De acor267 MA Guimarães et al. do com Kader et al. (1978) e Mencarelli & Salveit Junior (1988), os frutos de tomate podem ser considerados saborosos quando possuem relação sólidos solúveis totais/acidez titulável superior a 10 e isto foi verificado para todos os tratamentos realizados, o que caracteriza todos os frutos produzidos como adequados para o consumo in natura. Apesar de não ter ocorrido variação no teor de sólidos solúveis, sabe-se que esta característica relacionada ao sabor é função da atividade fotossintética das plantas, sendo que os açúcares, principalmente glicose e frutose, representam cerca de 65% dos sólidos solúveis totais de frutos do tomateiro (Ho & Hewitt, 1986). Vale ressaltar que, para os valores de concentração de sólidos solúveis totais, a média entre os tratamentos foi superior a 4, superior portanto ao observado por Ferreira (2001), que obteve valores entre 3,57 e 3,75 para frutos da cultivar Santa Clara produzidos em campo. Os altos valores encontrados podem estar relacionados diretamente à intensidade luminosa. A alta intensidade lumínica, dentro de limites que não causem danos ao aparato fotossintético (Taiz & Zieger, 2004), eleva a atividade fotossintética das folhas, possibilitando maior acúmulo de açúcares nos frutos mesmo sob aplicação de diferentes tratamentos. A manutenção do sabor dos frutos frente aos diferentes tratamentos utilizados nesta pesquisa, contradiz alguns dados apresentados na literatura. Segundo Caliman (2003), há correlação negativa entre o sabor do fruto e o aumento de produtividade para a cultivar Santa Clara. Stevens & Rudich (1978) também observaram correlação negativa entre um aumento de produtividade das plantas e a qualidade dos frutos. Estes autores atribuem esta correlação negativa à limitada capacidade fisiológica da planta em fornecer matéria-prima em quantidade adequada ao suprimento de elevadas produções e a manutenção da qualidade do fruto sob tais condições. É importante ressaltar que tanto Caliman (2003) quanto Stevens e Rudich (1978), realizaram poda apical nas plantas, limitando desta forma a capacidade fisiológica das mesmas. O aumento na atividade fotossintética da planta pode ser uma 268 forma de se obter elevadas produtividades sem afetar negativamente a qualidade do fruto. Conforme Ho (1999), a manutenção da planta emitindo folhas, tutorando-a de forma a maximizar a incidência de luz, e otimizando a densidade de plantio, favorece maior interceptação de luz pelo dossel, promovendo melhor qualidade dos frutos mesmo sob altas produtividades. Os resultados alcançados neste trabalho permitem concluir que a remoção do primeiro cacho é prejudicial à produção comercial de frutos de tomate. A manutenção dos seis primeiros cachos fisiológicos da planta, juntamente à manutenção do crescimento desta, com poda dos demais cachos, possibilita aumento na produção de frutos de tamanho grande, não interferindo nas características de sabor destes. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelo apoio financeiro, e ao Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, pela formação acadêmica. REFERÊNCIAS ACOCK B. 1978. The contribution of leaves from different levels within a tomato crop to canopy net photosynthesis: an experimental examination of two canopy models. Journal of Experimental Botany 29: 815-827. ANDRIOLO JL. 1999. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: ed. UFSM. 142p. ANDRIOLO LJ; FALCÃO LL. 2000. 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Densidade de plantas e métodos de colheita na multiplicação de batatasemente em vasos Ricardo M Corrêa; José Eduardo BP Pinto; Érika S Reis; Aline B Monteiro; César Augusto BP Pinto; Valdemar Faquin UFLA, C. Postal 3037, 37200-000 Lavras-MG; [email protected] RESUMO ABSTRACT Por apresentar volume limitado de substrato, o plantio em vasos pode levar a uma reduzida taxa de multiplicação de tubérculos de batata. Objetivou-se estudar a multiplicação de tubérculos-semente pré-básicos de batata em vasos, em função da densidade de plantas e dos métodos de colheita. Os ensaios foram conduzidos em ambiente protegido com tela antiafídeo, em vasos de 3 L. Em ambos os ensaios foram utilizadas plântulas livres de vírus. No primeiro ensaio foram avaliadas as cultivares Monalisa e Ágata e dois métodos de colheita (única e escalonada, com colheitas a cada 30 dias), em um fatorial 2 x 2 em delineamento inteiramente ao acaso, com seis repetições e parcelas de quatro vasos, com uma plântula por vaso. No segundo ensaio, foi utilizada apenas a cultivar Monalisa e foram avaliadas cinco densidades de plantio, de 1 a 5 plantas por vaso (25 a 125 plantas m-2) nas épocas de primavera/verão e outono/inverno. Estes ensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente ao acaso, com quatro repetições de quatro vasos cada. Não houve efeito significativo do método de colheita sobre o número total de brotos. Ao contrário, maior comprimento e massa fresca de tubérculos foram obtidos na colheita única. A cultivar Ágata produziu significativamente mais tubérculos por planta que a cultivar Monalisa, embora esta tenha produzido tubérculos de maior comprimento e massa. Em relação à densidade de plantio, na primavera/verão cada planta adicionada ao vaso (0,04 m2 para cada planta adicionada) proporcionou um incremento de 2,69 tubérculos por vaso (67,25 tubérculos m-2), enquanto, no inverno, o incremento foi de 4,36 tubérculos por vaso (109 tubérculos m-2). Por outro lado, o aumento na densidade levou à redução em média de 3,20 g na massa fresca dos tubérculos para cada planta adicionada ao vaso no experimento de inverno. No experimento conduzido na primavera/verão a densidade de plantio não influenciou o peso fresco dos tubérculos. Plant density and harvest methods for potato seed tuber multiplication in pots Palavras-chave: Solanum tuberosum L., semente pré-básica, número de plantas por vaso, escalonamento de colheita. The limited volume of substrate might reduce tuber multiplication rates when production is carried out in pots. The results of potato seed tubers multiplication in pots are presented in this publication, taking into account different plant densities and harvest methods. Experiments were carried out in an aphid-proof screenhouse, with 3 L pots, using virus-free seedlings previously acclimatized. In the first experiment, cultivars Monalisa and Agata, and two harvest systems were evaluated (single destructive and sequential 30-day intervals non-destructive harvests) in two seasons, namely spring/ summer and autumn/winter. The experimental design was completely randomized, in a 2 x 2 factorial scheme, with six replications, fourpot plots and one seedling per pot. In the second experiment, potato seedlings from cultivar Monalisa were transplanted to pots according to the density treatments, from 1 to 5 seedlings per pot (25 to 125 plants m -2 ). The experiment was carried out in a completely randomized design with four replications and four-pot plots. Larger tuber yield per plant was obtained under non-destructive harvest for both cultivars. Instead, larger tuber length and fresh weight were observed in the single destructive harvest. Cultivar Agata outyielded cultivar Monalisa in number of tubers, although the latter produced longer and heavier tubers. Regarding plant density, each additional plant per pot (0.04 m2 per plant), yielded 2.69 extra tubers per plant) (67.25 tubers m-2) in the spring/summer experiment and 4.36 extra tubers (109 tubers m-2) in the winter experiment. Nevertheless, the increase in density led to an average decrease of 3.20 g in tuber fresh weight per additional plant. In the spring/summer experiment, plant density had no significant influence on tuber fresh weight. Keywords: Solanum tuberosum L., potato seed tuber, number of plants per pot, non-destructive harvest. (Recebido para publicação em 01 de setembro de 2005; aceito em 20 de maio de 2007) A semente é uma unidade que merece atenção especial em toda a cadeia produtiva da batata, pois, a partir da sua qualidade, do seu potencial e vigor é que se vislumbra e se persegue a oportunidade de atender ao consumidor com produtos de melhor qualidade e preço (Paes & Silva, 2003). Desta forma, é essencial buscar sistemas eficientes de produção de batata-semente visando à redução do seu custo de produção e mantendo sua qualidade fisiológica. Atualmente, existem diversos re270 cipientes para plantio de tubérculos-semente como vasos, sacos plásticos, bandejas de isopor ou materiais biodegradáveis. Estes recipientes, quando associados a substratos com boa capacidade de drenagem e retenção de água, proporcionam altas produtividades em sistemas de telado ou estufa (Ferreira & Bittencourt, 2003). Diversos são os estudos de produção de batata-semente em vasos (Lommen & Struik, 1992; Lommen, 1995; Ahloowalia, 1999; Grigoriadou & Leventakis, 1999; Nowak et al., 1999; Assis et al. 2000). Lommen (1995), estudando os fatores básicos na produção e desempenho de tubérculos de batata, utilizou vasos de plástico em seus ensaios em casa-de-vegetação e verificou que a colheita escalonada comprometia o sistema radicular, levando à quebra de dominância apical (acarretou mudanças no particionamento de fotoassimilados) e estresse nas raízes (compromete a absorção de água e posterior desenvolvimento da planta). Lommen & Struik Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Densidade de plantas e métodos de colheita na multiplicação de batata-semente em vasos (1992), no trabalho de produção de tubérculos de batata em vasos em função de várias colheitas, também observaram efeitos negativos do método de colheita escalonada na produção de tubérculos, indicando que as plantas completaram o ciclo rapidamente, devido às condições adversas como temperatura elevada, densidade de plantas e a própria colheita escalonada, que danificou o sistema radicular e acelerou a senescência das plantas. A densidade de plantas por vaso é também fator importante na produção de batata-semente em vasos. Lommen (1995) utilizou seis plantas por vaso, na tentativa de obter alta densidade de plantas (350 plantas m-2). Augustin (2004), utilizando diversos substratos à base de casca de arroz, verificou que a densidade de seis plantas por vaso era exatamente a densidade que proporcionava a maior produção média de tubérculossemente por vaso. Já Roettger (1987) relata que, a produção de batata-semente nas Filipinas é feita utilizando vasos de 3 L, com densidade de quatro plantas por vaso. O objetivo do presente trabalho foi estudar a produção de sementes pré-básicas de batata em vasos, em função do método de colheita e da densidade de plantas. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos em laboratório na Universidade Federal de Lavras (UFLA), de junho a dezembro de 2003. Foram utilizados nos ensaios as cultivares Monalisa e Ágata. As plântulas pré-estabelecidas em cultura de tecidos (isentas de viroses pelo teste de indexação), com cerca de 4 a 6 cm de comprimento, foram retiradas dos frascos (300 mL) e aclimatadas em bandejas de isopor com o substrato Plantmax®. A aclimatação foi feita em casa-de-vegetação sob sombrite e com irrigação por aspersão, elevando-se gradativamente a luminosidade e reduzindo a irrigação. Em ambos os ensaios, os dados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando-se o aplicativo SISVAR, versão 4.3 (Ferreira, 2000). Ensaio I: Métodos de colheita Foi realizado na época de inverno na região Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 sul de Minas Gerais (junho a agosto de 2003). As plântulas foram transplantadas em vasos de 3 L (1 plântula por vaso), colocados em canteiros suspensos de alvenaria, no interior de uma casade-vegetação com tela antiafídeo. O substrato utilizado nos vasos foi Plantmaxâ, ocupando aproximadamente 70% do volume, sendo o restante reservado para a amontoa. Os vasos foram dispostos lado-a-lado, de forma a manter um espaçamento de 20 cm entre plantas (distância entre o ponto médio de cada vaso). Após 10 dias, foi realizada a adubação de cobertura com sulfato de amônio (5 g vaso-1), juntamente com a amontoa. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis repetições, cada uma composta por quatro vasos. Os tratamentos foram arranjados em um fatorial 2 x 2, correspondendo às cultivares Monalisa e Ágata e a dois métodos de colheita (único e escalonado). Na colheita única todos os tubérculos foram colhidos no final do ciclo, 90 dias após o plantio. As colheitas escalonadas foram realizadas 30, 60 e 90 dias após o plantio. Na colheita escalonada, as plantas foram retiradas cuidadosamente do substrato e os tubérculos maiores que 2 cm foram colhidos. Posteriormente, as plantas foram colocadas novamente nos vasos para que fosse efetuada a próxima colheita em 30 dias. Os tubérculos, depois de colhidos, foram tratados com thiabendazol e kazugamicina e armazenados em câmara fria sob temperatura de 4ºC e umidade relativa de 90%. Ao final do experimento foram analisados o número de tubérculos por planta e o comprimento e massa fresca dos tubérculos. Após cinco meses de armazenamento, os tubérculos foram retirados da câmara fria para avaliação da brotação. O teste de brotação consistiu em colocar os tubérculos em local ventilado, com luz difusa, em caixas de papelão suspensas de 30 x 30 x 30 cm a 20 cm do piso. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições de 50 tubérculos cada, mantendo-se os mesmos tratamentos utilizados para produção dos tubérculos. As brotações foram avaliadas 30 dias após a retirada dos tubérculos da câmara fria, contando-se o número de brotos por tubérculo e medindo o comprimento dos respectivos brotos. Ensaio II: Densidade de plantas O ensaio foi conduzido em duas épocas distintas: a) primavera/verão de 2003 (setembro a dezembro), em temperaturas mais elevadas e b) outono/inverno de 2004 (maio a julho). Plântulas da cultivar Monalisa aclimatadas foram transplantadas para vasos de 3 L, colocados em canteiros de alvenaria suspensos em casa-de-vegetação com tela antiafídeos. Neste experimento, utilizou-se sombrite 50% acima das plantas. O enchimento dos vasos e a adubação foram executados conforme relatado no primeiro ensaio. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e parcelas de quatro vasos. Os tratamentos corresponderam a densidades de plantio, de uma a cinco plantas por vaso (25 a 125 plantas m-2). A colheita foi realizada ao final do ciclo (colheita única). Foram analisados o número total de tubérculos por vaso e comprimento e massa fresca dos tubérculos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Métodos de colheita A interação cultivar x método de colheita foi significativa (p<0,05) para número de tubérculos por planta. Ainda assim, verificouse que o número de tubérculos produzidos foi superior na colheita escalonada em comparação com a colheita única para ambas as cultivares (Tabela 1). A significância da interação deveu-se à magnitude da resposta das cultivares ao método de colheita: enquanto a cultivar Monalisa produziu, em média, o dobro de tubérculos na colheita escalonada em relação à colheita única, 12,4 e 6,2 tubérculos planta-1, respectivamente. A cultivar Ágata produziu, em média, 60% mais tubérculos na colheita escalonada (12,5 tubérculos planta-1) do que na colheita única (7,8 tubérculos planta-1). O comprimento dos tubérculos e a massa fresca também foram influenciados pela cultivar e método de colheita (p<0,05). Com a colheita única observaram-se tubérculos de maior comprimento médio e massa fresca mais elevada para ambas as cultivares em comparação à colheita escalonada (Tabela 1). A 271 RM Corrêa et al. Tabela 1. Número total de tubérculos planta-1, comprimento médio e massa fresca média de tubérculos de batata conduzidos em vasos em função de cultivares e métodos de colheita (Total number of tuber plant-1, average length and fresh weight of potato tubers planted in pots as a result of cultivars and harvest methods) Lavras, UFLA, 2003. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, para cada variável resposta, não diferem entre si, teste de Tukey, p<0,05 (Means followed by the same small letter in the column and capital letter in the row, for each variable, did not differ from each other, Tukey´s test, p<0,05). Tabela 2. Número total de brotos tubérculo-1 e comprimento de brotos de tubérculos de batata após cinco meses de armazenamento (Total number of sprouts tuber-1 and sprout length in potato tubers after five months of storage). Lavras, UFLA, 2003. Médias seguidas de mesma letra na coluna, para cada variável resposta, não diferem entre si, teste Tukey, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column, for each variable, did not differ from each other, Tukey´s test, p < 0,05); * Média de brotos de 50 tubérculos. Para a colheita escalonada, o número de brotos por tubérculo refere-se aos valores médios das colheitas de 30, 60 e 90 dias. Análise realizada sobre valores transformados para (x + 1)½ (Average number of sprouts for 50 tubers. For the sequential harvest, the number of sprouts tubers-1 refers to the average value between the harvests carried out 30, 60, and 90 days after planting. Analysis was performed over values transformed to (x + 1)½). cultivar Monalisa produziu tubérculos mais compridos e de massa fresca mais elevada que a cultivar Ágata nos dois métodos de colheita (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Lommen (1995) com as cultivares Ostara e Bintje cultivadas em vasos plásticos. A possível explicação para a maior produção de tubérculos por planta na colheita escalonada está relacionada à relação fonte-dreno e ao estímulo à tuberização. De acordo com Lommen (1995), na colheita única, os fotoassimilados são direcionados para o crescimento dos tubérculos, que são colhidos somente ao final do ciclo. Com isto, as plantas podem desenvolver os tubérculos por todo o ciclo, originando assim menor número de tubérculos, mas com maior peso e diâmetro. Já na colheita escalonada, com a retirada parcial dos tubérculos ao longo do ciclo, as reservas que seriam destinadas ao seu 272 crescimento são direcionadas para formação de novos tubérculos (Lommen, 1995). Além deste particionamento de fotoassimilados, ocorre também o estímulo à tuberização com a retirada parcial de tubérculos, sendo as plantas induzidas a produzirem novos tubérculos. Desta forma, os tubérculos produzidos na colheita escalonada serão em maior quantidade, mas de menor peso e diâmetro. Em relação à avaliação da brotação de tubérculos, observou-se que não houve efeito dos métodos de colheita, para ambas as cultivares, para o número total de brotos tubérculo-1. No entanto, como foram realizadas três colheitas escalonadas ao longo do ciclo, o rendimento de tubérculos e conseqüentemente o número total de brotos foi maior na colheita escalonada (três vezes maior) que na colheita única. Para o comprimento de brotos, não foi observada di- ferença significativa entre a colheita única e a escalonada (Tabela 2). Densidade de plantas No inverno, a densidade de plantas por vaso influenciou linear e significativamente a produção de tubérculos da cultivar Monalisa (p<0,05). Observou-se um acréscimo de 4,4 tubérculos por vaso (109 tubérculos m-2) para cada planta adicional no vaso (0,04 m2 planta adicional no vaso-1) (Figura 1). A massa fresca de tubérculos também foi influenciada significativamente pelo número de plantas por vaso (p<0,05). A cada planta adicional no vaso, observou-se um decréscimo de 3,2 g na massa fresca dos tubérculos (Figura 1). Não houve efeito significativo da densidade de plantas por vaso sobre o comprimento dos tubérculos que ficou, em média, em 3,4 cm. No experimento conduzido na primavera/verão, a densidade de plantas por vaso influenciou linear e significativamente a produção de tubérculos da cultivar Monalisa (p<0,05), ocorrendo um acréscimo de 2,7 tubérculos por vaso (67,25 tubérculos m-2) para cada planta adicional no vaso (0,04 m2 planta adicional no vaso-1) (Figura 2). Porém, a densidade de plantas por vaso não influenciou significativamente a massa fresca de tubérculos (p<0,05). A média geral foi de tubérculos com 8,3 g. O maior número de tubérculos por vaso observado à medida que a densidade de plantas aumentou pode ser explicado pela competição entre as plantas dentro de cada vaso. Com uma planta por vaso, não há competição interplanta, sendo os nutrientes do substrato, água e os demais recursos integralmente disponíveis a uma única planta. À medida que o número de plantas no vaso aumenta, introduz-se a competição entre plantas, que será tanto maior quanto maior for o número de plantas. Resultados semelhantes foram obtidos por Gupta et al. (2003), que utilizando plantas micropropagadas, observaram que uma alta densidade de plantas (86 plantas m-2) proporcionou a produção, em média, de 5,9 tubérculos planta-1, ao passo que, em uma densidade menor (36 plantas m-2), a produção foi de 5,3 tubérculos planta-1 (diferença de 11%). O ensaio de primavera/verão foi conduzido em época atípica para a produHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Densidade de plantas e métodos de colheita na multiplicação de batata-semente em vasos * Significativo, a 5 %, pelo teste F. Figura 1. Número de tubérculos vaso-1 e massa fresca de tubérculos da cultivar Monalisa em função da densidade de plantas vaso-1, em experimento conduzido no inverno (Number of tubers pot-1 and tuber fresh weight for cultivar Monalisa as affected by plant density pot-1, in the winter experiment). Lavras, UFLA, 2003 (* Significativo, teste F, p < 0,05 – significant, F test, p < 0.05). ção de batata na região de Lavras, visto que as temperaturas nestas estações são geralmente elevadas. Durante o dia, no interior do telado onde as plantas foram conduzidas, a média de temperatura atingiu valores de 35 a 40ºC, mesmo as plantas estando debaixo de sombrite 50% de iluminação. Souza (2003) relata que a temperatura ótima para a formação de tubérculos é de 17ºC e que acima de 28ºC não há formação de tubérculos. As temperaturas noturnas amenas (em torno de 20ºC) são importantes também para a tuberização, visto que a planta de batata necessita de um gradiente de temperatura diurno/noturno em torno de 10ºC para as ativações enzimática e hormonais relacionadas à tuberização. Em contrapartida, no presente trabalho, mesmo com temperaturas diurnas acima de 28ºC, ocorreu a formação de tubérculos, muito provavelmente devido ao gradiente de temperatura ocorrido entre o dia e a noite. Considerações gerais A produção de tubérculos por planta e por m2 das cultivares Monalisa e Ágata foi maior na colheita escalonada em comparação à colheita única. Já o comprimento médio e a massa fresca de tubérculos foram maiores na colheita única que na colheita escalonada, para ambas as cultivares. O número total de brotações por tubérculo não foi influenciado pelo método de colheita. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 2. Número de tubérculos vaso-1 e da cultivar Monalisa em função da densidade de plantas vaso-1, em experimento conduzido na primavera/verão (Number of tubers pot-1 and tuber fresh weight for cultivar Monalisa as affected by plant density pot-1, in the winter experiment). (* Significativo, te teste F, p < 0,05 – significant, F test, p < 0.05). Lavras, UFLA, 2003 Variações na densidade de plantio foram estudadas apenas para a cultivar Monalisa. Observou-se que a produção de tubérculos vaso-1 aumentou de forma linear à medida que aumentou a densidade de plantas vaso-1. Por outro lado, no inverno, a massa fresca de tubérculos decresceu de forma linear com o aumento da densidade de plantas vaso-1, embora, na primavera/ verão, a densidade de plantio não tenha apresentado efeito significativo sobre a massa fresca dos tubérculos. AGRADECIMENTOS Á FAPEMIG pelo auxílio financeiro ao projeto e à CAPES pela concessão de bolsa ao primeiro autor. REFERÊNCIAS AHLOOWALIA BS. 1999. Production of minitubers using a modular system of plant micropropagation. Potato Research 42: 569-575. ASSIS M; PAIVA M; ARMANI OC. 2000. Micropropagação de plantas: histórico de uma empresa comercial. Informe Agropecuário 21: 124-126. AUGUSTIN L; VALENDORFF ALP; SUZIN M; GRANDO MF; FIOREZE I; CALVETE EO; KLEIN VA. 2004. Diferentes substratos no sistema de produção de batata-semente pré-básica, em estufa climatizada. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE SUBSTRATO PARA PLANTAS (ENSUB), 4. Anais... Viçosa: UFV. p. 346. FERREIRA FF; BITTENCOURT MLC. 2003. Novos métodos aplicados à produção de batata-semente. In: SEMINÁRIO MINEIRO DE BATATICULTURA, 4. Anais... Poços de Caldas: Editora Gráfica Irmão Gino. p. 121-124. 273 RM Corrêa et al. GRIGORIADOU K; LEVENTAKIS N. 1999. Large scale commercial production of potato tubers, using in vitro techniques. Potato Research 42: 607-617. GUPTA VK; KUMAR S; BAISHVA LK; KUMAR M; PANDEV SK; BRAJESH S. 2003. Effect of planting density on mini-tuber production from micropropagation plants. Journal of the Indian Potato Association 30: 43-44. LOMMEN WJM. 1995. Basic studies on the production and performance of potato tubers. Wageningen: Landbouw Universiteit. 