Literatura_Cápsula_ Oleosa_ de_ Alho

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LITERATURA DE ALHO
Nome Científico: Allium sativum L.
Sinônimo Científico: Allium pekinense Prokg.
Nomes Populares: Alho, alho-bravo, alho-comum, alho-hortense, alho-manso,
alho-ordinário, alho-do-reino.
Família Botânica: Alliaceae
Parte Utilizada: Bulbo
Descrição:
Erva bulbosa, pequena, de cheiro forte e característico, perene, com bulbo formado
de 8-12 bulbilhos (dentes). Folhas lineares e longas. Flores brancas ou
avermelhadas, dispostas em umbela longo-penduculada. O fruto é uma cápsula
loculicida com 1 a 2 sementes em cada loja. Originária provavelmente da Europa, é
largamente cultivada em todo o mundo para uso como condimento de alimentos,
desde a mais remota antiguidade.
Constituintes Químicos Principais: Óleo essencial, ajoeno, alicina, aliina, gamaglutamil-(S)-alil-L-cisteína, alilmetiltrissulfeto, alilpropildissulfeto,dialildissulfeto,
dialiltrissulfeto, mercaptano, glicosídeos, monoterpenóides, enzimas, vitaminas,
minerais e flavonóides (canferol e quercetina). Vitaminas A1, B2, B6, C,
aminoácidos, adenosina, enzimas e sais minerais como ferro, selênio, silício e iodo
Indicação e Usos:
O alho vem sendo usado na medicina tradicional desde a mais remota antiguidade,
para evitar ou curar numerosos males, desde perturbações do aparelho digestivo,
verminoses e parasitoses intestinais, edema, gripe, trombose, arteriosclerose, até
infecções da pele e das mucosas na forma de macerado, chá, xarope e tintura ou
mesmo por ingestão dos dentes recentemente cortados. O óleo essencial obtido do
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bulbo (0,1 a 0,2%), contém cerca de 53 constituintes voláteis instáveis, quase
todos derivados orgânicos do enxofre, principalmente ajoeno, alicina, aliina, que se
degradam mais lentamente em meio ácido, o que explica o melhor efeito do alho
quando associado a sucos de frutas ácidas, como limão e outras. Numerosas
pesquisas farmacológicas tem mostrado a existência no alho de propriedades
antitrombóticas,
antifúngica,
antibacteriana,
antioxidante,
hipotensora,
hepatoprotetora, cardioprotetora, hipoglicemiante, antitumoral, particularmente em
caos de câncer de cólon, também tem registrado atividade analgésica nos casos de
neuralgias e antiviral, contra herpes simples tipos 1 e 2, alguns estudos tem
mostrado também propriedade hipolipemiante no controle dos níveis de colesterol e
triglicérides, assim como na inibição da agregação plaquetária, mostrando uma
provável proteção contra a trombose coronariana ou devida a arteriosclerose. A
administração diária de doses entre 600 e 900mg de pó de alho, ou de 4 a 6g de
alho fresco, durante cerca de 61 dias, reduz em 15% o nível de triglicérides no
sangue e em 12% o de colesterol de pessoas com níveis altos.
O alho tem sido utilizado para tratar infecções respiratórias (como resfriado, gripe,
bronquite crônica e catarro nasal e na garganta) e doenças cardiovasculares.
Acredita-se que ele apresenta propriedades anti-hipertensiva, antitrombótica,
fibrinolítica, expectorante, antidiabética. É também extensivamente utilizado como
alimento.
Farmacocinética:
Há muitos constituintes ativos no alho e seus papéis não foram completamente
elucidados. A alicina sofre um efeito de primeira passagem considerável, e não é
metabolizada pelo fígado somente em concentrações elevadas. Por ser um
composto muito instável, assim como ajoeno, vinilditinas e dialilsufeto, não é
encontrada no sangue ou na urina após a ingestão oral.
Vários estudos experimentais foram realizados para avaliar os efeitos do alho e de
seus constituintes sobre as isoenzimas do citocromo P450. Estudos in vitro
sugeriram que o alho inibe, em graus variados, as isoenzimas CYP2C9, CYP2C19, a
isoenzima da subfamília CYP3A, as isoenzimas CYP2A6, CYP1A2, CYP2D6 e CYP2E1.
