DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Nota Técnica DVIS/DAS nº 01/17, 06 DE ABRIL DE 2017. Orientações sobre as ações de vigilância e assistência à Febre Amarela no Município do Salvador A Febre Amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, causada pelo arbovírus protótipo do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae, transmitido por artrópodes, e que possui dois ciclos epidemiológicos de transmissão distintos: silvestre e urbano. Pode apresentar-se com quadro clínico inaparente, pouco sintomática até formas fulminantes. A FA é endêmica nas áreas de florestas tropicais da América do Sul e da África. Acomete cerca de 200.000 pessoas/ano no mundo (OMS). Apresenta um alto potencial de disseminação (transmissão vetorial), elevado custo econômico (hospitalizações - UTI) e grande impacto econômico (turismo, comércio, relações internacionais). Em Salvador, até a presente data, não há ocorrência de casos humanos suspeitos de Febre Amarela. Desde meados de Janeiro de 2017, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vem notificando a ocorrência de Epizootias em primatas não humanos (PNH) no município. Até 31 de março de 2017 foram notificadas 36 epizootias em PNH, distribuídas em todos os Distritos Sanitários (DS), exceto Centro Histórico, Itapagipe e Cajazeiras. Das epizootias notificadas, 03 DS apresentaram PNH com PCR positivo para Febre Amarela: 01 no DS Brotas, 02 no DS Subúrbio Ferroviário e 03 no DS Barra/Rio Vermelho. Considera-se caso suspeito em humanos, indivíduo com febre alta de início súbito com duração de até 7 dias acompanhada de dois ou mais dos seguintes sintomas: cefaléia, mialgia, dor abdominal, náuseas, vômitos, prostração, icterícia, manifestações hemorrágicas, e que seja residente de Salvador ou oriundo de área de risco para a doença (locais com epizootia confirmada e/ou casos humanos confirmados). Desde as suspeitas das Epizootias, a Secretaria Municipal da Saúde – SMS vem desenvolvendo uma série de ações para prevenção e controle da doença em Salvador, a saber: • Notificação e investigação imediata de epizootias conforme Nota Técnica DVIS nº 01/2017; • Alerta para notificação e investigação imediata de casos humanos suspeitos, conforme Nota Técnica DVIS nº 01/2017; 1 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Intensificação das ações de bloqueio focal nas localidades com suspeita de epizootias; • Educação em Saúde em locais estratégicos da cidade; • Organização do fluxo de notificação e encaminhamento das amostras em casos de epizootias em parceria com Guarda Municipal, LACEN, IBAMA e SESAB/DIVEP; • Solicitação ao Ministério da Saúde para reavaliação do Município como área de não recomendação de vacinação contra febre amarela; • Captura de vetores para pesquisa de vírus em parceria com a SESAB/DIVEP/LACEN; • Bloqueio focal e espacial nas localidades com epizootias confirmadas; • Busca ativa de primatas não humanos para pesquisa viral em parceria com a SESAB/DIVEP/LACEN; • Busca ativa dos casos suspeitos humanos pelas equipes de saúde (Unidades Básicas com e sem Saúde da Família, Unidades de Emergência – UPA e PA, rede conveniada); • Verificação da situação vacinal da população nas áreas de epizootias confirmadas; • Treinamento em serviço das equipes de saúde (webpalestra, capacitação em serviço); • Inclusão da discussão sobre febre amarela na Sala de Situação das arboviroses; • Mudanças nas estratégias de vacinação, de acordo com a situação epidemiológica do município do Salvador. 