ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO E MARKETING THALYTA DE QUEIROZ PINTO FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES: Aplicação dos programas de recompensas no mercado de cartões de crédito no Brasil VILHA VELHA (ES) 2012 THALYTA DE QUEIROZ PINTO FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES: Aplicação dos programas de recompensas no mercado de cartões de crédito no Brasil Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Administração e Marketing da Escola Superior Aberta do Brasil como requisito para obtenção do título de Especialista em Administração e Marketing, sob orientação da Professora. Mestra Janaina Costa Binda. VILA VELHA (ES) 2012 THALYTA DE QUEIROZ PINTO FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES: Aplicação dos programas de recompensas no mercado de cartões de crédito no Brasil Monografia aprovada em ... de ... de 2012. Banca Examinadora ________________________ ________________________ ________________________ VILA VELHA (ES) 2012 AGRADECIMENTOS Ao mestre Jesus por me permitir concretizar mais um desafio. Ao meu marido pela colaboração e compreensão. Aos empregados e amigos da área de cartões de crédito da Caixa Econômica Federal por me motivar a discorrer sobre o tema e por agregarem informações e conhecimento durante o desenvolvimento do trabalho. RESUMO O presente estudo visa investigar quais são os tipos de recompensas utilizados nos Programas de Fidelização dos três maiores bancos emissores de cartões de crédito no Brasil. Por meio deste trabalho, pode-se verificar o mapeamento das recompensas, sua análise de acordo com a bibliografia apresentada e, por fim, apresentação de proposta de construção de um programa de recompensas a ser aplicado em bancos emissores de cartões de crédito no Brasil. Os bancos foram escolhidos de acordo com o relatório anual emitido pela Cardmonitor. Os três principais bancos são: Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco. Como metodologia, utilizou-se pesquisa exploratória e categorizações para apresentação e análise dos dados. Foi possível perceber certa similaridade entre os tipos de recompensas oferecidos pelos programas de fidelização dos bancos. Todos incluem catálogo de produtos e serviços e parcerias com programas de fidelização de empresas aéreas. Uma das novidades identificadas é a utilização de benefícios concedidos no momento da compra, exemplo, descontos em serviços ou produtos, brindes etc. Na apresentação da proposta, os dados são compilados e novas sugestões são inseridas para tornar o programa mais diversificado com incremento no portfólio de benefícios. Entre essas sugestões estão à inserção de descontos e benefícios em produtos do próprio banco, inserir mais variantes participantes de modo a incluir classes em ascensão social e aplicação de benefícios de acordo com a segmentação de clientes. Palavras-chave: Marketing de relacionamento. Fidelização de clientes. Programas de Recompensas. Cartões de Crédito. LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Mapeamento dos programas de recompensas dos principais bancos emissores de cartões de crédito no Brasil............................................45 Quadro 2 – Resumo da proposta para um novo programa de recompensas....54 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 08 1 – CONHECENDO O MARKETING DE SERVIÇOS....................................... 11 2 – MARKETING DE RELACIONAMENTO...................................................... 14 3 – FIDELIZAÇÃO E RETENÇÃO DE CLIENTES ........................................... 19 4 – PROGRAMA DE FIDELIDADE.................................................................... 25 5 – MERCADO DE CARTÕES DE CRÉDITO NO BRASIL.............................. 38 6 – CONHECENDO OS PROGRAMAS DE FIDELIZAÇÃO DOS MAIORES EMISSORES DE CARTÕES DE CRÉDITO NO BRASIL.................................. 41 7 – MAPEAMENTO DOS TIPOS DE RECOMPENSAS UTILIZADOS PELOS PRINCIPAIS EMISSORES DE CARTÕES DE CRÉDITO NO BRASIL.............................................................................................................. 45 8 – NOVO PROGRAMA DE RECOMPENSAS................................................. 52 CONCLUSÃO ................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 58 8 1- INTRODUÇÃO Estudos e estratégias de marketing direcionam-se cada vez mais para estratégias de crescimento ou posicionamento mais rentáveis que gerem maior valor para a instituição. Com isso, a fidelização de clientes vem se tornando um tema recorrente em estudos acadêmicos, especialmente, nas instituições financeiras Assim, paralelamente a esse movimento, as instituições bancárias desenvolvem estratégias de relacionamento com seus clientes especiais a fim de fidelizá-los por meio de programas de vantagens e atendimentos diferenciados para clientes considerados especiais (SABATINO, 2003). Dentre os produtos e serviços bancários destaca-se o produto cartão de crédito como instrumento de concessão de crédito e meio eletrônico de pagamento. O uso do cartão como principal meio de pagamento tem aumentado a cada ano, a população tem ficado mais informada e a busca por segurança ao trocar o dinheiro por cartão faz com que as pessoas busquem e utilizem o cartão de crédito com maior frequência. Nesse mercado de cartões, existem vários emissores que tentam de todas as formas atrair e reter o seu cliente, de modo que quando o cliente realizar uma compra escolha na carteira o cartão com a sua marca para concretizar o pagamento. Diante de tanta diversidade e possibilidades, essas empresas utilizam-se de diversas estratégias para conquistar e fidelizar seus clientes, construindo barreiras que evitem a saída para concorrência. Assim, muitos emissores de cartões desenvolveram programas de recompensas ou fidelização como estratégia de marketing para tornar seu produto mais atrativo e estabelecer relacionamentos principalmente, com os clientes considerados mais rentáveis. duradouros, 9 No mercado de cartões, o uso desses programas é frequente e os bancos tendem a aperfeiçoar seus tipos de benefícios e recompensas para aumentar sua base de cartões e evitar a saída de clientes para bancos concorrentes. Diante do exposto acima, percebe-se a necessidade de estudos sobre o tema, uma vez que os clientes buscam ser valorizados e reconhecidos pelas empresas nas quais mantém relacionamentos. Esses estudos devem considerar que não basta para os bancos emissores de cartões de crédito ter um bom portfólio e bom serviço, devem apresentar diferenciais inclusive nos seus programas de recompensas com diversificação de benefícios e possibilidades de reconhecer os seus melhores clientes. Assim, pergunta-se quais são os tipos de recompensas utilizados nos programas de fidelização dos principais bancos emissores de cartões de crédito no Brasil? Este trabalho tem como principal objetivo avaliar como os principais bancos emissores de cartões de crédito no país utilizam programas de recompensas como estratégia de fidelização de clientes, mapeando os tipos de recompensas utilizados pelos principais emissores de cartões de crédito no Brasil e apresentando proposta de aplicação de um programa de recompensa em uma instituição bancária no país. Para este estudo, o trabalho foi estruturado considerando além desta introdução, explanação de conceitos teóricos sobre marketing de serviço, marketing de relacionamento, fidelização e retenção de clientes, programa de fidelidade e mercado de cartões de crédito. Metodologicamente, foi utilizado estudo exploratório, com utilização de pesquisas bibliográficas e consultas aos sites e outras formas de divulgação dos principais bancos emissores de cartões de crédito no Brasil, considerando o mês de novembro de 2011. 10 Os bancos foram escolhidos de acordo com a pesquisa realizada pela ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) dos principais emissores de cartões de crédito no Brasil. De acordo com os dados foram escolhidos três bancos: Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco. Para delimitação dos programas de recompensas utilizados pelos bancos participantes, avaliou-se apenas programas de fidelização aplicados para o produto cartão de crédito das bandeiras VISA ou MASTERCARD. Além disso, para melhor análise, os dados foram apresentados, de acordo com cada banco emissor selecionado, em categorias que envolviam: nome do programa de fidelização, características gerais (participantes do programa, formas de aquisição de pontos, fator de conversão, canais de atendimento) e tipos de recompensas e parcerias. Diante da avaliação e do mapeamento das recompensas utilizadas pelos programas de fidelização dos bancos emissores de cartões de crédito, pretende-se futuramente aplicar a proposta de programa de recompensas, construída por meio deste trabalho, de forma que contemple as melhores opções de benefícios e seja uma opção atraente para manter bons relacionamentos com clientes de outro banco emissor de cartão de crédito. 11 2 - CONHECENDO O MARKETING DE SERVIÇOS Para discorrer sobre o marketing de serviços, é necessário mencionar a diferença entre bens e serviços. No geral, bens são objetos, dispositivos ou coisas; ao passo que serviços podem ser definidos como ações, esforços ou desempenhos. Quando se relata o termo produto pode-se considerar tanto os bens quanto os serviços. Por fim, a diferença principal entre ambos é a intangibilidade, ou seja, os bens puros são essencialmente tangíveis, enquanto os serviços puros são predominantemente intangíveis (HOFFMAN; et al, 2009). Além disso, ainda segundo Hoffman et al (2009), ao contrário do consumo de bens, o de serviços ocorre muitas vezes no local onde o serviço é produzido ou naquele ambiente onde o serviço é prestado. Os serviços estão por toda parte e em constante crescimento. Entretanto, o crescimento desse setor não está limitado às empresas de serviços tradicionais, como lazer, turismo, educação, além de outros bens tradicionais, mas está se voltando as suas operações, para estabelecer vantagens diferenciais no mercado e para gerar fontes de receitas adicionais (HOFFMAN et al, 2009). Ainda segundo os autores citados acima, as características desse novo modelo de serviços são: a) o setor de serviços está sendo dominado por indicadores econômicos e força de trabalho; b) há mais envolvimento dos clientes nas decisões negociais; c) os produtos são mais focais e respondem melhor as necessidades do mercado; d) desenvolvimento em tecnologia para dar suporte aos clientes e funcionários no provimento de serviços; 12 e) autonomia aos funcionários para desenvolver soluções personalizadas, resolvendo os problemas de forma imediata com o mínimo de inconveniência; e f) novas indústrias surgem no setor de serviços, onde os aspectos intangíveis do produto estão se tornando cada vez mais características fundamentais que os diferenciam no mercado. É importante destacar ainda que o conhecimento do serviço é percebido pelo cliente na experiência do serviço real. Ou seja, quando o cliente compra um serviço, compra uma experiência (HOFFMAN et al, 2009). O marketing de serviços tem a orientação gerencial voltada para o cliente. Ou seja, a orientação para o cliente está no centro do conceito de marketing e é extremamente importante para as empresas de serviços. O mais importante nesse modelo é entender os clientes, como decidem entre opções de serviços e como avaliam esses serviços uma vez que os tenham recebido (HOFFMAN et al, 2009). Além disso, é importante atender a expectativa do consumidor, pois um bom serviço vai ao encontro dessa satisfação (COBRA, 2000). Mais do que isso deve-se superar as expectativas do cliente, pois uma empresa de serviços pode sair ganhando ao executar um serviço com qualidade superior à da concorrência, superando as expectativas dos clientes, encantando-os (JACON, 2005). As expectativas são formadas pelas experiências anteriores dos clientes, pelas propagandas formais e informais. Após o recebimento do serviço, os clientes confrontam o serviço percebido com o serviço esperado. Se o serviço recebido não atender às expectativas do serviço esperado, os clientes perderão o interesse pelo fornecedor. Se o serviço atender às expectativas ou for além do esperado, os clientes ficarão inclinados a recorrer novamente ao fornecedor (JACON, 2005). 