Autores Eliney Trindade Miranda, Silvana Perez e Glauco Cohen Ferreira Pantoja Universidade Federal do Pará (UFPA) Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF) Apoio: Belém-PA 2016 © Eliney Trindade, Silvana Perez e Glauco Cohen Pantoja – 2016 O material apresentado neste documento pode ser reproduzido livremente desde que citada a fonte. As imagens apresentadas são de propriedade dos respectivos autores ou produção de livre acesso. Caso sinta que houve violação de seus direitos autorais, por favor contate os autores para solução imediata do problema. Este documento é veiculado gratuitamente, sem nenhum tipo de retorno comercial a nenhum dos autores, e visa apenas a divulgação do conhecimento científico. Apresentação O Material aqui apresentado é o resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de dois anos e consiste no produto elaborado para o Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, polo UFPA. O principal Instrumento Educacional confeccionado é uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) em que se trabalhou os conceitos básicos de física quântica e é apresentado por uma dissertação cujo tema é UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE FÍSICA QUÂNTICA NO ENSINO MÉDIO POR MEIO DE UNIDADES DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS. O objetivo aqui é apresentar o produto e discorrer de forma sucinta e objetiva sobre as experiências vividas durante a confecção e aplicação desta UEPS além de propor sugestões de adequações para trabalhos futuros que visem contemplar os pressupostos teóricos da aprendizagem significativa. 4 Por que ensinar física quântica e o que ensinar? A física quântica apresenta um papel crucial no mundo tecnológico em que vivemos. Praticamente toda tecnologia que usamos se utiliza de algum conceito da física quântica, desde dispositivos simples presentes em nosso diadia como sensores de luminosidade¹ e controles remotos², até equipamentos de funcionamentos mais complexos como aparelhos de ressonância magnética e de radioterapia para tratamentos do câncer, doença que mais mata pessoas no mundo depois das doenças cardiovasculares e respiratórias, segundo organização mundial da saúde. Apesar de sua tamanha importância, quase não dispomos de recursos didáticos nas escolas públicas que possibilitem a realização de experimentos que possam favorecer uma melhor compreensão deste tema, o que leva o professor a buscar recursos alternativos e os mais comuns são os instrumentos tecnológicos como animações e simulações apresentadas em slides. Além disso, uma vez que existem documentos oficiais do governo que deveriam nortear o trabalho do professor em sala de aula, os conteúdos estudados deveriam estar diretamente ligados a esses documentos, como por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Neste documento, recomenda-se que devamos trabalhar com os alunos os conceitos básicos de física quântica. Sendo assim, buscando uma consonância com os PCNs, os conteúdos de física quântica normalmente explorados em sala de aula são noção de fóton, natureza da radiação eletromagnética segundo a teoria clássica e a teoria quântica, dualidade onda partícula e teoria de onda de matéria de Louis De Broglie. Além disso, estudamos o efeito fotoelétrico e seus postulados, função trabalho e energia cinética máxima. Deste modo, acreditamos que estamos cumprindo com a grade curricular que nos é proposta pelo Ministério da Educação (MEC). 1 e 2: Estes exemplos, na verdade não utilizam efeito fotoelétrico como princípio. Seu funcionamento se dá por meio de células fotovoltaicas. 5 Como ensinar mecânica quântica? Segundo Hestenes, apud Melo (200-?), "a física é uma ciência de caráter experimental e que apresenta alguns conceitos abstratos, e apenas o uso do ensino tradicional se torna inadequado”. Deste modo verificamos que a apresentação dos conceitos da física segundo uma metodologia unicamente verbal e textual, não contempla a necessidade requerida para sua plena compreensão. Este cenário contribui consideravelmente para tornar a física uma das matérias mais difíceis de se compreender, fato comprovado pelo alto índice de retenções nesta disciplina. Outro desafio para o professor desta disciplina é conquistar os alunos, mesmo diante de todo um cenário aparentemente desfavorável. O docente deve tentar fazer com que eles se interessem em aprender, já que, segundo Ausubel (2000), é vital que o aluno esteja predisposto a aprender. Caso não haja esse interesse por parte dos discentes, quaisquer metodologias e/ou materiais didáticos adotados, por melhor que pareçam ser, tornar-se-ão ineficazes. Neste sentido, a metodologia escolhida pelo professor deve buscar relacionar os conteúdos ministrados com conhecimentos que os alunos já detêm, pois deste modo eles podem perceber uma utilidade para aquilo que estão aprendendo, e não simplesmente depositar os conhecimentos em sua estrutura cognitiva de maneira arbitrária, dando a impressão que aquilo que se está aprendendo não lhes servirá para nada. Uma teoria que defende este modelo de aprendizado é a Teoria da Aprendizagem Significativa e a linha que iremos seguir é a defendida por David Ausubel (AUSUBEL, 1964). Segundo esta teoria, a aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação se relaciona de modo não arbitrário e não literal com outra preexistente na estrutura cognitiva do aluno, denominada por Ausubel de subsunçor ou âncora. Desta forma, os dois conhecimentos, o novo e o antigo, relacionam-se de modo a formar um terceiro, que é o conhecimento preexistente alterado pelo embasamento teórico adquirido acerca do mesmo. Para exemplificarmos sucintamente a dinâmica deste processo, vamos