Literatura Infantil: A inserção do livro e da

Propaganda
Campanha Nacional das Escolas da Comunidade
Faculdade Cenecista de Capivari
leitura
e a escrita
no processo
de elaboração
de textos pelosde
alunos”.
Instituto Superior
de
Educação
Cenecista
Capivari
CURSO PEDAGOGIA
LITERATURA INFANTIL: A INSERÇÃO DO LIVRO
E DA BIBLIOTECA NAS ESCOLAS
Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato
Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto
Capivari, SP.
2009
Campanha Nacional das Escolas da Comunidade Faculdade Cenecista de Capivari
Instituto Superior de Educação Cenecista de Capivari - ISECC
CURSO PEDAGOGIA
LITERATURA INFANTIL: A INSERÇÃO DO LIVRO
E DA BIBLIOTECA NAS ESCOLAS
Monografia de conclusão de Curso
Apresentado ao Curso de pedagogia
do ISECC/CNEC Capivari, a fim de
obter o Título de licenciado em
pedagogia, sob Orientação do Profº
Ms Carlos Eduardo de Oliveira
Klebis.
Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato
Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto
Capivari, SP
2009
A quem Dedico...
Primeiramente a Deus, por te me dado
saúde e forças para concluir este trabalho.
A minha família e principalmente a minha
mãe, o meu pai, a minha irmã e o meu marido, que
me deram forças para não desistir diante das
dificuldades que surgiram no decorrer do curso.
Ao curso de pedagogia de 2007, que com
muita força e vontade venceram um desafio de
suas vidas e as minhas amigas que sempre me
apoiaram.
Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto
A quem Agradeço...
A Deus,
Em especial a minha companheira Edineia Rodrigues Maciel Magagnatto, pelo
companheirismo e pela paciência, pois juntas conseguimos concluir o trabalho e ao meu
Orientador Carlos Eduardo de Oliveira Klevis, que com sua atenção e competência me
proporcionou momentos de alegria e satisfação para realizar este trabalho.
As amigas de todo o curso de pedagogia, em especial Silvana Borgonovi, Ariane Silva,
Jocelaine Andrade, Vânia Doriguello, Cecília da biblioteca e Maria Ângela também da
biblioteca, que de alguma maneira contribuíram para realização deste trabalho.
Em especial minha irmã Kelly Araújo e minha mãe Nilda Araújo que me deram muito
apoio para realização deste trabalho.
Agradeço meu marido Juliano Pansonatto, que teve paciência quando estava fazendo o
trabalho e não podia lhe dá atenção.
Juliano Pansonatto, Cícero Araújo, Kelly Araújo e Nilda Araújo obrigada por tudo!
Amo vocês!
Nádia Fernanda de Araújo Pansonatto
A quem dedico
A Deus, que foi quem me deu vida e forças no
decorrer de todo o curso e, principalmente, para a
produção desse trabalho, sempre me mostrando os
caminhos nas horas difíceis. Confesso que não foi fácil,
trabalhar o dia todo e ter ânimo para estudar a noite,
principalmente tendo que abrir mão de ficar com minha
família, para a realização desse sonho, mas foi graças a
Ele que tudo deu certo.
A minha família e especialmente à minha mãe
pela compreensão e apoio nas horas difíceis, por toda a
sua dedicação cuidando dos meus filhos durante minha
ausência, e pela confiança que em mim depositou no
decorrer do curso.
Obrigada por tudo, Eu Te Amo, e prometo ainda lhe
dar muitas alegrias durante minha carreira de docente!
Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato
A quem agradeço
A Deus,
“O Senhor é meu pastor e nada me faltará,
Em verdes prados ele me faz repousar
Conduz-me junto às águas refrescantes,
Restaura as forças de minha alma
Pelos caminhos retos ele me leva,
por amor do seu nome.”
Agradeço em especial ao meu orientador Carlos Eduardo que contribuiu para meu conhecimento e
sempre me apoiou na realização desse trabalho, a minha companheira Nádia que sempre esteve ao meu lado
durante toda a graduação.
Aos meus pais Nelson e Josefina que se dedicam tanto todos os dias em prol da minha felicidade, em
especial a minha mãe, que mesmo não tendo a compreensão exata do que seria esse trabalho, sempre me deu
forças nos momentos em que eu mais precisei.
Ao meu esposo Fábio, por seu amor, dedicação e paciência que demonstrou perante a minha ausência
para realização do meu sonho, por ter compreendido as madrugadas e os finais de semana dedicados
intensamente a essa monografia. Agradeço-te pelas palavras que sempre me fortaleceram, e por você estar sempre
presente me dando forças quando eu mais precisei. Obrigada por tudo, você é uma pessoa muito especial.
Aos meus filhos Matheus Henrique e Heloísa Fernanda que amo mais do que tudo na vida. E às minhas
amigas de classe, que me acompanharam durante essa graduação em especial a Ariane Silva, Silvana Borgonovi,
Jocelaine Andrade, por depositar confiança e incentivo nesse trabalho e estarem sempre dispostas a ajudar.
A bibliotecária Cecília que sempre nos ajudou com paciência e boa vontade no decorrer desse trabalho E
a todos aqueles que, de alguma forma contribuíram para realização dessa monografia .
Edinéia Rodrigues Maciel Magagnato
MAGAGNATO, Edinéia Rodrigues Maciel; PANSONATTO, Nádia Fernanda de Araújo.
Literatura Infantil: A inserção do livro e da biblioteca nas escolas. Monografia de Conclusão de
Curso. Curso de Pedagogia. Instituto Superior de Educação Cenecista de Capivari. 35 p, – ISECC
2009.
RESUMO
A proposta deste trabalho é mostrar qual a importância da literatura infantil para o
desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem nas séries iniciais, tomando como
ponto de discussão a concepção de infância, a história da literatura infantil, o papel do professor
em relação à leitura e os benefícios da biblioteca escolar no processo de ensino com a
colaboração do bibliotecário. Na concepção de criança procuramos mostrar através das idéias de
Ariès a evolução que a criança teve na sua vida no processo de ensino e aprendizagem através da
leitura. Na concepção da história da literatura infantil procuramos mostrar que de pai para pai a
história da literatura infantil é vista de modo diferente, porém com o mesmo pensamento, pois os
pais não dão devida importância para a literatura infantil. O papel do professor é de ser mediador
no processo de ensino e aprendizagem, é fazer com seus alunos se interessem cada vez mais pela
leitura, cabe ao professor proporcionar aos alunos vários tipos de leitura, criando neles o hábito
de ler e mostrar para os alunos que o livro de literatura infantil não passa de ficção, na forma
narrada pelo autor. A concepção da biblioteca escolar é mostrar que ela tem um papel
fundamental para iniciar a leitura na criança, pois toda escola necessita de uma biblioteca e
principalmente um bibliotecário para auxiliar as crianças na escolha do livro, mas é importante
também que deixemos a criança livre para que ela possa escolher o livro á seu gosto. A biblioteca
escolar necessita estar localizada na escola num lugar calmo e tem que ser num lugar agradável,
que cative os alunos para que possam viajar no mundo imaginário que é o livro.