Estudos em ratos sugeriram que o alho inibe a isoenzima CYP2E1 e induz a
isoenzima CYP2C9*2. No entanto, em estudo clínicos, parece improvável que o alho
e seus constituintes afetem as isoenzimas do citocromo P450 de forma clinicamente
relevante. A possível exceção à falta de efeito do alho sobre o citocromo P450 é a
isoenzima CYP2E1, que requer um estudo mais aprofundado. Também é improvável
que qualquer efeito demonstrado in vitro sobre fármacos transportados pela
glicoproteína-P seja clinicamente significativo.
Cápsulas Oleosas de Alho:
O óleo de alho, suplemento nutricional muito popular, tem sido produzido nos
últimos 80 anos, sendo misturado com óleo vegetal sendo processado em forma de
cápsulas de óleo de alho. Possui rica composição de vitaminas A1, B2, B6, C,
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aminoácidos, adenosina, enzimas e sais minerais como ferro, selênio, silício e iodo,
além de alicina, ajoeno e outros compostos.
O alho e seus subprodutos são famosos por seus benefícios de saúde. O alho tem
sido usado pelo homem há séculos como um remédio natural para uma variedade
de problemas médicos, tais como infecções respiratórias, problemas intestinais,
doenças de pele e vermes. Durante as guerras, o alho tem sido utilizado para o
tratamento de feridas e para combater a infecção por aplicação direta. O óleo de
alho ajuda a regular o colesterol, reduzindo os níveis de LDL e aumentando os
níveis de HDL, fator importante para quem pretende emagrecer, além de beneficiar
o sistema imunológico e oferecer proteção contra doenças cardíacas, reduzindo
assim o risco de ataques cardíacos e derrames, um grande risco principalmente
para pessoas com sobrepeso.
O óleo de alho é rico em antioxidantes, que podem prevenir o aparecimento de
vários tipos de doenças. O consumo em forma de cápsulas pode evitar problemas
de indigestão, que podem ocorrer em algumas pessoas que consomem o alho
fresco.
Benefícios Óleo de Alho em Cápsulas:

Atua como coadjuvante no tratamento de hipertensão arterial leve;

Auxilia na Redução de Colesterol Ruim (LDL) e aumenta o Colesterol Bom
(HDL);

Auxilia no combate a doenças reumáticas;

Rico em Vitaminas A, B1, B2, C, PP entre outras;

Rico em Sais Minerais (Cálcio, Enxofre, Germânico, Magnésio, Selênio,
Silício, Sódio e Zinco);

Fortalece o sistema imunológico, aumentando a resistência orgânica e
contra infecções;

Ativa o funcionamento do fígado, preventivo contra doenças biliares;

Reduz os sintomas da Prisão de Ventre;

Auxilia no tratamento ácido úrico, gota e ciática.
Efeitos Adversos:
O consumo de suplementos de alho em combinação com o uso de alguns remédios
diluentes de sangue, como a aspirina, pode causar efeitos colaterais adversos, vez
que o alho é um afinador natural do sangue, sendo recomendada a cessação
imediata do uso ao qualquer sinal aparecimento de sintoma adverso.
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Contraindicações: Gestantes, nutrizes e crianças até 3 anos, somente devem
consumir óleo de alho em cápsulas sob orientação de nutricionista ou médico.
Revisão de Interação:
Os relatos de caso sugerem que o alho pode ter efeito aditivos na redução da
pressão arterial quando utilizado com lisinopril, e pode causar sangramentos em
pacientes tratados com varfarina e fluindiona. Também foi sugerido que qualquer
efeito antiplaquetário do alho pode ser aditivo ao de medicamentos antiplaquetários
e AINEs, e estudos mostraram que o alho pode reduzir os níveis da isoniazida. No
entanto, nenhuma interação foi comprovada com quaisquer desses fármacos.
Em geral, o alho não tem nenhum efeito, ou tem apenas efeitos clinicamente
irrelevantes quando administrado com álcool, benzodiaxepínicos, cafeína,
clorzoxazona, dextrometorfano, docetaxel, gentamicina, paracetamol, rifampicina
ou ritonavir.
Um estudo demonstrou que uma dieta rica em gordura não afetou a absorção de
alguns dos constituintes ativos do óleo de alho.
a) Alho + Álcool
A interação entre alho e álcool é baseada somente em evidências
experimentais.
Evidência, Mecanismo, Importância e Conduta: O sumo do alho, produzido a
partir do bulbo de alho fresco, inibiu o metabolismo do álcool em
camundongos. O alho é um ingrediente comum em alimentos e, por isso, é
muito pouco provável que essa interação seja clinicamente relevante.
b) Alho + Alimentos
As informações em relação ao uso de alho com alimentos são baseadas
somente em evidências experimentais.