1. Ações de Vigilância 1.1 Imunização A Secretaria Municipal da Saúde de Salvador de acordo com a situação epidemiológica do município vem adotando diferentes estratégias de vacinação. Desde o dia 30 de março de 2017, diante da ocorrência de epizootias confirmadas, o município passou a não mais exigir comprovante de viagem para a população de Salvador, ampliando o quantitativo de unidades de saúde referência para a vacinação contra febre amarela, seguindo as recomendações de priorização de ações de bloqueio nestas áreas. Dia 05/04/2017, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil passa a adotar esquema de dose única da vacina febre amarela seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2013, baseado em evidência científica quanto a longevidade de proteção deste imunobiológico, a saber: 2 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Quadro 1 - Indicações para administração da vacina Febre Amarela Indicação Esquema/Conduta Indivíduos que apresentarem 1 ou mais Considerar vacinado. doses da vacina febre amarela Não administrar nenhuma dose Indivíduos que nunca foram vacinadas Aplicar 1 dose de vacina e considerar vacinado. ou sem comprovante de vacinação Quadro 2 – Precauções a serem consideradas, relacionadas à vacina Febre Amarela Nestas situações, requerer e reter relatório médico que deve, obrigatoriamente, detalhar a situação de saúde do indivíduo assegurando a indicação vacinal. O relatório deverá ser impresso com timbre e assinado e carimbado pelo médico. Não será aceito relatório de autoavaliação. Precauções Observação Pessoas com 60 anos e mais, que O médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação, nunca foram vacinadas ou sem levando em conta o risco da doença e o risco de eventos comprovante de vacinação. adversos nessa faixa etária e/ou decorrentes de comorbidades. Gestantes, independentemente do A vacinação está contraindicada. Na impossibilidade de estado vacinal. adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação. Mulheres que estejam A vacinação não está indicada, devendo ser adiada até a amamentando crianças com até 6 criança completar 6 meses de idade. Na impossibilidade de meses de independentemente vacinal. idade, adiar a vacinação, como em situações de emergência do estado epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação. Em caso de mulheres que estejam amamentando e receberam a vacina, informar a lactente que o aleitamento materno deve ser suspenso preferencialmente por 28 dias após a vacinação (com um mínimo de 15 dias). Fonte: Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação, 2014 3 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Quadro 3 – Contra indicações relacionadas à vacina Febre Amarela Contra indicações Crianças menores de 6 meses de idade. Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza. Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos. Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteróides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores). Pessoa com Doença Falciforme em uso de hodroxiureia, vacinar somente se contagem de neutrófilos acima de 1.500 céls/mm3 Pacientes submetidos a transplante de órgãos. Pacientes com imunodeficiência primária. Pacientes com neoplasia. Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou outras). Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica). Fonte: Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação, 2014 Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para áreas de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos, levando em conta o risco de eventos adversos. Orientações para quem perdeu o cartão de vacina: Importante proceder ao resgate da informação para evitar a vacinação desnecessária, pois como todo produto farmacêutico os imunobiológicos podem causar reações adversas. Procurar o serviço de saúde que costuma freqüentar e tentar resgatar o histórico. Caso isso não seja possível, a recomendação é iniciar o esquema normalmente. Nestas situações, principalmente envolvendo crianças menores de 10 anos, inicialmente requerer que o responsável resgate a informação do cartão de vacinação da criança, à medida que sabemos que trata-se de um imunobiológico que faz parte do Calendário básico de Vacinação da Criança passível de ser resgatado no sistema, no trabalho dos pais e na escola. 