considerar o conceito de partícula. De modo geral, na estrutura cognitiva do aluno, partículas são unicamente elétrons, prótons e nêutrons, ou seja, o que os alunos entendem sobre a palavra, na verdade, nada mais é do que alguns 6 exemplos de partículas e não o significado em si. Ao elucidar que partícula é uma palavra composta pelos morfemas part (Radical de parte) + Culo (sufixo que significa diminutivo) e verificar que partícula é o diminutivo de parte, os discentes farão a relação entre seus significados e descobrirão que os prótons, elétrons e nêutrons são partes muito pequenas do átomo (terceiro conceito mais enriquecido) e essa ideia pode se estender para outras palavras como, película, cutícula ou corpúsculo, em física quântica. Cabe ressaltar que esse é um processo dinâmico e que esse terceiro conhecimento adquirido, agora fundamentado, pode ajudar na compreensão de outros novos conceitos, dando sequência ao processo da aprendizagem significativa. Vale lembrar que neste processo, por ser um sistema dinâmico, o conhecimento passa por constantes transformações podendo, futuramente, servir de âncora e ser modificado por outros conhecimentos, indefinidamente. A este processo Ausubel deu o nome de Diferenciação Progressiva (AUSUBEL et al., 1980; MOREIRA, 1999a, 1999b; apud MACHADO, 2006). No caso do exemplo supracitado, a diferenciação progressiva ocorre à medida que a palavra partícula ganha significados novos em diferentes contextos como, por exemplo, quando se considera que o Sol é uma partícula se comparado com o Universo como um todo. Sob a perspectiva da aprendizagem significativa escolhemos ensinar física quântica segundo a metodologia idealizada por Marco Antônio Moreira, que consiste em uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS). Esta constitui-se de “sequências de ensino fundamentadas teoricamente, voltadas para a aprendizagem significativa, não mecânica, que podem estimular a pesquisa aplicada em ensino, aquela voltada diretamente à sala de aula” (MOREIRA 2011). A UEPS incorpora a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel às sequências didáticas. Devemos salientar também que, qualquer que seja a pedagogia utilizada no desenvolvimento da aula, o professor não pode desobedecer aquilo que recomenda a Lei de Diretrizes e da Educação Nacional (LDB) em seu artigo 2º, no qual se refere aos princípios e fins da educação. Segundo este material, A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (LDB, 9.394/1996). 7 Considerando que o ensino médio não é profissionalizante e que uma de suas finalidades é preparar o aluno para o ingresso nas universidades, o professor, em suas aulas, deve trabalhar dando um enfoque também para o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, uma vez que, embora contestado por uma grande parcela de educadores no Brasil, é, no Pará e na maioria dos estados brasileiros, o único processo de ingresso nas universidades públicas. Sendo assim, embora muitas vezes angustiado, o professor não deve ignorá-lo, já que além de contrariar a lei maior da educação, estará contribuindo para que o ingresso de seus alunos na universidade se torne mais difícil. Por conta disso, os assuntos abordados de física quântica são as noções básicas, não se aprofundando muito na mecânica quântica como funções de estado, equação de Schrödinger ou Teoria da incerteza de Heisenberg. 8 Descrição da UEPS A UEPS deve obedecer aos pressupostos teóricos da aprendizagem significativa e, em sua elaboração, cada UEPS deve ser construída em cima de um tópico específico do conhecimento e deve obrigatoriamente promover este modelo de aprendizado. As principais partes de uma UEPS são: Objetivo: relata a intenção com a qual determinado conteúdo é apresentado Sequência de atividades: Mostra as atividades, ordenadamente, e como elas serão trabalhadas ao longo das aulas Avaliação: descreve como será verificado o quanto o conteúdo foi assimilado por parte dos alunos. Pode haver também uma avaliação da própria UEPS, tanto por parte dos alunos quanto por parte do professor. Referência bibliográfica: listagem de todo material bibliográfico utilizado para elaboração das aulas e organização dos conteúdos apresentados. Como foi possível verificar, uma UEPS é formada por etapas e cada uma delas é planejada de tal forma que sempre busque promover a aprendizagem significativa. De acordo com Moreira (2011), as UEPS devem obedecer aos seguintes princípios: - O conhecimento prévio é o fator mais importante e que mais influencia a aprendizagem significativa, pois é nele que os novos conhecimentos vão se ancorar; - A ponte entre os novos conhecimentos e o subsunçor do aluno é feita através dos organizadores prévios; - A importância dos novos conhecimentos é percebida através das situações problemas; - O Professor pode utilizar, caso ache necessário ou mais apropriado, uma situação problema com os próprios organizadores prévios e deve ser apresentado aos alunos de forma gradativa/evolutiva, isto é, em níveis crescentes de dificuldades. 