Evidência, Mecanismo, Importância e Conduta: Em um estudo realizado com
ratos alimentados com uma dieta rica em gorduras ou com baixo teor de
gordura, e também com óleo de alho ou com seus constituintes dialilsufeto e
dialildissulfeto, não foram observados alterações bioquímicas entre os
grupos que poderiam ter interações bioquímicas entre o óleo de alho e a
gordura da dieta. Nenhuma interação clínica é esperada, apesar do alho ser
extensivamente utilizado como ingrediente de alimentos.
c) Alho + Antiplaquetários
O alho pode ter propriedades antiplaquetárias. Portanto, pode-se esperar
que aumente os riscos de sangramento quando utilizado com medicamentos
antiplaquetários e com outros medicamentos que tenham efeitos adversos
antiplaquetários.
Evidências Clínicas: Em um estudo realizado com 23 indivíduos saudáveis, a
ingestão de 5mL de um extrato de alho líquido envelhecido, administrado
diariamente durante 13 semanas, inibiu tanto a taxa de agregação
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plaquetária quanto a agregação plaquetária total. Efeitos semelhantes foram
encontrados em outro estudo realizado com 28 indivíduos saudáveis que
ingeriram cápsulas do extrato de alho envelhecido. Cada dose foi
administrada diariamente por um período de 6 horas.
Evidências Experimentais: O ajoeno, um composto sulfurado do alho com
propriedades antiplaquetárias e antitrombóticas, demonstrou potencializar
sinergicamente a ação antiplaquetária do dipiridamol, epoprostenol e
indometacina in vitro.
Mecanismo: Incerto. Os autores de um estudo experimental sugeriram que o
ajoeno inibe a ligação do fibrinogênio ao seu receptor, que ocorre na etapa
final da cascata de agregação plaquetária. Espera-se, portanto, que o ajoeno
interaja sinergicamente com medicamentos antiplaquetários que atuam em
uma etapa anterior da cascata.
Importância e Conduta: Há uma consistência razoável nas provas que
sugerem que produtos fitoterápicos contendo alho envelhecido podem ter
propriedades antiplaquetárias. Se isso ocorrer,e eles forem ativos de forma
similar ao ácido acetilsalicílico em baixas doses, poderiam supostamente
aumentar os riscos de sangramento quando utilizados com medicamentos
antiplaquetários e outros medicamentos que apresentam efeitos adversos
antiplaquetários, como indometacina. No entanto, considerando o uso
difundido do alho e dos produtos contendo alho e a limitação das
informações disponíveis, parece pouco provável que o alho tenha qualquer
interação importante com medicamentos antiplaquetários. Apesar disso, é
importante considerar a possibilidade dessa interação no caso de uma
resposta inesperada ao tratamento.
d) Alho + Benzodiazepínicos
O alho não parece afetar a farmacocinética do alprazolam, do midazolam ou
do triazolam de forma clinicamente relevante.
Evidências clínicas: Em um estudo realizado com 14 indivíduos saudáveis,
foi demonstrado que a ingestão de comprimidos de alho na dose de 600mg,
2 vezes ao dia, por um período de 14 dias, não afetou a farmacocinética de
uma dose única de midazolam. De forma similar, 500mg de óleo de alho
administrados 3 vezes ao dia, durante 28 dias, não afetaram o metabolismo
de 4 doses de midazolam em indivíduos jovens ou idosos saudáveis.
Evidências experimentais: O efeito de alguns componentes do alho inibiram
a atividade da isoenzima CYP3A, sendo que a um dos componentes reduziu
a atividade por volta de 60 %. Nenhuma outra inibição significativa foi
detectada.
Mecanismo: Os resultados de um estudo clínico sugeriram que o alho não
apresenta um efeito clinicamente relevante sobre a atividade da isoenzima
CYP3A4. Embora alguma inibição sobre a isoenzima CYP3A tenha sido
observada no estudo in vitro, esta não foi considerada como mecanismo
base, e as concentrações utilizadas tinham uma ordem de magnitude maior
que as concentrações esperadas in vivo.
