Campanha Nacional das Escolas da Comunidade Faculdade Cenecista de Capivari leitura e a escrita no processo de elaboração de textos pelosde alunos”. Instituto Superior de Educação Cenecista Capivari CURSO PEDAGOGIA LITERATURA INFANTIL: A INSERÇÃO DO LIVRO E DA BIBLIOTECA NAS ESCOLAS Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto Capivari, SP. 2009 Campanha Nacional das Escolas da Comunidade Faculdade Cenecista de Capivari Instituto Superior de Educação Cenecista de Capivari - ISECC CURSO PEDAGOGIA LITERATURA INFANTIL: A INSERÇÃO DO LIVRO E DA BIBLIOTECA NAS ESCOLAS Monografia de conclusão de Curso Apresentado ao Curso de pedagogia do ISECC/CNEC Capivari, a fim de obter o Título de licenciado em pedagogia, sob Orientação do Profº Ms Carlos Eduardo de Oliveira Klebis. Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto Capivari, SP 2009 A quem Dedico... Primeiramente a Deus, por te me dado saúde e forças para concluir este trabalho. A minha família e principalmente a minha mãe, o meu pai, a minha irmã e o meu marido, que me deram forças para não desistir diante das dificuldades que surgiram no decorrer do curso. Ao curso de pedagogia de 2007, que com muita força e vontade venceram um desafio de suas vidas e as minhas amigas que sempre me apoiaram. Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto A quem Agradeço... A Deus, Em especial a minha companheira Edineia Rodrigues Maciel Magagnatto, pelo companheirismo e pela paciência, pois juntas conseguimos concluir o trabalho e ao meu Orientador Carlos Eduardo de Oliveira Klevis, que com sua atenção e competência me proporcionou momentos de alegria e satisfação para realizar este trabalho. As amigas de todo o curso de pedagogia, em especial Silvana Borgonovi, Ariane Silva, Jocelaine Andrade, Vânia Doriguello, Cecília da biblioteca e Maria Ângela também da biblioteca, que de alguma maneira contribuíram para realização deste trabalho. Em especial minha irmã Kelly Araújo e minha mãe Nilda Araújo que me deram muito apoio para realização deste trabalho. Agradeço meu marido Juliano Pansonatto, que teve paciência quando estava fazendo o trabalho e não podia lhe dá atenção. Juliano Pansonatto, Cícero Araújo, Kelly Araújo e Nilda Araújo obrigada por tudo! Amo vocês! Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto A quem dedico A Deus, que foi quem me deu vida e forças no decorrer de todo o curso e, principalmente, para a produção desse trabalho, sempre me mostrando os caminhos nas horas difíceis. Confesso que não foi fácil, trabalhar o dia todo e ter ânimo para estudar a noite, principalmente tendo que abrir mão de ficar com minha família, para a realização desse sonho, mas foi graças a Ele que tudo deu certo. A minha família e especialmente à minha mãe pela compreensão e apoio nas horas difíceis, por toda a sua dedicação cuidando dos meus filhos durante minha ausência, e pela confiança que em mim depositou no decorrer do curso. Obrigada por tudo, Eu Te Amo, e prometo ainda lhe dar muitas alegrias durante minha carreira de docente! Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato A quem agradeço A Deus, “O Senhor é meu pastor e nada me faltará, Em verdes prados ele me faz repousar Conduz-me junto às águas refrescantes, Restaura as forças de minha alma Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.” Agradeço em especial ao meu orientador Carlos Eduardo que contribuiu para meu conhecimento e sempre me apoiou na realização desse trabalho, a minha companheira Nádia que sempre esteve ao meu lado durante toda a graduação. Aos meus pais Nelson e Josefina que se dedicam tanto todos os dias em prol da minha felicidade, em especial a minha mãe, que mesmo não tendo a compreensão exata do que seria esse trabalho, sempre me deu forças nos momentos em que eu mais precisei. Ao meu esposo Fábio, por seu amor, dedicação e paciência que demonstrou perante a minha ausência para realização do meu sonho, por ter compreendido as madrugadas e os finais de semana dedicados intensamente a essa monografia. Agradeço-te pelas palavras que sempre me fortaleceram, e por você estar sempre presente me dando forças quando eu mais precisei. Obrigada por tudo, você é uma pessoa muito especial. Aos meus filhos Matheus Henrique e Heloísa Fernanda que amo mais do que tudo na vida. E às minhas amigas de classe, que me acompanharam durante essa graduação em especial a Ariane Silva, Silvana Borgonovi, Jocelaine Andrade, por depositar confiança e incentivo nesse trabalho e estarem sempre dispostas a ajudar. A bibliotecária Cecília que sempre nos ajudou com paciência e boa vontade no decorrer desse trabalho E a todos aqueles que, de alguma forma contribuíram para realização dessa monografia . Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato MAGAGNATO, Edinéia Rodrigues Maciel; PANSONATTO, Nádia Fernanda de Araújo. Literatura Infantil: A inserção do livro e da biblioteca nas escolas. Monografia de Conclusão de Curso. Curso de Pedagogia. Instituto Superior de Educação Cenecista de Capivari. 35 p, – ISECC 2009. RESUMO A proposta deste trabalho é mostrar qual a importância da literatura infantil para o desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem nas séries iniciais, tomando como ponto de discussão a concepção de infância, a história da literatura infantil, o papel do professor em relação à leitura e os benefícios da biblioteca escolar no processo de ensino com a colaboração do bibliotecário. Na concepção de criança procuramos mostrar através das idéias de Ariès a evolução que a criança teve na sua vida no processo de ensino e aprendizagem através da leitura. Na concepção da história da literatura infantil procuramos mostrar que de pai para pai a história da literatura infantil é vista de modo diferente, porém com o mesmo pensamento, pois os pais não dão devida importância para a literatura infantil. O papel do professor é de ser mediador no processo de ensino e aprendizagem, é fazer com seus alunos se interessem cada vez mais pela leitura, cabe ao professor proporcionar aos alunos vários tipos de leitura, criando neles o hábito de ler e mostrar para os alunos que o livro de literatura infantil não passa de ficção, na forma narrada pelo autor. A concepção da biblioteca escolar é mostrar que ela tem um papel fundamental para iniciar a leitura na criança, pois toda escola necessita de uma biblioteca e principalmente um bibliotecário para auxiliar as crianças na escolha do livro, mas é importante também que deixemos a criança livre para que ela possa escolher o livro á seu gosto. A biblioteca escolar necessita estar localizada na escola num lugar calmo e tem que ser num lugar agradável, que cative os alunos para que possam viajar no mundo imaginário que é o livro. Palavras-chaves: 1. Leitura. 2. Professor. 3. Aprendizagem SUMÁRIO Introdução.......................................................................................................................................09 Capitulo 1 – Breve histórico da Literatura Infantil 1.1- A descoberta da Infância..................................................................................................12 1.2- História da Literatura Infantil na Europa e em outras Países......................................15 1.3- Historia da literatura infantil no Brasil............................................................................ 