Palavras-chaves: 1. Leitura. 2. Professor. 3. Aprendizagem
SUMÁRIO
Introdução.......................................................................................................................................09
Capitulo 1 – Breve histórico da Literatura Infantil
1.1- A descoberta da Infância..................................................................................................12
1.2- História da Literatura Infantil na Europa e em outras Países......................................15
1.3- Historia da literatura infantil no Brasil............................................................................ 17
Capítulo 2- A Leitura na Escola
2.1- O Papel do Professor........................................................................................................19
2.2- Biblioteca Escolar............................................................................................................22
2.3- Possibilidades de trabalho com a leitura na escola..........................................................23
Capítulo 3- Analisando os clássicos infantis..................................................................................26
Considerações Finais......................................................................................................................30
Referências Bibliográficas..............................................................................................................33
Introdução
No presente trabalho apresentamos nossa pesquisa sobre a importância do livro de
literatura infantil, mostrando quais benefícios que ele nos traz no processo de ensino e
aprendizagem da criança nas séries iniciais do ensino fundamental.
A leitura é um hábito muito importante na vida de um ser humano, por isso escolhemos
este tema para abordar nesse trabalho, e para mostrar a importância do livro de literatura infantil
no desenvolvimento da criança, já que cada vez mais estamos nos deparando com crianças que
vivem o tempo todo na frente da TV ou jogando vídeo game sem ter um contato mais próximo
com livros.
Machado (2002, p.20) cita que a leitura nos leva a buscar o desconhecido e que através da
leitura de livros de literatura, podemos reconhecer em personagens alguns elementos que são
iguais aos nossos e acabam contribuindo para melhor entendermos o sentido de nossas próprias
experiências.
Nós educadores, temos que incentivar a leitura na criança, não podemos exigir que as
crianças leiam sem vontade, a criança tem que ter interesse, sentir prazer em ler, em estar em
contato com o livro.
É preciso que o ambiente para uma boa leitura seja um lugar calmo, agradável,
confortável, colorido, com diversidade de livros, ou seja, um lugar propício para a criança viajar
no mundo de (ficção), no mundo imaginário, na qual eles mesmos construíram, até a criança que
não sabe ler pode usufruir de diversos livros com figuras e ela com certeza irão compreender o
livro muito bem, do seu modo, mas vai ler simbolicamente e contará aos seus amigos a história
que inventou.
O professor tem um papel fundamental na iniciação a leitura, pois é ele que cativa o aluno
a leitura e é visto como um espelho para o aluno, deverá ser exemplo a ser seguido, ele que faz
com que o aluno tenha contato com o livro, tem a responsabilidade por ser professor e mediador
da criança, até porque às vezes a escola é o único local que ela tem contato com a leitura. É
preciso que o professor leve seus alunos pelo menos uma vez por semana à biblioteca, para os
alunos terem contato com os livros e é importante deixá-los a vontade para escolher um livro a
seu gosto.
9
Mas além dos professores, os pais também tem uma grande responsabilidade pela leitura
de livros e podemos ver isso através do que Bettelheim (2007) diz:
De modo ainda mais significativo, se nós, os pais, contarmos histórias para nossos
filhos, podemos lhes dar a segurança mais importante de todas: nossa aprovação ao fato
de brincarem com a idéia de levar a melhor sobre esses gigantes. Aqui, ler não é o
mesmo que ouvir de alguém a história, porque enquanto lê sozinha a criança pensa que
apenas algum estranho – a pessoa que escreveu a história organizou o livro – aprova
que se sobrepuje e se abata o gigante. Mas quando os pais lhe contam a história, uma
criança pode ter certeza de que eles aprovam a retaliação feita em fantasia à ameaça
imposta pela predominância adulta. (BETTELHEIM, 2007, p.39)
Muitas vezes os pais cobram de seus filhos que leiam, mas nem eles próprios têm o
contato com livro de literatura infantil, muitos pais nunca sentaram com seus filhos para ler livros
juntos com eles ou para discutir um texto. Então, como ela vai se interessar pela leitura se não
tem o exemplo na sua própria casa? É importante que os pais participem da vida escolar de seus
filhos, para saber se seus filhos estão sendo educados da forma correta, para auxiliar no que
precisarem. Acompanhar seus filhos numa livraria, biblioteca, num lugar no qual a criança tenha
contato com o livro e auxiliá-los na escolha de um deles, ler uma história para seus filhos,
mostrar interesse pela criança, pode contribuir para a imersão da criança no mundo da literatura.
A biblioteca é um dos espaços mais importantes à iniciação de leitores, pois contem livros
para todos os gostos e interesses de cada leitor, por isso, é de suma importância a participação dos
pais até mesmo para se familiarizarem com os livros e criar o hábito pela leitura.
No Brasil, nos séculos passados, as práticas de leitura eram muito raras, pois as
oportunidades das crianças lerem um livro eram muito mais difíceis, pois só se encontravam livro
dentro das escolas e muitas vezes as crianças não tinham condições de ter contato com livro, por
ter acesso restrito ou até mesmo por condições financeiras ou por não ter tempo para ler, pois eles
tinham que ajudar seus pais nas tarefas.
As escolas contam com ajuda dos livros de literatura infantil para despertar nas crianças o
interesse e o gosto pela leitura. Esses materiais já se tornaram quase que obrigatórios nas escolas
e bibliotecas, pois eles são materiais excelentes para trabalhar com as crianças Assim como as
escolas de antigamente para incentivar a leitura nas crianças, contavam com a ajuda da poesia,
hoje em dia contamos com a ajuda dos livros de literatura infantil.
Nas escolas, o tempo e os lugares a ser dedicado a leitura estão longe de ser condições
ideais de leitura, pois nas escolas os professores estipulam o tempo e os lugares que os alunos
10
têm que ler, não deixando um espaço livre para que os alunos escolham qual é o melhor momento
para a sua leitura.
Acreditamos que no estágio da vida escolar em que se pretende e se tem por objetivo
desenvolver o hábito de leitura e também se tornar um momento prazeroso, as bibliotecas
escolares deveriam ser amplas, arejadas, bem decoradas e com bom acervo de livros, de modo
que as crianças gostem e desejem ali estar.Da mesma maneira, dentro da rotina escolar deveria-se
“criar” momentos de leitura livre, sem necessariamente, ler para se ter um retorno pedagógico, e
sim ler pelo simples prazer de ler.
Este trabalho de pesquisa é um estudo sobre a importância da literatura infantil no
processo de ensino e aprendizagem juntamente com a ajuda das escolas, dos professores e
principalmente da biblioteca, pois estes devem ser os parceiros das crianças na aprendizagem do
hábito da leitura. Nosso objetivo neste trabalho é trazer a importância da Literatura Infantil no
processo ensino aprendizagem da criança, com intuito de entender que, através dos contos de
fadas a criança se reconhece e aprende a resolver suas próprias dificuldades.
Refletimos também sobre a importância da biblioteca escolar, o papel do professor e sua
relação com a Literatura Infantil. Abordaremos também possibilidades de trabalhar a leitura na
escola, e por último, faremos um apanhado dos principais autores e suas obras de Literatura
Infantil.
11
CAPITULO I – UM BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL
Neste capítulo faremos uma breve abordagem sobre a história da literatura infantil,
a partir da “invenção” da infância até os dias atuais, abordaremos, portanto, através de
levantamento bibliográfico o surgimento da infância, ou seja, quando que a criança passou
a ser vista não mais como um adulto em miniatura, e sim como um ser que tem
necessidades especiais no seu tratamento. Também abordaremos em que momento
histórico a literatura infantil iniciou-se no mundo e especificamente em nosso país.
1.1 A descoberta da Infância
Segundo Ariès (1981), a concepção de criança é uma noção historicamente construída e
em permanente mudança ao longo dos tempos. Até o final da Idade Média, as crianças eram
vistas como adultos em miniaturas, não havia nada que separasse o mundo adulto do mundo das
crianças, essas faziam as mesmas coisas que os adultos, trabalhavam, participavam de festas,
guerras e execuções.