4 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Orientações adicionais: Em crianças menores de 2 anos de idade nunca vacinadas com vacina de febre amarela, não administrar essa vacina simultaneamente com a vacina tríplice viral nem com a tetraviral (MMRV). O intervalo mínimo deve ser de 30 dias entre as vacinas, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado. Se a criança recebeu anteriormente as vacinas tríplice viral e febre amarela, não deve haver interferência na imunogenicidade entre elas, as duas poderão ser administradas simultaneamente ou sem intervalo mínimo entre as doses. Se a criança recebeu apenas uma das vacinas (tríplice viral ou febre amarela), estabelecer intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Foram estabelecidas Unidades de referência de vacinação contra Febre Amarela com o objetivo de facilitar o acesso da população e principalmente otimizar o quantitativo de doses por frasco, minimizando as perdas. Esta relação de Unidades de referência para vacinação e seus horários de funcionamento está sendo atualizada semanalmente, disponibilizada no site da SMS (http://www.saude.salvador.ba.gov.br/) e divulgada na mídia, considerando o cenário epidemiológico e o estoque da Vacina Febre Amarela disponível. 1.2 Notificação Seguir as orientações dispostas na Nota Técnica DVIS nº 01/2017. 2. Ações de Assistência 2.1 Quadro clínico A febre amarela é uma doença dinâmica com possibilidade de piora importante em período de horas ou dias, com manifestações clínicas de diferentes formas e amplitudes. Pode apresentar-se assintomática ou oligossintomática (formas leves) em 90% dos casos, podendo evoluir para formas moderada, grave e maligna. As formas de apresentação deste agravo são classificadas da seguinte forma: • Forma leve (Grupo A): caracterizada por febre (relatada ou aferida), cefaléia (principalmente de localização supra-orbital) e mialgia, de início súbito, com duração de até 12 dias, acompanhados ou não de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: lombalgia, mal estar, calafrios, náuseas, tonteiras. A forma leve deverá ser acompanhada nas Unidades Básicas com e sem Saúde da Família, conforme Anexo 1. 5 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Forma moderada (Grupo B): apresenta as manifestações clínicas da forma leve associada à icterícia e elevação de aminotransferases, colúria, congestão conjuntival e facial, podendo apresentar hemorragia leve, traduzida por gengivorragias e epistaxe, mas sem hemorragia sistêmica de grande vulto e sem sinais de insuficiência renal aguda. A forma moderada tem como porta de entrada a unidade de emergência (UPA e PA) e será necessário a solicitação de internamento, via Central Estadual de Regulação (CER). • Forma grave (Grupo C): Esta forma se deve a um processo de visceralização viral. Neste processo, o vírus invade os órgãos como fígado, baço, rim e coração, e inicia uma disfunção orgânica, que caracteriza a gravidade da doença. Além da sintomatologia das formas anteriores em maior intensidade, manifesta-se com dor abdominal, sinais de comprometimento hemodinâmico (hipotensão, enchimento capilar maior que 2 segundos, oligúria, acidose metabólica), alteração do nível de consciência, sinais evidentes de acometimento hepático (icterícia acentuada, aumento das aminotransferases, alteração de coagulograma – RNI > 1,5 vezes o normal ou atividade de protrombina < 60%), hemorragia sistêmica, sinais de insuficiência renal aguda, na maioria das vezes evoluindo para o coma seguido de óbito em até 50% dos casos. A forma grave deverá ser acompanhada nas unidades hospitalares, conforme regulação do leito pela Central Estadual de Regulação (CER). 