17 Capítulo 2- A Leitura na Escola 2.1- O Papel do Professor........................................................................................................19 2.2- Biblioteca Escolar............................................................................................................22 2.3- Possibilidades de trabalho com a leitura na escola..........................................................23 Capítulo 3- Analisando os clássicos infantis..................................................................................26 Considerações Finais......................................................................................................................30 Referências Bibliográficas..............................................................................................................33 Introdução No presente trabalho apresentamos nossa pesquisa sobre a importância do livro de literatura infantil, mostrando quais benefícios que ele nos traz no processo de ensino e aprendizagem da criança nas séries iniciais do ensino fundamental. A leitura é um hábito muito importante na vida de um ser humano, por isso escolhemos este tema para abordar nesse trabalho, e para mostrar a importância do livro de literatura infantil no desenvolvimento da criança, já que cada vez mais estamos nos deparando com crianças que vivem o tempo todo na frente da TV ou jogando vídeo game sem ter um contato mais próximo com livros. Machado (2002, p.20) cita que a leitura nos leva a buscar o desconhecido e que através da leitura de livros de literatura, podemos reconhecer em personagens alguns elementos que são iguais aos nossos e acabam contribuindo para melhor entendermos o sentido de nossas próprias experiências. Nós educadores, temos que incentivar a leitura na criança, não podemos exigir que as crianças leiam sem vontade, a criança tem que ter interesse, sentir prazer em ler, em estar em contato com o livro. É preciso que o ambiente para uma boa leitura seja um lugar calmo, agradável, confortável, colorido, com diversidade de livros, ou seja, um lugar propício para a criança viajar no mundo de (ficção), no mundo imaginário, na qual eles mesmos construíram, até a criança que não sabe ler pode usufruir de diversos livros com figuras e ela com certeza irão compreender o livro muito bem, do seu modo, mas vai ler simbolicamente e contará aos seus amigos a história que inventou. O professor tem um papel fundamental na iniciação a leitura, pois é ele que cativa o aluno a leitura e é visto como um espelho para o aluno, deverá ser exemplo a ser seguido, ele que faz com que o aluno tenha contato com o livro, tem a responsabilidade por ser professor e mediador da criança, até porque às vezes a escola é o único local que ela tem contato com a leitura. É preciso que o professor leve seus alunos pelo menos uma vez por semana à biblioteca, para os alunos terem contato com os livros e é importante deixá-los a vontade para escolher um livro a seu gosto. 9 Mas além dos professores, os pais também tem uma grande responsabilidade pela leitura de livros e podemos ver isso através do que Bettelheim (2007) diz: De modo ainda mais significativo, se nós, os pais, contarmos histórias para nossos filhos, podemos lhes dar a segurança mais importante de todas: nossa aprovação ao fato de brincarem com a idéia de levar a melhor sobre esses gigantes. Aqui, ler não é o mesmo que ouvir de alguém a história, porque enquanto lê sozinha a criança pensa que apenas algum estranho – a pessoa que escreveu a história organizou o livro – aprova que se sobrepuje e se abata o gigante. Mas quando os pais lhe contam a história, uma criança pode ter certeza de que eles aprovam a retaliação feita em fantasia à ameaça imposta pela predominância adulta. (BETTELHEIM, 2007, p.39) Muitas vezes os pais cobram de seus filhos que leiam, mas nem eles próprios têm o contato com livro de literatura infantil, muitos pais nunca sentaram com seus filhos para ler livros juntos com eles ou para discutir um texto. Então, como ela vai se interessar pela leitura se não tem o exemplo na sua própria casa? É importante que os pais participem da vida escolar de seus filhos, para saber se seus filhos estão sendo educados da forma correta, para auxiliar no que precisarem. Acompanhar seus filhos numa livraria, biblioteca, num lugar no qual a criança tenha contato com o livro e auxiliá-los na escolha de um deles, ler uma história para seus filhos, mostrar interesse pela criança, pode contribuir para a imersão da criança no mundo da literatura. A biblioteca é um dos espaços mais importantes à iniciação de leitores, pois contem livros para todos os gostos e interesses de cada leitor, por isso, é de suma importância a participação dos pais até mesmo para se familiarizarem com os livros e criar o hábito pela leitura. No Brasil, nos séculos passados, as práticas de leitura eram muito raras, pois as oportunidades das crianças lerem um livro eram muito mais difíceis, pois só se encontravam livro dentro das escolas e muitas vezes as crianças não tinham condições de ter contato com livro, por ter acesso restrito ou até mesmo por condições financeiras ou por não ter tempo para ler, pois eles tinham que ajudar seus pais nas tarefas. As escolas contam com ajuda dos livros de literatura infantil para despertar nas crianças o interesse e o gosto pela leitura. Esses materiais já se tornaram quase que obrigatórios nas escolas e bibliotecas, pois eles são materiais excelentes para trabalhar com as crianças Assim como as escolas de antigamente para incentivar a leitura nas crianças, contavam com a ajuda da poesia, hoje em dia contamos com a ajuda dos livros de literatura infantil. Nas escolas, o tempo e os lugares a ser dedicado a leitura estão longe de ser condições ideais de leitura, pois nas escolas os professores estipulam o tempo e os lugares que os alunos 10 têm que ler, não deixando um espaço livre para que os alunos escolham qual é o melhor momento para a sua leitura. Acreditamos que no estágio da vida escolar em que se pretende e se tem por objetivo desenvolver o hábito de leitura e também se tornar um momento prazeroso, as bibliotecas escolares deveriam ser amplas, arejadas, bem decoradas e com bom acervo de livros, de modo que as crianças gostem e desejem ali estar.Da mesma maneira, dentro da rotina escolar deveria-se “criar” momentos de leitura livre, sem necessariamente, ler para se ter um retorno pedagógico, e sim ler pelo simples prazer de ler. Este trabalho de pesquisa é um estudo sobre a importância da literatura infantil no processo de ensino e aprendizagem juntamente com a ajuda das escolas, dos professores e principalmente da biblioteca, pois estes devem ser os parceiros das crianças na aprendizagem do hábito da leitura. Nosso objetivo neste trabalho é trazer a importância da Literatura Infantil no processo ensino aprendizagem da criança, com intuito de entender que, através dos contos de fadas a criança se reconhece e aprende a resolver suas próprias dificuldades. Refletimos também sobre a importância da biblioteca escolar, o papel do professor e sua relação com a Literatura Infantil. Abordaremos também possibilidades de trabalhar a leitura na escola, e por último, faremos um apanhado dos principais autores e suas obras de Literatura Infantil. 