0 SOBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA KÁTIA CUNHA NOGUEIRA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA BRASÍLIA-DF 2015 SOBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR JUNTO A PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA 1 de Arimatéa Filho Cunha KÁTIA CUNHA NOGUEIRA A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR JUNTO A PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA BRASÍLIA-DF 2015 A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR JUNTO A PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Trabalho de conclusão do Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, como artefato dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Orientador: Dr. Douglas Ferrari Co-orientadora: Drª Nathália Cunha Nogueira Co-orientador: Dr. José Tese elaborada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Data da aprovação ______/______/______ Conceito ____________ 2 JUNTO A PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE Banca Examinadora TERAPIA INTENSIVA RESUMO _______________________________________________ TEMA Prof. Dr. Douglas Ferrari Presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI A atuação da fonoaudiologia hospitalar junto a pacientes internados (Orientador) na unidade de terapia intensiva. É uma área da fonoaudiologia que atua com o paciente ainda no leito independente de sua idade cronológica, de forma precoce, preventiva, pré e pós-cirúrgica, Kátia Cunha Nogueira diminuindo a instalação de patologias fonoaudiológicas. Felizmente o Dr. Douglas Ferrari reconhecimento de sua importância na prática fonoaudiológica tem sido cada vez maior e as questões éticas vinculadas a este tipo de atendimento são rigorosamente importantes, e a integração do IBRATI – INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA fonoaudiólogo com a equipe interdisciplinar é um ponto de convergência para que seja feito um bom trabalho. Palavras-chave: Unidade Terapia Reabilitação. Técnicas terapêuticas. A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR Intensiva. Fonoaudiologia. 3 decisivamente na evolução e recuperação do caso, quando este paciente recebe o atendimento na fase aguda da doença. Promovendo a diminuição das sequelas de patologias fonoaudiológicas e também promoverá a possível alta hospitalar evitando-se o aparecimento de infecção hospitalar e otimizando a alta desse paciente, promovendo ainda informações úteis aos seus familiares e toda a equipe interdisciplinar. Desta forma o gestor poderá ter a possibilidade de diminuir os seus custos operacionais. GERAL Criar técnicas e protocolos de avaliação no serviço de fonoaudiologia hospitalar na UTI, previamente validado, onde estão OBJETIVOS inseridos os achados da avaliação neurológica observados pelo escore da escala de Acidente Vascular Cerebral do NIH, e a avaliação da ESPECÍFICOS fonoaudiologia através do protocolo de ROGS modificado diante das necessidades dos pacientes na UTI. O objetivo desta tese teórica sobre a atuação da fonoaudiologia hospitalar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é demonstrar como a atuação do profissional fonoaudiólogo hospitalar em UTI precisa direcionar sua atuação, para que haja segurança e coerência em seus procedimentos e propostas terapêuticas. Influencia 4 techniques. ABSTRACT THEME The performance of speech with the hospital inpatients in an intensive care unit. It is an area of speech therapy that works with the patient still in regardless of their chronological age bed early, preventive, pre and post-surgical, decreasing installing Speech Therapy pathologies. Fortunately the recognition of its importance in practice has been growing and ethical issues related to this type of care are strictly important, and integration of the speech therapist with the interdisciplinary team is a point of convergence for this to do a good job. Keywords: Intensive Care Unit. Speech. Rehabilitation. Therapeutic OBJECTIVES 5 modified before the needs of patients in the UTI. SPECIFIC The aim of this theoretical thesis on the role of speech therapy in