Página 1 de 13 FORMAÇÃO PARA DIRIGENTES CURSO INOVARAUTO O NOVO REGIME AUTOMOTIVO POLÍTICA INDUSTRIAL BRASILEIRA DE JUSCELINO KUBITSCHEK AO “MILAGRE ECONÔMICO” Página 2 de 13 Índice Plano de metas de Juscelino Kubitschek: início da industrialização subordinada 03 De Goulart até final do governo Sarney: destaque para o “Milagre Econômico” e a industrialização com arrocho salarial e endividamento externo 09 Tabelas Plano de metas e participação do investimento público 04 Taxas de crescimento entre 1955 e 1961 – Plano de metas 05 Indicadores econômicos entre 1955 e 1961 – Plano de metas 06 Dados sociais entre 1960 e 1999 08 Índice Gini 08 Inflação entre 1962 e 1965 09 Crescimento entre 1968 e 1973 12 Página 3 de 13 PLANO DE METAS DE JUSCELINO KUBITSCHECK: INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO SUBORDINADA Palavras-chave: Indústria de base, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Desenvolvimentismo, Substituição de Importações, Plano de Metas, investimento indústria automotiva, público, baixo déficit público, desenvolvimento inflação, social, internacionalização da economia brasileira, dependência estrutural, bens de capital, bens de consumo durável, bens de consumo não-durável 1. Desenvolvimentismo X Liberalismo: Tanto o período Getúlio Vargas (19301945 e 1950-1954) como durante o governo de Juscelino Kubitschek (19561961) a marca foi a política Desenvolvimentista, ou ainda, o Nacionalismo Desenvolvimentista e se preferirmos, capitalismo nacional. Ou seja, a participação do Estado na economia e não somente o “livre” mercado. 2. Substituição de Importações: Foi dada ênfase maior ao desenvolvimento da indústria básica continuando, portanto, o processo de substituição de importações (processo pelo qual se industrializa um país, diminuindo suas importações) iniciado nos anos 1930 com Getúlio Vargas. 3. Plano de Metas: Em 1956, durante o governo de Juscelino Kubitscheck, o Conselho de Desenvolvimento, órgão ligado diretamente à Presidência da República, elaborou um conjunto de 30 metas distribuídas em 5 setores. Esse foi o chamado Plano de Metas, cujo slogan era: “50 anos em 5”. Ou seja, desenvolver no Brasil o equivalente a 50 anos, mas cumprir tal objetivo em apenas 5! Página 4 de 13 Plano de Metas e participação do investimento público Setor Percentual de Origem responsabilidade Energia e transporte 71,3 Setor público Indústria de base 22,3 Setor público e privado1 Educação e alimentação 6,4 Setor público 4. Financiamento público: De outra maneira, o Plano de Metas foi financiado em 50% por fundos públicos, 35% pelo setor privado e 15% por agências creditícias governamentais. Estando, portanto, o maior peso do financiamento/investimento no setor público e, na ausência de uma reforma tributária que gerasse um significativo aumento nas receitas da União, o resultado foi um déficit público crescente que causou, entre outras consequências, pressão inflacionária. 5. Investimento privado e indústria automotiva: Os investimentos do setor privado foram direcionados principalmente para o setor automobilístico, construção naval, mecânica pesada e equipamentos elétricos. A produção de automóveis e o setor de bens de capital lideraram essa etapa do processo de substituição de importações (processo pelo qual se industrializa um país, diminuindo suas importações). A auto-suficiência na produção de veículos foi conseguida em 5 anos, alcançando 100 mil unidades no ano. 6. Transporte rodoviário: É nesse período que o país faz a opção pelo transporte rodoviário em detrimento do transporte ferroviário. Basta verificar que dentro do Plano de Metas, o percentual da construção de rodovias foi de 138% e o de ferrovias 32%. 