O Teorema de Luroth e uma aplicação as Curvas Algébricas Planas Nome:Dan Anibal Agüero Cerna RA:153115 Neste trabalho vamos a apresentar o teorema de Luroth e uma aplicação as curvas racionais. Primeiro vamos a definir o que é uma curva racional e como o Teorema de Luroth nos fala que estas sempre vão ter uma boa parametrização. Vamos denotar por An a K n onde K é um corpo infinito e algebricamente fechado que usualmente vamos a tomar por C. Definição: Dizemos que dois polinômios f e g são equivalentes se ∃λ tal que f = λg, pode se ver que esta é uma relação de equivalência. Definição 2:Uma curva algébrica plana afim C é uma classe de equivalência da relação acima definida. O traço de C é o conjunto {(x, y) ∈ A2 /f (x, y) = 0} onde o f é um dos polinomios da classe, pode se ver que o traço não depende da escolha do representante e vamos denota por tr(C). Por comodidade vai se escrever a curva C como a curva f = 0 ou a curva f. Diremos que a curva C é irredutível se existir um f irredutível f que pertence a classe de C. Definição 3: Diremos que uma curva afim irredutível é racional se existir um par de funções racionais x(T ), y(T ) ∈ K(T ) (corpo de frações racionais) não ambas constantes tais que f (x(T ), y(T )) = 0 em K(T ). O par é chamado de parametrização racional. Definição 4: Seja uma curva afim irredutível de equação f = 0, e seja φ : C → A1 é chamada de função regular o polinomial se é a restrição de uma função polinomial em duas variáveis, p ∈ K[X, Y ] vista como função, aqui não teremos problemas pois se o corpo é infinito a função polinomial se corresponde bijetivamente com os polinômios coisa que não acontece em corpos finitos. Seja A(C) o conjunto das funções regulares, vê-se que é um anel, pois o seu conjunto de chegada é um corpo. Temos ψ : K[X, Y ] → A(C) ψ(h) = h|C que é um epimorfismo. Lema: Sejam f, g ∈ K[X, Y ] polinômios sem fatores irredutíveis em comum, então existem p, q ∈ K[X, Y ] e c ∈ K[X] tais que 1 p(X, Y )f (X, Y ) + q(X, Y )g(X, Y ) = c(X) o lema seque siendo valido se trocamos Y por X Demonstração: Sabemos que f e g não admitem fatores em comum em K[X][Y ] = K[X, Y ], então f e g nao admitem fatores em comum em K(X)[Y ],pois caso contrario, pode se encontrar u(X, Y ) ∈ K(X)[Y ] tal que mdc(f, g) = u, ie, ∃r, s ∈ K(X)[Y ], tais que rf + sg = u, logo podemos expressar a equação como r1 (X, Y )/r2 (X)f +s1 (X, Y )/s2 (X)g = u(X, Y ), logo temos s2 (X)r1 (X, Y )f (X, Y )+ r2 (X)s1 (X, Y )g(X, Y ) = r2 (X)s2 (X)u(X, Y ) isto já seria em K[X][Y ] o que seria uma contradição. Logo assumimos que f e g não fatores irredutíveis em K(X)[Y ], assim existem p e q tais que pf + qg = 1 onde p = p1 (X, Y )/p2 (X) e q = q1 (X, Y )/q2 (X), logo reduzimos a expressão e obtemos p1 q2 f + p2 q1 g = p2 (X)q2 (X) = c(X) Lema: A interseção de duas curvas algébricas planas sem componentes em comum é finita. Demonstração Sejam C1 e C2 as curvas com equações f = 0 e g = 0 como não tem componentes em comum então f e g não tem fatores irredutíveis em comum, logo pelo lema acima existem p, q, a, b ∈ K[X, Y ] tal que p(X, Y )f (X, Y ) + q(X, Y )g(X, Y ) = c(X) e a(X, Y )f (X, Y ) + b(X, Y )g(X, Y ) = d(Y ) daí se (x, y) ∈ trC1 ∩ trC2 aplicamos na equação e obtemos que c(x) = 0, e fazemos o mesmo na outra equação e obtemos que d(y) = 0, logo obtemos que trC1 ∩ trC2 ⊆ {razesdec}x{razesded}, onde os últimos conjuntos são finitos pois são as raízes de polinômios numa só variável. Lema: A(C) ∼ = K[X, Y ]/ < f > e em particular A(C) é um domínio de integridade. Demonstração Temos ψ : K[X, Y ] → A(C), vamos ver que Ker(ψ) =< f >. de fato temos que < f >⊆ Ker(ψ) Agora seja g ∈ Ker(ψ) tal que g 6∈< f > Logo tr(Cg ) ∩ tr(C) é finito e além disso temos g|C = 0, logo temos que tr(C) ⊆ tr(Cg ) logo teríamos que tr(C) é finito o que é uma contradição. Logo Ker(ψ) =< f > e do fato de f ser elemento irredutível no anel fatorial K[X, Y ], temos que A(C) ∼ = K[X, Y ]/ < f > e este ultimo é um domínio, logo A(C) é domínio. Definição: O corpo das funções racionais de uma curva afim irredutível é o corpo de frações de A(C) que será denotado por K(C). Um elemento de K(C) é da forma p/q onde p, q ∈ A(C). 2 Definição: Uma função φ é dita regular em P , se φ = p/q onde p, q ∈ A(C) e q(P ) 6= 0. Seja φ função racional e seja Cφ = {P ∈ CφregularemP } o que chamaremos de domínio de regularidade de φ, assim podemos definir φ|Cφ → A1 . Para poder provar a seguinte proposição vamos precisar de uma equivalência do Teorema dos zeros de Hilbert, que vamos passar a enunciar de um jeito simplificado: Teorema: Se K é um corpo algebricamente fechado, então todo ideal maximal η em K[X, Y ] é da forma < X − x, Y − y > para algum (x, y) ∈ A2 Proposição: Se φ é uma função racional regular em cada ponto P ∈ C então φ é uma função regular, ie, φ ∈ A(C). Demonstração: Seja o conjunto I = {q ∈ A(C)/qφ ∈ A(C)}, vemos que I é um ideal de A(C) se I = A(C) a proposição estaria provada, por isso suponhamos que não, logo ∃ um ideal maximal η tal que I ⊆ η ⊂ A(C) este corresponde com um ideal de K[X, Y ] contendo < f > opelo teorema dos zeros este vai ter a forma < X − x0 , Y − y0 > logo f = (X − x0 )h1 + (Y − y0 )h2 , pegamos P = (x0 , y0 ) vemos que f (P ) = 0 e que se q ∈ I ⊆ η vamos ter que q(P ) = 0 mas φ é regular em P, daí que φ = p/q com q(P ) 6= 0 então qφ = p ∈ A(C) E q ∈ I o que é uma contradição. Proposição: Seja C uma curva algébrica plana, logo temos que é racional se e só se K(C) é K-isomorfo a algum subcorpo de K(T ) (corpo das funções racionais na variável T ). Demonstração: Vamos supor que K(C) é K-isomorfo a L, um subcorpo de K(T ), como sabemos K(C) = {u+ < f > /v+ < f > /u, v ∈ K[X, Y ]} e X+ < f > , Y + < f >∈ K(C), e seja Φ : K(C) → L ⊆ K(T ) Φ(X+ < f >) = x(T ) e Φ(Y + < f >) = y(T ), com x(T ), y(T ) ∈ K(T ) vamos ver que as duas não podem ser ambas constantes. Suponhamos que x(T ) = a = cte, logo como Φ é um K-isomorfismo X+ < f >= a+ < f > disso f |X − a e vemos que f = k1 (X − a) aplicamos o mesmo para y(T ) e obtemos que f = k2 (Y −b) o que uma contradição, então x(T ) e y(T ) não podem ser ambos constantes ao mesmo tempo. Agora vamos ver que esse par é em efeito uma parametrização racional, isso vem do fato que f + < f >= 0, logo Φ(f + < f >) = 0, e f = aij X i Y j e como Φ é um K-isomorfismo, 0 = Φ(f + < f >) = aij Φ(X i + < f >)Φ(Y j + < f >) = aij x(T )i y(T )j = f (x(T ), y(T )). Agora seja (x(T ), y(T )) uma parametrização racional de C 3 φ : K[X, Y ] → K(T ) h(X, Y ) → h(x(T ), y(T )) , seja I = Ker(φ), como f (x(T ), y(T )) = 0. então < f >⊆ I, vamos supor que I 6=< f >, ie ∃g ∈ I, g 6∈< f > disto vemos que f e g não tem fatores