hospital Intensive Care Unit (UTI) is to demonstrate how the performance of professional Speech Therapist in hospital UTI needs to direct its operations, so there is certainty and consistency in its procedures and therapeutic approaches. Decisively influences the evolution and recovery of the case, when the patient receives care in the acute phase of the disease. Promoting a reduction of sequel of speech language pathology and also promote the possible discharge avoiding the onset of hospital infection and optimizing high this patient, still promoting useful information to their families and the entire interdisciplinary team. Thus the manager may be able to reduce their operating costs. GENERAL SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................ 6 1 DISCUSSÃO TEÓRICA .............................................................. 8 Create technical and assessment protocols in the hospital UTI speech 1.1 Conceitos e benefícios da Fonoaudiologia Hospitalar ............. 8 therapy service, previously validated, where are inserted the findings 1.2 Objetivos do fonoaudiólogo hospitalar .................................... 9 observed by the neurological assessment scale score Stroke of the 1.3 Formas de ação ....................................................................... 10 NIH, and the evaluation of speech through the protocol ROGS 1.4 Atendimento fonoaudiológico à beira do leito ....................... 10 6 1.5 Atendimento à família na UTI ............................................... 11 1.6 Atendimento ao paciente disfágico ........................................ 11 1.6.1 A intervenção fonoaudiológica na UTI pode contribuir . 13 1.6.2 Tratamento das disfagias orofaríngeas ............................ 13 INTRODUÇÃO 1.6.3 Condutas Terapêuticas .................................................... 14 1.7 O atendimento ao paciente com problemas de comunicação na A atuação da fonoaudiologia na Unidade de Terapia Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ............................................ 15 Intensiva (UTI) em nosso país alcançou proporções significativas e CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 16 merece neste momento atenção para que esta atuação esteja baseada REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 17 em evidências científicas: As técnicas terapêuticas e a eficácia da reabilitação constituem-se num trabalho tanto no sentido de manutenção de vida porque previne os sintomas fonoaudiológicos, podemos mencionar a disfagia, os distúrbios cognitivos e vocais e as desordens de linguagem. Nesse contexto, o exercício da fonoaudiologia, busca ampliar as perspectivas prognosticas, com a redução do tempo de internação e a redução na taxa de reinternação por pneumonia aspirativa, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Visto que o fonoaudiólogo é o profissional com uma visão única do mecanismo funcional que envolve a fono-articulação, a linguagem e as funções neurovegetativas. Uma Unidade de Terapia Intensiva objetiva dá suporte a vida, uma vez que o paciente tem suas funções vitais monitorizadas 7 pela equipe Médica e de Enfermagem. Dentro deste contexto, é enquanto membro da equipe avaliar as disfagias orfaríngeas mecânica observada a necessidade de avaliações fonoaudiológicas pró-ativas, e neurogênicas ocasionadas por distintas etiologias, de forma planejadas e controladas, estabelecendo-se métodos objetivos, criteriosa e cautelosa não colocando em risco o quadro clínico do princípios de avaliação consensuais e a utilização de protocolos, além paciente, auxiliando, portanto, na prevenção e redução de de permitir a aplicação do conceito de atuação baseada em evidências. complicações pulmonares e/ou de nutrição e hidratação, diminuindo A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cuida de doentes o tempo de ocupação do leito e custos hospitalares. multidisciplinares na sua origem porque são procedentes das várias A avaliação e a terapia fonoaudiológica fazem-se clínicas do hospital. Existem três tipos de pacientes na UTI, o primeiro necessárias