7. Inflação financia industrialização: Entre outros elementos, como por exemplo, o fornecimento de créditos pelo BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e Banco do Brasil (principalmente recurso público, conforme já foi dito), o principal financiador do Plano de Metas foi a inflação. Ou seja, o 1 No entanto, os investimentos privados eram resultado de financiamentos públicos, entre eles do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) criado por Getúlio Vargas em 1952. Página 5 de 13 governo realizava a expansão monetária que provia os gastos públicos e o aumento de crédito. Além disso, como boa parte dos investimentos privados eram resultado de empréstimos públicos, a inflação também acabava financiando os investimentos privados. Enfim, com o aumento da expansão monetária, aumentava o déficit público, com o aumento deste é necessário aumentar ainda mais a expansão monetária para o financiamento do crescente déficit. Com isso, aumenta-se a inflação. Isto é, cria-se, assim, um ciclo vicioso, estopim da crise econômica da era JK herdada por governos futuros. 8. Herança da industrialização de Juscelino Kubitschek: No período JK, o crescimento per capita efetivo do Brasil foi três vezes maior que o resto da América Latina. Os principais legados do governo JK foram: grande processo de industrialização do país (crescimento econômico), mas ao custo da degradação de alguns dos principais indicadores econômicos, entre eles elevação da inflação, desvalorização do salário mínimo, aumento da dívida externa e do saldo comercial negativo; números que podem ser comprovados abaixo: Taxas de crescimento entre 1955 e 1961 Plano de Metas Ano PIB Indústria Agricultura Serviços 1955 8,8 11,1 7,7 9,2 1956 2,9 5,5 -2,4 0 1957 7,7 5,4 9,3 10,5 1958 10,8 16,8 2 10,6 1959 9,8 12,9 5,3 10,7 1960 9,4 10,6 4,9 9,1 1961 8,6 11,1 7,6 8,1 Página 6 de 13 Alguns outros números setoriais de crescimento industrial entre 1955 e 1962: Materiais de transporte: +711 Materiais elétricos e de comunicações: +411% Indústrias mecânicas: 125% Indústria de aço: 100% Têxtil: +34% Alimentos: +54% Indicadores econômicos entre 1955 e 1961 Plano de Metas 9. Ano Inflação (%) Salário Mínimo real (%) Saldo comercial (milhões USD) Dívida Externa (milhões) 1955 23 -9,5 2 1,44 1956 21 -1,3 57 1,58 1957 16,1 -9,6 -264 1,51 1958 14,8 14,5 -248 2,04 1959 39,2 -12,7 -311 2,23 1960 29,5 19,4 -478 2,37 1961 33,2 -14,7 -222 2,83 Internacionalização da economia brasileira: A partir dos anos 1950, movimento iniciado e liderado pelos EUA (Estados Unidos da América) estabelece forte investimento de empresas privadas transnacionais, fornecimento de créditos, doações e criação de bases militares (Plano Marshall: 1947 a 1951) para Europa Ocidental e Japão. Na sequência, com o fim do Plano Marshall, à Página 7 de 13 América Latina (e, portanto, ao Brasil) foram destinados somente os investimentos privados com a consequente “recomendação” da adoção de políticas fiscais e monetárias restritivas (leia-se: diminuição de gastos públicos, principalmente os sociais e não investimento/intervenção do Estado na economia); abertura comercial e criação de incentivos para atração de investimentos privados, quer dizer: financiamento público para empresas privadas, diminuição de impostos para empresas entre outras regalias. De fato, nesse período, os EUA estabelecem sua hegemonia (domínio) econômica possibilitada basicamente pela vantagem tecnológica, pelo poder de suas corporações e seu complexo militar. Os anos 50 são os “anos de ouro” do capitalismo industrial estadunidense. 10. Internacionalização da economia brasileira: A partir de 1955 aceleram os IEDs (Investimentos Externos Diretos: aqueles aplicados diretamente à produção de bens e serviços) no Brasil, oriundos de multinacionais não só estadunidenses, mas também europeias (e depois japonesas) que começam a competir entre si por novos mercados. O Brasil se transforma em um campo muito atrativo para os lucros das multinacionais. Nossa economia passa a ser internacionalizada. 