2.1.2 Sinais de Alarme Sintomas clínicos de suspeição de caso de febre amarela associados à: Icterícia e/ou colúria; congestão conjuntival e facial; sangramento espontâneo leve como gengivorragia e epistaxe; ausência de sinais de insuficiência renal aguda; dor abdominal intensa e contínua deverá orientar o usuário a procurar imediatamente o serviço hospitalar. 2.2 Diagnóstico 2.2.1 Diagnóstico Clínico Avaliação clínica inicial: incluir na anamnese questões sobre local de residência e viagens para áreas de risco e histórico vacinal para FA. Exame físico com atenção a aferição de sinais vitais (Pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura), estado de 6 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE hidratação (turgor e elasticidade cutânea diminuídos, ressecamento de mucosas, sede e diminuição do volume urinário), presença de icterícia e/ou colúria, nível de consciência e sinais de sangramento. 2.2.2 Diagnóstico Laboratorial Isolamento Viral e RT-PCR em amostra de soro – Realizar do 1° ao 5° dia após o início dos sintomas; Sorologia IGM e IGG a partir do 6° dia após o início dos sintomas. 2.2.3 Exames complementares inespecíficos: Hemograma: leucopenia, neutropenia, linfocitose, plaquetopenia e anemia; Transaminases: aumentadas (> que 1000mg/dL nas formas graves); BIllirrubinas: aumentadas às custas de BD; Fosfatase Alcalina, GGT, uréia e creatinina: aumentados; Coagulograma: aumento do TTPa e do TP (caso necessário nas formas moderada e grave); VHS: baixo; Sumário de urina: bilirrubinúria, hematúria, cilindrúria, proteinúria acentuada, com valores acima de 500mg/100ml. 2.3 Manejo clínico em Adulto. 2.3.1 Forma leve em adultos (Grupo A) • Realizar hidratação: Via oral 60ml/kg/dia. Em caso de intolerância da hidratação por via oral, utilizar 30ml/kg/dia de cristaloides (soro fisiológico 0,9% ou Ringer lactato) por via venosa. • Prescrever sintomáticos: para o manejo da dor e febre, não usar o ácido acetilsalissílico (AAS) e antiinflamatórios não esteróides (AINE). No caso de uso de Paracetamol, evitar uso de doses superiores a 3,0 gramas por dia. Pode-se utilizar resfriamento físico para a diminuição da temperatura corporal. • Manter o paciente em monitoramento clínico e laboratorial (HMG, AST, ALT, BT e frações, Ur, Cr e sumário de urina) pelo período de 7 a 10 dias. Acionar a equipe 7 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE de saúde do território do usuário para a realização de busca ativa em caso do não comparecimento do mesmo para reavaliação no período máximo de 24 horas. • REALIZAR NOTIFICAÇÃO. • Nos casos não confirmados, realizar avaliação da situação vacinal e se necessário administrar a vacina conforme Nota Técnica nº 02/2107, referente às orientações sobre vacinação da Febre Amarela no município do Salvador. 2.3.1.2 Critérios para encaminhamento às unidades de urgência e emergência Encaminhar imediatamente o usuário que apresentar piora clínica dos sinais e sintomas, dor abdominal, hemorragia leve, gengivorragia e epistaxe, elevação de aminotransferases, icterícia ou elevação de bilirrubinas, colúria, congestão conjuntival e facial, diminuição da diurese, alterações respiratórias, neurológicas, hemodinâmicas ou nos casos de intolerância a hidratação por via oral, na impossibilidade da reposição venosa de cristalóides nas Unidades Básicas com e sem Saúde da Família. 