Para Ariès (1981, p.28), a descoberta da infância começou no século XIII, e sua evolução
pode ser acompanhada pela história da arte e pela iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os
sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do
fim do século XVI e durante o século XVII.
No século XVIII, as crianças eram vistas de forma muito reducionista pelos adultos, elas
só serviam para ajudar seus pais nas tarefas do dia a dia e não havia cuidados especiais ou um
trabalho de formação adequada às crianças tal como encontramos na maioria da sociedade
contemporânea.
Para Ariès (1981, p.28), a descoberta da infância começou no século XIII, e sua evolução
pode ser acompanhada pela história da arte e pela iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os
sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do
fim do século XVI e durante o século XVII.
Segundo Ariés (1981), no século XVIII os retratos de crianças sozinhas se tornaram
numerosos e comuns. Foi também nesse século que os retratos de família, muito mais antigos,
tenderam a se organizar em torno da criança que se tornou o centro da composição.
12
Enquanto a origem dos temas do anjo das infâncias santas e de suas posteriores
evoluções iconográficas remontava ao século XIII, no século XV surgiram dois tipos
novos de representação da infância o retrato e o putto a criança como vimos não estava
ausente na idade media, ao menos a partir do século XIII, mas nunca era o modelo de um
retrato de uma criança real, tal como ela aparecia num determinado momento de sua
vida. (Ariès, 1981, p.21)
Segundo Oliveira (2007), o cuidado e a educação das crianças pequenas na Idade Média
eram entendidas como responsabilidades de suas mães e de outras mulheres. Quando as crianças
não necessitavam mais da ajuda de suas mães para a sua higienização pessoal, as crianças eram
vistas pelos seus pais como adultos pequenos que passavam a ajudar seus pais nas tarefas do
cotidiano, no qual aprendia o básico para sua interação social.
Segundo Ariès (1981), a infância era apenas uma fase sem importância, que não fazia
sentido, para as pessoas, ex: uma criança morta, não se considerava digna de lembrança de seus
pais ou pelas pessoas da comunidade, pois havia tantas crianças que os pais que escolhiam se as
crianças iam continuar vivas ou não, pois o índice de mortalidade infantil até o século XVII era
muito alto.
Sabemos que o cotidiano infantil foi uma história de muitas tragédias pessoais e coletivas
como diz Ramos (2004). E podemos perceber um pouco nesse trecho onde falam das
embarcações portuguesas do século XVI.
Um fato chocante é que a expectativa de vidas das crianças portuguesas entre os séculos
XIV e XVII, rondava os 14 anos, enquanto “cerca da metade dos nascidos vivos morria
antes de completar 7 anos”.Isso fazia com que as crianças fossem consideradas como
animais, cuja força de trabalho deveria ser aproveitada ao máximo, enquanto durassem
suas curtas vidas (RAMOS, apud PRIORE, 2004, p.20).
Priore (2004) cita que entre os séculos XVI e XVIII a formação de uma criança
acompanhava-se também de certa preocupação pedagógica, que tinha por objetivo transformá-la
em indivíduo responsável. A criança devia ser valorizada por meio de suas primeiras noções da
leitura e da escrita, assim como das bases da doutrina Cristã que a permitisse ler a Bíblia sem
caráter de nobreza.
Com o tempo a educação e a medicina vão influenciando as crianças do Brasil colonial,
mais do que lutar pela sua sobrevivência, tarefas que os educadores e médicos compartilhavam
com os pais. As crianças eram adestradas, preparadas para assumir responsabilidades. Existe
13
certa “consciência coletiva” sobre a importância deste preparo, que vai tomando forma no
decorrer do século XVIII na vida social.
A falta de maiores referências não significa, entretanto, que a criança tenha sido
desvalorizada em si, há nas entrelinhas, uma outra maneira de mostrar que lhe davam
valor, era a continuação da família, gozava do afeto dos seus participavam dos
acontecimentos e das festas, enfim, tinha presença na vida do momento. Entretanto sua
morte era encarada como uma tragédia, uma fatalidade, outras crianças poderiam nascer
e substituindo as que se foram a criança não era vista como um ser que faria falta.
(SCARANO, apud PRIORE, 2004, p. 109 e 110).
Consequentemente, devido essa maneira de encarar a vida na infância e mesmo a morte
torna a criança figura pouco mencionada na correspondência entre metrópole e colônia, pois
aquele era um mundo de adultos... (SCARANO, apud PRIORE, p.110).
Para Philippe Ariès (1981), a idéia de infância nem sempre existiu da mesma maneira.
Essa concepção surgiu a partir da sociedade capitalista. Até meados do séc. XVII o índice de
mortalidade infantil era muito alto, os pais que escolhiam se as crianças continuariam vivas ou
não, mais muitas eram mortas asfixiadas na cama dos próprios pais.
Segundo Ariés (1981), as mudanças na concepção de infância propiciaram o surgimento
do afeto entre pais e filhos, coisa que até então era rara entre adultos e crianças. Com a
transformação social, a criança passa a ter um novo papel na sociedade, o papel de ser uma
criança de verdade podendo estudar, brincar. Hoje as crianças só podem trabalhar depois dos 16
anos de idade, isso é lei1, na qual nos séculos passados tinham que trabalhar desde pequenos para
ajudar seus pais nas tarefas do dia a dia.
Podemos entender a partir das idéias de Ariès (1981), que o conceito de infância mudou
muito de século para século, as tradições, os costumes, modo de vida, jeito de ser, de vestir,
atualmente as crianças tem os seus diretos previstos nas leis, tem o direito de estudar e de crescer
e de ter uma vida digna sem sofrimento e de não ter que trabalhar quando ainda são pequeninos
para ajudar seus pais e sim ter o direito de ser feliz.
1
Lei 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA).
14
1.2 Breve historia da Literatura Infantil na Europa e em outros Países
Para Ariès (1981), até o século XVIII a criança não era considerada um ser diferente do
adulto e por esta razão não havia preocupação com referência ao seu desenvolvimento etário em
se tratando de sua educação, ela deveria acompanhar a vida social do adulto. Então se separava a
criança em apenas dois grupos, as da nobreza que deveriam ser orientadas por preceptores, que
lhes incutiam “os grandes clássicos” e as das classes desprivilegiadas que ouviam histórias sobre
a cavalaria.
No período medieval as crianças ainda tinham como única opção participar da vida social
e dos hábitos dos adultos. A criança com mais de sete anos ocupava o papel de um pequeno
adulto. Vale lembrar que o espírito popular medieval era marcado pelo fatalismo, pela crença no
fantástico, em poderes sobre-humanos, em pactos com o diabo e em personificações de todo tipo.
Nesse mundo, onde a crença em fadas, gigantes, anões, bruxas, castelos encantados, elixires,
tesouros, fontes da juventude, quebrantos e países utópicos e mágicos era disseminada, crianças e
adultos sentavam-se lado a lado nas praças públicas, durante as festas, ou à noite, após o trabalho,
para escutar os contadores de histórias.
Podemos considerar segundo Coelho (1991), que durante os séculos medievais surge, em
terras do ocidente europeu uma copiosa literatura narrativa, na qual podemos encontrar fontes
distintas como a linguagem popular e a linguagem culta. A linguagem popular seria a prosa
narrativa “exemplar” nas antiquíssimas fontes orientais ou gregas, já a culta é a prosa com
aventuras, como por exemplo, as novelas de cavalaria de inspiração ocidental.