11. Internacionalização da economia: A partir do final do segundo governo de Getúlio Vargas (1953), depois com Café Filho e especialmente JK são flexibilizados os IEDs (Investimentos Externos Diretos: aqueles aplicados diretamente à produção de bens e serviços) no Brasil. Quer dizer, é facilitada a penetração do capital internacional por meio da mudança das regras de seleção de investimentos, incentivo à importação de bens de capital, reserva de mercado para as novas empresas, financiamento pelo BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), dimensão do mercado interno (que é um grande atrativo) e revogação do decreto 30.363 de 03/01/1952 que restringia a remessa de lucros e dividendos. Em outras palavras: preparação do terreno para que o capital multinacional pudesse lucrar o máximo possível, dominando a economia nacional. Somado a isso está a diminuição real do salário mínimo, aumento na concentração de renda e queda na qualidade de vida (ver tabelas nas páginas 5, 6 e 8). Página 8 de 13 12. Internacionalização da economia: Com isso as multinacionais passam a dominar os setores mais dinâmicos da economia brasileira, como bens de consumo duráveis e bens de capital. Resta às empresas privadas nacionais o setor de bens não duráveis. Há assim, uma subordinação não só do capital nacional, mas também da própria economia nacional em relação ao capital estrangeiro, caracterizando nossa industrialização nesse período: crescente, alta, mas dependente e com baixo progresso social. 13. Dados sociais entre 1960 e 1999 Percentuais 10% mais pobres 30% mais pobres 50% mais pobres 30% mais ricos 10% mais ricos 1% mais ricos Índice de Gini 1960 1970 1980 1985 1990 1995 1999 1,9 1,2 1,2 0,9 0,8 1,1 1,2 5,9 6,2 6,2 5,3 4,6 5,6 6,2 17,4 15,1 14,1 13,1 11,2 13 13,9 66,1 71,7 73,2 74,6 76,4 74,5 73,1 39,6 46,5 47,9 47,7 49,7 48,2 46,8 12,11 14,51 13,5 13,3 13,9 13,4 13,0 0,497 0,565 0,592 0,660 0,620 0,592 0,576 Índice Gini em alguns outros países (quanto mais próximo do “zero”, menor a concentração de renda e portanto, melhor a qualidade de vida. Ao contrário, quanto mais próximo do “um”, maior a concentração de renda e, consequentemente, pior a qualidade de vida): País Índice Gini Ano Noruega 0,25 2008 Alemanha 0,27 2006 França 0,33 2008 China 0,47 2007 México 0,48 2006 Argentina 0,49 2007 Paraguai 0,57 2008 Página 9 de 13 DE GOULART ATÉ FINAL DO GOVERNO SARNEY: DESTAQUE PARA O “MILAGRE ECONÔMICO” E A INDUSTRIALIZAÇÃO COM ARROCHO SALARIAL E ENDIVIDAMENTO EXTERNO Palavras-chave: 14. Industrialização e Jango, Reformas de Base, Lei de remessa de lucros, Golpe militar de 1964, Liberalismo militar, Delfim Neto, FGTS, Industrialização desenvolvimentista e endividamento, Arrocho salarial, Reforma agrária, AI-5, Milagre econômico: PED (Plano Estratégico de Desenvolvimento), Economia mundial em expansão, Indústria e ditadura, Médici, “Década perdida” Herança maldita: O Plano de Metas de JK não deixa um cenário confortável para seu sucessor, especialmente em relação ao quadro inflacionário (que aumenta ainda mais em relação ao período JK), além dos saldos negativos do comércio brasileiro, desigualdade social e aumento da dívida externa (vistos acima). 15. Ano Inflação (%) 1962 49,4 1963 72,8 1964 91,8 1965 65,7 Piorar o que está ruim: Diante tal conjuntura, os governos militares adotam o receituário liberal, isto é, diminuição de gastos públicos (e, portanto sociais) para a diminuição da dívida pública e consequente diminuição da emissão de moeda. Diminuindo-se a expansão da moeda, diminui-se a demanda agregada, isto é, consome-se menos e, teoricamente, reduz-se a inflação. Ainda nesse sentido, propõe-se a diminuição de reajustes salariais com o mesmo objetivo de reduzir a demanda e dessa maneira, a inflação. 