11 CAPITULO I – UM BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL Neste capítulo faremos uma breve abordagem sobre a história da literatura infantil, a partir da “invenção” da infância até os dias atuais, abordaremos, portanto, através de levantamento bibliográfico o surgimento da infância, ou seja, quando que a criança passou a ser vista não mais como um adulto em miniatura, e sim como um ser que tem necessidades especiais no seu tratamento. Também abordaremos em que momento histórico a literatura infantil iniciou-se no mundo e especificamente em nosso país. 1.1 A descoberta da Infância Segundo Ariès (1981), a concepção de criança é uma noção historicamente construída e em permanente mudança ao longo dos tempos. Até o final da Idade Média, as crianças eram vistas como adultos em miniaturas, não havia nada que separasse o mundo adulto do mundo das crianças, essas faziam as mesmas coisas que os adultos, trabalhavam, participavam de festas, guerras e execuções. Para Ariès (1981, p.28), a descoberta da infância começou no século XIII, e sua evolução pode ser acompanhada pela história da arte e pela iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII. No século XVIII, as crianças eram vistas de forma muito reducionista pelos adultos, elas só serviam para ajudar seus pais nas tarefas do dia a dia e não havia cuidados especiais ou um trabalho de formação adequada às crianças tal como encontramos na maioria da sociedade contemporânea. Para Ariès (1981, p.28), a descoberta da infância começou no século XIII, e sua evolução pode ser acompanhada pela história da arte e pela iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII. Segundo Ariés (1981), no século XVIII os retratos de crianças sozinhas se tornaram numerosos e comuns. Foi também nesse século que os retratos de família, muito mais antigos, tenderam a se organizar em torno da criança que se tornou o centro da composição. 12 Enquanto a origem dos temas do anjo das infâncias santas e de suas posteriores evoluções iconográficas remontava ao século XIII, no século XV surgiram dois tipos novos de representação da infância o retrato e o putto a criança como vimos não estava ausente na idade media, ao menos a partir do século XIII, mas nunca era o modelo de um retrato de uma criança real, tal como ela aparecia num determinado momento de sua vida. (Ariès, 1981, p.21) Segundo Oliveira (2007), o cuidado e a educação das crianças pequenas na Idade Média eram entendidas como responsabilidades de suas mães e de outras mulheres. Quando as crianças não necessitavam mais da ajuda de suas mães para a sua higienização pessoal, as crianças eram vistas pelos seus pais como adultos pequenos que passavam a ajudar seus pais nas tarefas do cotidiano, no qual aprendia o básico para sua interação social. Segundo Ariès (1981), a infância era apenas uma fase sem importância, que não fazia sentido, para as pessoas, ex: uma criança morta, não se considerava digna de lembrança de seus pais ou pelas pessoas da comunidade, pois havia tantas crianças que os pais que escolhiam se as crianças iam continuar vivas ou não, pois o índice de mortalidade infantil até o século XVII era muito alto. Sabemos que o cotidiano infantil foi uma história de muitas tragédias pessoais e coletivas como diz Ramos (2004). E podemos perceber um pouco nesse trecho onde falam das embarcações portuguesas do século XVI. Um fato chocante é que a expectativa de vidas das crianças portuguesas entre os séculos XIV e XVII, rondava os 14 anos, enquanto “cerca da metade dos nascidos vivos morria antes de completar 7 anos”.Isso fazia com que as crianças fossem consideradas como animais, cuja força de trabalho deveria ser aproveitada ao máximo, enquanto durassem suas curtas vidas (RAMOS, apud PRIORE, 2004, p.20). Priore (2004) cita que entre os séculos XVI e XVIII a formação de uma criança acompanhava-se também de certa preocupação pedagógica, que tinha por objetivo transformá-la em indivíduo responsável. A criança devia ser valorizada por meio de suas primeiras noções da leitura e da escrita, assim como das bases da doutrina Cristã que a permitisse ler a Bíblia sem caráter de nobreza. Com o tempo a educação e a medicina vão influenciando as crianças do Brasil colonial, mais do que lutar pela sua sobrevivência, tarefas que os educadores e médicos compartilhavam com os pais. As crianças eram adestradas, preparadas para assumir responsabilidades. Existe 13 certa “consciência coletiva” sobre a importância deste preparo, que vai tomando forma no decorrer do século XVIII na vida social. A falta de maiores referências não significa, entretanto, que a criança tenha sido desvalorizada em si, há nas entrelinhas, uma outra maneira de mostrar que lhe davam valor, era a continuação da família, gozava do afeto dos seus participavam dos acontecimentos e das festas, enfim, tinha presença na vida do momento. Entretanto sua morte era encarada como uma tragédia, uma fatalidade, outras crianças poderiam nascer e substituindo as que se foram a criança não era vista como um ser que faria falta. (SCARANO, apud PRIORE, 2004, p. 109 e 110). Consequentemente, devido essa maneira de encarar a vida na infância e mesmo a morte torna a criança figura pouco mencionada na correspondência entre metrópole e colônia, pois aquele era um mundo de adultos... (SCARANO, apud PRIORE, p.110). Para Philippe Ariès (1981), a idéia de infância nem sempre existiu da mesma maneira. Essa concepção surgiu a partir da sociedade capitalista. Até meados do séc. XVII o índice de mortalidade infantil era muito alto, os pais que escolhiam se as crianças continuariam vivas ou não, mais muitas eram mortas asfixiadas na cama dos próprios pais. Segundo Ariés (1981), as mudanças na concepção de infância propiciaram o surgimento do afeto entre pais e filhos, coisa que até então era rara entre adultos e crianças. Com a transformação social, a criança passa a ter um novo papel na sociedade, o papel de ser uma criança de verdade podendo estudar, brincar. Hoje as crianças só podem trabalhar depois dos 16 anos de idade, isso é lei1, na qual nos séculos passados tinham que trabalhar desde pequenos para ajudar seus pais nas tarefas do dia a dia. Podemos entender a partir das idéias de Ariès (1981), que o conceito de infância mudou muito de século para século, as tradições, os costumes, modo de vida, jeito de ser, de vestir, atualmente as crianças tem os seus diretos previstos nas leis, tem o direito de estudar e de crescer e de ter uma vida digna sem sofrimento e de não ter que trabalhar quando ainda são pequeninos para ajudar seus pais e sim ter o direito de ser feliz. 1 Lei 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA). 14 1.2 Breve historia da Literatura Infantil na Europa e em outros Países Para Ariès (1981), até o século XVIII a criança não era considerada um ser diferente do adulto e por esta razão não havia preocupação com referência ao seu desenvolvimento etário em se tratando de sua educação, ela deveria acompanhar a vida social do adulto. Então se separava a criança em apenas dois grupos, as da nobreza que deveriam ser orientadas por preceptores, que lhes incutiam “os grandes clássicos” e as das classes desprivilegiadas que ouviam histórias sobre a cavalaria. No período medieval as crianças ainda tinham como única opção participar da vida social e dos hábitos dos adultos. A criança com mais de sete anos ocupava o papel de um pequeno adulto. Vale lembrar que o espírito popular medieval era marcado pelo fatalismo, pela crença no fantástico, em poderes sobre-humanos, em pactos com o diabo e em personificações de todo tipo. Nesse mundo, onde a crença em fadas, gigantes, anões, bruxas, castelos encantados, elixires, tesouros, fontes da juventude, quebrantos e países utópicos e mágicos era disseminada, crianças e adultos sentavam-se lado a lado nas praças públicas, durante as festas, ou à noite, após o trabalho, para escutar os contadores de histórias. Podemos considerar segundo Coelho (1991), que durante os séculos medievais surge, em terras do ocidente europeu uma copiosa literatura narrativa, na qual podemos encontrar fontes distintas como a linguagem popular e a linguagem culta. A linguagem popular seria a prosa narrativa “exemplar” nas antiquíssimas fontes orientais ou gregas, já a culta é a prosa com aventuras, como por exemplo, as novelas de cavalaria de inspiração ocidental. Fecunda criação da idade media, a novela de cavalaria germinou como a expressão mais autentica do ocidente cristão durante os séculos XII e XIII. Inicialmente contada em versos (= língua vulgar chamada “romance” e daí ser conhecida também como “romance de cavalaria), mais tarde foi escrita em prosa (nas varias línguas novas, e nela desaguaram tradições heróicas de todas as regiões e raças: símbolo de mitologias antiqüíssimas, convertidos em personagens ou ações humanas: encantamentos e bruxarias: ideais espiritualizadas e guerreiros). (COELHO, 1991, p 41) Para Coelhos (1991), muitos estudiosos mostram que foi entre os séculos IX e X que em terras européias começou a circular oralmente a literatura popular, que com o tempo se transformou na literatura hoje conhecida como a literatura infantil, destinada ao público infantil, conforme revela sua própria denominação. 