Caro Aluno:

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Formação de palavras / Maria Irma Hadler Coudry
Caro Aluno:
Essa atividade pós-exibição é a segunda, de um conjunto de 7 propostas,
que têm por base o terceiro episódio do programa de vídeo Viagem ao
cérebro. As atividades pós-exibição são compostas por textos que
retomam os programas e encaminham sugestões de atividades a serem
realizadas por vocês. Recomendamos que elas sejam feitas após a
exibição em sala de aula desse episódio. No Portal do Professor você
encontrará um jogo interativo correspondente a esse mesmo episódio e
que trata dos mesmos temas das atividades.
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Formação de palavras / Maria Irma Hadler Coudry
Atividade Formação de palavras
Episódio Viagem ao Cérebro
Programa
Viagem ao cérebro
Saudadeira
Você já parou para pensar como as palavras são formadas? E como as palavras novas
surgem? E as palavras de outras línguas, como entram para a nossa língua? Para
responder essas questões é importante refletir sobre os processos de formação de
palavras em nossa língua (veja também o Programa Vozes da Cidade, episódio 2, Tema
Como as palavras de uma língua são formadas: composição, derivação e empréstimo).
Vamos lá?
Destacamos alguns dos processos de formação de palavras abordados por Abaurre e
Pontara (2006): composição por justaposição e aglutinação, empréstimos lexicais,
neologismos, prefixação, sufixação (nominal, verbal, adverbial).
A composição é o processo no qual dois radicais se unem para formar uma palavra. A
composição pode se dar por justaposição (processo em que os radicais não sofrem
alterações) – como: cachorro-quente, girasssol – ou por aglutinação (processo em que os
radicais sofrem alterações) – como: planalto (plano + alto), pernilongo (perna + longo).
Outros exemplos de processos de formação de palavras são os empréstimos lexicais e os
neologismos. Vejamos primeiramente um empréstimo lexical: a palavra abajur é de
origem francesa (abajour) e foi incorporada em nossa língua em função da forte
influência que essa cultura exerceu no mundo e, consequentemete, no Brasil, sobretudo
no século XVII. Os neologismos, por outro lado, surgem devido à necessidade dos
falantes de expressar algo quando não encontram uma palavra da língua que se ajusta ao
que querem dizer. O fenômeno do apagão, decorrente da crise energética no país em
1999, é um exemplo. Para ser comentado e analisado o fenômeno tem que ter um nome.
Outro exemplo é a palavra imexível criada, na década de 1990, por Antônio Rogério
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Formação de palavras / Maria Irma Hadler Coudry
Magri, ministro do trabalho do governo Collor, quando se referiu ao plano econômico do
governo (Plano Collor) como sendo imexível.
Ressaltamos que tanto os empréstimos quanto os neologismos são incorporados na língua
apenas quando passam a ser usados por grande parte da população e a constar nos
dicionários, ou seja, quando são lexicalizados – o que mostra que a língua tem uma forte
relação com a cultura, a história e o uso social. Chamamos a atenção para os
neologismos: observem que eles seguem o padrão da língua; isto é, as palavras novas não
são criadas ao acaso, mas seguem as regras do sistema da língua, seu ritmo, sua
estrutura.
As palavras também podem ser formadas por processos derivacionais, como a prefixação
e a sufixação. A derivação prefixal se dá pela adição de um prefixo a um radical de
modo a alterar seu sentido inicial; por exemplo: ao verbo disposto podemos acrescentar
o prefixo in para formar a palavra indisposto, que tem sentido oposto à palavra
(disposto) da qual derivou. Já a derivação sufixal se dá pelo acréscimo de um sufixo a
um radical, o que também altera o sentido desse radical. A característica principal desse
segundo processo na nossa língua é a mudança de classe gramatical que promove. Assim,
temos três tipos de derivação sufixal: nominal (como papelada, boquinha, juventude que derivam substantivos ou adjetivos de radicais nominais ou verbais, capazes de
promover mudanças de grau – aumentativo ou diminutivo); verbal (como florescer,
resgatar
–
que
derivam
verbos
de
radicais
nominais);
e,
adverbial
(como
simpaticamente, amigavelmente - que derivam advérbios de adjetivos).
E o que acontece no cérebro quando criamos e registramos esses processos de formação
de palavras?
