Aprendizagem em Física 19 de maio de 2009 Energia, entropia e ... Aprendizagem em Física – 19/05/2008 Referências básicas Arnold B. Arons – Teaching Introductory Physics Parte III – Capítulo 4 – Energy Outras leituras sugeridas: Alonso & Finn, Física: um curso universitário, vol. 1, cap. 9, Ed. Edgard Blücher, SP H. M. Nussenzveig, Curso de Física Básica, vol. 2, cap. 10, Ed. Edgard Blücher, SP Enrico Fermi, Thermodynamics, Dover Publications, NY 1 Capítulo 4 – Energia 4.1 – Mudança no mundo ao nosso redor 4.2 – Revisão de impulso, momento e colisões 4.3 – Aceleração horizontal de uma partícula sob ação de forças constantes 4.4 – Deslocamento vertical de uma partícula sob ação de forças constantes 4.5 – Deslocamento de uma partícula sob ação de forças variáveis 4.6 – Deslocamento de uma partícula contra a força restauradora de uma mola 4.7 – Vocabulário: trabalho e energia cinética 4.8 – Energia potencial 4.9 – Unidades e dimensões 4.10 – Colisões perfeitamente inelásticas 4.11 – Usando o novo vocabulário 4.12 – Modelos para a natureza do calor 4.13 – O ataque de Rumford ao modelo do calórico 4.14 – A relação quantitativa entre trabalho e calor 4.15 – O enunciado de Joule do princípio da conservação da energia 4.16 – Corpos extensos e sistemas, em oposição a massas pontuais 4.17 – Calor, trabalho e mudança de estado: a primeira lei da termodinâmica 4.18 – As variedades de energia interna 4.19 – Lidando com corpos extensos 4.20 – Massa e mola sem atrito 4.21 – Pulando verticalmente para cima 4.22 – Trabalho e calor na presença do atrito de deslizamento 4.23 – Status lógico das leis de conservação Sistema de partículas: modelo de descrição do mundo microscópico calor e temperatura (conceitos básicos) a física associada: termodinâmica, teoria cinética, hidrodinâmica, ... as idéias e sua operação: conservação de energia, energia interna de um sistema, a degradação da energia, entropia e desordem, ... aplicações sociais e tecnológicas questão preliminar (epistemológica?) todo = soma das partes sistema = “soma” das propriedades dos constituintes 2 Sistema de partículas uma partícula: leis de Newton sistema de partículas: “soma” de partículas momento linear N r N r r P = ∑ p i = ∑ mi v i r dpi r res = Fi dtr dP d N r N r ext N r int r ext = ∑ pi = ∑ Fi + ∑ Fi = Fres dt dt i=1 i=1 i=1 r dP r ext = Fres dt momento angular r N r N r r r d li = rτires L O = ∑ li( O ) = ∑ mi r i × v i dt i=1 i=1 r dL d N r N r ext N r int r ext = ∑ li = ∑ τi + ∑ τi = τres dt dt i=1 i=1 i=1 r dL r ext = τres dt i=1 i=1 energia N N r 1 T = ∑ t i = ∑ mi v i2 2 i=1 i=1 interações internas? A variação da energia cinética de um sistema de partículas é igual ao trabalho realizado sobre o sistema pelas forças internas e externas. para uma partícula de um sistema, somando para o sistema, ∆Eicin = W RES = WiINT + WiEXT ∆ECIN = W INT + W EXT Ao contrário do que acontece com a resultante das forças internas e dos torques das forças internas, o trabalho realizado pelas forças internas não é necessariamente nulo; consideremos um sistema de duas partículas, duas massas ligadas por uma mola: W INT = ∑ WiINT = W1INT + W 2INT i r r W1INT = ∫ F1( 2 ) ⋅ d r1 r r r r W 2INT = ∫ F2(1) ⋅ d r2 = − ∫ F1( 2 ) ⋅ d r2 r d r1 r d r2 r r r W INT = ∫ F1( 2 ) ⋅ (d r1 − d r2 ) 3 O trabalho das forças internas PODE ALTERAR a energia cinética de um sistema de partículas ∆ECIN = W INT + W EXT para o sistema de partículas, O trabalho realizado pelas forças internas não é necessariamente nulo; para um sistema de duas partículas, r r r r W INT = ∫ F1( 2 ) ⋅ (d r1 − d r2 ) = ∫ F 1( 2 ) r ⋅ d r1( 2 ) A idealização de sistemas físicos como corpos rígidos permite uma situação em que o trabalho realizado pelas forças internas é sempre nulo. Se todas as forças internas forem conservativas, podemos imaginar uma função – a energia potencial interna do sistema: r r int ∆EPOT = − W INT = − ∫ F ⋅ d r1( 2 ) 1( 2 ) Para um sistema de partículas, então, há uma grandeza – que costumamos denominar energia própria do sistema (Alonso & Finn, vol. 1, seção 9.6) TOTAL U = ECIN + EINT POT Da relação entre trabalho e energia cinética para um sistema de partículas, ∆ECIN = W INT + W EXT podemos escrever int EXT ∆ECIN = W INT + W EXT = −∆EINT POT + Wnc + W ou seja, a variação na energia própria do sistema é causada pelas forças externas ou por forças internas não conservativas: ( ) int EXT ∆U = ∆ ECIN + EINT POT = Wnc + W soma para cada partícula soma para cada par de partículas 4 Conservação da energia para um