2.3.2 Forma moderada em adultos (Grupo B) • Internar todos os casos suspeitos; • Realizar hidratação: Via oral 60ml/kg/dia. No caso de intolerância da hidratação por via oral: 30ml/kg/dia de cristalóides (soro fisiológico 0,9% ou ringer lactato), EV; • Pacientes desidratados devem receber expansão volêmica de 20ml/kg/h com reavaliação de parâmetros hemodinâmicos e urinários após a primeira hora; • Caso o paciente permaneça oligúrico ou hipotenso, repetir a infusão de 20ml/kg/h até estabilidade destes parâmetros. Deve-se manter vigilância para evitar hiperidratação; • REALIZAR NOTIFICAÇÃO; • Prescrever sintomáticos; • Solicitar exames: HMG, coagulograma, AST, ALT, BT e frações, Ur, Cr, Na, K e PCR. Na admissão, também deverão ser coletados Hemoculturas (2 amostras), lactato, CK total, sumário de urina, e realizados ECG e RX do tórax. A cada 12h deverão ser realizados coagulograma e glicemia capilar. Em caso de hipoglicemia, realizar glicemia capilar em intervalos menores; 8 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Indicar transfusões de concentrado de hemácias para pacientes hemodinamicamente estáveis para manter Hb > 7g/dL e Hct > 21% e para pacientes com sintomas clínicos de anemia; • Sempre investigar a presença de hemorragia; • Manter o paciente em observação até melhora clínica e laboratorial. 2.3.3 Forma grave em adultos (Grupo C) • Internar em UTI. • Suporte ventilatório: Suplementação de O2 – cateter nasal, máscara facial; Ventilação não invasiva (VNI); Intubação orotraqueal (IOT). • Tratamento do choque: Fisiopatologia: hipovolêmico + distributivo >> hemorragia + vasoplegia + extravasamento capilar; Alvo: PAM ≥ 65 mmHg (pode ser maior em idosos e HAS); Reposição volêmica com soluções cristalóides: soro fisiológico, ringer lactato (menor concentração de cloro); Uso de albumina não deverá ser rotineiramente indicado para estes doentes, considerando a etiopatogenia da hipovolemia. • Hipotensão não responsiva a volume: Monitoramento de pressão intra-arterial (PIA); Vasopressores: 1ª escolha: noradrenalina 0.01-5 µ/kg/min; Opções: dopamina (maior mortalidade por arritmias), adrenalina (casos refratários); Inotrópicos; História pregressa de IC (sistólica), IC aguda ao ECO; Dobutamina 5-12µ/Kg/min; Vasopressina 0,01 a 0,04 U/min; • Prescrever dieta por via oral ou enteral (padrão ou para insuficiência hepática); • Manter cabeceira elevada entre 30 e 45º; 9 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Realizar profilaxia de trombose venosa profunda de acordo com resultado de coagulograma e contagem de plaquetas; • Realizar profilaxia de úlcera de stress com inibidor de bomba de prótons (omeprazol 40mg de 12 em 12 horas); • Avaliar glicemia capilar: 80-180mg/dl: repetir de 4/4h; <70mg/dl: corrigir com soro glicosado 50% e monitorar de 1/1h até atingir níveis entre 80-180mg/dl; Se duas aferições >180mg/dl ou uma >250mg/dl, considerar insulina EV. • Controlar temperatura corporal – evitar paracetamol; • Monitorar a diurese e demais dados vitais com anotação de 2/2h; balanço hídrico 12/12h; • Realizar medidas de prevenção de lesão por pressão, com mudança de decúbito de 3/3 horas; • Avaliar necessidade de protocolo de avaliação de nível de sedação. Caso seja necessário, iniciar com opióide; • Indicar diálise se aumento de 2 a 3 vezes da creatinina plasmática basal e/ou débito urinário menor que 0,5mL/Kg/hora no período de 12 horas; • Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos. Podem produzir alterações do estado mental ou crises convulsivas, caracterizando uma encefalopatia e não uma encefalite. • Suporte transfusional: Concentrado de hemácias: Alvo: hemoglobina > 7; Hemorragia importante ou antes da realização de procedimentos; Uma bolsa eleva a hemoglobina em 1,0. Plaquetas: < 10.000: profilático (controverso); < 20.000: sangramento, febre ou procedimento invasivo; > 50.000: hemorragias graves, até 100.000 se sangramento de SNC 1U – 7-10/Kg 10 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Considerar monitorização invasiva de pressão arterial, preferencialmente em artéria radial; • Instituir precocemente o tratamento de encefalopatia hepática: lactulona 20 a 40ml de 8/8h por via oral ou enteral e/ou clister glicerinado com o objetivo de manter 3 a 5 evacuações diárias Vitamina K (EV); Avaliar o uso de metronidazol ou vancomicina oral, caso a caso. • Monitorar sinais de hipertensão intracraniana; • Iniciar antibioticoterapia de amplo espectro para tratamento de possíveis infecções bacterianas; • Avaliar necessidade de transfusão de hemoderivados; • REALIZAR NOTIFICAÇÃO. Obs.: Para o resumo do manejo clínico ver o Anexo 2. 