AS ARMADILHAS DO USO ACRÍTICO DAS MÍDIAS Maria de Fátima

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AS ARMADILHAS DO USO ACRÍTICO DAS MÍDIAS
Maria de Fátima Garcia -Faculdade São Bento – São Paulo, SP; Faculdades
Network - Nova Odessa, SP- [email protected]
João Vilhete Viegas d’Abreu - Núcleo de Informática Aplicada à Educação – NIED
UNICAMP – Campinas, SP. [email protected]
Resumo
Todo signo é Ideológico, afirma-nos Bakhtin (1992), e uma das armadilhas para a
formação das nossas crianças é o uso acrítico que se faz das mídias. Estas operam
por meio dos signos e das ideologias que veiculam e, assim, constituem a
subjetividade dos sujeitos. Este trabalho orienta-se pelo desenvolvimento de um
projeto em curso com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo - FAPESP, integrando Núcleo de informática Aplicada à Educação
NIED/UNICAMP e escolas públicas do Município de Hortolândia, SP, no qual
crianças de ensino fundamental I apropriam-se do uso das mídias e tecnologias da
informação para registrar e veicular o currículo que vivenciam, agregando pais e
comunidade.
Palavras-Chaves: mídia, cidadania, currículo, subjetividade
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como base o desenvolvimento do projeto Tecnologias e
Mídias Interativas na Escola, sob o enfoque da Educomunicação, desenvolvido em
consonância com a Secretaria Municipal de Educação de Hortolândia (SP) e com o
Núcleo de Informática Aplicada à Educação – NIED da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), tendo o apoio da FAPESP, na linha Ensino Público. O
projeto busca desenvolver nas escolas envolvidas e na comunidade circunvizinha
da cidade de Hortolândia, um ambiente propício para que o acesso a algumas
mídias e determinadas tecnologias “deixe de ser privilégio de poucos e passe a ser
um direito de muitos, numa relação de inclusão social cidadã” (Pais, 2002). É
sabido, nos dias atuais, que as culturas da mídia estão mudando tanto na esfera
pública quanto na privada na medida em que as informações fluem, cada vez mais,
com vínculos frouxos em tempo e lugar (Bucht e Feilitzen, 2002). Neste cenário em
que não mais existe fronteiras para se veicular a informação, é importante por um
lado definirmos o papel da escola e, por outro lado, tentarmos, na medida do
possível, definir a mídia e o papel que queremos que ela exerça no contexto
escolar.
Na sociedade contemporânea em que vivemos, os países melhor equipados
em termos de tecnologia realizam transações econômicas que os tornam mais
fortalecidos, política e economicamente, em relação aos demais. A ausência de
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fronteiras propiciada pelas redes virtuais potencializa a agilidade comercial. Nunca,
na história da humanidade, as mídias e os produtos nela vinculados estiveram tão
acessíveis ao consumo de quase todas as classes sociais.
A mídia é uma palavra derivada do latim, que significa meio. Ou seja, a
palavra mídia, provém do plural latino de medius, a, um – ‘meio; instrumento
mediador, elemento mediador’, e depois do inglês norte americano media – “mass
media” como 'meios (de comunicação) de massas'. A palavra e a pronúncia inglesas
(em especial, a pronúncia norte-americana) foram exportados devido ao seu maciço
poder de cultura, comércio e finanças, manifestos em particular, no caso brasileiro,
nas agências de propaganda comerciais. Mass media envolve os meios de
comunicação de massa, abrangendo a área técnica de propaganda, relacionando
com a veiculação de mensagens comercias. Estuda o veículo, seu público, o
alcance, o método e as variáveis do que se deseja e a quem se destina. A função
da mídia é: planejar onde, para quem, quando, por que e como a mensagem deverá
ser veiculada; negociar sua colocação nos veículos mais adequados para o produto;
e exercer rigoroso controle do que está sendo veiculado. Conhecer o consumidor, e
oferecer o que ele precisa de maneira que produza benefícios para o anunciante,
meio usado e o consumidor.
