Discurso proferido pelo Deputado Vital do Rêgo Filho na sessão do dia 30 de novembro de 2010. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Demorou, mas aconteceu. O governo finalmente anunciou uma ampla rodada de regulação do mercado de cartões de crédito que começará a valer a partir de 1º de junho de 2011. A principal mudança é determinação de um limite mais alto para pagamento mínimo da fatura, que a partir de junho será de 15% e a partir de dezembro de 2011 será de 20%. A intenção, segundo o BC, é evitar o "superendividamento" das famílias. Atualmente, a prática do mercado é de 10% de pagamento mínimo da fatura, mas isso é apenas uma convenção e não uma norma. A diretoria de Política Monetária do Banco Central acredita que a medida vai ter eficácia em reduzir o nível de endividamento dos usuários, a despeito dos juros altos praticados na rolagem de dívida de cartão de crédito. Todavia, essa regra de limite para pagamento mínimo poderá ser revisto ao longo do tempo. As tarifas dos cartões é outra alteração relevante nas regras do mercado de cartões. Com a redução do número de tarifas autorizadas a serem cobradas dos clientes deixarão de pagar cerca de 80 tarifas para pagarem somente 05, conforme ficou definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). São elas: anuidade, emissão de segunda via de cartão, utilização de saque na função crédito, pagamentos de contas e, quando houver necessidade, avaliação emergencial do limite de crédito. Essa regra, assim como as demais, passa a vigorar em junho de 2011 para os novos cartões emitidos a partir desta data. Para os plásticos (cartões) já existentes, a migração ocorrerá um ano depois, em junho de 2012. Esse cronograma só não vale para o novo limite de pagamento mínimo, que beneficiará todos os cartões, novos e antigos. Ao reduzir e padronizar em cinco tarifas, o governo busca garantir aos consumidores que eles possam comparar os preços e escolher o que melhor lhes convêm. Além disso, os bancos também terão que enviar aos clientes de cartão um extrato detalhado sobre as despesas com tarifas, juros e encargos. Além disso, o cartão terá que deixar claro o Custo Efetivo Total das operações de crédito (juros e encargos que serão cobrados em termos porcentuais) que poderão ser contratadas pelos clientes. Novos cartões. Outra novidade no setor definida pelo CMN foi a definição de dois tipos de cartões de crédito: "básicos", para clientes que só desejarem realizar as operações clássicas de pagamentos à vista ou parcelados de bens e serviços em estabelecimentos credenciados; ou "diferenciados", modalidade mais sofisticada, que vai incorporar em sua anuidade os custos dos benefícios adicionais (como programas de milhagem). O cartão "básico" terá obrigatoriamente anuidade mais barata do que a dos "diferenciados". Além disso, os cartões básicos nacionais terão obrigatoriamente anuidade mais barata do que os básicos autorizados para uso no exterior, o mesmo ocorrendo com os cartões diferenciados. O Conselho Monetário Nacional também proibiu o envio de cartão sem pedido expresso do cliente. Essa prática já era vedada no Código de Defesa do Consumidor (CDC). O JPMorgan Chase, a maior empresa de cartões de crédito do país, reclama das novas regras que limitam aumento de taxas e juros dos cartões. Eles afirmam que a nova lei poderá causar prejuízos de até $750 milhões este ano. Para conter esses prejuízos as empresas poderão aumentar outras taxas como de transferência de balance, adiantamento de dinheiro, e outros. As novas regras não proíbem totalmente as empresas de buscarem clientes menores de 21 anos. Mas advogados em direito do consumidor têm criticado o marketing violento direcionado aos jovens, que podem acabar fazendo com que eles entrem em dívidas cedo, sem pensar nas consequências. Com a nova lei, será proibido aprovar um cartão para os menores de 21 anos, sem uma segunda assinatura e sem comprovação de renda. Essas novas regras tem significativa relevância face aos estudos feitos a cerca do endividamento da população e que visam a adequação das normas e legislação consumidora. A todos, meu muito obrigado.