13 Diante do exposto acima e ainda segundo Jacon (2005), a organização de serviço deve enfrentar três tarefas de marketing: diferenciar sua oferta, sua imagem ou sua entrega; administrar a qualidade do serviço para que possa atender ou superar as expectativas dos clientes; gerenciar a produtividade do profissional de serviços. A oportunidade de diferenciação competitiva da empresa recai sobre o quesito qualidade do serviço e superação da expectativa do cliente. Assim, é necessário redirecionar os esforços do marketing para o marketing de relacionamento. 14 3 - MARKETING DE RELACIONAMENTO Segundo Cobra (2000), a razão do sucesso em qualquer ramo de negócios depende do nível de relacionamento da empresa com seus clientes. Essa relação está diretamente associada ao bom atendimento ao cliente e consequentemente a um serviço de qualidade. No entanto, é preciso ressaltar que o relacionamento com o cliente não é sinônimo apenas de satisfação e bom atendimento. Um bom serviço é o mínimo que se pode esperar de uma empresa, algo frequentemente encontrado na concorrência e que, portanto, não é um diferencial e nem tão pouco uma barreira para evasão do cliente (SOUZA, 2001). Para que o relacionamento com o cliente seja satisfatório, é necessário conhecê-lo e entendê-lo diante das novas características dos consumidores e do mercado para elaboração de novas estratégias a fim de conquistar e fidelizar o cliente (QUADROS, 2010). Em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado, as informações estão mais acessíveis aos clientes e, portanto, os mesmos passam a desempenhar novos papéis, entre eles, os de clientes mais exigentes em relação à atuação de seu fornecedor (QUADROS, 2010). Ou seja, em um mercado onde os clientes possuem mais informações, os clientes selecionam aquelas mais importantes de acordo com suas necessidades, assim as informações passam a ser um recurso importante para as pessoas tomarem a decisão de compra (COBRA, 2000). Além disso, esse “novo cliente”, mais exigente, espera agregar valor ao bem ou serviço consumido. Ou seja, os clientes esperam receber produtos com qualidade superior ao da concorrência e compatíveis não apenas com o preço 15 pago, mas também com as características ou vantagens oferecidas pelas empresas (QUADROS, 2010). Diante do exposto acima, segundo Jacon (2005, p. 15) pode-se definir marketing de relacionamento como “as atividades de marketing direcionadas a estabelecer, desenvolver e manter trocas relacionais”. Ou seja, é o processo de criar, manter e intensificar relacionamentos fortes e valiosos com os clientes e outros atores. Afinal, a definição moderna de marketing consiste em construir relacionamentos com fornecedores, clientes e consumidores, buscando permanentemente a construção de parcerias, pois a conquista de um novo cliente é mais cara do que manter um cliente atual (COBRA, 2000). Conforme Mckenna (1997), esse é o melhor marketing, o que integra o cliente à empresa. Ademais, o marketing de relacionamento é uma estratégia de negócios que visa construir pró-ativamente uma preferência por uma organização com seus clientes, canais de distribuição e funcionários, contribuindo para o aumento do desempenho dessa organização e para resultados sustentáveis (JACON, 2005). Nesse contexto, segundo Quadros (2010), o cliente assume uma posição individualizada, exigindo produtos cada vez mais personalizados, sem que isto implique aumento de preços ou dos prazos de entrega. Assim, ainda segundo Quadros (2010), é necessária a realização de segmentação de mercado como tentativa de oferecer produtos diferenciados a um único cliente (produto sob medida). O atendimento personalizado exige desenvolvimento e melhorias nas fases de pré-venda ao pós-venda, necessitando de contratação de pessoal para que fiquem responsáveis por uma carteira menor de cliente. Isso exige custo. Para gerir este custo, surge a gestão de relacionamento com o cliente (Customer Relationship Management – CRM) que se propõe a organizar os 16 recursos de atendimento de maneira mais eficiente e eficaz (QUADROS, 2010). Para Jacon (2005), o CRM é uma abordagem empresarial destinada a entender e influenciar o comportamento dos clientes, por meio de comunicações significativas para melhorar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade. Ou seja, para este autor, CRM é um processo interativo que transforma informações sobre os clientes em relacionamentos positivos com os mesmos por meio da utilização ativa das informações e do seu decorrente aprendizado. O CRM é iniciado com a construção de conhecimento sobre o cliente o que resulta em interações de alto impacto. Isto permite as organizações gerenciarem seus recursos e estabelecerem relacionamentos lucrativos e de longo prazo com o cliente (JACON, 2005) Para Jacon (2005), os principais objetivos e benefícios de um processo de CRM são: a) retenção de clientes – capacidade de reter os clientes e os canais lucrativos para ampliar o negócio (lucratividade); b) obtenção de clientes – obtenção dos clientes certos, com base em características conhecidas ou aprendidas, que dirigem o crescimento e as margens crescentes; e c) lucratividade dos clientes – aumento das margens individuais dos clientes e, ao mesmo tempo, oferta do produto certo no momento certo. Dentre os objetivos citados acima, destacam-se os referentes ao aumento da rentabilidade da base de clientes e a retenção ou fidelização de clientes de alto valor. Segundo Bó, Souza e Milan (2009), muitas empresas estão reestruturando seus orçamentos de marketing a fim de destinar uma parcela maior de recursos para estratégias de marketing defensivo, ou seja, para ampliar as taxas de retenção de clientes. 17 Para que esses objetivos sejam cumpridos, propõe-se: identificar os clientes individualmente em todos os pontos de contato; diferenciar por valor e necessidades; interagir para construir a relação de aprendizado com o cliente e personalizar a experiência do cliente com a empresa (SOUZA, 2009). Segundo Hoffman et al (2009), o CRM permite que a empresa focalize seus esforços nos seus clientes mais lucrativos, seguindo a premissa que 80% dos lucros de uma empresa vêm de 20% dos seus clientes; portanto, 20% dos clientes devem receber melhor serviço do que os 80%. Ainda segundo Hoffman et al (2009), o CRM auxilia na gestão dos custos, uma vez que os custos aumentam e a pressão competitiva mantém os preços baixos. Enfim, o CRM está cada vez mais sendo implementado porque os mercados estão sendo fragmentados e os custos promocionais são crescentes (HOFFMAN et al,2009) . Destaca-se ainda, segundo Quadros (2010), que o CRM é um elemento viabilizador da implantação de estratégias de marketing de relacionamento, permitindo uma melhor alocação de recursos nas diversas atividades de relacionamento, com objetivos claros de atração, fidelização e retenção de clientes. No marketing de relacionamento, a retenção lucrativa do cliente é prioritária e isto é refletido com maior ênfase na criação de serviços complementares, em um maior contato com o cliente e uma maior preocupação com a qualidade desse relacionamento (QUADROS, 2010). Segundo Hoffman et al (2009), o marketing de relacionamento reúne serviço ao cliente, qualidade e marketing, sua aplicação ocorre em dois níveis: macro e micro. No nível macro, as empresas reconhecem que a atividade de marketing exerce efeito sobre os clientes, funcionários, fornecedores, mercados internos e segmentos influentes e no nível micro, o foco está mudando do marketing de conquista e transação única para o relacionamento duradouro com o cliente. 18 Ainda segundo os autores citados acima, o marketing de relacionamento dá ênfase à importância da retenção do cliente e à preocupação com a qualidade. Além disso, amplia a definição do cliente de usuário final para todos os grupos que integram o processo de levar o bem ou o serviço para o mercado. Os esforços para reter esses clientes estão na essência do marketing de relacionamento. Para Jacon (2005), as empresas que adotam o marketing de relacionamento, buscam o crescimento de seus lucros pelo aumento do volume de negócios realizados com uma base constante de clientes. Ressalta-se que os maiores objetivos desse marketing é relacionar-se de forma mais efetiva com seus clientes, perpetuando esse relacionamento por meio da fidelização (QUADROS, 2010). Portanto, o aumento do nível de relacionamento com os clientes é um caminho para uma identificação mais precisa das suas necessidades e desejos. Além disso, o custo da conquista dos clientes e o potencial de receita que pode ser gerado na perpetuação do relacionamento justificam uma análise mais profunda sobre fidelização. Além disso, a fidelidade pode ser considerada como primeiro nível no marketing de relacionamento (SOUZA, 2009), tendo como principal ferramenta os programas de fidelidade (JACON, 2005). 