16. Causas políticas e econômicas da crise pré-golpe de 1964 e Reformas de Base: Somada a essa conjuntura, como uma das causas da crise econômica, Página 10 de 13 estão também as causas políticas. Após 8 meses de mandato, Jânio Quadros renuncia e cria um problema. Seu vice, João Goulart. Político de oposição, era visto como esquerdista e estatizante, quer dizer, não agradava aos empresários nacionais e principalmente às multinacionais, notadamente às dos EUA. Jango somente consegue assumir por conta de um movimento (cadeia da legalidade) realizado por Leonel Brizola (cunhado de Jango e governador do Rio Grande do Sul) e pelo fato de ter se instalado um sistema parlamentarista. Jango assume com poderes limitados ainda em 1961, mas o presidencialismo volta em janeiro de 1963 após um plebiscito onde o parlamentarismo é amplamente rejeitado pelo povo. Jango inicia um conjunto de reformas, as chamadas reformas de base. Estas previam: reforma agrária, restrição da remessa de lucros do capital estrangeiro, reforma urbana para a diminuição do déficit habitacional etc. A proposta de João Goulart leva os militares brasileiros, apoiados por grupos governamentais e empresariais dos Estados Unidos, ao golpe de estado de 1964, fundando uma ditadura que vai até 1985. A crise política, como não poderia deixar de ser, tem reflexos na economia. 17. Reformas de Base: Nesse intervalo, isto é, entre o fim do governo de JK (1961) e início da ditadura (1964), João Goulart tenta uma política diferente, conforme vimos acima, além da reforma educacional (combate ao analfabetismo por meio do Método Paulo Freire, entre outras medidas), reforma eleitoral (ampliando o voto aos analfabetos, militares de baixa patente, legalização do Partido Comunista etc). Como sabemos, por conta dessas próprias Reformas de Base, é retirado do poder e começa uma ditadura militar no Brasil. 18. Paeg: O primeiro presidente ditador, Castelo Branco, cria o “Paeg”: Plano de Ação Econômica do Governo, cujos mentores são Roberto Campos e Octavio Gouvêa de Bulhões. Eram dois os objetivos básicos do Paeg: diminuir a inflação e retomar o crescimento econômico. 19. Arrocho salarial: Conforme já indicado anteriormente, os governos militares avaliaram que o processo inflacionário, acelerado desde 1962, era produto dos Página 11 de 13 aumentos salariais acima do aumento da produtividade. Ou seja, o Brasil passava por uma inflação de demanda. A solução encontrada foi simplesmente reduzir o poder de compra dos trabalhadores, isto é, reajustar os salários em níveis inferiores ao do custo de vida. Os reajustes salariais passaram a ser compostos por uma média da inflação passada, a inflação futura e o crescimento da produção (taxa de produtividade e PIB), conforme lei de 1966, ano em que também é criado o FGTS. Vale notar que o FGTS substituiu a garantia de estabilidade do trabalhador no emprego após 10 anos de serviço (na mesma empresa), ou seja, os patrões ganharam o direito de demitir a qualquer momento. Voltando à inflação, todos os índices no período eram subestimados, vide a inflação de 1973 que oficialmente variou 13,7% e na verdade chegou 26,6%. Isso velou à luta pela reposição dos 34,1% em 1978. 20. Desenvolvimento para a indústria e para o povo? Com arrocho salarial, censura e autoritarismo, o crescimento econômico volta, principalmente a partir de 1968, o que não significou desenvolvimento social, pelo contrário. A riqueza produzida no país aumentou, mas a pobreza e a miséria também (ver item 13 e 23). 21. Milagre econômico: Em 1968, período de “grande crescimento do bolo”, iniciase o que chamamos de “milagre econômico”. 22. Milagre econômico: O “Milagre econômico” produziu a “década perdida”: os anos 1980. Entre 1968 a 1973 o governo militar empreendeu o PED (Plano Estratégico de Desenvolvimento). Fundamental recordar que durante tal fase econômica (grande desenvolvimento industrial e consumo para a classe média) o presidente da República foi o General Médici 2. Conforme sabemos, o mais duro e autoritário. Resumidamente: o crédito interno era abundante (cresceu em média 17% ao ano no período do “milagre”, sendo que no período anterior: 1964 a 1967, cresceu em média 4,9% ao ano) e os estratos médios da população podiam consumir fartamente. Além disso, as empresas e o governo investiam. O 2 Emilio Garrastazu Medici foi