Portanto, mídia é um termo que está sendo cada vez mais utilizado em
nossos dias, que pode significar a abrangência de todos os meios de comunicação
de massa, sua utilização analisada, calculada, especializada e supervisionada. Não
é fácil defini-lo precisamente, mas é fácil de compreendê-lo na sua prática, quando
dizemos: “A mídia influencia numa proporção significativa na nossa sociedade”.
Porém, ela por si só não é vilã nem virtuosa, pois qualquer ferramenta de
informação não tem índole. Sob esse ponto de vista, ela seria abençoada.
Entretanto, nas mãos de fascistas ela é ameaçadora. A mídia não nos anuncia ou
insinua somente produtos, ela veicula ideais e idéias isso faz dela um instrumento
poderosíssimo, que quando usado para o mal, pode causar sérios danos à
sociedade.
Portanto aprender a usar/interagir com a mídia de forma crítica, se constitui
em uma forma de aquisição de conhecimento cuja responsabilidade e
comprometimento devem ser compartilhados entre a família, a escola a
comunidade, o estado, enfim a sociedade como um todo em prol da cidadania. Pois
bem sabemos que, o papel da mídia é fundamental para que sejam incorporados,
as nossas atitudes cotidianas, novos valores de cidadania e a participação
comunitária. O mundo da mídia é composto não só de proprietários de meios de
comunicação, jornalistas (editores, repórteres, fotógrafos), artistas gráficos,
publicitários, mas também de educadores, que são comunicadores que promovem
mudanças fantásticas em nosso povo como formadores de consciência. A este
mundo podemos acrescentar/inserir de forma mais específica e direta a escola
como o veículo por meio do qual a comunidade escolar aprende a fazer uso
consciente das mais variadas mídias. No contexto de uso de mídias interativas na
educação podemos entender/conceber a escola como sendo um espaço que deve
incluir no seu esboço curricular a questão de educação para mídias como forma de
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ensinar o aluno a ler a mídia, a criticar e a entender a importância da mídia. Ou seja,
a escola exercendo o papel educativo no uso mídia.
A mídia e a produção de conteúdos utilizando as tecnologias digitais têm a
palavra e as imagens como ferramenta de trabalho para a produção de ideologias.
Por outro lado, o currículo escolar sob o qual nossos alunos constituem seus corpus
de conhecimentos também têm na palavra e na(s) linguagem(ns) a base de
construção de seus valores, seus modus vivendi: é nesse currículo que os
elementos das várias culturas, inclusive os conteúdos das mídias circulam e se
objetivam nos atos de fala, nos embates, dialógicos ou não, nos inúmeros eventos
que se sucedem a todo momento no cotidiano dos pátios e salas de aula de nossas
escolas compondo o cenário escolar.
A educação para a mídia discutida neste trabalho é a da mídia cidadã. Sob
esse olhar o estudo das mídias pauta-se na produção de conteúdos, partindo do
interior do currículo vivenciado na escola e a formação crítica do consumidor dos
produtos e conteúdos veiculado nas demais mídias comerciais impressas,
televisivas ou eletrônicas. Ao veicular imagens, e fazer uso da linguagem, portanto
de signos, conteúdos dos sistemas ideológicos (referentes à moral social, a arte, a
religião, dentre outros) também são veiculados, constituindo-se na consciência e no
psiquismo como ideologia do cotidiano:
A ideologia do cotidiano constitui o
domínio da palavra interior e exterior
desordenada e não fixada num sistema que
acompanha cada um de nossos atos ou gestos
e cada um de nossos estados de consciência.
(Bakhtin, 1992:119).
É dessa ideologia do cotidiano que os produtos ideológicos se alimentam
como uma seiva, mantendo um elo orgânico, e sem esta relação estreita, morre,
desaparece.