19 4 – FIDELIZAÇÃO E RETENÇÃO DE CLIENTES No mercado as empresas tendem a manter uma similaridade nos produtos e serviços oferecidos. Com base nessa premissa, pergunta-se: Como as empresas podem se diferenciar frente à concorrência? Para responder essa pergunta, nasceu a fidelização/retenção de clientes, ou seja, da necessidade das empresas buscarem diferenciação de seus serviços. Segundo Hoffman et al (2009), a retenção de clientes refere-se a concentrar os esforços de marketing da empresa na base de cliente que ela possui, ou seja, as empresas empenham-se em satisfazer os clientes atuais com objetivo de estabelecer relacionamento duradouro. Afinal, as estratégias de retenção e relacionamento devem ser inseparáveis (KOTLER; HAYES; BLOOM, 2002). Para Sabatino (2003), as diferenças entre os produtos oferecidos pelas empresas são cada vez menores, enquanto os clientes tornam-se inteligentes, dificultando o trabalho de diferenciação. As empresas precisam ir além para sobreviverem no mercado. Prover serviço com valor agregado torna-se um diferencial competitivo, pois transforma o tradicional entre fornecedor cliente em algo mais, como uma parceria (HOFFMAN et al, 2009). Ainda segundo este autor, a melhor forma de realizar a diferenciação é estando perto do cliente para conhecê-lo e criar barreiras para impedir perdas de clientes (COBRA, 2000). Para isso, o modo mais rápido e eficiente é criar um relacionamento estreito com o cliente, acompanhando-o, estimulando-o a usar os seus produtos ou serviços para que volte ao seu estabelecimento. Isso é fidelização (SABATINO, 2003). Atualmente, a fidelização faz parte do cotidiano do cliente e da estratégia de algumas empresas em todos os setores de mercado. As empresas devem utilizar a fidelização de clientes como parte integrante de sua missão, de modo que passe a ser não só uma estratégia de marketing e 20 sim uma estratégia coorporativa, utilizando-se do marketing de relacionamento para trazer valor agregado e assim, ser um diferencial na conquista e retenção dos consumidores (JACON, 2003). Assim, o processo de fidelização pode ser definido pelo ato ou pela vontade do cliente investir tempo e dinheiro para construir um relacionamento com a organização (SABATINO, 2003). Um dos primeiros passos para se estabelecer um relacionamento com o cliente é por meio do atendimento. Segundo Sabatino (2003), um cliente bem atendido será mais fiel e ainda fará propaganda positiva da empresa. Ele será surpreendido pela atenção recebida e se sentirá importante, um cliente especial. Mas será que tudo isso realmente acontece ou é apenas teoria? Um bom atendimento, um canal aberto de comunicação e uma resposta ágil e eficaz realmente encantam o cliente? Pode-se dizer que sim. Por isso mesmo, a cada dia que passa, com a crescente valorização do cliente e sua consciência em relação aos seus direitos, as empresas estão oferecendo serviços de atendimento cada vez melhores. Isto faz com que os clientes criem em suas mente um modelo de excelência de atendimento, o que o torna mais exigente e reivindicador. Nenhuma empresa pode fazer menos que isso – atender as necessidades dos clientes e respeitá-los – se deseja ter clientes fiéis. Precisa também ter em conta que essa atitude não é mais positivamente diferenciadora, já não basta para que ela seja bem avaliada pelo mercado (SABATINO, 2003). Quando uma organização tem um bom atendimento, ela não está fazendo nada mais que sua obrigação. Entretanto, se não fizer isso, ela terá uma péssima avaliação e, com certeza, estará prestando um desserviço a si mesma. 21 Um dos pontos de partida do relacionamento da empresa com o cliente são as centrais de atendimento – call centers. É nessa linha de frente que o cliente começa a traçar o perfil da empresa com a qual está tendo contato e, invariavelmente, a expectativa que o cliente tem é de bom atendimento e de conseguir solucionar os problemas que motivaram o telefonema. O cliente sente-se bem sabendo que quando houver necessidade terá alguém que o escute atentamente e que procurará, de fato, resolver o que for necessário para satisfazer seus desejos. Assim, abrir um canal de comunicação com o cliente, mais do que uma obrigação, é uma estratégia que visa mantê-lo próximo à empresa, principalmente porque hoje em dia as pessoas movimentam-se por áreas bem mais amplas. Outro ponto importante na fidelização e retenção de clientes é a necessidade de fazer o cliente se sentir seguro. Pesquisas recentes têm mostrado que uma das maiores necessidades do ser humano é a segurança, em um sentido amplo. Do ponto de vista mercadológico, isso pode ser considerado uma oportunidade aos seus clientes, a tão almejada sensação de segurança, que faça com que o cliente pense: “Se eu tiver uma dúvida ou ocorrer algo errado terei acesso à informação correta, à orientação de como deverei proceder, terei minha reclamação atendida e meu problema será resolvido” (SABATINO, 2003, p. 13). Não basta, portanto, conhecer o grupo ao qual um indivíduo pertence; a busca pelo conhecimento deve ser, de agora em diante, direcionada para cada cliente, de uma maneira mais detalhada, singular e frequentemente, de modo a conhecê-lo e compreendê-lo em toda a sua plenitude, para atender aos seus anseios e necessidades. Muitas empresas têm dispensado a maior parte de seus esforços de marketing para atrair clientes em vez de manter os que já têm. No entanto, ao longo prazo, percebe-se que os lucros com a ação de promoção para atrair cliente 22 são mínimos. Ou seja, a maneira mais viável para se ter lucro e evitar o ciclo contínuo de descontos de preços é aumentar a vida útil dos clientes existentes na empresa. Reter cliente é mais importante do que atraí-lo. Pesquisas mostram que conservar um cliente é de três a cinco vezes mais barato que atrair um novo cliente (HOFFMAN et al, 2009). Existem vários motivos que demonstram a importância do processo de fidelizar e reter clientes, entre eles estão: o aumento da concorrência, os custos com ações de marketing, bem como a mudança comportamental dos clientes que hoje estão mais informados. Como principal benefício, tem-se a influência da retenção dos clientes no lucro da empresa. Além do lucro originado das vendas repetidas, há lucros originados pela maior frequência de compras e taxas de juros aplicadas a saldos mais altos em contas de crediário (HOFFMAN et al, 2009). Ainda segundo esses autores, uma característica importante do processo de retenção e fidelização de clientes é que o mesmo está disposto a pagar mais pela oferta da empresa. Isso ocorre porque os clientes se acostumam com a empresa, com os funcionários e com a forma que o serviço é prestado. O efeito do aumento dos índices de retenção de clientes pode causar efeito significativo sobre a lucratividade da empresa. Estudos mostram que um aumento de 5% no índice de retenção significa um lucro 85% maior para uma filial de banco, 50% maior para um corretor de seguros e 30% maior para uma rede de oficinas automotivas (HOFFMAN et al, 2009). O relacionamento de confiança que se desenvolve entre os clientes e a empresa torna os clientes atuais mais receptivos aos esforços de marketing e, portanto, a venda de novos serviços. Além disso, esses mesmos clientes fazem propaganda da empresa fazendo recomendações para amigos e familiares. Cabe ressaltar que os esforços de retenção devem atingir os clientes mais rentáveis, pois, mesmo o custo sendo mais barato que o de atrair cliente, 23 exige-se investimento que pode não se justificar em todos os casos (HOFFMAN et al, 2009). Segundo Sabatino (2003), as empresas têm bons motivos para trilhar o caminho da fidelização e retenção, mais do que conhecer com profundidade o cliente, a fidelização e retenção bem trabalhada pode tornar-se uma poderosa ferramenta de marketing para: a) Entender detalhadamente o comportamento dos clientes; b) Identificar grupos de clientes; c) Permanecer competitivo e lucrativo; d) Aprimorar constantemente processos com inputs de clientes; e) Minimizar ou maximizar as diferenças tecnológicas entre produtos ou serviços de diferentes empresas; f) Apontar a necessidade de se diferenciar commodities; g) Mostrar que apenas um bom atendimento não basta; h) Minimizar a discussão sobre preços; i) Aumentar a oferta para o binômio canal-cliente; e j) Estabelecer uma conexão emocional forte entre o cliente e a marca. Para Sabatino (2003), qualquer processo de fidelização tem obrigatoriamente como ponto de partida a qualidade de um produto ou serviço e o posicionamento da marca. Esses pilares são parte da sustentação do processo e irão ajudar a fortalecer o relacionamento; se eles não estiverem bem fixados, não se consegue sequer atrair atenção do cliente. Segundo Souza (2009), a busca do envolvimento com o cliente faz com que as empresas desenvolvam ferramentas e metodologias para estabelecer um processo de marketing de relacionamento duradouro, explorando o potencial dos clientes atuais. Entre essas ferramentas, está o Programa de Fidelização. 24 5 - PROGRAMA DE FIDELIDADE Segundo Sabatino (2003), um dos objetivos de um programa de fidelidade é prolongar ao máximo o relacionamento com o cliente e, em consequência, estender ao máximo a existência de um produto ou serviço, de uma marca ou de uma organização. Principais objetivos que devem ser focalizados em um programa de fidelidade: a) Conseguir mais informações sobre os clientes; b) Transformar informação em conhecimento; c) Influenciar o comportamento; d) Segmentar os clientes o máximo possível; e) Posicionar adequadamente o produto ou a marca; e f) Construir um relacionamento sólido e honesto. A empresa que conseguir conhecer com mais detalhes o seu cliente terá muito mais facilidade para estabelecer estratégias e táticas que a tornem mais competitiva. As discussões sobre um programa de fidelidade e o consequente desenvolvimento desse programa precisam estar contempladas no planejamento estratégico de marketing da organização. Conforme Souza (2009), este planejamento estratégico deve considerar os seguintes níveis dos programas de fidelização: a) Oferecer mais e melhores serviços – atender ao cliente de forma mais completa; b) Benefícios Financeiros – oferecimento de estímulos por freqüência de consumo (criação de um clube e acúmulo de pontos trocados por benefícios); c) Benefícios Sociais – iniciativas desvinculadas da compra, com o intuito de aumentar o envolvimento do consumidor com a marca do 25 produto (construção de comunidades de marca, a exemplo da Harley-Davidson); e d) Benefícios Estruturais – oferecimento de produtos e serviços específicos para os melhores clientes da empresa, criando uma dependência estrutural daqueles em relação a esta (máquinas, equipamentos, softwares). Para Jacon (2009), o principal benefício de um programa de fidelidade é o conhecimento adquirido no relacionamento permanente com os clientes. Fidelidade não se compra com brindes ou descontos, mas adquire-se com base no entendimento das necessidades e do comportamento dos clientes e na consequente personalização de ações. Do contrário, o programa estará limitado a uma forma disfarçada de promoção, de desconto puramente transacional. As empresas querem clientes fiéis, mas, na maioria dos casos, não todos os clientes, e sim aqueles que apresentam acréscimo de receitas. Um programa de fidelidade deve ser concebido para atrair e reter os clientes rentáveis, aqueles que por qualquer critério mereçam ser premiados por manter seus negócios com determinada empresa (JASON, 2009) Conforme Sabatino (2003), é necessário desenvolver