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Importância e Conduta: Os resultados de um estudo clínico sugeriram que o
alho não afeta o metabolismo do alprazolam ou do midazolam e, portanto,
nenhum ajuste de dose parece ser necessário se os pacientes em
tratamento com esses benzodiazepínicos também ingerirem suplementos de
alho. O midazolam é utilizado como substrato marcador da atividade da
isoenzima CYP3A4 e, portanto, esses resultados também sugerem que é
pouco provável que ocorra uma interação farmacocinética entre o alho e
outros substratos da isoenzima CYP3A4.
e) Alho + Cafeína
O alho não parece afetar a farmacocinética da cafeína.
Evidências clínicas: A ingestão de 500mg de óleo de alho, 3 vezes ao dia,
durante 28 dias, não afetou o metabolismo de uma dose única de 100mg de
cafeína em indivíduos jovens ou idosos saudáveis.
Mecanismo: O alho não apresentou efeito clinicamente relevante sobre a
atividade da isoenzima CYP1A2 do citocromo P450 utilizando-se a cafeína
como fármaco modelo.
Importância e Conduta: As evidências de uma interação entre alho e cafeína
advêm de dois estudos bem planejados em humanos. Esses estudos
sugerem que o alho não afeta o metabolismo da cafeína e, portanto, um
aumento nos efeitos adversos da cafeína não seria esperado nos indivíduos
que também ingerem suplementos de alho. A cafeína é utilizada como
fármaco modelo da atividade da isoenzima CYP1A2 e, dessa forma, esses
resultados também sugerem que é pouco provável que ocorra uma interação
farmacocinética entre o alho e outros substratos da isoenzima CYP1A2.
f) Alho + Clorzoxazona
O metabolismo da clorzoxazona é moderadamente inibido pelo alho, mas
provavelmente esse efeito não é clinicamente relevante.
Evidências Clínicas: A ingestão de 500mg de óleo de alho por 12 indivíduos
saudáveis, 3 vezes ao dia, durante 28 dias, reduziu a conversão de uma
dose única de 500mg de clorzoxazona à 6-hidroxiclorzoxazona em
aproximadamente 40%. Posteriormente, em um estudo semelhante
realizado pelos mesmos autores com 12 indivíduos saudáveis idosos, uma
redução menor, de 22% foi observada. Outro estudo realizado com oito
indivíduos saudáveis demonstrou que uma dose elevada de um dos
constituintes do alho, o dialilsulfeto, de 200µg/kg (equivalente a 15 dentes
de alho fresco, contendo 1mg/g de dialilsulfeto), reduziu a conversão da
clorzoxazona à 6-hidroxiclorzoxazona em aproximadamente 30%.
Evidências experimentais: Um dos constituintes do alho, o dialilsulfeto, foi
administrado a ratos nas doses de 50mg/kg e 200mg/kg, 12 horas antes de
uma dose intravenosa de 150µM/kg de clorzoxazona. O dialilsulfeto
aumentou a ASC da clorzoxazona em 3 e 5 vezes, respectivamente.
Mecanismo: O alho parece inibir a atividade da isoenzima CYP2E1 do
citocromo P450, que metaboliza a clorzoxazona à 6-hidroxiclorzoxazona.
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Importância e Conduta: Há vários estudos clínicos sobre a possibilidade de
uma interação entre alho e clorzoxazona. Apesar de esses estudos sugerire,
que o metabolismo da clorzoxazona é moderadamente inibido pelo alho em
indivíduos saudáveis, tal efeito provavelmente não é clinicamente relevante.
A clorozoxazona é utilizada como fármaco modelo para a atividade da
isoenzima CYP1E2; assim, esses resultados também sugerem que é
improvável que ocorra uma interação farmacocinética entre o alho e outros
substratos da isoenzima CYP1E2.
g) Alho + Dextrometorfano
O alho não parece afetar a farmacocinética do dextrometorfano ou da
debrisoquina.
Evidências Clínicas: Um estudo realizado com 14 indivíduos saudáveis
demonstrou que a ingestão de comprimidos de 600mg de alho, 2 vezes ao
dia, por um período de 14 dias, não afetou a farmacocinética de uma dose
única de 30mg de dextrometorfano. A administração de 500mg de óleo de
alho, 3 vezes ao dia, por 28 dias, não afetou o metabolismo de uma dose de
5 mg de debrisoquina em indivíduos jovens ou idosos saudáveis.
Evidências Experimentais: O efeito de alguns constituintes do alho sobre a
atividade do fármaco modelo da isoenzima CYP2D6, o dextrometorfano, foi
investigado em microssomas hepáticos humanos. Nenhuma inibição
significativa foi detectada.
Mecanismo: O alho não parece afetar a isoenzima CYP2D6 do citocromo
P450.