Fecunda criação da idade media, a novela de cavalaria germinou como a expressão
mais autentica do ocidente cristão durante os séculos XII e XIII. Inicialmente contada
em versos (= língua vulgar chamada “romance” e daí ser conhecida também como
“romance de cavalaria), mais tarde foi escrita em prosa (nas varias línguas novas, e nela
desaguaram tradições heróicas de todas as regiões e raças: símbolo de mitologias
antiqüíssimas, convertidos em personagens ou ações humanas: encantamentos e
bruxarias: ideais espiritualizadas e guerreiros). (COELHO, 1991, p 41)
Para Coelhos (1991), muitos estudiosos mostram que foi entre os séculos IX e X que em
terras européias começou a circular oralmente a literatura popular, que com o tempo se
transformou na literatura hoje conhecida como a literatura infantil, destinada ao público infantil,
conforme revela sua própria denominação.
15
No século X, nas terras européias, circulava oralmente a literatura popular, conhecida nos
dias de hoje como literatura folclórica. Também neste século aparecem as narrativas conhecidas
como fábulas que devido à popularidade, tornaram-se familiares na literatura com cenas em que
animais mais ou menos humanizados eram personagens “dotados de linguagem”.
No trajeto em busca de uma linguagem literária adequada à infância, observam-se duas
tendências bastante semelhantes, os clássicos e o folclore, podemos afirmar que a literatura foi se
transformando, a partir do século XI que se tornou, hoje uma linguagem muito conhecida, e parte
desta literatura foi adaptada para transformar-se no que conhecemos atualmente como literatura
infantil.
Segundo Coelho (1991), o autor de primeiro plano da literatura medieval européia foi D.
Juan Manuel (1282-1348) figura de muita importância na história da literatura infantil, foi um
homem de muitos domínios e dono de grandes prestígios. Este primeiro autor de destaque na
literatura teve uma atuação muito grande na vida política da Espanha.
Em Portugal, as mais antigas citação registrada dessa popular figura está no cancioneiro
da vaticana (cantiga 1132), organizado no século XVI, onde se diz: “chegou payo de
maas artes”. Na Espanha, aparece em vários livros do século XVI, em adaptações
literárias que denunciam sua grande popularidade. Cervantes escreveu a comédia
famosa de Pedro Urdemalas (1615), onde o “herói” vence tudo com suas “artes”
imprevistas, e sem as liberdades morais dos contos populares, onde suas atitudes
chegam a ser licenciosas. (COELHO, 1991, p. 59)
As histórias medievais foram forjadas por comunidades quase bárbaras, revelando um
mundo de relações humanas onde os direitos não eram iguais a todos, mas através dos séculos as
centenas de adaptações tornaram estas histórias mágicas e parte importante do imaginário de
crianças.
16
1.3 História da Literatura Infantil no Brasil
Segundo Lajolo e Zilbermam (1999), a literatura infantil brasileira, se inicia no Brasil por
volta do século XX, muito embora ao longo do século XIX tenha surgido registrada aqui e ali, a
notícia do aparecimento de uma ou outra obra destinada às crianças. Com a implantação da
imprensa Regia, que inicia oficialmente, em 1808 sua atividade editorial no Brasil, começam a
publicar-se os livros destinados para as crianças.
Para Lajolo e Zilberman (1999), a história da literatura brasileira para a infância só
começou tardiamente, nos arredores da Proclamação da República, época em que o país estava
passando por várias transformações, entre elas a mudança da forma de governo, a República
trazia com consigo a imagem que o Brasil desejava: a de um país modernizado.
Nossa literatura, nos últimos anos do século XIX, era variada. Ao modelo impassível do
poema parnasiano Frances, responderam os poetas brasileiros, em particular Olavo
Bilac, com uma poesia lapidar e cintilante, admiravelmente bem escrita, mas percorrida
subterraneamente por uma corrente forte de lirismo. Esta encontrava adesão imediata na
sentimentalidade e emotividade do público nacional, que sabia de cor seus versos e
declamava-o sempre que se apresentasse a ocasião, conforme registraram cronistas e
historiadores daqueles tempos. (LAJOLO e ZILBERMAM, 1999.p 26)
Segundo Aguiar (2001), em 1921, surgem as histórias de Monteiro Lobato que publicou
“a obra da menina do nariz arrebitado”, (segundo livro de leitura para o uso das escolas
primárias), os textos de Monteiro Lobato visavam trazer para as crianças a ludicidade e a
criatividade, mostrando a cultura do Brasil (folclore). Monteiro Lobato foi um dos primeiros
escritores da literatura infantil brasileira, depois dele, a meta de muitos escritores era escrever
livros voltados especialmente para as crianças.
Podemos afirmar que no Brasil a literatura infantil foi iniciada por Monteiro Lobato, um
dos mais destacados autores brasileiros até os dias atuais. José Bento Monteiro Lobato nasceu em
18 de abril de 1882 na cidade de Taubaté interior de São Paulo.
Monteiro Lobato tinha um cuidado com o leitor, pois ele sabia da importância da leitura
nos processos de transformação, dando assim um lugar especial em seu mundo de ficção, sua
obra fazia com que os leitores enxergassem a realidade através de conceitos próprios nos seus
textos.
Nos séculos XIX e XX surge no cenário brasileiro uma produção didática e literária para
o público infantil, em primeiro momento a literatura infantil brasileira é uma adaptação de
17
modelo europeu, que chegava através de Portugal. Em 1905 surgiu a primeira edição brasileira
da revista infantil “O tico-tico”, que foi um sucesso, a revista permaneceu por muito tempo no
cenário editorial.
Os contos de fadas são considerados modelos de narrativa porque apresentam uma
situação inicial e evoluem para um conflito que exige um processo de solução para
enfim, chegar a um sucesso final. Tal formula é repetida na maioria das historias
infantis, independentemente de serem contos de fadas ou não (AGUIAR, 2001, p 78)
Para Lajolo e Zilbermam (1999), a literatura infantil, desde seu aparecimento na Europa
moderna, mostrou preferência pelo mundo agrícola em suas obras, como cenário para as
histórias, isso desde o início das narrativas de origem folclórica ou contos de fadas de
proveniência camponesa, pois o meio natural tinha aspectos de riqueza e belezas nas obras.
Mediante a modernização do Brasil, além da literatura infantil, surgem também às
estações de rádios, cinemas e entre outros, todos fazendo parte de uma cultura do país e hoje
estão dentro da escola ocupando um papel importante na vida dos alunos e no seu cotidiano. A
literatura infantil na escola tem um papel importante, pois ela faz com que o aluno viaje no
mundo de ficção que é o livro e despertando a criatividade em nossos alunos e o gosto pela
leitura. A literatura tem um poder enorme, pois ela possui uma linguagem infantil, fazendo com
que a criança se encante cada vez mais pela leitura e assim crie o hábito e o gosto pela mesma.
Hoje em dia as obras de literatura infantil são apreciadas até mesmo pelos adultos, pois
muitos livros se encontram com as folhas decoradas e com ilustrações o que faz com que as
crianças imaginem como a história é, portanto, nós educadores temos que fazer com que nossos
alunos tenham acesso ao livro para que seja um aluno cheio de conhecimento e que seja um bom
leitor.
18
CAPITULO II - A LEITURA NA ESCOLA
Neste capítulo abordamos os inúmeros benefícios que a leitura pode proporcionar em
nossa vida partindo da leitura na escola, a importância da biblioteca escolar e apontaremos as
possibilidades de trabalho com a leitura na escola, lembrando que o foco do nosso trabalho está
relacionado justamente em fazer uma reflexão referente a importância da literatura infantil nas
séries iniciais e como este trabalho deverá ser desenvolvido pelo professor e por todos os
envolvidos no cotidiano da criança. Consideramos também a relação entre o hábito da leitura e a
situação real das bibliotecas escolares.