instrumentos de fidelização importantes para determinar que tipo de elo a organização e o cliente irão manter, relação essa que é identificada pela empresa em função das metas que ela estabeleceu. Para Souza (2009), o desenvolvimento de instrumentos de fidelização deve seguir alguns modelos, são eles: a) Modelo de Recompensas: programas que procuram recompensar o relacionamento do cliente e a repetição da compra por meio de prêmios, bônus, incentivos e pontuações; 26 b) Modelo Educacional: quando o objetivo é a formação de consumidores conscientes, que forneçam informações suficientes para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços; c) Modelo Contratual: utilização, pela empresa, de sua marca e de um banco de dados para realizar ofertas periódicas de produtos e serviços especiais a clientes especiais (participação em eventos exclusivos, preços mais baixos em alguns produtos, acesso diferenciado a algumas informações). d) Modelo de Afinidade: reunião de grupos de consumidores que compartilham de algum interesse comum relacionado com o produto ou serviço, trazendo alto nível de resposta e de envolvimento; e) Modelo do Serviço de Valor Agregado: procura aperfeiçoar serviços e produtos agregando “valor” a eles; e f) Modelo de Alianças ou Complementar: baseia-se no estabelecimento de alianças entre empresas para oferecer ao consumidor serviços e produtos complementares aos já oferecidos (como o que ocorre no setor de turismo, em que companhias aéreas fazem acordos com hotéis e locadoras de veículos). Ainda sobre os instrumentos de fidelização, Sabatino (2003) descreve as principais ferramentas utilizadas para fidelizar clientes, segue abaixo: a) Programa de relacionamento/afinidade: são programas que visam a estreitar o relacionamento com o cliente e têm um forte suporte de marketing direto; o objetivo principal é acompanhar o movimento dos clientes, entender o seu comportamento e, no futuro, oferecer algo que esteja alinhado com seus hábitos de compra ou ofertar um bom prêmio pela fidelidade. O cartão da rede de drogarias Drogamil, no Rio de Janeiro é um bom exemplo. Ele acompanha os passos do cliente em suas lojas, possibilita entender o comportamento de consumo, e com isso ajusta as ofertas nos pontos de venda; b) Programa de benefícios: trata-se de um modelo bastante simples, de custos reduzidos, sem sistemas complexos, principalmente por que as empresas utilizam os pontos de vendas para comunicar-se com 27 seus clientes, sem a necessidade de um relacionamento via marketing direto, que tem custo extremamente alto. Um exemplo dessa categoria é o cartão Mais do Supermercado Pão de Açúcar, que proporciona descontos em alguns produtos para os clientes afiliados ao programa; c) Cartões co-branded: são cartões compartilhados por duas ou mais marcas, geralmente uma administradora de cartões de crédito, um banco e uma marca, produto ou serviço. Cartões co-branded geralmente tendem a ser atrativo o suficiente para aumentar a retenção e o tíquete médio; d) O cartão GOL/Visa/Bradesco/Smart Club é um bom exemplo. Nas compras realizadas com o cartão, em qualquer estabelecimento, ou na compra de passagens aéreas, o cliente ganha pontos. Esses pontos vão sendo acumulados em uma conta corrente virtual, para serem utilizados na troca por quase 300 prêmios de livre escolha; e) Programas de reembolso: extremamente utilizado nos EUA, com o nome de rebate é um modo muito inteligente de proporcionar aos fabricantes acesso aos seus clientes e conhecimento deles. Quando o cliente compra um determinado produto que tem um programa de reembolso, recebe um cartão resposta que deve ser preenchido e enviado ao fabricante, condição para que seja reembolsado quanto ao desconto prometido; e f) Cartões private label. Muito utilizado em supermercado do Brasil, surgiu como a necessidade de uma ferramenta de crédito; tentou-se com ele a fidelização, e atualmente está estabelecido como cartão de parcelamento e crédito sem bandeira de administradora. Geralmente não há benefícios futuros, mas imediatos e com base, exclusivamente, na variável preço. A rede Carrefour trabalha com essa ferramenta. Um programa de fidelidade está extremamente ligado ao processo de valorização dos clientes de uma empresa, pois a partir do momento que existe a preocupação em acompanhá-lo para entendê-lo e a intenção de recompensálo por sua fidelidade, isso demonstra que realmente existe o interesse e 28 eventualmente até a necessidade de valorizar o cliente e a relação com a empresa (SABATINO, 2003). Essa valorização efetiva do cliente e da relação só irá existir se a empresa e toda a sua organização estiverem comprometidas em entender esse cliente e, principalmente, se tiver na estrutura a cultura de criar sinergia entre diversos setores visando identificar as oportunidades de negócios (SABATINO, 2003). Sabatino (2003) afirma que um programa de fidelidade quando bem entendido e utilizado como uma ferramenta de marketing pode ser o elo para ajudar as pessoas de diversos setores a enxergar o todo da empresa, seja ela responsável por fabricação, vendas, marketing, finanças ou até mesmo logística. É necessário ainda entender que um programa de fidelidade deve ser utilizado como uma ferramenta a mais para alavancar os resultados e que a sua aplicação deve ser em direção ao uso máximo da flexibilidade do programa, para suportar movimentos táticos importantes à gestão do negócio (SABATINO, 2003). Já para o público que é cliente, vale o discurso do objetivo da recompensa pela fidelidade, e tal mensagem deve ser transmitida de uma forma clara e simples. Ele deve saber o que precisa fazer para ser premiado pela sua fidelidade, e nada mais. Quanto mais claro e direto você for a respeito do seu programa e de seus benefícios, maior também a chance de adesão e de ativação (SABATINO, 2003). De acordo com Sabatino (2003), um programa deve ser capaz de acompanhar e monitorar o cliente e, principalmente, ter a mobilidade que a empresa precisa para acompanhar a velocidade que o varejo dos dias atuais imprime Sabatino (2003) afirma ainda que as variáveis que um programa deve ser capaz de abranger são: retenção de clientes, variação do tíquete médio, variação de freqüência, captação de novos clientes, mudança no comportamento de 29 compra e penetração na base. Segue a descrição de cada variável de acordo com Sabatino(2003) : a) retenção de clientes: reter um cliente e relacionar-se com ele por um longo tempo mostra que a empresa é operacionalmente eficaz e, também, que o tratamento oferecido a esse cliente é relevante – e esse relacionamento é o item mais significativo para manter um cliente sempre por perto; b) variação do tíquete médio: esse é um dos aspectos que mais provoca interesse nas empresas que desenvolvem programas de fidelidade. O princípio é simples: se um cliente entra em um ponto de venda, compra e é premiado por essa fidelidade, por que não fazê-lo comprar mais – ou levá-lo a migrar para marcas e produtos mais rentáveis? c) variação da frequência: clientes fidelizados que recebem recompensas relevantes pela sua lealdade, geralmente frequentam mais vezes o ponto de venda que os não fidelizados, e, dependendo do segmento, isso pode aumentar em até duas vezes; d) captação de novos clientes: Essa variável é fundamental para a saúde do programa, pois novos clientes oxigenam os negócios da empresa, principalmente no lucro. Se a empresa acompanha e conhece o perfil dos clientes e, em consequência, conhece os seus comportamentos de consumo, as chances de capturar novos clientes com um perfil similar aumentam bastante; e) mudança no comportamento da compra: a mudança no comportamento de um cliente pode sofrer a influência de algumas variáveis, como o canal de compras, os meios de pagamento, o mix de produtos, os fatores econômicos e sociais, os hábitos e períodos de consumo. Os amigos, os ídolos e, principalmente, a mídia também tem papel fundamental quanto à mudança de comportamento das pessoas. Um programa de fidelização bem construído pode ajudar o varejista a influenciar o comportamento do consumo, como por exemplo, com relação ao período em que os clientes realizam as suas compras; f) meios de pagamento: os meios de pagamento têm forte influência no comportamento de compra, especialmente quando se trata de cartão de 30 crédito. Algumas pesquisas mostram que a compensação de cheques tem caído vertiginosamente desde 1994 . As previsões da ABECS (2011), empresa especializada no assunto, indicam que em 2012 haverá no Brasil em torno de 19 milhões de pessoas utilizando o cartão de crédito como forma de pagamento Esse forte incremento, aliado à convivência, à facilidade e à atual segurança com tecnologia de chip card, faz com que os programas de fidelidade pertencentes as administradoras e bancos tenham algumas características peculiares (SABATINO, 2003). A primeira delas é a forte concentração de compras dos clientes no meio de pagamento, e não no canal, ou seja, o cliente passa ser fiel à bandeira e ao banco, independentemente do varejo no qual consome. Tal concentração no meio de pagamento acontece quando o cliente percebe que o acúmulo de pontos, bônus ou milhas passa a ser incomparavelmente mais rápido com o cartão de crédito que com os programas convencionais, principalmente quando há disciplina e o hábito de ser fiel (SABATINO, 2003). A segunda característica é a clareza com que os objetivos devem ser perseguidos e definidos por seus departamentos de marketing. As empresas utilizam os seus programas prioritariamente para reter os clientes e aumentar os gastos deles, e depois para captar novos clientes (SABATINO, 2003). A terceira característica é a facilidade com que os cartões de crédito têm para comunicar-se com o cliente. Além de poderem contar com os estabelecimentos comerciais para divulgação dos seus benefícios, eles enviam faturas mensais para todos os clientes, o que promove uma oportunidade ímpar para se desenvolver um relacionamento – sem falar na enorme redução de custos em comunicação direta (SABATINO, 2003). Dependendo do que a empresa for comunicar aos seus clientes, ela pode utilizar-se da fatura e transformar em um episódio bastante descontraído o momento de abrir o envelope de uma conta a ser paga; g) penetração: um modo interessante de avaliar a eficiência de um programa de fidelidade é entender o que significa a penetração do programa. Essa se concentra em duas ópticas: a penetração na base total de clientes e a penetração sobre a receita (SABATINO, 2003).. Penetração na totalidade dos clientes. Geralmente, um programa de 31 fidelidade não é disponível para todos os clientes da empresa em um primeiro momento. Sua penetração começa respeitando a hierarquia da pirâmide, ou seja, começa com os principais clientes, geralmente os mais rentáveis, até chegar na base, onde estão os clientes menos rentáveis, mas que forneceram a sustentação do volume de vendas. A penetração