Importância e Conduta: Há dois estudos clínicos que investigaram a
possibilidade de uma interação entre alho e dextrometorfano, e ambos
demonstraram que a farmacocinética de dextrometorfano não foi afetada
pelo alho e seus constituintes. Portanto, a posologia do dextrometorfano não
necessita de ajustes se os pacientes desejarem também ingerir suplementos
de alho. Dextrometorfano e debrisoquina também são utilizados como
fármacos modelo para atividade da isoenzima CYP2D6 e, em consequência,
esses resultados também sugerem que é improvável que ocorra uma
interação farmacocinética entre alho e outros substratos da isoenzima
CYP2D6.
h) Alho + Docetaxel
O alho não parece afetar a farmacocinética do docetaxel administrado por
via intravenosa.
Evidências clínicas: Em um estudo farmacocinético, 10 pacientes com câncer
de mama metastático, ou localizados não curados, foram tratados com
infusões intravenosas de docetaxel por 1 hora, semanalmente, durante 3
semanas. Cinco dias após a primeira infusão, comprimidos de alho foram
administradas 2 vezes ao dia, durante 13 dias. Os pacientes também foram
submetidos a um regime de pré-medicação com dexametasona 12 horas
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antes de cada infusão de docetaxel e, depois, a ondansetrona, ranitidina,
difenidramina meia hora antes de cada infusão de docetaxel. Os
comprimidos de alho não apresentam efeito sobre a farmacocinética do
docetaxel na 2ª ou 3ª semana, quando comparadas com a 1ª semana.
Mecanismo: O docetaxel é metabolizado, em parte, pela isoenzima CYP3A4
do citocromo P450. Esse estudo sugere que o alho provavelmente não altera
a atividade dessa isoenzima.
Importância e Conduta: As evidências parecem estar limitadas a esse único
estudo, porém elas são apoiadas pelos resultados de outros estudos que
sugerem que o alho não altera os efeitos da isoenzima CYP3A4, a principal
via de metabolismo do docetaxel. Portanto, pelo que se tem conhecimento,
sugere-se que nenhuma interação farmacocinética seria esperada em
pacientes que ingerem suplementos de alho durante o tratamento com
docetaxel por via intravenosa.
i) Alho + Gentamicina
As informações em relação ao uso de alho com gentamicina são baseadas
somente em evidências experimentais.
Evidência, Mecanismo, Importância e Conduta: O extrato de alho
envelhecido ou o extrato de alho em pó não afetaram a atividade
antibacteriana de gentamicina sobre Escherichia coli. O efeito antibacteriano
da gentamicina contra E coli, medido por densidade ótica, foi aumentado por
alguns constituintes do alho, mas o significado desse resultado é incerto. No
entanto, nenhuma interação clinicamente siginificativa é esperada, além da
própria atividade antibacteriana.
j) Alho + Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA)
Em um único relato, um paciente em tratamento com lisinopril desenvolveu
hipotensão acentuada e sentiu-se enfraquecido após tomar cápsulas de alho.
Evidência, Mecanismo, Importância e Conduta: Um homem cuja a pressão
arterial era de 135/90 mmHg durante o tratamento diário com lisinopril
iniciou a ingestão de alho diariamente. Após 3 dias, ele sentiu-se fraco
quando em pé e apresentou uma pressão arterial de 90/60 mmHg. A
interrupção da ingestão de alho restabeleceu sua pressão arterial a 135/90
mmHg em uma semana. O alho, por si só, não fez a pressão arterial
diminuir. As razões para essa interação não são conhecidas, embora tenha
sido relatado que o alho causa vasodilatação e redução da pressão arterial.
Este parece ser o primeiro e único relato dessa interação e, de modo geral,
sua importância é pequena. Não parece haver nada documentado sobre o
alho e algum dos outros inibidores da ECA.
k) Alho + Inibidores da protease
Um suplemento de alho reduziu os níveis plasmáticos do saquinavir em um
estudo, mas apresentou um pequeno efeito em outro. Outro suplemento de
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alho não afetou significativamente a farmacocinética de uma dose única do
ritonavir.