não somente para o diagnóstico da aspiração, avaliando as grupo é composto por doentes com gravidade suficiente a ponto de possibilidades de reintrodução de dieta por via oral, assim como o necessitar de técnicas e equipamentos especializados, o segundo retorno do prazer em alimentar-se concomitantemente ou não ao uso grupo é composto por pacientes que aparentemente encontram-se da sonda de alimentação. Assim, no período de transição da bem, mas que potencialmente podem apresentar complicações, e o alimentação via sonda nasoenteral para via oral, o paciente recebe terceiro composto por pacientes terminais. estimulação da deglutição em sessões diárias, onde realiza-se o De acordo com os grupos citados acima a atuação trabalho oromiofuncional. São utilizadas das técnicas passivas e/ou fonoaudiológica dá-se de acordo com o quadro clínico e respiratório ativas para restabelecer o funcionamento das estruturas envolvidas no apresentado pelo paciente. Considerando-se o trabalho realizado a processo de deglutição até a autoalimentação se possível. beira do leito por fonoaudiólogos, além de reabilitar a deglutição, Em relação as alterações de linguagem no ambiente propõe trabalhos realizados a comunicação, como reabilitação da hospitalar deve ter um programa de intervenção para a melhoria da fonação, adaptação de válvula de fala, estimulação de linguagem e comunicação do paciente durante os diversos momentos de orientação nos quadros de afasias, e ainda mioterapia nos casos de manifestação, evolução e tratamento da doença. Essas alterações paralisia facial. podem levar a incapacidade momentânea ou permanente em se Dentro de uma UTI é de competência do fonoaudiólogo comunicar com efetividade. A fonoaudiologia tem uma contribuição 8 importante nesse momento de “perda” da linguagem oral, orientando ciência. O controle da eficácia na reabilitação da disfagia orofaringe e buscando meios alternativos para facilitar a comunicação. mecânica e/ou neurogênica, e distúrbio de comunicação, tem Enfatiza-se que a duração do atendimento deve adequar- apresentado progressos e embora ainda necessite de estudos, tem se se ao estágio de reabilitação, procurando harmonizar e colaborar com mostrado responsável pela melhora da qualidade de vida de muitos as condutas e horários do corpo médico, da enfermagem, e dos outros pacientes com quadro de disfagia e distúrbio de comunicação. profissionais. Se houver recomendações e prescrições para realização Portanto, todo procedimento terapêutico exige seu controle de eficácia dos exercícios diários, forma de hidratação oral ou outros e para isto, o momento atual das pesquisas exige que nossos estudos procedimentos, este são orientados e anotados de maneira clara e elejam muito mais critérios para definir a casuística e a metodologia. deixados à mão do paciente, familiar/cuidador e comunicados a enfermagem. 1.1 Conceitos e benefícios da Fonoaudiologia Hospitalar O objetivo dessa tese teórica é dar noções básicas sobre a atuação fonoaudiológica na UTI. A pesquisa contribui para que o Segundo Luz (1999), a fonoaudiologia hospitalar é a área trabalho terapêutico torne-se cada vez mais criterioso, facilite a da fonoaudiologia que atua com o paciente ainda no leito de forma tomada de decisão e estabeleça a efetividade da prática precoce, preventiva, intensiva, pré e pós-cirúrgica, dando inclusive fonoaudiológica. respaldo técnico e prático à equipe multiprofissional onde atua, esclarecendo que o objetivo maior é impedir ou diminuir as sequelas nas formas de comunicação, que a patologia base possa deixar. 