Avaliação de dor na criança

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Programa de Educação Continuada em Fisiopatologia e
Tratamento da Dor - 2015
AVALIAÇÃO DA DOR EM
PEDIATRIA
RITA TIZIANA VERARDO
POLASTRINI
[email protected]
Mesmo sendo universal, a dor não é sentida de
modo idêntico por todas as pessoas.
Nem é expressada da mesma maneira em todas
as culturas.
Crianças admitidas em hospitais, com
frequência experimentam dor, medo e
ansiedade.
Para a família e criança o ambiente hospitalar é
hostil e traumatizante porque está sempre
associado ao sentimento de sofrimento e dor.
Exames e procedimentos dolorosos são
necessários e, em certas circunstâncias, a dor da
criança é sub tratada ou relegada a um segundo
plano, deixando sequelas que refletirão em sua
vida futura.
Na crianças, choro e agitação podem estar
relacionados com a experiência da
hospitalização, com a ansiedade ou com os
ruídos e pessoas estranhas.
Barreiras para o tratamento efetivo
•
Mito que crianças não sentem dor da mesma
maneira que os adultos.
•
Dificuldade na avaliação.
•
Dificuldade na conceitualização e quantificação de
uma experiência subjetiva
O processo de avaliação, intervenção e
reavaliação da dor deve ser considerado uma
prioridade no cuidado.
A Joint Comission on Acreditation of
Healthcare Organizations
Segundo o CONANDA a criança tem o direito de
ter sua dor adequadamente tratada.
Brasil. Conselho Nacional dos Direitos da Crianca e do
Adolescente. Resolução n° 41 de Outubro de 1995
(DOU 17/19/95).
ALGORITMO DE AVALIAÇÃO DA DOR NA
POPULAÇÃO PEDIÁTRICA
Processo de avaliação de dor em pediatria
Pacientes: neonato, lactente, criança, adolescente
Visitas constantes a um estabelecimento de saúde tem o
potencial de causar ansiedade ou desconforto
Sintomas/diagnóstico
A dor pode ser um dos sintomas da doença
Classificação e avaliação da dor
É importante classificar e avaliar a dor antes de decidir
sobre a terapia farmacológica e não-farmacológica
OMS - 2012
Avaliação da dor
História médica detalhada:
• experiências de dor
anteriores
• analgésico anterior
tratamento
• experiência de dor atual.
Linguagem não-verbal
Nível de desenvolvimento
Nível de atividade (por
exemplo, o sono, brincar,
alimentação)
Exame físico
Mensuração da dor
Abordagem:
• Seleccione a ferramenta de
acordo com a idade e
desenvolvimento do paciente
Frequência de mensuração:
(por exemplo: 4/4h)
Ação: por exemplo: quem vai
fazer a avaliação, como vai ser a
interpretados, quando
implicarão em mudanças na
terapia farmacológica
Desenvolver / Ajuste
Plano individual de manejo da dor
Intervenções farmacológicas e não-farmacológicas
Implementar o plano
OMS - 2012
Indicadores comportamentais de dor
aguda
• expressão facial
• movimento do corpo e postura corporal
• incapacidade de ser consolado
• choro
• gemência
OMS - 2012
Indicadores comportamentais de dor
aguda
postura anormal
 medo de ser movido
 falta de expressão facial
 falta de interesse no ambiente
 tranquilidade indevida
 aumento da irritabilidade
 mau humor
 perturbações do sono
 raiva
 alterações no apetite
 mau desempenho escolar