O cérebro reconhece o padrão de palavra seja para formar novas palavras ou para
(re)conhecer que se trata de uma palavra da língua - conhecida por nós ou não. Por
exemplo: sabemos que apagão pode ser uma palavra de nossa língua mesmo sem saber
seu significado, diferente de apagon, apaghation, apagovski que certamente não
reconheceríamos como sendo do Português do Brasil. E como o cérebro (re)conhece/cria
uma palavra da língua? Os três blocos devem estar ativos para que isso ocorra: o Bloco I
para focar a atenção na palavra nova e na sua relação com outras palavras da língua; o
Bloco II para receber as informações dos órgãos do sentido e juntamente com o Bloco III
analisar, comparar com palavras conhecidas e associar para identificá-la, ou registrar
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Formação de palavras / Maria Irma Hadler Coudry
como uma palavra nova (aceitando sua inclusão no léxico), ou ainda associar para formar
uma palavra nova. No caso de ser uma palavra nova que, por sua vez, se relaciona pela
memória com palavras conhecidas, o cérebro forma um outro caminho que é fortalecido
com a repetição e o uso.
E o que acontece com palavras que não utilizamos muito? Apesar de conseguir
reconhecê-las como sendo da língua podemos esquecer seu significado, sua forma de
grafar ou ainda pode ocorrer de lembrarmos somente de parte dessa palavra, seja
escrita ou falada. É o que aconteceu com Carolina ao tentar se lembrar da palavra
Kremilin. Carolina reconhece a figura do Kremilin no mapa e também que a palavra
começa com “K”. Muito provavelmente isso se deu por ser uma palavra que Carolina não
usa no seu dia-a-dia.
A plasticidade cerebral, isto é, a característica do cérebro de conviver com mudanças,
novos aprendizados, se ajustar a eles e a diferentes situações é que permite que novos
caminhos se entrecruzem com caminhos conhecidos e sejam fortalecidos com o uso;
assim novas palavras são incorporadas ao nosso léxico.
Autores:
Maria Irma Hadler Coudry (coordenadora)
Sonia Maria Sellin Bordin
Michelli Alessandra Silva
Giovana Dragone Rosseto Antonio
Ana Laura Gonçalves Nakazoni
Exercício 1
Você já ouviu falar em Etimologia? Etimologia é o estudo da origem das palavras. Seu
papel é de grande importância para o conhecimento científico, pois conhecendo os
radicais que deram origem a uma palavra fica mais fácil e interessante sua compreensão,
ajuda em sua memorização e na dedução de seu significado. Por exemplo, você conhece
o significado da palavra toponímia? Ela é derivada das palavras gregas τόπος (tópos),
lugar, e νοµα (ónoma), nome, e siginifica literalmente, o nome de um lugar. A
Etimologia é considerada uma parte da Linguística – com fortes ligações com a história, a
arqueologia e a geografia – que estuda os topônimos, ou seja, nomes próprios de lugares,
suas origens e relações com a cultura.
O português do Brasil teve em sua formação uma influência muito grande da língua
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Formação de palavras / Maria Irma Hadler Coudry
indígena Tupi-Guarani (veja também o Programa Causos e falas daqui e dali, episódio 3,
Tema Paca, sabiá, arara e jacaré: Palavras de origem indígena). Vejamos alguns
topônimos tupi-guaranis e seu significado em português:
Anhangabaú - de anhangá+bá (malefício do diabo)+y (água, rio): "rio do diabo"
Butantã - de mbu (lugar, terra)+ tã-tã (dura-dura, muito dura): "terra muito dura"
Nos exemplos acima, apesar das diferenças entre a língua original (Tupi-Guarani) e o
Português do Brasil, é possível reconhecer um processo de formação de palavra. Que
processo é esse? Justifique sua resposta.
Exercício 2
Agora, imagine que você está chegando pela primeira vez na cidade de São Paulo e se
depara com as seguintes localidades: Ibirapuera, Cangaíba, Guaianazes, Jabaquara,
Itaim, Mooca, Pacaembu, Sapopemba, Tucuruvi, Tremembé. Curioso(a) você decide
descobrir o significado do nome de cada uma dessas localidades. Escreva o que
descobriu, pesquisando em livros ou na internet, se envolvendo com o tema, articulando
e associando com conhecimentos anteriores, o que faz seu cérebro trabalhar como um
todo, num vai-e vem constante entre os Blocos.
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