181p. (Ph.D. Thesis). 274 LOMMEN WJM; STRUIK PC. 1992. Influence of a single non-destructive harvest on potato plantlets grown for tuber production. Netherlands Journal of Agricultural Science 40: 21-41. NOWAK J; BENSALIM S; SITH CD; DUNBAR C; ASIEDU SK; MADANI A; LAZAROVITS G; NORTHCOTT D; STURZ AV. 1999. Behavior of plant material issued from in vitro tuberization. Potato Research 42: 505-519. PAES APM; SILVA JX. 2003. A importância da qualidade da batata-semente na redução do custo de produção. In: SEMINÁRIO MINEIRO DE BATATICULTURA, 4. Anais... Poços de Caldas: Editora Gráfica Irmão Gino. p. 55-58. ROETTGER DJ. 1987. Seed potato production in the Philippines. The Philippines: Eschborn. 114p. SOUZA ZS. 2003. Ecofisiologia. In: PEREIRA AS; DANIELS J. O cultivo da batata na região sul do Brasil. Brasília: EMBRAPA. 567 p. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 FERNANDES C; CORÁ JE; BRAZ LT. 2007. Classificação de tomate-cereja em função do tamanho e peso dos frutos. Horticultura Brasileira 25: 275-278. Classificação de tomate-cereja em função do tamanho e peso dos frutos Carolina Fernandes; José Eduardo Corá; Leila T. Braz UNESP-FCAV, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O objetivo deste trabalho foi propor classes de tamanho e peso para frutos de tomate-cereja. O experimento foi conduzido em Jaboticabal, São Paulo. Foram utilizados frutos da cultivar Sindy, provenientes de 60 plantas cultivadas em casa-de-vegetação. Para classificação dos frutos, desenvolveu-se um método no qual foram utilizadas cinco caixas plásticas sobrepostas. Quatro caixas tiveram suas bases perfuradas, com orifícios de diâmetro igual a 20; 25; 30 e 35 mm. As quatro caixas foram sobrepostas, adicionando-se uma quinta caixa, sem orifícios, utilizada sob as demais, para coletar os frutos que passassem pelos orifícios das caixas superiores. Os frutos retidos em cada uma das caixas foram contados e pesados. Com esses dados, calculou-se o peso médio dos frutos para cada classe de tamanho. A freqüência de frutos em cada classe variou ao longo do período de colheita. A porcentagem de frutos produzidos durante o período de colheita para as diferentes classes foi de 5% para gigante, 22% para grande, 42% para médio, 20% para pequeno e 11% para descarte. Os valores de peso (P) e diâmetro (D) dos frutos correlacionaram-se linearmente, seguindo equação ajustada (P = 1,05 D – 14,71) com coeficiente de correlação (R** = 0,99, p<0,01). Utilizando o sistema descrito, foi possível propor uma classificação para tomate-cereja associando-se o diâmetro e o peso dos frutos. O método proposto mostrou-se viável pela praticidade e simplicidade. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, normas de classificação, pós-colheita. Grading of cherry tomatoes based on fruit size and weight The purpose of this experiment was to propose a grading system for cherry tomatoes based on fruit size and weight. The experiment was carried out at Jaboticabal, São Paulo State, Brazil. Fruits of cherry tomatoes, cultivar Sindy, harvested out of 60 plants grown in a greenhouse were evaluated. To separate fruits of different sizes, a five plastic box system developed. In this system, the bottom of four boxes drilled with holes of 20; 25; 30, and 35 mm of diameter. The fifth box had no holes and was used as a collector box. Fruits retained in each of the boxes were counted and weighed. The average weight of the fruits was calculated for each class size. Fruit frequency in each class varied during the harvest period. The percentage of fruits was as follows: 5% of giant fruits, 22% of large fruits, 42% of medium fruits, 20% for small fruits, and 11% of discard. There was a linear correlation between the fruit weight (W) and diameter (D) (W = 1.05 D – 14.71, R** = 0.99, p<0.01). The system used was efficient for grading cherry tomatoes by means of associating fruit diameter and weight. In addition, it was practical and simple. Keywords: Lycopersicon esculentum, grading, post-harvest. (Recebido para publicação em 18 de maio de 2006; aceito em 16 de abril de 2007) O Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura surgiu como resposta aos principais problemas das cadeias de produção de frutas e hortaliças, entre eles a inexistência de padrões mensuráveis de qualidade (CEAGESP, 2004). Como resultado deste programa, atualmente, estão disponíveis normas de classificação de diversas hortaliças, incluindo o tomate. A adoção voluntária às normas de classificação do tomate é o caminho que leva à transparência nas operações comerciais, beneficiando produtores, distribuidores, varejistas e consumidores. A classificação é a comparação do produto com padrões pré-estabelecidos. O julgamento obtido dessa comparação permite fazer o enquadramento do produto em grupo, subgrupo, classe, calibre e tipo, tornando possível uma interpretação única. Um produto classificado é um produto separado por tamanho, cor e Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 qualidade, de modo a se obter lotes homogêneos e caracterizados de maneira clara e mensurável (CEAGESP, 2004). O tomate é classificado em relação à coloração do fruto, quanto ao tipo ou categoria e quanto ao tamanho do fruto (CEAGESP, 2004). A coloração do fruto varia em função do seu estádio de maturação. Para este atributo, o tomate é classificado em cinco subgrupos: verde, salada, colorido, vermelho e molho. Já o tipo ou categoria refere-se à ocorrência de defeitos graves e leves na amostra. Para este atributo, o tomate é classificado em extra, tipo I, tipo II e tipo III. Para tamanho do fruto, o tomate é classificado em dois grupos: oblongo, quando o diâmetro longitudinal é maior que o diâmetro transversal, e redondo, quando o diâmetro longitudinal é menor ou igual ao transversal. De acordo com o maior diâmetro transversal do fruto, o tomate do grupo oblongo é classificado em três classes: grande (Ø > 60 mm), médio (50 < Ø < 60 mm) e pequeno (40 < Ø < 50 mm). De acordo com o maior diâmetro transversal do fruto, o tomate do grupo redondo, com exceção do tomate-cereja, é classificado em quatro classes: gigante (Ø > 100 mm), grande (90 < Ø < 100 mm), médio (65 < Ø < 90 mm) e pequeno (50 < Ø < 65 mm). Para complementar a classe, adiciona-se o calibre (CEAGESP, 2004). Pelos atributos de classificação apresentados, fica evidente que o tomatecereja não se enquadra nas normas de classificação apenas para as classes de tamanho. Os valores considerados para o diâmetro transversal dos frutos de tomate são sempre maiores que aqueles observados no tomate-cereja. O objetivo deste trabalho foi propor classes de tamanho e peso para frutos de tomate-cereja. Para tanto, será avaliada a existência de correlação entre essas duas características. 275 C Fernandes et al. A B Figura 1. Esquema representativo das caixas utilizadas para a separação de tomate-cereja em diferentes classes de tamanho. A) conjunto das cinco caixas sobrepostas; B) caixas individuais mostrando a distribuição dos orifícios nas bases (Representative scheme of the system used for grading cherry tomatoes in different size classes. A) aspect of the five boxes; B) each box is shown individually, with detail of the bottom drills). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2004. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação da UNESP-FCAV, 276 em Jaboticabal, SP (21°14’05"S, 48°17’09"W, altitude de 614 m). O clima, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw com transição para Cwa (Volpe, 2004. Comunicação pessoal). A temperatura e a umidade relativa do ar no interior da casa de vegetação foram obtidas por meio de um termohigrógrafo com registro contínuo dos valores. Durante o ciclo da cultura, as médias mensais de temperatura máxima diária, nos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro foram, respectivamente, 33; 33; 35; 36 e 38°C. As médias mensais de temperatura mínima diária foram 11; 11; 13; 14 e 16°C, nos mesmos meses. As médias mensais de umidade relativa do ar máxima diária foram 98; 98; 96; 95 e 94%, enquanto as médias mensais da umidade relativa do ar mínima diária foram 40; 40; 39; 38 e 37%, também nos mesmos meses. O cultivo do tomateiro cultivar Sindy, híbrido F1 do tipo cereja, foi conduzido em substrato com a utilização de fertirrigação. O substrato foi composto por areia média, bagaço de cana-de-açúcar e casca de amendoim. Para o fornecimento de nutrientes, utilizou-se a solução nutritiva recomendada por Moraes (1997) para o cultivo do tomateiro em sistema NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes). As mudas do tomateiro foram transplantadas no estádio de quatro folhas definitivas. Foram utilizados vasos de plástico, com capacidade para 5 L. Conduziu-se uma planta por vaso, com duas hastes por planta, no espaçamento de 1,0 m x 0,5 m (2 plantas m-2), totalizando 60 plantas, que foram dispostas inteiramente ao acaso. A desbrota e a condução vertical da cultura foram realizadas semanalmente. A poda dos ponteiros foi realizada quando as plantas atingiram dois metros de altura e apresentavam de sete a oito cachos por haste. Para o controle de pragas e doenças foram realizadas, conforme a necessidade, pulverizações com defensivos nas doses e épocas recomendadas pelo fabricante para o tomateiro. O período de colheita iniciou-se 78 dias após o transplantio e teve duração de 57 dias. A colheita dos frutos foi realizada duas vezes por semana. Para o processo de separação dos frutos de tomate-cereja por tamanho e peso, foi desenvolvido um método no qual foram utilizadas cinco caixas plásticas, com 45 cm de comprimento, 28 cm de largura e 10 cm de altura (Figura 1). Quatro Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Classificação de tomate-cereja em função do tamanho e peso dos frutos caixas tiveram suas bases perfuradas, com orifícios de 20; 25; 30 e 35 mm de diâmetro, de acordo com a variação do diâmetro dos frutos observada em cultivos anteriores. As caixas foram sobrepostas em ordem decrescente do diâmetro dos orifícios, de cima para baixo. Uma quinta caixa sem orifícios foi utilizada sob as demais, para coletar os frutos que passassem pelos orifícios das quatro caixas anteriores. Durante o período de colheita, os frutos colhidos foram depositados na caixa superior e, em seguida, o conjunto de cinco caixas plásticas foi agitado, manualmente, até os frutos passarem ou ficarem retidos nas diferentes caixas. Os frutos que ficaram retidos na caixa coletora foram descartados, em virtude do seu tamanho diminuto. Os frutos que ficaram retidos em cada uma das quatro caixas superiores foram pesados e contados. Posteriormente, com esses dados, calculou-se o peso médio dos frutos para cada classe de tamanho. Foram colhidos todos os frutos produzidos pelas plantas em avaliação. Considerou-se como uma repetição a colheita dos frutos provenientes de duas plantas. O número de frutos por repetição foi variável em função da quantidade de frutos colhidos, tendo como valor mínimo um fruto e valor máximo 167 frutos, com média de 69 frutos. Ao longo do período de colheita, esse processo de separação de frutos foi repetido por 360 vezes. A correlação entre peso e diâmetro do fruto foi avaliada pela análise de regressão linear. O diâmetro dos frutos baseou-se nos frutos retidos em cada caixa. Figura 2. Número médio de frutos de tomate-cereja por planta em cada classe de tamanho, ao longo do período de colheita (Average number of cherry tomatoes per plant in each size class during the harvest period). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2004. Tabela 1. Número total e porcentagem de frutos colhidos para cada classe de tomate-cereja, provenientes das 60 plantas avaliadas (Total and percentual of harvested fruits in each class of cherry tomato, evaluated of 60 plants). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2004. Tabela 2. Classificação de tomate-cereja em classes e calibres (Cherry tomatoes grading based in classes and diameter). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2004. RESULTADOS E DISCUSSÃO A freqüência de frutos em cada classe variou ao longo do período de colheita (Figura 2). As plantas produziram frutos da classe gigante nos quinze dias iniciais do período de colheita. Os frutos grandes, médios e pequenos foram obtidos em praticamente todo o período de colheita. Praticamente todos os frutos descartados foram obtidos na última semana da colheita. Considerouse que as quatro classes de tamanho dos frutos obtidas são necessárias, ainda que a classe de frutos gigantes tenha Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 correspondido a apenas 5% do total de frutos colhidos (Tabela 1). Acredita-se que essa classe de tamanho atenda a um nicho diferenciado de consumidores, alcançando assim maior valor de mercado, devido principalmente à aparência. A porcentagem de frutos descartados foi de 11%, sendo estes pequenos demais para o comércio. Os valores de peso (P) e diâmetro (D) dos frutos correlacionaram-se linearmente, seguindo uma equação ajustada (P = 1,05 D – 14,71), com coefi- ciente de correlação (R ** = 0,99, p<0,01). A existência dessa correspondência funcional confirma a dependência das variáveis avaliadas (Banzatto & Kronka, 1989; Gomes, 2000). Portanto, há correlação positiva entre o diâmetro e o peso do fruto para tomate-cereja. Isto significa que o tomate-cereja pode ser classificado por diâmetro ou peso, não havendo necessidade de utilizar os dois parâmetros de classificação. Acompanhando as características do sistema de classificação proposto por 277 C Fernandes et al. CEAGESP (2004) para tomate e baseando-se nos resultados obtidos no presente estudo, sugere-se que o tomatecereja seja classificado nas quatro classes de diâmetro propostas e quatro calibres (Tabela 2). Acredita-se que o sistema proposto possa ser utilizado para outras cultivares de tomate-cereja, uma vez que a variação de tamanho será detectada dentro de cada classe. Entretanto, ressalta-se a necessidade de confirmar essa informação por meio de outros experimentos que avaliem o siste- 278 ma de classificação aqui proposto para outras cultivares de tomate-cereja. Concluindo, pode-se propor a classificação para tomate-cereja associando-se o diâmetro e o peso dos frutos. Além disso, o método proposto é viável pela praticidade e simplicidade. AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS BANZATTO DA; KRONKA SN. 1989. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP. 247p. CEAGESP. Classificação do tomate. 2004, 16 de outubro. Disponível em www.ceagesp.com.br. GOMES FP. 2000. Curso de estatística experimental. Piracicaba: Degaspari. 477p. MORAES CAG. 1997. Hidroponia: como cultivar tomates em sistema NFT (técnica do fluxo laminar de nutrientes). Jundiaí: DISQ Editora. 141p. Ao CNPq, pela concessão da bolsa de doutorado. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 FERREIRA MD; NETTO LH. 2007. Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas. Horticultura Brasileira 25: 279-285. Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas Marcos David Ferreira1; Luiz Henrique Netto2 1 UNICAMP/FEAGRI, C. Postal 6011, 13083-875 Campinas-SP; 2UNICAMP/FEA, C. Postal 6121, 13083-862 Campinas-SP; [email protected]. RESUMO ABSTRACT A batata é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil, sendo uma cultura de grande expressão econômica no estado de São Paulo. Após a colheita os tubérculos são submetidos aos processos de beneficiamento e classificação, sendo então destinados ao mercado consumidor. Neste trabalho realizou-se a descrição e a caracterização dos processos das unidades de beneficiamento e classificação de batatas por meio da identificação do material usado para a construção do maquinário, caracterização dimensional dos equipamentos, medidas de rotação de operação das esteiras de abastecimento e das classificadoras, determinação da velocidade de deslocamento e da rotação dos tubérculos e a produtividade dos operários. Determinou-se também os pontos críticos de impacto com queda durante o beneficiamento, utilizando-se a esfera instrumentada (70 mm), Techmark, Inc., Lansing, Michigan, Estados Unidos. Com esta, obtiveram-se dados de aceleração máxima (G) e mudanças na velocidade (∆v). Este levantamento foi realizado em cinco unidades de beneficiamento e classificação para batatas localizadas no estado de São Paulo. Observou-se variação quanto ao comprimento do equipamento, atingindo 26,5%. Foi constatado também variação na vazão de água entre as unidades devido à diferença nos sistemas utilizados para a lavagem dos tubérculos, tendo os volumes oscilado de 15,4 a 168 mil litros por hora. As escovas mais utilizadas na etapa de lavagem eram compostas de cerdas com nylon cristal e fibra de coco, não sendo encontradas escovas compostas de origem animal. A rotação média para todas as unidades na etapa de lavagem foi de 157 rpm, porém verificou-se variação de 75% (112 a 196 rpm). Para a etapa de secagem, a rotação média foi de 122 rpm, tendo oscilado de 68 a 210 rpm. Os pontos das linhas de beneficiamento e classificação de batata demonstraram maior G nos pontos de transferência (entrada do lavador e ensaque). Nas unidades A, B e D as maiores médias de G ocorreram nas etapas iniciais de lavagem, apresentando valores próximos de 140 G (m/s2). Palavras-chave: Solanum tuberosum L., beneficiamento, lavadora, esfera Instrumentada e qualidade de tubérculos. Process evaluation on potato packing lines Potatoes are one of the most important vegetable crops in Brazil, and are especially important in São Paulo State. After harvesting, potatoes are sorted and classified in a packinghouse, then shipped to consumers. The goal of this research was to describe the main features and working systems used in a potato packing line. Therefore, the material type used was identified taking into account the dimensions of the equipments, brushes rotation on receiving belts and sorting lines, average velocity, tuber displacement velocity and rotation, and employee daily yield. The critical points for drop impact were measured using an instrumented sphere (70 mm), Techmark, Inc. Lansing, Michigan, USA. Results for maximum Acceleration (G) and velocity changes (∆v) were found. This research was done in five packinghouses of São Paulo State. A variation occurred in length among the lines, of about 26,5%. The water consuption varied among the units based on the washing system used, and volume dispended varied from 15,4 to 168 thousand liters/hour. The main brushing composition used on the washing brushes were nylon and coconut fiber, and brushes of animal origin were not used. The average rotation observed on the washing step was 157 ppm, with a variation of 75% (112-196 rpm). For the drying step, the average rotation was 122 rpm, varying from 68 to 210 rpm. The critical points that showed high G were the transfer points (washing entrance and packing). At units A, B and C the high G values were at the initial washing steps, closely to 140 G (m/s2). Keywords: Solanum tuberosum L, sorting, packing line washer, instrumented sphere, tuber quality. (Recebido para publicação em 18 de março de 2006; aceito em 30 de março de 2007) A batata é uma das hortaliças de grande expressão econômica no Brasil, sendo depois do trigo, arroz e milho, a maior em produção. No Brasil em 2003 a produção total de batatas foi de 3,05 milhões de toneladas (IBGE citado por FNP-Consultoria & Comercio, 2005). As regiões Sul e Sudeste são as principais produtoras brasileiras de batata. Os estados de MG, PR, SP, RS e SC respondem em conjunto por 96% da produção brasileira, sendo que Minas Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Gerais ocupa a liderança nacional em produção e produtividade (Resende et al., 1999). A produção total de batata corresponde aproximadamente ao consumo nacional, sendo que cerca de 95% são consumidas “in natura”, e os 5% restantes na forma industrializada como pré-fritas congeladas, chips e pré-cozidas (FNP-Consultoria & Comercio, 2005). Quase a totalidade da batata consumida in natura é lavada, sendo este procedimento exigido pelo consumidor. No Brasil duas alternativas têm sido utilizadas para beneficiamento e classificação da batata após a colheita. Na primeira alternativa, mais simples e pouco utilizada, a batata é arrancada e exposta na superfície do solo por algumas horas para secagem ou perda da água superficial. Em seguida passa por processo de seleção e classificação manual no campo. Logo após, é ensacada, colo279 MD Ferreira & LH Netto cada em caminhões e transportada até os pontos de venda. Na segunda alternativa, a batata recém colhida é levada para galpões onde, sofre uma lavagem e secagem. Após é selecionada, classificada manualmente e/ou mecanicamente e ensacada. Depois de ensacada pode ser armazenada e transportada conforme a demanda do mercado (Finger & Fontes, 1999) ou enviada imediatamente aos pontos de venda, o que é mais comum. A conservação da batata, após a colheita, dependerá em grande parte da maturidade fisiológica do tubérculo. A periderme do tubérculo imaturo é pouco resistente e as paredes celulares, são mais finas que em tubérculo maduro. Isso pode aumentar a incidência de danos nos tubérculos colhidos imaturos (Finger & Fontes, 1999). Após o arranquio dos tubérculos no campo, a quantidade total do produto é reduzida até chegar ao consumidor. Ocorrem perdas na própria colheita, no beneficiamento, no transporte, nos pontos de venda do atacado e do varejo e também no consumo, principalmente pelo armazenamento inadequado dos tubérculos. Durante a secagem inicial em campo, já ocorre perda de peso. Em seguida, no beneficiamento, ocorre o descarte de solo aderido aos tubérculos, assim como o descarte da batata nãocomercial, ou seja, tubérculos com defeitos graves detectados visualmente e eliminados manualmente. A lavagem dos tubérculos, apesar de ser prática predominante, é questionável, pois pode acentuar os seus defeitos e ainda tornálos mais suscetíveis à deterioração, além de aumentar a porcentagem de descarte (Finger & Fontes, 1999). Henz & Brune (2004) relatam que as perdas póscolheita para batata avaliadas em estudo em Brasília (DF) foram 10,3% para a batata não lavada e 93% para a batata lavada, constatando, portanto que o processo de lavagem aumenta a incidência de deterioração. As alterações na batata durante o processo da colheita até o consumo são principalmente do tipo mecânica, fisiológica ou patológica. Danos mecânicos ocorrem durante o manuseio dos tubérculos (colheita, seleção, embalagem, transporte e exposição). Danos fisioló280 gicos e patológicos se dão principalmente, na fase de produção, transporte e exposição. Danos mecânicos devidos a impactos, compressão, vibração, cortes e rachaduras estão relacionadas com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor e qualidade em diferentes produtos hortícolas tais como maçãs, pepinos, batatas e tomates (Moretti & Sargent, 2000). O dano mecânico pode ser ocasionado por uma pequena força, pressão, e por impacto em uma superfície dura (Mohsenin, 1970). A incidência e a severidade da desordem fisiológica dependem da energia e do número de impactos e do estádio de amadurecimento. Ela é cumulativa durante as práticas de manuseio póscolheita (Sargent et al., 1992b). Portanto, as várias etapas de manuseio do produto, desde o campo até o consumidor, devem ser cuidadosamente coordenadas e integradas para maximizar a qualidade do produto (Sargent et al, 1992a). Em geral, danos por impacto na pós-colheita podem ocorrer quando os frutos recebem quedas altas ou colidem com superfícies não protegidas ou com outros frutos. A severidade dos danos causados por impactos em uma linha de classificação pode ser reduzida diminuindose a altura de elevação de queda entre as etapas ou através da utilização de protetores, os quais podem dissipar a força de impacto. O número de impactos também pode ser reduzido diminuindo o número de quedas e de pontos de transferência em uma linha de classificação (Hyde & Zhang, 1992). Para redução na força de impacto e danos físicos em uma linha de beneficiamento e classificação estas devem ser projetadas preferencialmente em uma linha reta, sem desvios e curvas, e possuir alturas mínimas entre as etapas (Sargent et al., 1999). Jobling (2000) relatou que as perdas devido a impacto e danos físicos em batata podem chegar até 40% na póscolheita, influenciando diretamente no aumento da incidência de doenças. As principais doenças associadas aos danos físicos em batatas são podridões bacterianas (Henz & Brune, 2004). Lesões externas caracterizam-se pela descoloração da superfície danificada, causada pelo aumento da pigmentação pro- duzida, proporcionando a superfície impactada o escurecimento (Expido et al., 2005). O objetivo deste trabalho foi a caracterização dos processos de beneficiamento e classificação de batatas e a determinação de pontos críticos de impacto. MATERIAL