15 No século X, nas terras européias, circulava oralmente a literatura popular, conhecida nos dias de hoje como literatura folclórica. Também neste século aparecem as narrativas conhecidas como fábulas que devido à popularidade, tornaram-se familiares na literatura com cenas em que animais mais ou menos humanizados eram personagens “dotados de linguagem”. No trajeto em busca de uma linguagem literária adequada à infância, observam-se duas tendências bastante semelhantes, os clássicos e o folclore, podemos afirmar que a literatura foi se transformando, a partir do século XI que se tornou, hoje uma linguagem muito conhecida, e parte desta literatura foi adaptada para transformar-se no que conhecemos atualmente como literatura infantil. Segundo Coelho (1991), o autor de primeiro plano da literatura medieval européia foi D. Juan Manuel (1282-1348) figura de muita importância na história da literatura infantil, foi um homem de muitos domínios e dono de grandes prestígios. Este primeiro autor de destaque na literatura teve uma atuação muito grande na vida política da Espanha. Em Portugal, as mais antigas citação registrada dessa popular figura está no cancioneiro da vaticana (cantiga 1132), organizado no século XVI, onde se diz: “chegou payo de maas artes”. Na Espanha, aparece em vários livros do século XVI, em adaptações literárias que denunciam sua grande popularidade. Cervantes escreveu a comédia famosa de Pedro Urdemalas (1615), onde o “herói” vence tudo com suas “artes” imprevistas, e sem as liberdades morais dos contos populares, onde suas atitudes chegam a ser licenciosas. (COELHO, 1991, p. 59) As histórias medievais foram forjadas por comunidades quase bárbaras, revelando um mundo de relações humanas onde os direitos não eram iguais a todos, mas através dos séculos as centenas de adaptações tornaram estas histórias mágicas e parte importante do imaginário de crianças. 16 1.3 História da Literatura Infantil no Brasil Segundo Lajolo e Zilbermam (1999), a literatura infantil brasileira, se inicia no Brasil por volta do século XX, muito embora ao longo do século XIX tenha surgido registrada aqui e ali, a notícia do aparecimento de uma ou outra obra destinada às crianças. Com a implantação da imprensa Regia, que inicia oficialmente, em 1808 sua atividade editorial no Brasil, começam a publicar-se os livros destinados para as crianças. Para Lajolo e Zilberman (1999), a história da literatura brasileira para a infância só começou tardiamente, nos arredores da Proclamação da República, época em que o país estava passando por várias transformações, entre elas a mudança da forma de governo, a República trazia com consigo a imagem que o Brasil desejava: a de um país modernizado. Nossa literatura, nos últimos anos do século XIX, era variada. Ao modelo impassível do poema parnasiano Frances, responderam os poetas brasileiros, em particular Olavo Bilac, com uma poesia lapidar e cintilante, admiravelmente bem escrita, mas percorrida subterraneamente por uma corrente forte de lirismo. Esta encontrava adesão imediata na sentimentalidade e emotividade do público nacional, que sabia de cor seus versos e declamava-o sempre que se apresentasse a ocasião, conforme registraram cronistas e historiadores daqueles tempos. (LAJOLO e ZILBERMAM, 1999.p 26) Segundo Aguiar (2001), em 1921, surgem as histórias de Monteiro Lobato que publicou “a obra da menina do nariz arrebitado”, (segundo livro de leitura para o uso das escolas primárias), os textos de Monteiro Lobato visavam trazer para as crianças a ludicidade e a criatividade, mostrando a cultura do Brasil (folclore). Monteiro Lobato foi um dos primeiros escritores da literatura infantil brasileira, depois dele, a meta de muitos escritores era escrever livros voltados especialmente para as crianças. Podemos afirmar que no Brasil a literatura infantil foi iniciada por Monteiro Lobato, um dos mais destacados autores brasileiros até os dias atuais. José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882 na cidade de Taubaté interior de São Paulo. Monteiro Lobato tinha um cuidado com o leitor, pois ele sabia da importância da leitura nos processos de transformação, dando assim um lugar especial em seu mundo de ficção, sua obra fazia com que os leitores enxergassem a realidade através de conceitos próprios nos seus textos. Nos séculos XIX e XX surge no cenário brasileiro uma produção didática e literária para o público infantil, em primeiro momento a literatura infantil brasileira é uma adaptação de 17 modelo europeu, que chegava através de Portugal. Em 1905 surgiu a primeira edição brasileira da revista infantil “O tico-tico”, que foi um sucesso, a revista permaneceu por muito tempo no cenário editorial. Os contos de fadas são considerados modelos de narrativa porque apresentam uma situação inicial e evoluem para um conflito que exige um processo de solução para enfim, chegar a um sucesso final. Tal formula é repetida na maioria das historias infantis, independentemente de serem contos de fadas ou não (AGUIAR, 2001, p 78) Para Lajolo e Zilbermam (1999), a literatura infantil, desde seu aparecimento na Europa moderna, mostrou preferência pelo mundo agrícola em suas obras, como cenário para as histórias, isso desde o início das narrativas de origem folclórica ou contos de fadas de proveniência camponesa, pois o meio natural tinha aspectos de riqueza e belezas nas obras. Mediante a modernização do Brasil, além da literatura infantil, surgem também às estações de rádios, cinemas e entre outros, todos fazendo parte de uma cultura do país e hoje estão dentro da escola ocupando um papel importante na vida dos alunos e no seu cotidiano. A literatura infantil na escola tem um papel importante, pois ela faz com que o aluno viaje no mundo de ficção que é o livro e despertando a criatividade em nossos alunos e o gosto pela leitura. A literatura tem um poder enorme, pois ela possui uma linguagem infantil, fazendo com que a criança se encante cada vez mais pela leitura e assim crie o hábito e o gosto pela mesma. Hoje em dia as obras de literatura infantil são apreciadas até mesmo pelos adultos, pois muitos livros se encontram com as folhas decoradas e com ilustrações o que faz com que as crianças imaginem como a história é, portanto, nós educadores temos que fazer com que nossos alunos tenham acesso ao livro para que seja um aluno cheio de conhecimento e que seja um bom leitor. 18 CAPITULO II - A LEITURA NA ESCOLA Neste capítulo abordamos os inúmeros benefícios que a leitura pode proporcionar em nossa vida partindo da leitura na escola, a importância da biblioteca escolar e apontaremos as possibilidades de trabalho com a leitura na escola, lembrando que o foco do nosso trabalho está relacionado justamente em fazer uma reflexão referente a importância da literatura infantil nas séries iniciais e como este trabalho deverá ser desenvolvido pelo professor e por todos os envolvidos no cotidiano da criança. Consideramos também a relação entre o hábito da leitura e a situação real das bibliotecas escolares. 