é um excelente instrumento para medir o quanto o programa é importante e relevante para os clientes, pois quanto maior a adesão, maior é, teoricamente, a satisfação com a mecânica, com os prêmios e com a operação do programa Penetração sobre a receita é outro bom indicador, porém mais voltado ao resultado financeiro, é a penetração calculada sobre o faturamento (SABATINO, 2003). h) relacionamento com o cliente fiel: o relacionamento estreito com um cliente que está credenciado em um programa de fidelidade é fundamental por vários motivos, mas o principal é que ele lembre sempre da empresa, de modo que não perca o hábito de usar o programa. Este relacionamento é calçado em três pilares básicos: consistência na comunicação, conteúdo relevante e frequência (SABATINO, 2003).. Às vezes, a cultura da empresa em relação ao tratamento que dispensa aos clientes pode ser um obstáculo. Nem sempre uma organização consegue definir claramente o modo de se comunicar com os clientes e, o que é muito mais grave, às vezes as empresas não sabem o que dizer a cada um deles. Não pode haver uma comunicação padronizada (SABATINO, 2003).. Por isso, é necessário um mínimo de investimento em mídia para reforçar a marca e dar os benefícios de um programa de fidelidade. Porém, como em qualquer plano de comunicação, deve-se ter cuidado para não investir em demasia, pois o cliente tem um limite de absorção e entendimento da mensagem. Ninguém duvida de que a comunicação é importante em um processo de fidelização; porém, o problema é que os custos atuais necessários para se investir em comunicação no Brasil inviabilizam a manutenção ideal de um relacionamento consistente com os clientes, comprometendo a evolução do programa. 32 Para Jacon (2009), quando um programa de fidelidade não é bem desenvolvido pode gerar uma série de problemas, como: aumentar custos de marketing, sem obter retorno; ser percebido pelo cliente apenas como uma forma de conseguir descontos; não ter sua operacionalização entendida pelo cliente; não apresentar diferencial; não ter relevância; gerar passivo financeiro e criar expectativas não atendidas. Um programa de fidelidade não funciona quando é desenvolvido para compensar deficiências, seja de produtos, da empresa. Se o programa não orientar o cliente quanto a mudança de comportamento e de atitude, o mesmo será fiel apenas ao desconto e não a empresa, sendo facilmente conquistado pela concorrência (JACON, 2009). No entanto, se o programa for corretamente concebido e gerenciado, um programa de fidelidade pode ser um valioso instrumento, não apenas como retenção de clientes, mas também como forma de melhorias operacionais, geralmente relacionadas à logística e desenvolvimento de novos produtos (JACON, 2009). A atratividade de um programa de fidelidade é a capacidade que esse programa tem de manter acesa a chama do interesse do cliente, por meio dos benefícios que ele pode alcançar devido à sua fidelidade. Um programa tornase atraente, rentável e desejado em função da sua capacidade e da criatividade de manter em níveis aceitáveis a sua atração, a qual pode ser medida pela taxa de resgate. Essa atividade está ligada diretamente à ativação da base, ou seja, quanto maior for a ativação, maior a taxa de resgate (SABATINO, 2003). As empresas tendem a imaginar, sempre, que seus produtos ou serviços são sempre a melhor opção de prêmio e, o que é pior, passam a acreditar que o cliente realmente deseja aquilo Se uma empresa oferecer uma caneta Mont Blanc, esse prêmio será percebido de maneira positiva e atrativa, mas qual deve ser a despesa mensal desse cliente para que se torne rentável oferecer a ele um prêmio de US$ 120,00? Provavelmente ele precisaria consumir 33 produtos e serviços durante vários anos para que o prêmio se justificasse (SABATINO, 2003). Outro ponto importante é saber a diferença entre prêmio e brinde. Não se deve subestimar a capacidade de percepção do cliente, que jamais se comprometeria a ter um relacionamento com uma empresa, se ela dispusesse apenas distribuir canetas, camisetas e chaveiros. O cliente tem na sua cabeça, claramente, uma escala de relevância de prêmios e consegue diferenciá-los com muita facilidade. A calibragem entre o prêmio atrativo versus a possibilidade de ganhá-lo em num prazo razoável é a chave do sucesso de um programa. Com isso, evitamse aquelas situações muito comuns em programas de milhagens, nas quais o cliente não consegue somar, no prazo estabelecido, todas as milhas suficientes para voar e acaba ficando com algumas delas nas mãos, vencidas e totalmente frustrado (SABATINO, 2003). Segundo Sabatino (2003), quando a empresa oferta pontos, bônus, milhas, trechos ou qualquer outra coisa, está assinando um cheque ao portador que, em algum momento, será descontado pelo cliente. Por isso, a empresa deve fazer um provisionamento para o pagamento de tais cheques, ou seja, todo programa de fidelidade deve ter no seu balanço anual uma linha com os valores dos prêmios a serem pagos. Os pontos, as milhas ou os bônus resgatados entram automaticamente no cálculo da taxa de resgate, pois estão saindo do mercado, e já sinalizam para a empresa se há distorções na taxa de resgate previamente estipulada como alvo (SABATINO, 2003). Como a taxa de resgate representa o quanto a empresa está premiando o cliente pela fidelidade, ela deve estar bem calibrada e alinhada com o planejamento financeiro do programa (SABATINO, 2003). 34 Para Sabatino (2003), os índices da taxa de resgate em qualquer programa de fidelidade no mundo variam entre 35% e 50%, e essa taxa deve ser ajustada no decorrer do programa. Um programa de fidelidade jamais pode ser encarado como custo, pois, com um planejamento bem direcionado, os resultados cobrirão todos os investimentos (SABATINO, 2003). Existem variáveis que devem ser sempre monitoradas, e que são bons termômetros para se medir o andamento de qualquer programa de fidelidade. Entre essas variáveis, duas são especiais, são elas: o percentual de ativação, que define a quantidade de clientes que utiliza o programa com relativa frequência, e a taxa de resgate, que determina o nível de resgate dos prêmios (SABATINO, 2003) A maioria das médias e das grandes empresas tem capacidade e fôlego financeiro para desenvolver um programa de fidelidade próprio, porém poucas conseguem mantê-lo em um nível razoavelmente interessante para o cliente por um prazo mais longo (SABATINO, 2003) Sabatino (2003) relata que os programas de fidelidade devem ser desenhados para ser diferenciais competitivos para as empresas, e não apenas para tornarse mais uma opção de benefícios para o cliente. Um dos aspectos mais importantes de um bom programa de fidelidade é a facilidade do entendimento da mecânica de premiação, que deve ser simples e funcional (SABATINO, 2003). Sabatino (2003), descreve a existência de alguns modelos de programas de fidelidade, são eles: a) modelo A: monofidelidade total: No qual o cliente consome em uma determinada empresa e troca os seus pontos ou bônus por produtos 35 nessa mesma organização. Trata-se de um modelo tradicional, totalmente engessado e cansativo para o cliente, e não combina com a atual velocidade do varejo; b) modelo B: monofidelidade no premio e multifidelidade no ponto/canal: Neste modelo, o cliente pode consumir em diversas empresas e depois trocar os seus pontos ou bônus por produtos apenas na empresa que desenvolveu o programa. Trata-se de um sistema um pouco menos tradicional, com alguma flexibilidade, e que oferece mais opções e facilidade para juntar os pontos/bônus. Está mais alinhado com a velocidade e dinâmica do varejo. A durabilidade desse relacionamento é geralmente delimitada pelo porte das empresas em parceria na ponta prêmio/bônus, pois são elas que sustentam taticamente o programa. A empresa que desenvolve o programa é a responsável por estabelecer as parcerias com outras empresas, assim como em garantir o relacionamento e a comunicação com o cliente; c) modelo C: multifidelidade no prêmio e de multifidelidade no ponto canal: É o mais complexo de todos, por envolver as negociações com os parceiros nas duas direções, na ponta prêmio e na ponta ponto/bônus. O cliente pode consumir em diversas empresas participantes e depois trocar os pontos/bônus conquistados por produtos em qualquer empresa parceira do programa. Este ciclo caracteriza a multifidelidade, que é extremamente flexível. Mesmo tendo um nível operacional muito complexo, é interessante, pois oferece ao cliente um padrão de relevância incomparável; e d) modelo D: multifidelidade no prêmio e monofidelidade no ponto/canal: Neste modelo, o cliente consome em apenas uma empresa, acumula seus pontos/bônus e depois pode trocá-los por produtos em qualquer empresa parceira do programa. Trata-se de um modelo muito interessante, tanto para o cliente quanto para os parceiros do programa. O boticário utiliza esse modelo de programa. Os investimentos necessários para se colocar no mercado um programa de fidelidade não são pequenos. Independente do tamanho da empresa, não se 36 desenvolve um plano consistente e relevante para o cliente apenas com um microcomputador, um software e alguns prêmios. Embora possam trazer benefícios compensadores – se bem planejados, implementados e com desenvolvimento correto –, em geral, os programas de fidelidade custam caro e corroem um pouco as margens das empresas que os criam (SABATINO, 2003). Sempre que se discute o assunto investimento, surgem duas possibilidades: um programa com alto nível de relevância para o cliente – e isso significa custo alto – e um programa de relevância baixa que caiba no orçamento anual de marketing, porém com poucas chances de sucesso. Relevância para o cliente é um misto de gasto não só de dinheiro, mas de tempo para a conquista do prêmio e o prêmio em si, sendo que o equilíbrio e a boa relação entre esses três fatores determinará o nível de relevância do programa (SABATINO, 2003). Enfim, fidelização de clientes é importante para qualquer empresa que deseje estabelecer relacionamentos duradouros com seus clientes. Atualmente, vários segmentos de mercado utilizam desse instrumento para se diferenciar frente à concorrência. Entre esses mercados, destaca-se o mercado de cartões de crédito, onde os programas de fidelidade são comumente utilizados. 