Ao propormos a utilização da mídia e das tecnologias interativas na escola de
ensino fundamental temos que pensá-las enquanto artefatos pedagógicos,
vinculando a aprendizagem destas à concepção de currículo vivenciado na escola,
num contexto onde a interatividade pode gerar uma informação resultante da
colaboração mútua dos professores e dos alunos com as máquinas, que se
transforme em conhecimento (Domingues, 2003). Nessa abordagem o significado
de currículo é assumido por nós como um projeto emancipatório voltado para a
construção de uma intersubjetividade livre, para a eliminação dos contextos de
dominação introduzidos nas estruturas de comunicação e mediados pela concepção
de Sacristán (2000) acerca do Currículo na Ação enquanto arquitetura de uma
prática.
Os postulados de Bakhtin, Vigotski, Heller e González Rey devem ser
materializados na vivência dos sujeitos sociais envolvidos no processo de educação
com vistas à apropriação (que envolvem a aprendizagem, o uso e a produção) dos
conhecimentos em tecnologias digitais e mídias via currículo, pois é neste que as
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ideologias são veiculadas, portanto – subjetivadas - no cotidiano vivido/vívido da
escola.
DESENVOLVIMENTO
As tecnologias interativas tanto quanto as mídias digitais são, na maioria das
vezes objetos de consumo e não de uso pedagógico-educacional. Essa situação se
agrava quando se trata do ensino público no qual, vias de regra, os alunos oriundos
da camada social menos favorecida conseqüentemente, têm mais dificuldade de
acesso aos recursos tecnológicos atuais. Nesse cenário, a falta de informação faz
com que não se privilegie a utilização sistemática das tecnologias digitais como
ferramenta capaz de promover o aprendizado. Ou ainda, fazendo eco à voz de
Orofino, também acreditamos que essas tecnologias e mídias devem ser usadas
como meios (e não como fins) de problematização de questões que
“sejam de interesse dos estudantes e da
própria comunidade escolar é que poderemos
atingir tais objetivos. Assim estaremos
ampliando as vozes silenciadas de crianças e
adolescentes (...) visto que a maioria não se
inclui na lógica dominante da sociedade de
consumo e mercado (pág. 29).
A Carta de S. Bernardo, nascida no interior do Seminário “Mídia Cidadã",
acontecido na cidade de S. Bernardo do Campo (SP) entre os dias 28 e 30 de
novembro de 2005, alerta-nos de que "a exclusão social, agravada pela qualidade
da educação, restringe ainda mais o direito à cidadania, dificultando o acesso aos
meios e, sobretudo, à produção de conteúdo por parte dos diferentes grupos
sociais". Essa carta esclarece também que, "na sociedade midiática, a cidadania
inclui não apenas o acesso à informação, mas a sua compreensão", propiciando aos
cidadãos assumir o devido "protagonismo nos processos de comunicação".
Esse protagonismo envolve tanto o desenvolvimento do senso crítico em
relação à utilização das mídias comerciais quanto à aprendizagem do uso de
tecnologias para a criação de conteúdos midiáticos relacionados com a vida da
comunidade onde esses alunos vivem - seus problemas, suas conquistas – as quais
podem ser documentadas por meio da vivência curricular, numa concepção
histórico-dialética de ensino e aprendizagem.
Nessa abordagem o significado de currículo é assumido por nós como um
projeto emancipatório (Sacristán, 2000) - o Currículo na Ação - enquanto arquitetura
de uma prática, voltado para a construção de uma intersubjetividade livre, para a
eliminação dos contextos de dominação introduzidos nas estruturas de
comunicação. Bakhtin (1979) orienta o entendimento dessa questão quando afirma
a impossibilidade de se pensar a subjetividade independente da prática e
construção discursiva considerando-se a relevância dos signos e ideologias, pois,
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conforme afirma, sem signos não existe ideologia sendo que, todo signo possui um
significado construído pelo que lhe é exterior.
Questões Direcionadoras do Projeto
O projeto caracteriza-se por um amplo estudo que envolve o currículo
prescrito e o vivenciado no interior-exterior das escolas, envolvendo a
aprendizagem do uso das tecnologias com vistas à documentação do que ocorre
durante a implementação desse mesmo currículo sob a ótica das próprias crianças.
