1 A EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL: o período de 1930 a 2010 Fernando Antônio França Sette Pinheiro Júnior1 Resumo curto: O trabalho busca analisar o provimento das políticas sociais no Brasil de 1930 até os dias atuais, e a mudança deste durante o período, com base nas ideias de Marshall e da relação Estado-Mercado-Famílias. Com o arcabouço teórico consolidado, se percebe a divisão em quatro grandes períodos: 1930 a 1964, período de surgimento de algumas políticas sociais; 1964 a 1985, marcado pela ditadura e pela falta de comprometimento com os mais necessitados; 1985 a 1994, período de redemocratização com grande apelo pelas políticas sociais; e 1994 aos dias atuais, período de consolidação de algumas das políticas sociais revindicadas no período anterior. Dessa maneira, o presente estudo visa fazer uma reflexão das políticas sociais no Brasil, e demonstrar que apesar de aparentar que as políticas sociais são poucas efetivas, elas evoluíram de maneira significativa. Palavras chave: Políticas Sociais, Estado, Brasil Resumo expandido: A provisão de serviços sociais na maioria dos países é uma mistura de provisão social pública e privada. O Estado e o mercado interagem continuamente ao longo da história e definem as formas de provisão social presentes nos países. Com a análise do mix público-privado tem-se o escopo das necessidades humanas que são dadas como direito social (iniciativa pública) e quais são relegadas ao mercado (iniciativa privada). (Esping-Andersen, 1991) Para as provisões sociais serem consideradas públicas elas devem ser diretamente legisladas e administradas pelo Estado ou deve existir um mandato 1 Mestrando no curso do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Endereço de correspondência: Avenida Olegário Maciel, 1741, 900, Lourdes, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 30180-111. Endereço de e-mail: [email protected] Telefone: (55 31) 3275-4403 ou (55 31) 8803-4224 Fax: (55 31) 3915-0723 2 governamental para que setor privado forneça o serviço. A relação causal proposta por Esping-Andersen (1991) é que o mix público privado reflita a estrutura de provisão do bem-estar de um país. A partir do momento em que o Estado coloca sobre sua responsabilidade a execução de determinados serviços sociais, esses serviços sociais passam a ser considerados políticas públicas com cunho social, ou seja, são políticas sociais. Desde 1930 o Brasil passou por um processo de desenvolvimento econômico, modernização social e participação política, acompanhado de períodos autoritários e de crises econômicas. O crescimento da econômica e as mudanças do comportamento demográfico, assim como a melhora as condições de vida das pessoas e o aumento da participação do setor público na prestação de serviços sociais demonstraram a importância de se estudar como ocorre a dinâmica das políticas sociais no Brasil. Mas é valido ressaltar que esse processo de evolução das políticas sociais ocorreu de maneira desigual, sem atender a população que realmente necessita. Com a Constituição de 1988 passa a ficar claro o dever do Estado em prover de maneira universal os serviços sociais básicos, saúde, educação de qualidade e previdência social. O crescimento econômico brasileiro nos anos 2000, proporcionado pela estabilidade econômica e social conquistada nos anos 1990 fez com que esse papel do Estado fosse confirmado. Porém o Estado tem encontrado dificuldade em manter uma política social universal e de qualidade, principalmente devido ao fato de esse vir atendendo as demandas de atendimento básico. Atualmente, com a maior consciência dos seus direitos, a sociedade revindica demandas mais complexas, ocasionando um aumento do custo da política social. Concomitante às maiores revindicações e aumento dos custos, o setor público parece ter chegado ao seu limite de tributação e de aumento da sua rede de serviços. Dessa maneira, o presente trabalho visa entender como o Estado Brasileiro se comporta perante esse mix, ou seja, como o Estado Brasileiro tem interagido com o mercado para a oferta dos serviços sociais durante o último século. Para se fazer essa analise, se faz um corte temporal do período de 1930 a 2012, apresentado as políticas sociais no período e suas peculiaridades, demonstrando a maneira como o governo faz políticas sociais atualmente não tem as mesmas características de períodos anteriores, e mostrando a evolução desta. 3 Primeiramente será apresentado o conceito de cidadania proposto por Marsahall, que demonstra como foi a construção dos direitos civis e políticos até se alcançar o direito social. Elaborada esse conceito será apresentado o desenvolvimento da política social durante a história. Esse embasamento permitirá o estudo das políticas sociais no Brasil. Em relação ao processo de constituição das políticas sociais no Brasil, separa sua consolidação em cinco diferentes períodos (1930 a 1964, 1964 a 1985, 1985 a 1988, 1988 a 1992, 1994 a 2012). No primeiro período houve a introdução das políticas trabalhistas no Brasil e a expansão fragmentada e seletiva dos direitos. O segundo período é caracterizado como consolidação institucional, expansão massiva e reestruturação conservadora. O terceiro ocorreu com a Constituinte de 1988 que definiu um perfil universal de provisão social, um valor mínimo para os benefícios, expansão de direitos sociais para novos grupos (principalmente trabalhadores rurais) e ampliação de benefícios para os funcionários públicos. Esse período se deu em um contexto de redemocratização e instabilidade econômica. O quarto período foi marcado por turbulências políticas e pouco foi feito no período. O quinto período pode ser dividido em outros dois, do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que focou em dois aspectos principais: reforçar e melhorar o impacto das políticas sociais universais (educação, saúde, assistência social, habitação e saneamento) e introduzir os programas de trabalho, emprego e renda. Destaca-se, também, a importância de se considerar o contexto econômico em que se encontravam essas reformas. O baixo crescimento, as altas taxas de desemprego e pobreza e o enfraquecimento da capacidade do Estado atrapalharam a manutenção e expansão dos serviços sociais nesse período. No Governo de Luis Inácio Lula da Silva deve-se destacar o bom momento econômico do governo, que ajudou no desenvolvimento e aprimoramento das políticas sociais já existentes. Esse governo buscou uma maior focalização das políticas sociais, e a unificação de vários dos programas que estavam dispersos, principalmente os de transferência de renda, buscando atender aqueles que mais necessitados. No final do governo, teve-se uma preocupação com as políticas de habitação, porém, não houve por parte do governo mudanças significativas para as demais políticas sociais, como educação e saúde. 4 PRINCIPAIS REFERÊNCIAS: DELGADO, Mauricio G. e PORTO, Lorena V. (orgs) O Estado de Bem-estar social no século XXI. São Paulo Ed. LTr, 2007 DRAIBE, Sônia M. 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