Evidências clínicas: Em um estudo realizado com nove indivíduos saudáveis,
a ingestão de alho reduziu a ASC e as concentrações plasmáticas máxima e
mínima do saquinavir em aproximadamente 50%. O alho foi administrado
na forma de um suplemento dietético, 2 vezes ao dia, foi administrado por
um período de 4 dias antes, durante e após o suplemento de alho. Quatorze
dias após a interrupção da ingestão do suplemento de alho, a
farmacocinética do saquinavir ainda não havia retornado aos valores de
linha base. Dos nove indivíduos, seis tiveram uma queda substancial na ASC
do saquinavir durante o tratamento com alho e, em seguida, um aumento,
quando o alho foi interrompido. Os outros três indivíduos não apresentaram
alterações na ASC do saquinavir durante a administração do alho, mas
apresentaram uma queda com a interrupção deste. No entanto em outro
estudo, 1,2g do extrato de alho administrado diariamente durante 3
semanas não apresentou efeito significativo sobre a farmacocinética de uma
dose única de saquinavir (um ligeiro decréscimo na ASC em sete indivíduos
e um ligeiro aumento em três). Em um estudo realizado com 10 indivíduos
saudáveis, o uso de um extrato de alho 2 vezes ao dia, durante 4 dias, não
afetou de forma significativa a farmacocinética de uma dose única de
ritonavir. Houve um decréscimo não significativo de 17% na ASC do
ritonavir. O alho foi administrado na forma de cápsulas. Uma toxicidade
gastrintestinal foi observada em dois pacientes que ingeriram alho ou
suplementos de alho quando iniciaram o tratamento com ritonavir.
Evidências experimentais: Em um estudo experimental com linhagens de
células, a alicina, um dos principais constituintes ativos do alho, diminuiu
significativamente a eliminação (efluxo) do ritonavir das células de uma
maneira concentração-dependente.
Mecanismo: O mecanismo dessa interação é incerto, mas acredita-se que o
alho reduziu a biodisponibilidade do saquinavir pelo aumento do seu
metabolismo no intestino. O motivo pelo qual houve uma disparidade nos
efeitos do alho sobre o saquinavir entre os pacientes não é evidente.
Estima-se que a alicina tenha inibido a atividade da glicoproteína-P in vitro,
que causou o acúmulo do ritonavir nas células.
Importância e Conduta: Embora a informação seja limitada, uma redução
nos níveis plasmáticos do saquinavir na ordem de magnitude observada no
primeiro estudo pode diminuir sua eficácia antiviral. Todos os suplementos
de alho devem ser evitados por pacientes tratados com saquinavir como o
único inibidor da protease, mas observe que isso não é geralmente
recomendado. O efeito do alho sobre a concentração do saquinavir na
presença
de
ritonavir
(como
um
potenciador
farmacocinético)
aparentemente não foi estudado. O efeito farmacocinético de uma dose
única de ritonavir não foi clinicamente importante; porém, esse resultado
requer confirmação em um estudo com múltiplas doses.
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l) Alho + Isoniazida
A interação entre alho e isoniazida é baseada somente em evidências
experimentais.
Evidências experimentais: Em um estudo realizado com coelhos, um extrato
de alho, produzido a partir de uma mistura de dentes de alho e administrado
oralmente por 14 dias, reduziu a ASC e a concentração sérica máxima de
uma dose única de 30mg/kg de isoniazida em torno de 55% e 65%,
respectivamente, quando comparado com os níveis atingidos após uma dose
única de 30mg/kg, administrada 7 dias antes do extrato de alho.
Mecanismo: Incerto. Esperava-se que o alho poderia aumentar os níveis de
isoniazida pela inibição da isoenzima CYP2E1 do citocromo P450, porém uma
redução nos níveis foi observada. Apesar dos autores observarem que o
extrato de alho poderia induzir as isoenzimas da mucosa intestinal, que
interferem na absorção da isoniazida, eles também sugeriram que os
resultados não podem ser explicados exclusivamente com base nessas
informações.
Importância e Conduta: As evidências são limitadas a esse único estudo, e,
como o mecanismo é desconhecido, foi utilizado um extrato de alho cru e os
dados foram obtidos a partir de coelhos, é difícil aplicar os resultados a um
cenário clínico. No entanto, se a redução fosse observada em humanos, a
eficácia da isoniazida poderia ser reduzida e, assim, estudos adicionais são
necessários. Até que se obtenham mais informações, uma abordagem
conservadora seria sugerir alguma precaução com o uso de suplementos de
alho em pacientes em tratamento com isoniazida.
m) Alho + Medicamentos fitoterápicos contendo cafeína
O alho não interage com a cafeína, e é, portanto, improvável que interaja
com fitoterápicos contendo cafeína.
n) Alho + Óleos de peixe
Suplementos de alho e óleos de peixe podem ter efeitos benéficos sobre os
lipídeos do sangue.