2.1 – O Papel do Professor Sabemos que a leitura é o ponto de partida para o conhecimento do mundo, ela nos acompanha por toda a vida, mas é na escola que ela se intensifica, pois ela é vista como a principal fonte de aprendizado. A escola possui um conjunto de posturas com a leitura, pois ela tem uma finalidade específica, formar leitores. A família tem uma forte influência pelo gosto da leitura que pode ser tanto positiva quanto negativamente (KRAMER, 1996). É através de histórias que os pais contam, quando veem os pais lendo jornais ou lendo um livro que a criança aprende, dessa maneira ela estará se preparando para o ingresso na escola levando certa bagagem, que será de grande utilidade na sua alfabetização. Por outro lado, filhos ou crianças de pais analfabetos, cujo hábito de leitura não se estabelece dentro do lar, destacamos ainda mais a importância e a significância da escola e mais precisamente, do professor que deverá desenvolver ou formar hábitos de leitura nas crianças. Segundo Silva (1991), as famílias mandam seus filhos para a escola com muitos propósitos, um deles é “aprender a ler” e mais tarde “ ler para aprender”, ou seja, que mais tarde ela possa ser uma pessoa competente na linguagem escrita, consiga interpretar diferentes textos e participar do mundo da escrita. É claro que essa expectativa é de responsabilidade da escola em parceria com o professor que terá que observar criticamente o que ocorre na sociedade para orientar os seus alunos quanto a apropriação dos conhecimentos. 19 A escola não é apenas um lugar em que se “desenvolve” a aprendizagem intelectual de um conjunto de conteúdos e habilidades. Ela é também um espaço de convívio social e cultural, no qual, pela interação entre sujeitos em torno dos objetos e manifestações culturais, produz-se e partilha-se a construção coletiva de conhecimentos. Na escola, o “envolvimento”entre diferentes sujeitos e diversos aspectos da cultura constitui um elemento de fundamental importância ao “desenvolvimento” humano na perspectiva da formação escolar.(KLEBIS, 2006, p.36) Entendemos que é preciso uma união entre o “envolvimento” e o “desenvolvimento” para que haja uma aprendizagem, para que ela cresça e se desenvolva. O professor deve ter em mente que às vezes a escola é o único lugar que a criança tem um contato com a leitura, dessa forma ele tem que incentivar o hábito pela leitura através de seu exemplo, estabelecer estratégias que leve o aluno a entender o texto. Kramer (1996) acrescenta que mais do que formar leitor, a escola também exerce a função de formar não-leitor, causando o abandono da prática de leitura, em que eles se deparam com a obrigatoriedade a ler determinados livros. A autora ainda acrescenta que a leitura na escola acaba se transformando em leitura da escola, ou seja, uma leitura forçada que com certeza acaba afastando os alunos do ato de ler ficando desestimulados, marcado para sempre na sua memória, sentindo aversão àqueles livros que leu. É essencial que a leitura seja agradável e prazerosa, que desperte interesse, caso contrário como diz Machado (2002) “(...) obrigar alguém a ler um livro, mesmo que seja pelas melhores razões do mundo, só serve para vacinar o sujeito contra a leitura” (p.14). Ressaltamos que a obrigatoriedade da leitura nas séries iniciais quando ainda se tem como objetivo desenvolver tal gosto e adquirir esse hábito como algo prazeroso, os livros devem ser minuciosamente bem escolhidos, de acordo com sua faixa etária. Felizmente nossas bibliotecas possuem um amplo e rico acervo de livros com histórias e visual extremamente atraentes às crianças, portanto, cabe ao professor, direcionar estas boas leituras as crianças. Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um dever. É alimento do espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo precisa, todo mundo deve ter a sua disposição de boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome. Mas é um absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o que enche aquele prato é a iguaria mais deliciosa do mundo. (MACHADO, apud VIEIRA, 2008, p.33) 20 Segundo Silva (2000, p.16), a leitura ocupa um espaço privilegiado não só no ensino de Língua Portuguesa, mas também no de todas as disciplinas acadêmicas que levam a transmissão de cultura e de valores para as novas gerações. Evidentemente, a leitura é algo que nos acompanha antes da escolarização através de outdoors, receitas, bulas de remédios etc. Mas é deixada para ser trabalhada quando a criança entra na escola, esta vista como a principal instituição responsável pela inserção da criança no mundo da escrita. Num segundo momento Silva (1991) afirma que é objetivo de todos os professores formarem leitores questionadores, capazes de se situar no contexto social, de utilizar os processos de leitura praticados na escola de maneira que possa ter uma boa convivência e menos injusta para todos participando ativamente das transformações sociais. Ele completa dizendo que os professores devem conhecer os textos que adotam a fim de justificar sua adoção, deve conhecer sua origem histórica. Certamente isso fará parte de sua vida e o professor terá a responsabilidade de escolher esses textos, tendo em mente que servirá como referencial para o aluno. Segundo Barco (2001, p.58) é importante que o educador leve em consideração o desenvolvimento linguístico e intelectual do aluno para que possa proporcionar a leitura adequada ao leitor. Considerando essa questão, o educador poderá trabalhar de acordo com o interesse da criança, respeitando a sua fase de desenvolvimento. Em contradição a isso, podemos perceber que alguns textos didáticos não trazem a realidade do aluno, mostrando uma total desconsideração pelos leitores e pelo trabalho do professor. (SILVA, 2000). Podemos afirmar que alguns livros didáticos já trazem uma resposta pronta, restando ao aluno que apenas reforce o que está evidente, trabalha o conteúdo em partes, não como um todo. Sabemos que certas práticas escolares de leitura mais afastam do que aproximam os leitores dos livros, e que outras são capazes de proporcionar experiências de aproximação tão fortes que nos surpreendem. Às vezes, olhamos as primeiras como males necessários, e as segundas com desconfiança, mas o fato é que ambas constituem (pela ojeriza ou pelo encantamento) possibilidades de construção das relações entre leitores e livros na escola. (KLEBIS, 2006, p.34). Obviamente que a escola juntamente com o professor tem um papel fundamental em relação ao ensino da leitura, deve proporcionar o máximo de variedades de textos a fim de 21 incentivá-los a adquirir o hábito de leitura. Em consequência disso, não podemos esquecer que os pais também precisam fazer o seu papel de iniciar a leitura juntamente com seus filhos desde pequenos, para que não haja uma dificuldade no processo da leitura mais tarde. 