estudo radiológico dos distúrbios de deglutição do

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ESTUDO RADIOLÓGICO DOS DISTÚRBIOS DE DEGLUTIÇÃO DO
AMBULATÓRIO DE DISFAGIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE
DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (HCFMRP)
Anna Flávia Ferraz Barros
Fonoaudióloga graduada pela UNESP-Marília, Aprimoramento em Fonoaudiologia no HCFMRP,
Aperfeiçoanda em Distúrbios Neurológicos na Idade Adulta do HCFMRP-USP.
Danielle Ramos Domenis
Fonoaudióloga contratada do Setor de Fonoaudiologia do HCFMRP, responsável pela Área de Neurologia
Adulto, Supervisora do Programa de Aprimoramento Profissional em Fonoaudiologia.
Fabiane Couto Garcia
Fonoaudióloga graduada pela USP-Bauru, Aperfeiçoanda em Distúrbios Neurológicos na Idade Adulta do
HCFMRP-USP e Especializanda em Linguagem pela UNAERP.
Paula de Carvalho Macedo Issa
Fonoaudióloga contratada do Setor de Fonoaudiologia do HCFMRP, responsável pela Área de Neurologia
Adulto, Supervisora do Programa de Aprimoramento Profissional em Fonoaudiologia, Especialista em
Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP-EPM e Mestranda em Biociências aplicada à Clínica
Médica pelo HCFMRP-USP.
RESUMO
Neste estudo foi realizado o levantamento de protocolos de avaliação da deglutição dos
pacientes que realizaram o exame videodeglutograma no HCFMRP-USP desde o ano de 2002 até
março/2003. No decorrer do ano, foram atendidos 132 indivíduos, sendo 38 adultos e 49 crianças do
sexo masculino, 11 adultos e 34 crianças do sexo feminino, com faixa etária variando de 6 meses a 84
anos. Todos os pacientes foram anteriormente submetidos à avaliação clínica da deglutição, sendo
realizado o encaminhamento para este exame complementar a fim de se obter um diagnóstico
preciso/objetivo e direcionar a terapia.
Tivemos, como objetivo, demonstrar que, além do auxílio terapêutico, o videodeglutograma contribui
para o diagnóstico das patologias atendidas no serviço e, principalmente, proporciona o
estabelecimento de condutas adequadas ao caso e indicação de vias alternativas de alimentação.
Na rotina de exames realizados no Hospital das Clínicas da FMRP verifica-se a importância do
exame que possibilita a análise dinâmica e precisa da deglutição, durante e após o disparo do reflexo da
mesma, esclarecendo a presença ou não de aspiração ou microapirações, especialmente quando esta é
silenciosa, sendo discutido com equipe médica se o paciente pode alimentar-se, de modo seguro, por
via oral, suprindo as necessidades nutricionais e de hidratação, ou se é necessário meios alternativos de
alimentação, possibilidade e eficácia das manobras compensatórias e a escolha da consistência de
alimento mais adequada ao paciente.
No nosso serviço, verificamos o crescente interesse e credibilidade do exame. As especialidades
médicas estão cada vez mais encaminhando os pacientes à fonoaudiologia para elucidação diagnóstica e
posterior discussão clínica dos casos, podendo direcioná-los de uma melhor maneira e, ainda, com
exames que nos conduzem a minimizar os erros, habilitar e reabilitar estes pacientes.
INTRODUÇÃO
De acordo com Santini (2001), clinicamente, as disfagias orofaríngeas podem manifestar-se por
meio de uma série de sintomas como: desordem na mastigação, dificuldade em iniciar a deglutição,
regurgitação nasal, controle de saliva diminuído ou e/ou engasgos durante as refeições. O paciente
também pode estar com desidratação, desnutrição, pneumonia aspirativa ou com quaisquer outros
problemas pulmonares, que podem estar ligados a uma disfagia sem sintomas aparentes.
Há vários anos, a videofluoroscopia vem sendo considerada o exame de escolha para a
avaliação dos distúrbios da deglutição. O Fonoaudiólogo tem assumido um papel fundamental na
realização e na análise das avaliações clínica e videofluoroscópica dos pacientes portadores de disfagia e
isto ocorreu por ser ele o profissional responsável pela reabilitação funcional desses pacientes
(Gonçalves e Vidigal, 2001).
Segundo Costa et al (1998), a videofluoroscopia é um método radiológico pelo qual as
estruturas podem ser observadas em sua dinâmica e gravadas em fita de vídeo. Liden & Siebens (1983),
Robins et al (1986) e Liden(1989) apud Filho et al (2000) valorizam o uso da videofluoroscopia para o
monitoramento, tratamento e indicação de causas de aspiração.
Este estudo tem como objetivo demonstrar que, além do auxílio terapêutico, o
videodeglutograma contribui para o diagnóstico das patologias atendidas no serviço e principalmente
para o estabelecimento de condutas adequadas ao caso e indicação de vias alternativas de alimentação.
MATERIAL E MÉTODO
O videodeglutograma foi implantado no HC no ano de 2000 e, desde então foi definido um
protocolo de análise obtido através de dados de literatura sobre as observações necessárias durante a
execução do mesmo. Este estudo refere-se ao levantamento de dados registrados nos protocolos de
avaliação e análise em prontuários de 132 pacientes que realizaram o videodeglutograma durante o ano
de 2002 e março/2003. Participaram 38 adultos e 49 crianças do sexo masculino, 11 adultos e 34
crianças do sexo feminino, com faixa etária variando de 6 meses a 84 anos, portadores de patologias
mecânica ou neurogênica.
