O BAFON DA LINGUAGEM GAY: AS IMPLICAÇÕES DO DIALETO HOMOSSEXUAL NA SOCIEDADE Antônio José da Silva (UFAM) [email protected] Muitos são os trabalhos desenvolvidos acerca do que, historicamente, costumou-se caracterizar como "linguagem gay". Pesquisas diversas apontaram a constituição do vocabulário desse grupo social, sua relação com o candomblé e outras referências histórico-sociais. Há uma riqueza incontestável na linguagem dos homossexuais, não somente pela sua variedade vocabular e de expressões – já bem delimitados em diversas abordagens – mas também no fato de que a "linguagem gay" ultrapassou os limites físicos e sociais dos guetos, dos espaços frequentados por esses grupos: há uma evidente proliferação do dialeto em outras instâncias sociais. Homens, mulheres, jovens, senhores multiplicam diuturnamente expressões, termos, trejeitos antes próprios dos homossexuais. Com a presença de personagens gays cada vez mais constantes nas novelas televisivas, cada um com seus bordões, essa multiplicação tornou-se efetivamente maior, cabendo aqui a reflexão que se apresenta como cerne para proposta de pesquisa: estamos diante de mera repetição ou a linguagem dos gays é promotora de aceitação social? Há ou não um bem querer decorrente das nuances linguísticas dos homossexuais no Brasil? Com a significativa proliferação de termos, jargões e expressões comuns entre os gays, tem-se a hipótese de que a linguagem desempenharia, como em outros casos, o papel de promoção de um grupo socialmente posto à margem e visto com reticências, em razão de outras questões, especialmente a religiosa. Avaliar em que sentido, de fato, a linguagem atua como elemento de valorização dessas pessoas é algo que se aponta como valoroso para abordagens nesse campo.