sistema de partículas Na maior parte dos casos conhecidos, a força interna entre cada par de partículas atua sobre a linha que une as duas partículas, dependendo então apenas da distância entre elas (é o caso da força elástica de uma mola). Então, não há forças internas não conservativas e ( ) int EXT ∆U = ∆ ECIN + EINT = W EXT POT = Wnc + W int EXT ∆ECIN = W INT + W EXT = −∆EINT POT + Wnc + W e a variação da energia própria de um sistema de partículas é igual ao trabalho feito sobre o sistema pelas forças externas LEI DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA A ENERGIA PRÓPRIA DE UM SISTEMA ISOLADO DE PARTÍCULAS PERMANECE CONSTANTE CALOR - TERMODINÂMICA 4.12 – Modelos para a natureza do calor 4.13 – O ataque de Rumford ao modelo do calórico 4.14 – A relação quantitativa entre trabalho e calor 4.15 – O enunciado de Joule do princípio da conservação da energia 4.16 – Corpos extensos e sistemas, em oposição a massas pontuais Joule eixo girante (pesos) isolamento térmico termômetro pás energia mecânica transformada em aumento de temperatura 5 CALOR - TERMODINÂMICA 4.12 – Modelos para a natureza do calor 4.13 – O ataque de Rumford ao modelo do calórico 4.14 – A relação quantitativa entre trabalho e calor 4.15 – O enunciado de Joule do princípio da conservação da energia 4.16 – Corpos extensos e sistemas, em oposição a massas pontuais Joule “A opinião predominante até agora tem sido que [calor] é uma substância possuindo, como toda a matéria, impenetrabilidade e extensão. Mostramos porém que calor pode ser convertido em força viva [energia cinética] e em atração através do espaço [energia potencial]. Fica perfeitamente claro, portanto, que a menos que a matéria possa ser transformada em atração através do espaço [energia potencial], que é uma idéia tão absurda que não pode ser levada em conta nem por alguns instantes, a hipótese de que o calor é uma substância deve ser abandonada. Calor deve portanto consistir de ou força viva [energia cinética] ou atração através do espaço [energia potencial]... Estou inclinado a acreditar que estas duas hipóteses são válidas – que... o calor sensível corresponde à força viva [energia cinética] das partículas dos corpos em que é induzido; e que em outras [instâncias], particularmente no caso do calor latente, os fenômenos são produzidos pela separação das partículas, de forma a fazê-las atrairem-se de uma distância maior.” CALOR - TERMODINÂMICA 4.12 – Modelos para a natureza do calor 4.13 – O ataque de Rumford ao modelo do calórico 4.14 – A relação quantitativa entre trabalho e calor 4.15 – O enunciado de Joule do princípio da conservação da energia 4.16 – Corpos extensos e sistemas, em oposição a massas pontuais Joule “(...) observamos no movimento ... uma contínua conversão de calor em força viva [energia cinética], que pode ser convertida novamente em calor ou empregada em produzir uma atração através do espaço [energia potencial], como quando um homem sobe uma montanha. De fato, os fenômenos da natureza, sejam mecânicos, químicos ou vitais, consistem quase inteiramente de uma contínua conversão de atração através do espaço [energia potencial], força viva [energia cinética] e calor entre si. Portanto é assim que a ordem é mantida no universo – nada se dessaruma, nada perde-se para sempre, mas toda a maquinária, complicada que seja, trabalha suave e harmoniosamente (...) e tudo pode parecer complicado (...) na aparente confusão (...) de uma imensa variedade de causas, efeitos, conversões, arranjos, e ainda a mais perfeita regularidade é preservada.” 6 CALOR - TERMODINÂMICA Sistemas com muitas partículas são complicados: necessita-se do desenvolvimento de outros métodos (não “mecânicos”) para análise - métodos estatísticos Estrutura interna do sistema ignorada Utilização de valores medidos experimentalmente (de forma global) para U e W Primeira aproximação: a temperatura T de um sistema está relacionada com a energia cinética média das partículas que compõem o sistema, no referencial do CM. teoria cinética da pressão – para gases ideais: 2 ECIN 3 PV = nRT PV = T= 2 ECIN 3nR Joules / partícula gases ideais – não há interações mútuas: U=Ecin CALOR - TERMODINÂMICA A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Trabalho realizado pelo sistema sobre o meio externo: dh r F r r W = ∫ F ⋅ d r = ∫ pAdh = ∫ p dV trabalho sobre o meio externo é positivo quanto o sistema faz trabalho sobre o meio externo (“dá” energia) Calor: valor médio da energia trocada com as vizinhanças (trocas de