1 Pleonasmo / Maria Irma Hadler Coudry Caro Aluno: Essa atividade pós-exibição é a sexta, de um conjunto de 7 propostas, que têm por base o primeiro episódio do programa de vídeo Viagem ao cérebro. As atividades pós-exibição são compostas por textos que retomam os programas e encaminham sugestões de atividades a serem realizadas por vocês. Recomendamos que elas sejam feitas após a exibição em sala de aula desse episódio. No Portal do Professor você encontrará um jogo interativo correspondente a esse mesmo episódio e que trata dos mesmos temas das atividades. 2 Pleonasmo / Maria Irma Hadler Coudry Atividade Pleonasmo Episódio A luz no fim... da lixeira? Programa Viagem ao cérebro Subir para cima ou descer para baixo? Certamente você já ouviu alguém sendo corrigido por dizer “subir pra cima”, “entrar pra dentro”, “descer pra baixo”, não é? Geralmente essas expressões, apesar de muito comuns na linguagem oral, soam estranhas aos nossos ouvidos, pois são redundantes, repetitivas. O verbo subir, por exemplo, já significa “ir ou levar para cima” (Houaiss) e não é possível “subir para baixo”. Dessa forma, o “para cima” já está implícito no verbo subir e não precisaria ser repetido. Nestes casos, dizemos que se trata de um vício de linguagem, um pleonasmo vicioso. São expressões que, apesar de apresentarem informações desnecessárias, já estão cristalizadas na nossa língua falada. Pleonasmo é uma palavra de origem grega que significa superabundância, ou seja, muito, muito mesmo! E é justamente essa a ideia que ele passa quando empregado em uma expressão do nosso dia-a-dia: sair para fora; sussurre baixo; voltar atrás; há anos atrás; escolha opcional; repetir de novo; beco sem saída; ganhar grátis; criação nova; sorriso nos lábios; coqueiro que dá côco etc. Esses exemplos mostram que a língua acolhe certas formas e outras não, e que isso depende de fatores de natureza social que determinam o como dizer, considerando quem diz e para quem se diz. Por isso, nem sempre o pleonasmo é um vício, algo ruim que deve ser evitado na norma culta de nossa língua. Veja a expressão certeza absoluta – que todos nós falamos, e não identificamos como erro ou como um vício de linguagem. O pleonasmo também pode ser uma figura de linguagem, assim como a metáfora, a onomatopéia, o eufemismo, e tantas outras. O pleonasmo é literário quando uma expressão ou ideia é repetida por uma questão de estilo, resultando em um efeito de 3 Pleonasmo / Maria Irma Hadler Coudry ênfase. Esse recurso é bastante usado por grandes escritores. Veja o exemplo abaixo. "Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal" O poeta português Fernando Pessoa, autor desse verso, poderia por certo ter ocultado a palavra salgado dessa construção, afinal, todo mar já é salgado por natureza. Mas, observe a consequência da omissão dessa palavra para o sentido do verso. "Ó mar, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal" As palavras mar, salgado, sal e lágrimas são relacionadas, de forma brilhante, pelo autor e acabam criando uma imagem mais forte para o verso, à altura daquilo que Pessoa quer representar: um tributo aos viajantes e exploradores portugueses que arriscavam suas vidas em nome da pátria em terras desconhecidas, como o Brasil. Esse efeito de destaque, portanto, é um toque engenhoso do autor para passar uma ideia que vai muito além dos significados próprios das palavras que ele escolheu para construir seu verso. Autores: Maria Irma Hadler Coudry (coordenadora) Sonia Maria Sellin Bordin Michelli Alessandra Silva Giovana Dragone Rosseto Antonio Ana Laura Gonçalves Nakazoni Exercício 1 Não são apenas os grandes poetas que podem se valer dos pleonasmos. Eles também são utilizados com efeito de humor. Assista ao vídeo, na Internet, no endereço: http://br.youtube.com/watch?v=Qbm2w_T4laY e identifique cinco construções com pleonasmo. Transcreva e depois reescreva as construções, identificadas por você como pleonasmo, de forma a eliminar a redundância desse tipo de construção.