2.4 Manejo clínico em Crianças Até o momento existem poucos casos confirmados da doença, em crianças, no presente surto, seja pela proteção conferida pela vacina seja pela baixa exposição dessa população às zonas de risco. Avaliação clínica inicial em crianças: • Avaliar criteriosamente os sinais vitais (frequência cardíaca; frequência respiratória; pressão arterial, que deve ser medida em duas posições para investigação de hipotensão postural) e de desidratação (umidade das mucosas, turgor da pele, fluxo urinário); • Avaliar a presença de exantemas e sangramentos; • Investigar dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos que sugiram diagnósticos diferenciais, como teste rápido positivo para Dengue, presença de roedores e águas de enchentes (avaliar Leptospirose), viagem para áreas de transmissão de Malária (norte do Brasil ou África subsaariana, principalmente), contato com carrapatos (avaliar Febre Maculosa). 11 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Todas as crianças que preencham o critério de caso suspeito de febre amarela devem ser hospitalizadas, independente da história vacinal, visando monitoramento clínico e laboratorial mais frequente. 2.5 Rede de Atenção à Saúde 2.5.1 Atenção Primária à Saúde Diante da situação epidemiológica atual da FA, todos os profissionais da Rede de Atenção Primária à Saúde deverão estar envolvidos nas ações de prevenção, controle e assistência do agravo, além estratégias de prevenção da urbanização da FA, desempenhando as seguintes atividades: • Notificar, investigar, monitorar e acompanhar os casos suspeitos ou confirmados da doença; • Adotar medidas de controle, coleta, análise e interpretação de dados, dentre outros, uma vez que há proximidade da unidade de saúde com o território, permitindo uma maior possibilidade de monitoramento em tempo oportuno; • Planejar e executar ações de educação em saúde na comunidade (visita domiciliar, escolas, associações, entre outros) e/ou na unidade de saúde, abordando questões referentes à FA (medidas de prevenção, controle, incluindo o controle dos vetores e o uso de proteção individual contra picadas de insetos etc.); • Divulgar para a comunidade a situação epidemiológica da doença e incidentes na sua área de abrangência; • Vacinar a população nos espaços intra e extra-muros da unidade de saúde, verificando a caderneta e orientando sobre a situação vacinal, conforme o calendário vigente, induzindo a manutenção de altas taxas de cobertura vacinal; • Acolher todos os usuários com sinais e sintomas sugestivos para FA; • Realizar avaliação clínica inicial: exame físico com atenção a aferição de sinais vitais (Pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura), estado de hidratação (turgor e elasticidade cutânea diminuídos, ressecamento de mucosas, sede e diminuição do volume urinário), presença de icterícia e/ou colúria, nível de consciência e sinais de sangramento; 12 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Acompanhar os casos clínicos da forma leve em adultos e crianças de acordo com o Manejo Clínico descrito no item, 2.3.1; • A coleta de material para exames laboratoriais, inclusive sangue, será realizada por Técnico de Laboratório no período matutino, nas UBS que já tem posto de coleta. No período vespertino essa atividade será desenvolvida por Técnico de Enfermagem lotado nessa