comuns. Pelo lema ∃a1 a2 b1 b2 ∈ K[X, Y ] e c ∈ K[X], d ∈ K[y] tais que a1 f + b1 g = c(X) e a2 f + b2 g = d(Y ), logo c(x(T )) = 0 e d(y(T )) = 0, logo c(X), d(Y ) ∈ I, < c(X), d(Y ) >⊆ I logo K[X, Y ]/I ⊆ K[X, Y ]/ < c(X), d(Y ) > e vemos que dimK K[X, Y ]/gen{c(X), d(Y )} < ∞, logo dimK K[X, Y ]/I < ∞ e como K[X, Y ]/I ∼ = Im(φ) = K[x(T ), y(T )], então dimK K[x(T ), y(T )] < ∞, disso que existe n tal que 1, x(T ), x(T )2 , . . . x(T )n são linearmente dependentes, isto nos daria que x(T ) é algébrico sobre K, mas este é algebricamente fechado, assim x(T ) ∈ K, ie x(T ) seria com o mesmo procedimento chegamos ao mesmo com y(T ), assim teríamos que ambos são constantes o que seria a contradição procurada. Teorema de Luroth: Seja L um subcorpo de K(T ) que contém K. Se L contém algum elemento diferente de uma função constante, ie,K ⊂ L, então existe τ ∈ K(T ) tal que L = K(τ ). Demonstração: K(T ) é uma extensão algébrica de L, pois se φ = a(T )/b(T ) não constante, então a(X) − φb(x) ∈ L[X] , se avaliamos em T o polinômio se anula, assim T é algébrico sobre L, e seja p(X, T ) = a0 (T )X m + . . . + am (T ), com os aj ∈ K[T ], e a0 6= 0, aj /a0 ∈ L e tomamos p tal que a0 , a1 , . . . am tenham máximo divisor comum 1. Seja i0 tal que n = gr(ai0 (T )) ≥ gr(aj (T )) vamos escolher τ = ai0 /aj0 6∈ K(Caso contrario todos os aj = cj ai0 com cj ∈ K daí que o polinômio teria a forma p(X, T ) = ai0 (T )(cO X m + . . . cm ), quitamos o ai0 (T ) e o polinômio teria os coeficientes dele em K, e T seria algébrico em K, o que é absurdo). Temos o polinômio h(X) = τ aj0 (X) − ai0 (X) ∈ L[X], que tem como raiz a T e tem grau n em X, e é um polinômio em K(τ )[X] isto nos da que gr(Irr(T, K(τ ))) = [K(τ )(T ) : K(τ )] = [K(T ) : K(τ )] ≤ gr(h) = n. Logo pegamos q(X, T ) = aj0 (X)ai0 (T ) − aj0 (T )ai0 (X) ∈ K(T )[X], vê-se que grT (q) = n pois temos que o grau maximo em T em p é devido a ai0 e que q(T, T ) = 0, daí que p(X, T ) divide q(X, T ) em K[X, T ], e seja r tal que p(X, T )r(X, T ) = q(X, T ), ,logo fazemos comparações com os graus e obtemos que n = grT (p) ≤ grT (p) + grT (r) = grT (q) ≤ n, daí que r não depende de T , se alterarmos a ordem dos X de T , e usamos a simetria do polinô4 mio q, obtemos que p(X, T )r(X) = q(X, T ) → p(T, X)r(T ) = q(X, T ) = p(X, T )r(X) disso que r(T ) termina dividendo a p(X, T ) e dividiria a cada aj , mas pela construção temos escolhida mdc(a0 , . . . am ) = 1, dai que r e uma constante, e assim m = n e da Cota superior que foi encontrada temos que n = m = [K(T ) : L] ≤ [K(T ) : K(τ )] ≤ n daí que K(τ ) = L. Agora com todo o desenvolvido vamos a provar que as curvas racionais tem um comportamento com respeito das parametrizações. Definição: Dizemos que uma parametrização x(T ), y(T ) de C é Boa se Φ : K(C) → K(T ) φ(X, Y )+ < f >→ φ(x(T ), y(T )) é sobrejetora. Proposição Toda curva racional admite uma boa parametrização. Demonstração: Seja (x(T ), y(T )) uma parametrização racional da curva, e temos o corpo K(x(T ), y(T )) ∈ K(T ), sabemos que x e y os dois não são constantes, assim que K(x(T ), y(T )) 6= K,a então pelo Teorema de Luroth, existe τ tal que K(x(T ), y(T )) = K(τ ), e assim pegamos τ como novo parâmetro da curva. Referências [1] I.Vainsencher Curvas Algébricas Planas. Coleção Universitária. [2] D.A. Cox Galois Theory. Wiley. 5