2.1 – O Papel do Professor
Sabemos que a leitura é o ponto de partida para o conhecimento do mundo, ela nos
acompanha por toda a vida, mas é na escola que ela se intensifica, pois ela é vista como a
principal fonte de aprendizado. A escola possui um conjunto de posturas com a leitura, pois ela
tem uma finalidade específica, formar leitores.
A família tem uma forte influência pelo gosto da leitura que pode ser tanto positiva
quanto negativamente (KRAMER, 1996). É através de histórias que os pais contam, quando
veem os pais lendo jornais ou lendo um livro que a criança aprende, dessa maneira ela estará se
preparando para o ingresso na escola levando certa bagagem, que será de grande utilidade na sua
alfabetização.
Por outro lado, filhos ou crianças de pais analfabetos, cujo hábito de leitura não se
estabelece dentro do lar, destacamos ainda mais a importância e a significância da escola e mais
precisamente, do professor que deverá desenvolver ou formar hábitos de leitura nas crianças.
Segundo Silva (1991), as famílias mandam seus filhos para a escola com muitos
propósitos, um deles é “aprender a ler” e mais tarde “ ler para aprender”, ou seja, que mais tarde
ela possa ser uma pessoa competente na linguagem escrita, consiga interpretar diferentes textos e
participar do mundo da escrita.
É claro que essa expectativa é de responsabilidade da escola em parceria com o professor
que terá que observar criticamente o que ocorre na sociedade para orientar os seus alunos quanto
a apropriação dos conhecimentos.
19
A escola não é apenas um lugar em que se “desenvolve” a aprendizagem intelectual de
um conjunto de conteúdos e habilidades. Ela é também um espaço de convívio social e
cultural, no qual, pela interação entre sujeitos em torno dos objetos e manifestações
culturais, produz-se e partilha-se a construção coletiva de conhecimentos. Na escola, o
“envolvimento”entre diferentes sujeitos e diversos aspectos da cultura constitui um
elemento de fundamental importância ao “desenvolvimento” humano na perspectiva da
formação escolar.(KLEBIS, 2006, p.36)
Entendemos que é preciso uma união entre o “envolvimento” e o “desenvolvimento” para
que haja uma aprendizagem, para que ela cresça e se desenvolva. O professor deve ter em mente
que às vezes a escola é o único lugar que a criança tem um contato com a leitura, dessa forma ele
tem que incentivar o hábito pela leitura através de seu exemplo, estabelecer estratégias que leve o
aluno a entender o texto.
Kramer (1996) acrescenta que mais do que formar leitor, a escola também exerce a função
de formar não-leitor, causando o abandono da prática de leitura, em que eles se deparam com a
obrigatoriedade a ler determinados livros.
A autora ainda acrescenta que a leitura na escola acaba se transformando em leitura da
escola, ou seja, uma leitura forçada que com certeza acaba afastando os alunos do ato de ler
ficando desestimulados, marcado para sempre na sua memória, sentindo aversão àqueles livros
que leu.
É essencial que a leitura seja agradável e prazerosa, que desperte interesse, caso contrário
como diz Machado (2002) “(...) obrigar alguém a ler um livro, mesmo que seja pelas melhores
razões do mundo, só serve para vacinar o sujeito contra a leitura” (p.14).
Ressaltamos que a obrigatoriedade da leitura nas séries iniciais quando ainda se tem como
objetivo desenvolver tal gosto e adquirir esse hábito como algo prazeroso, os livros devem ser
minuciosamente bem escolhidos, de acordo com sua faixa etária. Felizmente nossas bibliotecas
possuem um amplo e rico acervo de livros com histórias e visual extremamente atraentes às
crianças, portanto, cabe ao professor, direcionar estas boas leituras as crianças.
Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um
dever. É alimento do espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo precisa, todo mundo
deve ter a sua disposição de boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome.
Mas é um absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de qualquer pessoa.
Mesmo que se ache que o que enche aquele prato é a iguaria mais deliciosa do mundo.
(MACHADO, apud VIEIRA, 2008, p.33)
20
Segundo Silva (2000, p.16), a leitura ocupa um espaço privilegiado não só no ensino de
Língua Portuguesa, mas também no de todas as disciplinas acadêmicas que levam a transmissão
de cultura e de valores para as novas gerações.
Evidentemente, a leitura é algo que nos acompanha antes da escolarização através de
outdoors, receitas, bulas de remédios etc. Mas é deixada para ser trabalhada quando a criança
entra na escola, esta vista como a principal instituição responsável pela inserção da criança no
mundo da escrita.
Num segundo momento Silva (1991) afirma que é objetivo de todos os professores
formarem leitores questionadores, capazes de se situar no contexto social, de utilizar os processos
de leitura praticados na escola de maneira que possa ter uma boa convivência e menos injusta
para todos participando ativamente das transformações sociais.
Ele completa dizendo que os professores devem conhecer os textos que adotam a fim de
justificar sua adoção, deve conhecer sua origem histórica. Certamente isso fará parte de sua vida
e o professor terá a responsabilidade de escolher esses textos, tendo em mente que servirá como
referencial para o aluno.
Segundo Barco (2001, p.58) é importante que o educador leve em consideração o
desenvolvimento linguístico e intelectual do aluno para que possa proporcionar a leitura
adequada ao leitor. Considerando essa questão, o educador poderá trabalhar de acordo com o
interesse da criança, respeitando a sua fase de desenvolvimento.
Em contradição a isso, podemos perceber que alguns textos didáticos não trazem a
realidade do aluno, mostrando uma total desconsideração pelos leitores e pelo trabalho do
professor. (SILVA, 2000).
Podemos afirmar que alguns livros didáticos já trazem uma resposta pronta, restando ao
aluno que apenas reforce o que está evidente, trabalha o conteúdo em partes, não como um todo.
Sabemos que certas práticas escolares de leitura mais afastam do que aproximam os
leitores dos livros, e que outras são capazes de proporcionar experiências de
aproximação tão fortes que nos surpreendem. Às vezes, olhamos as primeiras como
males necessários, e as segundas com desconfiança, mas o fato é que ambas constituem
(pela ojeriza ou pelo encantamento) possibilidades de construção das relações entre
leitores e livros na escola. (KLEBIS, 2006, p.34).
Obviamente que a escola juntamente com o professor tem um papel fundamental em
relação ao ensino da leitura, deve proporcionar o máximo de variedades de textos a fim de
21
incentivá-los a adquirir o hábito de leitura. Em consequência disso, não podemos esquecer que os
pais também precisam fazer o seu papel de iniciar a leitura juntamente com seus filhos desde
pequenos, para que não haja uma dificuldade no processo da leitura mais tarde.
2.2 Bibliotecas Escolares
De acordo com Douglas (1971), a criança só vai se interessar por uma biblioteca, quando
o bibliotecário souber compreendê-la, conquistá-la, e principalmente despertar uma curiosidade
na criança pela leitura, mostrar para a criança a diversidade de livros que a Biblioteca possui. Ir à
biblioteca deverá ser uma prática constante, para que o aluno adquira o hábito em sua vida e se
torne uma prática autônoma ao longo de sua vida.