1 DISCUSSÃO TEÓRICA Pelegrini (1999), define fonoaudiologia hospitalar com base nas funções do profissional fonoaudiólogo que atua nessa área: A fonoaudiologia cresce a cada dia no âmbito hospitalar; atuando em berçário de risco, pediatria, centro de atendimento toda ação terapêutica, possui limites e a nós pesquisadores cabe intensivo e enfermaria, tem como principais objetivos: avaliação, reconhecê-los. No entanto, o ceticismo também não combina com a prognóstico, participação na decisão do tipo de dieta, orientação pré- 9 cirúrgica, tipo de sonda a ser utilizada quando necessário, adequação de funções para retirada de sonda com segurança, controle no risco de Essas definições mostram a complexidade acompanhamento; bronco aspiração e aceleração no processo da alta. da fonoaudiologia hospitalar quanto a sua forma e função, diferenciando- Orientar e encaminhar quando necessário continuidade ao Diagnosticar sintomas de distúrbios fonoaudiológicos precocemente; o de outras áreas de atuação da fonoaudiologia, visto que, o Intervir nos distúrbios da comunicação adquirida durante a internação; fonoaudiólogo hospitalar necessita conhecer conceitos de outras Reequilibrar alterações miofuncionais, objetivando as funções; especialidades médicas e de reabilitação. Tem um caráter mais Evitar possíveis danos nos processos fonatórios e cognitivos por emergencial, devendo ser objetiva, rápida e intensiva. condutas precoces e preventivas; Manter a atenção e a concentração; Participar da equipe multiprofissional, discutindo, traçando, 1.2 Objetivos do fonoaudiólogo hospitalar inserindo, e/ou modificando condutas terapêuticas, sempre visando o bom prognóstico; Triar os pacientes, elegendo-os ou não para acompanhamento Facilitar o retorno à alimentação por via oral; fonoaudiológico; Reabilitar os órgãos envolvidos com a aparelhagem fonatória; Responder ao parecer; Restabelecer as funções orais; Reabilitar o paciente na execução de funções mentais superiores, Participar ativamente do controle e da prevenção da infecção facilitando o restabelecimento da comunicação; hospitalar; Facilitar a retirada precoce de sondas enterais; Estimular e agilizar a alta hospitalar precocemente; Reabilitar pacientes em uso de traqueostomia; Diminuir os custos da hospitalização; Orientar os casos de alta hospitalar com sonda; Evitar a reinternação hospitalar; 10 Intervir de forma precoce, preventiva e intensiva; fonoaudiológico no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), na Orientar e encaminhar aqueles não elegíveis ao atendimento Unidade de Internação (UTI) ou no repouso pós-cirúrgico. fonoaudiológico hospitalar. Observar incisões, inserções e enxertos. 1.4 Atendimento fonoaudiológico à beira do leito 1.3 Formas de ação Precoce: A intervenção fonoaudiológica inicia-se tão logo os O atendimento à beira do leito visa, principalmente à sinais vitais do paciente estejam restabelecidos pela equipe reabilitação dos pacientes com distúrbios de deglutição. De modo médica que o assiste. Evitar/minimizar a formação de novos geral, há muitas vantagens nesta atuação: a intervenção pode ser circuitos neuronais inadequados; precoce, muitas vezes preventiva, ainda na fase aguda da doença, e Preventiva: Atuação que dificulta, evita ou minimiza possíveis facilita à integração entre os profissionais. Ao realizar os sequelas de comunicação/deglutição. Trabalhar a manifestação procedimentos que devem ser adotados pelo fonoaudiólogo no (ausência de diagnóstico fonoaudiológico); hospital à beira do leito conforme preconiza Figueiredo (1999, p. 84): Intensiva: O atendimento hospitalar é realizado sem horário determinado e o maior número de atendimentos possíveis; Ler o prontuário do paciente; Pré-cirúrgica: Avaliação do estado geral do paciente e seus Proceder a assepsia das mãos antes e após a realização do sintomas antes do ato cirúrgico, observando-se principalmente atendimento, por meio da lavagem com sabão próprio e/ou uso linguagem e motricidade oral. Reconhecer o quadro clínico; de álcool; Pós-cirúrgica: Participação quando possível no ato cirúrgico, Higienizar o estetoscópio, dando atenção especial a assepsia deste verificando estruturas que estão sendo manipuladas pelo após o atendimento de pacientes com restrição de contato, cirurgião, portadores prováveis sequelas e acompanhamento de micro-organismos multirresistentes, pseudômonas, acinetobacter, staphilococcus, entre outros; como 11 Providenciar material necessário para avaliação/terapia (luvas, do paciente-família, para suas prescrições e orientações, visando à espátula, lanterna, gazes e estetoscópio); modificação de seus hábitos, como aparente pré-requisito para Providenciar alimentos (líquido, pastoso, sólido, engrossante e melhorar e assegurar a sua saúde. Lunardi (1997, p. 10). corante); Providenciar utensílios; Posicionar o paciente no leito, sentado e simétrico, se possível. 