9 - No momento da elaboração da aula em que o professor adotará o método potencialmente significativo, o docente deverá levar em consideração as etapas na qual a aprendizagem significativa acontece, tais como a diferenciação progressiva, a reconciliação integradora e a consolidação. - O papel do professor, nesse processo, é de apresentar a situação-problema e ser o intermediador entre o conhecimento que será apresentado e o conhecimento existente na estrutura cognitiva do aluno, auxiliando-o a resolver as questões colocadas (situação problema); - A aprendizagem deve ser significativa e crítica, não mecânica; - A aprendizagem significativa crítica estimula que o aluno busque as respostas para os problemas e não simplesmente decore respostas prontas, como no caso da aprendizagem mecânica. A seguir apresentaremos a UEPS desenvolvida para se aplicar em turmas de 3º ano do ensino médio com o objetivo de ensinar física quântica. PROPOSTA DE UEPS PARA ENSINO DE TÓPICOS DE FÍSICA QUÂNTICA Eliney Trindade Objetivo: Introduzir, segundo os pilares da aprendizagem significativa de David Ausubel (Apud MOREIRA, 1999) e Marco Antônio Moreira (1999), a noção dos conceitos básicos de Teoria Quântica no Ensino Médio tendo as TICs como instrumentos metodológicos – Quantização, Física Clássica x Física Quântica e Efeito Fotoelétrico. Sequência: 10 01. Situação inicial: Os alunos serão estimulados a fazer conexões mentais entre tópicos de física quântica através de palavras-chave (contínua, discreta, radiação eletromagnética, partícula, corpúsculo, fóton). Eles escreverão o que entendem sobre essas palavras (subsunçores) e informarão se conhecem algum fenômeno cotidiano em que elas aparecem. Nesse processo, os discentes terão total liberdade para fazer essas relações, inclusive com outras áreas do conhecimento. A atividade não consiste, necessariamente, em um mapa conceitual, pois, além de investigar o conhecimento prévio do aluno sobre o assunto, a mesma visa também analisar o desempenho desse discente quanto à escrita, assim como avaliar previamente sua capacidade em expor suas ideias. Esta atividade deverá ser entregue ao professor e servirá para que ele possa realizar uma diagnose prévia do perfil da turma. 02. Situações problemas iniciais a) O que você já leu, ouviu, ou viu sobre Física Quântica? E sobre efeito fotoelétrico? b) Qual a diferença básica entre física quântica e física clássica? c) Em física quântica, qual o significado de “discreto”? d) O que é o quantum? e) O que você entende sobre função trabalho, frequência e comprimento de onda? Todas estas questões/situações deverão ser discutidas com todos, sob a mediação do professor, no sentido de estimular discussões e despertar a curiosidade dos alunos sobre o assunto, sem ainda revelar as definições corretas dos conceitos abordados. Nesta etapa, toda comunicação acontece por via oral. As atividades (01) e (02) ocuparão juntas 2 aulas. 03. Aprofundando conhecimentos: Através de aulas expositivas dialogadas, serão trabalhados os conceitos de quantização – fazendo 11 um paralelo com os conceitos da física clássica – e também o efeito fotoelétrico. Estes conteúdos serão apresentados através de textos e também em slides. Este último conterá tópicos do assunto e também animações que possam auxiliar os alunos a “enxergarem” melhor os modelos abstratos. Durante o andamento das aulas os alunos serão instigados a fazerem perguntas e assim abrir pautas para debates. Ao final da introdução dos novos conteúdos, serão revistos os questionamentos da “situações-problemas iniciais” (02) (conhecimento empírico) e comparados com o os adquiridos fundamentados pela física, analisando a relevância de se obter a fundamentação teórica paras estes conhecimentos, além de sua aplicabilidade. A etapa será desenvolvida em 2 aulas 04. Avaliação individual: será realizada uma avaliação individual através de questões abertas envolvendo os conceitos-foco da unidade. Também serão reapresentadas as mesmas atividades das situações iniciais (1) e (2), mas agora pedindo também, além do significado cotidiano das palavras, seu significado de acordo com a física quântica. A atividade ocupará duas aulas. 05. Aula final e avaliação das respostas dos exercícios: análise das respostas às questões propostas na avaliação individual. Comentários finais integradores sobre o assunto abordado. Avaliação oral por parte dos alunos sobre as estratégias de ensino utilizadas e sobre seu aprendizado, além de sugestões proferidas pelos mesmos acerca de possíveis melhorias a ser realizadas na UEPS. Atividade ocupará uma aula. Caso os alunos concordem, essas falas seriam gravadas para posteriori auxiliarem em possíveis ajustes na própria UEPS. 06. Avaliação da UEPS: análise qualitativa, de parte do professor, sobre as evidências que percebeu, ou não, de aprendizagem significativa dos conceitos da unidade, na avaliação individual e na observação participante, bem como da avaliação da UEPS feita em sala de aula pelos alunos no último encontro. 07. Total de horas-aula: 07 12 REFERENCIAIS AUSUBEL, D. P (1968). Educational psychology - a cognitive view. New York: Holt, Rinehart and Winston. AUSUBEL, D. P. (2000). The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Dordrecht: Kluwe Academic Publishers. BRASIL, Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (1996). 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Entretanto, com o passar do tempo, observaram-se fenômenos (como, por exemplo, a radiação do corpo negro e o espectro descontínuo de gases incandescentes) que as teorias do eletromagnetismo clássico não conseguiam explicar, gerando dúvidas a respeito da natureza da luz e de outras radiações eletromagnéticas. Tais eventos contradiziam as teorias físicas existentes, pois verificou-se que, em alguns fenômenos, essas radiações se comportavam como se fossem ondas e em outros, como se fossem partículas. Todas estas questões acabaram por levar ao surgimento de uma nova física – a Física Moderna – que surgiu por volta de 1900 e que se divide em duas grandes frentes. Na parte da mecânica temos as teorias da relatividade restrita e geral formuladas por Albert Einstein (1879-1955) nos anos de 1905 e 1915, respectivamente. No campo subatômico, surgiu a Mecânica Quântica, quando Max Planck (1858-1947), em 1900, propôs a teoria da quantização da energia. Dois conceitos