Evidências clínicas: Em um estudo controlado por placebo, realizado com 46
indivíduos com hipercolesterolemia moderada, não tratada, o uso combinado
de comprimidos de alho, 3 vezes ao dia, durante 12 semanas, foi comparado
tanto com o alho quanto com o óleo de peixe isoladamente. O alho reduziu
moderadamente o colesterol total, e o óleo de peixe não alterou esse efeito.
O óleo de peixe reduziu os níveis de triglicerídeos, e o alho não os alterou. O
alho, quando administrado sozinho, reduziu o colesterol LDL, e o uso
combinado com óleo de peixe reverteu o aumento do colesterol LDL
observado quando o óleo de peixe foi administrado sozinho, além de
produzir uma redução similar à observada com o alho unicamente. Leves
reduções na pressão arterial também foram reportadas em todos os
tratamentos. O óleo de peixe foi utilizado na forma de cápsulas de 1g, cada
uma contendo ácido eicosapentaenoico e ácido docosaexaenoico.
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Evidências experimentais: O óleo de alho aumentou os efeitos antioxidantes
dos óleos de peixe em ratos.
Mecanismo: Incerto. No estudo experimental, o óleo de alho aumentou
sinergicamente a indução da atividade antioxidante da enzima superóxido
dismutase pelos óleos de peixe, e a combinação aumentou aditivamente os
níveis proteicos das isoenzimas CYP1A1, CYP2E1 e CYP3A1.
Importância e Conduta: As evidências clínicas disponíveis parecem advir de
um único estudo, que sugere que o uso combinado de suplementos de alho
e óleos de peixe pode ter efeitos benéficos sobre os lipídeos do sangue,
conhecidos fatores de risco para doenças coronarianas e aterosclerose.
Embora a importância clínica não seja conclusiva, espera-se que nenhuma
interação seja prejudicial. Estudos mais aprofundados são necessários para
se estabelecer os benefícios do uso combinado.
o) Alho + Paracetamol (acetaminofeno)
Estudos com indivíduos saudáveis demonstraram que o alho não afeta a
farmacocinética de uma dose única de paracetamol de forma clinicamente
relevante.
Evidências clínicas: Um estudo realizado com 16 indivíduos saudáveis
mostrou que o uso de um extrato de alho envelhecido durante 3 meses
apresentou um pequeno efeito sobre o metabolismo de uma dose oral única
de paracetamol.
Evidências experimentais: O dialilsulfeto, um dos constituintes do alho, e,
em maior extensão, seu metabólito dialilsulfona, protegeram camundongos
da hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol quando administrados
imediatamente após uma dose tóxica de paracetamol. O efeito da
dialilsulfona foi equivalente ao do antídoto conhecido. Acetilcisteína.
Mecanismo: Houve um aumento muito fraco na glucuronidação de uma dose
terapêutica de paracetamol após o uso prolongado de alho em um estudo
clínico, e há evidências de que a conjugação com sulfato foi reforçada,
porém nenhum efeito sobre o metabolismo oxidativo foi observado. Sugerese que a dialilsulfona protegeu contra a hepatotoxicidade do paracetamol
após uma dose tóxica em camundongos porque inibiu irreversivelmente a
isoenzima CYP2E1 do citocromo P450. Essa isoenzima é considerada
responsável pela produção de um metabólito do paracetamol menor, mas
altamente reativo.
Importância e conduta: As evidências de uma interação entre paracetamol e
alho são limitadas; porém, a partir do que se conhece, sugere-se que
nenhuma interação clinicamente significativa seria esperada se o
paracetamol for ingerido conjuntamente ao alho. Os dados em animais
sugerem que é possível que os constituintes do alho, ou substâncias dele
derivadas, possam vir a proteger contra a hepatotoxicidade do paracetamol
em doses maiores que as doses terapêuticas, mas essa informação requer
um estudo mais aprofundado.
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LITERATURA DE ALHO
p) Alho + Rifampicina (Rifampina)
A informação a respeito do uso de alho com rifampicina é baseada somente
em evidências experimentais.
Evidências experimentais: Em um estudo com coelhos, um extrato de alho,
produzido a partir de uma mistura de dentes de alho e administrado
oralmente durante 14 dias, não alterou a ASC e a concentração sérica
máxima de uma dose única de rifampicina, quando comparadas com os
níveis atingidos após uma dose única de rifampicina, administrada 7 dias
antes do extrato de alho.