Segundo Douglas (1961), a Biblioteca escolar deverá ocupar um espaço interior da
escola, ou seja, um lugar central da escola para facilitar a todos, a biblioteca terá que estar
localizada num lugar relativamente calmo da escola, com objetivo que nela todos possam estudar
com tranquilidade, não poderá estar localizada numa vizinhança de salas de aula ou perto de
campos de educação física, de aula de canto ou de música, do refeitório ou dos pátios.
Segundo Silva (1998), a descoberta de novas funções, inserindo uma preocupação com
os problemas da leitura ainda serve para aproximar os bibliotecários com os professores através
de diálogos, gerando propostas conjuntas. Acreditamos que o bibliotecário além de ser um mero
executor de tarefas burocráticas, ele deverá elaborar estratégias de incentivo a imaginação da
criança, com a função de dirigir as crianças conhecimentos profundos sobre o texto infantil.
Segundo Douglas (1971), no passado os professores só tinham um auxílio que era a
famosa cartilha, o fazer aprender de cor era a última palavra da pedagogia na qual hoje não se usa
mais o método da cartilha para alfabetizar as crianças e sim os livros ficaram mais fortes para o
ensino no processo de aprendizagem.
Hoje os educadores podem trabalhar com inúmeros meios que permitem acelerar o
processo de conhecimento do aluno e a biblioteca tem um papel fundamental no processo de
conhecimento nesse ensino novo, pois com o auxílio dela, os alunos irão enriquecer-se em todas
as disciplinas no processo de aprendizagem, mas também irá oferecer elementos de todos os
graus de dificuldades.
22
Há um laço necessário entre a aprendizagem e a prática da leitura. É verdade que,
primeiro, trata-se de inculcar-lhe os mecanismos da leitura, mas cumpre também
empenhar-se em que o aluno compreenda o que lê, ganhando assim maior interesse pelo
assunto. Por consequência, o ensino da leitura não será completa se não dermos á
criança bom material de leitura. Para isso, o melhor é que a escola tenha uma biblioteca
abundantemente provida de livros de todos os níveis e sobre assuntos os mais diversos.
(DOUGLAS, 1971, p11 e 12)
Há muitas bibliotecas nas escolas cujo funcionamento é realizado pelos próprios
alunos e pelos professores e outras em que esse cuidado fica a cargo de uma comissão de pais e
alunos, para que os alunos possam ter o contato com o livro.
Segundo Douglas (1971) para que os leitores venham até uma biblioteca é necessário
que a biblioteca seja uma sala agradável, que o lugar seja colorido de modo que possa atrair as
crianças, os professores têm que levar seus alunos toda semana em uma biblioteca e deixá-los à
vontade, deixar que eles escolham o livro a seus gostos, mas o mais importante para atrair um
leitor para a biblioteca é a ação do bibliotecário instruindo com eficácia o aluno sobre os livros
que a biblioteca possui.
Segundo Silva (1998), para uma biblioteca atrair o leitor é preciso que contenha livros
de varias áreas como contos de fadas, de ficção, que faça com que o aluno viaje no mundo
imaginário, livros de fantasia, de romance etc., para que os alunos viajem e sonhem através de
livros de literatura infantil.
Portanto, cabe a nós educadores, pais ou bibliotecários, como indivíduos responsáveis
pela formação dos leitores de hoje, transformar as dificuldades que os nossos leitores encontram
ao tentar se aproximar do mundo da leitura. Devemos estar a espera para ajudá-los nas suas
dificuldades da leitura.
2.3 – Possibilidades de trabalho com a leitura na escola
É fundamental que os professores trabalhem a leitura na escola proporcionando
variedades de livros, diversos tipos de leitura, levar os alunos a biblioteca e deixá-los à vontade
para escolher seus livros a seu gosto. Porém, sempre deve existir a orientação com relação à
leitura, seja por parte do professor ou do bibliotecário.
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Diante disso podemos perceber que a leitura é o fator mais importante na escola e na
nossa vida, como diz Cagliari (2001):
A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender
na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança
maior do que qualquer diploma. (CAGLIARI, 2001. p.148)
Segundo Jolibert (1994, p.31), não existe manual de leitura, e nem a velha leitura rotineira
de todas as manhãs. Lê-se durante todo momento, durante o dia, em função da vida, pois nossa
vida está cheia de oportunidades de leitura e o “nosso problema está mais em encontrar tempo
para tudo do que encontrar textos”.
Segundo os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (2001), o domínio da língua
oral e escrita é fundamental para participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se
comunica, tem acesso às informações, expressa e defende pontos de vistas, partilha ou constrói
visões do mundo, produz conhecimentos, por isso a escola tem a responsabilidade de garantir a
seus alunos os saberes linguísticos.
Certamente como vimos cabe à escola ensinar os alunos a utilizar a linguagem oral nas
diversas situações comunicativas de sua vida, principalmente nas mais formais: planejamentos e
realização de entrevistas, debates, seminários que irão apresentar nas escolas ou em palestras,
diálogos com autoridades, dramatização etc.
É preciso que os alunos saibam que o mínimo para ser um leitor comunicativo, é ter um
bom diálogo com as pessoas.
O trabalho com a leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e,
consequentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos
eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade
e fonte de referencia modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria –
prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de
modelos: como escrever (PCN, 2001, p.53)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa (2001) mostram diversas
possibilidades de trabalho com a leitura na escola, como, por exemplo, leitura colaborativa, uma
atividade na qual a professora lê um texto e durante a leitura a classe questiona sobre as pistas
linguísticas que possibilitam a atribuição de determinados sentidos, trata-se de uma estratégia
didática para o trabalho de formação de leitores através de “roda de leitores”, periodicamente os
24
alunos tomam emprestado um livro (da biblioteca da escola) para ler em casa, os alunos tem um
dia combinado para discutirem com os amigos o que gostaram ou não do livro que leram e assim
trocarem experiências.
Com relação às produções de texto, Cagliari (2001), diz que em relação às produções de
textos as crianças devem poder escrever o que quiserem como quiserem. A professora deve
orientar quanto à forma do que se vai escrever, um bilhete, uma história, uma carta, etc. A partir
da produção de textos das crianças, podem-se fazer comentários a respeito de tudo o que achar
relevante, da ortografia à análise discursiva do texto produzido. Essa prática deveria ser bastante
frequente, pois é um excelente ponto de partida para todas as outras atividades escolares.
Sem dúvida esse é um excelente método, pois deixando a criança à vontade para redigir
seus textos, sem pressão por parte do professor, ela não ficará presa na parte ortográfica e dará
mais ênfase a sua produção textual e se sentirá valorizada em seu trabalho.
Portanto, quando oferecemos condições para que os alunos criem seus próprios
textos,estamos proporcionando a formação de bons leitores e até mesmo bons escritores. Por isso,
formar bons escritores depende não só de uma prática continuada de produção de texto, mas de
uma prática constante de leitura.
“Para aprender a ler e a escrever é preciso pensar sobre a escrita, pensar sobre o que a
escrita representa e como representa graficamente a linguagem” (PCNLP, 2001, p.82).
No primeiro caso, os textos mais adequados são as quadrinhas, parlendas e canções que,
em geral, se sabe de cor; e, no segundo, as embalagens comerciais, os anúncios, os
folhetos de propaganda e demais portadores de texto que possibilitem suposição de
sentido a partir do conteúdo, da imagem ou foto, do conhecimento da marca ou do
logotipo, isto é, de qualquer elemento do texto ou do seu entorno que permita ao aluno
imaginar o que poderia estar aí escrito. (PCN, 2001, p 83).