E MÉTODOS Os dados foram coletados em cinco unidades de beneficiamento e classificação de batatas no estado de São Paulo, localizados nos municípios de Vargem Grande do Sul (Unidades A, B e C), Itapetininga, (Unidade D) e Divinolândia (Unidade E). Nos equipamentos de classificação e beneficiamento de batatas foram observados os materiais utilizados na construção dos equipamentos. Para a caracterização dimensional do tipo de classificadora utilizada foram feitas medidas com o auxílio de uma trena profissional. Foi mensurada cada fase do equipamento, aferindo-se tanto o comprimento quanto as larguras interna e externa. Mediram-se as alturas de cada queda sofrida pelos tubérculos ao longo do percurso no equipamento. Tomouse cada medida perpendicularmente, desde o local exato de contato após a queda até o ponto de onde o tubérculo iniciava a mesma. Dimensionou-se, ainda, o tamanho das grades de seleção com auxílio de régua milimetrada. Na avaliação da velocidade de operação das esteiras de abastecimento e das classificadoras mensurou-se o comprimento das esteiras das cinco unidades, calculando-se o tempo médio para funcionamento do equipamento. Para mensuração da velocidade de deslocamento do tubérculo na etapa de lavagem um tubérculo, marcado previamente, de tamanho médio (70 mm de diâmetro longitudinal) foi usado como referência. Esse tubérculo foi colocado no início de cada esteira acionando-se o cronômetro de precisão. Usou-se como resultado final a média de cinco repetições, calculando-se a velocidade através da fórmula ∆s/∆t médio, sendo ∆s o comprimento da esteira e ∆t médio o tempo médio para o tubérculo percorrer esse comprimento. A produção diária foi dimensionada baseando-se na média de trabalho menHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas sal de cada unidade. Para tanto, foram utilizadas as informações referentes à quantidade diária beneficiada e classificada, o horário de trabalho dos operários e o peso da saca de batatas, obtendo-se assim kg de tubérculos/operário/hora. Na etapa de lavagem e limpeza foi medido o volume de água utilizada. A etapa de recebimento utiliza um grande volume de água, porém muito variável, portanto de difícil mensuração. Nesta avaliação foi utilizado um béquer com capacidade para 550 ml, para medir a vazão de água utilizada no processo por períodos fixos de tempo. Foram selecionados, ao acaso, bicos ou furos, dependendo da unidade de beneficiamento, para a medição do volume. Contou-se o número de furos ou bicos em toda a linha para obtenção do volume total de água utilizado. O número de escovas utilizadas nas etapas de limpeza, polimento e secagem foi contado. Também determinou-se a origem do material das escovas de cada etapa: vegetal, animal e sintético. Na avaliação das medidas da rotação de operação no funcionamento das escovas nas etapas de lavagem, polimento e secagem determinou-se um ponto de referência e por meio de um cronômetro de precisão, utilizando-se um minuto como tempo padrão avaliou-se a rotação dessas esteiras, demarcando assim a contagem da freqüência, que foi determinada em rotações por minuto. Foram feitas cinco repetições para cada esteira, levando-se em consideração como resultado final a média das repetições. A avaliação dos pontos de impacto (por queda) foi realizada utilizando-se a esfera instrumentada (70 mm), Techmark, Inc. Esfera instrumentada (Techmark, Inc., Lansing, EUA), é um equipamento plástico com registrador de aceleração, para a avaliação da magnitude de impactos em pontos de transferência em linhas de classificação de tomate (Sargent et al., 1992a), maçãs (Guyer et al., 1991; Sober et al., 1990), laranja (Miller & Wagner, 1991), cebola (Timm et al., 1991), abacate, mamão e abacaxi (Timm & Brown, 1991) e batata (Lopresti & Thomson, 1998; Hyde et al., 1992). Para as avaliações mencionadas utilizou-se níveis de impactos Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Caracterização dimensional das unidades de beneficiamento e classificação de batatas (Dimensional characterization of the packing and classification lines of potatoes). Campinas, UNICAMP, 2004. *Etapas: 1: Recebimento; 2: Limpeza 1; 3: Limpeza 2; 4: Secador; 5: Seleção; 6: Classificação; 7: Ensacamento. (Step 1: receiving; 2: cleaning 1; 3: cleaning 2; 4: Dryier 5: Selection; 6: classification; 7: packing). medidos na aceleração máxima (AM) (G = 9,81 m/s2) e mudanças na velocidade (∆v) (m/s). ∆v pode ser um indicativo da superfície de impacto, por exemplo, quanto mais baixa a velocidade, mais rígida e dura é a superfície de impacto. Todavia, velocidade é também positivamente correlacionada com a aceleração máxima, à medida que se aumenta a altura de queda, maior será a aceleração máxima e a velocidade (Sargent et al., 1992a). A esfera instrumentada foi colocada na etapa de recebimento de cada linha, em funcionamento na sua capacidade normal, e foi movimentada juntamente com os tubérculos, seguindo o fluxo normal destes até a etapa de ensaque. O tempo de permanência da esfera em cada etapa, o tempo para completar o percurso e os pontos de transferência foram monitorados através do uso de um cronômetro de precisão. As medições foram repetidas oito vezes. Após os testes a esfera foi removida e os dados transferidos para o microcomputador. Os limites para medição do nível de impacto utilizados variaram de 15 a 500 G. Os dados obtidos nos pontos de transferência em cada avaliação foram correlacionados entre a aceleração máxima (AM) (G = 9,81 m/s²) e mudanças na velocidade (∆v) (m/s) e apresentados através de gráficos. Para apresentação dos resultados foram utilizados os pontos coincidentes entre as unidades. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os equipamentos nas cinco unidades estudadas eram nacionais, sen- do utilizado na construção chapa de aço carbono com espessura de 1,0-1,5 mm. O comprimento do equipamento variou em 26,5%, sendo o maior 53,95 metros e o menor equipamento 39,60 metros (Tabela 1). O equipamento mais longo era utilizado para beneficiamento de batata para indústria. Entre as etapas, as mais longas foram as referentes à limpeza e secagem. A etapa de limpeza era em geral dividida em duas, sendo que a primeira fase caracterizava-se por jatos de água de alta pressão e a segunda por uma maior quantidade de bicos e maior exposição do produto à lavagem. A secagem da batata em todos os galpões estudados era realizada utilizando-se altas temperaturas e percursos longos. A seleção e a classificação são etapas com menores comprimentos que as demais, sendo que nesta última a variação entre os valores deveu-se ao comprimento da grade classificadora. Quando ao diâmetro da grade de classificação utilizada verificou-se diversos valores. Os equipamentos das unidades A e E apresentaram diâmetro de 38 mm; o da unidade B 43 mm; o da unidade C 40 mm; e o da unidade D apresentou três diâmetros: 40, 42 e 45 mm. O comprimento da etapa de ensaque foi semelhante em todos os galpões. O equipamento mais largo encontrado foi no galpão da unidade A, com 1,80 metros e o menor valor foi observado na unidade D, com 1,25 metros. A unidade B apresentou valor de 1,46 metros e as unidades C e E, 1,50 metros. A medida da velocidade de operação das esteiras de abastecimento diferiu entre as unidades, sendo que nas 281 MD Ferreira & LH Netto Tabela 2. Produção diária das unidades de beneficiamento e classificação de batatas (Daily production of the packing and classification units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. *Unidades: A, B e C: Vargem Grande do Sul (SP); D: Itapetininga (SP); E: Divinolândia (SP). Tabela 3. Consumo de água na etapa de lavagem em unidades que utilizam o sistema de bico aspersor, não sendo considerado o volume de água utilizado no recebimento. (Water use in the washing step, not considering the water volumen employed in the reception of units who employ aspersors). Campinas, UNICAMP, 2004. *Unidades: A, B e C: Vargem Grande do Sul (SP); D: Itapetininga (SP); E: Divinolândia (SP). Tabela 4. Consumo de água na etapa de lavagem, em unidades que utilizam o sistema de PVC perfurado, não sendo considerado o volume de água utilizado no recebimento (Water used in the washing step, not considering the water volumen employed in the reception of units who employ perforated PVC tubes). Campinas, UNICAMP, 2004. ** Unidade D possuía duas linhas para lavagem dos tubérculos, portanto os dados apresentados representam as duas esteiras de lavagem (The unit D had two potato washing lines; therefore the presented data represent two washing units). unidades B e E não foi possível fazer as mensurações, devido ao difícil acesso a estas esteiras. A média calculada para esta etapa foi de 0,30 m.s-1, variando de 0,17 m.s-1 na unidade A a 0,53 m.s-1 na unidade D. A unidade C apresentou velocidade de 0,21 m.s-1. Essa diferença pode ser proveniente da capacidade de operação, do comprimento e largura dos equipamentos desta etapa. Na etapa de classificação a medida da velocidade das esteiras foi praticamente igual (0,18 m.s-1) para as cinco unidades avaliadas, o que pode ter sido devido à intensa utilização de mão-deobra no processo. Todavia, observou-se 282 que a velocidade média de deslocamento dos tubérculos praticamente não variou entre as unidades, sendo 0,15 m.s-1, o que pode estar relacionado ao volume dos tubérculos beneficiados e à rotação dos equipamentos. A unidade A de beneficiamento e classificação de batatas possui número de trabalhadores menor que as demais, pois a sua produção destinava-se naquele momento ao processamento industrial, não sendo necessária uma seleção mais rigorosa para os padrões de classificação (Tabela 2). Essas unidades trabalham em épocas específicas do ano, por cerca de 10-14 horas diárias. Ob- serva-se que o comprimento das linhas (Tabela 1) não influenciou na produção diária das unidades, e que o número de funcionários foi independente deste comprimento, verificando-se então que fator gerencial pode ser uma importante ferramenta no rendimento de uma linha de beneficiamento. Foi constatada variação no consumo de água entre as unidades devido à diferença no sistema utilizado para a lavagem dos tubérculos (Tabelas 3 e 4). As unidades A e B utilizam bico aspersor, enquanto que as unidades C, D e E utilizam cano de PVC perfurado Em todas as unidades foram observadas diferenças no funcionamento dos bicos aspersores utilizados e nos canos de PVC perfurados, os quais apresentavam freqüentes entupimentos. O consumo de água (L/hora) oscilou entre 15,4 e 168 mil L por hora o que pode ser devido à capacidade de operação de cada beneficiadora, à quantidade de bicos aspersores e perfurações e ao comprimento das etapas de lavagem em cada unidade. A unidade D utilizava duas linhas para a etapa de limpeza. Com relação ao número de escovas notou-se que as cinco unidades de beneficiamento e classificação de batatas avaliadas possuíam na etapa de lavagem 2 maior número de escovas do que na etapa de lavagem 1 (Tabela 5). Quanto ao material, observou-se que escovas utilizadas nas etapas de lavagem eram compostas de cerdas com nylon cristal (diâmetro 0,35 mm) e fibra de coco (material vegetal). Escovas compostas de origem animal (crina de cavalo) não foram encontradas nestas avaliações. Nas unidades B e D foram observadas, na etapa inicial de lavagem, a presença de cilindros metálicos para transporte dos tubérculos. A rotação média para todas as unidades na etapa de lavagem foi de 157 rpm, oscilando de um mínimo de 112 e um máximo de 196 rpm, com variação de 75% (Tabela 6). Para a etapa de secagem, a rotação média foi de 122 rpm, oscilando de 68 a 210 rpm, variação de 308%. Na unidade A, não foi possível calcular a rotação na etapa de secagem devido à incapacidade de visualização das esteiras. As diferenças observadas são devido aos equipamentos utilizados Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas Tabela 5. Número de escovas utilizadas nas etapas de lavagem 1, lavagem 2 e secagem nas unidades de beneficiamento e classificação de batata (Number of brushes used in the washing steps 1 and 2 and drying step in the packing and classification units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. *Unidades: A, B e C: Vargem Grande do Sul (SP); D: Itapetininga (SP); E: Divinolândia (SP). e as variações no abastecimento. Altas rotações podem causar eventuais danos físicos aos tubérculos. Comparando-se os resultados de rotação das escovas na lavagem com o volume de água gasto, notou-se que na unidade B, em que a medida de rotação foi maior, houve o menor volume de água gasta, enquanto na unidade D em que a medida de rotação foi a menor, houve o maior volume de água gasto na lavagem dos tubérculos. Por meio do uso da esfera instrumentada (70 mm), obtiveram-se dados de máxima aceleração (G) e variação na velocidade (∆v) para os impactos na linha de classificação e beneficiamento de batatas (Figuras 1, 2 e 3). Os pontos das linhas de classificação para batata que demonstraram maior G foram os de transferência (entrada no lavador e ensaque). Em três unidades (B, C e D) os maiores valores foram observados na etapa de lavagem (entrada do lavador), observando-se na unidade C, G superior a 140 m/s2. Na entrada do processo de secagem observa-se uma redução nos valores de G em todas as unidades, porém com crescente ascensão nos outros três pontos de transferência. A variação nos valores de G, entre as unidades para os pontos coincidentes, pode estar relacionada à velocidade de deslocamento, rotações das escovas, altura de queda e tipo de superfícies protetoras. Os menores valores de G foram obtidos para Unidade C, na entrada do secador. Na saída do secador, o maior valor de G foi obtido na Unidade D (>80G) e o menor na unidade A (<60G). Para a saída da seleção, na unidade E obteve-se menor valor, inferior a 70G, enquanto na unidade A obteve-se maior valor neste ponto de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 6. Medidas das rotações nas escovas (rpm) nas unidades de beneficiamento e classificação para batata (Rotation values on the brushes (rpm) in the packing and classification units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. Obs: NC = não consta; * Umidades A, B e C: Vargem Grande do Sul (SP); D: Itapetininga (SP); E: Divinolândia (SP); **Etapa de secagem utilizando-se escovas com espuma (Drying steps using brushes with foam) Etapas: (1) Recebimento (reception), (2) Lavagem 1 (washing 1), (3) Lavagem 2 (washing 2), (4) Secagem (drying), (5) Seleção e ensaque (selection and packing). Pontos de Avaliação para Impacto (points of impact evaluation): (A) Entrada no sistema de lavagem (entrance in the washing sistem), (B) Entrada no secador (entrance in the dryer), (C) Saída do secador (out of the dryer), (D) Saída seleção (out of selection), (E) Ensaque (packing). Figura 1. Desenho esquemático com as principais etapas e pontos de transferência avaliados para impacto em equipamento de beneficiamento e classificação de batatas (Chematic presentation presenting the main steps and transferring points evaluated on the impact of the equipment of the packing and classification units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. transferência (>100G). Na etapa do ensaque as unidades A e C apresentaram os maiores valores e a D valores inferiores a 70G. Geralmente nas etapas iniciais são encontrados altos valores de impacto (Sargent et al., 1992a). Miller & Wagner (1991) relatam que 80% dos impactos em linha de classificação para citrus variam entre 25-150G e são causados por quedas em superfícies rígidas de metal ou em uma camada de cobertura emborrachada muito fina. Todavia, na etapa de recebimento, foram observados valores de até 300G. Hyde et al. (1992) avaliaram linhas de beneficiamento e classificação para batata e observaram que maiores impactos são causados por quedas em superfícies rígidas. Assim, verifica-se que os valores de G observados neste trabalho corroboram 283 MD Ferreira & LH Netto Tabela 7. Aceleração Máxima (G) e velocidade (∆v) em unidades de beneficiamento de batata (Maximal acdeleration (G) and velocity (∆v) in the packing and classification units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. *Unidades: A, B e C: Vargem Grande do Sul (SP); D: Itapetininga (SP); E: Divinolândia (SP). Figura 2. Aceleração máxima (m/s2) para pontos coincidentes nas cinco unidades de beneficiamento e classificação de batatas (maximum acceleration (m/s2) on coincident points of the five packing and classifying units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. Figura 3. Velocidade média (m/s) para pontos coincidentes nas cinco unidades de beneficiamento e classificação de batata (Average speed (m/s) for coincident points of the five packing and classifying units of potato). Campinas, UNICAMP, 2004. os autores supracitados. Timm & Brown (1991) relataram uma diminuição no impacto em linhas de classificação de abacate, mamão e abacaxi, quando da 284 utilização de protetores emborrachados. Sargent et al. (1992a) também relataram que utilizando se de menores pontos de queda e que modificações em alguns pontos da linha de classificação de tomates de mesa, por meio da utilização de protetores de superfície, proporcionaram redução em até 50% na pressão de impacto, com conseqüente diminuição nos danos físicos. Quanto a ∆v observa-se que existe uma similaridade entre os gráficos apresentados (Figuras 2 e 3). Isto pode ser explicado pela correlação positiva obtida entre o ∆v e a G (Tabela 7), já que para uma dada superfície o aumento da altura de queda aumentará tanto a aceleração como a velocidade (Sargent et al., 1992a). Com os dados obtidos pode-se caracterizar as linhas de beneficiamento e classificação utilizadas de batatas e observar os seus pontos críticos os quais podem ser utilizados para dimensionamento de novos equipamentos e intervenções nas unidades em funcionamento, principalmente quanto aos pontos de impacto, os quais foram localizados em todos os equipamentos de classificação e beneficiamento de batatas. Conclui-se, portanto, que não existe a necessidade de linhas extensas e grandes quantidades de água, e sim de que ocorra a otimização do uso dos recursos e equipamentos. Uma linha ideal para funcionamento, tem como características desejadas utilizar o mínimo de água em rotações, as quais não causem danos físicos ao produto. Nos pontos de transferência a magnitude de impacto pode ser minimizada a partir do uso de protetores de superfície e pela diminuição na altura da queda. Estudos futuros podem ser conduzidos com a finalidade de se observar a relação entre os impactos sofridos e perdas pós-colheita, em especial causadas pela incidência de doenças. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Avaliação de processos nas linhas de beneficiamento e classificação de batatas AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP e à Associação Brasileira da Batata, ABBA. REFERÊNCIAS FNP CONSULTORIA & COMERCIO. 2004. AGRIANUAL 2005 - Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo: 560p. CEAGESP. 2001. Classificação da Batata “in natura”. Programa Brasileiro para a Melhoria dos Padrões Comerciais e Embalagens de Hortigranjeiros, 4p. EXPIDO J; BUENO J; VAN CANNEYT T. 2005. Impact detection in potato handling lines with sensors based on triaxial accelerometers. Acta Horticulturae 682: 1125-1131. FINGER FL; FONTES PCR. 1999. Manejo póscolheita da batata. Informe Agropecuário 20: 105-111. 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Influência da fase embrionária dos ovos da traça-das-crucíferas sobre fêmeas de Trichogramma pretiosum com diferentes idades Dirceu Pratissoli; Ricardo Antonio Polanczyk; Cácia Leila Tigre Pereira; Idana Soraya de Andrade Furtado; Juliéder Goronci Cocheto UFES, CCA, Depto. fitotecnia, Alto Universitário s/n, 29500-000 Alegre-ES; [email protected] RESUMO ABSTRACT Plutella xylostella é considerada a praga mais importante das crucíferas. O método de controle mais utilizado para essa praga é o químico. Contudo, esta espécie de inseto vem desenvolvendo resistência aos inseticidas aplicados. O controle biológico com espécies do gênero Trichogramma é considerado uma alternativa no controle dessa praga. Porém, poucos são os trabalhos que mencionam aspectos biológicos desse parasitóide sobre esta praga. Neste trabalho avaliou-se a influência da fase embrionária dos ovos do hospedeiro P. xylostella sobre fêmeas de T. pretiosum com diferentes idades. Fêmeas do parasitóide foram divididas em cinco lotes, compostos por espécimes recém-emergidos com 24; 48; 72 e 96 horas de idade. Cada lote continha dez fêmeas de T. pretiosum. Para cada fêmea de cada lote, foi oferecida uma cartela contendo 30 ovos de P. xylostella com um, dois e três dias de idade. As maiores taxas de parasitismo foram observadas em fêmeas com idade superior a 48 horas, independente do desenvolvimento embrionário do hospedeiro. Em ovos com três dias de desenvolvimento embrionário verificou-se que, para fêmeas recém-emergidas e com 48 horas de idade, a taxa de viabilidade foi superior apenas em relação àquelas com 96 horas de idade. Ao se avaliar os descendentes de T. pretiosum provenientes de ovos com um dia de desenvolvimento embrionário, verificou-se que os maiores valores de longevidade foram obtidos quando as fêmeas desse parasitóide eram recém-emergidas. Influence of diamondback moth embrionary egg stage on Trichogramma pretiosum females of different ages Palavras-chave: Plutella xylostella, repolho, controle biológico, parasitóide de ovos. Keywords: Plutella xylostella, cabbage, biological control, egg parasitoid. Plutella xylostella is one of the most important pests of Cruciferae. Chemicals have been used to control this insect, but the rapid development of resistance is a serious constraint to this method. Biological control with Trichogramma species has been reported as an alternative to control diamondback moth. However few works report biological parameters of this parasitoid interacting with this pest. This work was carried out to evaluate the influence of egg embryonary stage of P. xylostella on T. pretiosum females at different ages. Females of this parasitoid were organized in five groups. These groups were composed of females just emerged, 24 h; 48 h; 72 h, and 96 hours-old. Each group was formed of ten females. Each female received a card with thirty P. xylostella eggs, one, two and three day-old. Higher parasitism rates were observed with females older than 48 hours, with no influence of host embryonic development. In three day-old eggs it was verified that just emerged females and 48 hour-old, the viability index was superior just to those 96 hour-old. The progeny with one day of embryonary development, presented higher longevity values with just emerged females. (Recebido para publicação em 18 de julho de 2006; aceito em 14 de abril de 2007) A traça-das-crucíferas Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), é considerada a praga mais importante das crucíferas em escala mundial, ocasionando grandes perdas em plantios comerciais (França & Medeiros, 1998; Castelo Branco & Gatehouse, 2001). O principal método de controle para essa praga tem sido a utilização cada vez maior de inseticidas, o que vem propiciando o desenvolvimento de resistência a esses produtos e até mesmo a produtos biológicos como os produzidos a partir de Bacillus thuringiensis Berliner (Perez et al., 1997). O controle biológico de P. xylostella, quando bem implantado, pode ser uma excelente alternativa frente às habituais recomendações de controle químico 286 (Krnjajic et al., 1997). O elevado número de trabalhos mencionando o complexo de parasitóides nas diferentes regiões produtoras de crucíferas demonstra a importância desses inimigos naturais para a manutenção do nível populacional dessa praga abaixo do nível de dano econômico (Mitchel et al., 1998). As espécies de parasitóides pertencentes ao gênero Trichogramma têm sido muito estudadas e utilizadas em programas de controle biológico, fato esse atribuído à sua eficiência, ampla distribuição geográfica, facilidade de criação massal em ovos de hospedeiros alternativos, com menor custo de produção, permitindo sua utilização em liberações inundativas, além desse parasitóide já ter sido coletado em mais de 200 hospedeiros, pertencentes a mais de 70 famílias e oito ordens de insetos (Zucchi & Monteiro, 1997). Várias espécies de Trichogramma têm sido mencionadas como eficientes em relação ao seu potencial de uso no controle de P. xylostella em diversos países, como T. ostriniae Pang & Chen, T. chilonis Ishii e T. pintoi Voegelé na Alemanha (Wuhrer & Hassan, 1993); T. pretiosum e T. minutum Riley nos EUA (Vasquez et al., 1997); T. voegelei Pintureau, T. oleae Voegelé & Pointel, T. dendrolimi Matsumura, T. exigum Pinto & Platner, T. chilonis, T. pretiosum, T. buesi Voegelé, T. ostrinae e Trichogramatoidea bactrae Nagaraja na França (Tabone et al., 1999). Aspectos biológicos de T. pretiosum já foram pesquisados em diferentes Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Influência da fase embrionária dos ovos da traça-das-crucíferas sobre fêmeas de Trichogramma pretiosum com diferentes idades hospedeiros e temperaturas (Basso et al., 1998; Barros & Vendramim, 1999). Contudo, no Brasil, são escassos os relatos de pesquisas mencionando aspectos biológicos desse parasitóide quando criado em ovos de P. xylostella. Segundo Oliveira et al. (2003), um dos fatores que podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso da utilização de parasitóides do gênero Trichogramma no controle de lepidópteros-praga é o conhecimento de parâmetros biológicos deste parasitóide quando associado a determinado hospedeiro alvo e à fase embrionária dos ovos desse hospedeiro. Assim, o estudo das características biológicas de T. pretiosum em função do hospedeiro e da fase embrionária dos ovos pode fornecer informações importantes para a implantação de programas de manejo integrado de P. xylostella. O objetivo desta pesquisa foi obter informações básicas sobre aspectos biológicos de T. pretiosum, de diferentes idades, criado em ovos de P. xylostella de diferentes fases embrionárias. MATERIAL E MÉTODOS Criação de P. xylostella Inicialmente, cerca de 500 pupas de P. xylostella provenientes da criação estoque de laboratório da UFRPE foram transferidas para o laboratório de entomologia da UFES, onde foi iniciada a criação da traça-das-crucíferas em folhas de couve, segundo método adotado por Barros & Vendramim (1999). Coleta, manutenção e multiplicação de T. pretiosum A espécie T. pretiosum, proveniente da criação estoque do laboratório de entomologia da UFES foi inicialmente coletada em plantios comerciais de tomate localizados no município de Alegre (ES). Para a coleta dessa espécie, foram utilizadas cartelas contendo ovos de Anagasta kuehniella (Zeller) inseridas em pequenas gaiolas fixas, por 48 horas, nas folhas do terço superior de plantas de tomate. Após a coleta, a espécie foi identificada pelo professor Roberto Antonio Zucchi (Depto. de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP). Para manutenção dos parasitóides, ovos de A. kuehniella obtidos segundo técnica adaptada de Parra (1997), foram Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 1. Médias (± erro padrão) da porcentagem de parasitismo de Trichogramma pretiosum recém-emergido e com 24, 48, 72 e 96 horas, em ovos de Plutella xylostella em diferentes fases de desenvolvimento embrionário (T= 25 ± 1ºC; UR= 70 ± 10% e fotofase= 14 horas) (average (± standard deviation) of the percentual of parasitism of just emerged Trichogramma pretiosum after 24, 48, 72 and 96 hours, on eggs of Plutella xylostella in different embrionary ages). Porto Alegra, UFES, 2005. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Average values followed by the same letter, large in the line and small in the collumn did not differ through the Tukey test, 5%). inviabilizados e fixados com goma arábica diluída a 30% em cartelas (8 x 2 cm) de cartolina azul celeste. Estas foram oferecidas para adultos recémemergidos em tubos de vidro (8,5 x 2,4) e mantidos em câmaras climatizadas, com temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 14 horas. Influência da fase embrionária dos ovos de P. xylostella sobre fêmeas de T. pretiosum Fêmeas de T. pretiosum foram divididas em cinco lotes, compostos por fêmeas recém-emergidas e com 24; 48; 72 e 96 horas de idade. Cada lote representava, além da idade dos parasitóides, os diferentes períodos de ausência do hospedeiro sendo composto por dez fêmeas. Cada fêmea do parasitóide foi acondicionada em tubos de vidro (3 x 0,5 cm), fechados com filme plástico do tipo PVC e que continham na parede interna gotículas de mel para alimentação. Trinta ovos de P. xylostella, com um, dois e três dias de idade, foram coletados de discos de folha de couve (Brassica oleracea var. acephala DC, cultivar Manteiga) da criação em laboratório e transferidos com auxílio de um pincel de pêlos finos umedecidos para cartelas de cartolina azul celeste (2,5 x 0,3 cm), as quais foram posteriormente colocadas nos tubos de vidro com uma fêmea do parasitóide e fechados com filme plástico PVC. Ao final de 24 horas de parasitismo, as fêmeas de T. pretiosum foram retiradas e descartadas, os tubos com as cartelas, foram mantidos em câmaras climatizadas, reguladas na temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos descendentes. Foram avaliadas a porcentagem de parasitismo, a emergência dos parasitóides e a longevidade dos descendentes fêmeas, por meio da individualização de 30 fêmeas recém-emergidas e observações diárias para contagem da mortalidade. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 3 x 5 (três: idades de ovos; cinco: idades do parasitóide), com dez repetições para cada combinação de níveis. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (Pd”0,05), utilizando o programa computacional SAEG (Versão 5.0). RESULTADOS E DISCUSSÃO A porcentagem de parasitismo não diferiu para fêmeas de T. pretiosum com até 24 horas de idade nas diferentes fases embrionárias dos ovos de P. xylostella (Tabela 1). Contudo, a partir das 48 horas de idade a porcentagem de parasitismo foi maior em ovos com um dia de desenvolvimento embrionário, exceto para as fêmeas com 96 horas de idade, que apresentaram maior parasitismo em ovos com um e dois dias de desenvolvimento embrionário. Com relação à idade de T. pretiosum, observou-se que o percentual de parasitismo foi maior em fêmeas com idade superior a 48 horas em ovos de P. xylostella com desenvolvimento embrionário de um e dois dias. Em ovos 287 D Pratissoli et al. Tabela 2. Médias (± erro padrão) da viabilidade (%) de Trichogramma pretiosum recém emergido e com 24, 48, 72 e 96 horas, em ovos de Plutella xylostella em diferentes fases de desenvolvimento embrionário (T= 25 ± 1ºC; UR= 70 ± 10% e fotofase= 14 horas) (Means (± average value) of viability (%) of just emerged Trichogramma pretiosum after 24, 48, 72 and 96 hours, on eggs of Plutella xylostella in different embrionary ages). Porto Alegre, UFES, 2005. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Means (± average value) followed by the same letter, large in the line and small in the collumn did not differ through the Tukey test, 5%). com três dias de idade, verificou-se que apenas fêmeas recém-emergidas apresentaram uma redução significativa no parasitismo. O conhecimento dos parâmetros biológicos do parasitóide associado a determinado hospedeiro alvo é um dos principais fatores que implica no sucesso do controle biológico, sendo que a fase embrionária dos ovos deste hospedeiro pode também influenciar no comportamento do Trichogramma reduzindo a aceitação do hospedeiro e, conseqüentemente, a taxa de parasitismo (Pak, 1988; Van Dijken et al., 1986; Pereira et al., 2004). A taxa de parasitismo de T. pretiosum foi maior à medida que ocorreu aumento na idade das fêmeas, independente do desenvolvimento embrionário do ovo de P. xylostella. Resultado semelhante foi encontrado por Oliveira (1997) em fêmeas recémemergidas de Trichogramma maxacalii sobre ovos de A. kuehniella; contudo, quando esse autor trabalhou com a segunda geração de T. maxacalii sobre ovos do mesmo hospedeiro, observouse resultado semelhante aos encontrados por Berti & Marcano (1991) e Fleury & Bouletreau (1993), que constataram maiores taxas de parasitismo nas primeiras horas de vida do parasitóide. Estes resultados demonstram que o parasitismo por Trichogramma é influenciado pela idade e espécie do parasitóide e seu hospedeiro. Fêmeas de T. pretiosum privadas do hospedeiro P. xylostella por até 24 horas não apresentaram diferenças nas taxas de parasitismo com o incremento do desenvolvimento embrionário do hos288 pedeiro. Oliveira et al. (2003) relataram comportamento semelhante em fêmeas recém-emergidas de T. maxacalii em ovos de diferentes estágios de desenvolvimento embrionário de Oxydia vesulia (Cramer). Entretanto, fêmeas de T. pretiosum com 48 horas de idade apresentaram maior parasitismo em ovos de P. xylostella com um dia de desenvolvimento embrionário. O decréscimo do parasitismo provavelmente ocorre devido a mudanças nas características internas do ovo, pois com avanço do desenvolvimento embrionário os valores nutricionais vão sendo reduzidos, e este fato influencia no comportamento de aceitação do hospedeiro pelo parasitóide (Navarajan, 1979; Schmidt & Smith, 1987). Resultados semelhantes foram relatados por Lopes & Parra (1991), que observaram que o parasitismo de Trichogramma decresceu quando os ovos de Diatraea saccharalis (Frabr.) estavam no 5º dia, época em que as lagartas estavam próximas da eclosão. Faria et al. (2000) também relataram que o parasitismo de T. pretiosum sobre ovos de Tuta absoluta (Meyrick) apresentou decréscimo à medida que a fase embrionária dos ovos avançava. Assim, a fase embrionária do hospedeiro parece ter grande influência sobre as características biológicas em Trichogramma. Com relação à viabilidade, fêmeas com 96 horas de idade tiveram este parâmetro reduzido em ovos com três dias quando comparado aos ovos de um e dois dias (Tabela 2). Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira (1997) e Oliveira et al. (2003) com T. maxacalii e Trichogramma acacioi Brun, Moraes & Soares sobre ovos de A. kuehniella e O. vesulia, respectivamente. Lopes & Parra (1991), avaliando a viabilidade de fêmeas recémemergidas de Trichogramma distinctum Zucchi em ovos de A. kuehniella, também observaram que não houve influência da fase embrionária do hospedeiro nesse parâmetro. A razão sexual de T. pretiosum foi igual a um, não sendo influenciada pelos tratamentos avaliados. Esta característica de obtenção de apenas fêmeas é desejável em criações de laboratório e pode ser atribuída a uma estabilidade genética, que ocorre com o aumento do número de gerações (Pereira et al., 2004). A longevidade dos descendentes de T. pretiosum foi influenciada pela idade do parasitóide e pelas diferentes fases embrionárias dos ovos de P. xylostella (Tabela 3). Ao se analisar a fase embrionária dos ovos verificou-se que, em ovos com um dia de idade, a longevidade foi superior em relação às demais quando as fêmeas desse parasitóide eram recémemergidas. Em fêmeas com idade de 24 horas, a longevidade dos descendentes foi semelhante nas diferentes fases dos ovos de P. xylostella. Contudo, fêmeas de T. pretiosum com 48 e 72 horas de idade apresentaram maior longevidade dos descendentes em ovos com um e dois dias de desenvolvimento embrionário, enquanto as fêmeas do parasitóide com 96 horas de idade apresentaram maior longevidade de descendentes em ovos com dois dias de desenvolvimento embrionário. A longevidade dos descendentes de T. pretiosum em ovos com um dia de desenvolvimento embrionário foi maior quando as fêmeas desse parasitóide eram recém-emergidas. Em ovos com dois dias de desenvolvimento embrionário constatou-se que a longevidade dos descendentes de T. pretiosum foi maior em fêmeas desse parasitóide com 48; 72 e 96 horas de idade. Quando os ovos de P. xylostella apresentavam três dias de desenvolvimento embrionário, a longevidade dos descendentes de T. pretiosum foi maior para as fêmeas desse parasitóide com 96 horas de idade. Valores semelhantes foram encontrados por Oliveira et al. (2003) em T. acacioi sobre ovos de O. vesulia. Contudo, Bai Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Influência da fase embrionária dos ovos da traça-das-crucíferas sobre fêmeas de Trichogramma pretiosum com diferentes idades et al. (1995) constataram longevidades maiores trabalhando com outros hospedeiros e várias espécies de Trichogramma. A maior longevidade em parasitóides implica em indivíduos com tempo maior para procurar e parasitar ovos dos seus hospedeiros em campo, o que contribui para o aumento da sua população e da eficácia no controle de surtos posteriores de pragas. Espécies do gênero Trichogramma têm sido amplamente estudadas em diversos países por serem altamente especializadas e eficientes, apresentando resultados promissores no controle de pragas das hortaliças, como P. xylostella (Alam, 1990; Hirashina et al., 1990; Cordeiro & Cave, 1992; Pratissoli et al., 2004a). Contudo, Lopes (1988) relata que a idade do parasitóide pode influenciar tanto na longevidade como no parasitismo desse inimigo natural. De acordo com Berti & Marcano (1991) e Pratissoli et al. (2004b), o isolamento de fêmeas de T. pretiosum sem ovos do hospedeiro por um determinado período faz com que o parasitismo decresça significativamente. O uso de parasitóides do gênero Trichogramma no controle da traça P. xylostella tem sido importante em cultivos de repolho, pois esse inimigo natural atua em uma fase do ciclo biológico da praga incapaz de causar dano à cultura, sendo o Brasil o único país da América do Sul onde se tem relato de T. pretiosum parasitando ovos de P. xylostella (Barros & Vendramim, 1999). Neste trabalho observou-se que as diferentes idades de fêmeas de T. pretiosum e as diferentes fases de desenvolvimento embrionário de P. xylostella afetam a capacidade de parasitismo e a longevidade dos descendentes desta espécie de parasitóide. Isto demonstra a importância da idade do parasitóide bem como o período de desenvolvimento embrionário do hospedeiro para manter a qualidade de T. pretiosum em laboratório, em uma criação massal, bem como nas liberações de campo para o controle biológico de pragas. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela concessão de bolsas. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 3. Médias (± erro padrão) da longevidade dos descendentes (dias) de Trichogramma pretiosum recém-emergido e com 24, 48, 72 e 96 horas, em ovos de Plutella xylostella com diferentes fases de desenvolvimento embrionário (T= 25 ± 1ºC; UR= 70 ± 10% e fotofase= 14 horas) (Means (± average value) followed by the same letter, large in the line and small in the collumn did not differ through the Tukey test, 5%). Porto Alegre, UFES, 2005. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Average values followed by the same letter, large in the line and small in the collumn did not differ through the Tukey test, 5%).. REFERÊNCIAS ALAM MM. 1990. Diamondback moth and its natural enemies in Jamaica and some other Caribbean Islands. In: INTERNATIONAL WORKSHOOP OF DIAMONDBACK MOTH AND OTHER CRUCIFERS PESTS, 2., 1990, Taiwan. Proceeding... Taiwan: Asian Vegetable Research and Development Center. p.233-243. BAI B; ÇOBANOGLU S; SMITH SM. 1995. Assessment of Trichogramma species for biological control of forest lepidopteran defoliators. Entomolgia Experimentalis et Applicat 75: 135-143. BARROS R; VENDRAMIM JD. 1999. Efeito de cultivares de repolho, utilizados para criação de Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutelidae), no desenvolvimento de Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae). 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No impacto os frutos foram soltos em queda livre de uma altura de 1,60 m duas vezes (uma batida de cada lado do fruto), a compressão foi feito pela pressão de um peso de 58,8 N por 1 hora e o corte (6 cm de comprimento e 2 mm de profundidade, em triplicata em 2 lados dos frutos) efetuado com uma faca apropriada. Após esses tratamentos, os frutos injuriados e os do controle (intactos) foram armazenados em condições de ambiente (25°C, 65% UR). As avaliações foram feitas a cada 3 dias, determinando-se atividade respiratória, aparência, perda de massa, pH, teores de sólidos solúveis, acidez titulável, ácido ascórbico, amido e carboidratos solúveis. Durante o período de armazenamento, de 15 dias, as lesões mostraram-se prejudiciais à qualidade, afetando distintamente os parâmetros químicos, a aparência, e diminuindo os dias de possível comercialização dos frutos, em especial naqueles submetidos ao corte e ao impacto. Estas injúrias também ocasionaram maior atividade respiratória dos frutos. A perda de massa fresca foi agravada quando os frutos foram submetidos ao corte. A injúria por impacto e por corte foram as mais prejudiciais para a qualidade das abobrinhas ‘Caipira’. Effect of mechanical injuries on the quality of squash stored at room temperature Palavras-chave: Cucurbita moschata, pós-colheita, compressão, impacto, corte. Keywords: Cucurbita moschata, postharvest, compression, impact, cut. The effects of different mechanical injuries were evaluated on green squash cv. Caipira, such as impact, compression and cut. The impact injury was done by dropping the fruit from a height of 1.60 m on a hard and plain surface. Compression was made by pressing a weight of 58.8 N on the squash fruit for 1 hour and the cut was done by using a knife to make wounds (2 mm deep and 6 cm length) three times in both sides of the fruits. Injuried and intact fruits were stored at room temperature (25ºC, 65% RH). Evaluations were done every three days, measuring the respiratory activity, appearance, loss of fresh mass, pH, content of soluble solids, titratable acidity, ascorbic acid, starch and soluble carbohydrates. During the 15-day storage the injured fruits showed the worst quality, affecting the chemical parameters, the appearance and reduced the shelf life, mainly of those fruits submitted to cut and impact injuries. These injuries also increased the respiratory activity. Loss of weight was increased when the fruit were submitted to cuts. Impact and the cut injuries on immature fruits of squashes caused higher losses. (Recebido para publicação em 7 de junho de 2006; aceito em 22 de maio de 2007) N o grupo de abóboras colhidas imaturas, a abobrinha verde destacase por ser um fruto mais bem aceito que a abobrinha-italiana, em mercados interioranos. Um bom exemplo é a tradicional cultivar nacional Menina Brasileira, cujos frutos apresentam “pescoço”. Há mais de uma cultivar dessa seleção, todas conservando a característica de resistência a viroses e rama longa. Há também as abóboras denominadas “caipira”, cujos frutos são colhidos imaturos, apresentam a forma alongada, sem “pescoço”, com cerca de 20 cm de comprimento. Estas são muito apreciadas em determinados mercados, como o de Goiânia e o de Uberlândia (Filgueira, 2003). Segundo o autor supracitado, as abobrinhas verdes devem ser colhidas aos 60-80 dias após a semeadura, quando apresentem cerca de 30 cm de comprimento. Geralmente são comercializados Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 em caixas tipos “K”, com capacidade de 22 kg. Este tipo de embalagem, assim como o armazenamento a granel, leva os frutos a apresentarem severas lesões por compressão e corte, dado o mau arranjo nas caixas e amontoamento a granel. Grande parte das perdas pós-colheita é determinada por ocasião da entrega para distribuição do produto proveniente do campo e são resultantes, basicamente, de manuseios excessivos e acondicionamentos inadequados. Estes problemas são agravados pelo mau estado de conservação das estradas, o que aumenta a trepidação e, conseqüentemente, as injúrias mecânicas. Reduções nessas perdas são, provavelmente, mais importantes que aumentos na produção, uma vez que os custos e a energia envolvidos durante o processo produtivo são totalmente desperdiçados, à medida que o produto é perdido mais próximo do ponto de consumo (Chau, 1997). As maiores perdas durante o transporte são devidas a danos mecânicos, o que é acentuado pela falta de proteção que deveria ser dada pelas embalagens. Batidas ou pancadas e cortes podem levar a infecções microbianas, particularmente quando o tempo de armazenamento é longo (Medlicott, 1997). À medida que os frutos sofrem injúrias, também ocorre aumento na liberação de CO2, pois as células próximas ao local danificado passam a respirar mais intensamente. Com esse aumento na taxa respiratória há evolução na concentração de etileno, acelerando o processo de amadurecimento e senescência, diminuindo a qualidade e a vida útil do fruto (Hyodo et al., 1993; Ishii et al., 1993; Chitarra & Chitarra, 1990). O objetivo deste trabalho foi ava291 MFB Durigan & BH Mattiuz Figura 1. Aparência externa (A) e interna (B) de abobrinhas ‘Caipira’, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25°C e 65% UR (external appearance (A) and internal (B) of green squash ‘Caipira’, submitted to various mechanical injuries and stored under 25°C and 65% UR). Jaboticabal, UNESP, 2005. liar os efeitos de diferentes injúrias mecânicas na qualidade de abobrinhas verdes ‘Caipira’. MATERIAL E MÉTODOS Abobrinhas verdes do tipo ‘Caipira’ foram colhidas no estádio de maturação indicado para comercialização, cujas características são: peso médio 790 g, casca verde-claro, lisa e aparentemente imaturo, ou seja, suculento e macio. O pedúnculo foi cortado com faca afiada, deixando-se uma porção com aproximadamente 2 cm aderida ao fruto, para pre292 venir contra prováveis podridões (Filgueira, 2003). Os frutos foram transportados, rápida e cuidadosamente, da lavoura comercial ao laboratório na UNESP em Jaboticabal, em caixas plásticas forradas com filme plástico tipo “bolha” e papel jornal. Neste local as abobrinhas foram lavadas e deixadas em repouso por 1 hora sob temperatura de 20°C e novamente uniformizadas quanto à coloração e tamanho. Foram avaliados três tipos de injúria mecânica: impacto, compressão e corte. Na injúria por impacto, os frutos foram deixados cair de uma altura de 1,60 m sobre uma superfície maciça, plana e rígida. Cada fruto sofreu dois impactos, nos lados opostos de sua linha equatorial. Na injúria por compressão, os frutos foram colocados sobre uma superfície plana e sob a ação de um peso de 58,8 N, durante 1 hora. Na injúria por corte, os frutos foram submetidos a três incisões com 6 cm de comprimento por 2 mm de profundidade, feitos com lâminas adaptadas a esta função, no sentido longitudinal e em ambos os lados do fruto. Frutos não injuriados compuseram o tratamento controle. As áreas lesionadas foram demarcadas e os frutos armazenados sob condições de ambiente (25±1ºC e 65±5% UR). Este experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, num esquema fatorial composto por três fatores: tipo de injúria; local da injúria (no mesmo fruto foram consideradas as regiões injuriadas e as regiões não injuriadas) e dias de armazenamento. Foram utilizadas três repetições com três frutos cada para a determinação de CO2 e para as análises químicas, e dez para as determinações de coloração e de massa fresca. A perda de massa fresca foi obtida através da pesagem dos frutos em balança eletrônica “Marte”, sensibilidade de 0,02 g. As avaliações foram feitas a cada 3 dias, analisando-se as evoluções na massa fresca, na coloração e na aparência externa em um grupo fixo de frutos e as análises químicas e de aparência interna através de análises destrutivas. A aparência interna e externa foi avaliada mediante a atribuição de notas. Nota 5 (ótima) foi atribuída aos frutos em perfeitas condições de comercialização, considerando casca verde-claro, lisa e brilhante, aparentemente imaturo, suculento e macio, ausência de podridão, e polpa clara e macia. Nota 4 (boa) foi atribuída aos frutos em boas condições de comercialização, porém com casca verde mais escura, menos brilhante, sem podridões e polpa clara e macia. Nota 3 (regular) para os frutos com casca escura, enrugada, levemente murcho, frutos endurecidos ou moles, sem podridões e polpa característica. A nota 2 (ruim) foi atribuída a frutos com casca escura, enrugada, muito murcho, frutos enduHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Efeito de injúrias mecânicas na qualidade de abobrinhas armazenadas em condição ambiente Tabela 1. Médias de coloração e da composição química de abobrinhas verdes ‘Caipira’, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25°C e 65% UR (means of coloration and chemical composition of green squash ‘caipira’, submitted to mechanical injuries and stored under 25°C and 65% UR). Jaboticabal, UNESP, 2005. SS = sólidos solúveis (soluble solids) (ºBrix); AT = acidez titulável (titratable acidity) (g. de ácido cítrico.100 mL-1) (weight of citric acid in g 100mL-1); Amido (starch) = g glicose.100g de abobrinha (glicose weight in 100 g of green squash); CS = carboidratos solúveis (g.glicose.100g1) (soluble carbohidrates). Obs: Para cada variável, médias seguidas de pelo menos uma letra comum, na coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05)(average values followed by the same letter in the column did not differ through the Tukey test, 5%). recidos ou moles demais, início de podridões e polpa dura ou escurecida. Os frutos com coloração demasiadamente escura ou manchas enegrecidas, podridão aparente, muito murcho, casca enrugada, lesões e polpa escurecida, não apresentando condições de consumo, receberam nota 1 (péssima). Foram efetuadas avaliações da coloração externa, em áreas pré-determinadas de frutos selecionados ao acaso em cada tratamento. Para esta, utilizou-se um colorímetro Minolta CR-200b, que determinava os valores de luminosidade (L), a* e b*. Esses resultados permitiram calcular o ângulo de cor (Hue) e a saturação da mesma (cromaticidade), conforme o recomendado pela Minolta Corp. (1994). Para análises químicas, as amostras eram tomadas a cada três dias, comparando-se abobrinhas lesionadas e não lesionadas. As amostras foram analisadas, após serem trituradas, quanto aos seus conteúdos de acidez titulável (AT), sólidos solúveis (SS), teores de amido e de carboidratos solúveis (CS) (AOAC, 1997) e pH. A evolução da produção de CO2 foi determinada diariamente, colocando-se quatro frutos em recipiente com capaHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 cidade de 3 L (1 repetição), hermeticamente fechado, por um período de 1 hora, sob as condições de ambiente. Foram tomadas alíquotas de 0,3 mL do conteúdo da atmosfera do interior dos recipientes, antes e imediatamente após este período, com uma seringa apropriada (Exmire Microseringe, Ito Corp.), as quais tiveram seus teores de CO2 determinados em cromatógrafo (GC Finnigan 9001) equipado com detectores de condutividade térmica e de ionização de chama, assim como peneira molecular, metanador e coluna de aço inoxidável preenchida com Porapak N. As condições de trabalho foram: temperatura da coluna 55°C, temperatura dos detectores 150°C, temperatura do metanador 350°C; fluxo de ar 175 mL min-1; fluxo de hidrogênio 15 mL min-1; e fluxo do nitrogênio 30 mL min-1. Os resultados para O2 e CO2 foram expressos em porcentagem, tendo como padrão uma mistura gasosa contendo O2 (10%), CO2 (0,11%), etileno (51 ppm) e N2 para completar 100%. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de pro- babilidade (SAS, 1999). A perda de massa fresca foi analisada comparandose a significância do paralelismo das retas pelo Teste T (Neter et al., 1978). RESULTADOS E DISCUSSÃO A maioria dos frutos do tratamento controle permaneceu com ótima aparência externa até o 13º dia de armazenamento (Figura 1A). Os frutos do tratamento corte apresentaram grande resistência no local da injúria, formando uma “casca” endurecida (firmeza aproximada de 88,2N) o que prejudicou bastante a sua aparência. Os frutos submetidos ao impacto e à compressão se apresentaram mais amolecidos, principalmente no local da injúria. Esta região também se deteriorou mais rapidamente, prejudicando a aparência. Adicionalmente, nos frutos injuriados foi observada perda precoce do brilho e da turgidez característica. Com o passar dos dias de armazenamento (17 dias no total), estes frutos ficaram mais murchos que os intactos. Internamente, a maioria dos frutos do controle permaneceu com boa aparência por até nove dias após a colheita (Figura 1B). Entretanto, 293 MFB Durigan & BH Mattiuz Tabela 2. Equações representativas da evolução da perda de massa fresca acumulada por abobrinhas verdes ‘Caipira’, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25°C e 65% UR (Equations representative of the evolution of accumulated fresh mass lose from the green squash ‘Caipira’, submitted to various mechanical injuries and stored under 25°C and 65% UR). Jaboticabal, UNESP, 2005. a y = massa fresca (g); x = tempo de armazenamento (dia); bretas seguidas de pelo menos uma letra comum, não diferem significativamente entre si, quanto ao teste T de paralelismo (ay = fresh weight (g); x = storing period (days); baverage values followed by the same letter in the column did not differ through the paralelism T test). Figura 2. Evolução da atividade respiratória de abobrinhas ‘Caipira’ submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25ºC e 65% UR. Barras verticais indicam o desvio padrão (n=3) (Evolution of the respiratory activity of green squash ‘Caipira’ submitted to various mechanical injuries and stored under 25°C and 65% UR. Vertical bars indicate the standard deviation). Jaboticabal, UNESP, 2005. com apenas um dia após as lesões, foi observado nos frutos do impacto, rachaduras na região das sementes, que resultou em amolecimento, no terceiro dia. No tratamento corte e compressão, observou-se um efeito contrário, com os frutos apresentando-se endurecidos e escurecidos, com algumas regiões translúcidas. No período avaliado, a injúria por corte promoveu as menores médias de aparência interna quando comparada aos demais tratamentos (em especial para coloração visual e índice de podridões). As mudanças na coloração dos frutos foram significativas para luminosidade e cromaticidade, mostrando que as injúrias prejudicaram os fru294 tos (Tabela 1). Foi observado escurecimento dos frutos dado pelo aumento nos valores de luminosidade e de cromaticidade, deixando o fruto verde escuro, não raramente com manchas marrons e/ou amarelo escuro. Este amarelecimento pode estar relacionado ao amadurecimento, pois também foi observado nas abobrinhas intactas com os dias de armazenamento, ou ao estresse, uma vez que se comparando regiões intactas e injuriadas dentro de um mesmo fruto houve maior amarelecimento nas regiões injuriadas, provavelmente devido ao desencadeamento da degradação da clorofila. O corte e o impacto levaram a alterações nos valores de acidez titulável das abobrinhas. Apesar das diferenças entre os dias de armazenamento, houve uma estabilização para a maioria dos parâmetros químicos analisados (Tabela 1). O aumento da acidez e o decréscimo no pH são indicativos de provável aceleração do processo respiratório (Ciclo de Krebs) ou de solubilização das pectinas, o que torna o meio mais ácido. Foi constatado aumento nos teores de sólidos solúveis (SS) ao longo deste período. Estas modificações são evidenciadas também pela diminuição no conteúdo de amido ao longo do armazenamento. Mudanças nos teores de carboidratos incluem a conversão do amido a açúcares. A quebra de pectinas e outros polissacarídeos resultam em amaciamento dos produtos hortícolas e conseqüente aumento na suscetibilidade às injúrias mecânicas (Kader, 2002). Verifica-se que os teores de carboidratos solúveis nos tratamentos e durante o armazenamento não diferiram significativamente entre si, o que também foi observado por Kasat (2004) em pêssegos ‘Aurora-1’. Os carboidratos solúveis são constituídos, em sua quase totalidade por açúcares não redutores, com destaque para a sacarose. O teor de açúcares geralmente aumenta com o amadurecimento em frutos através de processos de biossíntese ou pela degradação de polissacarídeos e leva os valores médios a aumentos da ordem de 10% (Chitarra & Chitarra, 1990). Dentre as injúrias, a que levou à maior perda de massa ao longo do armazenamento foi o corte (Tabela 2). Nestes frutos, a injúria causada pelo corte facilitou a perda de água por transpiração devido ao rompimento das estruturas protetoras na casca. Segundo a porcentagem acumulada de perda de massa fresca, o corte foi o mais prejudicial totalizando 73%, seguido da compressão que totalizou 72% (Figura 2). Perdas de massa fresca também foram observadas por Hudson & Orr (1977), ao estudarem a relação entre injúrias mecânicas por impacto e por abrasão, ou seja, que a perda de água em batatas foi maior naquela em que havia a ocorrência dessas injúrias. Verificaram ainda, que lesões de 0,5 cm2 são capazes Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Efeito de injúrias mecânicas na qualidade de abobrinhas armazenadas em condição ambiente de dobrar a perda de água durante o armazenamento. A atividade respiratória dos frutos foi pouco afetada após o lesionamento mecânico, durante as 36 horas em que foi monitorado (Tabela 2). Todos os frutos injuriados respiraram mais que os frutos intactos, com destaque para o corte, seguidos da compressão e impacto. Verificou-se que após a 11a hora houve incremento na atividade respiratória para todos os frutos injuriados, e tiveram um decréscimo após a 24ª hora depois do início dos experimentos. Mattiuz & Durigan (2001) também notaram para goiabas que os frutos injuriados produziram sempre maior quantidade de CO2 que os do controle, sem que se detectasse a ocorrência de pico respiratório. Houve pequena diferença entre os tratamentos, apesar de não detectado pela estatística, onde a injúria por corte fez com que os frutos obtivessem as maiores medias de produção de CO2, demonstrando sua gravidade. A qualidade de abobrinhas ‘Caipira’ apresentou perda gradual de aparência e redução na vida útil intensificada pelos tratamentos corte e impacto. Houve evolução nos teores de acidez titulável e sólidos solúveis com diminuição nos valores de pH ao longo do período de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 armazenamento. O corte promoveu um aumento na perda de massa fresca acumulada e de atividade respiratória. A qualidade das abobrinhas ‘Caipira’ sofreu perdas significativas durante o armazenamento em função das diferentes injúrias mecânicas, sendo que as injúrias por corte e impacto foram as que mais contribuíram para esta perda. AGRADECIMENTOS À FAPESP e à CAPES pelo auxílio financeiro. LITERATURA CITADA AOAC. 1997. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists International. 16 ed. Washington: Ed. Patricia Cummiff, v.2, cap.37. CHAU KV. 1997. Modified atmosphere packaging for fresh fruits and vegetables. In: CORTEZ LAB; NEVES FILHO LC. (Ed.) I Curso de atualização em tecnologia de resfriamento de frutas e hortaliças. Campinas: UNICAMP, 133p. CHITARRA MIF; CHITARRA AB. 1990. Póscolheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: FAEPE, 293p. FILGUEIRA FAR. 2003. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2 ed. Revista e ampliada. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 412p. HUDSON DE; ORR PH. 1977. Incidence of mechanical injuries to potatoes during certain storage-related handling operations in the River Valley production area. American Potato Journal 54: 11-21. HYODO H; HASHIMOTO C; MOROZUMI S; UKAI M, YAMADA C. 1993. Induction of ethylene production and lignin formation in wounded mesocarp tissue of Cucurbita maxima L. Acta Horticulturae 343: 264-9. ISHII G; CALBO AG; SILVA JLO. 1993. Effect of mechanical injury on ripeness and quality of mature green tomatoes. Annual Report from the Department of Applied Plant Physiology.. Osaka: NIVOT, p.78-9. KADER AA. 2002. Postharvest technology of horticultural crops. Oakland: University of California, Agriculture and Natural Resources, 535p. KASAT GF. 2004. Efeito de injúrias mecânicas na qualidade pós-colheita de pêssegos Aurora-1. 47f. Monografia (Graduação em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal. MATTIUZ BH; DURIGAN JF. 2001. Efeito de injúrias mecânicas no processo respiratório e nos parâmetros químicos de goiabas ‘Paluma’ e ‘Pedro Sato’. Revista Brasileira de Fruticultura 23: 282-287. MINOLTA CORP. 1994. Precise color communication: color control from feeling to instrumentation. Japão, 49 p. NETER J; WASSERMAN W; WHITMORE GA. 1978. Applied linear statistical models. Massachussets: Allyn and Bacon, Inc. 745p. SAS Institute Inc. 1999. SAS System for Microsoft Windows: release 8.02, Cary, NC, USA 295 DURIGAN MFB; MATTIUZ BH. 2007. Injúrias mecânicas e seus efeitos na qualidade de melancias armazenadas em condição ambiente. Horticultura Brasileira 25:296-300. Injúrias mecânicas e seus efeitos na qualidade de melancias armazenadas em condição ambiente Maria Fernanda Berlingieri Durigan1; Ben-Hur Mattiuz UNESP-FCAV, Jaboticabal-SP; 1Doutoranda em Produção vegetal, Depto. Tecnologia; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT As injúrias mecânicas constituem uma das principais causas de perdas pós-colheita dos produtos hortícolas. Avaliou-se os efeitos de diferentes injúrias mecânicas sobre a qualidade de melancias ‘TopGun®’. Foram testados três tipos de lesões: impacto (os frutos caíram de uma altura de 20 cm); compressão (os frutos ficaram sob a pressão de um peso de 294 N durante 10 horas); corte (feito com lâminas apropriadas). Após esses tratamentos, os frutos injuriados e os do controle (intactos) foram armazenados em condições de ambiente (25±1°C, 65±5% UR). As avaliações foram feitas a cada 4 dias, determinando-se a aparência, a perda de massa fresca, os teores de sólidos solúveis, de acidez titulável e de ácido ascórbico, coloração interna e atividade respiratória. Durante o armazenamento de 15 dias, as lesões mostraram-se prejudiciais à qualidade e à aparência dos frutos, em especial naqueles submetidos ao corte e ao impacto. Notou-se também escurecimento na polpa destes frutos. Perda de massa fresca também foi observada durante este período e foi agravada quando os frutos foram submetidos ao impacto. O teor de sólidos solúveis e o ácido ascórbico diminuíram ao longo do período de armazenamento. A atividade respiratória aumentou logo nas primeiras horas em frutos submetidos às injúrias de corte e impacto. Effect of mechanical injuries on the quality of watermelon stored at room temperature Palavras-chave: Citrullus lanatus, pós-colheita, compressão, impacto, corte. Mechanical injuries are the main cause of losses in the post harvest of horticultural products. The effect of different mechanical injuries was evaluated on the quality of watermelons ‘TopGun®’. The impact was evaluated when the injury was made by allowing the product to fall from 20 cm height on a hard and plane surface, compression of fruits under a weight of 294N and cutting the fruits with an appropriate blade. After this, the injuried and intact fruits were stored at room temperature (25+1ºC, 65+5%RH). The evaluations were performed every 4 days, for appearance, loss of fresh mass, the content of soluble solids, titratable acidity, ascorbic acid, internal color and respiratory activity. During the storage period of 15 days, the injuries prejudiced the quality and the apearance of the fruits, mainly those submitted to the cut and impact, presenting the worst quality, affecting the chemical parameteres, the appearance and reducing the days of possible comercialization. The pulp turned slightly darker. Loss of fresh mass also was observed during this period and became worst on the fruit submited to the impact. The content of soluble solids and ascorbic acid reduced through the storage period. The respiratory activity was afected in the first hours of analisis by the cut and the impact. Keywords: Citrullus lanatus, postharvest, compression, impact, cut. (Recebido para publicação em 7 de junho de 2006; aceito em 15 de abril de 2007) A espécie Citrullus lanatus é originária de regiões quentes da África, sendo hoje cultivada em várias partes do mundo. Foi introduzida no Brasil por escravos, que a semeavam entre as plantas de milho. Posteriormente, durante a guerra civil americana, cultivares melhoradas foram introduzidas por agricultores norte-americanos sulistas, que se fixaram em Americana (SP). Atualmente a cultura é praticada em todo território nacional (Filgueira, 2003). Nas cultivares preferidas, o fruto é globular ou alongado, com polpa vermelha, apresentando pequena parte branca. As sementes escuras estão distribuídas pela polpa. Atualmente vêm ocorrendo rápidas mudanças nesta cultura, com a introdução de cultivares hí296 bridas, as quais apresentam vantagens sobre as tradicionais. As cultivares plantadas no centro-sul podem ser divididas em grupos ou tipos, segundo o formato dos frutos, globular ou alongado, e presença ou ausência de sementes (Filgueira, 2003). O tipo globular é o preferido nas regiões produtoras brasileiras. A cultivar típica é a norte-americana ‘Crimson Sweet’, que produz melancias com casca rajada, de coloração verde clara e verde-escura. Os frutos desse grupo pesam 10-13 kg, são globulares ou globular-alongados, com polpa de boa qualidade. O híbrido ‘TopGun’ da Syngenta Seeds, lançado em 2002, também é um destaque entre as melancias globulares, por atender necessidades do mercado. Possui como principais características a precocidade, casca tipo ‘Crimson Sweet’ (verde mediano com estrias verde-escuro) e com espessura adequada, coloração da polpa vermelho intenso brilhante, casca lisa e uniformidade no tamanho dos frutos (11-13 kg) (Syngenta seeds, 2004). Segundo Calbo (2001), a maioria das cultivares possui frutos muito grandes que atingem massa superior a 5 kg. Por isso, apesar da melancia possuir uma casca resistente, que a protege da perda de água, este fruto é sensível a batidas, que causam deterioração e alterações em sua qualidade. A qualidade das frutas e hortaliças frescas engloba desde seus atributos sensoriais, valores nutritivos, constituintes Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Injúrias mecânicas e seus efeitos na qualidade de melancias armazenadas em condição ambiente químicos, propriedades funcionais e até mesmo seus defeitos (Abbot, 1999). Na elaboração dos regulamentos técnicos de identidade e qualidade de cada fruta ou hortaliça consumida fresca, consideram-se na caracterização da qualidade os defeitos e a garantia mínima de atributos sensoriais. A tarefa é extremamente complexa, devido à necessidade de avaliação da qualidade em diferentes pontos da cadeia: casa de embalagem, embalador, atacadista, varejista, consumidor (Gutierrez, 2005). O metabolismo e o desenvolvimento dos danos ocorrem ao longo do processo de distribuição e comercialização. Estima-se que 30 - 40% das frutas e vegetais sofrem algum tipo de dano, da colheita ao mercado (Peleg & Hinga, 1986). O desenvolvimento de podridão, considerado o dano mais grave, inviabiliza o consumo do produto e até a venda de um lote, em virtude do seu potencial de disseminação para os outros frutos. Os agentes causais associados à podridão de órgãos de reserva são fungos e bactérias, que ocorrem no ar e no solo (Zagory, 1999). As condições que causam danos são as mesmas que favorecem o crescimento e o estabelecimento de altas populações microbianas (Zagory, 1999). Segundo Ogut et al. (1999), a sensibilidade ao dano varia com o estado físico e biológico do fruto (temperatura, conteúdo de água, estádio de crescimento e maturação) e com fatores ligados ao manuseio e transporte. As propriedades mecânicas dos frutos são muito influenciadas pela sua turgidez e temperatura e conseqüentemente pela sua sensibilidade ao dano. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes injúrias mecânicas sobre a qualidade de melancias cv. TopGun®. MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se melancias cv. Top Gun® procedentes do município de Itápolis (SP). A colheita destes frutos foi realizada de manhã e de forma inteiramente casualizada no local de cultivo. Os frutos foram colhidos no estádio de maturação considerado adequado para comercialização. Estas melancias foram levadas até o laboratório da UNESP de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Jaboticabal, embaladas em palha, filme plástico tipo bolha e papel jornal, na tentativa de se dar um máximo de proteção aos frutos. No laboratório, as melancias foram lavadas com detergente neutro e buchas macias e deixadas em repouso por 2 horas em ambiente climatizado (20°C). Antes da aplicação dos tratamentos, os frutos sofreram outra seleção, na tentativa de alcançar maior uniformidade, em especial quanto ao tamanho, formato e peso. Selecionaram-se frutos com peso médio de 11 ± 1,1 kg. Foram testados três tipos de injúrias mecânicas: impacto, compressão e corte. Na injúria por impacto, os frutos foram deixados cair de uma altura de 20 cm sobre uma superfície maciça, plana e rígida (piso cerâmico, assentado sobre base de cimento). Cada fruto sofreu dois impactos, nos lados opostos de sua linha equatorial. Após cada queda, o fruto foi imediatamente amparado, evitando outros impactos no mesmo local. Para simular injúria por compressão, os frutos foram colocados sobre uma superfície plana, sob um peso de 294 N, durante 10 horas. Na injúria por corte, os frutos foram submetidos a três incisões com 15 cm de comprimento por 2 mm de profundidade, feitos com lâminas, no sentido longitudinal e em ambos os lados do fruto. As áreas lesionadas foram demarcadas e os frutos armazenados, juntamente com as melancias intactas (controle), sob condição ambiente (25±1°C, 65±5% UR) Este experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, num esquema fatorial composto por três fatores. Foram utilizadas três repetições para a determinação da evolução de CO2 e para as análises químicas, e dez repetições para a análise de coloração. As avaliações foram feitas a cada quatro dias, quando se determinou a aparência interna (coloração, ausência de podridão, rachaduras, uniformidade e qualidade da polpa), mediante a atribuição de notas (4 = ótimo; 3 = bom; 2 = regular ou sem condições de comercialização; 1 = ruim ou impróprio para o consumo) e apenas um relato sobre a aparência externa. Neste período verificaram-se também as mudanças na massa fresca, na coloração da polpa e na composição química. As avaliações de coloração foram sempre feitas na polpa dos frutos, em áreas pré-determinadas de frutos selecionados ao acaso, em cada tratamento. Utilizou-se colorímetro Minolta CR200b, com determinação dos valores de luminosidade (L), a* e b*. Esses resultados permitiram calcular o ângulo de cor (Hue) e a saturação desta cor (cromaticidade), conforme o recomendado pela Minolta Corp.(1994). Para as análises químicas, as amostras foram tomadas a cada quatro dias. Nos frutos injuriados foram analisadas separadamente as áreas lesionadas e as não lesionadas. As amostras foram analisadas quanto aos conteúdos de ácido ascórbico (AA), acidez titulável (AT) e sólidos solúveis (SS) (AOAC, 1997). A evolução da produção de CO2 foi determinada a cada duas horas até a 11ª hora, colocando-se um fruto em recipiente com capacidade para 47 L, hermeticamente fechado, por um período de 1 hora, sob as condições de ambiente. Para cada tratamento utilizaram-se três repetições. Foram tomadas alíquotas de 0,3 mL do conteúdo da atmosfera do interior dos recipientes, antes e imediatamente após este período, com uma seringa apropriada (Exmire Microseringe, Ito Corp.), as quais tiveram seus teores de CO2 determinados em cromatógrafo GC Finnigan 9001, e o resultado expresso em mg de CO2.kg-1.h-1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade (SAS, 1999). A perda de massa fresca foi analisada comparandose a significância do paralelismo das retas pelo Teste T (Neter et al., 1978). RESULTADOS E DISCUSSÃO A aparência interna dos frutos foi bastante prejudicada pela aplicação dos tratamentos injuriantes (Figura 1). No tratamento controle, eles mantiveram ótima aparência (nota 4) por até 12 dias. Segundo CALBO (2001), melancias armazenadas em temperaturas ao redor de 20°C mantêm a vida de prateleira por até três semanas. Os frutos submetidos ao impacto apresentaram rachaduras na polpa qua297 MFB Durigan & BH Mattiuz Figura 1. Aparência interna de melancias cv. TopGun®, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25±1°C e 65±5% UR (Escala de notas: 1= ruim a 4 = ótimo) (Internal appearance of watermelon, cv. TopGun, submitted to various mechanical injuries and stored under 25±1°C and 65±5% UR (Grades 1= bad to 4= good)). Jaboticabal, UNESP, 2005. Tabela 1. Equações representativas da evolução da perda de massa fresca por melancias cv. TopGun®, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25±1°C e 65±5% UR (Equations representative of the evolution of fresh mass lose from the watermelon cv. TopGun, submitted to various mechanical injuries and stored under 25°C and 65% UR). Jaboticabal, UNESP, 2005. a y = massa fresca (g); x = tempo de armazenamento (dia); bretas seguidas de pelo menos uma letra comum, não diferem significativamente entre si, quanto ao teste T de paralelismo. (ay = fresh weight (g); x = storage period (dia); baverage values followed by the same letter in the column did not differ through the paralelism T test). tro dias após o início do experimento, quando receberam nota média 3,8. Alguns frutos ficaram escurecidos no local da injúria, o que foi agravado após 8 dias de armazenamento. Aos 12 dias, foram observadas algumas melancias com a polpa despedaçada na região central do fruto. As células da polpa da melancia são grandes e se rompem com facilidade e como conseqüência, há o extravasamento do conteúdo celular prejudicando as células vizinhas e facilitando o apodrecimento (Calbo, 2001). Na injúria por compressão, notouse um avanço no processo de senescência dos frutos, principalmente nos locais injuriados. Estes estavam internamente escurecidos e mais adocicados. Também foram notadas pequenas 298 rachaduras na polpa, as quais ficaram mais evidentes aos 8 dias. Mesmo com as rachaduras, aumentadas a cada dia de análise, os frutos apresentaram sabor e aparência atrativos até o 12° dia de armazenamento (nota 3,8). Os tratamentos citados acima não apresentaram defeitos aparentes nas regiões externas dos frutos. Assim, até o 16° dia de armazenamento, esses tratamentos não diferiram visualmente entre si. Os frutos submetidos ao corte apresentaram marcas externas antes de 4 dias de armazenamento. Estes “sinais”, deixados por esta injúria não afetaram de maneira decisiva a aparência externa nem a interna até o 8°dia. No 12° dia 70% dos frutos deste tratamento forma- ram uma barreira no local lesionado, cicatrizando o ferimento e protegendo o