da física clássica são de extrema relevância para o entendimento dessa nova teoria. Assim, considera-se partícula um corpo com massa, cujas dimensões são muito pequenas quando comparadas ao sistema em análise. No estudo de seu comportamento classicamente, são válidas as leis de 16 Newton. Por outro lado, onda é uma perturbação, geralmente produzida em um meio, que se propaga no mesmo, sem arrastá-lo, transportando apenas energia. No caso de uma onda eletromagnética, essa perturbação corresponde à oscilação de dois campos perpendiculares entre si – um campo elétrico (E) e um campo magnético (B) e não precisa de um meio para se propagar. O estudo clássico das ondas eletromagnéticas se dá através das leis de Maxwell. A figura 1 mostra como se constitui uma onda eletromagnética clássica. Fonte: aurtoprofessorbiriba.com.br E B Figura 1: Ilustração da composição de uma onda eletromagnética Na física clássica, os fenômenos da natureza são estudados, ou dentro de um enfoque de partícula ou de um enfoque ondulatório, isto é, um comportamento exclui o outro. Todavia, a natureza nem sempre permite essa exclusão. A luz, por exemplo, considerada como onda a partir das leis de Maxwell, pode se comportar como partícula em determinadas situações. Então, dizemos que ela apresenta uma dualidade partícula-onda, que é a essência do estudo da física quântica. QUANTIZAÇÃO DA ENERGIA O estudo da emissão e absorção do calor por materiais incandescentes foi muito valorizado durante todo o século XIX. Em particular, no ano de 1859 o físico alemão Robert Kirchhoff propôs o conceito de corpo negro, e o seu compatriota Max Planck, em 1900, tentando explicar o fenômeno da radiação térmica emitida por estes corpos, apresentou uma hipótese que levaria a uma revolução na física, iniciando os primeiros passos para o nascimento da Mecânica Quântica. 17 Segundo a Mecânica Quântica, o processo de interação da luz com a matéria ocorre de maneira discreta, pela troca de pequenos “pacotes” indivisíveis de energia denominados de quanta (quanta é o plural de quantum que, em latim, significa quantidade), contradizendo as teorias do eletromagnetismo de Maxwell (eletromagnetismo clássico), em que se propunha que a mesma se propagava e interagia com os meios materiais de forma contínua. As figuras 2a e 2b abaixo ilustram exemplo do foco de uma lanterna de acordo com a física clássica e a física quântica, respectivamente. Figura 2 Fonte: Produção do Autor Fonte: Produção do Autor a: Ilustração de como a luz sairia de uma lanterna, segundo a Teoria clássica do eletromagnetismo b: Ilustração de como a luz sairia de uma lanterna, segundo a Teoria quântica Esse modelo, conhecido como Modelo do Quantum, alicerce para o estudo da física quântica, causou um grande reboliço em toda comunidade científica da época por ir de encontro ao que se entendia no senso comum. Por esse motivo, sua aceitação não foi imediata, sendo questionado por grande parte dos físicos da época, inclusive, futuramente, pelo próprio Planck. Foto: gettyimages Max Karl Ernst Ludwig Planck (18581947), foi o primeiro a propor uma teoria quantizada para a radiação eletromagnética, em 1900. Além de considerar o caráter discreto da radiação eletromagnética, a física quântica também afirma que a energia do quantum é diretamente 18 proporcional à sua frequência e que a luz, dependendo do fenômeno observado, pode se comportar como onda ou como partícula. Esta última foi mais refutada pelos cientistas da época por ir de encontro ao que se conhecia como verdade naquele momento. Todavia, sua aceitação ganhou maior força depois que Louis De Broglie, físico francês, propôs, em 1923, que partículas também poderiam se comportar como onda, criando o conceito de onda de matéria, ou onda de De Broglie, reafirmando o princípio da dualidade onda-partícula. O físico demonstrou que um corpo que se move, pode ser representado por uma onda, cujo comprimento de onda λ é inversamente proporcional à sua quantidade de movimento q = mv, L h q Observemos na tabela a seguir um resumo onde se explicita as principais diferenças entre a física clássica e a física quântica. Física Clássica Segundo Física Quântica Maxwell, a radiação Na teoria quântica, a radiação eletromagnética é uma onda, formada eletromagnética é descrita por campos pela oscilação de dois campos quânticos e como resultado, a sua clássicos perpendiculares entre si – interação com a matéria ocorre de um campo elétrico e um magnético, maneira discreta, embora dependendo que se propagam e interagem de da situação, também possa se forma contínua (caráter ondulatório) observar o seu caráter ondulatório (dualidade onda-partícula) A energia da radiação é proporcional à A energia da radiação, mais sua intensidade. especificamente dos quanta de energia, é proporcional à sua frequência. 19 EFEITO FOTOELÉTRICO Figura 4 Fo to : wikipe d ia Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894) foi o primeiro físico que verificou, em 1887, o efeito fotoelétrico, fenômeno este que dó pôde ser explicado satisfatoriamente em 1905 por Albert Einstein com a utilização dos conceitos da física quântica No ano de 1887, o físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) percebeu que uma radiação eletromagnética, ao incidir sobre um metal, poderia arrancar elétrons de sua superfície. Os elétrons ejetados receberam o nome de fotoelétrons. Tal fenômeno ficou conhecido como efeito fotoelétrico e intrigou bastante os cientistas. As principais dúvidas tinham relação com a intensidade da radiação e a sua frequência. À medida que se diminuía a intensidade do feixe de luz o efeito ia desaparecendo. Notou-se também que o efeito fotoelétrico só ocorria a partir de uma