37 5 - MERCADO DE CARTÕES DE CRÉDITO O cartão de crédito surgiu quando três amigos em Nova York, ao final de um jantar, descobriram que não tinham dinheiro para pagar a conta. Então, o dono do restaurante aceitou receber o pagamento outro dia, mediante a assinatura da nota das despesas. Esse contratempo inspirou a grande ideia. Assim, em 1950 foi criado o primeiro cartão de crédito, o Diners Club. Este cartão era aceito em 27 restaurantes e era composto por um grupo de 200 pessoas, amigos dos criadores (ABECS, 2011). Atualmente, no mercado existem várias bandeiras de cartões de crédito, além do Diners existem Mastercard, Visa, Amex, Hipercard, Elo. Segundo dados da Cardmonitor, em 2009 existem no Brasil mais de 132 milhões de cartões em circulação. De acordo com a ABECS (2011), aproximadamente 18,5 milhões de pessoas possuem o cartão de crédito como forma de pagamento. Para os próximos 12 meses a expectativa é que esse número aumente em 4%. A faixa etária que mais possui cartão está entre 25 e 44 anos. Os cartões representam 24% dos consumos das famílias atualmente. O cartão de crédito mudou a forma de pagamento dos consumos realizados, ao invés de levar dinheiro, é possível utilizar um simples cartão para realizar o pagamento das despesas do dia-a-dia, com mais segurança e praticidade. Além do exposto acima, os cartões trouxeram diversos benefícios para sociedade, entre eles: estímulo à formalização da economia, estímulo à bancarização das famílias, eficiência na administração do crédito do consumidor, ampliação do acesso ao crédito de famílias e empresas, maior segurança para consumidor e lojista, inovação tecnológica, substituição na forma de pagamento (cartão x moeda e cheques), aumento nas vendas com reflexo direto na indústria de bens e serviços, geração de empregos (diretos e 38 indiretos) e incremento do faturamento pela facilidade de uso inclusive no exterior (ABECS, 2011). Assim, segundo estimativas da ABECS (2011), até o ano de 2015 mais de 909 milhões de cartões estarão em circulação no Brasil. Isso se justificará em parte pela intensidade de crescimento que as classes AB e C têm demonstrado nos últimos anos. É um segmento com ascensão social que vê o cartão de crédito como aliado no seu processo de inserção no mercado de consumo Diante do potencial de crescimento do setor de cartões de crédito, surgiu há aproximadamente 40 anos a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) com o objetivo de representar o mercado de meios eletrônicos de pagamento no Brasil, trabalhando de forma que o setor cresça de maneira sustentável, levando benefícios para os consumidores, lojistas e sociedade. Atualmente, a ABECS representa mais de 95% do mercado de cartões de crédito no Brasil e vem trabalhando para a intensificação do uso consciente dos meios eletrônicos de pagamento, através de uma campanha educativa voltada tanto para o portador do cartão quanto aos estabelecimentos comerciais. Trabalha também em outras frentes como a divulgação mensal dos números do mercado de cartões, implantação do Código de Ética e Autorregulação, educação financeira dos consumidores, além de promover anualmente o Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento, principal evento do setor. No segmento de cartões de crédito, o desenvolvimento e implantação de programas de fidelidade iniciaram-se há 25 anos com influência dos programas de fidelidade na época já utilizados pelas companhias aéreas, o primeiro programa foi implantado pelo Discover nos Estados Unidos. Já no Brasil, os primeiros programas no segmento de cartões datam de meados da década de 90 (CARDMONITOR, 2011). 39 No mercado de cartões a implantação de programas de fidelidade ocorreu para evitar perdas de clientes, pois afinal reter um bom cliente passou a ser fundamental para garantir a rentabilidade do negócio uma vez que o custo de aquisição de um novo cliente é por volta de R$ 50 a R$ 100 e leva-se mais de dois anos para recuperar esse investimento. Assim, nesse segmento, é usual os emissores investirem em torno de 1% das receitas em seus programas de fidelização (CARDMONITOR, 2011). 40 6 - CONHECENDO OS PROGRAMAS DE FIDELIZAÇÃO DOS MAIORES EMISSORES DE CARTÕES DE CRÉDITO NO BRASIL Segundo os dados do relatório de Monitoração do Mercado de Cartões de Crédito elaborado pela Cardmonitor (2009), os três principais bancos emissores de cartões são: Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. Ressalta-se que todos os dados foram coletados segundo informações disponíveis na página da internet destinada aos clientes de cartões de cada banco selecionado, considerando-se o mês de novembro de 2011. Além disso, foram considerados apenas os programas de recompensas oferecidos para os clientes portadores de cartões de crédito da variante Visa e Mastercard. Para melhor análise dos resultados, os dados são apresentados considerando os seguintes tópicos: Banco, Nome do Programa de Fidelização, Características gerais e tipos de recompensas e parcerias. 1) Banco do Brasil Nome do programa de Fidelização: Ponto para Você Características Gerais: - Participantes: Cliente que possui a função de crédito ativa do Cartão Ourocard (variantes Nacional, Internacional, Gold, Platinum, Platinum Estilo, Infinite e Black). - Aquisição de pontos: Nesse programa os pontos são adquiridos por meio dos Pontos de Cartão (originados de transações efetuadas por meio da função crédito e débito dos cartões) e Pontos de Promoção (são concedidos por meio de promoções). - Fator de conversão básico (sem acelerador de pontos): US$ 1,00 = 1 ponto (para variantes Nacional, Internacional e Gold). US$ 1,00 = 1,5 ponto (para variante Platinum) US$ 1,00 = 1,75 (para variante Platinum Estilo) 41 US$ 1,00 = 2 pontos (para as variantes Black e Infinite). - Formas de resgate de pontos: Via terminais de autoatendimento e Internet. Tipos de Recompensas e Parcerias: Os pontos acumulados nesse programa podem ser resgatados para programas de fidelidade das empresas aéreas TAM e GOL, trocados por cupons para participação de sorteios e/ou transferidos para o Programa Dotz, este que possui um catálogo de prêmios com disponibilização de produtos e serviços, que vão desde crédito para celular, ingressos de cinema a passagens aéreas. Além disso, o cliente também conta com o benefício de poder transferir pontos entre demais clientes com vínculos de parentesco (disponível apenas para as variantes Platinum, Infinite/Black). Outro benefício desse programa e a funcionalidade de acelerar pontos caso o cliente concentre seus gastos no cartão, exemplo: Clientes Gold recebem pontuação de 1 ponto para cada dólar gasto limitado ao valor de até R$ 2.000, acima desse valor o fator de conversão passa a ser de 1,2 pontos para cada dólar gasto. 2) Itaú Unibanco Nome do programa de fidelização: Sempre Presente Características Gerais: -Participantes: Clientes que possuem cartões das variantes Internacional, Gold e Platinum (adesão automática). - Aquisição de pontos: Por meio das compras realizadas com o cartão participante do programa. - Fator de conversão: US$ 1,00 = 1 ponto do programa Sempre Presente (para variantes Internacional, Gold). US$ 1,00 = 1,5 ponto do programa Sempre Presente (para variante Platinum) 42 US$ 1,00 = 2 pontos do programa Sempre Presente (para as variantes Black e Infinite). - Formas de resgate de pontos: Pela Internet e pelas centrais de atendimento da variante do cartão. Tipos de Recompensas e Parcerias: Os pontos podem ser transferidos para o Programa Multiplus Fidelidade, Programa Smiles, Programa Victoria da TAP, Programa LANPASS, Programa Tudo Azul, locações de automóveis, diárias de hotéis, assinaturas de jornais e revistas, pagamento de pedágios, produtos de categorias como eletrônicos, eletrodomésticos, decoração e brinquedos. Também há opção de doação para projetos sociais. 3) Bradesco Nome do programa de fidelização: Pré-compensa, Programa de Fidelização Cartões Bradesco e Bônus Clube Características Gerais: - Pré-compensa: São recompensas oferecidas ao cliente no momento da compra a ser realizada com o cartão Bradesco. - Programa de Fidelização Cartões Bradesco: são recompensas fornecidas por meio de pontos após a utilização e pagamento da fatura cartão (participam os cartões das variantes Gold, Gold Prime, Platinum, Platinum Prime, Infinite e Black). - Bônus Clube: concede ao participante o direito a troca por prêmios de acordo com o valor de gastos mensais efetuados pelos participantes por meio do cartão de crédito contabilizados no período de até 90 dias. O programa divide-se nas seguintes categorias de acordo com a média do gasto trimestral: Bônus – R$300,00 à R$449,99, Super Bônus – R$ 450,00 à R$ 599,99 e Mega Bônus – acima de R$600,00 (participam os cartões das variantes Nacional e Internacional). - Fator de conversão: 43 US$ 1,00 = 1 ponto (para variante Gold) US$ 1,00 = 1,2 ponto (para variante Gold Prime e Platinum) US$ 1,00 = 1,5 ponto (para variante Platinum Prime) US$ 1,00 = 2,2 pontos (para as variantes Black e Infinite). - Formas de resgate de pontos: Pela Internet e pelas centrais de atendimento da variante do cartão. Tipos de Recompensas e Parcerias: - Pré-compensa: atualmente os benefícios oferecidos são descontos em produtos e serviços como ingressos para cinemas, espetáculos, aluguel de automóveis, compras de CDs e DVDs e brindes como caixa de chocolate. - Programa de Fidelização: permitem resgatar pontos para passagens aéreas e estadias on-line, prêmios no catálogo de produtos (há um exclusivo apenas para os cartões Infinite e Black) e conversão de milhas para programas de fidelidades de companhias aéreas. Além disso, é permitida doação para ONGs e projetos sociais. - Bônus Clube: o cliente pode trocar seu prêmio por opções disponíveis no catálogo de produto de acordo com a classificação de bônus, super bônus, mega bônus. Esses prêmios incluem ingressos para cinema, livros, utensílios domésticos, eletrônicos, recarga para celular, ingressos para evento, Cds e Dvds, brinquedos. 44 7 -MAPEAMENTO DOS TIPOS DE RECOMPENSAS UTILIZADOS PELOS PRINCIPAIS EMISSORES DE CARTÕES DE CRÉDIO NO BRASIL Para análise dos dados, os resultados foram mapeados de acordo com o quadro 1 abaixo: Programas de Recompensas/Fidelização Ponto Você para Sempre Presente Banco do Brasil Banco Itaú Unibanco Précompensa Bradesco Programa de Fidelização Cartões Bradescos Bradesco Bônus Clube Bradesco Nacional, Variantes Participantes Internacional, Nacional, Internacional, Internacional, Gold, Gold, Platinum, Gold e Platinum, Platinum Estilo, Platinum Infinite e Black Infinite e Gold, Gold Prime, Platinum, Prime, Platinum Nacional Infinite e e Internacional Black Black. Benefício Canais resgate pontos Internet e para Terminais de Internet e concedido no Internet e Centrais Centrais de de autoatendimento Centrais de momento do de Atendimento e Internet Atendimento Atendimento compra Programas de Passagens aéreas e Prêmios no recompensas Descontos estadias on-line, de empresas catálogo de aéreas, em produtos prêmios no catálogo produtos doação para e serviços de produtos (locação projetos (ingressos sociais, (ingressos de automóveis, para catálogo de para eletrônicos,utensílios produtos e cinema, serviços cinemas, domésticos...), eletrônicos, (locação de espetáculos, programas de automóveis, utensílios diárias em aluguel de recompensas de domésticos, hotéis, carro, Cds, empresas aéreas, assinaturas recarga para de revistas e Dvds...) doação para celular...) jornais, projetos sociais decoração, brinquedos...) Quadro 1 – Mapeamento dos programas de recompensas dos principais bancos emissores de cartões de crédito no Brasil Programas de recompensas de empresas aéreas, cupons para participações em sorteios, catálogos de Tipos de produtos e recompensas serviços (créditos para celular, ingressos para cinema, utensílios domésticos, aluguel de carro...) 