A reflexão-na-ação de seus professores enquanto pesquisam e apreendem a
realidade social imediata. O entender, de que forma a utilização dessas tecnologias
e da mídia contribuem para a constituição da subjetividade dos sujeitos envolvidos
nesse processo de aprendizagem, principalmente no que se refere ao
fortalecimento do sujeito com vistas ao sucesso escolar (contrapondo-se à cultura
do fracasso escolar, atualmente, tão presente no imaginário dos profissionais da
educação).
Daí, colocam-se as seguintes questões orientadoras do projeto que, por sua
vez, se desdobram em estudos a serem desenvolvidos pelos professores e alunos
integrantes do projeto:
- Como as mídias, que fazem parte do cotidiano das pessoas, podem ser
introduzidas no currículo e auxiliar no processo de aprendizagem?
- Como a comunidade no entorno da escola pode ser envolvida e se beneficiar
desse processo numa perspectiva cidadã?
“O elo entre educação e comunicação
se materializa ao questionar não apenas o
compromisso
político
pedagógico
da
mensagem, forma e conteúdo e interação
explícita de comunicar. Mas também, ao
questionar o potencial dos ambientes criados
a partir de tecnologias educacionais
informatizadas em sua capacidade de
promover a integração e a participação
democrática de todos os indivíduos aos
benefícios que produzem” (Soares, 2006, p.
15).
Implementar um projeto que aborde aspectos de Educação e Comunicação
(Educomunicação), abrangendo tecnologias e mídias interativas, requer pensarmos
a educação da criança cidadã, em constante dinamismo e crescimento quer físico,
psíquico quanto intelectual, dialeticamente relacionados. Significa integrar a cultura
midiática no espaço de aprendizagem dessas crianças, tão pequenas. Ou, como nos
diz Gadotti (in: Orofino, 2005) “a cultura midiática envolve o corpo inteiro, privilegia a
imagem, o som, o movimento, as cores”, portanto, compatível com o dinamismo e
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potencial dessa faixa etária, ao mesmo tempo que se contrapõe à idéia de
passividade dos currículos fechados.
Orofino (2005), em sua experiência de ensino e aprendizagem com
comunidades nos fala da ‘mobilização’ de crianças e jovens para uma maior
participação nos debates sobre mídia e sociedade e, simultaneamente, nos alerta
para um elemento-chave na proposição de políticas educacionais que considerem
as mídias na formação de nossas crianças:
“Se quisermos falar de uma proposta
política, defendo o apelo à construção de
visibilidade para a imaginação e criatividade
das crianças e adolescentes a partir do espaço
escolar como uma questão de direito à
atualização e melhoria dos processos de
ensino e de aprendizagem (...) ao usarmos as
mídias na escola de modo transdiciplinar e
coletivo – poderemos certamente enriquecer
esses processos” (Orofino, 2005, pág. 29).
Nesse enfoque cabe-nos viabilizar o uso do computador e das tecnologias a
ele associadas, não apenas para produzir textos, fazer cálculos matemáticos, mas
também, produzir páginas web, fazer um programa de rádio (web rádio com base
nas mesmas estruturas tecnológicas de web site) produzir apresentações, clips
musicais, filmes, peças teatrais, dentre outras atividades que possam vir a contribuir
com o desenvolvimento pessoal ou de uma comunidade como um todo. Nesse
contexto, no Município de Hortolândia, justifica-se a utilização dessas tecnologias
como forma de se propiciar uma atuação/participação mais ativa dos alunos, dos
professores, dos pais, da direção escolar e da Secretaria Municipal num processo
de construção de conhecimento que beneficia não somente os alunos da escola
pública, mas também a comunidade no entorno a escola, desde que sejam levados
em consideração aspectos tais como a reflexão-na-ação, a produção de
conhecimento a partir da prática e o fortalecimento dos alunos a partir da imersão
no currículo vivenciado.