fruto da entrada de patógenos. No restante notou-se externamente a ocorrência de fungos nos locais lesionados, alguns em estado mais avançado, mostrando amolecimento e encharcamento das células. Os frutos onde os fungos não penetraram mantiveram-se bons internamente. Aqueles onde houve penetração dos fungos pela casca, afetaram a polpa deixando-a marrom ou preta e com odor característico. Os frutos não infectados permaneceram bons para o consumo até o 16° dia de armazenamento. Entre o 8° e o 16° dia de análise alguns frutos infectados romperam-se naturalmente, devido à penetração de bactérias pelo local injuriado, liberando a polpa liquefeita. Este resultado fez com que a média geral das notas para aparência interna diminuisse, deixando os frutos classificados como impróprios para a comercialização e consumo. As injúrias levaram os frutos a perder massa fresca com maior intensidade quando comparados aos do controle, durante o período de armazenamento. Dentre as injúrias, o impacto levou às maiores perdas de massa fresca acumulada (Tabela 1). Esta injúria levou a perdas acumuladas de 7,5% no período avaliado (Figura 2). Apesar da melancia possuir casca resistente, que a protege da perda de água, este fruto é sensível a batidas, que causam deterioração e diversas mudanças em sua qualidade (Calbo, 2001). A permeabilidade à perda de água varia com a espécie, cultivar e com as práticas de manejo na colheita e póscolheita da fruta. Esse manejo aumenta a perda de água pelas frutas, devido à ocorrência de micro-rachaduras na cutícula das frutas. A intensidade e a velocidade da perda de massa fresca são medidas que podem retratar os efeitos do manuseio em cada ponto da cadeia (Fresh technologies, 2004). Observou-se uma pequena evolução da coloração da polpa, principalmente nos frutos submetidos às injúrias, ocorrendo diferenças significativas somente para a variável cromaticidade. Estes dados evoluíram de 24,07 no primeiro dia de análise para 25,66 no décimo sexHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Injúrias mecânicas e seus efeitos na qualidade de melancias armazenadas em condição ambiente Tabela 2. Luminosidade, ângulo de cor, cromaticidade e qualidade da parte interna de melancias ‘TopGun®’, submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25±1°C e 65±5% UR (Luminosity, color angle, chromaticity and quality of the internal parto f watermelhon ‘TopGun’, submitted to various mechanical injuries and stored under 25±1°C and 65% UR). Jaboticabal, UNESP, 2005. Obs: Para cada variável, médias seguidas de pelo menos uma letra comum, na coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05). SS = sólidos solúveis (ºBrix); AT = acidez titulável (g. de ácido cítrico.100 mL-1); AA = ácido ascórbico (mg.100 mL-1) (For each variable, average values followed by the same letter in the column did not differ through the Tukey test (p<0,05). SS = soluble solids(ºBrix); AT = titratable acidity (g. of citric acid.100 mL-1); AA = ascórbic acid (mg.100 mL-1)) to, mostrando que a intensidade do pigmento vermelho aumentou sutilmente com o passar do tempo (Tabela 2). Este atributo é o mais importante no processo de escolha de um produto pelos consumidores (Kader, 2002) e para melancias, a coloração interna está diretamente ligada à qualidade comercial desta fruta (Showalter, 1960). Apesar de não detectadas estatisticamente, visualmente observaram-se diferenças entre as áreas lesionadas e não lesionadas, o que leva a crer que a visão fornece uma melhor abordagem quanto à integração dos parâmetros relacionados à cor, considerando-se em especial a influência das rachaduras, da polpa mais seca com aspecto farináceo e das células menos túrgidas. Houve diferenças significativas entre os valores médios dos parâmetros químicos avaliados, com exceção das áreas lesionadas e não lesionadas que não apresentaram diferenças significativas em nenhuma das análises químicas efetuadas (Tabela 2). Foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos para os valores de AT e de AA. O tratamento compressão, assim como para perda de massa fresca, apresentou os Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 2. Evolução da atividade respiratória de melancias cv. TopGun® submetidas a diferentes injúrias mecânicas e armazenadas a 25±1°C e 65±5% UR. Barras verticais indicam o desvio padrão (n=3) (Evolution of the respiratory activity of watermelons cv. TopGun submitted to various mechanical injuries and stores under 25±1°C and 65±5% UR. Vertical bars indicate the standard deviation). Jaboticabal, UNESP, 2005. maiores valores para AT, mostrando seu efeito prejudicial às melancias, apesar da boa aparência. O aumento da acidez é indicativo de provável aceleração do processo respiratório (Ciclo de Krebs) resultando em acidificação do meio. Apesar da ausência de diferenças significativa entre os tratamentos, observa-se que a área lesionada apresentou um menor conteúdo de SS que a área não lesionada, o que pode refletir uma perda na qualidade dos frutos. Ao lon299 MFB Durigan & BH Mattiuz go do período de avaliação também foi verificada a diminuição destes teores. Os frutos do tratamento controle apresentaram intensidade respiratória média de aproximadamente 35,72 mg de CO2 kg-1 h-1. O tratamento impacto e o corte apresentaram maiores incrementos na produção de CO2, nas primeiras horas após a injúria, que os submetidos aos demais tratamentos (Figura 3). Para os frutos comprimidos não houve aumentos significativos na respiração. Naqueles submetidos ao corte e ao impacto, além de um aumento abrupto, houve também queda acentuada destes valores no final do período de análise. Isto evidencia a gravidade destas lesões, provavelmente devido à maior exposição e rompimento das células por ocasião da injúria. Tratamentos similares também foram responsáveis por aumentos na atividade respiratória em maçãs (Parker et al., 1984), tomates (Moretti et al., 1998) e goiabas (Mattiuz, 2002) nas primeiras horas após a injúria. A qualidade de melancias cv. TopGun® apresentou perda gradual durante o armazenamento e foi intensificada pelos tratamentos injuriantes, que também diminuíram sua vida útil. O impacto e o corte causaram maiores perdas de massa fresca e aumentos na atividade respiratória. Os teores de ácido ascórbico, acidez titulável, e sólidos solúveis, foram afetados de maneira distinta pelas injúrias e o corte facilitou a deterioração da polpa, que tornou os frutos inviáveis á comercialização. 300 A qualidade das melancias cv. TopGun® sofreu perdas significativas durante o armazenamento em função das diversas injúrias mecânicas, sendo que as injúrias por corte e impacto foram as que mais contribuíram para estas perdas. AGRADECIMENTOS À FAPESP e à CAPES pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS ABBOT JA. 1999. Quality measurement of fruits and vegetables. Postharvest Biology and Technology 15: 207-225. AOAC. 1997. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists International. 16 ed. Washington: Ed. Patricia Cummiff, v.2, cap.37. CALBO AG. 2001. Pós-colheita de algumas hortaliças. In: LUENGO RFA; CALBO AG. (Ed.) 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Qualidade dos bulbos de cebola ‘Superex’ armazenados sob refrigeração, quando expostos à condição ambiente Ana Carolina Almeida Miguel; José Fernando Durigan UNESP-FCAV, Depto. Tecnologia, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O armazenamento refrigerado da cebola tem sido recomendado como ideal, mas os produtores sempre questionam sobre a qualidade comercial e o consumo dos bulbos durante este período e depois de levados à condição ambiente. Avaliou-se a qualidade de bulbos de cebola ´Superex‘ acondicionados em sacos de rede de fibra plástica e armazenados a 10-12°C (68% UR) por até 91 dias, quando levados à condição ambiente. Após 1; 16; 31; 61 e 91 dias foram tomadas amostras, ao acaso, que eram levadas à condição ambiente (22°C, 59% UR). Estas cebolas foram avaliadas quanto à massa fresca, aparência e ocorrência de podridões, e quanto à coloração interna, luminosidade, ângulo de cor e cromaticidade, atividade da aliinase e teores de sólidos solúveis e de acidez titulável. Os bulbos, quando levados ao ambiente, perderam massa com maior intensidade do que quando armazenados sob refrigeração e mantiveram qualidade aceitável por até 38 dias. Somente os armazenados sob refrigeração por 91 dias tinham aparência ruim. Os bulbos analisados apresentaram tendência ao amarelecimento interno, sem alteração significativa nos teores de SS e de AT. Durante o período refrigerado a pungência dos mesmos aumentou, de “pungente” para “picante”, que se manteve estável durante o armazenamento ao ambiente. Quality of onion bulbs cv. Superex stored under refrigeration, when exposed to environmental conditions Palavras-chave: Allium cepa, armazenamento refrigerado, pungência, aliinase. Keywords: Allium cepa, refrigerated storage, pungency, alliinase. Cold storage has been recommended to preserve onion bulbs, but producers always have doubts about its quality, during this period and when they are exposed to environmental conditions. We evaluated the onion bulbs quality, cv. Superex, packed in plastic fiber bags, during storage under 10-12°C (68% RH) during 91 days. After 1; 16; 31; 61 and 91 days, samples were transferred to environmental conditions (22°C, 59% RH). Onion bulbs were evaluated for fresh mass, appearance and occurrence of rot, internal color, lightness, color or hue angle and chromaticity, alliinase activity, soluble solids and titratable acidity content. Bulbs under environmental condition lost more fresh mass than those stored under refrigeration and maintained acceptable quality for 38 days. Only bulbs stored during 91 days presented bad appearance when transferred to environmental conditions. Bulbs showed tendency of internal yellowing, without significant changes in soluble solids and titratable acidity. During the cold storage period, the pungency increased from “pungent” to “hot pungent” and remained stable during ambiental conditions. (Recebido para publicação em 8 de maio de 2006; aceito em 19 de maio de 2007) A cebola ocupa no Brasil o terceiro lugar dentre as hortaliças de maior importância econômica. Dentre as aliáceas, tem a maior área cultivada e está presente em todas as regiões brasileiras, excetuando-se a Norte. Juntamente com o alho, é a cultura condimentar de maior importância e consumo (Oliveira, 2004). O consumo da cebola no Brasil apresentou tendência de aumento, devido principalmente aos produtos processados. Em virtude do aumento da população urbana e da maior participação da mulher no mercado de trabalho, verificou-se uma redução no consumo desta olerácea no âmbito dos domicílios e, em contrapartida, um incremento do setor institucional. Por outro lado, é elevada a elasticidade-preço da oferta da cebola, característica relevante nos processos de produção e comercialização que exprimem a sensibilidade da proHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 dução às variações de preços (Vilela et al., 2005). Cebolas conservadas em depósitos, em condição ambiente, apodrecem facilmente, dependendo do grau de higienização do recinto e da cultivar (Varela et al., 1980). Seu armazenamento, por períodos relativamente longos, exige o uso de ambientes devidamente controlados, para evitar degradações indesejáveis e assegurar o abastecimento contínuo do mercado. Sendo a cebola basicamente utilizada como agente aromatizante de outros alimentos, a evolução do seu odor característico ou pungência durante o período de estocagem deve ser conhecida (Andrade & Lima, 1983), permitindo sua melhor utilização, tanto in natura como processada (Kopsell & Randle, 1997). De acordo com Rubatzky & Yamaguchi (1997), a qualidade dos bul- bos é avaliada pela pungência e conteúdos de massa fresca e de sólidos solúveis. Tais características variam com a cultivar, podendo ou não ser afetadas pela época de colheita. A pungência característica e sua intensidade relacionam-se com o conteúdo de compostos sulfurados e seus derivados, ácido sulfênico, amônia e ácido pirúvico (Randle & Bussard, 1993; Randle et al., 1994). Miguel et al. (2004) sugerem que as cebolas podem ser classificadas mediante a combinação entre os teores de sólidos solúveis (SS) e de acidez titulável (AT) e da atividade da aliinase, indicando que uma cebola, para ter sabor considerado “picante” deve ter alta atividade da aliinase (>6,0 mmoles ác. Pirúvico g-1), elevada acidez (>0,3g ác. pirúvico 100g-1) e baixa concentração de sólidos (<6°Brix); para sabor “modera301 ACA Miguel & JF Durigan damente picante” deve ter valores intermediários de sólidos solúveis (68°Brix), acidez (0,3-0,2 g ác. pirúvico 100g-1) e atividade da aliinase (4,0-6,0 µmoles ác. pirúvico g -1); para sabor “muito pouco picante” deve apresentar níveis intermediários de atividade da aliinase (4,0-6,0 µmoles ác. pirúvico g-1) e de acidez (0,3-0,2 g ác. pirúvico 100g-1), mas alto de sólidos solúveis (>9Brix); e para ser considerada “doce” deve ter alto conteúdo de sólidos solúveis (>9°Brix), baixa a moderada acidez (<0,2g ác. pirúvico 100g-1) e baixa atividade da aliinase (<4,0 µmoles ác. pirúvico g-1). Este trabalho teve como objetivo conhecer a evolução da qualidade de cebolas, quando levadas à condição ambiente, depois de armazenadas sob refrigeração. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados bulbos de cebola ‘Superex’, tipo comercial (Grupo Amarela, Subgrupo Globular e Classe 2345), produzidos em Monte Alto (SP) na safra de 2003. Estes bulbos foram cultivados em solo que apresentava os parâmetros de fertilidade: 7 g dm-3 de matéria orgânica (M.O.); 195 mg dm-3 de P; 3,5 mmolc dm-3 de K; 41 mmolc dm-3 de Ca; 13 mmolc dm-3 de Mg; 16 mmolc dm-3 de Al+H; 57,5 mmolc dm-3 de soma de bases (SB); 73,5 mmolc dm-3 de CTC (capacidade de troca iônica) e saturação de bases (V) igual a 78%. Os bulbos colhidos em 30/07/03, aos 105 dias após o plantio, foram curados à sombra por cinco dias, destopados, padronizados quanto ao tamanho (diâmetro de 40-55 mm), acondicionados em sacos de rede de fibra plástica (20 kg) e armazenados sob refrigeração (10-12°C, 68% UR), por até 91 dias. No início (1 dia) e após 16; 31; 61 e 91 dias, amostras (20 kg) tomadas ao acaso foram levadas à condição ambiente (22°C ± 1°C; 59% UR). Estes bulbos foram avaliados a cada quatro dias quanto à massa fresca, mediante pesagem em balança Marte mod. AS 2000 e precisão de 0,1 g, e aparência, através da atribuição das notas: 1 = ótima (bulbos túrgidos, sem podridões e com coloração normal); 2 = boa (5% dos bulbos com início de 302 descoloração e algum murchamento); 3 = regular (10-15% com início de descoloração e murchamento, com até 5% com início de podridões e brotamentos); 4 = ruim (mais de 50% com brotações e podridões); 5 = péssima (bulbos totalmente comprometidos). A qualidade interna dos bulbos foi avaliada a cada sete dias, em amostra de cinco bulbos, através dos parâmetros coloração, teor de sólidos solúveis (SS) e de acidez titulável (AT) e atividade da aliinase. A coloração do interior dos bulbos foi determinada em cinco bulbos, usando-se um aparelho Minolta Chromameter CR 200b que se expressa pelos valores L*, a*, b*, permitindo caracterizar a coloração através dos parâmetros, luminosidade (L*), ângulo hue ou de cor (°h), determinado através da expressão tan -1 (b*/a*) e cromaticidade (C), expressa pela equação (Minolta Corp., 1994). A acidez titulável (AT) foi determinada em quatro repetições, tomando-se 30 g de material triturado dos bulbos, que foi acrescido de água destilada e titulado com NaOH a 0,05 N, tendo seu teor expresso em gramas de ácido pirúvico 100 g -1 de polpa (Instituto Adolfo Lutz, 1985). O conteúdo de sólidos solúveis (SS) foi expresso em °Brix, determinado em gotas extraídas da polpa triturada, em quatro repetições, e quantificado em refratômetro digital Atago PR-101, Palette (AOAC, 1997). A atividade da aliinase foi determinada segundo o proposto por Schwimmer & Weston (1961), utilizando-se quatro bulbos sem a película superficial. Dois bulbos eram submetidos a aquecimento em microondas, na potência alta por três minutos, antes da determinação (branco). Estes bulbos aquecidos e os outros dois não aquecidos foram triturados e deixados em repouso por 5 min., para que houvesse a sedimentação das partículas de maior peso. De cada material, tomou-se 5 g do sobrenadante, que foram reagidos com 5 mL de ácido tricloroacético (TCA) a 0,5%, agitados por uma hora, filtrados em funil de Büchner e tiveram seus volumes completados para 100 mL com água destilada. Alíquotas destes extratos foram reagidos com 2,4 dinitrofenilhidrazina a 0,0125% dissolvida em HCl a 2 M, incubadas em banho-maria a 37oC, por 10 min., e interrompida com 5 mL de NaOH a 0,6 M, e leitura da absorbância a 420 nm. Utilizou-se como padrão, ácido pirúvico a 2 µmol mL-1 e como branco, água destilada. Os resultados foram calculados pela diferença entre os valores quantificados nos materiais, cru e aquecido, e expressos em micromoles de ácido pirúvico por grama de cebola. Os bulbos foram classificados quanto à pungência de acordo com o indicado pelo VLI Sweet Index (Vidalialabs, 2004) e quanto ao sabor pelo proposto por Miguel et al. (2004). O VLI Sweet Labs indica que as cebolas podem ser classificadas quanto à pungência através da atividade da aliinase, que é expressa em µmoles de ácido pirúvicog-1, em “muito suave” (0-2,9 µmoles g-1), “suave” (3,0-4,2 µmoles g-1), “levemente pungente” (4,3-5,5 µmoles g-1), “pungente” (5,6-6,3 µmoles g-1), “pungência forte” (6,4-6,9 µmoles g-1), “pungência muito forte” (7,0-7,9 µmoles g-1) e “picante” (8,0-10,0 µmoles g-1). São certificadas como “doces”, as cebolas com concentração até “levemente pungente” e como “extra doce”, aquelas com concentração até “suave”. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 2 a 7 tratamentos (datas de avaliação durante os períodos de armazenamento ao ambiente). A evolução da perda de massa fresca foi analisada através de análise de regressão, pelo teste-t a 1% de probabilidade (Neter et al.,1978). RESULTADOS E DISCUSSÃO A intensidade da perda de massa fresca durante o período de armazenamento ao ambiente foi influenciada pelo tempo inicial sob refrigeração (Tabela 1), pois até o 31o dia quanto maior este período, maior a taxa de perda de massa sob a condição ambiente. A perda de massa se constitui em fator limitante ao armazenamento deste produto, pois além de implicar em sérios prejuízos de ordem econômica, é Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Qualidade dos bulbos de cebola ‘Superex’ armazenados sob refrigeração, quando expostos à condição ambiente indicativo de envelhecimento (Maia et al., 2000). Esta perda deve ser associada à desidratação e à respiração, e o aumento na intensidade foi atribuído ao envelhecimento progressivo dos bulbos, mesmo sob refrigeração. As cebolas mantidas por 91 dias sob refrigeração, apresentavam qualidade ruim quando levadas ao ambiente, que se tornou péssima (nota 5) em quatro dias (Figura 1). A aparência externa dos bulbos foi muito afetada durante o período ao ambiente (Figura 1). Os bulbos refrigerados por somente um dia ou refrigerados por 16 dias atingiram a aparência regular (nota 3) em 16 e 24 dias, respectivamente, e se conservaram por até 38 dias. Os mantidos sob refrigeração por 31 ou 61 dias mantiveram boa aparência (nota 2) por até 38 dias, enquanto que os estocados por 91 dias foram levados ao ambiente com aparência ruim (nota 4), que chegou a péssima em 4 dias. O período de até 61 dias de armazenamento refrigerado mostrou-se adequado para estimular a dormência dos bulbos, sem o aparecimento de podridões. A coloração interna dos bulbos não foi afetada pelo período de armazenamento refrigerado, mas estes, depois de levados à condição ambiente, mostraram tendência não significativa de redução do ângulo de cor e da cromaticidade, ou seja, de coloração mais amarelada (Tabela 2). Apesar da ocorrência das diferenças entre os dias de avaliação, o que pode ser atribuído às características individuais, os valores apresentados reafirmam a manutenção da boa qualidade visual da polpa (Kader, 2002). Este amarelecimento também foi observado em cebolas ‘Granex-33-Híbrida’, armazenadas à temperatura ambiente, com diminuição na luminosidade ou leve escurecimento em cebolas ‘Baia Periforme’ (Yokomizo et al., 1977) o que não aconteceu neste experimento. Os teores de sólidos solúveis e de acidez titulável dos bulbos não foram afetados pelo armazenamento refrigerado mas, quando levados ao ambiente, a tendência foi de redução nos SS e de incremento na AT, como resultado de aumento na temperatura de armazenamento (Tabela 2), o que também foi indicado por Chitarra & Chitarra Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Tabela 2. Coloração e características químicas de bulbos de cebola ´Superex‘ mantidos sob refrigeração (10-12°C, 68% UR), quando levados ao ambiente (22°C, 59% UR) (Color and chemical characteristics of onion bulbs, cv. ‘Superex’ stored under refrigeration (10-12°C, 68% UR) and stored under environmental conditions(22°C, 59% UR)). Jaboticabal, UNESP, 2004. L* = luminosidade; h° = ângulo de cor; C = cromaticidade; Pungência = atividade da aliinase (µmoles de ác. pirúvico g-1); CV = coeficiente de variação (L* = luminosity; h° = color angle; C = cromaticity; Pungency = aliinase activity (mmoles of piruvic acid g-1); CV = variation coeficient). (1990). Fontes (1998) também observou que o teor de sólidos solúveis de cebolas pode ser afetado pelo período e condições do armazenamento e pela cultivar, enquanto Currah & Proctor (1990) relataram aumento na acidez com o avanço do período de armazenamento. A pungência aumentou durante o período de armazenamento refrigerado inicial, de 5,816 mmoles g-1 para 10,989 mmoles g-1 após 91 dias (Tabela 2), ou seja, alterou o sabor das cebolas de “pun303 ACA Miguel & JF Durigan gente” para “picante” (Vidalialabs, 2004), indicando o efeito protetor da aliinase na conservação dos bulbos, uma vez que sempre se analisou aqueles adequados ao consumo. Quando levados para condições de ambiente, a atividade da aliinase não mudou significativamente. Wall & Corgan (1992) relatam que a relação entre os teores de SS, AT e pungência pode ser uma melhor indicação da qualidade organoléptica dos bulbos, que a análise isolada destes parâmetros. Tendo-se esta condição, as cebolas durante o período refrigerado ou depois de levadas ao ambiente puderam ser classificadas como “picantes”, devido à alta atividade da aliinase (>6,0 µmoles ác. pirúvico g-1), e teores de AT e de SS intermediários (<0,2g ác. pirúvico 100 g-1 e » 8°Brix) (Miguel et al., 2004). O armazenamento de cebola ´Superex’ a 10-12°C e 68% UR permite sua conservação por até 61 dias, sem que os bulbos apresentem variações significativas nas suas características originais, mas com aumento na pungência. Estes bulbos, quando levados ao ambiente (22°C, 59% UR) mantiveram qualidade adequada por até 38 dias. Figura 1. Evolução da aparência em bulbos de cebola ´Superex‘ mantidos sob condição de refrigeração (10-12°C, 68% UR) quando levados à condição de ambiente (22°C, 59% UR). (Notas: 1 = ótima; 5 = péssima) (Evolution in the appearance of onion bulbs, cv. ‘Superex’, stored under refrigeration (10-12°C, 68% UR) and stored under environmental conditions (22°C, 59% UR). (Grades: 1 = very good; 5 = very bad)). Jaboticabal, UNESP, 2004. Tabela 1. Evolução da perda de massa fresca pelos bulbos de cebola ‘Superex’ mantidos sob refrigeração (10-12°C, 68% UR), quando levados à condição de ambiente (22°C, 59% UR) (Evolution of fresh mass lost of onion bulbs, cv. ‘Superex’, stored under refrigeration (10-12°C, 68% UR), and transferred to environmental conditions (22°C, 59% UR)). Jaboticabal, UNESP, 2004. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP pela bolsa de iniciação científica concedida ao primeiro autor. LITERATURA CITADA ANDRADE MO; LIMA UA. 1983. Cebola – produção, pré-processamento e transformação agroindustrial. In: MARTINELLI FILHO, A. et al. (eds). Processamento e tecnologia dos alimentos. Piracicaba: ESALQ/USP, p. 73-115. AOAC. 1997. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists International. Washington: AOAC. p. 16-45. CHITARRA MIF; CHITARRA AB. 1990. Póscolheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE. 320p. CURRAH L; PROCTOR F. 1990. Onions in tropical regions. Natural Resources Institute 35: 144-163. FONTES PCR. 1998. Cultura da cebola. Viçosa: UFV. 40p. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. 1985. Normas analíticas: métodos químicos e físicos para análises de alimentos. São Paulo: IAL. 371p. 304 Y = % da massa inicial; X = dias de armazenamento. **t significativo a 1% de probabilidade (Y = % of initial mass; X = days of storage. **t significative at 1% probability). KADER AA. 2002. Postharvest technology of horticultural crops. Davis: University of California. 