1.6 Atendimento ao paciente disfágico Dentro de uma UTI é de competência do fonoaudiólogo 1.5 Atendimento à família na UTI enquanto membro da equipe avaliar a disfagia orofaríngea de forma criteriosa e cautelosa deve ser iniciada tão logo a condição do paciente Desta forma percebe-se que o apoio à família é permita, e é uma parte do tratamento. Como seu início depende das fundamental em função do grau de insegurança e ansiedade que esta condições do paciente, somente deve ser feita quando não há perigo internação provoca. As preocupações são na maioria das vezes, de piorar o estado neurológico ou clínico. Auxiliando, portanto, na referentes à: prognóstico, necessidade e consequências do uso de prevenção e redução de complicações pulmonares e/ou de nutrição e sonda: nasogástrica (SNG), orogástrica (SOG) e gástrica (SQ), uso da hidratação, diminuindo o tempo de ocupação do leito e custos traqueostomia. Devemos compreender a angústia da família, reduzir hospitalares. O diagnóstico da disfagia e sua etiologia por muitas suas ansiedades, adequar a linguagem hospitalar as suas necessidades, vezes são complicações de se concluir devido a vários fatores de risco perceber qual a inserção do paciente na família, orientar no sentido de para disfagia: estado clínico, nível de consciência, medicamentos, oferecer suporte, informação, enfatizar a importância do respeito à déficit cognitivo, lesões dos pares cranianos, alterações de outros dignidade intrínseca da pessoa e da garantia de seu direito sistemas, IOT, VM, TQT, CUFF, cirurgias concomitantes do paciente fundamental a vida e a saúde. hospitalizado. A avaliação funcional da deglutição tem-se como O profissional, frequentemente, de posse da informação objetivo identificar os achados e correlacioná-los como os distúrbios do conhecimento técnico-científico, tem exigido obediência, por parte da dinâmica da deglutição. Sendo que o teste com alimento é realizado 12 de forma muito cautelosa, com escolha criteriosa de consistência associados com o risco de aspiração e pneumonia aspirativa, incluindo podendo ser interrompido imediatamente, procurando-se evitar a posição supina, gastroparesia, presença de sonda nasogástrica, aspiração. Na avaliação funcional da deglutição sem dieta faz-se utilização de narcóticos e bloqueadores neuromusculares. necessário a avaliação de todos os parâmetros de monitorização e a avaliação das funções do sistema estomagmático. Os episódios de aspiração são frequentes em pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) e cursam com graves Na avaliação funcional da deglutição com dieta é consequências aumentando a sua morbidade. As aspirações podem ser necessário verificar os parâmetros, nível de consciência do paciente, pouco sintomáticas, exigindo a avaliação ativa da disfunção da condições clinicas gerais, além da obtenção da liberação médica para deglutição nestes pacientes, principalmente nos que permanecem realização da mesma. intubados por mais de 48 horas. Maior ainda é o risco após a intubação É importante ao realizar-se a avaliação funcional da traqueal. A ocorrência de aspiração pós-intubação em pacientes que deglutição em um paciente no leito hospitalar seguir um protocolo permanecem sob ventilação mecânica, por mais de 48 horas varia de para obtenção de informações fidedignas observadas durante a 10 a 50%, 50% aspiram durante sono, 40 – 70% aspiram com nível de avaliação e assim classificar em disfagia leve, moderada e grave. consciência rebaixado, 50 – 75% aspiram IOT, 55% AVE – aspiram, A disfagia pode se originar de questões neurológicas e/ou 40 – 70% aspiram silente. estruturais e podem resultar na alteração do estado clínico do As alterações encontradas na dinâmica da deglutição indivíduo. Fatores como a permeação de alimento, saliva ou secreções secundárias a intubação prolongada, geralmente