Unidade de Saúde; • A coleta de material para exames laboratoriais, inclusive sangue, será realizada por Técnico de Enfermagem no período matutino e vespertino, nas UBS que não possuem técnico de laboratório e nem posto de coleta; • Encaminhar os casos clínicos das formas moderada e grave para as unidades de urgência e emergência mais próxima da unidade de saúde, através do preenchimento da Ficha de Referência e Contrarreferência e o gerente da unidade de saúde ou pessoa designada por ele deverá contactar o gerente da unidade de saúde referenciada para informar sobre o encaminhamento do usuário. Os profissionais da Atenção Primária à Saúde deverão estar atentos para as informações provindas da comunidade ou para a identificação de caso suspeito de febre amarela e/ou de primatas não humanos (PNH) doentes e/ou mortos em sua área de abrangência. Deste modo, além das ações de promoção da saúde, prevenção e controle do agravo, esses profissionais também são responsáveis por identificar a ocorrência da FA em seu território. 2.5.2 Rede de Urgência e Emergência • Acolher e classificar todos os pacientes com sinais e sintomas sugestivos de febre amarela; • Avaliar a situação vacinal do paciente e se ele reside em Salvador ou se é oriundo de área de risco para a doença (locais com epizootias confirmadas e/ou casos humanos confirmados); • Notificar imediatamente o agravo utilizando a ficha de notificação e investigação padronizada pelo sistema de informação – SINAN; • Notificar imediatamente ao Distrito Sanitário e ao plantonista do CIEVS (plantão 24 horas); 13 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE • Monitorar o envio da amostra coletada ao laboratório e recebimento do resultado; • Os profissionais da Rede de Urgência e Emergência deverão acompanhar os casos clínicos das formas moderada e grave em adultos e crianças de acordo com o Manejo Clínico citado anteriormente até regulação para unidade hospitalar. • Encaminhar os casos clínicos das formas leves para as Unidades Básicas com e sem Saúde da Família mais próxima da residência do usuário, através do preenchimento da Ficha de Referência e Contrarreferência e o Serviço Social de deverá contactar o gerente da unidade referenciada para informar sobre o encaminhamento do usuário. Geruza Maria C. Morais da Cunha Diretora da DVIS/SMS Luciana Torres Peixoto Diretora DAS/SMS EQUIPE TÉCNICA: Adielma do Socorro da Silva Nizarala – Médica Infectologista Adriana Cerqueira Miranda – Coordenadora da Atenção Primária à Saúde/DAS Afonso Roberto Lima Batista – Médico Sanitarista Alexandro Gesner Gomes dos Santos – Setor de Aprimoramento dos Programas de Saúde/DAS Aline Ribas Florêncio – Subgerência de Acompanhamentos dos Serviços de Urgência/DAS Ana Paula Pitanga – Assessora Técnica SMS Cristiane Wanderley Cardoso – Gerente do CIEVS Doiane Lemos Souza – Subcoordenadora de Controle de Doenças Imunopreveníveis/DVIS Isabel Cristina Santos Guimarães – Coordenadora de Ações de Vigilância à Saúde Isabella Pereira da Nobrega – Médica Infectologista Lidiane Carmo Alves – Enfermeira Maria Ilma Andrade Santos Araújo – Médica Imunologista e Alergologista Maria Tereza Rodrigues Modesto – Enfermeira Marianna Silva dos Santos – Enfermeira Sanitarista Neyandra dos Santos Souza – Enfermeira Sanitarista Olivete Borba dos Reis – Subcoordenadora da Rede Laboratorial/DAS 14 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE ANEXO 1 RELAÇÃO DE UNIDADES BÁSICAS COM E SE SAÚDE DA FAMÍLIA DE REFERÊNCIA POR DISTRITO SANITÁRIO PARA ACOMPANHAMENTO CLÍNICO DAS FORMAS LEVES DE FEBRE AMARELA Quadro 01. Relação Nominal de Unidades Básicas de Saúde com e sem Saúde da Família do município do Salvador, por Distrito Sanitário. Distrito Sanitário Centro Histórico Itapagipe São Caetano/ Valéria Liberdade Brotas CNES Unidade de Saúde 0003883 