Anteriormente à realização do exame, os pacientes são encaminhados à fonoaudiologia para
realização da avaliação clínica, podendo apresentar alguma alteração de deglutição, insucesso na
alimentação, suspeita de aspiração, tosses durante a alimentação, pneumonias de repetição, refluxo
gastro-esofágico para definição de diagnóstico diferencial quanto as alterações altas da deglutição e
ainda, para definição de melhor via de administração do alimento. Atualmente, a equipe de disfagia do
Hospital das Clínicas (HCFMRP-USP) atende a uma demanda, em média, de 40 pacientes por semana,
entre crianças e adultos, em enfermarias, ambulatórios, CTI e berçário de risco, onde a avaliação e
seguimento fonoaudiológico são solicitados por médicos de diversas especialidades pediátricas
(neonatologia, gastroenterologia, pneumologia, oncologia, neurologia, cardiologia) e clínica de adultos
(cirurgia de cabeça e pescoço, neurologia vascular, comportamental, muscular, extrapiramidal,
cardiologia, gastroenterologia, geriatria, otorrinolaringologia) no intuito de estabelecerem diagnóstico
diferencial junto à equipe multidisciplinar assim como definir condutas terapêuticas, somando a
avaliação clínica à avaliação objetiva da deglutição (videodeglutograma).
A equipe multidisciplinar preconiza o diagnóstico com o videodeglutograma para elucidação de
problemas pulmonares recorrentes e de desnutrição. O exame é indicado para verificar se o paciente
pode alimentar-se de modo seguro por via oral, se apresenta condições de suprir suas necessidades
nutricionais e de hidratação ou se é necessária a indicação de meios alternativos de alimentação. É
importante para o esclarecimento da presença de aspiração ou microaspiração e também para a
verificação do resultado das manobras facilitadoras posturais de limpeza de recessos faríngeos, assim
como para a escolha da consistência e volume de alimento mais adequado ao paciente. É contraindicado a pacientes que na avaliação clínica apresentem sinais claros da existência de aspiração em
grande quantidade e pacientes que apresentam comprometimento respiratório grave, ausência de
reflexo faríngeo e de tosse, nível de consciência rebaixado e instabilidade clínica importante, devendo
ser adiado o exame, aguardando-se a melhora do estado geral do paciente (Gonçalves & Vidigal, 1999).
RESULTADOS
No nosso serviço, verificamos o crescente interesse e credibilidade do exame. As especialidades
supracitadas estão cada vez mais encaminhando os pacientes à fonoaudiologia para elucidação
diagnóstica e posterior discussão clínica dos casos. Antes, o que era feito por “acertos e erros”, como o
oferecimento de alimento com resultados a curto, médio e longo prazo, algumas vezes, satisfatórios e
na maioria insatisfatórios, podemos direcionar os casos de uma melhor maneira e, ainda, com exames
que nos conduzem a minimizar os erros, habilitar e reabilitar estes pacientes.
DISCUSSÃO
Os distúrbios da deglutição podem trazer grande morbidade e mortalidade, por causarem
desnutrição ou aspiração de alimentos com conseqüentes pneumonias aspirativas (Eckley, 2001). Face a
esta problemática, torna-se importante o diagnóstico dos quadros aspirativos em doentes de risco, ou
seja, com sinais clínicos sugestivos de penetração laríngea e/ou aspiração traqueal do alimento.
Gonçalves e Vidigal (2001) relatam que durante a realização do videodeglutograma, cabe ao
fonoaudiólogo não apenas observar as dificuldades apresentadas pelo paciente, mas também, e
fundamentalmente, orientar as diversas manobras facilitadoras, posturais, de proteção das vias aéreas e
de limpeza dos recessos faríngeos. Tais manobras auxiliam muito na reabilitação do paciente, até
mesmo na determinação do tipo de alimentação mais adequado e seguro para cada caso.
Na rotina de exames realizados no Hospital das Clínicas da FMRP verifica-se a importância do
exame que possibilita a análise dinâmica e precisa da deglutição, durante e após o disparo do reflexo da
mesma, esclarecendo a presença ou não de aspiração ou microaspirações, especialmente quando esta é
silenciosa, sendo discutido com equipe médica se o paciente pode alimentar-se, de modo seguro, por
via oral, suprindo as necessidades nutricionais e de hidratação, ou se é necessário meios alternativos de
alimentação, possibilidade e eficácia das manobras compensatórias e a escolha da consistência de
alimento mais adequada ao paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. FILHO, E.D. M. et al. Manual de Cuidados do paciente com disfagia. São Paulo: Lovise, 2000. cap. 5, p.
37-44.
2. ECKLEY,A.C. et al. Proposta de protocolo para avaliação nasofibrolaringoscópica de distúrbio da
deglutição - Revista Brasileira de Otorrinolaringologia,2001.
3. FURKIM, A.M.; SANTINI, C. S. - Disfagias Orofaríngeas - Carapicuiba, SP - Pró -Fono, 1999.
4. FILHO,E.M. et al. Disfagia: Abordagem multidisciplinar. São Paulo: Frôntis, 2000.
5. JACOBI,J.S. et al. Disfagia: Avaliação e tratamento - Editora Revinter, 2003.
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