OMS - 2012
Expressão da dor de acordo com a faixa etária






As crianças pequenas - usam palavras simples e apontam os
locais da dor
A capacidade de indicar a presença de dor verbalmente emerge
entre dois e quatro anos de idade. Aos poucos, eles aprendem a
distinguir três níveis de dor, tais como "um pouco", "alguns", e
"muito".
Aos cinco anos de idade - as crianças descrevem a dor e
definem a sua intensidade.
Aos seis anos de idade - eles podem diferenciar claramente
os níveis de intensidade da dor.
As crianças de sete a dez anos de idade - podem explicar por
que dói
Em crianças incapazes de falar, relato de dor é dependente
de pais e / ou cuidadores
OMS - 2012
Escolha do instrumento de avaliação
•
•
•
•
•
A melhor forma de avaliação é aquela em que a
criança consegue descrever a intensidade e o tipo da
dor;
Escalas de avaliação comportamental devem ser
utilizadas quando a criança não consegue expressar
sua dor;
É preciso acreditar na criança;
A melhor escala é aquela bem aplicada;
A equipe deve escolher o instrumento adequado e que
se adapte às necessidades da criança
Instrumentos para avaliação da dor
Escala visual análoga
Escala comportamental
Diário da dor
Questionários
Escala NFCS (Neonatal Facial Coding System)
Baseia-se na codificação da atividade facial
MOVIMENTO FACIAL
0 ponto
1 ponto
Fronte Saliente
ausente
presente
Fenda palpebral estreitada
ausente
presente
Sulco nasolabial aprofundado
ausente
presente
Boca aberta
ausente
presente
Boca estirada
ausente
presente
Língua tensa
ausente
presente
Protusão de língua
ausente
presente
Tremor de queixo
ausente
presente
Presença de DOR: >3 pontos
Frequência de aplicação do NFCS pela equipe
Procedimento
e/ou doenças
1o PO
geral)
Intervalo entre
as avaliações (horas)
(cirurgias
em
8/8
Grandes cirurgias
8/8
Pequenas cirurgias
8/8
Drenagem torácica
e
8/8
e/ou
8/8
Intubação traqueal
ventilação mecânica
Flebotomia
cateter percutâneo
4/4
Fraturas ósseas
Enterocolite necrosante
Período total de avaliação
(horas)
24
96
48
Enquanto presente
72
24
8/8
72
8/8
Durante a fase aguda
Avaliação da DOR no RN PÓS-CIRURGICO
(CRIES)
Baseia-se no choro, na necessidade de O2 para manter a saturação de O2 > que 95% ,  aumento
da Frequência Cardíaca (FC) e, aumento da Pressão Sanguínea (PA),
na Expressão Facial e, na Ausência de Sono.
INDICADOR
0
1
2
Choro
ausente
alta tonalidade inconsolável
Fi O2 p/ Sat O2 95%
21%
21% a 30%
> 30%
FC (comparar ao préop.)
mantida
até 20%
superior a 20%
Expressão Facial
relaxada
careta
esporádica
contraída
Sono
normal
intervalos
curtos
ausente
FLACC
FLACC - Face, legs, activity, cry, consolability
Silva FC & Thuler LC - 2008
Escala Comportamental-NIPS (0-2 a)
INDICADOR
0
1
2
Expressão facial
Relaxada
Contraída
-
Choro
Ausente
Resmungos
Vigoroso
Respiração
Relaxada
Alterada
-
Braços
Relaxados
Fletidos/estendidos
-
Pernas
Relaxadas
Fletidas/estendidas
-
Estado de
consciência
Dormindo/calm
o
Desconfortável
-
Presença de DOR: >3 pontos.
Classificação da Dor:
0 - Sem Dor
1 a 2 - Dor fraca
3 a 5 - Dor
Moderada
6 a 7 - Dor forte
Guinsburg,R.- 2003
Wong- Baker
Escala de faces revisada
Silva FC & Thuler LC - 2008
Escala Objetiva de Dor Hannallah
Pontuação maior ou igual a 6 significa dor importante, que justifica a
indicação de analgesia após avaliação criteriosa da equipe
multiprofissional
INDICADOR
0
1
2
Pressão
Arterial
Sistólica
Aumento até 10% da
basal
Aumento de 11 a 20%
da basal
Aumento >
21% da basal
Movimentaçã
o
Quieto
Sem repouso
Esperneando
Verbalização
postura para
as crianças
menores
Adormecido ou sem
sem relatar dor
Dor leve, sem flexão das
extremidades
Dor moderada
e localizada
Choro
Ausente
Presente e consolável
Presente e
inconsolável
Agitação
Adormecido ou calmo
Leve histérico
-
ESCALA COMFORT BEHAVIOR
Sinais de alerta
Sono profundo
Sono leve
Sonolento
Totalmente acordado/alerta
Hiperalerta
1
2
3
4
5
Agitação
Calmo
Levemente ansioso
Ansioso
Muito ansioso
Pânico
1
2
3
4
5
Resposta respiratória
sem tosse/respiração espontânea
respiração espontânea com pouca ou nenhuma resposta a ventilação
tosse ocasional ou resistência ao ventilador
"briga" com ventilador ou tosse regularmente
"briga" com ventilador, tossindo
1
2
3
4
5
Movimento físico
nenhum movimento
movimento leve ocasional
movimentos frequentes
movimentos vigorosos limitados a extremidades
movimentos vigorosos incluindo tronco e cabeça
1
2
3
4
5
Tônus muscular
totalmente relaxado
tônus muscular reduzido
normal
aumento do tônus e flexão dedos
rigidez extremidades e flexão dedos
1
2
3
4
5
Tensão facial
músculos faciais totalmente relaxados
nenhuma tensão evidente
tensão evidente em alguns músculos faciais
tensão evidente
careta
1
2
3
4
5
Avaliação Complementar