Importância e Conduta: As evidências parecem ser limitadas a esse único
estudo em animais. Dessa forma, pelo que se conhece, sugere-se que
provavelmente nenhuma alteração na dose de rifampicina seja necessária,
se esta for administrada conjuntamente ao alho.
q) Alho + Varfarina e fármacos afins
Um relato isolado descreveu um aumento dos efeitos anticoagulantes da
varfarina em dois pacientes que ingeriram suplementos de alho. Outro relato
descreveu um decréscimo dos efeitos anticoagulantes em um paciente que
ingeriu comprimidos de alho. O suplemento de alho sozinho raramente tem
sido associado a sangramentos. No entanto, em um estudo, o extrato de
alho envelhecido não aumentou a INR ou o risco de sangramento em
pacientes tratados com varfarina.
Evidências clínicas:
(a) Fluindiona
Em um homem de 82 anos estabilizado com fluindiona para fibrilação
atrial crônica, a INR diminuiu abaixo de sua faixa usual (de 2 a 3)
quando comprimidos de alho foram administrados diariamente, e
permaneceu abaixo de 2 durante 12 dias consecutivos, apesar de um
aumento na dose da fluindiona. A INR (Índice Internacional Normalizado)
retornou ao normal, associada a uma redução na dose de fluindiona,
quando a administração dos comprimidos de alho foi interrompida. O
paciente também foi tratado com enalapril, furosemida, pravastatina.
(b) Varfarina
Um paciente estabilizado com varfarina teve sua INR mais que duplicada
e apresentou hematúria 8 semanas após iniciar a administração de três
comprimidos de alho diariamente. A situação resolveu-se quando o alho
foi interrompido. A INR subiu posteriormente, quando o paciente foi
tratado com dois comprimidos de alho diariamente. A INR de outro
paciente também mais do que duplicou após ingestão de seis
comprimidos diários de alho. Em contrapartida, em um estudo
controlado por placebo realizado com 48 pacientes estabilizados com
varfarina, não houve alteração na INR ou evidências de um aumento de
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LITERATURA DE ALHO
sangramentos naqueles que receberam extrato de alho envelhecido 2
vezes ao dia, durante 12 semanas. De forma similar, em um relato
preliminar do uso de medicamentos alternativos ou complementares em
156 pacientes em tratamento com varfarina, não houve risco aparente
aumentado ou sangramento, ou INRs elevadas em 57 pacientes tomando
medicamentos
complementares
que
potencialmente
interagiam,
comparados com 84 que não tomaram.
Mecanismo: O uso do alho tem sido associado à diminuição da agregação
plaquetária. Esse efeito sobre a agregação plaquetária tem pelo menos dois
relatos documentados indicando sangramentos espontâneos na ausência de
anticoagulantes. Os efeitos podem, portanto, aumentar os riscos de
sangramentos com anticoagulantes. No entanto, isso não causaria um
aumento na INR, e o mecanismo para o efeito observado nos casos descritos
é desconhecido.
Importância e Conduta: As informações sobre uma interação adversa entre
anticoagulantes cumarínicos e alho parece estar limitada a esses dois relatos
com varfarina e fluindiona. Levando-se em consideração o uso generalizado
do alho e de produtos contendo alho, as informações limitadas oriundas de
um artigo de revisão e de um estudo com extrato de alho envelhecido,
parece ser pouco provável que o alho tenha qualquer interação importante
com anticoagulantes. No entanto, é importante ter essa possibilidade em
mente no caso de uma resposta inesperada ao tratamento. Além disso, o
alho pode apresentar algum efeito antiplaquetário e, embora não haja
aparentemente relatos clínicos de uma interação adversa entre alho e
medicamentos antiplaquetários, é prudente considerar a possibilidade de um
aumento na gravidade dos sangramentos se o alho for administrado
conjuntamente a anticoagulantes.
Referências Bibliográficas:
1. LORENZI, Harri; ABREU MATOS, F.J. Plantas Medicinais no Brasil
Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, 2ª Edição, Nova Odessa – SP Brasil, 2008.
2. WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações Medicamentosas
de Stockley: Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos.
Editora Artemed, Porto Alegre – RS, 2012.
3. Cápsulas
Oleosas
de
Alho.
Disponível
em:
<http://www.plantasmedicinaisefitoterapia.com/oleo-de-alhobeneficios.html>
4. Cápsulas
oleosas
de
alho.
Disponível
em:
<http://www.natuervas.com/produto-365-oleo_de_alho_50_capsulas>
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