determinada frequência, ou seja, existia uma frequência mínima a partir da qual ocorria o fenômeno. Esta ficou conhecida como frequência de corte. Para frequências abaixo deste valor, independentemente da intensidade da radiação, nenhum elétron era ejetado da placa metálica. Somente no ano de 1905 o físico Albert Einstein, também alemão, utilizando o modelo quântico proposto por Planck, pôde explicar o fenômeno satisfatoriamente. Na explicação, Einstein postulou que o fóton (nome dado ao quantum) de radiação eletromagnética) é absorvido por um único elétron. Essa absorção ocorre instantaneamente, semelhante ao choque inelástico entre duas partículas. Por esse motivo, o elétron nunca pode armazenar dois ou mais fótons. Sendo assim, se uma dada radiação não conseguir arrancar elétrons do metal, é porque seus “pacotes energéticos” não têm energia suficiente para tal. 20 Devemos então aumentar sua energia e para isso precisamos aumentar a frequência da radiação incidente. Através da teoria dos fótons, Einstein também explicou que a intensidade da luz é proporcional ao número de fótons emitidos pela fonte a cada segundo e que, por consequência, determina somente o número de elétrons a serem arrancados da superfície da placa metálica Observa-se que colisão é um fenômeno corpuscular, logo, na interação do fóton com o elétron no efeito fotoelétrico, a luz se comporta como partícula. Os fótons são absorvidos pelos metais; um de cada vez, não existindo frações de fótons. A energia do fóton é diretamente proporcional à frequência e não à intensidade da radiação, como se achava no modelo clássico do eletromagnetismo. Essa relação é representada matematicamente pela fórmula E = h.f em que h é a constante de proporcionalidade denominada constante de Planck. Essa constante é considerada uma constante fundamental pois seu valor só depende da unidade de medida adotada. Se a energia estiver medida em Joule (Unidade adotada no SI), e seu valor será h = 6,63 x 10 -34 J.s. Se a energia estiver medida em elétron-volt, seu valor será 4,14 x 10-15 eV.s. 1 eV = 1,6 x 10-19 J. Define-se 1 eV como sendo o trabalho realizado por um elétron, ou um próton, ao se deslocar de um ponto a outro, cuja diferença de potencial entre eles é 1 V. O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons de uma superfície metálica devido à incidência de radiação. O que diferencia uma onda de outra é unicamente sua frequência. Para um dado intervalo específico de frequência a radiação eletromagnética recebe um nome. Na figura 5 a seguir temos o espectro eletromagnético. 81 21 Figura 5 Frequência (Hz) Comprimento de onda (m) 1023 10-14 1022 10-13 10-12 10-11 21 10 Raios Gama 20 10 1019 Raios X 10-10 1018 10-9 1017 10-8 1016 1015 Ultravioleta Luz visível 14 10 1013 1012 1011 1010 Infravermelho Micro-ondas Ondas curtas de rádio 109 10 10 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 1 8 7 10-7 10-6 10 Ondas médias (AM) 102 106 103 105 104 104 105 103 Ondas longas de rádio 102 106 107 Fonte: Produção do Autor VARIAÇÃO DE ENERGIA, FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO DE ONDA PARA A LUZ Sabemos que a frequência de uma onda é inversamente proporcional ao seu comprimento de onda. Então, uma radiação eletromagnética com maior frequência apresenta menor comprimento de onda, além de possuir fótons mais energéticos. No caso de uma luz monocromática, sua frequência define sua cor. Na figura 6, a seguir, podemos ver como a frequência de uma luz monocromática se relaciona com sua cor: 22 Figura 6 Energia Frequência Comprimento de onda Violeta Anil Azul Verde Amarelo Alaranjado Vermelho Fonte: Produção do Autor Como os elétrons são presos ao átomo por uma certa quantidade de energia, esta será, por consequência, a energia mínima que a radiação deve ter para retirar esta partícula do metal. Esta energia é denominada função trabalho (Ф) e seu valor depende do metal em questão. Se a energia do fóton for maior que a função trabalho do metal, o restante será convertido em Energia Cinética, que será utilizada para imprimir velocidade ao fotoelétron. A energia cinética dos fotoelétrons é dada por: Ec = E – Ф onde Ec é a energia cinética máxima do elétron e E energia do fóton. Como cada radiação apresenta uma determinada frequência, que corresponde a um valor específico de energia de seus fótons, então para energia mínima (Ф) necessária para produzir o efeito fotoelétrico tem-se também uma frequência mínima. Esta denomina-se frequência de corte (fc). Neste caso a energia cinética será igual a zero (Ec = 0). Sendo assim, podemos afirmar que a frequência de corte de uma de um metal é dada pela relação: fc h 23 LEIS DO EFEITO FOTOELÉTRICO Figura 7 Foto: universoracionalista.org Albert Einstein: Dentre seus diversos e importantes explicou, em 1905, utilizando as teorias da quantização da energia eletromagnética, o efeito fotoelétrico. Em 1905 o físico Alemão Albert Einstein elaborou duas leis que explicaram satisfatoriamente o efeito fotoelétrico e contribuíram para consolidar a teoria quântica. 1. A luz é composta por pacotes de energia chamados fótons e cada fóton interage com um único elétron de forma mecânica (colisão inelástica). 