METODOLOGIA
A metodologia de trabalho com os professores se baseia na formação de
grupos de trabalhos tanto em função da série em que este professor atua quanto
das problemáticas a serem desenvolvidas que se entrecruzam, simultaneamente
por escola. A carga horária de dedicação de dada professor é de 20h/aula
distribuídas em atividades práticas dentro e fora da sala de aula com os alunos e
com os pesquisadores da universidade. O desenvolvimento de atividades
pedagógicas com os professores compreende reuniões semanais para leitura e
fundamentação teórica, aliada às discussões e análises das práticas desenvolvidas
pelos professores junto às crianças. O projeto prevê também o desenvolvimento de
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seções de estudo nas quais os pesquisadores da universidade são convidados para
discutir e trocar experiências com a toda equipe bem como instrumentar professores
e alunos na captura de imagens fotográficas, produção de roteiro de vídeos,
conteúdos a serem veiculados em rádio-web, utilização da Internet, tecnologias
fundamentais para o registro do currículo vivido. Currículo esse que deverá refletir a
maneira como os sujeitos apreendem a dialética do conhecimento, no enfoque da
cidadania, do fortalecimento e sucesso escolares. Os diretores e coordenadores
pedagógicos das escolas participantes são, responsáveis pelo acompanhamento e
execução do projeto em conjunto com os professores, com a equipe pedagógica do
órgão central da Secretaria Municipal e pesquisadores participantes do projeto junto
à Universidade.
Neste projeto optamos pela metodologia da pesquisa qualitativa que alinha-se
à da pesquisa-ação (Garcia, (2002), Thiollent, (1994), Zeichnner (1996) onde os
sujeitos envolvidos, tanto da academia quanto das escolas municipais, estarão
desenvolvendo suas práticas mediados pelas teorias do currículo, da psicologia
histórico-cultural, da educomunicação e orientados com vistas aos possíveis
‘produtos’ - consoante com os critérios para a avaliação do grau de sucesso do
projeto, do ponto de vista do conhecimento produzido e do aperfeiçoamento do
ensino público, conforme exigência da instituição financiadora (FAPESP).
Na pesquisa-ação, de acordo com Thiollent (1994),
“uma capacidade de aprendizagem é
associada ao processo de investigação (...) Os
‘atores’ sempre têm de gerar, utilizar
informações e também orientar a ação, tomar
decisões, etc. Isto faz parte tanto da atividade
planejada quanto da atividade cotidiana e não
pode deixar de ser diretamente observados na
pesquisa-ação” (Thiollent, 1994, 66).
No decorrer do projeto ao mesmo tempo em que os professores se
fundamentam, também produzem conhecimentos e reflexão da, e na ação (Schön
(1992), Zeichner (1996), intervindo na própria prática pedagógica a partir da relação
direta e transformadora com a comunidade escolar (alunos, pais, gestores, etc).
Esse movimento, sempre dialético, na dinâmica de suas tensões e soluções, é o que
nos interessa enquanto pesquisadores à frente da pesquisa, por que é através dele
que apreendemos a realidade no que se refere à emancipação dos professores
frente ao conhecimento do currículo, das mídias, da(s) subjetividade(s) que
permearão o desenvolvimento da consciência crítica dos alunos e de seus
professores e do fortalecimento de ambos em direção ao sucesso escolar.
Durante o desenvolvimento do projeto os dados serão coletados, tanto dos
conteúdos produzidos por alunos e professores, quanto nas interações discursivas e
ainda dos Seminários Centrais (Thiollent, 1994), dos quais serão atores, o grupo
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que envolve os professores da escola e os pesquisadores da academia, numa
concepção de grupo como Comunidade Educacional (Garcia, 2002).
A partir das contribuições de Ezpeleta e Rockwell (1995) estaremos
privilegiando em nosso registro e análise os fatos, eventos, histórias ‘nãodocumentadas - através da qual a escola toma forma material, ganha vida – num
enfoque etnográfico’ - histórias estas que constituem o currículo vivenciado e
convivem com o oficial, prescrito, com a homogeneidade documentada.