Além das medições da intensidade da dor, é
importante registrar:
a localização da dor,
 características,
 início e
 duração.
Existem situações em que a intensidade da dor, não só
muda ao longo do tempo, mas também na localização e
características.

OMS - 2012
Orientações Complementares





Passo-a-passo orientação para administrar e interpretar a escala
de dor auto-relato
Se possível, introduzir a criança à escala de dor quando ele ou ela
não está com dor, porque a dor vai prejudicar a concentração da
criança.
Explique para a criança que a medida é para a intensidade da dor
e não para a sua ansiedade ou medo de dor.
Oferecer à criança a oportunidade de praticar com a escala por
ranking situações hipotéticas que não produzem, baixo e altos
níveis de dor.
Sempre que possível, obter classificações de dor regulares e
observar o efeito da dor de alívio intervenções, bem como
intervenções clínicas conhecidas para aumentar a dor, tais como
injeções.
OMS - 2012
Orientações Complementares





Levar em consideração os registros de dor no planejamento do
tratamento.
Use as medidas observacionais com crianças muito jovens ou o
cognitivo prejudicado.
Evite fazer a criança registrar experiências de dor anteriores pois
podem não ser precisos.
Obtenção de escores de dor não deve ser um substituto para a
conversa com as crianças e sua narrativa deve sempre ser obtida.
As discrepâncias decorrentes nos escores de dor fornecidos pelo
filho, pai e médico muitas vezes pode ser resolvidos por meio da
discussão.
OMS - 2012
Avaliação Realizada
Terapêutica Instituída
Implementar ações para o controle da dor
Medidas não-farmacológicas
Medidas farmacológicas
Princípios do controle da dor
•
•
•
•
•
•
Avaliar antes de tratar;
Explicar as causa da dor;
Adotar uma estratégia terapêutica mista;
Monitorizar a dor;
Reavaliar regularmente as medidas terapêuticas;
Cuidar dos detalhes
Abordagem do paciente e família
• Farmacológica
• Física
• Educativa
• Cognitivo-comportamental
RESUMINDO.....
Educação e treinamento da equipe
 Educação
quanto a: identificação, avaliação
e reavaliação da dor

Acesso ao conhecimento e adesão aos
guidelines.
Orientações importantes para a prática
da avaliação em criança





Incluir a avaliação da dor como o 5º sinal vital
A avaliação não é um elemento isolado, deve ser realizada
de forma contínua: implementar intervenções, avaliar e
reavaliar
Educar e preparar a família para o cuidado em casa
Os pais podem usar as orientações oferecidas com o objetivo
de gerenciar a dor do seu filho
Um facilitador poderá apoiar a implementação de avaliação
da dor para todas as crianças, incluindo aqueles com
comprometimento cognitivo
Royal College Nursing
2009
Repercussão da dor não tratada
Dificulta a resolução da patologia
Aumenta o tempo de internação
Aumenta custo de hospitalização
Repercussão da dor não tratada
Alteração do sono
Alteração do humor
Alteração das atividades físicas
Associa-se a baixa alto estima
Prejuízos na escola e lazer
Devemos ter em mente:
•
A qualidade de vida do paciente
•
A assistência a ele oferecida
•
A avaliação, o tratamento e alívio da dor
aliado ao tratamento da doença de base
OBRIGADA!
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