2. A energia cinética com que o elétron escapa do metal é a sobra da energia recebida do fóton menos a energia gasta para se libertar. A figura 8 abaixo ilustra didaticamente os elétrons ejetados de uma placa metálica por canta da incidência de luz. Luz monocromática Elétrons arrancados da superfície Superfície metálica Fonte: Produção do Autor 1.1. Observação: 1.1.1. Se uma determinada fonte emite uma radiação, a energia total Et desta radiação é a soma das energias de todos os n fótons que a constitui. Como para uma luz monocromática os fótons têm a mesma energia, então podemos escrever a seguinte relação: Et = n.E ou Et = n.h.f 24 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA (Ecmax x f) Analisando a relação para encontrar a energia cinética máxima do elétron, Ec = hf – Ф, verificamos que esta é uma função do primeiro grau com Ec variando em função de f, logo seu gráfico será uma reta. Se esboçarmos o gráfico o gráfico Ec x t (Figura 8), podemos fazer as seguintes observações: Ec fc f O gráfico sempre será uma reta crescente, pois sempre teremos h > 0; A reta nunca partirá da origem pois sempre teremos Φ ≠ 0 e consequentemente fc ≠ 0; A reta sempre terá a mesma declividade pois h é constante; O gráfico inexiste na região abaixo do eixo x (Ec < 0) e o ponto onde ele inicia, sobre a reta das abscissas, corresponde à frequência de conte do metal; APLICAÇÕES DO EFEITO FOTOELÉTRICO A descoberta do efeito fotoelétrico teve grande importância para a compreensão mais profunda da natureza da luz e outras radiações eletromagnéticas, pois foi o primeiro fenômeno a ratificar na prática a teoria quântica. Todavia, o papel da ciência não é somente esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do Universo, mas também mostrar meios de como estes fenômenos podem ser úteis para os seres humanos. Graças ao efeito fotoelétrico tornou-se possível o chamado cinema falado, assim como a transmissão de dados à distância como no caso dos controles remotos e sensores. 25 No caso da Cinematografia, o efeito fotoelétrico era utilizado para controlar o sincronismo entre a imagem e a trilha sonora. Hoje essa tecnologia foi substituída por trilhas magnéticas ou ópticas inserida na própria mídia. Este fenómeno também é empregado em portas automáticas de shoppings centers, por exemplo. Neste caso, tem-se um dispositivo emissor de raios infravermelho em direção à uma pessoa que se aproxima. Quando ela se encontra a uma distância determinada, ela é atingida por estes raios, que refletem de volta ao equipamento, sendo captados por um instrumento denominado sensor fotoelétrico, que é estimulado e produz uma corrente Foto: mariagracadias.com elétrica que abre as portas. Figura 09: As portas automáticas possuem sensores fotoelétricos que “percebem” a presença de um indivíduo, e aciona um grupo de motores que faz as portas se abrires. Analogamente, as portas se fecham quando não tem ninguém á frente da porta. Outra aplicação está nas lâmpadas dos postes, em que a luz solar incide sobre o sensor fotoelétrico ativando-o. Nesse caso seu papel é desligar a lâmpada à noite, sem luz, ele é desativado e as lâmpadas acendem. Para sermos mais precisos os primeiros equipamentos usavam sensores fotoelétricos, que gradativamente foram sendo substituídos por mecanismos mais sofisticados, usando a mesma ideia, porém com células fotovoltaicas, mas isso já é outra história... 26 EXERCÍCIO 01- (UFRA-PA) O efeito fotoelétrico estabelece que uma luz monocromática, incidindo sobre uma placa metálica, libera fotoelétrons com energias cinéticas diferenciadas. Com base neste enunciado, analise as afirmativas abaixo, e a seguir, assinale a alternativa correta. I. A energia cinética do mais rápido fotoelétron ejetado independe da intensidade da luz. II. A hipótese de Einstein, para o efeito fotoelétrico, admite que a luz, ao atravessar o espaço, se comporta como partícula e não como uma onda. III. A energia do fóton, de acordo com Einstein, e dada pelo comprimento de onda multiplicado pela constante de Planck (h). a) Somente I é verdadeira b) Somente II é verdadeira c) Somente III é verdadeira d) Somente I e II são verdadeiras e) Todas as afirmativas são verdadeiras 02- (UFRGS) Selecione a alternativa que apresenta as palavras que completam corretamente as lacunas, pela ordem, no seguinte texto relacionado com o efeito fotoelétrico. O efeito fotoelétrico, isto é, a emissão de _________ por metais sob a ação da luz, é um experimento dentro de um contexto físico extremamente rico, incluindo a oportunidade de pensar sobre o funcionamento do equipamento que leva à evidência experimental relacionada com a emissão e a energia dessas partículas, bem como a oportunidade de entender a inadequacidade da visão clássica do fenômeno. Em 1905, ao analisar esse efeito, Einstein fez a suposição revolucionária de que a luz, até então considerada como um fenômeno ondulatório, poderia também ser concebida como constituída por conteúdos energéticos que obedecem a uma distribuição ________, os quanta de luz, mais tarde denominados _______. 27 a) Fótons - contínua - fótons b) Fótons - contínua - elétrons c) Elétrons - contínua - fótons d) Elétrons - discreta - elétrons e) Elétrons - discreta - fótons 03- (UFRN) Amanda, apaixonada por história da ciência, ficou surpresa ao ouvir de um colega de turma o seguinte relato: J. J. Thomson recebeu o prêmio Nobel de física, em 1906, pela descoberta da partícula elétron. Curiosamente, seu filho, G. P. Thomson, recebeu o prêmio Nobel de física, em 1937, por seu importante trabalho experimental sobre difração de elétrons por cristais. Ou seja, enquanto87 um verificou aspecto de partícula para o elétron, outro percebeu a natureza ondulatória do elétron. Nesse relato, de conteúdo incomum para a maioria das pessoas, Amanda teve a lucidez de perceber que o aspecto ondulatório do elétron era uma comprovação experimental da teoria das ondas de matéria, proposta por Louis de Broglie, em 1924. Ou seja, o relato do colega de Amanda estava apoiado num fato bem estabelecido em física, que é o seguinte: a) O princípio da superposição, bastante usado em toda física, diz que aspectos de onda e de partícula se complementam um ao outro e podem se