45 De acordo com o exposto no quadro 1 percebe-se que os tipos de recompensas oferecidos aos clientes são similares em relação aos benefícios oferecidos. As principais categorias de prêmios são: passagens aéreas, catálogo de produtos e serviços, estadia em hotéis, desconto na locação de carros etc. Como diferencial deve-se destacar a possibilidade de trocas de pontos por cupons para sorteios do Programa Ponto para Você. Essa opção aparece apenas neste programa e pode ser considerada uma boa alternativa para reduzir custos, mas também pode ser percebida negativamente pelos clientes que não são sorteados. Outra opção para diminuir ou equilibrar gastos com o programa é a inclusão de troca de pontos por descontos ou concessão de produtos do próprio banco, por exemplo: seguros de vida, seguros de veículos, títulos de capitalização etc. Essa também é uma excelente forma de se apresentar novos produtos para esses clientes fidelizados que tendem a aceitá-los de uma forma mais eficaz. No entanto, essas opções não foram percebidas claramente nos programas de recompensas estudados neste trabalho. Sobre o prêmio catálogo de produtos, todos os programas apresentam esta opção de benefício, porém suas formas de aplicação e gerenciamento são diferentes. O Bradesco e o Itaú Unibanco possuem programas com a ferramenta catálogo de produtos gerenciados diretamente pelo próprio banco, ou seja, eles têm o controle direto do benefício a ser oferecido ao cliente Por sua vez, o Banco do Brasil fornece essa opção indiretamente, já que seus pontos podem ser trocados para outros programas de fidelização (Multiplus e Dotz) que fornecem, dentre outras opções o catálogo de produtos e serviços. Esse modelo é o de alianças e parcerias citado por Souza (2009) que se baseia no estabelecimento de parcerias entre as empresas para oferecer produtos e serviços complementares aos já estabelecidos. 46 No entanto, é necessário destacar que, nesse modelo, o banco não tem a gestão sobre quais produtos oferecer, quais produtos ou serviços retirar, ou seja, não há uma gestão direta do benefício, uma vez que os pontos são direcionados para os programas de fidelidades parceiros e o cliente tem ou não a opção de resgatar o prêmio. Seguindo esta mesma premissa, tem-se a opção de troca por passagens aéreas, o programa de fidelização do Bradesco é o único que fornece a opção de resgate por passagens direto de seu site, ou seja, mais uma vez este banco consegue fazer um controle direto sobre sua recompensa. Todos os bancos oferecem a opção passagens por meio de programas de fidelização das companhias aéreas. Essas são as opções mais utilizadas e, talvez, as que tenham maior efeito tendo em vista ser o tipo de recompensa que está a mais tempo no mercado, antes mesmo dos programas de fidelização aplicados ao segmento de cartões de crédito. Afinal, segundo informações da Cardmonitor (2011), os programas de fidelidade aplicados ao segmento de cartões de crédito surgiram há 25 anos por influência dos programas de recompensas das companhias aéreas. Internalizar os tipos de recompensa é importante, pois se pode ter um melhor controle e acompanhamento do cliente, possibilitando verificar seu comportamento em termos de resgates para poder realizar campanhas e promoções personalizadas a fim de tornar o programa mais efetivo. Quando o resgate de pontos é apenas uma transferência para companhia aérea, tem-se apenas uma expectativa que aqueles pontos serão realmente utilizados pelos clientes, ou seja, uma expectativa que o programa seja perceptível para o cliente com a materialização do prêmio desejado. Este é um ponto de atenção, pois pode-se ter custo com a transferência de pontos para outro programa e pode ser que o cliente nem utilize efetivamente os pontos resgatados. Afinal, segundo Sabatino (2003), a chave de sucesso de 47 um programa de recompensa é a calibragem entre o prêmio atrativo e a facilidade de ganhá-lo em um prazo razoável de tempo. Como apontado pela literatura, um bom programa de recompensa deve ser flexível, ou seja, ter um bom rol de opções para clientes diversificados a fim de suportar movimentos táticos importantes para gestão do negócio (SABATINO, 2003). Considerando esta premissa, constata-se que os programas de fidelização utilizados pelo Bradesco são os mais diversificados em termos de opções. Ou seja, segundo os níveis de programas de fidelização apontados por Souza (2009), esse banco consegue oferecer mais e melhores opções de serviços e produtos para atender o cliente de forma mais completa. Como exemplo dessa diversificação, o Bradesco é o único que apresenta o conceito de pré-compensa, ou seja, os clientes são premiados no momento da compra, antes mesmo de pagar a fatura do cartão. Essa forma de recompensa é excelente considerando-se a percepção da efetividade do programa pelo cliente. Ainda sobre os níveis dos programas de fidelização de Souza (2009) é importante destacar o nível benefício social, os programas do Itaú e Banco do Brasil, demonstram bem esse nível quando insere nas suas opções de benefícios a troca de pontos por doações para projetos sociais. Afinal, essa iniciativa pode aumentar o nível de envolvimento do consumidor (SOUZA, 2009) com a marca do banco emissor. Sobre o benefício financeiro, de oferecer estímulos por freqüência de consumo (SOUZA, 2009), destaca-se: a iniciativa do Bradesco em segmentar um de seus programas, o Bônus Clube, de tal forma que quanto mais o cliente consumir, melhores produtos estarão à sua disposição para serem presenteados; e a prática adotada pelo Banco do Brasil com a aplicação do acelerador de pontos em casos do cliente concentrar e aumentar seus gastos no cartão. 48 Além disso, o Bradesco e o Banco do Brasil realizam de forma mais inclusiva a segmentação de clientes, com a inserção de mais variantes de cartões. Ou seja, há opções para públicos com rendas mais baixas, por exemplo, da variante nacional, essa que costuma não estar presente como participante dos programas de fidelização. Sabe-se que os clientes que devem ser premiados são os mais rentáveis e lucrativos, pois os investimentos podem não se justificar em todos os casos (HOFFMAN et al, 2009; JACON, 2009) . No entanto, com o crescimento das classes B e C e com o aumento freqüente do número de pessoas que possuem cartões e os utilizam como forma de pagamento, é importante a inserção dessas pessoas no programa de fidelização dos bancos, pois essas classes são segmentos com ascensão social que vê o cartão de crédito como aliado na inserção no mercado de consumo (ABECS, 2011). De acordo com nível benefícios estruturais apontados por Souza (2009), no planejamento de programas de fidelização, é necessário oferecer produtos e serviços específicos para os melhores clientes da empresa para criar uma dependência estrutural. No entanto, podemos pensar os melhores clientes não apenas como os melhores do banco, mas também como os melhores em cada variante do cartão. Assim, pode-se ampliar o programa e estabelecer relacionamentos duradouros com vários clientes de acordo com sua segmentação. Quando se fala em segmentação de clientes para os programas de recompensas, fala-se em oferecer os benefícios corretos para o público correto. Ou seja, devem-se ter tipos de recompensas diferentes para públicos de variantes diferentes. Essa premissa corrobora a afirmação de Quadros (2010) quando este autor relata que a realização de segmentação de mercado é necessária como tentativa de oferecer produtos diferenciados a um único cliente, e também a afirmação de Sabatino (2003) que aponta a segmentação de clientes como um dos objetivos dos programas de fidelização. 49 A segmentação permite conhecer melhor o cliente, seus hábitos de consumo, suas preferências e desejos. Esse conhecimento é de extrema relevância uma vez que a empresa que conseguir conhecer com mais detalhes o seu cliente terá mais facilidade para estabelecer estratégias e táticas a fim de tornar a empresa mais competitiva (SABATINO, 2003). Ademais, com esse conhecimento, o cliente pode fazer uma melhor gestão dos benefícios a serem oferecidos aos clientes, pois existem aqueles que são mais bem estimulados com as milhas, outros por programas com sorteios, outros por programas com doações e catálogos de prêmios, há também aqueles clientes que preferem não pagar anuidade ou tarifas. Essa premissa corrobora Jacon (2009), quando afirma que o principal benefício de um programa de fidelidade é o conhecimento adquirido no relacionamento permanente com o cliente. Os programas estudados precisam melhorar essa segmentação, apenas o Bradesco aplica a segmentação de forma mais completa e satisfatória, principalmente, com o bônus clube, onde há produtos diferenciados de acordo com o valor consumido no cartão. Isso é importante, pois para o programa ser efetivo é necessário que os benefícios sejam possivelmente alcançáveis pelo cliente. Outro ponto importante a ser considerado nessa avaliação, são os canais de comunicação (JACON, 2009) com o cliente, todos os bancos possuem canais diversificados de resgate de pontos, isso é importante, pois é uma estratégia importante para manter o cliente mais próximo da empresa (SABATINO, 2003) e de seu programa de relacionamento. Além disso, essa diversificação de canais representa uma facilidade para o programa de recompensas que deve ser passado de uma forma clara e simples para se ter mais chances de adesão e ativação (SABATINO, 2003). Todas as estratégias dos programas de recompensas analisadas neste estudo são importantes, pois representam o interesse do banco em aprimorar e 50 aperfeiçoar seus programas de fidelização como estratégia de retenção de clientes, uma vez que, segundo Hoffman et al (2009), é mais importante reter clientes do que atraí-los, conservar clientes é mais barato que atrair novos clientes. Por isso, é importante que o programa de fidelidade nunca seja percebido pela empresa apenas como custo, pois com um bom planejamento, os resultados cobrirão todos os investimentos. Afinal, esses programas devem se tornar um diferencial competitivo para empresa, não apenas mais uma opção de benefício para o cliente (SABATINO, 2003). 