são multifatoriais, na via aérea, podendo resultar em tosse, asfixia e aspiração associando-se à redução na propriocepção por lesões da mucosa traqueobrônquica o que pode causar infecções pulmonares como a laríngea, atrofia muscular associada ao não uso da musculatura da pneumonia aspirativa. Já a diminuição da ingestão oral de alimentos língua, faringe e laringe (órgãos fonoarticulatórios) na intubação, causada pelo distúrbio do processo de deglutição pode gerar incoordenação respiratória, deglutição, diminuição do reflexo de problemas nutricionais como a desidratação e desnutrição, proteção das vias aéreas inferiores (tosse) e efeito residual de consequente perda de peso e até mesmo o óbito. Vários são os fatores narcóticos e bloqueadores neuromusculares. Estas lesões iniciam-se 2 13 a 7 dias após a intubação traqueal, podendo assumir formas graves, Identificar defeitos de linguagem; com formação de granulomas e ulcerações nos casos mais Definir estratégias de comunicação; prolongados. Avaliar condições de uso da válvula fonatória; Determinação dos pacientes a serem submetidos a intervenção O Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD) modificado, foi elaborado com base na literatura. A terapêutica; avaliação fonoaudiológica visa identificar possíveis alterações Utilização de técnicas e manobras terapêuticas; funcionais nas fases oral e faríngea da deglutição. A deglutição Discussão dos casos junto à equipe; avaliada através de testes como o teste da água, a oximetria de pulso Orientações à equipe e cuidadores. e principalmente a ausculta cervical. A partir destes testes temos o perfil funcional da deglutição e alimentação. Com isto, classifica-se o 1.6.2 Tratamento das disfagias orofaríngeas distúrbio quanto à gravidade, necessidade de supervisão e ingestão oral. O processo terapêutico acontece basicamente em três níveis: 1.6.1 A intervenção fonoaudiológica na UTI pode contribuir 1º) Clínico medicamentoso. 2º) Cirúrgico. Na decanulação de traqueostomizados; Qual a possibilidade de alimentação por via oral; miotomia do cricofaríngeo, epiglotorrafia e as tireoplastias. Estas Averiguação do método mais adequado de alimentação por vir condutas são tomadas a partir da mesa redonda com profissionais oral; envolvidos, o paciente e a família. Gastrostomia, separação laringe – traqueia, laringectomia, Seleção das consistências da dieta; 3º) Reabilitação fonoaudiológica. Especificação dos riscos e precauções durante a alimentação; A reabilitação fonoaudiológica trata-se de uma 14 reeducação funcional, visa o restabelecimento da função normal, ou não melhoram com intervenção direta, mas se beneficiam bastante da compensatória. Ela acontece em dois níveis principais: adequação de posturas, posturas compensatórias (por exemplo, posteriorização da cabeça), modificação de consistência e qualidade a) A reabilitação propriamente dita e de dieta. Para isso, o fonoaudiólogo atua junto à equipe de nutrição, b) O gerenciamento das alterações de deglutição junto ao paciente e enfermagem e a família. familiares. O diagnóstico precoce das disfagias é fundamental para a reabilitação dos pacientes, evitando complicações. E para isso é A reabilitação propriamente dita pode ser feita: utilizando necessário tornar os distúrbios da deglutição mais conhecidos entre os técnicas passivas para pacientes com rebaixamento cognitivo ou não profissionais da saúde, para que os pacientes sejam encaminhados a colaborativos: evitando o desenvolvimento de hipersensibilidade oral um serviço especializado o mais brevemente possível. e reações patológicas (reflexos patológicos), e ainda estimulando os reflexos de proteção (tosse e vômito) e deglutição, evitando a 1.6.3 Condutas Terapêuticas aspiração de saliva e preparando para o retorno da alimentação por via oral. Estimulação Sensorial As técnicas ativas são aquelas para o treino da deglutição com saliva e alimentos em diferentes consistências, volumes, Térmica e tátil temperaturas posturas Estimulação digital compensatórias naqueles pacientes com perdas estruturais ou Potencial de deglutição funcionais