superpor num mesmo experimento. b) Princípio da incerteza de Heisenberg afirma que uma entidade física exibe ao mesmo tempo suas características de onda e de partícula. c) A teoria da relatividade de Einstein afirma ser tudo relativo, assim, dependendo da situação, características de onda e partícula podem ser exibidas simultaneamente. d) Aspectos de onda e de partículas se complementam um ao outro, mas não podem ser observados simultaneamente num mesmo experimento 04- (UFRGS) Quando a luz incide sobre uma fotocélula ocorre o evento conhecido como efeito fotoelétrico. Nesse evento, 28 a) É necessária uma energia mínima dos fótons da luz incidente para arrancar os elétrons do metal. b) Os elétrons arrancados do metal saem todos com a mesma energia cinética. c) A quantidade de elétrons emitidos por unidade de tempo depende do quantum de energia da luz incidente. d) A quantidade de elétrons emitidos por unidade de tempo depende da frequência da luz incidente. e) O quantum de energia de um fóton da luz incidente é diretamente proporcional a sua intensidade. 04- (Eliney Trindade) O fenômeno da visão ocorre quando uma radiação eletromagnética entra pela pupila de nossos88 olhos e excita as células da retina (cones e bastonetes) provocando uma cadeia de reações químicas, codificando a informação em forma de pulsos nervosos, que, através do nervo ótico, chega até o cérebro, o qual interpreta como uma determinada imagem. Nossa retina é sensível às radiações de frequência compreendida entre 4 x 1014 Hz e 7 x 1014 Hz do espectro eletromagnético, que são as luzes que vão do vermelho ao violeta, respectivamente. Frequências abaixo ou acima desses valores não sensibilizam nossos olhos, portanto não podemos enxergá-las. Para que se dê início à reação química em nossa retina é necessária uma energia de ativação, que é fornecida pelos fótons da radiação incidente. Com base em seus conhecimentos de física quântica, a menor e a maior energia do fóton capaz de sensibilizar nossa retina são; respectivamente (considere h = 4,1 x 10 -15 eVs): a) 1,64 eV e 2,87 eV b) 2,15 eV e 3,72 eV c) 3,72 eV e 2,15 eV d) 8,1 eV e 11,1 eV e) 2,87 eV e 1,64 eV 05- Em um experimento sobre efeito fotoelétrico, verificou-se que um elétron, ao ser arrancado do metal, apresentava uma energia cinética máxima de 2,2 eV no 29 momento em que o metal era submetida a uma radiação ultravioleta de frequência 2 x 1015 Hz. Então a função trabalho desse metal vale: (dado h = 4,1 x 10-15 eVs): a) 2,2 eV b) 6 eV c) 8,2 eV d) 10,4 eV e) 18,4 eV 06- (UFPA) Numa experiência de efeito fotoelétrico, um metal A começa a emitir fotoelétrons a partir de luz incidente, 89com comprimento de onda λ A = 5.000 Å. Um outro metal B exibe o mesmo fenômeno, somente a partir da luz com comprimento de onda λB = 5.500 Å. a) Descreva o conceito de função trabalho associado à experiência b) Compare os metais A e B do ponto de vista do conceito de função trabalho e explique por que, se incidirmos sobre ambos os metais, luz de comprimento de onda λ = 4.000 Å, os fotoelétrons emitidos pelo metal B são mais energéticos que os do metal A. 07- (UFJF) No esquema da figura abaixo, está representado o arranjo experimental para observar o efeito fotoelétrico. A luz incidente entra no tubo de vidro sem ar em seu interior e ilumina a placa B. As placas metálicas A e B estão 30 conectadas à bateria V. O amperímetro G pode registrar a intensidade da corrente que percorre o circuito. Tubo de vidro A B V G Podemos variar a intensidade e a frequência da luz incidente na placa B. No início da experiência, usando luz de baixa frequência, a corrente no amperímetro 90 é nula. Nesse caso, o que podemos afirmar sobre o efeito fotoelétrico? O que é preciso fazer para que o amperímetro registre passagem de uma corrente elétrica? 08- Um cátodo é feito de cobre bem polido. Sabendo que a função trabalho do cobre é 4,7 eV, determine a frequência mínima da radiação (frequência de corte) capaz de provocar a emissão de elétrons deste cátodo. 09- (UFRS) Uma emissora de rádio transmite na frequência de 100 MHz, com potência de 150 kW (Dado: h = 6,6 x 10-34 j.s). a) Qual a energia em joule de cada fóton emitido? b) Quantos fótons são emitidos por segundo? 31 10- Satélites artificiais orbitando a terra podem ficar eletrizados devido ao efeito fotoelétrico. Suponha que a superfície do satélite seja recoberta com uma camada de metal, com função trabalho 5,32 eV. Determine o maior comprimento 91 de onda de um fóton capaz de provocar emissão fotoelétrica nesse metal. Luz solar 11- (UFPA) O efeito fotoelétrico (emissão de elétrons de metais causada por incidência de luz), observado desde o final do século XIX, somente foi explicado adequadamente por Einstein em 1905, mudando a nossa compreensão da natureza da luz, até então pensada como uma onda. A produção deste está representada esquematicamente no gráfico A e B abaixo. Algumas das observações experimentais associadas ao fenômeno estão representadas no gráfico A e B abaixo. Corrente Fotoelétrica Luz Metal Emisso r Bateria imax (A) Intensidade Luminosa Variação da corrente fotoelétrica máxima em função da intensidade luminosa. Demais grandezas mantidas inalteradas. Amperímetro Emax (B) Frequência Energia cinética máxima dos fotoelétrons em função da freqüência da luz incidente. Demais grandezas mantidas inalteradas. 32 Considere que um dispositivo controlador de porta automática, baseado no efeito fotoelétrico, utiliza luz monocromática amarela. Para aumentar a corrente dos fotoelétrons, são apresentadas as seguintes propostas: I. trocar lâmpada monocromática amarela por outra monocromática azul de mesma intensidade luminosa. II. trocar lâmpada monocromática amarela por outra monocromática vermelha de mesma intensidade luminosa. III. aumentar o brilho da lâmpada monocromática amarela. a) Quais propostas aumentariam a corrente fotoelétrica? b) Para cada proposta selecionada, justifique sua resposta, com base nas informações disponíveis nos gráficos acima. 