51 8 - NOVO PROGRAMA DE RECOMPENSAS Diante da avaliação e do mapeamento dos programas de recompensas dos três principais bancos emissores de cartões de crédito, pode-se apresentar sugestão de proposta para criação de um novo programa de fidelização considerando-se as práticas identificadas. Para acompanhar a seqüência do estudo, a nova proposta será apresentada seguindo as categorias e subcategorias utilizadas para avaliação e mapeamento dos dados. Banco: Este novo programa poderá ser aplicado para qualquer banco emissor de cartão de crédito no Brasil. Se o banco não trabalhar com algumas das bandeiras ou variantes dos cartões de crédito aqui estudadas, poderá fazer adaptações para atender as necessidades reais da empresa. Nome do programa de fidelização: “ Novo programa de recompensas” (à critério de cada banco). Características gerais: - Participantes: Clientes que possuem cartões de crédito nas variantes Nacional, Internacional, Gold, Platinum, Infinite e Black. - Premiação no ato da compra: o banco deve estabelecer parcerias a fim de permitir descontos ou brindes no momento da compra. Como exemplo, para essa opção deve-se prever benefícios relacionados ao entretenimento, como ingressos para shows, teatros, cinemas; e descontos em produtos e serviços diversos. Para personalizar e incentivar o uso do cartão, bem como o estímulo para up grade de variantes, os benefícios devem ser diferentes para cada variante do produto. Para um espetáculo de teatro X, com o cartão nacional obtem-se 25% de desconto, com o cartão Internacional e Gold 40% de desconto, para os 52 cartões Platinum,50% e para os cartões Infinite e Black, 75% de desconto. - Premiação por meio de acúmulo de pontos- programa de recompensas - Aquisição de pontos: Por meio de promoções, acelerador de pontos, compras e gastos efetuados nos cartões. Além disso, como forma de personalizar a ação de fidelização, propõe-se utilizar situações como aniversário do cliente para bonificá-lo com aquisição de mais pontos de acordo com sua faixa de consumo dos últimos três meses, por exemplo. - Fator de conversão de pontos: cada banco define o seu. No entanto, segue abaixo uma proposta de aplicação de acordo com a segmentação de clientes e com a premissa de personalização das ações. US$ 1,00= 0,5 ponto para a variante Nacional; US$ 1,00 = 1 ponto para a variante Internacional US$ 1,00 = 1,2 pontos para a variante Gold US$ 1,00 = 1,5 pontos para a variante Platinum US$ 1,00 = 2 pontos para as variantes Infinite e Black. - Canais para resgate de pontos e comunicação – Terminal de autoatendimento, Internet, Internet Banking e Centrais de atendimento. Programa com pontuações/tipos de recompensas: Deve-se prever segmentação também para este modelo de programa de fidelização. Nessa segmentação, o cartão da variante nacional deverá estar incluído no programa. Os tipos de recompensas devem ser diferenciados e se necessário, acumulados para variantes mais altas. Ou seja, o benefício para o nacional poderá também estar presente como opção para os cartões Internacionais, Gold, Platinum, Black e Infinite. É importante destacar que os benefícios principais devem ser de acordo com perfil de consumo de cada faixa de renda. Os clientes das variantes mais altas, a partir do Platinum tendem a valorizar experiências, gastos com turismo e entretenimento, hobbies etc. Os clientes das variantes menores tendem 53 a gastar mais com compras e serviços do cotidiano, tais como supermercados, farmácias, créditos para celular, salões de beleza etc. Além disso, é necessário incluir como opção, troca de pontos por passagens aéreas, por programas de fidelização de parceiros, por cupons para sorteios, doações para projetos sociais, catálogo de produtos e serviços etc. Para o catálogo, propõe-se incluir troca de pontos por faixas de descontos em aquisição de produtos como seguros de vida, seguros de automóveis, desconto para anuidade dos cartões de crédito, desconto no valor de prestações habitacionais e juros de empréstimos etc. O acelerador de pontos é uma boa opção para aumento do tíquete médio, para aumentar o consumo e sua freqüência. Para acompanhar a formatação do estudo, segue abaixo quadro com mapeamento e resumo da proposta apresentada. Novo Programa de Recompensas Variantes Participantes Nacional, Internacional, Gold, Platinum, Infinite e Black Canais para resgate de pontos Tipos de recompensas Terminais de autoatendimento, internet, intenet banking e centrais de atendimento Devem ser diferenciados e se necessário, acumulados para variantes mais altas. os benefícios principais devem ser de acordo com perfil de consumo de cada faixa de renda. Os clientes das variantes mais altas, a partir do Platinum tendem a valorizar experiências, gastos com turismo e entretenimento, hobbies etc. Os clientes das variantes menores tendem a gastar mais com compras e serviços do cotidiano, tais como supermercados, farmácias, créditos para celular, salões de beleza etc. Programas de recompensas de empresas aéreas, cupons para participações em sorteios, catálogos de produtos e serviços (créditos para celular, ingressos para cinema, utensílios domésticos, aluguel de carro...). Para o catálogo, propõe-se incluir troca de pontos por faixas de descontos em aquisição de produtos como seguros de vida, seguros de automóveis, desconto para anuidade dos cartões de crédito, desconto no valor de prestações habitacionais e juros de empréstimos etc. Quadro 2 – Resumo da proposta para um novo programa de recompensas Para finalizar, é necessário ressaltar que a sugestão apresentada não considerou baixo custo para implementação da proposta, conforme analisado e apontado no capítulo anterior, os investimentos se justificam pelo retorno apresentado. 54 No entanto, o banco deve gerir bem sua parte financeira para equilibrar custos, sabendo o quanto pode e deve-se investir no programa, de tal forma que seja um programa atrativo, rentável e competitivo. Assim, quanto mais o banco puder internalizar processos para melhor gerir e acompanhar o ciclo de vida de cada cliente, melhor será para o desenvolvimento e aplicação do programa ora proposto. 55 CONCLUSÃO Percebe-se com o estudo diversos tipos de recompensas utilizados nos programas de fidelização dos principais bancos emissores de cartões de crédito no Brasil, são eles: passagens aéreas, cupons para sorteios, catálogo de produtos e serviços que incluem crédito para celular, ingressos para cinema, aluguel de carro, utensílios domésticos, diárias em hotéis, doação para projetos sociais e descontos em produtos e serviços. Ressalta-se ainda que a gestão desses tipos de recompensa é feita de forma direta e indireta, ou seja, pelo próprio banco ou por parceiros. Pode-se considerar a relevância deste estudo para os bancos emissores de cartões de crédito, pois foi possível perceber a importância desse instrumento no processo de retenção de clientes. Com a avaliação e o mapeamento dos programas apresentados, objetivo principal do estudo, foi possível identificar a similaridade dos tipos de recompensas e a diversificação de opções. Além disso, foi possível perceber as oportunidades que há nesse mercado. Dentre elas, têm-se a possibilidade de incrementar o portfólio de benefícios com produtos e serviços do próprio banco, inserir classes em ascensão social como participante do programa de fidelização por meio da ampliação das variantes oferecidas, bem como realizar segmentação adequada de forma a oferecer produtos de modo mais personalizado. O estudo foi satisfatório, pois permitiu a construção de um rico programa de fidelização que pode ser aplicado em qualquer instituição financeira no Brasil. A proposta do programa foi elaborada com base no mapeamento dos tipos de recompensas descritos neste estudo. O rol de possibilidades de benefícios é significativo e deve ser utilizado de acordo com a realidade e tipo de cliente de cada banco. 56 Sobre o assunto, ainda há muito a ser estudado para se ter uma compreensão mais global e fazer afirmações mais concisas sobre os programas de fidelização utilizados pelos bancos emissores de cartões de crédito no Brasil. O estudo tem que ser ampliado de tal forma que contemple, entre outras opções, taxas de resgates de pontos, conhecimento sobre como é realizado a gestão do programa de recompensas em cada banco, se há acompanhamento efetivo do comportamento e do perfil de consumo de cada cliente etc. Afinal, fidelidade não se compra com brindes e descontos, mas adquire-se com base no entendimento das necessidades e desejos dos clientes, com a conseqüente personalização das ações. Nesse processo de fidelização, o mercado de cartões de crédito tem excelentes oportunidades para estabelecer boa comunicação com o cliente, pois além dos canais de atendimento e de resgates de pontos, há a facilidade em estabelecer parcerias com estabelecimentos comerciais para aplicação e divulgação de benefícios, bem como o fato de gerar faturas mensais para os clientes, representar uma excelente porta para divulgação e realização de promoções e campanhas. Por fim, a maior contribuição deste estudo está na possibilidade de auxiliar no planejamento de um programa de recompensas. Os bancos podem aproveitar o trabalho como fonte motivadora para melhorar e aperfeiçoar os modelos adotados atualmente no mercado de cartões de crédito, identificando riscos e oportunidades para alavancar suas vendas e aumentar a rentabilidade da sua base de cartões por meio da retenção de clientes. Afinal, quando um programa de fidelização não é bem desenvolvido pode gerar, entre outros problemas, aumento de custo, prejudicar a marca e a percepção do cliente sobre a empresa que se relaciona, não representar diferencial competitivo, criar expectativas não atendidas etc. 57 Além disso, é importante ressaltar que este estudo avaliou-se apenas uma ferramenta de fidelização, o modelo por recompensas (SOUZA, 2009). É necessário ressaltar que para se estabelecer relacionamentos duradouros é preciso mais que um bom programa de fidelização, é preciso ter bom atendimento ao cliente, seja no ponto de venda ou nos diversos canais de comunicação como as centrais de atendimento. Por fim, a venda de cartões tem que ser realizada de forma qualificada, ou seja, o cartão certo para a pessoa certa, ademais é necessário ter um portfólio com produtos atraentes e competitivos. Ou seja, quaisquer processos de fidelização têm obrigatoriamente como ponto de partida a qualidade de um produto. 58 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CARTÕES DE CRÉDITO E SERVIÇOS. São Paulo. Dados sobre o setor de cartões de crédito. Disponível em: <http://www.abecs.org.br> Acesso em: 29 de nov 2011. BANCO DO BRASIL. Disponível em: <http://www.bb.com.br> Acesso em: 29 de novembro de 2011. BANCO ITAÚ. Disponível em: <http://www.itaucard.com.br/> Acesso em: 29 de novembro de 2011. BÓ, G.D.; SOUZA, L.G.; MILAN, G.S. A estratégia de retenção de clientes corporativos e a criação de barreiras à saída: um estudo exploratório em uma agência de um banco de varejo.In: XII SEMEAD – SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, São Paulo: 2009. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/.../18.pdf> Acesso em 24 de set. 2011. BRADESCO. Disponível em <http://www.bradescocartoes.com.br> Acesso em 29 novembro de 2011. BRONDMO, H.P. 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