2.2 Bibliotecas Escolares De acordo com Douglas (1971), a criança só vai se interessar por uma biblioteca, quando o bibliotecário souber compreendê-la, conquistá-la, e principalmente despertar uma curiosidade na criança pela leitura, mostrar para a criança a diversidade de livros que a Biblioteca possui. Ir à biblioteca deverá ser uma prática constante, para que o aluno adquira o hábito em sua vida e se torne uma prática autônoma ao longo de sua vida. Segundo Douglas (1961), a Biblioteca escolar deverá ocupar um espaço interior da escola, ou seja, um lugar central da escola para facilitar a todos, a biblioteca terá que estar localizada num lugar relativamente calmo da escola, com objetivo que nela todos possam estudar com tranquilidade, não poderá estar localizada numa vizinhança de salas de aula ou perto de campos de educação física, de aula de canto ou de música, do refeitório ou dos pátios. Segundo Silva (1998), a descoberta de novas funções, inserindo uma preocupação com os problemas da leitura ainda serve para aproximar os bibliotecários com os professores através de diálogos, gerando propostas conjuntas. Acreditamos que o bibliotecário além de ser um mero executor de tarefas burocráticas, ele deverá elaborar estratégias de incentivo a imaginação da criança, com a função de dirigir as crianças conhecimentos profundos sobre o texto infantil. Segundo Douglas (1971), no passado os professores só tinham um auxílio que era a famosa cartilha, o fazer aprender de cor era a última palavra da pedagogia na qual hoje não se usa mais o método da cartilha para alfabetizar as crianças e sim os livros ficaram mais fortes para o ensino no processo de aprendizagem. Hoje os educadores podem trabalhar com inúmeros meios que permitem acelerar o processo de conhecimento do aluno e a biblioteca tem um papel fundamental no processo de conhecimento nesse ensino novo, pois com o auxílio dela, os alunos irão enriquecer-se em todas as disciplinas no processo de aprendizagem, mas também irá oferecer elementos de todos os graus de dificuldades. 22 Há um laço necessário entre a aprendizagem e a prática da leitura. É verdade que, primeiro, trata-se de inculcar-lhe os mecanismos da leitura, mas cumpre também empenhar-se em que o aluno compreenda o que lê, ganhando assim maior interesse pelo assunto. Por consequência, o ensino da leitura não será completa se não dermos á criança bom material de leitura. Para isso, o melhor é que a escola tenha uma biblioteca abundantemente provida de livros de todos os níveis e sobre assuntos os mais diversos. (DOUGLAS, 1971, p11 e 12) Há muitas bibliotecas nas escolas cujo funcionamento é realizado pelos próprios alunos e pelos professores e outras em que esse cuidado fica a cargo de uma comissão de pais e alunos, para que os alunos possam ter o contato com o livro. Segundo Douglas (1971) para que os leitores venham até uma biblioteca é necessário que a biblioteca seja uma sala agradável, que o lugar seja colorido de modo que possa atrair as crianças, os professores têm que levar seus alunos toda semana em uma biblioteca e deixá-los à vontade, deixar que eles escolham o livro a seus gostos, mas o mais importante para atrair um leitor para a biblioteca é a ação do bibliotecário instruindo com eficácia o aluno sobre os livros que a biblioteca possui. Segundo Silva (1998), para uma biblioteca atrair o leitor é preciso que contenha livros de varias áreas como contos de fadas, de ficção, que faça com que o aluno viaje no mundo imaginário, livros de fantasia, de romance etc., para que os alunos viajem e sonhem através de livros de literatura infantil. Portanto, cabe a nós educadores, pais ou bibliotecários, como indivíduos responsáveis pela formação dos leitores de hoje, transformar as dificuldades que os nossos leitores encontram ao tentar se aproximar do mundo da leitura. Devemos estar a espera para ajudá-los nas suas dificuldades da leitura. 2.3 – Possibilidades de trabalho com a leitura na escola É fundamental que os professores trabalhem a leitura na escola proporcionando variedades de livros, diversos tipos de leitura, levar os alunos a biblioteca e deixá-los à vontade para escolher seus livros a seu gosto. Porém, sempre deve existir a orientação com relação à leitura, seja por parte do professor ou do bibliotecário. 23 Diante disso podemos perceber que a leitura é o fator mais importante na escola e na nossa vida, como diz Cagliari (2001): A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma. (CAGLIARI, 2001. p.148) Segundo Jolibert (1994, p.31), não existe manual de leitura, e nem a velha leitura rotineira de todas as manhãs. Lê-se durante todo momento, durante o dia, em função da vida, pois nossa vida está cheia de oportunidades de leitura e o “nosso problema está mais em encontrar tempo para tudo do que encontrar textos”. Segundo os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (2001), o domínio da língua oral e escrita é fundamental para participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso às informações, expressa e defende pontos de vistas, partilha ou constrói visões do mundo, produz conhecimentos, por isso a escola tem a responsabilidade de garantir a seus alunos os saberes linguísticos. Certamente como vimos cabe à escola ensinar os alunos a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas de sua vida, principalmente nas mais formais: planejamentos e realização de entrevistas, debates, seminários que irão apresentar nas escolas ou em palestras, diálogos com autoridades, dramatização etc. É preciso que os alunos saibam que o mínimo para ser um leitor comunicativo, é ter um bom diálogo com as pessoas. O trabalho com a leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referencia modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria – prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever (PCN, 2001, p.53) Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa (2001) mostram diversas possibilidades de trabalho com a leitura na escola, como, por exemplo, leitura colaborativa, uma atividade na qual a professora lê um texto e durante a leitura a classe questiona sobre as pistas linguísticas que possibilitam a atribuição de determinados sentidos, trata-se de uma estratégia didática para o trabalho de formação de leitores através de “roda de leitores”, periodicamente os 24 alunos tomam emprestado um livro (da biblioteca da escola) para ler em casa, os alunos tem um dia combinado para discutirem com os amigos o que gostaram ou não do livro que leram e assim trocarem experiências. Com relação às produções de texto, Cagliari (2001), diz que em relação às produções de textos as crianças devem poder escrever o que quiserem como quiserem. A professora deve orientar quanto à forma do que se vai escrever, um bilhete, uma história, uma carta, etc. A partir da produção de textos das crianças, podem-se fazer comentários a respeito de tudo o que achar relevante, da ortografia à análise discursiva do texto produzido. Essa prática deveria ser bastante frequente, pois é um excelente ponto de partida para todas as outras atividades escolares. Sem dúvida esse é um excelente método, pois deixando a criança à vontade para redigir seus textos, sem pressão por parte do professor, ela não ficará presa na parte ortográfica e dará mais ênfase a sua produção textual e se sentirá valorizada em seu trabalho. Portanto, quando oferecemos condições para que os alunos criem seus próprios textos,estamos proporcionando a formação de bons leitores e até mesmo bons escritores. Por isso, formar bons escritores depende não só de uma prática continuada de produção de texto, mas de uma prática constante de leitura. “Para aprender a ler e a escrever é preciso pensar sobre a escrita, pensar sobre o que a escrita representa e como representa graficamente a linguagem” (PCNLP, 2001, p.82). No primeiro caso, os textos mais adequados são as quadrinhas, parlendas e canções que, em geral, se sabe de cor; e, no segundo, as embalagens comerciais, os anúncios, os folhetos de propaganda e demais portadores de texto que possibilitem suposição de sentido a partir do conteúdo, da imagem ou foto, do conhecimento da marca ou do logotipo, isto é, de qualquer elemento do texto ou do seu entorno que permita ao aluno imaginar o que poderia estar aí escrito. (PCN, 2001, p 83). Segundo Jolibert (1994), na escola não basta fazer com que as crianças leiam ,produzam textos: o papel específico da escola é ensinar a ler, produzi-los, isto é, fazer experimentar e explicitar os indícios e as estratégias utilizadas, de maneira que cada criança se torne capaz de gerir sozinha sua tarefa de leitura ou produção de um escrito. 