33 1 Anexo 1 2 UEPS Sobre Teoria de campos de Glauco Pantoja UNIDADES DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS EM TEORIA ELETROMAGNÉTICA: INFLUÊNCIAS NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO E UMA PROPOSTA INICIAL DE UM CAMPO CONCEITUAL PARA O CONCEITO DE CAMPO ELETROMAGNÉTICO Glauco Pantoja 1. Definir o tópico específico a ser abordado. Procedimento adotado: escolha do conceito de Campo Elétrico 2. Criar e propor Situações para levar o aluno a explicitar seu conhecimento. Procedimento adotado: Na primeira aula propusemos a produção de um mapa mental (de forma individual) para os estudantes. Com isto, visamos investigar o conhecimento prévio dos estudantes em eletromagnetismo. 3. Propor Situações em nível introdutório (levando em conta o conhecimento prévio do aluno) para facilitar a introdução do conhecimento que se quer ensinar. Procedimento adotado: Na segunda aula, em especial, visamos introduzir a nova ideia de Campo através de situações envolvendo o Campo de Temperaturas em uma sala, o Campo de Pressões em um Fluido e o Campo Gravitacional na Terra. Na quarta aula, para introduzir a ideia de Fluxo e de Circulação, trabalhamos situações envolvendo Campos de Velocidade em um Fluido como, por exemplo, a explicação do efeito Magnus e o Fluxo de água através de uma torneira. Na nona aula, usamos a situação do aquecimento de alimentos em forno micro-ondas para discutir a importância do Dipolo Elétrico. Já na décima aula, foi proposta uma tarefa com cinco questões. As duas primeiras focavam na “viagem ao centro da Terra” de Julio Verne e no modelo 34 de Thomson do átomo. De forma intermitente apresentávamos situaçõesproblema com grau crescente de complexidade para dar sentido aos conceitos a ser estudados. 4. Retomar aspectos mais gerais do conteúdo a ser ensinado/aprendido em um maior nível de complexidade, dar novos exemplos e seguir a reconciliação integradora. Procedimento adotado: Na segunda aula apresentamos o conceito de Campo como mediador de uma interação e como uma grandeza física criada no espaço, e já buscamos a diferenciação progressiva, apresentando as quatro interações da natureza na terceira aula. Na quarta aula procuramos apresentar, como forma de especificar mais ainda este conteúdo, a sua representação em termos geométricos e matemáticos. Isto implica obviamente uma diferenciação progressiva. A quinta, sexta e sétima aulas serviram como estímulo à subordinação correlativa do conceito de Campo através da apresentação do conceito de Campo Elétrico. A quinta faz um apanhado geral do conceito de Campo Elétrico, a sexta e a sétima trabalham especificamente com o conceito de Campo Elétrico usando as leis de Coulomb e de Gauss sob uma perspectiva operacional, isto é, como equações úteis para calcular Campos Elétricos. Na oitava aula visamos aprofundar em complexidade, mas aumentando em generalidade, a lei de Gauss, tratando-a como lei geral do Eletromagnetismo ao relacionar o Fluxo do Campo Elétrico devido a todas as cargas Elétricas do universo sobre uma superfície Gaussiana arbitrariamente escolhida, discutindo o aspecto da validade da lei de Gauss para a Eletrodinâmica e explorando a relação entre Carga Elétrica e Campo Elétrico. 5. Propor e discutir novas Situações em maior nível de complexidade que as anteriores. Procedimento adotado: Na nona aula buscamos estabelecer a conexão entre um exemplo do cotidiano dos estudantes (como forma de apresentar uma situação-problema de potencial interesse a eles), associando a dinâmica de um dipolo em um Campo Elétrico ao aquecimento de comida no forno de Microondas. Neste caso, foi possível relacionar as ideias de Força Elétrica exercida 35 pelo Campo e de trocas de Energia entre partículas e Campo. Ao mesmo tempo dávamos sentido ao conceito de Energia Potencial Elétrica. Na décima aula propusemos uma atividade que visava estimular os alunos a perceber aspectos representacionais dos Campos Elétrico e Gravitacional. Com esta atividade buscou-se retomar os aspectos mais gerais e estruturantes do curso até então, através da reunião de aspectos conceituais como, por exemplo, as leis de Fluxo e de Circulação, o Campo como associado a um ponto do espaço e a atribuição de uma função vetorial aos Campos Físicos. 6. Concluir a unidade dando seguimento ao processo de Diferenciação Progressiva retomando as características mais relevantes do conteúdo, buscando ao mesmo tempo a reconciliação integradora. Procedimento adotado: Na décima primeira aula e na décima segunda aula discutimos com maior detalhe os conceitos de Potencial Elétrico e a relação com a representação do mesmo e com os conceitos de Força Elétrica, Campo Elétrico e Energia Potencial Elétrica. Na décima terceira aula, realizamos mais uma diferenciação progressiva/reconciliação integradora ao apresentar as ideias de condutores e isolantes. É uma diferenciação progressiva, pois refina o conhecimento em duas novas classes e uma reconciliação integradora, pois estabelece semelhanças e diferenças da influência do Campo Elétrico nas duas instâncias. 7. Realizar a avaliação individual somativa. Nesta avaliação devem ser propostas Situações implicando compreensão e evidenciando captação de Significados por parte dos alunos. Procedimento adotado: avaliação somativa individual na décima quarta aula Procedimento adotado: nas aulas 1, 10 e 14 propusemos atividades de avaliação individuais.