energia que ocorrem por conta da interação das moléculas do gás com a parede, sem realização de trabalho mecânico) Q é o calor recebido pelo sistema do meio externo – quando o sistema recebe energia, Q é positivo 7 CALOR - TERMODINÂMICA A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Lei da conservação da energia: a variação na energia de um sistema corresponde ao trabalho realizado pelas forças externas (interações com as vizinhanças) U é a energia interna (“energia própria”, ou no caso dos gases ideais, energia cinética das moléculas de gás) W é o trabalho realizado pelo sistema sobre o meio externo Q é o calor recebido pelo sistema do meio externo (energia trocada por intermédio de trabalho não mensurável mecanicamente) ∆U = Q − W CALOR - TERMODINÂMICA A energia interna é uma função de estado E (experiência de Joule) só depende da temperatura do gás ideal: U=U(T) dU = nc v dT W é o trabalho realizado pelo sistema sobre o meio externo Q é o calor recebido pelo sistema do meio externo não são funções de estado ∆U = Q − W 8 CALOR - TERMODINÂMICA A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA A observação de processos cíclicos na natureza (motores, por exemplo) levou à conclusão que nenhum motor consegue transformar integralmente calor em energia mecânica. A segunda lei da termodinâmica tem várias formulações. Entropia: uma nova função de estado que surge a partir da propriedade de um ciclo reversível (ciclo=processo de transformações de uma substância termodinâmica que tem como estado final o mesmo estado inicial; reversível=que pode ser realizado com o sentido invertido) Pode-se demonstrar (teorema de Clausius) que para um ciclo reversível ∫ d' Q =0 T ∫ d' Q <0 T e para um ciclo irreversível: Aprendizagem em Física – 08/04/2008 CALOR - TERMODINÂMICA A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ∫ d' Q ≤0 T Entropia: uma nova função de estado dS = d ' QR T a linguagem provavelmente é aramaico... 9 CALOR - TERMODINÂMICA A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Exemplo 1: transformação adiabática reversível uma transformação em que não há troca de calor com o meio externo dS = d ' QR =0 T ∆S ADIAB,REV = 0 Exemplo 2: transição de fase uma transformação em que a substância muda de fase – vaporização, fusão a pressão e a temperatura permanecem constantes ∆S = ∫ d ' QR 1 = Q T T calor latente: L (quantidade de calor por unidade de massa para efetuar a mudança de fase) mL ∆S = T >0 CALOR - TERMODINÂMICA A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Exemplo 3: expansão livre de um gás (recipiente adiabático) estado inicial: P, V, T experiência de Joule: estado final: Pf , Vf > V, Tf d' W = 0 Tf = T dU = 0 d ' QR = dU + d ' W = 0 processo reversível isotérmico entre os estados inicial e final: dU = nc v dT = 0 d ' W = PdV = nRT dV V d ' Q = d ' W = nRT dV V IMAGINADO d ' QR nRdV = dS = T V f f d ' QR nRdV V ∆S = ∫ =∫ = nR ln f > 0 T V Vi i i 10 CALOR - TERMODINÂMICA A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ∆S ADIAB,REV = 0 Exemplo 1: transformação adiabática reversível Exemplo 2: transição de fase ∆S = mL >0 T Exemplo 3: expansão livre de um gás (recipiente adiabático) ∆S = nR ln Vf >0 Vi Princípio do aumento da entropia: a entropia de um sistema termicamente isolado nunca pode decrescer; não se altera quando ocorrem processos reversíveis, mas aumenta quando ocorrem processos irreversíveis. e a visão microscópica? pirataria: A Seta do Tempo, em www.if.ufrj.br/~carlos/palestras/setadotempo.pdf 11 e a visão microscópica? e a visão microscópica? 12 e a visão microscópica? 13 14 Tarefas para a próxima aula: Fazer os exercícios (1 de Almir a Magali, 2 de Nelson a Wanderlei): 1) Um recipiente de paredes adiabáticas contém 2 litros de água a 30o C. Coloca-se nele um bloco de 500g de gelo. (a) Calcule a temperatura do sistema. Considere 80cal/g para o calor latente de fusão do gelo. (b) Calcule a variação da entropia do sistema. 2) Uma chaleira contém 1 litro de água em ebulição. Despeja-se toda a água numa piscina, que está à temperatura ambiente de 20º C. (a) De quanto variou a entropia da água da chaleira? (b) De quanto variou a entropia do universo? Leitura para a próxima aula APRENDIZAGEM E COMPREENSÃO DE CONCEITOS CHAVE EM ELETRICIDADE Reinders Duit & Christoph von Rhöneck Section C2, Learning and understanding key concepts of electricity from: Connecting Research in Physics Education with Teacher Education An I.C.P.E. Book © International Commission on Physics Education 1997,1998 15