25 CAPITULO III - ANALISANDO OS CLÁSSICOS INFANTIS Neste capítulo faremos uma breve análise da história do “Pequeno Polegar”, baseando na análise de Bruno Bettelheim, que através dos contos de fadas as crianças trazem suas experiências, seus medos, suas indagações, suas conquistas, enfim, elas fazem uma ponte entre o que realidade e o que é ficção. “A criança não vê os perigos existenciais objetivamente, mas fantasticamente exagerados, de acordo com seu medo imaturo”. (BETTELHEIM, 2007, p.231). A análise feita é do Pequeno Polegar um clássico da literatura infantil do autor Constanza contida na coleção Sonho Infantil que conta a história de uma família muito pobre e com muitos filhos. Essa família tinha um dos filhos que era muito esperto e quando saíam para trabalhar na floresta levavam todos para brincar. Certo dia, enquanto seus pais trabalhavam as crianças brincando perceberam que estavam perdidas na floresta, mas o pequeno polegar muito esperto tinha deixado farelinhos de pão no chão para marcar o caminho de volta, no entanto, foi em vão, pois os pássaros haviam comido e ficaram perdidos. Então quando já anoitecia avistaram uma luz que brilhava e correram eufóricos em sua direção, era uma casa com uma senhora muito simpática que os convidou para entrar e os acolheu com muito carinho. As crianças exaustas caíram na cama e logo adormeceram. Apenas Polegar não dormiu e no meio da noite viu um gigante que queria comê-los, então rapidamente acordou seus irmãos e fugiram para floresta novamente. Percebendo sua ausência o gigante os perseguiu, mas cansado adormeceu profundamente na floresta e aproveitando a situação Polegar tirou as botas do gigante e junto com seus irmãos entraram nelas e voaram de volta para casa. No caminho encontrou um rei e entregou as botas para ele e como recompensa recebeu um saco de moedas de ouro, voltou para casa e nunca mais sua família passou necessidade. Esse clássico é uma obra bem ilustrativa, com muitas cores, paisagens diversas, animais, crianças e adultos, contendo oito páginas com letras de fácil visibilidade, com palavras simples de fácil entendimento e capa bem ilustrativa, despertando o interesse da criança pela literatura. 26 As personagens são crianças inocentes, alegres, unidas e acostumadas com a vida de privações, contentando-se em brincar na floresta enquanto seus pais trabalham. “O Pequeno Polegar estava catando lenha na floresta com seus pais e irmãos. A família era muito pobre e a fome e a necessidade batia à sua porta”. Com a análise da história, Bettelheim (2007) aborda que uma história nesse contexto é bem realística, pois, os pais são pobres e se preocupavam em cuidar de seus filhos, tendo que trabalhar e não dando a devida atenção à eles. Segundo Bettelheim (2007, p.223) os contos de fadas populares transmitem uma verdade importante, a pobreza e a privação que não aperfeiçoam o caráter do homem, tornando-o mais egoísta, menos sensível ao sofrimento dos outros e sendo assim está sujeito a praticar más ações. Acontecem em várias histórias como o clássico de “João e Maria” que contextualiza praticamente a mesma idéia do “O pequeno Polegar”, uma criança quando está em contato com esse tipo de livro, se envolve e se identifica com a história, e prendendo sua atenção. ...mas a leitura dos bons livros de literatura traz também ao leitor o outro lado dessa moeda: o contentamento de descobrir em um personagem alguns elementos em que eles se reconhece plenamente. Lendo uma história, de repente descobrimos nela umas pessoas que, de alguma forma, são tão idênticas a nós mesmos, que nós parecem uma espécie de espelho... (MACHADO, 2002, p 20). Num segundo trecho analisamos: “Os meninos ficaram brincando na floresta, longe dos pais. O Pequeno Polegar, muito inteligente, tinha deixado farelinhos do seu pedaço de pão pelo chão, para que pudessem voltar pelo mesmo caminho. Quando os irmãos notaram que estavam perdidos, o Pequeno Polegar começou a procurar os farelos de pão, mas foi em vão. Os passarinhos haviam comido tudo!”. Através desse trecho podemos analisar que Polegar ao usar migalha de pão para marcar o caminho de volta, segundo Bettelheim, (2007, p 224), o pão representa aqui além do alimento em geral, um meio de salvação, “a corda salva-vidas” do homem, uma imagem que devido sua angústia, Polegar toma literalmente, mostra que através do medo agimos sem pensar nas consequências que virão, no caso do pão, não pensou que os passarinhos podiam comê-los. Segundo o autor Bettelheim, (2007), os pássaros deviam saber que era preferível para o Pequeno Polegar que ele não descobrisse como voltar da floresta diretamente para casa, mas, em 27 vez disso, se arriscassem a enfrentar os perigos do mundo. Em consequência de seu encontro, ameaçados pelo gigante, tanto as crianças como os pais vivem mais felizes daí por diante. Depois de se familiarizar com o Pequeno Polegar, a maioria das crianças compreende, pelo menos inconscientemente, que o que sucede na casa paterna e na casa do gigante não são senão aspectos separados daquilo que na realidade constituem uma única experiência total. Quando as crianças ficaram perdidas elas sentiram medo, a história conta que: “uma simpática senhora abriu a porta e convidou os meninos para entrar”, de acordo com o Bettelheim, (2007, p 228), uma “simpática senhora” é uma figura materna perfeitamente gratificante, uma vez que nos é dito que “ela os tomou pela mão e os levou para dentro de sua casinha”, então colocou em uma boa cama depois cobriu com lençóis brancos e limpos, e o Pequeno Polegar se deita e pensa estar no céu, as outras crianças, no entanto se sentem acolhidas à noite toda até a manha seguinte quando ocorre um rude despertar desse sonhos de felicidade infantil,” a velha apenas fingiria ser tão amável, na realidade era uma velha má preparando uma refeição para o gigante”. Ao perceber o que estava acontecendo “os irmãos conseguiram fugir para a floresta, mas o gigante foi atrás com suas grandes botas”, o autor relata que é assim que a criança se sente quando é assolada pelos sentimentos ambivalentes, frustrações e angústias do estágio edipiano2 de desenvolvimento, assim como pelos desapontamentos prévios e pela raiva por conta de fracassos por parte de sua mãe para satisfazer-lhe as necessidades e desejos tão integralmente quanto esperava. Assim o desejo de polegar e de seus irmãos de voltar para casa se torna o maior presente, assim “o Pequeno Polegar aproveitou a oportunidade que o gigante dormia e tirou suas botas”. “Então os irmãos entraram nas botas e voaram de volta para casa”, segundo Bettelheim, (2007), o lar paterno “próximo a uma grande floresta” e a casa fatídica nas profundezas da mesma floresta não são, num nível inconsciente, senão os dois aspectos do lar paterno: o gratificante e o frustrante, então a criança que pondera por conta própria sobre os detalhes de” o Pequeno Polegar” descobre um significado na maneira como começar o fato do lar paterno estar situado bem à beira da floresta em que tudo acontece sugere o que vai se segui era desde o inicio iminente. 2 Complexo edipiano: Tese formulada por Sigmund Freud (1980) para explicar a formação do psiquismo na criança associado as trocas afetivas estabelecidas com a figura materna. 