importantes (glossectomizados, paralisia de língua e de véu Gustativa e sabores. Trabalhamos ainda com palatino, entre outros). O gerenciamento das alterações da deglutição está voltado principalmente para aqueles pacientes com doenças progressivas que Exercícios para controle oral 15 Controle oral do bolo, exercícios de língua e esfíncter labial e musculatura extrínseca da laringe. É o método através do qual as imagens da fluroscopia em TV são documentadas em fitas de vídeo. Mudanças de consistência, volume e utensílios. Robbin, Logemann e Kirshiner (1986) valorizam o uso da videofluoroscopia durante a deglutição para o monitoramento e Mudanças Posturais Cabeça para baixo, cabeça para trás, cabeça virada para o lado comprometido. tratamento das aspirações. 1.7 O atendimento ao paciente com problemas de comunicação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) A fonoaudiologia é a ciência que tem como objetivo de Manobras voluntárias de deglutição estudo a comunicação humana, no que se refere ao seu Deglutição de esforço, deglutição múltipla, deglutição desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em supraglótica, deglutição super-supraglótica, manobras de Mendelson relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e e manobras de Masako. central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência na voz, nas funções orofaciais e na Técnicas de Monitoramento deglutição. A comunicação é um elemento essencial à vida humana e Biofeedback indireto (manipulação digital) e Biofeedback direto. como tal, nos momentos de maior fragilidade como no caso de uma internação em UTI, ela pode contribuir de forma significativa para o bem-estar geral do paciente. A fonoaudiologia tem como contribuição Videofluroscopia da Deglutição importante nesse momento de “perda” da linguagem e/ou distúrbio de fala, orientando e buscando meios alternativos para facilitar a 16 comunicação até que a reabilitação apresente resultados. equipe condições do paciente em relação a capacidade de manter via Nessas situações, a opção pela utilização da comunicação oral (VO) segura, identificar déficits de linguagem e definir alternativa e suplementar (CAS) faz a diferença entre a comunicação estratégias de comunicação, avaliar condições de uso da válvula e a não comunicação. A comunicação alternativa consiste de um fonatória. grupo integrado de componentes, incluindo símbolos, estratégias e Pretende-se com a atuação do fonoaudiólogo hospitalar técnicas usadas pelos usuários para realizar sua comunicação. Seu diminuir ou minimizar as possíveis sequelas decorrentes de doença de objetivo primordial é a facilitação da participação desses usuários em base através de recursos e de tornar claros e precisos os objetivos de vários contextos comunicativos, permitindo a sua inserção social. acordo com cada caso, tendo em vista maior eficiência na ação A intervenção do fonoaudiólogo evita situações de terapêutica. Atingindo a melhoria da qualidade de vida dos pacientes frustração para o paciente, para a família e para a equipe. O sucesso disfágicos e as possíveis abordagens terapêuticas das patologias de de tais intervenções pode ser comprometido por dificuldade do linguagem. paciente para processar a informação efetivamente devido ao quadro clínico ou a efeitos de medicamentos; por redução de condições motoras ou sensoriais por tração secundária; edema; inserção de tubos; falta de uso; temporário; de óculos ou ajudas auditivas; mobilidade restrita temporariamente por sedação induzida e outras intercorrências que podem ocorrer com o paciente hospitalizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS O fonoaudiólogo é o profissional especializado, membro inserido dentro da equipe multiprofissional, capaz de avaliar junto a 17 1999. ______. Disfagia: a intervenção fonoaudiológica. In: JUNQUEIRA P, DAUDEN ATB. Aspectos atuais em terapias fonoaudiológicas. 2. ed. São Paulo: Pancast, p. 39 – 47, 1998. LUZ E. A fonoaudiologia hospitalar em questão. Jornal do CFFa, 2,4, 1999. MACEDO FILHO, ED. 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