Segundo Jolibert (1994), na escola não basta fazer com que as crianças leiam ,produzam
textos: o papel específico da escola é ensinar a ler, produzi-los, isto é, fazer experimentar e
explicitar os indícios e as estratégias utilizadas, de maneira que cada criança se torne capaz de
gerir sozinha sua tarefa de leitura ou produção de um escrito.
25
CAPITULO III - ANALISANDO OS CLÁSSICOS INFANTIS
Neste capítulo faremos uma breve análise da história do “Pequeno Polegar”, baseando na
análise de Bruno Bettelheim, que através dos contos de fadas as crianças trazem suas
experiências, seus medos, suas indagações, suas conquistas, enfim, elas fazem uma ponte entre o
que realidade e o que é ficção.
“A criança não vê os perigos existenciais objetivamente, mas fantasticamente exagerados,
de acordo com seu medo imaturo”. (BETTELHEIM, 2007, p.231).
A análise feita é do Pequeno Polegar um clássico da literatura infantil do autor Constanza
contida na coleção Sonho Infantil que conta a história de uma família muito pobre e com muitos
filhos. Essa família tinha um dos filhos que era muito esperto e quando saíam para trabalhar na
floresta levavam todos para brincar.
Certo dia, enquanto seus pais trabalhavam as crianças brincando perceberam que estavam
perdidas na floresta, mas o pequeno polegar muito esperto tinha deixado farelinhos de pão no
chão para marcar o caminho de volta, no entanto, foi em vão, pois os pássaros haviam comido e
ficaram perdidos.
Então quando já anoitecia avistaram uma luz que brilhava e correram eufóricos em sua
direção, era uma casa com uma senhora muito simpática que os convidou para entrar e os acolheu
com muito carinho.
As crianças exaustas caíram na cama e logo adormeceram. Apenas Polegar não dormiu e
no meio da noite viu um gigante que queria comê-los, então rapidamente acordou seus irmãos e
fugiram para floresta novamente.
Percebendo sua ausência o gigante os perseguiu, mas cansado adormeceu profundamente
na floresta e aproveitando a situação Polegar tirou as botas do gigante e junto com seus irmãos
entraram nelas e voaram de volta para casa. No caminho encontrou um rei e entregou as botas
para ele e como recompensa recebeu um saco de moedas de ouro, voltou para casa e nunca mais
sua família passou necessidade.
Esse clássico é uma obra bem ilustrativa, com muitas cores, paisagens diversas, animais,
crianças e adultos, contendo oito páginas com letras de fácil visibilidade, com palavras simples
de fácil entendimento e capa bem ilustrativa, despertando o interesse da criança pela literatura.
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As personagens são crianças inocentes, alegres, unidas e acostumadas com a vida de privações,
contentando-se em brincar na floresta enquanto seus pais trabalham.
“O Pequeno Polegar estava catando lenha na floresta com seus pais e irmãos. A família
era muito pobre e a fome e a necessidade batia à sua porta”.
Com a análise da história, Bettelheim (2007) aborda que uma história nesse contexto é
bem realística, pois, os pais são pobres e se preocupavam em cuidar de seus filhos, tendo que
trabalhar e não dando a devida atenção à eles.
Segundo Bettelheim (2007, p.223) os contos de fadas populares transmitem uma verdade
importante, a pobreza e a privação que não aperfeiçoam o caráter do homem, tornando-o mais
egoísta, menos sensível ao sofrimento dos outros e sendo assim está sujeito a praticar más ações.
Acontecem em várias histórias como o clássico de “João e Maria” que contextualiza
praticamente a mesma idéia do “O pequeno Polegar”, uma criança quando está em contato com
esse tipo de livro, se envolve e se identifica com a história, e prendendo sua atenção.
...mas a leitura dos bons livros de literatura traz também ao leitor o outro lado dessa
moeda: o contentamento de descobrir em um personagem alguns elementos em que eles
se reconhece plenamente. Lendo uma história, de repente descobrimos nela umas
pessoas que, de alguma forma, são tão idênticas a nós mesmos, que nós parecem uma
espécie de espelho... (MACHADO, 2002, p 20).
Num segundo trecho analisamos: “Os meninos ficaram brincando na floresta, longe dos
pais. O Pequeno Polegar, muito inteligente, tinha deixado farelinhos do seu pedaço de pão pelo
chão, para que pudessem voltar pelo mesmo caminho. Quando os irmãos notaram que estavam
perdidos, o Pequeno Polegar começou a procurar os farelos de pão, mas foi em vão. Os
passarinhos haviam comido tudo!”.
Através desse trecho podemos analisar que Polegar ao usar migalha de pão para marcar o
caminho de volta, segundo Bettelheim, (2007, p 224), o pão representa aqui além do alimento em
geral, um meio de salvação, “a corda salva-vidas” do homem, uma imagem que devido sua
angústia, Polegar toma literalmente, mostra que através do medo agimos sem pensar nas
consequências que virão, no caso do pão, não pensou que os passarinhos podiam comê-los.
Segundo o autor Bettelheim, (2007), os pássaros deviam saber que era preferível para o
Pequeno Polegar que ele não descobrisse como voltar da floresta diretamente para casa, mas, em
27
vez disso, se arriscassem a enfrentar os perigos do mundo. Em consequência de seu encontro,
ameaçados pelo gigante, tanto as crianças como os pais vivem mais felizes daí por diante.
Depois de se familiarizar com o Pequeno Polegar, a maioria das crianças compreende,
pelo menos inconscientemente, que o que sucede na casa paterna e na casa do gigante não são
senão aspectos separados daquilo que na realidade constituem uma única experiência total.
Quando as crianças ficaram perdidas elas sentiram medo, a história conta que: “uma
simpática senhora abriu a porta e convidou os meninos para entrar”, de acordo com o Bettelheim,
(2007, p 228), uma “simpática senhora” é uma figura materna perfeitamente gratificante, uma vez
que nos é dito que “ela os tomou pela mão e os levou para dentro de sua casinha”, então colocou
em uma boa cama depois cobriu com lençóis brancos e limpos, e o Pequeno Polegar se deita e
pensa estar no céu, as outras crianças, no entanto se sentem acolhidas à noite toda até a manha
seguinte quando ocorre um rude despertar desse sonhos de felicidade infantil,” a velha apenas
fingiria ser tão amável, na realidade era uma velha má preparando uma refeição para o gigante”.
Ao perceber o que estava acontecendo “os irmãos conseguiram fugir para a floresta, mas
o gigante foi atrás com suas grandes botas”, o autor relata que é assim que a criança se sente
quando é assolada pelos sentimentos ambivalentes, frustrações e angústias do estágio edipiano2
de desenvolvimento, assim como pelos desapontamentos prévios e pela raiva por conta de
fracassos por parte de sua mãe para satisfazer-lhe as necessidades e desejos tão integralmente
quanto esperava.
Assim o desejo de polegar e de seus irmãos de voltar para casa se torna o maior presente,
assim “o Pequeno Polegar aproveitou a oportunidade que o gigante dormia e tirou suas botas”.
“Então os irmãos entraram nas botas e voaram de volta para casa”, segundo Bettelheim, (2007), o
lar paterno “próximo a uma grande floresta” e a casa fatídica nas profundezas da mesma floresta
não são, num nível inconsciente, senão os dois aspectos do lar paterno: o gratificante e o
frustrante, então a criança que pondera por conta própria sobre os detalhes de” o Pequeno
Polegar” descobre um significado na maneira como começar o fato do lar paterno estar situado
bem à beira da floresta em que tudo acontece sugere o que vai se segui era desde o inicio
iminente.