presidente entre outubro de 1969 e março de 1974. Página 12 de 13 governo ainda cria importantes programas e obras de infra-estrutura fundamentais para a continuidade do processo de industrialização brasileira. A economia brasileira crescia a taxas elevadíssimas (comparáveis hoje as da China). Obviamente também obras faraônicas e inviáveis causaram prejuízos aos cofres públicos, consequências da corrupção. O crédito era fácil na medida em que os juros internacionais estavam baixos. Outros facilitadores foram o aumento dos preços das commodities exportáveis (principalmente bens agrícolas, minerais, energéticos, ambientais e químicos – todos abundantes no Brasil) e expansão do comércio mundial. Com a crise do petróleo em 19733 os juros mundiais aumentaram muito e a dívida externa do Brasil, ao longo dos 21 anos de ditadura militar, passou dos 4 bilhões a 100 bilhões de dólares. Em 1982 o modelo brasileiro está falido e o país vai ao FMI. Interessante observar que a dívida externa com essa instituição financeira foi paga somente em 2006 por Lula que também empresta à instituição 10 bilhões de dólares. 23. Crescimento chinês: Entre os principais indicadores que demonstram o “milagre econômico” talvez o principal sejam as taxas de crescimento, conforme tabela a seguir: 24. Ano PIB Indústria Agricultura Serviços 1968 9,8 14,2 1,4 9,9 1969 9,5 11,2 6 9,5 1970 10,4 11,9 5,6 10,5 1971 11,3 11,9 10,2 11,5 1972 12,1 14 4 12,1 1973 14 16,6 0 13,4 Objetivos do “milagre econômico”: implantado no início de 1968 pelo segundo ditador, o Marechal Costa e Silva – e mantido por Médici: 1) estabilizar os preços, 2) 3 O Brasil importava 85% do petróleo que consumia. Em 1972 o preço do barril do petróleo que era 2,48 dólares passo para 3,29 em 1973 e para 11,58 em 1974, subindo gradativamente até 13,60 em 1978. Página 13 de 13 fortalecer a empresa privada, 3) consolidar a infra-estrutura a cargo do governo, 3) ampliar o mercado interno. 25. Industrialização e ditadura: Sublinho que entre o final da administração de Costa e Silva e início do governo Médici é decretado o Ato Institucional número 5, o AI-5. Desde o golpe em 01 de abril de 1964 e os quatros atos institucionais anteriores, essa foi a mais dura medida ditatorial: o congresso é fechado, vários mandatos políticos são cassados, qualquer um poderia ser preso, suspensão do direito de votar e ser votado em eleições sindicais, proibição de manifestações e atividades de natureza política, suspensão do habeas corpus no caso de crimes políticos, censura prévia à imprensa e às artes entre várias outras medidas profundamente restritivas das liberdades democráticas mais elementares. 26. Industrialização com endividamento externo: As principais causas da forte expansão econômica (industrialização) entre 1968 e 1973 são, além dos investimentos estatais, os IEDs (Investmentos Externos Diretos: aqueles aplicados diretamente à produção de bens e serviços) e os empréstimos externos. Essa situação gerou déficits nas contas externas brasileiras (a conta de serviços e rendas passou de um déficit de 600 milhões de dólares em 1967 para 2,1 bilhões em 1973; o déficit em conta corrente passou de 276 milhões de dólares em 1967 para 2,1 bilhões em 1973) que para serem financiados provocaram uma acentuada elevação da dívida externa brasileira: de 3,4 bilhões de dólares passou para 14,9 bilhões no período, um aumento de 332%. Os déficits, por sua vez, foram gerados devido à dependência estrutural da economia brasileira com relação à importação de petróleo e de bens de capital. Enfim, a industrialização brasileira durante a ditadura traduziu-se por meio de um crescimento com endividamento. 27. Herança da indústria na ditadura: Arrocho salarial, explosão da dívida externa, dos déficits e descontrole da inflação (em 1985, fim da ditadura, a inflação atingiu 235%) levaram à crise dos anos 1980, a “década perdida”, já mencionada. Elaborado por Eduardo Magalhães em setembro de 2013.