Portanto, os dados em sua fase empírica de coleta, serão em sua grande
parte, ora gravados e depois transcritos, ora produtos de registro da produção dos
alunos (tais como conteúdos de programas de rádio via web, artigos de jornais,
pequenos documentários do currículo vivenciado, práticas discursivas dentre
outros). A análise será descritiva, cujo método “consiste na observação dos
fenômenos, os mais variados e seu registro” (La Rosa, 13, 2002), pois somente
dessa forma conseguiremos apreender o currículo e em sua dinamicidade e os
aspectos de subjetividade expressos nas práticas cotidianas, e nas produções dos
alunos.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Ao final do projeto pretende-se apresentar a produção dos conhecimentos
desenvolvidos sob três aspectos: pelos alunos, pelos professores das escolas
municipais e pela coordenação do projeto em nível da Universidade .
No caso dos alunos esperam-se produtos que possam servir como acervo
cultural da escola e da comunidade tais como pequenos documentários em CD,
DVD, livros, eletrônicos ou não, abrangendo temáticas pesquisadas pelos mesmos
sob a orientação curricular; Criação, e publicação de páginas web e programas de
rádio para a web pelos alunos ao longo do projeto.
No que se refere aos professores, além da coordenação dos trabalhos junto a
seus alunos na produção curricular e dos conteúdos midiáticos, espera-se a
apresentação do resultado das pesquisas desenvolvidas, sob o enfoque da
reflexão-na-ação com vistas à intervenção na prática pedagógica e melhoria do
ensino público do município de Hortolândia.
Durante o processo parceria universidade-escola pública os professores das
escolas serão orientados para o desenvolvimento de pesquisas e publicação de
seus resultados em congressos, seminários de educação. O desenvolvimento do
trabalho também será objeto de discussão junto a outros professores da Rede
Municipal não pertencentes a este projeto. Essa ação tem por objetivo a formação
de massa crítica para a expansão horizontal dos princípios e metodologia do projeto
a outras escolas.
No que se refere aos coordenadores do projeto, pesquisadores ligados à
Unicamp e demais faculdades está previsto a publicação dos resultados das
pesquisas em eventos científicos de Educação tais como congressos nacionais e
internacionais, seminários, oficinas, palestras dentre outros. Também a divulgação e
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visibilidade do projeto pela mídia impressa, televisiva, radiofônica da região onde o
projeto se desenvolve.
REFERÊNCIAS
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Paulo, SP, 1979.
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DEMO, P., Educar pela pesquisa. Autores Associados. Campinas. SP. 1998.
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(Org.) A Arte no Século XXI: A Humanização das Tecnologias. Editora Unesp, São
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EZPELETA J; ROCKWELL, E. (1989) Pesquisa Participante. Cortez: Autores
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GARCIA, M. F. O Ensino por Meio da Pesquisa: O projeto “Ciência na Escola”. Tese
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GONZÁLEZ REY. Sujeito e Subjetividad. Pioneira: Tomson Learning. São Paulo,
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LA ROSA, J. (2002) - Psicologia do Desenvolvimento: Perspectiva Histórica,
Conceituação e Metodologia. Vol. 1. 3ª. Edição. Porto Alegre, RS.
OROFINO, M. I. Mídias e Mediação Escolar: Pedagogia dos Meios, Participação e
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PAIS, C. L. “Educação Escolar e as Tecnologias da Informática”, Ed. Autêntica, Belo
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SACRISTÁN J. O Currículo: Uma Reflexão Sobre a Prática. 3a. Edição. Artmed,
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BUCHT, C. FEILITZEN, V. C. Perspectivas Sobre a Criança. e a Mídia, Edições
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THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. Cortez, Editora. São Paulo, SP,
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VIGOTSKI, L. S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. Martins Fontes.
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http://www2.metodista.br/unesco/agora/mapa_carta_sbc.pdf acesso 05/07/07
http://www.facaparte.org.br/new/download/midia(1).pdf acesso 05/07/07.
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