2
Complexo edipiano: Tese formulada por Sigmund Freud (1980) para explicar a formação do psiquismo na criança
associado as trocas afetivas estabelecidas com a figura materna.
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Esse é o modo dos contos de fadas exprimirem pensamentos por meio de imagens
marcantes que levam a criança a usar sua própria imaginação para alcançar uma compreensão
mais profunda, Bettelheim, ( 2007).
Para compreender o que a criança sente o autor cita que:
A criança em idade escolar frequentemente ainda não pode crer que um dia será capaz
de enfrentar o mundo sem os pais: é por isso que deseja se agarrar a eles para além do
ponto necessário. Precisa aprender a confiar em que algum dia dominará os perigos do
mundo, mesmo na forma exagerada em que seus medos os pintam, e enriquecer-se com
isso. ( BETTELHEIM, 2007, p 231)
De acordo com o autor as fábulas são contos populares transmitidos de geração a geração,
pois parece ser em seu estado genuíno, uma narrativa na qual, com o propósito de instruir
moralmente, se finge que seres irracionais e algumas vezes inanimados agem e falam com
interesses e paixões humanas, sendo assim, as fábulas sempre afirmam explicitamente uma
verdade moral, não existe significado oculto, nada é deixado à nossa imaginação.
O conto de fadas, portanto, em comparação deixa todas as decisões por nossa conta,
inclusive à de querermos ou não, tomá-las, cabe-nos decidir se desejamos aplicar algo de um
conto de fada à nossa vida ou simplesmente, apreciar as situações fantásticas a que se refere. O
nosso prazer é o que nos induz a reagir oportunamente aos significados ocultos, na medida em
que possa se relacionar à nossa experiência de vida e ao presente estágio de desenvolvimento
pessoal.
29
Considerações Finais
Quando iniciamos este trabalho pretendíamos demonstrar a importância da literatura
infantil nas séries iniciais, assim através de levantamentos bibliográficos podemos observar que
vários autores compartilham e postulam a importância da literatura infantil nas séries iniciais.
No primeiro capítulo procuramos fazer um breve relato sobre a concepção da infância de
antigamente, sobre sua descoberta, sua educação, fazendo nos entender seu processo de vida até
chegar à atualidade que nos cerca, de maneira que podemos perceber suas modificações.
Através destas literaturas, observamos que a infância é um conceito novo, Áries (1981)
salienta que a concepção de infância simplesmente não existia, as crianças eram vistas como
adultos em miniatura, só serviam para ajudar nas tarefas diárias, não tinham diferenças alguma
diante dos adultos, só a partir do século XIII aparecem às primeiras diferenciações é sua evolução
pode ser acompanhada e descobertas pela iconografia no século XV surgindo os primeiros relatos
de crianças sozinhas ou com sua família, não se tinha uma educação adequada para elas, essa
concepção só mudou no ínicio da idade média, proporcionando o surgimento do afeto entre pais e
filhos, a criança passa a ter um novo papel na sociedade. Partindo desse pressuposto também no
primeiro capítulo, abordamos uma breve história da literatura infantil no Brasil, que só teve início
num período em que o país estava passando por transformações e se modernizando
economicamente e culturalmente.
No segundo capítulo tratamos da leitura na escola, seus benefícios tanto na escola como
na vida do cidadão, pois partimos do pressuposto que a escola é responsável pela formação do
cidadão como um todo e não só na parte da transmissão de conhecimento.
Abordamos autores renomados como Kramer (1996), Machado (2002), dentre
outros.Segundo Machado (2002) à leitura é essencial, ela deve ser agradável, despertar o
interesse, caso contrário, só servirá para nos afastar do ato de ler, trazendo aversão àqueles livros
que leu.
Pesquisamos também a importância das bibliotecas escolares, que deve ser um lugar
agradável, calmo para que a criança se interesse pela leitura, e sem deixar de citar a importância
do bibliotecário, se suas ações, do tratamento com as crianças. E tratamos também de algumas
possibilidades de trabalho com a leitura na escola, analisando sobre a importância de se orientar à
leitura, seja por parte do professor ou do bibliotecário, ao contrário do que muitas vezes vemos
30
nas escolas, ou seja, bibliotecas fechadas, onde os livros servem apenas para encher as
prateleiras.
Já no terceiro capítulo fizemos uma análise de um clássico infantil a partir da visão de
Bettelheim (2007) em relação às histórias infantis, usando suas idéias e fazendo comparações
baseadas no seu texto, a fim de que se perceba qual a finalidade de se contar uma história infantil
com olhares diferenciados. Portanto, ao escrevemos sobre a importância da literatura infantil nas
séries iniciais, este trabalho teve a intenção de destacar que o livro de literatura infantil é
essencial para o aprendizado e o desenvolvimento da criança e baseado nesse fato, os pais e as
escolas tem um papel fundamental na inserção desse material riquíssimo com as crianças que
estão iniciando o gosto pela leitura.
Sabemos que quanto mais a criança lê ou ouve histórias mais ela enriquece seu
imaginário, cria histórias diferentes a partir daquelas que lhe são contadas. Sendo um dos maiores
benefícios da inserção da literatura infantil nas séries iniciais, o fato de que através dela, o aluno
pode buscar o desconhecimento, reconhecer nos personagens alguns elementos que fazem parte
do nosso cotidiano e acabam contribuindo para melhor entendermos o sentido de nossas próprias
experiências, sejam elas boas ou más.
Através da leitura e do hábito de ler a criança torna-se mais criança e, portanto com
condições de produzir uma escrita mais rica e coesa, contribuindo assim com o seu processo de
ensino aprendizagem. Observamos também que nos dias atuais se faz necessário que o aluno
saiba ler e compreender a mensagem inserida no texto, ou seja, não basta apenas ler e sim
interpretar o sentido que se apresenta através do contexto. E é através do hábito da leitura
desenvolvido desde a infância que esta competência vai ser desenvolvida.
Para isso, observamos através da pesquisa bibliográfica que o interesse em ler, o prazer
em ler e o contato com os livros deve ser iniciado desde muito cedo, mesmo antes de
alfabetizadas, as crianças pode usufruir diversos livros com figuras e com certeza irá
compreender o livro muito bem, do seu modo, mais vai ler simbolicamente, muitas vezes
contando ou recontando aos seus colegas e familiares a história ou outra que ela inventou a partir
da que leu, que o processo ensino aprendizagem se faz. Desenvolvendo não só o gosto pela
leitura como também a sua oralidade.
Contudo, não podemos deixar de citar que o ambiente de leitura deve ser calmo,
agradável, confortável, colorido, diversificado, propício para que esta relação com livros seja
31
sempre prazerosa e com isso o interesse pela leitura se perpetue no decorrer da sua vida. Também
deve ser uma atividade frequente e não esporádica, pois um hábito não se desenvolve se esta
atividade não for constante.
Assim, podemos concluir que a responsabilidade em desenvolver o hábito da leitura,
desde a infância é do professor e também da família e que a criança aprende de forma
significativa se tiver bom exemplos de leitores no seu cotidiano. O que o professor deve também
ser um leitor, pois sendo uma pessoa que possui o hábito de ler, mais facilmente estimulará o
hábito de leitura em seus alunos.
Hoje nas escolas já existe uma grande diversidade de títulos disponíveis. No entanto, deve
ser uma preocupação de todos os educadores propiciarem um ambiente enriquecedor e de fácil
acesso, para que as bibliotecas não se configurem apenas como depósitos de livros.
32
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