535p. KOPSELL DE; RANDLE WM. 1997. Onion cultivars in differ pungency and bulb quality changes during storage. HortScience 32: 12601263. MAIA MCC; PEDROSA JF; TORRES FILHO J; NEGREIROS MZ de; BEZERRA NETO F. 2000. Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição ambiental não controlada. Horticultura Brasileira 18: 61-64. MIGUEL ACA; DURIGAN MFB; DURIGAN JF; MORETTI CL. 2004. Postharvest quality of twelve onion cultivars grown in the southeast of Brazil. In: INTERNATIONAL ISHS SYMPOSIUM ON EDIBLE ALLIACEAE, 4. Abstracts... Beijing: ISEA. p. 235. MINOLTA CORP. 1994. Precise color communication: color control from feeling to instrumentation. Ramsey: Minolta Corporation Instrument Systems Division. 49p. NETER J; WASSERMAN W; WHITMORE GA. 1978. Applied linear statistical models. Massachussetts: Alynand and Bacon. 745p. OLIVEIRA VR. Cebola doce. Horticultura Brasileira 22: s.n. (Reportagem da contra capa). RANDLE WM; BUSSARD ML. 1993. Pungency and sugars of short-day onions as affected by sulfur nutrition. Journal of the American Society for Horticultural Science 118: 766770. RANDLE WM; BLOCK E; LITTLEJOHN MH; PUTMAN D; BUSSARD ML. 1994. Onion (Allium cepa L.) thiosulfinates respond to increasing sulfur fertility. Journal of Agriculture and Food Chemistry 42: 20852088. RUBATZKY VE; YAMAGUCHI M. 1997. World vegetables. Principles, production and nutritive values. New York: Chapman & Hall. 843p. SCHWIMMER S; WESTON WJ. 1961. Enzymatic development of pyruvic acid in onion as a measure of pungency. Journal of Agricultural and Food Chemistry 9: 301-304. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Qualidade dos bulbos de cebola ‘Superex’ armazenados sob refrigeração, quando expostos à condição ambiente VARELA et al. 1980. Cebola: auto-suficiência e normalização do abastecimento. Informe Agropecuário 62: 65-70. VIDALIALABS - VLI Sweet index (Sweetometer). 2004, 7 de outubro. Disponível em http://www.vidalialabs.com/images/ sweeetometer.jpg/ VILELA NJ; MAKISHIMA N; OLIVEIRA VR; COSTA ND; MADAIL JCM; CAMARGO FILHO W; BOEING G; MELO PCT. 2005. Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil. Horticultura Brasileira 23: 1029-1033. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 WALL MM; CORGAN JN. 1992. Relationship between pyruvate analysis and flavor perception for pungency determination. HortScience 27: 1029-1030. YOKOMIZO Y; DRAETTA IS; COSTA RB; GARCIA JL. 1977. Composição química de diferentes variedades de cebola (Allium cepa L.) e sua caracterização. Coletânea do Instituto de Tecnologia de Alimentos 8: 501-517. 305 BERNARDI ACC; WERNECK CG; HAIM PG; BOTREL N; OIANO NETO J; MONTE MBM; VERRUMA-BERNARDI, MR. 2007. Produção e qualidade de frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita. Horticultura Brasileira 25: 306-311. Produção e qualidade de frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita Alberto C. de Campos Bernardi1; Carlos Guarino Werneck2; Patrick Gesualdi Haim2; Neide Botrel3; João Oiano-Neto4; Marisa Bezerra de Mello Monte5; Maria Regina Verruma-Bernardi6 1 Embrapa Pecuária Sudeste, C. Postal 339, 13560-970 São Carlos-SP; 2Alunos pós-graduandos, UFRRJ, Seropédica-RJ; 3Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 4Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro-RJ; 5Centro de Tecnologias Minerais, Rio de Janeiro-RJ; 6Depto. Tecnologia Agroindustrial e Sócio-EconômicoRural, Araras-SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a produção e a qualidade dos frutos de tomateiro cv. Finestra, cultivado em substrato com zeólita enriquecida com N, P e K. Os tratamentos utilizados foram quatro doses (20; 40; 80 e 160 g por vaso) de zeólitas enriquecidas com H3PO4/apatita, KNO3 e KH2PO4, além de uma testemunha cultivada em solução nutritiva. Foram avaliados a produção de frutos por vaso, firmeza, sólidos totais, pH, acidez titulável e ácido ascórbico dos frutos, dos 80 aos 90 dias de cultivo. O fornecimento de nutrientes através do mineral zeólita enriquecido com N, P e K comprovou ser uma alternativa para o aumento da produção. As maiores produções foram obtidas nos tratamentos com adição de P e K e nas maiores doses de zeólita (160 e 80 g por vaso). A produção de frutos foi 11 a 17% maior em relação à testemunha cultivada com solução nutritiva. Houve efeitos positivos das zeólitas enriquecidas com fontes de fósforo sobre a firmeza e efeito negativo sobre o pH. A firmeza dos frutos variou 104% entre tratamentos, de 7,06 N (ZNK 160) a 14,38 (ZPK 40). O aumento da disponibilidade de potássio contribuiu para o aumento do teor de ácido ascórbico dos frutos. Yield and fruit quality of tomato grown in substrate with zeolite Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, estilbita, acidez titulável, ácido ascórbico, firmeza, sólidos solúveis totais, pH. Keywords: Lycopersicon esculentum, stilbite, titratable acidity, ascorbic acid, firmness, total soluble solids, pH. We evaluated yield and quality of tomato fruits, cv. Finestra, grown in a zeolite substrate enriched with N, P and K. Treatments comprised four levels (20; 40; 80 and 160 g per pot) of zeolite enriched with H3PO4/apatite, KNO3 and KH2PO4, and a control grown in a nutrient solution. Fruit production, firmness, total soluble solids, pH, titratable acidity and ascorbic acid were evaluated from 80 to 90 days of plant cultivation. Nutrients supplied through the mineral zeolite enriched with N, P and K was an adequate alternative to increase the production. Higher fruit production was obtained with addition of P and K and higher zeolite dosis (160 and 80 g per pot). Fruit production was 11% and 17% higher when compared to the plants grown in nutritive solution (check treatment). Positive effects were observed in P-enriched zeolites in relation to fruit firmness, and negative effects over fruit pH. Fruit firmness varied 104% among treatments, from 7.06N (ZNK 160) to 14.38N (ZPK 40). The increase of potassium availablity increased the ascorbic acid levels of the fruits. (Recebido para publicação em 25 de agosto de 2006; aceito em 18 de maio de 2007) O tomate é uma das mais importantes hortaliças no mundo, tanto na área cultivada como no seu valor comercial. O Brasil ocupa o oitavo lugar entre os países produtores, sendo esta hortaliça a segunda em importância econômica no país. Os frutos destinam-se especialmente para o processamento, mas também para o consumo in natura (Filgueira, 2000). O mercado hortícola tem se tornando mais exigente, demandando alternativas viáveis para o aumento quantitativo da produção e a manutenção do fornecimento o ano todo, especialmente a obtenção de produtos de qualidade. Isso tem levado os produtores a buscar novos sistemas de cultivo, em alternativa ao sistema tradicional a campo, como os protegidos (túneis e estufas) e o hidropônico. Existe ainda a possibilida306 de do cultivo zeopônico, no qual plantas são cultivadas em substrato artificial composto pelo mineral zeólita misturados a rochas fosfáticas, funcionando como um sistema de liberação controlada e renovável de nutrientes para as plantas (Allen et al., 1995; Mumpton, 1999). As zeólitas são alumino-silicatos cristalinos hidratados de metais alcalinos ou alcalinos-terrosos, estruturados em redes cristalinas tridimensionais rígidas, formadas por tetraedros de AlO4 e SiO4. Caracterizam-se pela facilidade de reter e liberar água e trocar cátions sem modificar sua estrutura (Mumpton, 1999; Kithome et al., 1999). Esta estrutura apresenta propriedades de adsorção e capacidade de troca de íons, proporcionando o uso potencial, seja no campo ou em cultivo com substratos (Harland et al., 1999). Existem mais de 40 espécies de zeólitas naturais, sendo a clinoptilolita aparentemente a mais abundante tanto nos solos como em sedimentos (Ming & Dixon, 1987). No Brasil os maiores reservatórios de zeólita estão no vale do Parnaíba (Rezende & Angélica, 1991), no qual predomina a forma estilbita. Este mineral apresenta três propriedades principais, que lhe conferem grande interesse para uso na agricultura: alta capacidade de troca de cátions, alta capacidade de retenção de água livre nos canais e alta habilidade na adsorção. Assim, a zeólita pode atuar melhorando a eficiência do uso de nutrientes através do aumento da disponibilidade de P da rocha fosfática, melhorar o aproveitamento do N (NH4+ e NO3-) e reduzir as perdas por lixiviação dos cátions Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção e qualidade de frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita trocáveis, especialmente K+ e também como um fertilizante de liberação lenta (Allen et al., 1995; Notario-Del-Pino et al., 1994; Barbarick et al., 1990, Harland et al., 1999, Gül et al., 2005). De acordo com Leggo (2000), em função da afinidade da zeólita por nutrientes, este mineral pode ser utilizado em substratos para estimular o crescimento das plantas. A mistura de zeólitas com fertilizantes também apresentou efeitos positivos sobre o crescimento de plantas de alface (Gül et al., 2005) e tomate (Valente et al., 1986). As características de qualidade do tomate dependem da cultivar, condições de cultivo, ponto de maturação na colheita, condições de armazenagem, transporte e embalagem. O tomateiro apresenta boa resposta à adubação (Filgueira, 2000); por isso, entre os vários fatores que podem limitar a produtividade e diminuir a qualidade dos frutos, as deficiências nutricionais estão entre as principais. Para obter-se altas produtividades e frutos com qualidade é necessário o fornecimento balanceado de nutrientes. Entre os indicadores que servem como parâmetro de qualidade do fruto, pode-se citar a cor, aparência, firmeza, peso, sólidos solúveis totais, pH e acidez titulável (Gayet et al., 1995). O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e a qualidade dos frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita enriquecida com N, P e K. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação da Embrapa Solos no Rio de Janeiro, em vasos com 3 kg com substrato inerte composto de areia lavada com água destilada e ácido clorídrico diluído (3:1 v/v). A zeólita foi coletada na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, a qual representa o principal depósito de zeólita natural do País, com potencial de aproveitamento econômico (Rezende & Angélica, 1991). O material coletado foi concentrado em mesa vibratória, resultando em um produto com 84% de zeólita estilbita e com capacidade de troca de Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 cátions de 2,5 cmolc g-1. A fórmula química determinada da zeólita foi: (CaO)0,82 (Na2O)0,19 (K2O)0,15 (MgO)0,56 (Fe2O3)0,30 (TiO2)0,11 (Al2O3)1,85 (SiO2)16 (H 2O) 4,7. A zeólita concentrada foi enriquecida através da incubação com soluções contendo H3PO4 1,0 mol L-1 (ZP), KNO 3 0,5 mol L -1 (ZNK) e K2HPO4 1,0 mol L-1 (ZPK). A relação utilizada foi de 1:40 por 24 horas, com temperatura e agitação constantes. Após a incubação, a suspensão foi filtrada e o material sólido desidratado a 100oC. A zeólita enriquecida com H3PO4 recebeu, ainda, a adição de fosfato natural (34% de P2O5) na proporção de 2:1 (m/m). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três repetições. Os vasos foram cultivados com o tomate (Lycopersicon esculentum, Mill ) cv. Finestra. Avaliaram-se os doze tratamentos com melhor aspecto dos frutos: Z20, Z40, ZNK160, ZPK20, ZPK40, ZPK80, ZPK160, ZP20, ZP40, ZP80, ZP160, e a testemunha (sem adição de zeólita). As doses e concentração de nutrientes em cada um deles encontramse descritos na Tabela 1. A zeólita apresentava traços de outros elementos, entre eles o fósforo, por isso o material concentrado apresentou uma pequena porcentagem de P disponível. A testemunha recebeu todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas através de uma solução nutritiva, com a composição (mg L-1): N = 210; P = 31; K = 234; Ca = 200; Mg = 48; S = 65; B = 0,5; Cu = 0,02; Fe = 5,0; Mn = 0,5; Zn = 0,2, e Mo = 0,02. Essa solução foi preparada segundo Sarruge (1975). O fornecimento foi realizado manualmente, em quarenta aplicações de 100 mL de solução nutritiva por vaso com duas plantas, totalizando 4,0 L por vaso. As aplicações ocorreram ao longo de todo o ciclo de cultivo, sendo que nos primeiros 30 dias de cultivo o intervalo de fornecimento foi de três dias; nos 60 dias seguintes o intervalo foi de 1 dia. Nos dias em que não se forneceu solução, as plantas receberam água da irrigação. Quando a zeólita utilizada não possuía um dos macronutrientes em teste (N, P ou K) este era adicionado na forma de solução, na mesma concentra- ção fornecida à testemunha. Desse modo todos os tratamentos receberam as mesmas quantidades de Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. Os tratamentos foram iniciados em agosto de 2003 com o transplante, para os vasos de cultivo, de duas mudas do tomateiro aos 30 dias após a germinação. Os frutos foram coletados para análise quando atingiram a completa coloração vermelha. A colheita iniciou-se aos 80 dias após transplante (DAT) e terminou aos 90 DAT, sendo que todos os frutos foram pesados. Nos frutos maduros colhidos foram avaliados os sólidos solúveis totais e pH (Instituto Adolfo Lutz, 1985), acidez total titulável (International Organization of Standardization - ISO, 1998), concentração de ácido ascóbico (Ashoor et al., 1984), e a firmeza (com o uso de um penetrômetro McCormick, modelo FT 327, com ponteiras de 8 mm). Os resultados de produção e de qualidade de frutos foram analisados estatisticamente através da análise de variância e teste de Duncan (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO As maiores produções de frutos foram obtidas nos tratamentos com adição de P e K (ZP e ZPK) e nas maiores doses de zeólita (160 e 80 g por vaso), as quais foram significativamente 11 a 17% maiores que a testemunha, que recebeu todos os nutrientes na forma de solução nutritiva (Tabela 2). Nanadal et al. (1998) também verificaram aumentos da produção do tomateiro com o fornecimento dessas concentrações destes dois macronutrientes. Estas porcentagens de aumento são concordantes com os obtidos por Leggo (2000), que comparou plantas cultivadas em substratos com e sem zeólita, e verificou aumentos de 19% na produção de matéria seca na presença do mineral. Nesse trabalho verificou-se as maiores produtividades com a aplicação das maiores doses de potássio, devido à influência deste elemento no tamanho dos frutos, uma vez que sua deficiência acarreta a produção de frutos menores e menor teor de licopeno (Knee, 2002). Estes resultados 307 ACC Bernardi et al. Tabela 1. Nutrientes adicionados à zeólita, dose de zeólita por vaso e quantidade de nutrientes fornecidas nos tratamentos utilizados (Nutrient-enriched zeolite, zeolite dosis per pot and quantity of nutrients in the treatments). Rio de Janeiro, Embrapa/Centro de tecnologias minerais, 2003. *Extraídos em pasta de saturação (Embrapa, 1997). Tabela 2. Produção e parâmetros de qualidade de frutos do tomateiro cv. Finestra cultivado em substrato com zeólita. Média de três repetições (Yield and quality parameter of tomato fruits, cv. Finestra, cultivated in a zeolite substrate. Average value of three replications). Rio de Janeiro, Embrapa/Centro de tecnologias minerais, 2003. Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%; (1)Concentração de ácido ascórbico com base na matéria fresca (mg 100g-1); (2)CV% = coeficiente de variação; *, **, *** indicam significância para p<0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. = não significativo. demonstram o potencial para utilização do mineral zeólita enriquecido, como uma fonte de nutrientes para esta solanácea. Desta forma, há concordância com os resultados já obtidos por Notario-Del-Pino et al. (1994), Williams & Nelson (1997) e Gül et al. (2005) para alfafa, crisântemo e alface, respectivamente, e Valente et al. (1986) para tomateiro. A qualidade dos frutos avaliada em função da acidez titulável, pH, firmeza 308 e concentração de ácido ascórbico (vitamina C), foi influenciada significativamente pelos tratamentos com zeólita enriquecida. Não houve efeito dos tratamentos sobre os teores de sólidos solúveis (Tabela 2). A ausência de diferenciação dos resultados obtida para o teor de sólidos solúveis (°Brix) concorda com os resultados de outros autores (Gul & Sevgican, 1992; Alan et al., 1994), os quais também não verificaram diferen- ça significativa para esta característica em tomate produzido em diversos substratos e no solo. No entanto, a faixa de valores observada para os sólidos solúveis entre 3,2 e 3,77% está abaixo da faixa normalmente observada, entre 4 e 5% (Jones, 1998; Fontes et al., 2000; Sampaio & Fontes, 2000). De acordo com Knee (2000), os teores de sólidos solúveis aumentam com o aumento das doses de nitrogênio. Houve diferenças significativas entre a acidez titulável, representada pela Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Produção e qualidade de frutos de tomateiro cultivado em substrato com zeólita concentração de ácido cítrico (Tabela 2), do tratamento Z20 (0,60%) e dos tratamentos ZP80 e ZP160 (0,33%). Os demais tratamentos não diferiram entre si. Estes resultados indicam efeito positivo da fonte de fósforo presente nestes tratamentos (ZP80 e ZP 160) na redução destes valores, como observados por Sobulo & Olorunda (1977). A acidez devida a ácidos orgânicos é uma característica importante que influencia a palatabilidade aos frutos, e diminui com a maturação em decorrência do processo respiratório e da conversão em açúcares (Kader et al., 1978). O aumento no fornecimento de P pode aumentar a diponibilidade de compostos bioquímicos que utilizam o fosfato como armazenamento de energia. Como vários processos metabólicos vitais dependem desse suprimento de energia, a nutrição adequada de fósforo tende a favorecê-los (Marschner, 1995) e desta forma incrementar a neutralização os ácidos e sintese de açúcares, tornando os frutos menos ácidos. Alan et al. (1994) também obtiveram diferenças significativas nos teores de ácido cítrico de tomate produzido em diferentes substratos. No entanto, Lacatus et al. (1995) não encontraram diferenças significativas para acidez titulável em tomate produzido em diversos substratos e no solo. Os valores médios observados para acidez titulável (0,44%) estão acima do valor de 0,32%, considerado mínimo para tomate de alta qualidade (Kader et al., 1978; Jones, 1998). Houve diferença estatística significativa entre os tratamentos para os valores de pH. A faixa dos valores foi de 4,07 a 4,32, com valor médio de 4,16. Apesar destas diferenças entre os tratamentos, a amplitude de variação está dentro da faixa de pH de 4,0 a 4,5, considerada ideal para tomates de qualidade, segundo Sapers et al. (1978) e Jones (1998). Gul & Sevgican (1992) e Fontes et al. (2004) também não encontraram diferenças significativas no valor de pH do tomate produzido em casa de vegetação, em diferentes substratos e no solo. Os valores de pH mais baixos podem ser atribuídos à maior concentração de ácido cítrico nos frutos, uma vez Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Figura 1. Valores de firmeza dos frutos do tomateiro cv. Finestra em função dos níveis de fósforo no substrato com zeólitas ZPK e ZP (Tomato fruit firmness values from cv. Finestra, as a function of levels of phosporus in the substrate, with zeolites ZPK and ZP). Rio de Janeiro, Embrapa/Centro de tecnologias minerais, 2003. Figura 2. Concentração de ácido ascórbico nos frutos do tomateiro cv. Finestra em função dos níveis de potássio no substrato com zeólitas ZPK (Concentration of ascorbic acid in tomato fruits, cv. Finestra, as a result of kalium levels in the substrate with the zeolite ZPK). Rio de Janeiro, Embrapa/Centro de tecnologias minerais, 2003. que se observou uma relação significativa (p<0,05) inversa com coeficiente de correlação (r) igual a 0,792 entre estas duas variáveis. A firmeza é um dos mais importantes atributos da qualidade de frutos de tomate para consumo in natura e para o cultivo industrial. De acordo com Ahrens et al. (1990), esta é uma característica de conservação pós-colheita essencial durante o transporte e comercialização dos frutos, também re- lacionada com a capacidade de armazenamento ou “vida de prateleira”. Os valores de firmeza variaram de 7,06 N (ZNK 160) a 14,38 N (ZPK 40), representando uma amplitude de variação de 104% (Tabela 2). Os frutos mais firmes ocorreram nos tratamentos em que a disponibilidade de fósforo era maior ZPK 40, ZP 160, ZP 80, ZPK 80 e ZPK20. Estes valores representaram aumentos significativos em relação à testemunha entre 95 e 42%. Consideran- 309 ACC Bernardi et al. do-se apenas os tratamentos nos quais havia variação dos teores de P (zeólitas ZP e ZPK), observou-se uma tendência de resposta quadrática entre os resultados de firmeza dos frutos em função das doses de P fornecidas com as zeólitas (Figura 1). Sendo que o maior valor (14,2 N) foi obtido próximo da dose de 2000 mg por vaso de P2O5. As concentrações de ácido ascórbico nos frutos in natura foram afetadas significativamente pelos tratamentos (Tabela 2). Os valores obtidos estão de acordo com os descritos na literatura, nos quais as concentrações de ácido ascórbico em tomate cultivado em condições de casa-de-vegetação, variaram de 7 a 23 mg 100g-1 de matéria fresca (Dumas et al., 2003) e de 17 a 22 mg 100g-1 de matéria fresca em diferentes cultivares em condições de campo (Abushita et al., 2000). Os resultados obtidos neste trabalho indicam que o fornecimento de K tem efeito positivo sobre a concentração de ácido ascórbico, devido ao aumento da disponibilidade do nutriente. Estas observações são concordantes com as de Solubo & Olorunda (1977), Anac & Colcoglu (1995), Nanadal et al. (1998), Sampaio & Fontes (2000) e Balliu & Ibro (2002), que descreveram que aumentos no fornecimento de potássio aumentavam os valores de ácido ascórbico nos frutos do tomateiro. Já Fontes et al. (2000) não observaram diferenças nos valores deste ácido em função da variação das doses de potássio. O potássio apresenta importantes funções nas células vegetais como cofator enzimático, na síntese e estabilidade de proteínas e na síntese de carboidratos (Marschner, 1995). Como o ácido ascórbico é uma lactona de um ácido-açúcar, nos tratamentos onde houve maior disponibilidade deste nutriente, os frutos apresentaram maiores concentrações de ácido ascórbico, provavelmente devido ao aumento na síntese e transporte de açúcares fotossintetados. Na Figura 2 observa-se resposta quadrática dos valores de ácido em relação às doses de K aplicadas na adubação, sendo que o maior teor (26 mg 100 310 g-1) foi obtido na dose de 160 g por vaso de zeólita ZPK, representando cerca de 8 g de potássio por vaso. Sampaio & Fontes (2000) obtiveram valores de 20 mg 100g-1 com aplicações de 180 kg ha-1 de potássio. REFERÊNCIAS ABUSHITA AA; DAOOD HG; BIACS PA. 2000. 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Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devem ser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislação vigente do copyright tenham sido observados durante o desenvolvimento do trabalho. Após a submissão à Horticultura Brasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submissão do trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro periódico ou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceito para publicação, Horticultura Brasileira adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem autorização por escrito da Comissão Editorial. Horticultura Brasileira não adota a política de distribuição de separatas. O periódico Horticultura Brasileira é composto das seguintes seções: 1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial; 2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Será publicada a critério da Comissão Editorial; 3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientes de resultados originais de pesquisa obtidos por meio de aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 4. Comunicação Científica: comunicação ou nota científica relatando informações originais resultantes de observações de campo ou provenientes de experimentos menos complexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 5. Página do Horticultor: trabalho original referente a resultados de utilização imediata pelo setor produtivo como, por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares e germoplasma, contendo descrição e disponibilidade, com dados comparativos. Submissão dos trabalhos O texto deve ser composto em programa Word 6.0 ou versão superior ou programa compatível, em espaço dois, fonte Times New Roman, tamanho doze. Páginas e linhas devem 312 GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND SUBMISSION OF PAPERS Horticultura Brasileira is the official journal of the Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura Brasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal and condimental herbs, and ornamental plants. Papers that give a significant contribution to the scientific and technological development of horticultural crops are highly appreciated. Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts papers in English, Portuguese, and Spanish. For the paper to be eligible for publication, first author must be member of the Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura Brasileira publishes original papers, which have not been submitted to publication elsewhere. It is implicit that ethical aspects and fully compliance with the copyright laws were observed during the development of the work. From submission up to the end of the reviewing process, partial or total submission elsewhere is forbidden. With the acceptance for publication, publishers acquire full and exclusive copyright for all languages and countries. Unless special permission has been granted by the publishers, no photographic reproductions, microfilm, and other reproduction of a similar nature may be made of the journal, of individual contributions contained therein or of extracts therefrom. No offprint is supplied. Horticultura Brasileira has the following sections: 1. Invited paper: papers dealing with topics that arouse interest, invited by the Editorial Board; 2. Letter to the Editor: deals with a subject of general interest. The Editorial Board makes a preliminary evaluation and can accept or reject it, as well as submit it to the reviewing process; 3. Research: paper describing an original study, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly established; 4. Scientific Communication: communication or scientific note, reporting field observations or results of less complex original studies, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly established; 5. Grower’s page: original communication or short note describing information readily usable by farmers, as for example, results from studies regarding the evaluation of pesticides, fertilizers, or cultivar competition. Such studies must have been carried out under strict scientific methods and their reproducibility should be clearly established; 6. New Cultivar: communications or scientific notes reporting recent releases of cultivars and germplasm. It must include information on origin, description, seed availability, and comparative data. Manuscript submission Prepare your text in Word ® 6.0 or superior or other compatible software, in double space, font Times New Roman 12 points, with pages and lines numbered. Add images, figuHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 ser numeradas. Adicione ao final do texto todos os demais componentes (figuras, tabelas e gráficos) do trabalho. Formate o arquivo para página A4, margens superior e inferior de 2 cm, margens esquerda e direita de 3 cm. Imprima e envie duas cópias. Inclua também um disquete ou CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens de baixa resolução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter no máximo 20 laudas. Se forem necessárias orientações quaisquer que não estejam relacionadas aqui, por favor contate a Comissão Editorial ou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira. Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se: 1. Estiverem acompanhados da anuência de todos os autores, que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela anuência do(s) faltante(s). Mensagens eletrônicas da anuência ou cópias gráficas destas serão aceitas, desde que indubitavelmente enviadas da conta eletrônica de quem concedeu a anuência; 2. Forem considerados aptos para tramitação pelo Editor Associado. Neste caso, o autor de correspondência receberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o recolhimento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00. Trabalhos rejeitados não serão devolvidos. A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Título: não mais do que quinze palavras. Utilize nomes científicos somente quando não existirem nomes comuns correspondentes no idioma em que o trabalho foi escrito; 2. Nome dos autores: nome completo dos autores, abreviando-se somente os sobrenomes intermediários. Use números sobrescritos para relacionar autores a endereços (consulte o padrão nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira); 3. Endereço dos autores: nome completo da Instituição e Departamento, quando for o caso, com endereço para correspondência e endereço eletrônico. Utilize números sobrescritos para relacionar os endereços aos autores (consulte o padrão nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira); 4. Resumo em português ou espanhol com palavras-chave ao final: o resumo deve ter no máximo 1.700 caracteres (excluídos os espaços). As palavras-chave, no máximo seis, devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão. Não é necessário repetir termos que já estejam no título; 5. Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords: abstract, título em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português ou espanhol. Assim como o resumo, o abstract deve ser limitado a 1.700 caracteres (excluídos os espaços); 6. Introdução; 7. Material e Métodos; 8. Resultados e Discussão; 9. Agradecimentos, quando for o caso; 10. Referências: Sugere-se não mais do que 30 referências bibliográficas, a maioria com publicação recente (inferior a 10 anos). Casos excepcionais serão considerados, desHortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 res, tables, and charts to the end of your text and compile all files (text, figures, tables, and charts) in one. Format the file for A4 page, 2-cm superior and inferior margins, 3-cm left and right margins. Print and submit in duplicate. Send along a 3.5-inch diskette or CD-ROM containing a copy of the file. Low-resolution images are not adequate for publication. The file must not exceed 20 pages. If further information is needed, please contact the Editorial Board or refer to the recently released issues. A paper will be eligible for the reviewing process if: 1. Accompanied by a signed agreement-on-publishing from all authors. A signature on the first page of the original paper or on the submission letter is accepted. In case one or more authors can not sign it, please state the reason(s) in the submission letter. In this case, the corresponding author assumes the responsibility. Electronic messages or their hardcopies with the agreement-on-publishing are accepted when sent from an electronic account unequivocally managed by the agreeing author; 2. The Associate Editor considered it adequate for peer reviewing. In this case, the corresponding author will receive an e-mail alert, along with instructions on how to pay the processing fee (BRL $ 55,00). Rejected papers will not be returned to the author(s). Papers published in Horticultura Brasileira have the following format: 1. Title: limited to 15 words. Avoid using scientific names, unless there is no common name in the idiom used in the paper; 2. Name(s) of author(s): Author(s) name(s) in full. Abbreviate only middle family names. Use superscript numbers to relate authors to addresses. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for format; 3. Address(es): Full name of the Institution and Department, if applicable, with full corresponding post and electronic address for all authors. Use superscript numbers to relate addresses to authors. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for format; 4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700 characters (excluding spaces). Select up to six keywords, starting with the scientific names of the organism(s) the study deals with. It is not necessary to repeat words that are already in the title; 5. Abstract, title and keywords in Portuguese: abstract, title and keywords in Portuguese should be adequate versions of their similar in English. Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions for non-Portuguese speaking authors; 6. Introduction; 7. Material and Methods; 8. Results and Discussion; 9. Acknowledgements, when applicable; 10. References: authors are asked to not exceed 30 bibliographic references. Make sure that at least half of the references were published recently (up to 10 years). Exceptional cases can be considered, regarding that authors 313 de que devidamente justificados na carta de submissão do trabalho. Todas as referências deverão ter sido citadas no texto. Evite a citação de resumos de congresso; 11. Figuras e Tabelas: o limite para cada categoria (figuras, tabelas e gráficos) é 3, com limite geral de 5. Verifique se figuras, tabelas e gráficos não estão redundantes. O enunciado e os rodapés de figuras, tabelas e gráficos devem ser bilíngües (português e inglês ou espanhol e inglês), com a tradução colocada entre parênteses logo após a versão no idioma original do trabalho. Este roteiro deverá ser utilizado para as seções Pesquisa e Comunicação Científica. Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicos www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. As citações de artigos no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Resende & Costa (2005) ou (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada, em itálico, como segue: Melo Filho et al. (2005) ou (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 2005a, 2005b. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vírgula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004) ou “...segundo Inoue-Nagata et al. (2003, 2004)...”. Quando vários trabalhos forem citados em série, utilize ordem cronológica de publicação. Na seção “Referências”, organize os trabalhos em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver mais de um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mesmos, utilize ordem cronológica de publicação. Utilize para a seção “Referências” o padrão internacional, conforme os exemplos: a) Periódico MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT; JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinhasalsa. Horticultura Brasileira 23: 982-985. b) Livro FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 402p. c) Capítulo de livro FONTES EG; MELO, PE de. 1999. Avaliação de riscos na introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p. 815-843. d) Tese SILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP – ESALQ. 72p (Tese mestrado). e) Trabalhos completos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): 314 mention their reasons at the submission letter. Avoid citing conference abstracts; 11. Figures and Tables: the limit for tables, figures, and charts is 3 for each, with a total limit of 5. Exceptional cases can be considered, regarding that authors mention their reasons at the submission letter. Please, make sure that tables, figures, and charts are not redundant. Table, figures, and chart headers and footnotes should be bilingual (Portuguese and English or Spanish and English), with the translated version placed between brackets, following the original idiom version. This structure will be used for the Research section. For other sections, please refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira, available also at www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. Bibliographic references within the text should have the following format: Resende & Costa (2005) or (Resende & Costa, 2005). When there are more than two authors, use the Latin expression et alli in its reduced form, in italics, as follows: Melo Filho et al. (2005) or (Melo Filho et al., 2005). References to studies done by the same author in the same year should be noted in the text and in the list of References by the letters a, b, etc., as for example: 1997a, 1997b. In citations involving more than one paper from the same author(s) published in different years, separate years with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004) or “...accordingly to Inoue-Nagata et al. (2003, 2004)...”. When citing papers in tandem in the text, sort them chronologically. In “References”, order citations alphabetically, according to first author’s family name, without numbering. When there is more than one paper from exactly the same authors, list them in chronological order. References should appear accordingly to the international format, as follows: a) Journal GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulation of the plant defense response in arbuscular mycorrhizal symbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 13771386. b) Book BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums. Wallingford: CAB International. 236p. c) Chapter ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what to measure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C; van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC (eds). Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag. p. 1-32. d) Thesis DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht: Utrecht University. 86p (Ph.D. thesis). e) Full papers presented in conferences (when not included in referred journals) Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Anais HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salvador: SBF. p. 357-364. CD-ROM AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CD-ROM). f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico: Periódico KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Disponível em http:/ /www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de novembro de 1998. Trabalhos completos apresentados em congresso SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http:// www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em 21 de janeiro de 1997. Sítios eletrônicos USDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15 de novembro. World asparagus situation & outlook. Disponível em http://www.fas.usda.gov/ Em caso de dúvidas, entre em contato com a Comissão Editorial ou consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira. Processo de tramitação Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimento às normas de publicação, seção, qualidade técnica e qualidade do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado para tramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessárias modificações, o(s) autor(es) poderão submeter uma nova versão para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Comissão Editorial encaminhará o trabalho a dois assessores ad hoc especialistas naquela área de pesquisa. Tão logo haja dois pareceres, o trabalho é enviado a um Editor Científico, também especialista, que emitirá seu parecer: (1) recomendado para publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não recomendado para publicação. Caso o trabalho seja recomendado ou não recomendado para publicação, será encaminhado ao Editor Associado. Caso sejam necessárias modificações, o trabalho é enviados aos autores, que deverão produzir uma nova versão atendendo às solicitações do editor científico e enviá-la de volta à Comissão Editorial que, por sua vez, remeterá a nova versão ao Editor Científico para avaliação. O Editor Científico poderá recomendar ou não a nova versão. Em ambos os casos, o trabalho é remetido para Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 Proceedings HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salvador: SBF. p. 357-364. CD-ROM AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CD-ROM). f) Papers published in electronic media Journal KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Available at http:// www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November 25, 1998. Full papers presented in conferences SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Available at http:// www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Accessed in January 21, 1997. Electronic Sites USDA - United States Department of Agriculture. 2004, November 15. World asparagus situation & outlook. Available at http://www.fas.usda.gov/ For further orientation, please contact the Editorial Board or refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira. The reviewing process Manuscripts are submitted to the Editorial Board for a preliminary evaluation (scope, adherence to the publication guidelines, section, technical quality, and command of language). The Editorial Board decision (adequate for reviewing, not adequate) will be e-mailed to the correspondence author. If modifications are needed, the author may submit a new version. If the manuscript is adequate for reviewing, the Editorial Board forwards it to two ad hoc reviewers of that specific research area. As soon as they evaluate the manuscript, it is sent to a related Scientific Editor. The Scientific Editor analyzes the manuscript and forwards it back to the Editorial Board, (1) recommending it for publication, (2) suggesting modifications, or (3) do not recommending for publication. If recommended or not for publication, the manuscript is reviewed by the Associate Editor, who holds the responsibility for the final decision. If modifications are suggested, the manuscript is returned to the author(s), who, based on the suggestions, produces a new version. Following, the Scientific Editor checks the new version and recommend it or not for publication. In both cases, it is sent to the Associate Editor, for the final decision. The reviewing process of manuscripts that remained for longer than 180 days with the author(s) will be cancelled. 315 o Editor Associado, que emitirá o parecer final. Cabe ao Editor Associado a responsabilidade pelo aceite ou rejeição do trabalho. Os trabalhos que ficarem retidos pelos autores por um período superior a 180 dias terão seu processo de tramitação cancelado, sendo definitivamente arquivados. Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem a aprovação do(s) autor(es). Após o aceite em definitivo do trabalho, o autor de correspondência receberá uma cópia eletrônica da prova tipográfica, que deverá ser devolvida à Comissão Editorial em 48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edições implicarão em novo exame do trabalho pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e devolvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049 Fax: (0xx61) 3556-5744 E-mail: [email protected] Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiação à Associação Brasileira de Horticultura (ABH), pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da ABH, no seguinte endereço: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.001-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241-5188 ramal 374 E-mail: [email protected] 316 No modifications are incorporated to the manuscript without the approval of the author(s). Once the paper is accepted, an electronic copy of the galley proof is sent to the correspondence author who should make any necessary corrections and send it back within 48 hours. Extensive text corrections, whose format and content have already been approved for publication, will not be accepted. Alterations, additions, deletions, and editing imply that a new examination of the manuscript will be made by the Editorial Board. Authors are held responsible for any errors and omissions present in the text of the corrected galley proof that has been returned to the Editorial Board. Manuscripts should be addressed to: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70359-970 Brasília – DF Brazil Tel.: 00 55 (61) 3385-9049/9088 Fax: 00 55 (61) 3556-5744 E-mail: [email protected] Change in address, affiliation to the Brazilian Association for Horticultural Science (ABH), and payment of fees related to the ABH should be addressed to: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.001-970 Campinas – SP Brazil Tel./Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374 E-mail: [email protected] Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 LA PRODUCCIÓN HORTÍCOLA EN ARGENTINA La actividad hortícola se caracteriza no sólo por la gran cantidad de especies cultivadas (aproximadamente 115), sino también por su amplia distribución geográfica en función de la interacción de factores agroecológicos, económicos, sociales y políticos. En una superficie hortícola de 600.000 ha se logra un volumen de producción anual próximo a 10,5 millones de toneladas. Se diferencian seis regiones productoras, las cuales incluyen los cinturones verdes que rodean las grandes ciudades: Noroeste (Salta, Jujuy, Tucumán, Santiago del Estero); Noreste (Formosa, Chaco, Corrientes, Misiones); Central (Córdoba, San Luis); Andina (Catamarca, La Rioja, Mendoza, San Juan); Litoral (Santa Fe, Entre Ríos, Buenos Aires); Valles de los Ríos Negro y Colorado – Patagonia Sur (La Pampa, Río Negro, Neuquen, Chubut), permitiendo esta distribución de la producción hortícola la generación de las llamadas “economías regionales”. El 65% de la producción corresponde a papa, tomate, cebolla, batata, lechuga, zapallos, zanahoria, legumbres secas, ajo; el 20% a acelga, mandioca, zapallito redondo y alargado, choclo, berenjena y pimiento; el 15% restante abarca las otras especies. El 85% del volumen de hortalizas producidas es consumido en fresco y tan sólo el 8% es industrializado, representado en su mayor parte por arveja, batata, tomate, zapallo. La participación de las hortalizas es de un 24% sobre el total de la canasta alimentaria. Es una actividad de gran efecto social al generar aproximadamente 350.000 empleos directos y hasta 1.000.000, si consideramos también el empleo indirecto en toda la cadena (producción, transporte, distribución, almacenamiento, comercialización e industrialización). Si bien el destino principal de los productos es el mercado interno (93-94%), Argentina exportó en el 2006 aproximadamente 500.000 t entre cebolla, ajo y papa, con destino a Brasil el 80% y el resto a Bélgica, España, México, Francia y EEUU. En menor proporción también se exportaron otras especies como zanahoria, batata, espárrago, zapallos, frutilla. Argentina mantiene una ventaja competitiva por producir contraestación respecto al Hemisferio Norte. Las importaciones de hortalizas son muy variables y dependen de la existencia de déficit en la producción interna. Se importan entre 10.000 y 80.000 t año -1, principalmente desde Brasil, Chile y Canadá. Hortic. bras., v. 25, n. 2, abr.-jun. 2007 La evolución tecnológica a partir de la incorporación de cultivos protegidos, riego localizado, fertirrigación, nuevos materiales genéticos, técnicas de obtención de plantines, entre otros, ha permitido en los últimos años reducir la superficie cultivada pero aumentar la producción física. De esta manera se logra una oferta adecuada para atender a un mercado de 37 millones de habitantes, con un consumo promedio de 90 kg habitante.año-1, sin considerar la papa. A futuro la actividad hortícola Argentina debe orientarse hacia la obtención de mayor producción, el logro de productos de alta calidad con valor agregado, la normalización de la calidad, el incremento del mercado interno, el mantenimiento e incremento de las exportaciones, en un marco de preservación de los recursos naturales y de la salud de la población consolidando al mismo tiempo sistemas productivos ecocompatibles. El país cuenta con importantes grupos de investigadores en el área hortícola, que desarrollan sus actividades principalmente en las Facultades de Ciencias Agrarias y en las Estaciones Experimentales del Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA), entre otros. En particular en la Facultad de Ciencias Agrarias de la Universidad Nacional de Rosario, se abordan trabajos interdisciplinarios relacionados con distintos aspectos del manejo y mejoramiento de especies hortícolas, destacándose los logros en la obtención de cultivares de alcaucil, híbridos de espárrago, zapallito alargado y tomate. En la capa de la presente edición de la Revista Horticultura Brasileira se presenta a modo ilustrativo la cultivar Esmeralda de alcaucil [Cynara cardunculus L. var. scolymus (L.)], obtenida por investigadores del área de Horticultura y de Mejoramiento Vegetal de nuestra institución, donde la Dra. Stella Maris García es referente a nivel nacional e internacional en este cultivo. Al presente se han inscripto en el Registro Nacional de Cultivares cuatro variedades de multiplicación asexual: Oro Verde FCA, Esmeralda FCA, Gauchito FCA, Gurí FCA, y en trámite de inscripción Estrella del Sur FCA, de propagación sexual. El alcaucil, alcachofra, alcachofa, artichoke, es una especie importante en los cinturones hortícolas de La Plata, Rosario y San Juan. Esta especie fue introducida al país por los inmigrantes italianos, adaptando sus prácticas agronómicas de origen a las condiciones locales. Principalmente se consume la inflorescencia inmadura (capítulo) cuya coloración varía en la gama del verde al violeta. De las hojas se extrae cinarina, compuesto natural utilizado en la industria farmacéutica. No es sólo una hortaliza nutritiva, sino altamente protectora de la salud, por su alto contenido de fibra, vitamina C y flavonoides antioxidantes. (Stella Maris García, Facultad Ciencias Agrarias UNR, [email protected]; Marta Susana Panelo, Fac. Ciencias Agrarias UNR, Delegada Internacional ABH – Argentina, [email protected]) 317