28 Esse é o modo dos contos de fadas exprimirem pensamentos por meio de imagens marcantes que levam a criança a usar sua própria imaginação para alcançar uma compreensão mais profunda, Bettelheim, ( 2007). Para compreender o que a criança sente o autor cita que: A criança em idade escolar frequentemente ainda não pode crer que um dia será capaz de enfrentar o mundo sem os pais: é por isso que deseja se agarrar a eles para além do ponto necessário. Precisa aprender a confiar em que algum dia dominará os perigos do mundo, mesmo na forma exagerada em que seus medos os pintam, e enriquecer-se com isso. ( BETTELHEIM, 2007, p 231) De acordo com o autor as fábulas são contos populares transmitidos de geração a geração, pois parece ser em seu estado genuíno, uma narrativa na qual, com o propósito de instruir moralmente, se finge que seres irracionais e algumas vezes inanimados agem e falam com interesses e paixões humanas, sendo assim, as fábulas sempre afirmam explicitamente uma verdade moral, não existe significado oculto, nada é deixado à nossa imaginação. O conto de fadas, portanto, em comparação deixa todas as decisões por nossa conta, inclusive à de querermos ou não, tomá-las, cabe-nos decidir se desejamos aplicar algo de um conto de fada à nossa vida ou simplesmente, apreciar as situações fantásticas a que se refere. O nosso prazer é o que nos induz a reagir oportunamente aos significados ocultos, na medida em que possa se relacionar à nossa experiência de vida e ao presente estágio de desenvolvimento pessoal. 29 Considerações Finais Quando iniciamos este trabalho pretendíamos demonstrar a importância da literatura infantil nas séries iniciais, assim através de levantamentos bibliográficos podemos observar que vários autores compartilham e postulam a importância da literatura infantil nas séries iniciais. No primeiro capítulo procuramos fazer um breve relato sobre a concepção da infância de antigamente, sobre sua descoberta, sua educação, fazendo nos entender seu processo de vida até chegar à atualidade que nos cerca, de maneira que podemos perceber suas modificações. Através destas literaturas, observamos que a infância é um conceito novo, Áries (1981) salienta que a concepção de infância simplesmente não existia, as crianças eram vistas como adultos em miniatura, só serviam para ajudar nas tarefas diárias, não tinham diferenças alguma diante dos adultos, só a partir do século XIII aparecem às primeiras diferenciações é sua evolução pode ser acompanhada e descobertas pela iconografia no século XV surgindo os primeiros relatos de crianças sozinhas ou com sua família, não se tinha uma educação adequada para elas, essa concepção só mudou no ínicio da idade média, proporcionando o surgimento do afeto entre pais e filhos, a criança passa a ter um novo papel na sociedade. Partindo desse pressuposto também no primeiro capítulo, abordamos uma breve história da literatura infantil no Brasil, que só teve início num período em que o país estava passando por transformações e se modernizando economicamente e culturalmente. No segundo capítulo tratamos da leitura na escola, seus benefícios tanto na escola como na vida do cidadão, pois partimos do pressuposto que a escola é responsável pela formação do cidadão como um todo e não só na parte da transmissão de conhecimento. Abordamos autores renomados como Kramer (1996), Machado (2002), dentre outros.Segundo Machado (2002) à leitura é essencial, ela deve ser agradável, despertar o interesse, caso contrário, só servirá para nos afastar do ato de ler, trazendo aversão àqueles livros que leu. Pesquisamos também a importância das bibliotecas escolares, que deve ser um lugar agradável, calmo para que a criança se interesse pela leitura, e sem deixar de citar a importância do bibliotecário, se suas ações, do tratamento com as crianças. E tratamos também de algumas possibilidades de trabalho com a leitura na escola, analisando sobre a importância de se orientar à leitura, seja por parte do professor ou do bibliotecário, ao contrário do que muitas vezes vemos 30 nas escolas, ou seja, bibliotecas fechadas, onde os livros servem apenas para encher as prateleiras. Já no terceiro capítulo fizemos uma análise de um clássico infantil a partir da visão de Bettelheim (2007) em relação às histórias infantis, usando suas idéias e fazendo comparações baseadas no seu texto, a fim de que se perceba qual a finalidade de se contar uma história infantil com olhares diferenciados. Portanto, ao escrevemos sobre a importância da literatura infantil nas séries iniciais, este trabalho teve a intenção de destacar que o livro de literatura infantil é essencial para o aprendizado e o desenvolvimento da criança e baseado nesse fato, os pais e as escolas tem um papel fundamental na inserção desse material riquíssimo com as crianças que estão iniciando o gosto pela leitura. Sabemos que quanto mais a criança lê ou ouve histórias mais ela enriquece seu imaginário, cria histórias diferentes a partir daquelas que lhe são contadas. Sendo um dos maiores benefícios da inserção da literatura infantil nas séries iniciais, o fato de que através dela, o aluno pode buscar o desconhecimento, reconhecer nos personagens alguns elementos que fazem parte do nosso cotidiano e acabam contribuindo para melhor entendermos o sentido de nossas próprias experiências, sejam elas boas ou más. Através da leitura e do hábito de ler a criança torna-se mais criança e, portanto com condições de produzir uma escrita mais rica e coesa, contribuindo assim com o seu processo de ensino aprendizagem. Observamos também que nos dias atuais se faz necessário que o aluno saiba ler e compreender a mensagem inserida no texto, ou seja, não basta apenas ler e sim interpretar o sentido que se apresenta através do contexto. E é através do hábito da leitura desenvolvido desde a infância que esta competência vai ser desenvolvida. Para isso, observamos através da pesquisa bibliográfica que o interesse em ler, o prazer em ler e o contato com os livros deve ser iniciado desde muito cedo, mesmo antes de alfabetizadas, as crianças pode usufruir diversos livros com figuras e com certeza irá compreender o livro muito bem, do seu modo, mais vai ler simbolicamente, muitas vezes contando ou recontando aos seus colegas e familiares a história ou outra que ela inventou a partir da que leu, que o processo ensino aprendizagem se faz. Desenvolvendo não só o gosto pela leitura como também a sua oralidade. Contudo, não podemos deixar de citar que o ambiente de leitura deve ser calmo, agradável, confortável, colorido, diversificado, propício para que esta relação com livros seja 31 sempre prazerosa e com isso o interesse pela leitura se perpetue no decorrer da sua vida. Também deve ser uma atividade frequente e não esporádica, pois um hábito não se desenvolve se esta atividade não for constante. Assim, podemos concluir que a responsabilidade em desenvolver o hábito da leitura, desde a infância é do professor e também da família e que a criança aprende de forma significativa se tiver bom exemplos de leitores no seu cotidiano. O que o professor deve também ser um leitor, pois sendo uma pessoa que possui o hábito de ler, mais facilmente estimulará o hábito de leitura em seus alunos. Hoje nas escolas já existe uma grande diversidade de títulos disponíveis. No entanto, deve ser uma preocupação de todos os educadores propiciarem um ambiente enriquecedor e de fácil acesso, para que as bibliotecas não se configurem apenas como depósitos de livros. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, V.T de (coord). Era uma vez... na escola : Formando educadores para formar leitores/ Vera Teixeira de Aguiar- Belo Horizonte. Formato Editorial, 2001. ARIÈS, P, “História Social da Criança e da Família”, Editora afiliada - 2ª ed. - Rio de Janeiro, RJ, 1981. BARCO, F.L. 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