UBS Ramiro de Azevedo 2653354 UBS Dr. Péricles Esteves 0004383 UBS Pelourinho 0004545 UBS Santo Antonio 9010505 UBS Carlos Gomes 5242657 USF Dona Isabel da Silva - Gamboa 0004197 UBS Virgílio de Carvalho 0004219 UBS Ministro Alkimin 0028444 USF Joanes Leste 0006785 UBS Marechal Rondon 0004855 UBS Dr. Péricles Laranjeiras 2444763 UBS Frei Benjamin Valéria 2653419 USF Boa Vista do Lobato 2653397 USF Alto do Cabrito 0006777 USF Jaqueira do Carneiro 0006858 USF Fiais 3368890 USF Recanto da Lagoa 0006793 USF Nossa Senhora de Guadalupe - Alto do Peru 6339182 USF AntonioLazzarotto 7594003 USF Boa Vista de São Caetano 0004596 UBS Prof. Bezerra Lopes 0003999 UBS Mª da Conceição Santiago Imbassahy 5373840 USF San Martin 0005258 USF Santa Mônica 0003964 UBS Mário Andréa 2653362 UBS Major Cosme de Farias 3015785 USF Candeal Pequeno 9006710 USF Vale do Matatu 15 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Barra/Rio Vermelho Boca do Rio Itapuã Cabula/Beiru 0006807 USF Santa Luzia 0004359 UBS Osvaldo Caldas Campos - Santa Cruz 0003867 UBS Profº Eduardo Araújo 0005193 USF Garcia 3152820 USF da Federação 0006866 USF Alto das Pombas 0004561 USF Ivone Silveira -Calabar 0004405 USF Clementino Fraga 0004014 USF Professor Sabino Silva - Nordeste 0004766 UBS Dr. César de Araújo 0004154 UBS Alfredo Bureau 3909611 USF Pituaçu 6337759 USF Zulmira Barros - Costa Azul 0005266 USF Parque de Pituaçu 0004839 UBS Prof. José Mariane 0004804 UBS Dr. Orlando Imbassahy 0005347 USF Alto do Coqueirinho 3325830 USF Nova Esperança 6062970 USF Aristides Maltez 7592450 USF Mussurunga I 7573960 USF Parque São Cristovão 0004022 USF Prof. Eduardo B. Mamede 0006912 UBS Calabetão 0005223 UBS Eunísio Teixeira 0006998 UBS Engomadeira 0028487 UBS Santo Inácio 0004448 UBS do CSU Pernambués 0004030 UBS Rodrigo Argolo - Tancredo Neves 0004413 UBS de Mata Escura 7222130 UBS Edson TeixeiraBarbosa 0005231 USF Dep. Cristovão Ferreira - Saramandaia 0028479 USF Prof Dr. Carlos Santana -Doron 0006890 USF de Barreiras 7872801 USF Calabetão 3991725 USF Prof. Guilherme Rodrigues da Silva- Arenoso 7034083 USF Fernando Filgueiras – Alto da Cachoeirinha 16 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE Pau da Lima 0004898 USF Prof Humberto Castro Lima - Pernambuezinho 7509553 USF Raimundo Agripino - Sussuarana 0004111 UBS Sete de Abril 0004758 UBS Cecy Andrade 0004901 UBS Nova Brasília 0004243 UBS Castelo Branco 0004332 UBS Pires da Veiga 0006920 UBS Novo Marotinho 2384744 USF Canabrava 7872836 USF Vale do Cambonas 7872828 USF Nova Brasília 0005207 USF Dom Avelar 3451542 5377889 UBS Sérgio Arouca 2653370 USF Itacaranha 0006769 USF de Alto de Coutos 2821036 USF Rio Sena 0006955 USF de Beira Mangue 0028576 USF Congo 2653575 USF São Tomé de Paripe 0006963 Subúrbio Ferroviário Cajazeiras UBS Fazenda Coutos USF Ilha Amarela 2653346 USF Fazenda Coutos III 3270505 USF Vista Alegre 3325857 USF Bom Jesus dos Passos 3339181 USF Fazenda Coutos II 3368882 USF Nova Constituinte 6386482 USF Ilha de Maré 6429947 USF Bate Coração 6388892 USF São José de Baixo 6363873 USF São João do Cabrito 6363857 USF Alto de Coutos II 6389023 USF Estrada da Cocisa 0006971 USF Alto do Cruzeiro 6388280 USF Alto da Terezinha 7633254 USF Fazenda Coutos I 0007021 UBS Nelson Piauhy Dourado 17 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE 3049175 USF Boca da Mata 0004618 USF Cajazeiras X 2653400 USF Cajazeiras V 0005282 USF Cajazeiras IV 6387799 USF Cajazeiras XI 3850153 USF Yolanda Pires 6339166 USF Palestina 7016476 USF Jardim das Mangabeiras – Cajazeiras VIII Fonte: CNES/DAS. abril/2017. 18 DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE DIRETORIA DE ATENÇÃO À SAÚDE ANEXO 2 Quadro 1. Quadro resumo do manejo clínico da Febre Amarela, Salvador, 2017. Fonte: Adaptação do Manejo Clínico Febre Amarela, Minas Gerais, 2017. 19